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A criança constitui um grupo extremamente vulnerável do ponto de vista nutricional, já que apresenta elevada velocidade de crescimento, principalmente no 1° ano de vida (Chemin), por isso é importante a avaliação e monitoração do seu estado nutricional. Antropometria As medidas mais utilizadas em crianças são: peso e estatura (comprimento para < 24 meses) e a circunferência de braço. Peso � Expressa a dimensão da massa corporal, incluindo tecido adiposo e muscular. Se modifica de forma rápida e intensa em intervalos curtos de tempo, permitindo diagnóstico precoce da desnutrição, e da recuperação do estado nutricional, mas sua medida isolada não indica qual compartimento corporal está comprometido. Vitolo: Crianças com edema não devem ser classificadas antropometricamente quanto ao seu EN. O edema caracteriza estado clínico indesejado, portanto, quando a criança edemaciada apresenta perda de peso importante em horas/dias, é um indicativo de que a terapia clínica e nutricional está sendo eficaz. Estatura � Indicador para avaliação do tamanho corporal e do crescimento linear. As modificações ocorrem em períodos de tempo prolongados, de modo que seu déficit reflete agravos do estado nutricional de longa duração. Vitolo: O ganho em altura, é proporcionalmente mais lento que o aumento de peso. Assim na vigência de um déficit nutricional em qualquer idade, a altura não sofre impacto imediato, mas o peso sim. E ao ocorrer prejuízo na estatura, parece não haver condições de recuperação. Circunferência do braço (ou perímetro braquial – Chemin e Vitolo ) � Reflete tanto as reservas de energia como a massa protéica. É recomendada na avaliação do estado nutricional de crianças até 5 anos de idade. Considera-se como ponto de corte o valor de 12,5cm, abaixo disso é considerado baixo peso, equivalendo-se ao índice peso/altura. É recomendado como alternativa para avaliações rápidas do estado nutricional quando não é possível a utilização de peso e altura. É simples, fácil, rápido e de baixo custo (Chemin). Vantagens (Vitolo): _ Simplicidade do instrumento. _ Facilidade e rapidez de coleta e interpretação dos dados. _ Boa aceitabilidade. _ Baixo custo. _ Maior cobertura populacional. _ Replicabilidade. Desvantagens: A medida isolada de apenas um segmento corporal, limita a obtenção de diagnóstico mais global (Chemin e Vitolo). E deve ser comparada a tabelas de referência (Chemin). Perímetro torácico (PT) � Até os 2 anos de idade possui valor como índice de estado nutritivo (funciona como indicador de reserva adiposa e massa muscular), depois sofre influência da atividade física. Perímetro cefálico (PC) ou Circunferência occiptofrontal (Chemin) � Deve ser realizado prioritariamente em crianças até 3 anos (Vitolo) x 2 anos (Chemin) de idade, pois reflete indiretamente o crescimento cerebral, acelerado nesta fase, porém, NÃO reflete necessariamente retardo do crescimento do sistema nervoso (Chemin). Vitolo: 1º ano de vida ↑ 40% (35 cm para 47 cm) 12 a 24 meses ↑ 5 cm 3 aos 4 anos ↑ passa a ser pequeno O PC é utilizado para diagnóstico de estados patológicos de microcefalia, macrocefalia e hidrocefalia; e antropometricante ele é utilizado para classificação da desnutrição pelo indicador PTorácico/PCefálico. Interpretação: � Chemin: Relação CC/idade = Adequado entre p10- p90. � Vitolo: IDADE RELAÇÃO PT/PC CONSIDERAÇÕES Nascimento aos 6m PT/PC = 1 Os perímetros são praticamente iguais 6 meses aos 5 anos PT/PC > 1 Eutrófico PT/PC < 1 DEP � PT não se desenvolve devido à atrofia do músculo torácico e a ↓ do tecido adiposo Vitolo: PCT + PCSE > p90 e > + 2DP Excesso de adiposidade < p10 e < -2DP Baixa adiposidade Vantagens (Vitolo): - Mede a composição corporal não só o volume. - É de maior acessibilidade econômica. Desvantagens (Vitolo): - Variações na distribuição do tecido adiposo de acordo com idade e sexo. - Inexistência de parâmetro de referência levando em consideração a etnia. - Depende do treinamento do avaliador (Chemin). Circunferência da cintura (Vitolo) � Serve como indicador de doença cardiovascular inclusive em crianças e adolescentes. A grande limitação para o seu uso, é a falta de pontos de corte específicos para as crianças. Relação entre as proporções corporais (Vitolo) � São úteis em caso de síndromes genéticas e endocrinológicas, ou atraso no crescimento. A) Relação Segmento superior (SS)/Segmento inferior (SI) AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS Prof. Michelle Teixeira michelleteixeira@nutmed.com.br - Segmento superior (SS): altura sentado (mede-se a altura que se estende da cadeira até a parte mais alta da cabeça). - Segmento inferior (SI): comprimento dos membros inferiores (junção da virilha até o chão). Valores de Normalidade (Vitolo, Chemin): Ao nascimento SS/SI = 1,7 cm 3 anos SS/SI = 1,3 cm Após 7 anos SS/SI = 1,0 cm B) Relação envergadura/estatura - Envergadura é a distância entre os extremos dos dedos médios. Valores de Normalidade (Vitolo, Chemin): Até 7 anos 3 cm 8 aos 12 anos 0 cm aos 14 anos Feminino Masculino + 1 cm + 4 cm Índices antropométricos: São construídos a partir de duas medidas antropométricas brutas, já que isoladamente as medidas não permitem uma avaliação nutricional precisa. Os mais utilizados são: Peso por idade (P/I) � Reflete o peso em relação à idade cronológica. É preconizado em crianças menores de 2 anos, pois o peso nesta faixa etária é o parâmetro que tem maior velocidade de crescimento, variando mais em função da idade do que do comprimento. Segundo Chemin é considerado um indicador do EN atual. Altura por idade (A/I) ou (E/I) � Reflete o crescimento linear alcançado para uma idade específica e seus déficits indicam inadequações acumuladas a longo prazo, ou seja, fornece um quadro de história nutricional passada, permitindo observar a cronicidade do agravo nutricional (Chemin). As crianças com baixa estatura para idade podem ser classificadas como baixas ou com nanismo (stunting). O primeiro termo é utilizado para descrever um baixo valor de E/I, já o segundo termo, implica em um processo patológico que demanda cuidados nutricionais específicos. Em situações onde é alta a prevalência de baixa E/I, assume-se que crianças baixas apresentam nanismo, sendo apropriado o termo stunting. Caso contrário, assume-se que estas crianças são geneticamente baixas. A utilização do termo desnutrição crônica deve ser desestimulada como sinônimo de baixa E/I, por não permitir diferenciar um processo passado e um de longa duração, mas que se mantém presente. Peso por altura (P/A) ou (P/E) � Reflete a harmonia do crescimento com o peso e não requer o uso da idade. As crianças com baixo peso para estatura podem ser classificadas como sendo portadoras de magreza ou emaciação (wasting). O primeiro termo não implica associação com um processo patológico, já o segundo resulta de um processo grave de fome ou doença. IMC ou índice de Quetelet � Tem sido pouco empregado na avaliação do EN de crianças < 10 anos, embora a OMS recomende seu uso para crianças a partir de 5 anos de idade. Entretanto, necessita de curvas específicas, pois conforme a criança cresce, a composição corporal sofre alteração em função da idade e sexo. É criticado por depender da estatura, o qual por sua vez depende da idade, além de não permitir diferenciar se o excesso de peso é decorrente de massa gorda ou massa magra e óssea, entretanto é bastante útil no rastreamento de excesso e baixo peso. É considerado um índice superior ao P/E na identificação desses agravos nutricionais em crianças > 5 anos. Segundo Chemin, o P/E só deve ser utilizado no período pré-pubertário, pois só nessa fase essa relação independe da idade. Interpretaçãodos Índices � Percentis O percentil mostra a freqüência com que ocorre determinado peso ou estatura em um determinado grupo populacional de acordo com o sexo, faixa etária ou estado fisiológico, o percentil 50 é considerado ideal. É o mais utilizado nos serviços básicos de saúde (Vitolo). Os pontos de corte mais importantes são: p3 (indicador de desnutrição); p50 (equivalente à media ou mediana); p97 (indicador de sobrepeso). Aplicação (Vitolo): são práticas e fornecem o diagnóstico da condição nutricional da criança ou do adolescente sem cálculos. Limitações: - O mesmo intervalo de percentis correponde a diferentes mudanças de valores absolutos de estatura ou peso. Assim não serve para calcular média e desvio padrão. - Não permite identificar de forma eficaz pequenos ganhos ou perdas, não sendo útil na avaliação de intervenções. - Não são indicadas em caso de atraso ou avanço puberal, nestas situações o melhor indicador é percentual de adequação de peso para estatura (Vitolo). � Escore-Z ou múltiplos de desvio padrão É a medida de quanto o indivíduo se afasta ou se aproxima da média ou mediana em desvios-padrão do grupo de dados a que pertence. É mais aceito na literatura científica e é um excelente método para estudos de grupos populacionais. É útil na detecção de pequenas mudanças nos extremos da distribuição. Seus valores de normalidade são entre – 2DP e + 2DP. Se o valor de escore Z for zero (0), isto significa que o valor obtida pela criança é exatamente igual ao valor do referencial, no caso o valor do percentil 50 das curvas de crescimento. Limitações: era preciso um tratamento estatístico, entretanto agora com as novas curvas da OMS é possível usar o escore Z de maneira mais fácil e prática (Vitolo). � Percentual de adequação em relação à mediana (Accioly02). É uma razão entre o valor observado de uma determinada medida (ex: peso) e o valor da média de distribuição de referência expresso em %. % mediana = peso observado x 100 peso mediano de referência Desvantagem: ausência de uma correspondência exata com um ponto fixo da distribuição que independa da idade ou estatura. Sistemas de Classificação do EN As duas classificações mais conhecidas e que foram utilizadas durante muito tempo para diagnosticar desnutrição em crianças foram (Vitolo): ATENÇÃO: Accioly não aborda essas classificações, e Chemin coloca que a classificação de Waterlow e a da OMS é uma das mais utilizadas para crianças de 2 a 10 anos de idade. Na prática, atualmente a classificação mais usada é da OMS. A) Gomez Baseia-se na adequação percentual do peso para idade de 0 a 2 anos. Limitações: - Não consegue diferenciar os tipos de desnutrição, pois utiliza somente o índice P/I. - Gomez utilizou ponto de corte aleatório para a definição dos graus de desnutrição. - É útil quando ocorre desnutrição aguda ou apresenta estatura praticamente no percentil 50. Por isso, a SBP recomendou que só fosse utilizado para crianças até 2 anos (Vitolo). B) Waterlow Preconizava a utilização de dois índices para crianças de 2 a 10 anos: E/I e P/E e propuseram que a desnutrição fosse classificada como crônica, pregressa ou aguda. Vitolo e Chemin: ESTADO NUTRICIONAL P/E E/I Eutrofia > 90% > 95% Desnutrição aguda < 90% > 95% Desnutrição pregressa > 90% < 95% Desnutrição crônica < 90% < 95% Vitolo: - Desnutrição atual � A estatura está normal, mas o peso comprometido. Reflete deficiência nutricional recente. - Desnutrição crônico evolutiva � Tem baixo peso e baixa estatura, havendo comprometimento atual e crônico. - Desnutrido pregresso � Tem comprometimento da estatura, mas atualmente tem peso adequado (criança que foi desnutrida, mas recuperou sua condição pondero- estatural). Crianças baixinhas podem ser erroneamente classificadas como desnutridas pregressas. Deve-se tomar cuidado com este termo “desnutrição pregressa”, pois a criança não apresenta mais desnutrição e não pode ser rotulada como desnutrida. Tipo de desnutrição E/I P/E D. aguda Normal ↓ D. crônica ↓ ↓ D. pregressa ↓ Normal Curvas de crescimento É o instrumento mais utilizado pelos profissionais de saúde para acompanhar EN de crianças. Até o final da última década, a OMS recomendava o uso exclusivo como referência antropométrica do National Center for Health and Statistics (NCHS). Entretanto, devido a uma série de limitações tais como: a maior parte das crianças estudadas não não foram alimentadas com LM (principal limitação); não possui representatividade internacional, pois foi baseado em crianças da população americana; e diferenças metodológicas que resultaram em uma disjunção na curva, com mudanças abruptas nos índices aos 2 anos de idade. Essas curvas foram revisadas pelos Centers for Disease Control, e deram origem as curvas CDC, 2000. Entretanto, a população continuava sendo a mesma (população americana), porém a edição do NCHS só utilizava crianças e adolescentes brancos e crianças alimentadas artificialmente; na edição revista foram incluídas os negros e descendentes mexicanos, garantindo maior representatividade étnica; além de crianças com amamentação mista (SM e alimentação artificial – Vitolo), e inclusão do índice IMC/I. Apesar da revisão do NCHS pelos CDC, os pesquisadores da OMS organizaram um Estudo Internacional Multicêntrico para elaboração de curvas de crescimento baseadas em informações sobre o desenvolvimento infantil em países com diferentes níveis de desenvolvimento sócio-econômico em distintos continentes (Brasil, Gana, Índia, Noruega, Oman e EUA). O Brasil participou com Pelotas no estudo multicêntrico com crianças saudáveis em aleitamento materno exclusivo por pelo menos 4 meses e parcial até os 12 meses ou mais, mãe não fumante, com parto único e ausência de morbidade (Vitolo). Este estudo deu origem as novas curvas de crescimento da OMS em 2006, para crianças de 0 a 5 anos. Além dos índices P/I, E/I e P/E, foram elaborados para as diferentes faixas etárias: perímetro cefálico, circunferência do braço, prega cutânea do tríceps e subescapular e IMC para idade. O Brasil foi o país de menor adesão ao aleitamento e que mais ofereceu chás ao lactente. As curvas novas identificam menor prevalência de desnutrição e maiores taxas de sobrepeso e obesidade. Esse mesmo trabalho não foi possível ser feito para crianças de 5 a 19 anos pois passa a ser difícil controlar o ambiente em que vivem, então através de estudos populacionais de diversos paises, determinaram novos referenciais de peso e estatura. Foram elaboradas curvas de IMC por idade e de estatura por idade de crianças de 5 a 19 anos e curvas de peso para idade para crianças de 5 a 10 anos, embora os pesquisadores alertem que não se deve usar o P/I paramonitorar o estado nutricional nesta faixa etária, sendo as curvas de IMC elaboradas para diagnóstico de baixo e excesso de peso (sobrepeso e obesidade). A justificativa para a elaboração dessas curvas (P/I até 10 anos) foi para beneficiar os países que medem apenas peso (Vitolo). Conclusão: A referência de crescimento pela OMS para uso internacional foi desenvolvida pelo NCHS, 1977 nos EUA. Esse referencial foi revisto e relançado em 2000, incluido a curva do IMC/idade (CDC, 2000). Entretanto hoje, não se recomenda mais o uso dessas curvas e sim sua substituição pelas novas curvas da OMS lançadas em: 2006 para < de 5 anos e 2007 para crianças e adolescentes de 5 a 19 anos. Cartão da Criança (Chemin) A forma mais adequada para acompanhar o crescimento, nos serviços básicos de saúde é por meio do registro periódico do peso no cartão da criança, onde utiliza o sistema de percentis e índice peso/idade para avaliar o crescimento infantil. A grande desvantagem é o fato do cartão avaliar somente o crescimento ponderal. É utilizado até os 5 anos de idade e ainda consideraos dados do NCHS.Os pontos medidos devem ter um intervalo não superior a 2 meses. Interpretação da curva: < p0,1 Muito baixo peso ≥ p0,1 e < p3 Baixo peso ≥ p3 e < p10 Risco Nutricional ≥ p10 e < p97 Normalidade nutricional ≥ p97 Sobrepeso Acompanhamento do crescimento O calendário mínimo de consultas proposto pelo MS após 12 meses é que as consultas sejam realizadas aos 18 meses, 24 meses, 3 anos, 4 anos e 5 anos registradas no gráfico de crescimento do cartão da criança (Accioly). SISVAN, 2008 coloca como periodicidade mínima de atendimento: registro aos 15 dias de vida, 1 mês, 2, 4, 6, 9, 12, 18 e 24 meses. A partir dos 3 anos, recomenda-se no mínimo um atendimento por ano até que a criança complete 10 anos. Ganho de peso e comprimento/altura A) Peso Taxa de ganho de peso nos 1os dois meses de vida Meninos: 33g/dia Meninas: 28g/dia Ao redor dos 4 a 6 meses (Vitolo) Dobra o peso ao nascer No 1 ano de vida Peso do nascimento TRIPLICA! Anos restantes (Accioly) Ganho de 2 a 2,5-3 kg/ano = 1/3 do ganho ocorrido no 1o ano de vida A partir de 2 anos até a aceleração puberal 2 a 3 kg/ano (Chemin e Vitolo) No 10 ano de vida, há um incremento de 200% do peso do nascimento (de 3 kg para 10 a 12 kg) – Vitolo. B) Comprimento/altura Taxa de ganho de peso nos 1os dois meses de vida ↑ 1 mm/dia, reduzindo para 0,4 mm/dia até 1 ano de idade 1o ano de vida incremento de 50% na altura (↑ 1,5x) x 55% (Vitolo). 2o ano de vida 12 cm 3o ano de vida 8 a 9 cm Anos restantes 7 cm/ano A partir de 2 anos até a aceleração puberal 6 a 8 cm/ano (Krause e Chemin) 5 a 6cm/ano (Dan) 5 a 7 cm (Vitolo) No 10 ano de vida, a criança aumenta 25 cm, alcançando 75 cm o que corresponde a um ↑ de 55% em relação ao nascimento (Vitolo). Avaliação do EN de acordo com faixa etária A) Recém nascido & Lactentes O acompanhamento do estado nutricional para < 1 ano de idade, deve levar em consideração: PESO, COMPRIMENTO e PERÍMETRO CEFÁLICO. Características da faixa etária: � Logo após o nascimento a criança perde 10% (x 5 a 10% - Vitolo) de seu peso, como forma de compensar a retenção hídrica que ocorre no nascimento e o recupera por volta de 7 a 10 dias (Chemin) x (8 a 10 dia – Vitolo). Por esse motivo, o peso que o profissional deve usar para avaliar o ganho de peso do bebê no primeiro mês de vida é o que o bebê tinha quando recebeu alta (Vitolo). � A água corpórea total diminui em 70% no nascimento para 60% com 1 ano de idade, quase toda é extracelular (Krause). � De um modo geral, o recém nascido apresenta proporcionalmente muito menos massa muscular (25%) do que o adulto (40%) e ao nascer, meninos e meninas não diferem quanto à composição corporal. � Há um aumento é em média do peso e altura para meninos e meninas durante os primeiros dois meses. Os � RN a termo têm incremento de peso em torno de 30g/dia e 5cm/mês no comprimento (Chemin) � Bebês que tendem a ter maior estatura atingem sua curva de crescimento entre o 3º e o 6º mês, já os nascidos com ≤ percentil 10 para altura podem não atingir a curva até 1 ano de idade (Krause). � A gordura corpórea total aumenta no 10s 9 meses, depois a taxa de ganho diminui pelo resto da infância (Krause). O ganho de peso é o melhor indicador do EN para crianças abaixo de 1 ano de idade, principalmente nos primeiros seis meses (Vitolo). Deve-se considerar o ganho de peso, pois as curvas de crescimento para o primeiro trimestre de vida são imperfeitas, além disso, as desvantagens de utilizar as curvas estão relacionadas com crianças que nascem a termo com baixo peso e que mantém velocidade de ganho de peso adequado. Essas crianças são erroneamente classificadas como risco para desnutrição ou desnutridas, devido a essas crianças serem pequenas e o P/I (índice utilizado no cartão da criança para avaliar canal de crescimento) desconsiderar esse fato. Recomendação (Vitolo): 0 a 6 meses ganho >20g / dia (>600g/mês) > 6 meses > 15g/dia (>400g/mês) E curvas de crescimento B) Crianças de 1 a 10 anos Durante muito tempo, o MS adotava o índice P/I para acompanhamento do crescimento infantil. Atualmente para classificação do EN são adotados os seguintes índices: P/I; P/E; IMC/I; E/I. Os pontos de corte são os mesmos propostos pelo SISVAN, 2008. Classificação da OMS (Chemin): Independe da faixa etária e é realizada a partir do escore Z dos índices P/E e E/I. � Tem maior especificidade e menor sensibilidade diagnóstica � Identifica formas moderadas e graves de desnutrição � Inadequada para assistência primária, pois impede intervenção precoce. São desnutridos aqueles que estiverem 2 desvios- padrão abaixo da média de referência: Fig 2: Classificação de desnutrição (Chemin) A avaliação do P/E com relação à obesidade pode ser feita da seguinte maneira: Sobrepeso Obesidade P/E > 110% e < 120% P/E ≤ 120% Percentil ≥ 97 Escore Z > +2 Classificação em escore Z: Baixa estatura E/I < -2 Baixo peso P/E < -2 Sobrepeso P/E < +2 É o mais utilizado em nível populacional Pontos de corte recomendados pela CDC: Baixa estatura E/I < percentil 5 Baixo peso P/E < percentil 5 IMC/idade < percentil 5 Risco de sobrepeso IMC ≥ percentil 85 e < percentil 95 Sobrepeso IMC ≥ percentil 95 Situação Nutricional da criança brasileira (Vitolo): Famílias com piores condições socioeconômicas apresentam riscos significativamente maiores de baixo peso e retardo de crescimento. Pesquisas anteriores ao POF já sugeriam a redução da desnutrição em crianças abaixo de 5 anos, nas que apresentam baixo peso, o principal preditor de BP é o peso ao nascimento (triplo de chance de BP). O déficit estatural é melhor que o ponderal como indicador de influências ambientais negativas sobre a saúde da criança, sendo o mais sensível de má nutrição, esse déficit é mais prevalente em baixa renda e no BP ao nascer. Anamnese alimentar (Vitolo) Até os 7 anos os dados de ingestão são fornecidos predominantemente pela mãe, a partir daí pode-se fazer o inquérito direto a criança e em caso de dúvida pede-se o auxílio da mãe. Em adolescentes, o inquérito é feito exclusivamente com eles e a mãe deve ser orientada a não interferir. - Para lactentes exclusivos: número de vezes que mama, quantidade de fraldas molhadas, as evacuações e ganho de peso. - Para pré escolares: inquérito de 1 dia (recordatório de 24 horas ou o dia alimentar habitual), e um registro alimentar de pelo menos 3 ou 4 dias, devido ao apetite instável. É comum a mãe relatar a mãe relatar a quantidade oferecida e não a da realmente consumida. - Para escolares: dia alimentar habitual Investigação laboratorial (Vitolo): OS parâmetros laboratoriais mais úteis e mais acessíveis são: hemograma, colesterol total e frações, TG, hemoglobina glicosilada e glicemia de jejum. Em casos de desnutrição, pode-se pedir albumina. QUESTÕES: 1) O padrão de referência do NCHS é utilizado nos gráficos de crescimento propostos pelo MS e apresenta como pontos de corte os percentis (AP, 2006): (A) p0,1, p10, p15, p95 (B) p0, 1, p3, p10, p97 (C) p3, p5, p10, p97 (D) p3, p5, p15, p20 (E) p3, p5, p15, p95 2) Faça a analise do seguinte caso: Uma criança cujo peso para idade está no p25, apresenta indicação de curva de evolução horizontal com condições nutricionais em situação de alerta. Neste caso o diagnóstico nutricional é de (AL,2006): (A) Eutrofia (B) Baixo peso I (C) Baixo peso II (D) Sobrepeso (E) Nenhuma resposta acima 3) A curva de crescimento do cartão da criança, método adotado pelo Ministério da Saúde do Brasil, é necessária para diagnóstico antropométrico de criança até 6 anos de vida. A esse respeito assinale a opção incorreta (AC, 2006 - UnB/CESPE): (A) Uma criança de 2 anos, acima do percentil 98 desde o período do desmame podeser classificado como apresentando sobrepeso; (B) Uma criança de 6 anos, que se manteve desde o nascimento entre os p30 e p60 pode ser classificada como eutrófica; (C) Uma criança de um ano, entre os p3 e p10, pode ser diagnosticada como peso muito baixo; (D) Uma criança que se encontra abaixo de menos 3 DP no cartão pode ser classificada como desnutrida. 4) Em uma menina de 2 anos, após avaliação nutricional, foi verificado um percentual de 70% entre o peso real e o padrão para essa idade. Segundo critério de Gómez, essa criança é considerada: (A) eutrófica (B) desnutrida grau I (C) desnutrida grau II (D) desnutrida grau III 5) Uma criança apresenta índices de peso/altura alto, peso/idade-normal altura/idade baixo.A interpretação destes resultados é de que a alimentação atual é (NITERÓI, 2004): (A) Normal e não há antecedentes de má nutrição (B) Normal, mas há antecedentes de má nutrição. (C) Excessiva, mas há antecedentes de má nutrição. (D) Excessiva e não há antecedentes de má nutrição 6) Uma criança, cujo peso para idade está no percentil 25, apresenta indicação de curva de evolução horizontal com condições nutricionais em situação de alerta. O diagnóstico nutricional é de (NITERÓI, 2004): (A) Eutrofia (B) Sobrepeso (C) Baixo peso I (D) Baixo peso II 7) Com relação à avaliação antropométrica de crianças e adolescentes, analise as seguintes afirmativas (UFMG, 2006). 1) Até o sexto mês de vida, a relação entre o perímetro cefálico e perímetro torácico é maior do que 1. 2) Segundo VITOLO (2003), até o sexto mês de vida espera-se ganho de peso diário maior do que 20 g. 3) De acordo com WHO (1995), um adolescente que possui IMC entre percentil 85 e percentil 95 apresenta obesidade. 4) De acordo com o critério de classificação de Waterlow, uma criança com adequação de estatura para idade maior ou igual a 95% e de peso para estatura maior ou igual a 90% encontra-se eutrófica. Estão CORRETAS (A) As alternativas 1 e 3. (B) Apenas a alternativa 2. (C) As alternativas 2 e 4. (D) As alternativas 1, 2 e 4. 8) O índice antropométrico recomendado pelo MS/OMS para avaliar o crescimento de escolares e adolescentes, é o de (MAGÉ, 2004): (A) Peso/idade (B) Peso/altura (C) Altura/idade (D) Massa corporal 09) Os índices e parâmetros previstos atualmente pelo Ministério da Saúde para avaliação nutricional de crianças são (UFF 2009): (A) peso por idade, estatura por idade, circunferência da cintura e IMC; (B) IMC, peso por idade, peso por estatura e pregas cutâneas; (C) peso por idade, estatura por idade, peso por estatura e IMC; (D) IMC, peso por idade, circunferência da cintura e pregas cutâneas; (E) peso por idade, estatura por idade e peso por estatura. 10) Uma família procurou um posto de saúde e o nutricionista avaliou três crianças, com idades entre 2 e 6anos, a partir dos indicadores peso/idade (P/I). Maria se encontrava no percentil 60; Julia no percentil 5 e Laura abaixo do percentil 0,1 no cartão da criança. Nesta situação é correto afirmar que (UNIRIO 2009): (A) Maria e Julia são eutróficas e Laura apresenta peso muito baixo para idade. (B) Maria e Júlia estão na faixa de sobrepeso e Julia em risco nutricional. (C) Maria, Julia e Laura são eutróficas. (D) Maria está em risco de sobrepeso, Júlia é eutrófica e Laura tem peso muito baixo para idade. (E) Maria é eutrófica, Júlia está em risco nutricional e Laura tem peso muito baixo para idade 11) A avaliação nutricional da criança e importante para uma prescrição dietética efetiva. Leia as afirmativas a respeito desse assunto, marque com V as verdadeiras e F as falsas (PMRJ 2010). I. ( ) O percentil e a distribuição dos indivíduos de uma determinada amostra populacional em relação as medidas antropométricas. II. ( ) As curvas do NCHS são consideradas referenciais, já as curvas da OMS de 2006 são consideradas um padrão de crescimento. III. ( ) O escore Z e a medida de quanto o individuo se afasta ou se aproxima da mediana em desvios-padrao. E utilizado exclusivamente no indicador E/I. IV. ( ) As curvas por percentis no caso de pre-puberes e adolescentes não são indicadas quando ha atraso ou avanço puberal acima do normal. V. ( ) O indicador IMC pode ser utilizado para determinar a condição nutricional de criança e adolescente. A OMS (1995) classifica o percentil < 5 do IMC como baixo peso e percentil entre 15 e 85 como eutrofia. Assinale a alternativa correta. (A) V, V, F, V, F. (B) F, F, F, V, F. (C) V, F, V, F, V. (D) V, V, F, F, V. 12) A partir das curvas de crescimento infantil da Organização Mundial de Saúde (OMS/2006), é possível conhecer o escore Z de crianças em relação ao IMC/idade. Davi, 4 anos, acompanhado de sua mãe, foi encaminhado ao ambulatório de nutrição, quando foi diagnosticado risco de excesso de peso. O escoreZ que se encontra nesta classificação é (Residência UERJ – 2011): (A) 0,9 (B) 1,6 (C) 2,5 (D) 3,1 GABARITO: 1B 2A 3C 4C 5C 6A 7B 8C 9C 10E 11A 12B
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