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1 
 
 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE 
QUEIMADO 
1 
 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO................................................................................................. 4 
ETIOLOGIA DAS QUEIMADURAS .............................................................. 6 
CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS ...................................................... 10 
AVALIAÇÃO DA ÁREA QUEIMADA .............................................................. 15 
QUEIMADURAS ANATÔMICAS ESPECÍFICAS ........................................... 19 
FISIOPATOLOGIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA QUEIMADURA ..... 23 
FISIOPATOLOGIA GERAL DAS QUEIMADURAS........................................ 30 
CHOQUE ....................................................................................................... 33 
FASE DE EMERGÊNCIA / REANIMAÇÃO DO CUIDADO DA QUEIMADURA
 ................................................................................................................................. 33 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM DE URGÊNCIA ..................................... 36 
PREVENÇÃO DE INFECÇÃO ....................................................................... 39 
MÉTODO DE TRATAMENTO LOCAL DAS QUEIMADURAS ....................... 40 
CONFECÇÃO DO CURATIVO ...................................................................... 42 
PRIMEIRO ATENDIMENTO DO PACIENTE QUEIMADO ............................ 50 
REPOSIÇÃO HIDRO-ELETROLÍTICA (GRANDE QUEIMADO) ................... 55 
NUTRIÇÃO PARA QUEIMADOS .................................................................. 56 
ROMPIMENTO DE FLICTENAS ................................................................... 59 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE QUEIMADO (CASOS) . 60 
TRATAMENTO DA LESÃO DO PACIENTE QUEIMADO ............................. 63 
ATENDIMENTO NO CENTRO DE QUEIMADOS ......................................... 64 
LIMPEZA E DESINFECÇÃO DO AMBIENTE................................................ 87 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO E CONTROLE DA 
ÚLCERA DE ESTRESSE NO PACIENTE QUEIMADO ........................................... 91 
POSICIONAMENTO NO LEITO E PREVENÇÃO DE DEFORMIDADES ...... 94 
2 
 
 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS COMPLICAÇÕES DAS 
QUEIMADURAS....................................................................................................... 97 
TRATAMENTO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AMBULATORIAL DO 
PACIENTE QUEIMADO ......................................................................................... 105 
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 107 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
FACUMINAS 
 
A história do Instituto FACUMINAS, inicia com a realização do sonho de um 
grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACUMINAS, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A FACUMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
“No Brasil, as queimaduras representam um agravo significativo à saúde pública. Algumas 
pesquisas apontam que, entre os casos de queimaduras notificados no País, a maior parte ocorre nas 
residências das vítimas e quase a metade das ocorrências envolve a participação de crianças. Os 
idosos também compreendem um grupo de risco alto para queimaduras devido à sua menor 
capacidade de reação e às limitações físicas peculiares à sua idade avançada”. (Ministério da Saúde, 
2012) 
 
Figura: Criança próxima a uma panela quente. Fonte: http://www.blog.saude.gov.br 
 
As queimaduras são consideradas, um importante problema de saúde pública, 
pois além dos problemas físicos, capazes de levar o paciente a óbito, elas ocasionam 
danos de ordem psicológica e social. 
Entende-se por queimaduras, lesões dos tecidos orgânicos produzidas por 
trauma de origem térmica e por várias outras etiologias como radiações, química e 
congeladuras. O que vai influenciar na gravidade do ferimento é a profundidade da 
queimadura, ou seja, o número de camadas da pele e do tecido subjacente, ou outras 
estruturas abaixo da pele, que foram atingidos. 
Avalia-se que no Brasil acontecem em torno de 1.000.000 de incidentes por 
queimaduras ao ano, sendo que 100.000 pacientes buscaram atendimento hospitalar 
5 
 
 
e, destes, cerca de 2.500 pacientes irão a óbito direta ou indiretamente em função de 
suas lesões. 
A queimadura é o ambiente ideal para a instauração de uma infecção, como 
consequência do cometimento da pele, que é o órgão primordial para a defesa do 
organismo da entrada de germes. A infecção associa-se com diversos fatores de 
risco, principalmente relacionados com o agente infeccioso em si, como a sua 
capacidade de replicação, virulência e resistência às barreiras de defesa naturais ou 
mesmo às terapias antimicrobianas, assim como a fatores relacionados com o 
hóspede em decorrência da sua idade, extensão e profundidade da queimadura, 
estado nutricional e doenças associadas, entre outros. 
O paciente grande queimado é mais suscetível a infecções, em decorrência de 
imunossupressão e perda de cobertura cutânea. Além disso, as internações 
prolongadas associadas às medidas invasivas, como ventilação mecânica, 
cateterização vascular e vesical, expõem ainda mais esses pacientes a infecções 
nosocomiais. 
Os avanços da saúde no tratamento de queimados têm melhorado a qualidade 
de vida das vítimas de queimaduras, mas as complicações infecciosas continuam 
sendo um obstáculo a ser superado. A infecção é uma das mais frequentes e graves 
complicações no paciente queimado. 
 
Figura: Paciente recebendo assistência médica. Foto: Renato Lopes - Dircom 
 
6 
 
 
ETIOLOGIA DAS QUEIMADURAS 
 
Queimaduras Térmicas 
 
São causadas por exposição ou contato com chamas, líquidos, semilíquidos e 
semi-sólidos quentes. 
Exemplo: explosão em acidentes de automóveis, lesões por substâncias 
escaldantes, roupas em chamas e combustão de depósitos de líquidos inflamáveis. 
Frio – Congelamento: As queimaduras por frio são raríssimas em nosso país, 
sendo verificadas algumas de origem profissional. 
Calor – Líquidos aquecidos: O calor é o grande responsável pela elevação 
do índice das queimaduras. 
Nos líquidos aquecidos encontramos a maior parte dos acidentes, 
principalmente no grupo infantil, provocado por sopas quentes, chás, água fervente, 
café, radiador de carro, etc. 
 
 
 
 
 
Foto: Reprodução Internet / imagem ilustrativa 
Queimaduras por Agentes Químicos 
São causadas por contato dos tecidos corporais com ácidos potentes, álcalis 
ou compostos orgânicos. Podem resultar do contato com certos produtos de limpeza 
doméstica e diversos agentes químicos usados na indústria e agricultura. 
As queimaduras químicas podem ter maior ou menor gravidade, dependendo 
do tipo de agente causador (ácido ou base), da concentração deste agente e da 
7 
 
 
duração do contato. O primeiro cuidado deve ser uma 
limpeza da área afetada com água corrente, por um 
período mínimo de 30minutos. 
 
 
Queimaduras Elétricas 
 
São provocadas pela correntes elétricas, transmitidas por todo o corpo. A 
extensão da queimadura é influenciada pela duração do contato, nível de voltagem e 
trajeto que a corrente elétrica segue quando passa pelo corpo. Podem resultar do 
contato com fio elétrico exposto ou defeito da eletricidade ou poderosas linhas de alta 
voltagem. 
Caracterizam-se por apresentar lesão no ponto de entrada da corrente elétrica, 
no ponto de saída e em todo o trajeto. Um cuidado especial deve ser tomado nos 
casos em que há rabdomiólise. Ao se verificar uma urina muito escura, o queimado 
deve ser hidratado até se obter uma diurese de 100 ml/hora. Se não houver melhora 
da turvação urinária, deve-se aumentar a infusão de líquidos e administrar manitol 25 
g. Posteriormente, devem ser administradas doses de manutenção de 12,5 g de 
ringer/litro, para manter a diurese esperada. 
Se houver acidose metabólica, esta deve ser corrigida pela administração de 
bicarbonato de sódio. 
 
 
 
Foto: Reprodução Internet / imagem ilustrativa 
 
 
 
 
Foto: Reprodução Internet / imagem ilustrativa 
8 
 
 
 
Queimaduras Inflamáveis 
 
As substâncias inflamáveis também são responsáveis por elevado número de 
queimaduras, sobretudo o álcool em suas diversas utilizações, até em desodorantes. 
O petróleo e todos os seus derivados, como gasolina, querosene e todos os solventes 
de tintas geralmente produzem queimaduras graves por atingirem grande área 
corporal. O gás de cozinha é responsável por elevado índice de mortalidade. 
Nos inflamáveis ainda podemos incluir a pólvora, utilizada na fabricação de 
fogos de artifícios e até em trabalhos religiosos. Atingem com maior freqüência mãos 
e face. 
 
Figura: Prefeito de Osasco tem corpo queimado após acender fogueira. Fonte: Portal R7 
 
Queimaduras Sólidas 
Nas queimaduras por sólidos aquecidos, aparece com 
maior freqüência o ferro de passar roupa, chapas de fogão, 
escapamento de motocicleta e outros. Geralmente, este tipo 
de queimadura, embora de extensão corporal restrita, atinge 
camadas mais profundas. 
 
9 
 
 
Queimaduras por Radiação 
 
O mais freqüente é o banho de sol de forma inadequada, tanto quanto ao 
período do dia quanto ao tempo de exposição, reforçado pelo uso indiscriminado de 
substâncias fotossensíveis em forma de bronzeadores que são sempre responsáveis 
pelas queimaduras de 2º grau. 
Há ocorrências de preparados caseiros como o viticomim, chá de folha de figo 
que contém a furocumarina (substância química que provoca queimaduras graves), 
coquetéis de chá de beterraba, coca-cola, etc. 
A gravidade destas queimaduras está na grande extensão de área corporal 
atingida, geralmente quase cem por cento, devido ao uso de roupas de banho 
sumárias levando com freqüência à hospitalização. 
Mais raras são as queimaduras acidentais produzidas por Raios X e Raios 
Gama (Césio 137 – isótopo radioativo) nos tratamentos radioterápicos aplicados por 
profissionais desatentos. Geralmente atingem áreas corporais restritas, porém já 
comprometidas por outras patologias. 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS 
 
As queimaduras podem ser classificadas de acordo com a quantidade de 
tecido cutâneo atingido. Essa classificação se faz associando a extensão corpórea 
lesada à profundidade da queimadura. 
 
Primeiro Grau 
 
São as mais superficiais e caracterizam-se pela perda da epiderme. A lesão se 
manifesta com eritema, e a queimadura é dolorosa. A epitelização se faz 
espontaneamente, sem deixar cicatrizes ressuscitantes. A queimadura solar é um 
exemplo. 
 
11 
 
 
 
 Lesão da epiderme 
 Ausência de flictenas 
 Hiperemia 
 Sem repercussões hemodinâmicas 
 Restauração 
 Apresenta vermelhidão, dor, edema e 
descama em 4 a 6 dias 
 
 
 
 
 
 
 
Segundo Grau 
 
Há perda de toda a epiderme e parte da derme. 
Há possibilidade de cura espontânea através da 
epitelização originada das células da camada basal 
dos anexos contidos na derme residual. 
Queimaduras de segundo grau superficiais são 
dolorosas e há presença de bolhas. As queimaduras 
de segundo grau profundas assemelham-se, ao 
exame microscópico, às queimaduras de terceiro 
grau. Não são dolorosas e curam-se após várias 
semanas. 
 
 
 
 
12 
 
 
 Epiderme e derme são atingidas 
 Presença de flictenas 
 Hiperemia, edema e dor 
 Preserva anexos epidérmicos 
 Baixa probabilidade de seqüelas 
 Regeneração 
 
 
Segundo Grau – (Profundo): 
 
Quando toda a epiderme e a maioria dos 
elementos da derme são destruídos, as 
queimaduras são classificadas como parciais 
profundas. O tecido necrosado é aderido e 
geralmente não há presença de bolhas. A dor pode 
estar presente, mas com menor intensidade. 
 
 Maior destruição do colágeno dérmico 
 Apêndices cutâneos profundos preservados 
 Dolorosa, superfície esbranquiçada 
 Seqüelas cicatriciais 
 Regeneração lenta 
Terceiro grau 
 
A espessura total da pele está 
comprometida. Geralmente é indolor, não se cura 
espontaneamente e requer transplante de pele. 
Pode comprometer tecidos mais profundos. 
 Necrose de coagulação da
 pele, TCSC, músculo, ossos. 
 Esbranquiçada a carbonizada, indolor. 
 Profundas alterações locais e sistêmicas 
13 
 
 
 Enxertia cutânea obrigatória 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foto: Renato Lopes – Dircom 
14 
 
 
 
RESUMO 
Primeiro Grau Restauração 
Segundo Grau 
Regeneração 
Terceiro Grau 
Enxerto 
15 
 
 
 AVALIAÇÃO DA ÁREA QUEIMADA 
 
 Regra dos 9 
 Tabela de Lund e Browder 
 Palma da mão 
 
Regra dos 9 
 
É um método prático e rápido de calcular a área corporal comprometida. 
Porém, não é muito precisa, dando margem a erros de cálculo. È atribuído a cada 
segmento corporal o valor 9 ou múltiplo deste. 
Para queimaduras maiores e mais espalhadas, usa-se a REGRA DOS % (vide 
figura abaixo): 
Um adulto de frente: 
9% = rosto 
9% = tórax 
9% = abdômen 
9% = perna direita 
9% = perna esquerda 
9% = os 2 braços 
1% = órgãos genitais. 
55%=Sub-total 
 
 
 
16 
 
 
 
Agora, de costas : 
9% = costas 
9% = abdômen 
9% = perna direita 
9% = perna esquerda 
9% = os 2 braços 
45%=Sub-total 
55%(frente) + 45%(costas) = 100% da área do corpo. 
 
 
Palma Da Mão 
 
 
 
Uma regra prática para avaliar a extensão 
das queimaduras pequenas ou localizadas é 
compará-las com a superfície da palma da mão do 
acidentado, que corresponde, aproximadamente a 
1% da superfície corporal. 
 
Método simples que, em condições de 
urgência, permiti avaliar a extensão das áreas 
lesadas, não sendo muito exato o seu resultado. 
 
 
17 
 
 
Tabela De Lund e Browder 
 
É um método mais exato de estimar a extensão de uma queimadura, que 
reconhece o percentual da ASCT de diversas regiões anatômicas, principalmente a 
cabeça e as pernas, e as alterações com o crescimento. Ao dividir o corpo em áreas 
muito pequenas e ao fornecer uma estimativa da proporção da ASCT compatível 
com certas regiões do corpo, pode-se obter uma estimativa confiável da ASCT 
queimada. A avaliação inicial é feita na chegada do paciente ao hospital e é revisada 
no segundo e terceiro dia pós-queimadura porque comumente a demarcação não 
está clara até esse período. 
 O mais avançado método de calculo de área queimada 
 Levar em consideração as várias faixas de idade com precisão 
 
 
18 
 
 
 
 
 
19 
 
 
QUEIMADURAS ANATÔMICAS ESPECÍFICAS 
 
Queimaduras de diferentes áreas anatômicas requerem tratamentos 
específicos. A consulta com um centro de queimados é fortemente recomendada 
para pacientes com queimaduras no rosto, pés, olhos, axilas, períneo, mãos e 
articulações importantes. 
 
 
A) Queimaduras Faciais 
 
Queimadurasfaciais são consideradas lesões sérias e usualmente requerem 
tratamento em um hospital. A possibilidade de dano no trato respiratório deve 
sempre ser considerada. 
Devido ao rico suprimento de sangue e ao tecido areolar frouxo, as 
queimaduras faciais são associadas com a formação extensiva de edema. Para 
minimizar essa formação de edema, o tronco superior e a cabeça do paciente 
devem ser elevados a um ângulo de 30 graus se o paciente não estiver em choque. 
Nas crianças, a elevação da cabeça pode diminuir o potencial de convulsões 
durante a ressucitação. 
 
Foto: Kilee Brookbank, de 16 anos, se recupera de uma queimadura de terceiro grau que 
destruiu 25% de sua pele, após uma explosão em sua casa. De acordo com as informações do site 
Daily Mail, a adolescente teve os cabelos, sobrancelhas, dedos das mãos e os cílios queimados 
pelo fogo Foto: Reprodução/DailyMail 
 
20 
 
 
B) Queimaduras dos Olhos 
 
Um exame cuidadoso dos olhos deve ser completado o mais rápido possível, 
porque a rápida evolução do edema de pálpebra tornará o exame extremamente 
difícil depois disso. A fluoresceína deve ser usada para identificar uma lesão de 
córnea. Queimaduras químicas nos olhos devem ser enxaguadas com grandes 
quantidades de soro fisiológico conforme o indicado. 
É indicada a instilação de um colírio leve durante o período máximo do edema 
da pálpebra. Pomadas ou colírios antibióticos podem ser usados se foi diagnosticada 
uma lesão de córnea, mas devem ser empregadas somente após consultar o centro 
de queimados. 
Soluções oftálmicas contendo esteróides podem ser perigosas e devem ser 
evitadas. A tarsorrafia (Operação de sutura das pálpebras) nunca é indicada na fase 
aguda. 
 
“A gravidade da lesão ocular causada pela queimadura depende da concentração do agente agressor, 
da duração da exposição do globo ocular ao agente, do pH da solução e da velocidade de penetração 
da droga”, informa o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares. 
Foto: Reprodução Internet / imagem ilustrativa 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
C) Queimaduras dos Ouvidos 
 
As queimaduras dos ouvidos requerem com antecedência um exame do canal 
externo e do tímpano, antes que o edema ocorra. É importante determinar se a otite 
externa ou a otite média estão presentes, especialmente nas crianças. 
Evite traumas adicionais ou pressão no ouvido. Não se deve usar curativos de 
pressão e não se deve permitir o uso de travesseiros sob a cabeça. 
 
Figura- Paciente de 42 anos de idade com queimadura por fogo causada por explosao de líquidos em 
combustao (álcool), comprometendo toda a face, pescoço e ambas as orelhas. A - paciente poucas 
horas após a queimadura. B - aspecto cruento com tecido de granulaçao em quase toda a orelha 
esquerda e regioes pré e retro-auriculares. C - aspecto da orelha 6 dias após enxertia de pele de fina 
espessura (Reparaçao precoce). D - 20 dias depois. E - resultado 3 meses depois. F - orelha direita 
com tecido de granulaçao no momento em que foi feita enxertia de pele de fina espessura (Reparaçao 
precoce). G - 20 dias depois da enxertia na orelha direita. H - resultado 3 meses após a reparaçao. 
 
D) Queimaduras das Mãos 
 
Queimaduras menores das mãos podem resultar 
somente em incapacidade temporária e inconveniência; 
contudo, lesões térmicas mais extensas podem causar 
perda permanente da função. 
O aspecto mais importante da avaliação física é determinar a situação vascular 
e a possível necessidade de uma escarotomia. A presença de um pulso radial não 
exclui a síndrome de compartimento. A monitoração dos pulsos digitais e palmares 
22 
 
 
com o medidor de fluxo ultra- sônico é o meio mais preciso de avaliar a perfusão dos 
tecidos na mão. 
Eleve a extremidade queimada acima do nível do coração para minimizar a 
formação de edema. A movimentação dos membros envolvidos por cinco minutos a 
cada hora diminuirá o edema. Curativos somente prejudicarão a capacidade de 
monitorar a circulação e devem ser evitados. 
 
E) Queimaduras dos Pés 
 
Assim como com as queimaduras das extremidades 
superiores, é importante avaliar a circulação dos pés em 
intervalos regulares. O edema deve ser diminuído elevando-
se a extremidade, e curativos devem ser evitados da mesma 
forma como com as queimaduras das mãos. 
 
F) Queimaduras da Genitália e Períneo 
 
Queimaduras no pênis requerem a 
inserção imediata de um cateter Foley para 
manter a abertura da uretra. O cateter deve ser 
fixado externamente para reduzir o trauma 
mecânico da parede da bexiga ou da uretra. 
Uma escarotomia dorsal também pode ser 
indicada em queimaduras circunferências. 
O edema escrotal, embora geralmente impressionante, não necessita de 
tratamento específico. Queimaduras do períneo podem ser difíceis de controlar, 
contudo, não é necessária uma colostomia de desvio. 
 
 
23 
 
 
FISIOPATOLOGIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA 
QUEIMADURA 
 
A necessidade metabólica do queimado é 6 vezes superior ao normal, fazendo 
com que o índice calórico torne-se insuficiente para alcançar a alta demanda do 
organismo. 
Fisiopatologia Local - Noções anatomofisiológicas da pele 
As alterações locais que ocorrem na queimadura influenciam diretamente na 
fisiologia geral. 
Um adulto com peso corpóreo em torno de 70 Kg tem cerca de 4.000cm³ de 
pele. Ele especifica em 1 cm³ de pele os seguintes elementos anatômicos: 
- Células – 6.000.000 
- Vasos sanguíneos – 1m 
- Nervos – 4 m 
- Corpúsculos sensitivos – 5.000 
- Glândulas sudoríparas 100 
- Glândulas sebáceas – 15 
- Folículos sebáceos – 5 
A pele e todos os seus anexos protegem o corpo contra invasões de 
microrganismos, produtos químicos e radiações ultravioletas. Tem importante função 
na regulação da temperatura corporal e atua como sensor, informando ao indivíduo o 
estado do meio ambiente. 
Funções da pele: 
✓ Protege o organismo contra a invasão de microrganismos através das 
propriedades bactericidas, bacteriostáticas e da própria integridade. 
✓ Impede as perdas hídricas e salinas, evitando a desidratação pela ação 
química e biológica. 
24 
 
 
✓ Mantém a temperatura corporal através de mecanismos termo-reguladores. 
Uma pessoa adulta normal evapora em torno de 700 a 800 ml/dia. Para a evaporação 
de 1g de água a 37ºC o organismo necessita uma quantidade de calor correspondente 
a 0,586 K/Cal. 
 
Perdas Hídricas através das queimaduras : 
✓ As perdas hídricas através das queimaduras chegam de 123 a 143 ml de 
água/hora/m², necessitando para isso o consumo médio de 1.730 a 2.010 K/Cal/dia. 
✓ A pele tem função secretora através das glândulas sudoríparas e sebáceas, 
eliminando água, sais minerais, graxos e outros. Tem função sensorial, através das 
terminações nervosas sensitivas, que proporcionam a percepção da dor, tato, 
variações térmicas etc. É sintetizador da Vitamina D, com ajuda da luz solar, e um 
órgão delimitador do corpo. 
✓ A atuação do calor sobre a pele 
produz uma série de alterações locais 
que resultam da dor, perda de líquidos, 
destruição dos tecidos e, 
conseqüentemente, a infecção, com 
repercussões gerais. 
 
Foto: Renato Lopes – Dircom 
Dor 
A dor é uma das primeiras queixas do queimado. É o resultado da ação do 
calor sobre a pele, excitando os filetes nervosos sensitivos. As queimaduras 
superficiais são mais dolorosas que as de 3.º grau, em virtude de grande número de 
filetes nervosos não terem sido destruídos. O inverso ocorre na queimadura profunda, 
quando a maior parte das células sensitivas são destruídas e as remanescentes são 
protegidas pelos tecidos desvitalizados, só reaparecendo posteriormente, após a 
perda desta crosta. 
25 
 
 
A dor deve ser o primeiro sintoma a ser tratado, pois é um fator desencadeante 
de uma série de alterações neuroendócrinas que podem levar ao choque 
neurogênico. 
Outra questão é o suporte emocional, já quea queimadura gera alterações na 
autoimagem, além de sentimentos como ansiedade, depressão e estresse pós-
traumático. 
Todas essas fases requerem uma assistência multidisciplinar, em especial do 
enfermeiro que acompanha o paciente desde a sua chegada ao hospital até a sua 
alta ou dando continuidade do atendimento em domicílio. O mesmo deve atentar para 
uma assistência de qualidade, para tanto, seguir as etapas do processo de 
enfermagem é de fundamental importância. 
Para Atkinson & Murray7, a prática da enfermagem profissional requer a 
habilidade de observação, comunicação, reflexão, aplicação do conhecimento das 
ciências físicas e do comportamento, além de fazer apreciações e tomar decisões. 
“[...] quando aplica o método científico ou o método de resolução de problemas para 
planejar a assistência de enfermagem, isso se chama processo de enfermagem”. 
A equipe de enfermagem, principalmente o enfermeiro, deve possuir um 
pensamento crítico que promova a decisão clínica e ajude a identificar as 
necessidades do paciente e quais as melhores medidas a serem tomadas para 
atendê-las. Aplica, assim, uma das etapas do processo de enfermagem, que se divide 
em, conforme Brunner & Suddarth, “histórico, diagnósticos de enfermagem, 
planejamento, implementação e evolução”. Ainda, segundo os autores, histórico é a 
coleta de dados que serve para definir o estado de saúde do paciente e identificar 
problemas de saúde reais ou potenciais, e são obtidos por meio da história de saúde 
e do exame físico. 
Em relação ao paciente considerado grande queimado, coletam-se dados 
sobre sua história, faz-se o exame físico e ainda recolhe-se informações sobre como 
ocorreu a queimadura, depois os dados são analisados. 
26 
 
 
 
 
Perda local de líquidos 
 
O calor provoca no local queimado uma vasodilatação da rede capilar da 
derme, aumentando a permeabilidade capilar dos vasos, permitindo um 
extravasamento do plasma para o espaço intersticial. 
A formação de vesícula se deve possivelmente à ativação de enzimas 
proteolíticas na pele. 
O líquido coletado na superfície descola a epiderme da derme formando as 
vesículas. O rompimento destas flictenas leva a uma perda real deste conteúdo, 
ocorrendo o contrário no caso de ser mantida a integridade vesicular. Após 48 horas, 
O grau e a duração da dor que um paciente suporta na trajetória de seu 
tratamento dependem de fatores como extensão e localização da 
queimadura, estado emocional, nível de ansiedade e de tolerância à dor, 
experiências anteriores, cultura e faixa etária. 
 O enfermeiro não deve subestimar a dor do paciente em função da reação 
apresentada, mas sim procurar avaliar e intervir nessa situação. Ferramentas 
de avaliação da dor são essenciais para o diagnóstico e dor e verificar eficácia 
do seu tratamento. 
Em pacientes grandes queimados, os instrumentos de avaliação mais 
comuns são dor relato verbal da intensidade da dor medida, tais como o “0 a 
10” escala numérica. No entanto, outras alternativas como desenhos de face 
e escalas de cores também podem ser usadas 
Tratar e cuidar da dor do paciente queimado ainda é um desafio para os 
enfermeiros, cujo primeiro passo é considerar a visão do próprio paciente 
quanto às características da dor, assim como avaliação dos resultados da 
terapêutica administrada. Assim, o manejo adequado da dor, por meio de 
avaliação adequada, e estabelecimento de um plano de intervenção são 
fundamentais para o bem-estar do paciente queimado. 
LEMBRE-SE 
27 
 
 
a reabsorção do líquido se faz paulatinamente pela drenagem dos linfáticos e pelos 
capilares venosos, atingindo a sua totalidade, em média, no final de uma semana. 
Este líquido é importante para o organismo por ser semelhante ao plasma 
sanguíneo, rico em eletrólito e proteínas. Sua perda contribui para o desequilíbrio 
hidro-eletrolítico e hemodinâmico, interferindo em todo o organismo, necessitando 
uma intervenção que vise compensar essas perdas. 
 
Destruição dos tecidos 
 
A destruição dos tecidos no local queimado está diretamente relacionada com 
a intensidade e o tempo de ação do agente calórico. De uma maneira geral, existe 
uma proporcionalidade entre a profundidade das queimaduras e a quantidade de calor 
que atuou no local. 
As lesões apresentam-se com características diversas, segundo a maior ou 
menor intensidade da fonte calórica e o tempo de atuação de cada agente. Estas 
características se apresentam da seguinte forma: 
 
Conseqüência da ação de pouco calor 
 
Produz poças alterações, atingindo somente a camada externa da pele. O calor 
produz uma vasodilatação dos capilares superficiais da derme, levando a congestão 
intravascular local que se manifesta por eritema e dor. O epitélio permanece, mas não 
significa que suas células não estejam danificadas. 
As queimaduras de 1.º grau estão caracterizadas nesta descrição; cicatrizam 
espontaneamente em poucos dias. 
28 
 
 
 
 
Conseqüência do calor de intensidade média 
 
A ação do calor na pele produz vasodilatação e conseqüente permeabilização 
capilar aos líquidos. 
A histamina decorrente da destruição celular nas queimaduras ativa outros 
elementos que vão favorecer a permeabilidade vascular para a saída de eletrólitos e 
proteínas que, por sua vez, aumentam a evasão dos líquidos até produzir a 
hipovolemia. Uma das conseqüências da hipovolemia é o retardo da microcirculação 
local que, sofrendo outras interferências, leva à formação de microtrombos. 
A volta à normalidade só é possível mediante a recuperação da integridade 
capilar. A dor é intensa no princípio, 
atenuando com a formação das vesículas e 
voltando a se intensificar com a rotura do 
epitélio. 
As queimaduras do 2.º grau 
apresentam estas características e 
geralmente epitelizam espontaneamente em 
torno de 2 semanas. A infecção pode 
transformar uma queimadura de 2.º grau em 
3.º grau, exigindo enxertia de pele para sua cicatrização. 
29 
 
 
 
Conseqüência da ação do calor intenso em curto período 
 
O calor intenso e rápido atinge profundamente o local em que atua, produzindo 
destruição fulminante do tecido, levando à mumificação celular. Não há tempo para a 
formação de vesículas, pelo fato de o sangue coagular nos vasos. A região, mesmo 
à distância da área queimada, depende da irrigação destes vasos, produzindo a 
escara seca. 
A dor é intensa até a destruição parcial ou total das células nervosas, 
desaparecendo com a formação da escara e reaparecendo após a eliminação desta, 
que deixam descobertos alguns neurônios remanescentes. Geralmente, esta escara 
não tem tendência para infecção, devido ao dessecamento celular que dificulta a vida 
dos microrganismos. 
Estas características são compatíveis com as queimaduras de 3.º grau, que 
não regeneram espontaneamente, necessitando de enxertia de pele e longa 
internação. 
 
Conseqüência da ação de média quantidade de calor durante um longo 
período de tempo. 
 
Nesta intensidade calórica, a destruição dos tecidos processa-se em 2 fases. 
Primeiro, há todo o processo de formação de vesículas, semelhante à descrição da 
queimadura de 2.º grau. Na segunda fase, ocorre a coagulação do sangue nos vasos, 
surgindo todas as alterações já mencionadas com a ação do calor intenso num curto 
período. 
O edema transforma a necrose em escara úmida favorável à infecção. A dor 
está presente com intensidade, no início do processo, atenuando com a destruição 
dos tecidos nervosos. Estas características identificam uma queimadura de 3.º grau. 
30 
 
 
O calor produz outras conseqüências sobre o revestimento cutâneo, como 
desequilíbrio iônico com a saída de potássio e entrada de sódio nas células, que por 
si só desencadeia uma série de alterações gerais. 
A anóxia tissular, como resultado da deficiência circulatória, é uma 
conseqüência. 
A destruição das hemácias, levando a 
hemoglobinemia e hemoglobinúria, presentes 
nasqueimaduras elétricas significativas, altera a 
taxa de hematócrito e conseqüentemente o 
estado geral do paciente. 
Todas estas alterações, mesmo tratadas 
adequadamente, podem propiciar a infecção 
local com intensidade variável. 
 
 
FISIOPATOLOGIA GERAL DAS 
QUEIMADURAS 
 
Sistema Respiratório 
 
O envenenamento por fumaça resulta da inalação dos produtos de combustão. 
A resposta pulmonar inclui uma reação inflamatória localizada, uma redução na ação 
ciliar dos Brônquios e uma redução no surfactante alveolar. 
O edema de mucosa, ocorre nas vias aéreas de menor calibre, levando a uma 
sibilância audível à ausculta. Após várias horas, pode ocorrer o encharcamento do 
epitélio brônquico e pode desenvolver a traqueobronquite hemorrágica. 
O cliente pode apresentar discreta hipertensão arterial, resultando em uma 
redução nos níveis de tensão de oxigênio arterial. 
31 
 
 
 
Insuficiência Respiratória 
 
A insuficiência respiratória pode ser definida como a incapacidade dos pulmões 
de arterializar o sangue circulante nos alvéolos. A taxa de arterialização do sangue é 
considerada normal quando o PO² arterial encontra-se entre 75 e 100 mmHg. A 
insuficiência respiratória pode ocorrer também quando há aumento da resistência das 
vias aéreas por obstrução, causando dispnéia, mesmo quando o PO² e o PCO² são 
normais. 
A fisiopatologia da insuficiência respiratória pode ser dividida em duas fases, a 
aguda e a tardia. 
 
Insuficiência respiratória aguda 
 
Todo paciente crítico ou politraumatizado tem tendência a desenvolver 
insuficiência respiratória aguda e desequilíbrio ácido-básico. 
A insuficiência respiratória aguda, desencadeada insidiosamente com poucos 
sinais, é capaz de provocar distúrbios nos órgãos vitais, exigindo percepção aguçada 
da equipe que permanece ao lado do paciente. Clinicamente, pode-se suspeitar de 
hipoxemia na presença de agitação, taquicardia, taquipnéia, sudorese ou cianose. 
Há dois tipos principais de alterações respiratórias agudas no queimado: 
lesões por gases tóxicos e superaquecidos e insuficiência respiratória pós-traumática. 
A inalação de substâncias aquecidas como ar quente, principalmente o vapor 
d’água, é capaz de produzir sérios danos à integridade do revestimento da árvore 
respiratória, podendo chegar até os alvéolos no caso do vapor d’água. Em geral, as 
queimaduras térmicas do aparelho respiratório limitam-se às vias aéreas superiores, 
podendo provocar o aparecimento de edema capaz de obstruir parcial ou totalmente 
as vias aéreas. 
32 
 
 
A inalação de gases nocivos como a fumaça resultante da combustão de 
produtos tóxicos pode produzir alterações relacionadas coma fisiologia respiratória, 
dentre elas: 
 
✓ Interrupção dos movimentos ciliares, prejudicando a remoção de resíduos 
nocivos do aparelho respiratório; 
✓ Diminuição dos surfactantes, predispondo ao colapso alveolar; 
✓ Lesão capilar-alveolar levando ao edema já discutido na fisiologia local das 
 
Insuficiência respiratória tardia 
 
O sistema respiratório do queimado é sede de inúmeras agressões que 
acompanham todo o processo da queimadura, desde a fase inicial até a recuperação 
total. 
Na fase tardia ocorrem várias complicações comuns no queimado, entre elas, 
pneumonia e broncopneumonia, embolia pulmonar e outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
CHOQUE 
 
O estado de choque é uma condição clínica freqüente e uma das primeiras a 
ocorrer no queimado. O conhecimento da fisiopatologia do estado de choque é 
indispensável a toda equipe, para que as medidas sejam tomadas em tempo hábil. 
É difícil definir o estado de choque, devido às variáveis que interferem nas 
manifestações clínicas do organismo. Foi constatado que o resultado final é sempre 
uma perfusão tecidual inadequada com hipóxia celular em grandes áreas do 
organismo, podendo evoluir para a irreversibilidade na ausência de tratamento 
adequado em tempo hábil, com o que concordam vários autores. O choque pode ser 
classificado em hipovolêmico, cardiogênico, neurogênico e séptico. É difícil o 
aparecimento do choque isoladamente sem que ocorram outras alterações no 
organismo. 
 
Choque hipovolêmico – ocorre pelo déficit de volume líquido circulante, 
provocado pela perda de plasma e do sangue intravascular. 
Choque cardiogênico – resulta da insuficiência cardíaca, ou seja, 
funcionamento deficiente da bomba cardíaca, causando diminuição do débito 
cardíaco. Vários fatores funcionam como desencadeantes, entre eles, a embolia 
pulmonar e a hipovolemia tardia. Caracteriza-se pelo aumento da pressão no leito 
venoso e da resistência periférica. 
Choque neurogênico – tem como fatores desencadeantes à dor e o estresse 
causado pela queimadura. É caracterizado pelo aumento de volume do 
compartimento vascular, sem alterar o volume sanguíneo real, levando a baixa 
perfusão tecidual. 
 
FASE DE EMERGÊNCIA / REANIMAÇÃO DO CUIDADO DA 
QUEIMADURA 
 
34 
 
 
Cuidado do Local 
 
Qualquer pessoa que encontre uma vítima de queimadura pela primeira vez 
pode se sentir indefesa. A aparência da pessoa queimada pode ser, aterrorizante. 
Pode ser difícil não dar atenção à aparência da pessoa em lugar de se concentrar nas 
feridas por queimadura consiste em evitar a lesão para o agente de resgate. 
 
PROCEDIMENTO DE EMERGÊNCIA NA CENA DO FOGO 
 
Extinguir as chamas 
 
Quando as vestes pegam fogo, as chamas são extintas como as vítimas 
deitando no chão e rolando (“cair e rolar”); pode ser usada qualquer coisa disponível 
que abafe as chamas como um cobertor, tapete ou capa. Ficar em pé força a vítima 
a respirar as chamas e a fumaça e correr aumenta as chamas. Se a fonte da 
queimadura for elétrica, a fonte de eletricidade deve ser desconectada. 
 
Resfriar a queimadura 
 
Depois que as chamas são extintas, a área queimada e as roupas aderidas 
são embebidas em água fria, por breve período de tempo, a fim de resfriar a ferida e 
estancar o processo da queima. Quando uma queimadura for sustentada, a aplicação 
da água fria é a melhor medida de primeiros socorros. 
Embeber intermitentemente a área queimada em água fria ou aplicar toalhas 
frias propicia o alívio evidente e imediato da dor e limita o edema e a lesão tecidual 
locais. Entretanto, nunca aplique gelo diretamente nas queimaduras, nunca envolva 
as vítimas de em queimaduras em gelo e nunca use curativos ou compressas frias 
por mais de alguns minutos; esses procedimentos podem agravar a lesão tecidual e 
levar a hipotermia nos pacientes com grandes queimaduras. 
35 
 
 
 
Remover objetos restritivos 
 
Quando possível, remova imediatamente as roupas. As roupas que aderiram 
podem permanecer na posição, quando resfriadas. As outras roupas e todas as jóias 
devem ser removidas para possibilitar a avaliação e para evitar a constrição 
secundária ao edema em desenvolvimento rápido. 
Cobrir a ferida 
 
A queimadura deve ser coberta o mais rápido possível para minimizar a 
contaminação bacteriana e diminuir a dor ao evitar que o ar entre em contato a 
superfície lesada. Os curativos esterilizados são melhores, mas qualquer tecido limpo 
e seco pode ser utilizado como um curativo de emergência. Não devem ser usados 
pomadas e cremes. Além do curativo, nenhum medicamento ou material deve ser 
aplicado à ferida por queimaduras. 
 
Irrigar as queimaduras causadas por substâncias químicas 
 
As queimaduras por substâncias químicas decorrem do contato com material 
corrosivo são imediatamente irrigadas. Muitos laboratórios de substâncias químicas 
possuem um chuveiro de alta pressão para essas emergências. Quando essa lesão 
acontece em casa, afaste o agente químico, remova as roupas de imediato e lave 
todas as áreas do corpo que tenham entrado em contato a substância química. O 
enxágüe pode ocorrer no chuveiro ou em qualquer outra fonte de água corrente 
contínua. Quando uma substância química penetra nos olhos oufica próxima a eles, 
os olhos devem ser imediatamente lavados com água limpa e fria. Os resultados para 
paciente com queimaduras por substâncias químicas melhoram com a lavagem 
rápida da lesão no local. 
 
36 
 
 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM DE URGÊNCIA 
 
Este tipo de assistência geralmente é prestada em prontos-socorros ou 
hospitais. 
Deve atuar no atendimento de urgência equipe especializada ou devidamente 
treinada. O paciente queimado apresenta características próprias, como estresse, 
medo,ansiedade, irritabilidade, depressão, etc., que vão intensificar o sintoma da dor, 
influenciando diretamente em todos os demais sintomas presentes no quadro clínico 
do queimado. 
A qualidade da assistência de enfermagem é decisiva na recuperação precoce 
do paciente e na prevenção de seqüelas físico-psicossocias. 
O paciente deve ser recebido em sala própria para atendimento de queimados 
até 24 horas após o acidente (considerado não infectado); colocado em mesa 
revestida de campo estéril, removidos toda vestimenta, jóias e demais objetos de 
adorno, para melhor observação da área queimada. A equipe deve estar devidamente 
paramentada, isto é, usando avental, gorro, máscara e luvas estéreis. 
A assistência, para fins didáticos está dividida em local e sistêmica. 
 
Tratamento geral ou sistêmico imediato: Visa prevenir os sintomas de 
anóxia, dor, choque e infecção que devem ser tratados o mais precocemente 
possível. 
Tratamento da anóxia 
 
A anóxia pode ser resultante da insuficiência 
respiratória ou da anóxia tecidual. Deve ser corrigida 
imediatamente, através de administração de O2 
úmido por cateter nasal, principalmente nos casos 
evidentes de acidentes ocorridos em ambientes 
fechados com inalação de fumaça. O paciente pode 
Figura : Ruslan Guzov | Shutterstock 
37 
 
 
apresentar, além de rouquidão, queimadura total ou parcial dos pelos das narinas e 
edema. Quando associada às queimaduras da face e pescoço que apresentam 
edema acentuado, o paciente corre o risco de edema de orofaringe, o que deve ser 
evitado, mediante observação constante e, se necessário, entubação ou 
traqueostomia. 
O material necessário para estes procedimentos deves estar em condições de 
uso na sala de urgência. Os pacientes com este quadro deverão ser observados 
constantemente durante 48 horas após o acidente. 
Tratamento do Choque 
O tratamento do choque se caracteriza pelo restabelecimento e manutenção 
do volume líquido circulante. 
O desencadeamento do choque se dá só pela perda de líquidos, mas por vários 
outros fatores já descritos anteriormente, como a dor, o estresse etc. 
O choque é um dos sintomas principais da 
fase aguda das queimaduras e se não prevenido 
ou tratado precocemente causa vários problemas, 
chegando a ser irreversível e levando o paciente à 
morte prematura. 
O tratamento consiste na reposição dos 
líquidos perdidos, a qual deverá ser iniciada 
imediatamente após a coleta de amostra de 
sangue para exames e da sedação do paciente na sala de urgência. A via escolhida 
deve ser a periférica, até a avaliação geral da necessidade quantitativa de hidratação. 
Para o cálculo dos líquidos que serão infundidos deverão ser consideradas a 
extensão e profundidade da área queimada, o peso do paciente e fatores de risco, 
como idade, patologias preexistentes que influenciarão no estado geral do paciente, 
entre elas, as cardiopulmonares, as nefropáticas, vasculares e outras. 
Em geral, adultos com queimaduras acima de 20% de Superfície Corporal 
Queimada e crianças com queimaduras acima de 10% de (SCQ) deverão ser 
hidratadas por via endovenosa, além da oral. 
38 
 
 
Em todos os casos de grandes queimados e em alguns de médio queimados, 
a hidratação deverá ser fita através de uma veia calibrosa (flebotomia ou intracath). 
 
Controle de reposição de líquidos 
O cálculo da quantidade e volume dos líquidos a ser reposta não deve ser 
inflexível e sim adaptado às necessidades específicas de cada paciente, evitando a 
super ou sub- hidratação. O indicador mais preciso da quantidade adequada é o 
volume urinário. Porém, há outros fatores que devem ser observados, como: 
- Condições gerais do acidentado; 
- Exame do sistema cardiovascular ou respiratório; 
- Idade (geriátricos e crianças toleram menos infusões rápidas, devido às 
características do sistema cárdio-respiratório); 
- Outras patologias preexistentes. 
 
Controle laboratorial : O hematócrito permite acompanhar a regressão ou 
progressão da hemoconcentração na fase aguda. Outros fatores podem surgir, 
interferindo nas características e no volume sanguíneo, como hemólise das hemácias, 
úlcera de Curling e outros, alterando o resultado do hematócrito a ponto de não servir 
mais como parâmetro para a hidratação adequada. 
Controle dos dados vitais: pulso e P.A, freqüência respiratória e P.V.C. 
 
Controle da diurese 
 
Deverá ser cateterizada a bexiga com sonda vesical de demora. 
O volume urinário horário no adulto deve manter-se entre 30 a 60 ml/h, 
principalmente nas primeiras 48 horas e, na criança, 1 ml/kg de peso. A redução da 
diurese indica hidratação insuficiente e conseqüentemente problema renal. O volume 
39 
 
 
aumentado indica administração hídrica excessiva ou lesão renal. Estas alterações 
deverão ser corrigidas mediante mudança na conduta terapêutica. 
 
PREVENÇÃO DE INFECÇÃO 
 
A infecção é muito temida no queimado, pois os resultados são funestos, 
retardando a recuperação ou levando a morte. 
A prevenção deve ser iniciada o mais precocemente possível, no hospital, já 
no atendimento de urgência, usando sala asséptica, pessoal treinado e 
adequadamente paramentado. 
Em alguns casos, onde as condições higiênicas da queimadura são precárias, 
utiliza-se antibiótico profilático. 
Rotineiramente, é feita a prevenção do tétano em queimados. Esta infecção é 
grave e quase sempre fatal. 
Os pacientes não imunizados ou que receberam vacina completa há mais de 
10 anos, ou aqueles que não receberam as 3 doses da vacina, devem receber 
imunização ativa e passiva. 
Alguns serviços preferem fazer a imunização completa nos pacientes com mais 
de 5 anos de vacinação, com 3 doses, fundamentados no princípio do risco da 
conservação inadequada da vacina. 
 
Imunização ativa : Compreende a administração de um antígeno para 
estimular a formação de anticorpos contra o tétano. Em geral, são necessárias 2 a 3 
semanas para se formarem os anticorpos. 
Imunização passiva: Compreende a administração de anticorpos formados 
previamente, tem vida curta de atuação, em torno de 3 semanas 
40 
 
 
 
Tratamento imediato, no local da área queimada: O tratamento local tem 
por objetivo aliviar e tratar os sinais e sintomas que surgem na queimadura, como a 
dor, perda de líquidos, destruição dos tecidos e infecção. 
O curativo local tem por objetivo isolar e proteger a lesão do meio ambiente por 
tempo suficientemente capaz de recuperá-la. O manejo consciente da área queimada 
é de extrema importância, visando à profilaxia de infecções e a epitelização rápida da 
área. 
 
MÉTODO DE TRATAMENTO LOCAL DAS QUEIMADURAS 
 
Os métodos empregados no tratamento local das queimaduras são dois, o de 
exposição e o de oclusão, já preconizados e usados por seus pesquisadores no início 
deste século. Geralmente, na assistência ao médico e grande queimado são usados 
simultaneamente, o que intitularemos de misto. 
Método de oclusão: O curativo fechado, ou método de oclusão, compreensão 
e pouso (OCR), é indicado nas queimaduras dos pés, mãos, membros, queimaduras 
de 3.º grau, circular de tórax e em tratamento ambulatorial. 
 
Material para confecção do curativo 
- Pacote de curativo (pinça anatômica, pinça dente de rato, tesoura); 
- Cuba rim; 
- Gazes cirúrgicas; 
- Gazes de morim ou rayon; 
- Gazes de rolo ou para queimados, medindo 
10x150 cm; 
- Algodão hidrófilo, na ausência deste usar algodão ortopédico;41 
 
 
- Atadura de crepe; 
- Fita adesiva ou esparadrapo. 
 
Soluções e material acessório 
- Soro fisiológico; 
- Sabão líquido neutro; 
- Benzina; 
- Éter; 
- Hamp revestido de saco plástico para lixo. 
 
Procedimento 
 
Limpar a área com soro fisiológico, com auxílio das pinças, tesouras e gazes; 
retirar os tecidos desvitalizados, detritos e corpos estranhos, como resíduos de 
vestes; tratamento aplicado nos primeiros socorros. 
Existem serviços (Clínica de Queimados e Cirurgia Reparadora – C.Q.C.R – 
H.M.C.C) onde é feita a ressecção de vesículas existentes, mesmo as que não estão 
rotas. Conduta a que não se alinham. 
Há duas correntes que deferem condutas diferentes a respeito do tratamento 
das queimaduras com vesículas. 
Aqueles que defendem o não debridamento das vesículas justificam que o 
líquido contido nestas é semelhante ao plasma do sangue e a drenagem favorece a 
espoliação do paciente. Parte deste líquido é reabsorvida posteriormente para o 
espaço intravascular, razão pela qual as vesículas deverão permanecer até a troca 
do curativo, quando serão ressecadas. O debridamento expõe precocemente a área 
queimada à ação de microorganismos. 
42 
 
 
Os que usam o método de debridamento das vesículas afirmam que o líquido 
acumulado no interstício dérmico descola a epiderme do derma formando as 
vesículas. Quanto maior a coleção de líquidos dentro das vesículas maiores a área 
de descolamento tornando mais vulnerável o rompimento espontâneo com perda real 
de líquidos. 
A percentagem de líquidos reabsorvida das vesículas até a troca do curativo 
não é tão significativa. Também no 
cálculo da reposição hídrica não é 
considerada esta reabsorção. 
Portanto, a drenagem não 
altera a volemia do paciente. 
O rompimento espontâneo das 
vesículas mais vulneráveis sob o 
curativo funciona como meio de 
cultura para os germes, que invadem as vesículas não rotas, transformando-as em 
bolsa de secreção purulenta. 
 
CONFECÇÃO DO CURATIVO 
 
1. ª camada – cobrir a área queimada e uns 10 cm de pele íntegra adjacente 
com gazes de rayon ou morim, embebidas em soro fisiológico ou vaselina. 
O morim ou rayon deve ser cortado em cada volta circular ao redor do 
membro ou tórax, prevenindo o garroteamento pela formação de edema, 
facilitando a retirada na troca do curativo; 
2. ª camada – cobrir as gazes de malha fina com gaze para queimado ou gaze 
de rolo. Esta deve ser colocada em ziguezague ou vaivém, atendendo a 
mesma finalidade de prevenção de garroteamento; 
3. ª camada – cobrir a gaze de rolo com um algodão hidrófilo em forma circular 
e uniformemente por toda região; 
Figura: Todas as queimaduras devem ser 
tratadas por um médico e de forma urgente. Foto: 
Shutterstock 
43 
 
 
4. ª camada – enfaixar compressivamente com ataduras de gazes elásticas 
(tipo crepom). Fixar o curativo com fita adesiva ou tiras de esparadrapo, de 
tal forma que garanta a integridade do curativo por 3 a 4 dias, apesar da 
movimentação do paciente. 
Cuidados especiais devem ser tomados ao se fazer o curativo nas mãos e pés. 
Os dedos da mão deverão ser envolvidos separadamente com rayon ou morim e, na 
2.ª camada, com gaze cirúrgica. Posteriormente, deverão ser enfaixados em posição 
funcional, isto é, com os dedos levemente fletidos, como se estivessem segurando 
uma bola de vôlei. Os dedos dos pés também deverão ser envolvidos separadamente, 
até a 2.ª camada, e colocados posteriormente em posição de 90 graus em relação à 
perna. Esta medida visa prevenir a queda plantar, tão comum em pacientes de longa 
internação com movimentos limitados. 
 
As queimaduras de 3.º grau com circular de membros e tórax geralmente 
necessitam da escarotomia, que consiste em incisões longitudinais, feitas com bisturi, 
para aliviar a compressão que o tecido lesado pode exercer neste local, trazendo 
dificuldade circulatória nos membros e respiratória do tórax. Estes locais, após a 
oclusão com curativos, devem ser observados visando sustar hemorragias, que são 
freqüentes. 
 
A observação da aparência externa do curativo é importante. Quando o 
revestimento externo (atadura de crepe) do curativo está úmido ou sujo, é sinal 
que deixou de ser oclusivo. Está sujeito a infecção e deve ser trocado mesmo 
que a data prevista esteja distante. 
 
Finalidade das gazes utilizadas no curativo 
44 
 
 
 
✓ Gaze de malha fina (rayon ou morim) 
visa a não aderência na área queimada, 
facilitando a troca de curativos e 
favorecendo a drenagem de secreções. O 
rayon é mais indicado porque os fios não 
absorvem secreções; portanto, não 
aumentam o diâmetro, favorecendo a 
drenagem de secreções de forma mais 
abundante. 
 
✓ Gaze de rolo ou para queimados – favorece 
a absorção da secreção que drena através da 
1.ª camada e permite a proteção da área 
queimada de maneira uniforme, o que não 
seria possível com gazes cirúrgicas, que 
dificultam a confecção do curativo pelo 
deslizamento das unidades. 
 
✓ Algodão hidrófilo – permite a absorção da 
secreção que drena através da 2.ª camada do 
curativo e promove a compressão uniforme da 
área queimada, reduzindo a dor e oferecendo 
maior conforto ao paciente, protegendo-o de 
traumas secundários na movimentação. 
45 
 
 
 
✓ O algodão ortopédico não é o mais indicado 
porque tem menos capacidade de absorção. Sua 
elasticidade é inexistente, o que pode prejudicar a 
circulação na área envolvida, principalmente na 
formação do edema. 
 
✓ Atadura de crepom – tem por objetivo a 
compressão uniforme e suave, além de fixação do 
curativo. O enfaixamento deve obedecer ao 
princípio fisiológico da circulação sanguínea, 
permitindo compressão uniforme decrescente da 
extremidade para a raiz dos membros. A absorção da perfusão periférica e 
edemas acentuados permite a avaliação do enfaixamento. 
 
Método de exposição 
 
Consiste na exposição completa da área queimada ao meio ambiente. Este 
método é usado para o tratamento de queimaduras de face, pescoço, períneo e tórax 
de pacientes internados e adultos conscientes. Deve ser evitado nestas regiões, se 
houver exposição de ossos, vasos sanguíneos, nervos e tendões. 
 
 
 
 
O curativo deverá ser reforçado com fita adesiva ou tiras de 
esparadrapo, permitindo a sua integridade apesar dos movimentos, 
até a troca, que poderá ocorrer 3 a 5 dias após. 
 
LEMBRE-SE 
46 
 
 
Procedimento 
 
O curativo da área queimada consiste na limpeza da queimadura e região 
circunvizinha com soro fisiológico e sabão neutro, retirando-se corpos estranhos e 
ressecando as vesículas com auxílio de gazes, pinças e tesouras manuseadas com 
delicadeza e habilidade. Nos pacientes com queimadura circular de tórax aos quais 
for indicada a hospitalização, optar pela exposição, mantendo um coxim sob a parte 
do tórax que ficará apoiada no leito. 
O coxim compreende as mesmas camadas do curativo oclusivo, sendo 
substituída à atadura de crepe pelo campo estéril. Este é confeccionado com técnica 
asséptica, de forma inversa à que se faria no paciente, isto é, de dentro para fora, 
seguindo a seqüência descrita: abre-se o campo estéril em tamanho proporcional ao 
da região a ser protegida, usando-se uma mesa ou a própria cama do paciente, 
acolchoando-se todo o campo com algodão hidrófilo; recobre-se todo o algodão com 
gaze de rolo aberta, coloca-se em cima o morim ou rayon umedecido com soro 
fisiológico. Põe-se o paciente no leito sobre o coxim, no decúbito indicado, de maneira 
que não flexione o corpo, evitando enrolar as camadas e permitindo uniformidade em 
toda a extensão. 
Toda extensão da área queimada exposta deve repousar sobre campos 
estéreis que deverão revestir o leito. A sustentação de lençóis e cobertores é feita 
com arco de proteção de metal estéril ou, na impossibilidade, devidamente lavado 
com água e sabão e desinfetado. A primeira peça que fica em contato com o arco 
deveser campo estéril. Sobre este repousarão o lençol, cobertores e colcha. O 
ambiente deve ser aquecido em lugares de clima frio. 
Em geral, após as 48 horas, surge uma crosta fina e lisa semelhante ao 
esmalte sobre a área queimada, resultante do dessecamento do plasma. Esta crosta 
é chamada de curativo biológico. Tem a finalidade de proteger o local queimado 
contra microrganismos, diminui a perda de líquidos, impedindo a evaporação, 
atenuando a dor e isolando as terminações nervosas do contato com o ar. 
 
 
47 
 
 
 
Comparação entre os dois métodos de curativos 
 
Os empregos dos dois métodos (oclusivo e explosivo) dão bons resultados, 
desde que tenham indicação precisa para a aplicação. 
 
Exposição – Vantagem 
 
Porém, nem todos concordam com esta afirmativa. 
 
✓ Observação das lesões: permite a observação constante das lesões, 
possibilitando surpreender no início qualquer foco infeccioso. 
✓ Aplicação do método: ideal para face e períneo, locais onde se abrem 
vários artifícios com drenagem de secreções naturais exigindo higiene 
freqüente. 
✓ Proliferação dos germes: o dessecamento do plasma sobre as lesões 
constitui um meio desfavorável à proliferação de germes. 
✓ Curativos: não há troca de curativos dolorosa. Os curativos são simples, 
restringindo a limpeza diária das secreções sem causar grande 
desconforto ao paciente. 
✓ Mobilização: permite movimentação espontânea, possibilitando a 
observação de deformidades de posição e sua correção precoce. No 
entanto, esta mobilização deve ser a estritamente necessária para evitar 
solução de continuidade e conservar a integridade da crosta protetora, 
podendo haver focos infecciosos em pontos onde esta se rompe. 
48 
 
 
 
 
 
 
 
Desvantagens 
 
✓ Aplicação do método: limitado, contra-indicado em queimaduras 
profundas, extensas ou circulares e não indicada para aplicação em 
ambulatório. 
✓ Tolerância: nas primeiras 48 horas, enquanto as crostas não se formarem, 
a dor e a sensação de desconforto são mais intensas, exigindo a 
administração de sedativos. 
✓ Contaminação: favorece a contaminação mesmo em isolamento parcial, 
com observação de técnica asséptica e limpeza rigorosa do ambiente, 
exigências não comumente encontradas na maioria dos hospitais da 
comunidade brasileira. 
✓ Proteção contra as variações térmicas: A exposição protege menos o 
paciente contra as variações térmicas do meio ambiente. A temperatura 
deve ser mantida constantemente no verão e inverno. O paciente 
descoberto não deve sentir frio ou calor. 
✓ Perda de líquidos: Nas primeiras 48 horas, a perda de líquidos é maior 
devido à evaporação, intervendo-se esta situação na fase tardia. Duas 
condições básicas interferem na evaporação da água através da pele: uma 
relacionada com o paciente e outra relacionada com o meio ambiente 
(umidade do ar, temperatura ambiente e aeração local). 
 
Curativo oclusivo – Vantagens 
Figura: Adolescente ficou internada 
dois meses. (Reprodução/RPC) 
49 
 
 
 
✓ Aplicação do método: Em geral, tem menos contra-indicações. Mantém 
a lesão em repouso durante a fase de agressão, facilitando a recuperação. 
É indicado especialmente para queimaduras circulares e profundas, 
tratamento ambulatorial, crianças, pessoas agitadas ou deficientes 
mentais. 
✓ Tolerância: O alívio da dor é mais rápido, a oclusão isola os ferimentos 
dos estímulos externos; posteriormente, a situação é inversa. 
✓ Contaminação: Evita a contaminação pela oclusão. Ideal para ambientes 
de hospitais superlotados e com déficit de pessoal especializado. 
✓ Proteção contra as variações térmicas: Nos climas frios, a oclusão é 
mais tolerada, protegendo melhor o paciente. No verão a situação é 
inversa. 
✓ Perda de líquidos: A perda inicial de líquidos é menor na oclusão, por 
evitar a evaporação. O contrário ocorre posteriormente, em virtude da 
absorção dos líquidos nas bandagens dos curativos, intensificando as 
perdas reais. 
 
Desvantagens da Oclusão 
 
✓ Custo: é mais dispendioso, exigindo muito material e mão-de-obra 
especializada para troca de curativos. 
✓ Observação das lesões: a presença ou ausência de infecção só pode ser 
avaliada através de hipertermia, dor, odor fétido, aspecto externo do 
curativo (dados indiretos). 
✓ Proliferação de germes: a oclusão da área possibilita condições 
favoráveis à proliferação de germes pelo calor, umidade e ausência de 
claridade. 
50 
 
 
✓ Curativos: a necessidade da troca do curativo periódica torna a aplicação 
do método mais traumatizante para o paciente e equipe de enfermagem. 
Nos intervalos da troca há queixas de desconforto geral, odor fétido, 
prurido, calor etc. Na confecção do curativo, se a compressão não for 
uniforme, o paciente se queixa de dor e formigamento e apresenta 
alteração da perfusão periférica e edema local. 
✓ Mobilização: a oclusão dificulta a mobilização das articulações do membro 
afetado, impossibilita a verificação de deformidades de posicionamento e 
sua correção precoce. No entanto, o paciente fica mais livre para se 
movimentar, sendo também mais fácil o seu transporte. 
 
 
 
 
PRIMEIRO 
ATENDIMENTO DO PACIENTE QUEIMADO 
 
Exame básico (ATLS) 
 
A – Vias Aéreas 
Suspeitar de lesão de via aérea sempre que a história ou o exame físico 
justificarem. Lembre- se que os sinais de comprometimento podem ser tardios e não 
devemos aguardar que se instale uma insuficiência respiratória franca, já que isso 
pode inviabilizar o acesso a uma via aérea definitiva por intubação e exigir uma 
abordagem cirúrgica. 
 
51 
 
 
B – Boa Respiração 
Além dos danos causados pelas lesões térmicas da via aéreas, da inalação de 
produtos tóxicos que produzem traqueobronquites químicas, edema e pneumonia, 
outro importante fator de agravamento respiratório é a intoxicação por monóxido de 
carbono. 
Sempre considere a possibilidade de intoxicação por monóxido de carbono em 
queimado com história de lesão em ambiente fechado. 
O diagnóstico da intoxicação é clínico e é feito principalmente pela história. 
Quando os níveis séricos de CO são inferiores a 20%, não costuma haver sinais 
clínicos. Com níveis mais elevados, pode haver: Cefaléia e náusea (20 a 30%), 
confusão (30 40%), coma (40 a 60%) e morte (>60%). 
O tratamento consiste em oferecer O2 em altas concentrações por máscara ou 
ventilação assistida, sempre em sistema sem recirculação. 
 
C – Circulação 
 
D – Dano Neurológico 
 
E – Exposição 
 
Volume sanguíneo circulante: 
 
Num queimado, até mesmo a medida da pressão arterial pode ser difícil. A 
monitoração do débito urinário é uma das formas mais fidedignas de se avaliar a 
qualidade do volume circulante. Torna-se então obrigatória à sondagem vesical nos 
queimados com mais de 20% de superfície corpórea queimada. A diurese 
recomendada é de 1 ml/Kg por hora para crianças com menos de 30 Kg, ou 30 a 50 
ml por hora para os adultos. 
A estimativa do volume a ser infundido pode ser feita através da formula: 
 
52 
 
 
Este volume deve ser infundido com solução de Ringer lactato. Nas primeiras 
8 horas após a queimadura, o paciente deve receber 50% do volume calculado, nas 
outras 16 horas deve receber os outros 50%. 
É bom lembrar que esta formula serve somente para estimar o volume 
necessário, o objetivo final é garantir volume circulante e a perfusão tecidual, avaliada 
através do débito urinário. 
 
Outros cuidados: 
 
1. Pesar o paciente: muitas vezes a única oportunidade de se avaliar o peso 
do queimado é na admissão, já que nos casos mais graves os cuidados intensivos 
não permitem a pesagem. 
2. Sondagem nasogástrica: está indicada em queimados com mais de 20% 
de superfície queimada. Ela vai diminuir a distensão gástrica e evitar náuseas, 
vômitos e distensão abdominal. 
3. Sedação da dor: deve ser administrada por via endovenosa. Como pode haver 
hipoxia ou hipovolemia, a administraçãode sedativos deve ser feita em doses 
pequenas e freqüentes. 
4. Antibióticos: não há indicação para uso profilático de antibióticos. Eles devem 
ser utilizados somente para tratar as infecções que podem surgir durante o 
tratamento. 
5. Cuidados com a ferida: Não devemos romper as bolhas na fase aguda da 
queimadura. Para dar mais conforto ao paciente, podemos lavar a área queimada e 
cobri-la com compressas úmidas em soro morno. 
6. Queimaduras circunferências: pacientes com queimaduras de terceiro grau 
que acometem toda a superfície de um membro podem desenvolver um quadro 
isquêmico progressivo relacionado à instalação de edema tecidual. Nestes casos, 
está indicada uma escarotomia, procedimento que deve ser realizado na sala de 
emergência e que garante a viabilidade funcional do membro. 
53 
 
 
 
Critérios para transferência: 
 
A tabela traz os critérios da Associação Americana de queimaduras para a 
transferência de pacientes vítimas de queimaduras. Estes critérios não devem ser 
encarados como normas rígidas, mais sim como orientações gerais. 
 
Lembre-se que na transferência toda documentação referente ao atendimento 
prestado deve acompanhar o paciente, inclusive: 
 
1. Folha de registro do atendimento ao queimado, contendo superfície 
queimada e respectiva profundidade de cada área. 
 
2. Descrição de todos os cuidados prestados no atendimento, inclusive do volume 
e tipo de infusões oferecidas, drogas administradas e resultados de exames. 
54 
 
 
Tabela: Triagem de pacientes vítimas de queimaduras 
 
 
 
 
55 
 
 
REPOSIÇÃO HIDRO-ELETROLÍTICA (GRANDE QUEIMADO) 
 
 
Cateterizar preferencialmente veia periférica de grosso calibre e calcular 
reposição inicial: 
Pela fórmula de Parkland: 4 ml/kg de peso corporal/percentagem SQC, de 
Ringer com Lactato. Sendo que, para fins de cálculo inicial, programa-se que a 
metade deste volume deva ser infundida nas primeiras 8 horas após a queimadura. 
 
Exemplo: Homem 70kg com 30% SQC 
Volume de Ringer = (4ml/kg x 70kg) x 30 = 8400ml 
 
Grande queimado adulto: iniciar 2.000 ml de Ringer com Lactato para correr 
em 30 minutos; 
Grande queimado criança: iniciar 30 ml/kg para correr em 30 minutos. 
Independentemente do esquema inicial escolhido, deve-se observar diurese a partir 
da primeira hora, e controlar a hidratação para que se obtenha 0,5 a 1ml/kg/hora ou 
(30-50ml) em adultos e 1ml/kg/h em crianças. 
 
Antibioticoterapia 
Antibióticos são utilizados no 
caso de uma suspeita clínica ou 
laboratorial de infecção. Não utilizar 
antibiótico profilático. 
 
 
Foto: Reprodução Internet / imagem ilustrativa 
56 
 
 
NUTRIÇÃO PARA QUEIMADOS 
 
É sabido por todos os membros da equipe de saúde que a qualidade da 
alimentação é um fator de muita importância na manutenção da saúde de qualquer 
pessoa sadia, determinando a própria qualidade de vida. Em se tratando de 
indivíduos com alterações de saúde, a nutrição assume uma importância redobrada. 
Quanto ao queimado, a alimentação merece tanta atenção quanto à conduta 
adotada no tratamento sistêmico e local. O queimado, mais do que qualquer outro 
paciente, necessita de dieta hiperprotéica e hipercalórica, rica em sais minerais e 
vitaminas, fatores indispensáveis na reposição das perdas calóricas, reconstituição 
dos tecidos lesados e na manutenção do equilíbrio imunológico. 
O atendimento destas necessidades seria mais bem atingido com a 
participação ativa não só do médico, nutricionista e enfermeiro, mas de toda a equipe 
envolvida com o tratamento do paciente. 
O enfermeiro e sua equipe administram a alimentação e hidratação do 
queimado, muitas vezes totalmente dependente e imobilizado devido a queimaduras 
extensas e profundas. É muito importante a orientação que o enfermeiro dá a sua 
equipe quanto aos fatores que facilitam a aceitação da dieta, tais como: ausência de 
dor no momento da alimentação (se necessário, administrar com antecedência os 
analgésicos prescritos); ausência de odor desagradável no ambiente (evitar trocas 
de curativos e de roupa de cama de outros pacientes da enfermaria no mesmo 
momento); posicionamento adequado do leito e do paciente; disponibilidade da 
pessoa que alimenta; aspecto e temperatura do alimento etc. Cabe ao enfermeiro o 
controle e aceitação da dieta em cada período, por ser comum a anorexia no 
queimado. Quando esta ocorrer, levar o fato para discussão em grupo 
multiprofissional, podendo parte do problema ser transferido para a família, desde 
que esta aceite e tenha condições de aquisição, disponibilidade de tempo para 
preparar, transportar e administrar o alimento adequado. Outra conduta que a 
equipe poderá adotar é a complementação da dieta via oral, por sonda gástrica ou, 
mais apropriadamente, por sonda enteral, desde que o aparelho digestivo do 
paciente não ofereça nenhuma contra-indicação, como úlcera de Curling, diarréias, 
vômitos e outros. 
57 
 
 
O queimado que recebe nutrição enteral deverá ser monitorizado pela 
enfermagem. 
O processo começa com a introdução de uma sonda tipo Dobbhoff por via 
transnasal para o estômago, onde permanece até ser transportada para o duodeno, 
sob ação do peristaltismo gastrintestinal. Em pacientes conscientes e que 
cooperam, como é o caso de quase todos os queimados, a inserção do cateter é um 
procedimento simples, dispensando o uso de mandril. Em torno de 8 a 24 horas 
deve-se fazer uma radiografia abdominal para observar o posicionamento do cateter 
(duodeno), podendo ser feita à fixação definitiva. 
Se a sonda permanecer no estômago, não atingindo o intestino delgado, a 
dieta deverá ser preparada e administrada como gástrica e não como enteral. 
A vantagem da alimentação por sonda enteral sobre a sonda nasogástrica, 
entre outras, é que não existe o risco de regurgitação do conteúdo gástrico, com 
possível aspiração pulmonar. 
A ficha de monitorização dos cuidados de enfermagem com o paciente em uso 
de nutrição enteral deverão registrar os seguintes dados: 
✓ Identificação do paciente 
✓ Registro das características do paciente, tipo e número da sonda, data da 
introdução, peso normal, altura, punho etc; 
✓ Administração da dieta: devem ser anotados característicos volumes 
prescritos e administrado, visando identificar alterações na aceitação e problemas 
de infusão da dieta. Cuidados devem ser mantidos para evitar obstrução da sonda 
e aplicar a infusão no tempo correto. Quando forem administrados outros nutrientes 
deverão ser registrados volumes e soluções infundidos; 
✓ Complicações com a sonda – são registrados posicionamento inadequado, 
obstrução e saídas acidentais; 
 
✓ Reações do paciente: sede, fome, anorexia e complicações gastrintestinais 
são reações que indicam não só o nível de tolerância da dieta, como são 
parâmetros para alterações da mesma; 
58 
 
 
✓ Eliminações: volume urinário, número e aspecto das fezes eliminadas, este 
é um índice relevante na observação da tolerância à dieta. Através destas 
eliminações, é possível avaliar o balanço nitrogenado indispensável para adequar a 
oferta calórica; 
✓ Atividade física: é registrado o número de sessões de fisioterapia e 
exercício físico; 
✓ Medidas antropométricas: são registrados peso, altura, circunferência do 
braço e punho, prega do tríceps e prega subescapular duas vezes por semana. 
Estes dados são indispensáveis e deverão ser acrescidos de exames laboratoriais 
(albumina sérica, transferrina sérica e linfócitos), que permitem determinara 
inicialmente o grau de desnutrição e necessidade protéica. São constantemente 
reavaliados, através do acompanhamento e evolução do estado nutricional do 
paciente. 
 
Na administração da dieta enteral alguns cuidados devem ser 
observados, como sejam: 
 
✓ Orientar o paciente sobre o tratamento; 
✓ Manter o paciente em decúbito elevado (Fowler entre 30 a 45.º); 
✓ Anotar a quantidade exata administrada(em ml) nos horários padronizados; 
✓ Aspirar à sonda com seringa de 50 ml antes de ligar a dieta. Se a saída do 
conteúdo for superior a 150 ml, fazer pausa alimentar de 2 horas e anotar; 
✓ Injetar soro glicosado a 5% pela sonda, quando a dieta não estiver ligada 
(durante a pausa), ou de acordo com a prescrição médica; 
✓ Controlar o gotejamento, para evitar administração em ml/hs superior a 
quantidade prescrita; 
✓ Anotar quantidade de alimentação aceita por via oral; 
✓ Anotar sempre que ocorrer vômito (volume e aspecto). Neste caso, deve-se 
interromper a dieta e manter a sonda aberta; 
59 
 
 
✓ Anotar sempre que houver regurgitação; 
✓ Anotar o número e aspecto das evacuações; 
✓ Anotar o número de vezes de obstrução das sondas, caso isto ocorra; 
✓ Anotar a saída da sonda (quando acidental ou provocada); 
✓ Pesar o paciente pela manhã em jejum. Anotar (maca-balança); 
✓ Anotar a diurese de 24 horas. O balanço deverá ser fechado às 6:00 horas. 
Observar requisição de exames de laboratório; 
✓ Fazer e registrar glicosúria a cada 4 horas; 
✓ Não esquecer a dieta, para não deteriorar; 
 
Em grandes queimados, após reavaliação do estado nutricional, poderá ser 
instituída paralelamente a nutrição parenteral, que exige da enfermagem cuidados 
redobrados. O controle é feito através da ficha de monitorização de cuidados de 
enfermagem, onde deverão constar vários detalhes a respeito do paciente. 
 
Suporte nutricional 
 
É um aspecto muito importante no tratamento do queimado. O aumento do 
gasto energético do queimado excede o de qualquer outro tipo de trauma. 
O suporte nutricional deve ser iniciado de preferência até 4 horas após o trauma 
e deve-se utilizar o trato gastrintestinal sempre que possível, por via oral, sonda 
gástrica ou a combinação de ambas. 
✓ Sempre que necessário deve-se associar a Nutrição Parenteral Prolongada, 
pois as necessidades protéicas calórica são grandes. 
ROMPIMENTO DE FLICTENAS 
 
Argumentos para manutenção das bolhas: 
60 
 
 
O conteúdo das bolhas é semelhante ao plasma e é reabsorvido quando estas 
estão integras, evitando maior espoliação. 
· A ressecção precoce expõe a área que fica sujeita à contaminação e 
proliferação de bactérias. 
 
Argumentos para remoção das bolhas: 
· As bolhas podem romper-se sob o curativo transformando-se em meio de 
cultura com secreção purulenta. 
· As quantidades de líquido que é reabsorvido das bolhas não são tão 
significativas, assim sua drenagem também não vai alterar o cálculo de reposição. 
· Há dificuldade de reabsorção quando o líquido se coagula no interior das 
bolhas. 
 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE 
QUEIMADO (CASOS) 
 
O paciente queimado apresenta troca gasosa prejudicada, podendo estar 
relacionada com dano alveolar e obstrução das vias aéreas. 
 
Cuidados: 
• Manter via aérea permeável 
• Avaliar padrão respiratório e presença de respiração ruidosa 
• Administrar oxigênio umidificado 
• Observar presença de escarro carbonáceo, rouquidão, dispnéia, tosse, pelo 
nasal chamuscado (ocorrem com as lesões por inalação). 
• Observar edema de vias aéreas superiores 
61 
 
 
 
O paciente apresenta déficit de volume circulante, diminuição do débito 
cardíaco e alteração da perfusão periférica. 
 
Cuidados: 
• Manter reposição volêmica adequada 
• Peso diário e balanço hídrico 
• Reposição de volume conforme prescrição médica: a reposição endovenosa 
nas primeiras 24 horas deve ser rigorosa 
• Evitar líquidos via oral nas primeiras 24 horas 
 
A resposta sistêmica às queimaduras envolve: diminuição do retorno venoso, 
troca gasosa prejudicada e diminuição de perfusão tecidual em vários órgãos. 
 
Cuidados: 
· Monitorizar sinais vitais, ritmo cardíaco, nível de consciência, padrão 
respiratório e perfusão periférica. 
· Verificar pulso periférico 
 
As queimaduras circunferências apresentam edema que dificulta a circulação 
local 
Cuidados: 
· Avaliar queimaduras circunferências (membros e tórax) 
· Verificar pulso distal do membro 
 
O paciente pode apresentar choque hipovolêmico 
62 
 
 
 
Cuidados: 
· Estar atento aos sinais de 
insuficiência renal 
· Passagem de sonda vesical de 
demora, com controle rigoroso de 
diurese (mínimo de 30 ml/h). 
· Observar presença de oligúria e 
anúria 
O paciente queimado apresenta 
quadro de hipotermia devido à perda imensurável de líquido pela pele. 
 
Cuidados: 
• Manter paciente aquecido, área corpórea protegida, para evitar perda de 
líquido e de calor. Sugere-se utilização de plástico estéril sobre a área 
queimada para facilitar retenção de líquido e calor. 
Evita-se utilização de compressas úmidas para evitar hipotermia 
 
Outros cuidados: 
• Manter ambiente asséptico 
• Colocar arco de proteção 
• Glicemia capilar se o cliente estiver recebendo NPP 
• Observar sinais de íleo paralítico 
• Estar atento a sinais de: agitação e diminuição do nível de consciência 
(choque hipovolêmico) 
63 
 
 
 Fonte: 7segundos.com.br 
TRATAMENTO DA LESÃO DO PACIENTE QUEIMADO 
 
Queimadura de Primeiro Grau : Analgesia via oral ou intramuscular e 
hidratação local com compressas úmidas. 
Queimadura de Segundo Grau: Além da analgesia e hidratação local também 
é necessária limpeza do local, debridamento de bolhas (bolhas íntegras não 
precisam ser debridadas) e confecção de curativos. O curativo pode ser realizado 
com gazes vaselinadas (para não aderir à lesão) e gazes secas, chumaço de 
algodão e ataduras. Nos membros o curativo deve ser oclusivo e deve-se evitar 
oclusão em orelhas e períneo. A troca do curativo deve ser feita a cada 2 ou 3 dias 
até que se atinja a cicatrização entre 8 e 10 dias. O paciente deve ser mantido em 
repouso e com o membro elevado. 
Queimadura de Terceiro Grau : O paciente deve ser encaminhado a um 
centro especializado no atendimento a queimados. 
 
 
 
 
 
 
64 
 
 
ATENDIMENTO NO CENTRO DE QUEIMADOS 
 
No Centro de Queimados, após a estabilização do paciente e dos cuidados 
iniciais, o seguimento do paciente compreende os seguintes aspectos: 
 
Escarectomia 
 
 
 
 
 
 
De acordo com o período evolutivo da queimadura, a ressecção do tecido 
desvitalizado poderá ser feita em três períodos: escarectomia imediata, precoce 
e tardia. 
Escarectomia imediata: de uso limitado, indicada nas queimaduras de 3.º 
grau pouco extensas, que não sejam de etiologia química ou elétrica. É realizada no 
ato de admissão do paciente, resolvendo imediatamente o problema de tecido 
desvitalizado e todos subseqüentes. Para utilização deste método é necessário que 
a instituição ofereça alguns recursos, como banco de sangue, com disponibilidade de 
diversos grupos sanguíneos e fatores RH; banco de pele, para curativos biológicos; 
65 
 
 
equipe cirúrgica disponível, bem como salas cirúrgicas equipadas. É importante que 
o paciente esteja em boas condições físicas. 
Escarectomia precoce: geralmente executada entre os 10.º e 14.º dia pós-
queimadura, período em que os tecidos desvitalizados começam a ser diferenciado 
dos viáveis por se delimitarem e soltarem. A vantagem sobre o método anterior é 
justamente o conhecimento evidente do tecido necrosado, poupando o viável. A sua 
indicação está restrita às condições de cada paciente, devendo ser observados a 
profundidade e extensão da queimadura, bem como o estado geral do paciente e 
disponibilidade de recursos na clínica, como banco de pele e outros. 
Escarectomia tardia: é indicada para os grandes queimados e casos de 
necrose acentuada. Pode ser feita com anestesia geral ou não durante as trocas de 
curativos, independente da modalidade dos mesmos. A escarectomia é feita através 
da ressecção parcial do tecido necrosado na medida em que se vão soltando. O 
sangramento é inexpressivo e a dor pode ser suportável. A desvantagem do método 
está em favorecer a proliferação dos microrganismos, devido ao longo períodode 
exposição da lesão, aumentando a desvitalização do tecido e possibilitando infecção 
invasiva, como sepse e outras. O método exige hospitalização prolongada, maior 
número de troca de curativos, retardo da enxertia de pele e demora do tratamento, 
favorecendo o aparecimento de seqüelas funcionais e estéticas. 
Os cuidados de enfermagem imediatos no pós-curativo com anestesia geral 
dizem respeito aos controles dos sinais vitais e PVC, se for o caso; aspiração de 
secreções orofaríngea, se necessário; proteção e/ou restrição no leito para evitar 
quedas; infusão das soluções cristalóides e colóides; posicionamento adequado no 
leito, evitando seqüelas; observação constante da área ressecada, controlando 
hemorragias que são freqüentes devido às lesões de vasos no ato cirúrgico. Em geral, 
um enfaixamento compressivo da área sangrante resolve o problema, não sendo 
necessário desfazer o curativo oclusivo para sutura. 
O paciente deve ser hidratado e alimentado por via oral logo que desapareçam 
os sintomas de desconforto da anestesia geral. 
66 
 
 
O alívio das queixas dolorosas deve ser feito com a administração de 
analgésicos. Não deve ser esquecidos o apoio psicológico e a recreação do paciente. 
Fasciotomia: Procedimento realizado na 
emergência por cirurgião experiente, indicado 
quando se suspeita de síndrome de 
compartimento no antebraço ou perna, 
geralmente em lesões decorrentes da passagem 
de corrente de alta voltagem. 
 
Broncoscopia : Indicada quando se 
suspeita de lesão por inalação, geralmente 
resultado de acidentes em que a vítima ficou em 
local fechado, podendo ter sido exposta à fumaça 
ou em pacientes com queimaduras de face. 
 
Desbridamento cirúrgico : Indicado praticamente em todos os casos de 
queimaduras de terceiro grau. 
É considerado o método ideal por resolver 
em um só ato cirúrgico a eliminação da necrose. 
A desvantagem do método está em transformar 
uma área mista, isto é, onde há queimadura de 
2.º e 3.º graus, em queimadura profunda, pela 
ressecção também de ilhotas do derma capazes 
de epitelizar espontaneamente. 
A ressecção do tecido necrosado é feita com tesoura e 
bisturi. O curativo é traumatizante, agressivo, produzindo 
hemorragias que poderão ser sustadas com compressas 
embebidas com soro fisiológico frio, suturas de vasos de maior 
calibre e compressões locais. Normalmente é necessário fazer 
transfusão de sangue na sala cirúrgica ou, posteriormente, no pós-
operatório imediato, já na enfermaria. 
67 
 
 
A troca do próximo curativo obedece às necessidades de cada paciente. Em 
geral acontece em torno de 2 a 3 dias após, podendo repetir-se ou não a anestesia 
geral. 
Enxertia : O sucesso de uma enxertia de pele depende muito da qualidade da 
assistência de enfermagem no pré, trans e pós-operatório. Esta assistência será tanto 
mais eficiente na medida em que os membros da equipe estiverem mais bem 
preparados para prestar assistência qualificada e específica a cada paciente nas 
diversas fases do tratamento. O enfermeiro, como líder da equipe, deve manter 
treinamento constante, formal e informal, qualificando estes profissionais em 
sua área de ação. A enxertia de pele consiste no transplante de um fragmento de 
pele, isto é, separação deste tecido de revestimento do seu local de origem, para 
colocação e reintegração em outra parte do organismo. Pode ser chamado de 
transplante livre de pele. 
A indicação para enxertia de pele obedece a 3 fatores fundamentais: 
profundidade, extensão e localização da queimadura. A profundidade é o fator mais 
decisivo na indicação para enxertia. Como já foi mencionado em capítulos anteriores, 
toda queimadura de 3.º grau necessita de enxertia de pele para a cicatrização. Porém, 
queimaduras profundas, mas pouco extensas, cicatrizam espontaneamente através 
de crescimento celular das bordas da lesão para o centro. Apresentam, como fator 
indesejável, seqüelas de retração que podem interferir no quadro estético e criar 
problemas funcionais, dependendo da localização, como proximidade de 
articulações, pálpebras, dorso das mãos, etc. 
A enxertia de pele também está indicada nas queimaduras de 2.º grau 
profundas, quando localizadas em regiões onde a pele é fina, móvel e elástica, como 
nas áreas acima citadas. A cicatrização espontânea, nessas áreas, pode apresentar 
retração com alteração funcional e estética. 
A enxertia de pele se torna obrigatória em toda queimadura de 3.º grau 
extensa, devido à destruição total do epitélio germinativo, tornando impossível a 
cicatrização. 
 
 
68 
 
 
Classificação dos Enxertos 
Podemos classificar os enxertos de pele em vários grupos, de acordo com 
características como: 
✓ Quanto à origem; 
✓ Quanto à espessura; 
✓ Quanto à forma; 
✓ Quanto ao destino. 
 
 
Quanto à origem : No seu devido tempo, a cobertura da área cruenta poderá 
ser efetuada através de três tipos de enxerto: autógenos, homogêneos e 
heterogêneos. 
 
 
Autógenos ou auto-enxerto: assim chamados quando o enxerto é 
transplantado para o mesmo indivíduo. É o mais usado e o único definitivo, por não 
apresentar problemas de rejeição. 
Uma das dificuldades da aplicação do auto-enxerto nos grandes queimados é 
a escassez de área doadora; mesmo assim, alguns recursos são tentados, como o 
reaproveitamento da área doadora em torno de 12 a 16 dias após a retirada da pele 
(em enxertos finos ou intermediários). Outra forma é o uso do enxerto em malha, que 
permite cobrir uma área três vezes maior do que a área doadora. 
O avanço tecnológico vem favorecendo os cientistas que continuam pesquisas 
nesta área. Os meios de comunicação têm divulgado progressos, com a pesquisa 
sobre a reprodução de pele no laboratório para uso em quinze dias. Após diversos 
processos de tratamento laboratorial, a célula do tecido epitelial está pronta, em 15 
dias, para uso em lâminas de 3x8 cm. A grande vantagem do processo é a 
reprodução ilimitada destas lâminas, resolvendo o problema das grandes áreas 
queimadas em receber enxerto. 
Homogêneos ou homoenxertos: é o enxerto realizado entre seres vivos da 
mesma espécie (homem para homem). 
O homoenxerto é considerado um curativo biológico. O método apresenta 
várias vantagens; entre elas, protege a área cruenta e impede a perda de líquidos, 
69 
 
 
eletrólitos e proteínas. Com isto, a sobrevida do grande queimado pode ser 
aumentada. Previne e combate à infecção de superfície, melhora o quadro febril e 
da dor. A principal vantagem está em estimular a cicatrização das queimaduras 
superficiais, permitindo uma rápida cicatrização e a formação de um tecido de 
granulação ideal que favorece a integração do futuro auto-enxerto nas queimaduras 
de 3.º grau, garantindo o sucesso da enxertia definitiva. 
As fontes para obtenção dos homoenxertos são os cadáveres (difícil obtenção 
por questões jurídicas e familiares), os segmentos de tecidos retirados em cirurgias 
convencionais, como dermolipectomias abdominais, plásticas de mama e doações 
de familiares. O uso da membrana amniótica é tema de trabalhos de pesquisa de 
alguns colegas. Depois de descoberta de que as células de Langerhans presentes 
na pele são responsáveis pelo desencadeamento do processo de rejeição, está 
tornando definitivo o enxerto homogêneo. Após tratamento laboratorial, estas células 
são destruídas, tornando possível o transplante de pele mesmo entre pessoas 
totalmente incompatíveis. O aperfeiçoamento deste trabalho promete para o futuro 
um melhor prognóstico para os grandes queimados. 
Heterogêneos ou Heteroenxertos: quando o enxerto é transplantado para 
um outro ser vivo de espécie diferente. Este tipo de enxerto pode também ser 
chamado de curativo biológico. 
As principais fontes para obtenção dos heteroenxertos são o cão e o porco. 
Trabalhos mostram que antigamente o uso da pele do cão mostrou menos vantagem 
que o uso da pele do porco. A pele de porcopode ser encontrada em três formas: 
fresca, liofilizada e congelada. 
Quando a opção for pele fresca é necessária à observação da mesma durante 
24 a 48 horas para garantia da ausência de contaminação. 
A pele liofilizada é desprovida de algumas das propriedades encontradas na 
pele fresca. Para usá-la, deve-se imergi-la em soro fisiológico durante 15 a 30 
minutos. É usada como curativo biológico. No entanto, não estimula a neoformação 
vascular na área receptora e é eliminada espontaneamente em torno de quatro a 
cinco dias após aplicação. 
70 
 
 
A pele de porco congelada é um lançamento mais recente. Antes do uso, é 
necessário o descongelamento com auxílio de soro fisiológico durante 1 a 2 minutos. 
Como já foi mencionados anteriormente, estes tipos de enxerto funcionam 
apenas como curativo, apresentando algumas vantagens sobre os curativos 
comuns, quais sejam: 
✓ Melhora metabólica do grande queimado pela diminuição da perda de 
líquidos através da evaporação, e de proteínas pela drenagem; 
✓ Diminuição da dor, permitindo a movimentação; 
✓ Favorece o acompanhamento constante da evolução local por não ser 
necessária à oclusão com bandagens; 
✓ Proteção da área lesada contra contaminação e outros. 
Paralelo a este tipo de tratamento local, chamado de pré-enxertia, existem os 
substitutos sintéticos da pele humana, que têm finalidade semelhante à dos enxertos 
homogêneos e heterogêneos. Muito se tem pesquisado a respeito. 
Quanto à espessura : Em relação à espessura, os enxertos podem ser 
classificados em enxertos finos, intermediários e espessos. 
Enxertos finos: são aqueles que contém aproximadamente partes iguais de 
epiderme e derme. Apresentam como vantagem a epitelização precoce da área 
doadora e retorno das características normais da pele, como a coloração, 
elasticidade e outras. Possibilitam também a reutilização da área doadora num 
período mais curto de tempo, sendo, portanto, indicados nos grandes queimados. 
No entanto, a área receptora apresenta problemas referentes à estética e à 
funcionalidade, devido à menor elasticidade, que está relacionada com a espessura 
da lâmina enxertada. 
Enxertos intermediários: assim chamados quando possuem epiderme e um 
terço de espessura de derme. A reintegração na área receptora se dá com facilidade 
e permite boa resistência à área enxertada, após a reintegração. O aspecto estético 
e funcional final é bom. Quanto à área doadora, a nova pele apresenta 
características quase idênticas à anterior. É um dos enxertos mais usados no 
tratamento dos queimados. 
71 
 
 
Enxertos espessos: possuem a epiderme de dois terços da espessura da 
derme. A reintegração é dificultada quando há presença de infecção na receptora. 
A cicatrização da doadora também se torna mais demorada predispondo à infecção. 
Com a ocorrência de infecção, esta área poderá ser transformada em lesão de 3.º 
grau, necessitando também de enxerto para sua epitelização. 
Existe ainda o enxerto total de pele, onde é retirada a pele com todos os seus 
elementos (epiderme e derme), deixando a doadora somente com o tecido 
subcutâneo (método não utilizado no tratamento do queimado). 
 
Quanto à forma : Quanto à forma, os enxertos podem ser classificados em 
puntiforme, estampilhas, laminares e em malhas. 
 
Enxertos puntiformes: de uso raro, devido aos resultados estéticos e 
funcionais indesejáveis, tanto na área receptora como na doadora. Consiste na 
retirada de pequenas áreas puntiformes de pele total e na colocação destas na 
receptora. Demanda tempo e paciência do especialista. Foram os primeiros enxertos 
a serem utilizados no revestimento de área cruenta. 
 
Enxertos em estampilhas ou selos: consiste em pequenos retalhos de pele 
em forma de selos, com espessura média e fina, que são colocados sobre a área 
receptora. Como desvantagem aponta-se a estética, devido à retração interinsular. 
É indicado nas receptoras com presença de secreções. Os enxertos em pequenas 
lâminas facilitam a drenagem e favorecem a reintegração. A outra indicação é em 
casos de deficiência de área doadora em grandes queimados. A utilização destes 
selos, constituindo ilhas de pele, permite o crescimento centrífugo da pele sobre a 
área cruenta, cobrindo maior área em menor tempo. No entanto, o aspecto estético 
deixa a desejar. 
 
Enxertos em lâmina: são tiras de pele medindo, em média, vinte centímetros. 
São colocadas uma justaposta à outra cobrindo áreas extensas, resultando num 
72 
 
 
melhor aspecto estético e funcional, garantindo a cura em menor tempo. É indicado 
para revestimento de face, pescoço etc. Exige maior habilidade técnica do 
especialista para a retirada das lâminas. 
 
Enxerto em malha, reticulares ou Mesh Graft: são usados para revestir 
grandes queimados com déficit de área doadora. Estas lâminas de pele apresentam 
soluções de continuidade semelhantes à rede. Após a invenção do aparelho de 
Tanner e Vaderpret, foram utilizados para transformar lâminas de pele em rede, 
aumentando assim três vezes seu tamanho normal, permitindo o revestimento de 
maior área queimada. As outras vantagens são: melhor adaptação à área receptora; 
favorecer a drenagem de secreções através de suas malhas, ajudando na 
integração do enxerto; diminuir o tempo e o número de cirurgias a que o queimado 
estaria exposto. Como desvantagem cita-se o aspecto estético em locais visíveis e 
funcionais nas articulações. 
 
Quanto ao destino: Os enxertos quanto ao destino podem ser classificados 
em definitivos ou provisórios. Os enxertos autógenos geralmente são definitivos: os 
homogêneos e heterogêneos são provisórios e chamados de curativos biológicos 
por melhorarem as condições da área receptora e favorecem a reintegração do 
enxerto definitivo. 
Instrumentos utilizados na retirada de pele para enxerto 
73 
 
 
 
Faca de Blair-Brown: o primeiro aparelho 
criado por Blair com a finalidade de retirar a pele para 
enxerto. Para a obtenção do enxerto na espessura 
desejada, bastava inclinar mais ou menos o ângulo 
da faca em relação à área doadora. Posteriormente, 
este instrumento sofreu várias modificações visando 
seu aperfeiçoamento. Hoje é possível a graduação 
da espessura do enxerto a ser obtido graduando os 
parafusos reguladores. É um instrumento de fácil 
manejo que permite bons resultados nas mãos do 
especialista. 
 
Dermátomo manual ou Dermátomo de tambor ou Dermátomo de Padgett 
Dermátomo cilíndrico criado por Padgett em 1939. Outros cientistas aperfeiçoaram 
o invento dando maior precisão na graduação do mesmo. É mais versátil que a faca 
de Blair. Em mãos hábeis é capaz de retirar até pele das regiões intercostais e 
regiões curvas. 
Dermátomo elétrico : Existem vários tipos de dermátomo elétrico a partir do 
modelo de Brown, que levou o nome do inventor. 
Este instrumental permite bons resultados mesmo 
nas mãos de especialistas pouco experientes. 
Possibilitam a obtenção de lâminas da extensão da 
espessura do enxerto desejado e diminuem o 
tempo operatório nos queimados. Hoje há modelos 
que permitem a retirada de enxertos até da mucosa, 
como o dermátomo elétrico de Castroviejo. 
Além dos instrumentos de retirada de pele para enxerto, existe o aparelho de 
Tanner- Vanderput, criado pelos autores que lhe deram o nome em 1963. É utilizado 
no preparo da pele para enxertia. A função deste instrumental é expandir a pele, 
transformando-a em uma malha que aumenta três vezes mais o seu tamanho. 
74 
 
 
Conservação da pele para enxerto (banco de pele) 
A pele homogênea, autógena ou heterogênea pode ser retirada e estocada, 
para uso posterior, dentro de um período de tempo determinado pelas condições da 
conservação. 
O prolongamento da vitalidade de uma célula ou tecido pode ser obtido de dois 
modos: 
1. Garantindo-lhes um meio nutriente e proporcionando um modo de diluir e neutralizar 
os produtos tóxicos de seu catabolismo; 
2.reduzindo o seu metabolismo. 
A maneira de alcançar estes objetivos é através do acondicionamento no frio. 
Para tanto, faz-se necessário uma geladeira doméstica graduada na temperatura de 
4.ºC. O frio reduz o metabolismo celular, diminuindo o consumo de oxigênio e 
nutrientes e, conseqüentemente, os resíduos tóxicos catabólicos. 
Existem diversos estudos referentes ao tempo de estocagem da pele para 
enxerto, de acordo com a temperatura adotada. Em geladeiras comuns, a 4o.C, a 
pele abrange até 21 dias. Porém, sua vitalidade é maior até 7 dias após a retirada 
da doadora. 
O acondicionamento da pele para conservação em geladeira obedece à 
técnica adotada em cada serviço. O procedimento consiste em esticar a pele 
mantendo a face epidérmica sobre o morim, levemente vaselinada, cobrindo a face 
dérmica com gaze embebida em soro fisiológico, associado a uma solução de 
penicilina cristalina, dobrando ou envolvendo em seguida a pele delicadamente 
sobre si mesma e guardando-a em recipientes estéreis, que deverão ser rotulados 
com os dados do doador e a data da retirada da pele. A estocagem com antibiótico 
visa à prevenção de infecção. A imersão de toda a pele na solução de soro fisiológico 
não é aconselhável, devido à maceração. 
Outros processos de conservação de pele poderão ser utilizados, como o de 
refrigeração em meio nutriente, que tem por objetivo aumentar o tempo de 
conservação da mesma. A solução salino-balanceada contém percentagem de 
nutrientes semelhante ao do plasma, encarecendo o processo de conservação. 
75 
 
 
O congelamento é uma outra tentativa de conservação de pele por tempo 
indefinido. A desvantagem é a utilização de uma substância de ação protetora contra 
a formação de cristais que lesam as células por ação mecânica e desequilíbrio 
iônico. 
A liofilização da pele é um outro método também complexo para a estocagem 
da pele. A pele sob este tratamento mantém as características físicas, mas não as 
biológicas, servindo apenas como um curativo, sem vitalidade. 
Existem pesquisas em andamento do assunto, que poderão superar os 
tradicionais métodos de conservação da pele. 
 
Assistência de enfermagem ao paciente portador de enxerto de pele 
 
A assistência de enfermagem ao paciente portador de enxerto de pele deve 
ser abrangente e específica a cada paciente. 
Nos tipos de enxertos homogêneos ou autógenos, a conduta adotada pelo 
médico na enxertia varia em cada caso de profissional para profissional, podendo 
ser oclusivos com ou sem suturas, expostos, colocados na sala de cirurgia, ou no 
leito, após posicionamento adequado do paciente. 
Não se deve esquecer o preparo do leito para receber o paciente, observando 
a colocação de campos estéreis, arcos de proteção para lençóis e cobertores e 
coxins para posicionamento e/ou curativos de decúbito, se indicado. 
No pós-enxertia imediato, há diversas variáveis que interferem no 
planejamento da assistência, como o tipo de anestesia adotado (geral, raqui, local), 
personalidade e idade do paciente, assim como patologias preexistentes (epilepsia, 
delirium-tremens, deficiência mental etc). Em geral, nos serviços de tratamento do 
queimado, a sala de operação fica na própria clínica e os pacientes vão direto da 
sala de operação para o quarto ou enfermaria de origem, não passando pela sala 
de recuperação pós-anestésica, necessitando vigilância constante até a total 
recuperação do nível de consciência. 
76 
 
 
A observação, entre outros cuidados, deve estar voltada para a área doadora 
(sangramento), podendo estar exposta ou ocluída, e para a receptora, evitando atrito 
no leito ou com o próprio corpo, caso em que pode deslocar e contaminar o enxerto. 
Os demais cuidados no pós-operatório imediato são semelhantes aos de qualquer 
cirurgia. Não havendo contra-indicação, o paciente deve ser alimentado com dieta 
leve, logo após recupere a consciência, considerando a necessidade de 
superalimentação devido aos inúmeros procedimentos a que será submetido. Os 
pacientes com enxerto de face devem evitar a mastigação para não deslocar o 
enxerto. A alimentação, de preferência, deve ser semilíquida e pastosa, 
administrada por canudinhos e colher. A limpeza bucal e peribucal devem ser feitas 
após cada refeição para prevenção de infecção. 
A assistência no pós-operatório mediato visa o atendimento das necessidades 
básicas. 
O queimado é um paciente totalmente dependente da enfermagem. O 
planejamento da assistência deve estar voltado para o posicionamento no leito, que 
exige técnicas apropriadas, principalmente nos casos de enxerto da face anterior do 
pescoço, axilas e períneo. A mudança de decúbito exige muita criatividade, 
principalmente para os portadores de enxertos extensos. 
Nos enxertos expostos, os cuidados locais já se iniciam no pós-imediato, como 
a secagem do plasma, que drena para a pele íntegra, a perfuração com agulhas ou 
tesouras das vesículas de plasma e sangue sob as lâminas de enxerto e a pressão 
delicada do enxerto contra a receptora, nos locais em que o contato está falho, 
permitindo uma justaposição total do enxerto no leito receptor. Posteriormente, 
se houver formação de secreção purulenta, esta deve ser drenada sempre que 
necessário com o auxílio de pinças, gazes, tesouras e feito limpeza com soro 
fisiológico. Nos curativos oclusivos, em geral, a troca dá-se no 4o dia pós-enxerto. 
Alguns sinais e sintomas observados podem antecipar a troca, entre eles: 
hipertermia, odor fétido, umidade, manchas externas, edemas, garroteamento etc. 
A troca do curativo exige pessoal de enfermagem especializado. Só assim será 
evitada uma série de agressões na incisão, como o deslocamento do enxerto. Na 
troca do curativo simples, a última camada (rayon ou morim) normalmente está 
aderida. Não deverá ser removida. No caso de aderência parcial, a secreção poderá 
ser removida usando-se gazes cirúrgicas secas (em forma de mata-borrão) e 
77 
 
 
embebidas em soro fisiológico para limpeza mais profunda. A conduta é direcionada 
a cada caso. 
A troca de curativos tipo “curativo de Brown”, indicado para posicionar o 
enxerto suturado usado em local móvel, favorece a completa justaposição à 
receptora e exige ainda mais habilidade do profissional de enfermagem. 
As trocas subseqüentes dos curativos de enxerto poderão ser em dias 
alternados, ou de acordo com as condições de cada caso. Os curativos de áreas 
doadoras expostas consistem na secagem de secreção sero-sanguinolenta que 
drena através das malhas do rayon ou morim; estas gazes deverão ser mantidas até 
a epitelização da área, o que, em geral, acontece em torno de 10o.dia. O 
vaselinamento das gazes duas vezes ao dia facilita o deslocamento sem trauma da 
área. Em áreas doadoras oclusivas, a troca do curativo pode se dar na mesma época 
da receptora. Porém, a última camada do curativo nunca deve ser removida antes 
da epitelização total, quando também deverá ser untada com vaselina estéril. 
 
 
 
 
 
 
Enxertia de pele parcial Área Doadora Dermatomo de Blair 
78 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RETIRADA DE PELE ÁREA DOADORA 
ÁREA ENXERTADA GAZE VASELINADA CURATIVO OCLUSIVO 
 
Curativo biológico : No caso de feridas excisadas, quando não se dispõe de 
pele autógena suficiente para a cobertura da ferida, ou em lesões de segundo grau 
profundo, ou lesões que necessitem de cobertura temporária eficiente, pode-se 
utilizar membranas biológicas. 
79 
 
 
Curativos sintéticos: Existe atualmente uma gama enorme de materiais 
sintéticos que podem substituir a pele temporariamente. 
Balneoterapia : Muito usada no passado, a indicação é rara atualmente. 
Lipotimia: ocorre pela hipotensão arterial, provocada pela vasodilatação dos 
vasos sanguíneos em contato com a solução morna e pela perda de líquidos sero-
sangüinolentos da queimadura. 
Hemorragia Capilar: ocorre pela vasodilatação capilar e até de vasos maiscalibrosos, já danificados pela necrose ou por infecção de suas paredes. 
Maceração da área queimada: acontece por excesso de banhos (quando 
executados diariamente). 
A prática da balneoterapia exige instalações apropriadas, equipamentos e 
instrumental específico, bem como equipe de enfermagem treinada para a realização 
de todo processo. 
A sala de balneoterapia deve ser anexa à sala 
de curativos, ou ter espaço suficiente para a confecção 
dos mesmos (dimensões em torno de 14m²). Deve 
obedecer aos princípios de prevenção de infecção 
quanto às paredes, tetos, pisos e janelas, lembrando-
se que deve oferecer resistência adequada ao vapor 
d’água. A banheira deve estar instalada cerca de 70 cm 
acima do piso, para facilitar o transporte do paciente e 
toda a movimentação da enfermagem, evitando 
problemas de coluna vertebral na equipe de 
enfermagem. A banheira deve ser graduada de 20 em 
20 litros até 150 litros d’água, ter torneiras de água 
quente e fria. Fazem parte do material da sala: 
termômetros para medir a temperatura da água, 
balança, para pesar o sal que será adicionado à água e tesoura de Lister para retirar 
curativo sujo. 
O pessoal de enfermagem que executar a técnica deve estar paramentado com 
gorro, máscara, avental e luvas estéreis. O local deve ter hamp revestido com saco 
Figura: 
https://www.alagoas24horas.com.br/6
29057/hge-adota-banho-analgesico-
para-pacientes-queimados/ 
80 
 
 
plástico para coleta do curativo sujo. É necessário secar o paciente com campos 
estéreis após retirá-lo da banheira. A confecção de novo curativo obedece à 
seqüência rotineira, com ou sem pomadas antimicrobianas. 
 
Troca de curativo com banho de chuveiro: Desde que o paciente tenha 
condições para sentar-se ou ficar em pé, está indicado o curativo com indicação de 
banho, não tendo este método às desvantagens da auto-infecção. 
A instalação do ambiente é simples. Faz-se necessário um banheiro espaçoso, 
que facilite a movimentação do paciente e do pessoal da enfermagem e que tenha 
chuveirinho manual, co pressão suave de jato d’água. A porta deve ser ampla e 
suficiente para entrada de cadeiras simples e de cadeiras de rodas próprias para 
banho. Devem fazer parte do material acessório: hamp forrado com saco plástico, 
para coletar curativo sujo; local adequado para colocar tesoura de Lister; sabão 
neutro; campos estéreis, para secar e proteger o paciente após o banho. O membro 
da equipe de enfermagem que executar a técnica deve estar paramentado com luvas, 
gorro, máscara e avental plástico longo sob o avental cirúrgico, para proteger-se 
contra a água do chuveiro. 
Na limpeza da área queimada e regiões circunvizinhas são usadas pinças e 
compressas embebidas em sabão líquido neutro. 
Ao término do banho, a pele sã é seca com campos estéreis e o paciente é 
envolto em outro campo, sendo transportado para a sala de curativos, onde o 
procedimento obedece à rotina de curativo com ou sem pomadas. 
 
Curativos sob anestesia geral : É indicado para os pacientes com 
sensibilidade acentuada à dor, para crianças, visando à prevenção de traumas 
psíquicos, e ainda, pacientes com grandes áreas queimadas ou com abundante 
tecido necrosado que não tenham contra-indicações de anestesia geral. 
A enfermagem faz o preparo físico e psicológico do paciente com 
antecedência. Este preparo consiste em orientar o paciente sobre o procedimento, 
visando sua participação ativa. No aspecto físico, são feitos higiene corporal, 
tricotomias, coleta de sangue para exames (prova cruzada, hematócrito, tempo de 
81 
 
 
sangramento e coagulação), peso, sinais vitais e jejum de 6 horas para crianças e 8 
horas para adultos. O período de jejum deve ser o menor possível evitando a 
espoliação do paciente que, já comprometido com a queimadura, ainda poderá passar 
por várias anestesias e conseqüentes jejuns até a cura. 
O curativo é realizado em sala cirúrgica, podendo ter várias finalidades que vão 
desde a simples troca das gazes com limpeza superficial da área queimada, quando 
na ausência de necrose, até a ressecção de necroses extensas e profundas, 
objetivando apressar o momento da enxertia da pele. Evita-se, assim, a espoliação 
protéico-calórica e hidroeletrolítica, bem como o declínio imunológico e a invasão de 
microrganismos. 
 
A remoção destas necroses ou escaras são chamadas cirurgicamente de 
escarectomia. Existem três métodos usados para remoção destas crostas: 
método químico; método enzimático e método cirúrgico. 
 
Infecção no grande queimado 
 
A infecção é um grande e difícil problema que a equipe de saúde enfrenta em 
relação ao paciente grande queimado. 
Com o avanço e progresso da tecnologia a mortalidade vem diminuindo dia a 
dia, graças ao aperfeiçoamento dos métodos de tratamento, técnicas assépticas e 
melhor preparo das equipes que tratam desses pacientes. 
Apesar de todo avanço tecnológico ainda é grande o número de complicações 
infecciosas, como broncopneumonia, infecção urinária, infecção por cicatrização 
venosa, supurações de queimaduras e septicemias. 
Todos os pacientes que sofrem queimaduras, com comprometimento de mais 
de 20% da superfície corporal, colonizam um ou mais microrganismos. Quando o 
número de microrganismos na lesão apresenta-se igual ou superior a 10 5 por grama 
de tecido, o que é superior à capacidade de defesa antiinfecciosa local, a colonização 
se transforma em infecção. 
82 
 
 
Apesar de todos os esforços empregados na assepsia, antissepsia e 
antibioticoterapia, 35% dos pacientes adquirem infecção na primeira semana, 20% na 
segunda semana e 7% dos pacientes na terceira e quarta semana, sendo que as 
infecções das lesões dependem da extensão e profundidade das queimaduras. 
 
Alterações locais : A injúria térmica de que o paciente queimado é acometido 
elimina as barreiras que impedem a invasão de microrganismos nos tecidos epiteliais, 
reduzindo a circulação devido à necrose da derme e epiderme, causando destruição 
e trombose da vascularização, favorecendo a multiplicação dos agentes que 
colonizam a lesão. 
Alterações da resposta antiinfecciosa : O estresse causado pela 
queimadura, além das alterações metabólicas, leva o grande queimado a sofrer 
depressão de seus mecanismos de defesas antiinfecciosas. Esta depressão se deve 
fundamentalmente à queda das concentrações séricas das imunoglobulinas, 
principalmente das Ig G. Considera-se esta queda de concentração um indício de 
mau prognóstico. 
Etiologia 
Os patógenos infectantes e colonizadores das queimaduras são, na maioria, 
os que habitam a pele, trato respiratório alto e intestino do paciente. 
Trabalhos realizados na Clínica de Queimados e Cirurgia Reparadora do 
Hospital Municipal, (PMSP), coincidentes com achados de literatura, responsabilizam 
os Staphylococcus e Pseudomonas como os principais causadores de infecções. Por 
sua vez as Enterobacteriaceae (Klebsiella, Escherichia Coli, Providencia e 
Alcaligenes) têm sido representatividade entre os organismos infectantes. 
Os Streptococcus respondem por um número não desprezível de infecções, 
sendo mais comuns às provocadas pelo tipo D (Streptococcus faecalis, Streptococcus 
facium e Streptococcus durans, o que não coincide com os nossos achados. A maioria 
das infecções é de origem endógena. 
Trabalhos mostram que as infecções por fungos vêm aumentando, 
destacando-se as causadas por Cândida Albicans. É provável que as infecções 
fungicidas venham crescendo como conseqüência da aplicação de antimicrobianos 
83 
 
 
inativos para fungos, da cateterização prolongada para monitorização da pressão 
venosa central e nutrição parenteral ou, ainda, do diabetes complicado com acidose. 
Profilaxia : A profilaxia das infecções nas queimaduras deve iniciar-se a partir 
do primeiro atendimento com uso de técnica asséptica e cuidados locais, que 
compreendem: debridamento; excisão de tecidos desvitalizados; curativose enxertia. 
A correção dos distúrbios respiratórios e circulatórios, que deve ser cuidado prioritário 
no atendimento ao queimado, juntamente com a imunização e suporte nutricional, são 
fundamentais na prevenção da infecção. 
É importante conhecer a epidemiologia das infecções no grande queimado 
para evitar que medidas inadequadas sejam tomadas, aumentando o problema e 
onerando o serviço. Esforços devem ser empregados no sentido de reduzir a 
contaminação microbiana que, pode se efetuar através de: 
 
1. Conhecimento de reservatórios infecciosos e sua transmissão; 
2. Critério no controle e na aplicação tópica de antimicrobianos; 
3. Higiene e antissepsia das mãos; 
4. Rigorosa técnica asséptica no atendimento ao 
paciente; 
5. Seleção e controle da contaminação de 
antissépticos; 
6. Limpeza e desinfecção de artigos críticos, semicríticos e não críticos; 
7. Limpeza e desinfecção do ambiente. 
 
Reservatório antiinfeccioso : Considerando que a queimadura é colonizada 
e infectada normalmente por bactérias que habitam a pele, o trato respiratório 
superior, intestino ou a partir da flora exógena e do meio ambiente, é importante 
conhecer o reservatório destes agentes infecciosos, como também sua transmissão. 
Entre estes reservatórios destacam-se: 
 
84 
 
 
Agente infeccioso 
 
Staphylococcus aureus: é normalmente encontrado na nasofaringe, 
intestino, pele, queimadura, tanque de hidroterapia e artigos hospitalares; 
Pseudomas e Enterobacteriaceae: têm sido encontrados no intestino, 
queimadura, alimentos vegetais crus, água potável, tanques de hidroterapia, 
antissépticos, soluções aquosas e nebulizadores. 
Cândida Albicans e outros fungos: têm sido isolados no intestino e nas 
queimaduras. 
 
Higiene e assepsia das mãos 
 
Evidências mostram que as mãos dos profissionais de saúde e pacientes têm 
sido o veículo responsável pela transmissão de bactérias gram-negativas. 
A higiene das mãos deve ser feita com água e sabão antes e depois de 
qualquer manuseio com o paciente queimado, após os curativos, cateterizações, uso 
de comadres e outro artigos contaminados com secreção. 
Nas áreas críticas e semicríticas é recomendável, além da higiene das mãos, 
a antissepsia com solução detergente antisséptica, requerendo agentes germicidas 
capazes de inibir ou destruir microrganismos, sem provocar irritação ou sensibilização 
depois de repetido uso. Os antissépticos mais adequados são as soluções de IVPI a 
10% (1% de iodo livre) 
85 
 
 
 
Técnica asséptica: O acesso e circulação na unidade de queimados devem 
ser limitados ao máximo. A equipe de saúde e visitantes devem fazer uso de avental 
estéril de mangas compridas, gorro e máscara. 
O uso da sapatilha se torna desnecessário, de acordo com o conhecimento da 
epidemiologia das infecções em queimados. 
Antes de qualquer procedimento invasivo (biópsia, cateterizações, punções 
venosas, traqueostomia etc.) se faz necessário o uso de luvas, antecedido de 
degermação e antissepsia da pele ou da mucosa. 
Cada paciente que apresente área queimada extensa deve ter, para seu uso 
exclusivo, instrumentos que entram em contato direto com sua pele (termômetro, 
comadre, papagaio, estetoscópio). Quando isto não for possível, desinfetá-lo antes e 
após cada uso. 
Observação rigorosa da técnica asséptica deve ser feita por ocasião dos 
curativos e de qualquer procedimento de risco. 
 
Limpeza e desinfecção de artigos críticos, semicríticos e não críticos: Os 
artigos hospitalares se classificam de acordo com o risco potencial de transmissão de 
infecção. Eles podem ser críticos, semicríticos e não críticos. 
Os artigos considerados críticos são todos aqueles que entram em contato 
com tecidos subepiteliais, com o sistema vascular e outros órgãos isentos de flora 
86 
 
 
microbiana própria, ou ainda, aqueles que estejam diretamente ligados a eles, 
incluindo-se neste grupo os instrumentos de corte ou de ponta, outros instrumentos 
cirúrgicos (pinças, afastadores, próteses, fios, cateteres venosos, drenos, etc.), 
soluções injetáveis, roupas utilizadas nos atos cirúrgicos, no grande queimado, 
berçário e outros pacientes imunodeprimidos que requerem isolamento protetor. 
Estes artigos devem ser esterilizados de acordo com sua natureza. Os termo-
resistentes devem ser submetidos a processos físicos que utilizam o calor e os 
termossensíveis a processos químicos ou irradiação. 
 
 
Fonte: Blog da Saúde, com informações da Anvisa. 
Artigos semicríticos são aqueles que entram em contato com a mucosa 
íntegra, capaz de impedir a invasão dos tecidos subepiteliais. Destacam-se, entre 
eles, os equipamentos de anestesia, assistência ventilatória, cateteres vesicais, 
nasogástricos, endoscópios, termômetros, medicamentos orais e inaláveis, tanques 
de hidroterapia, pratos, talheres e alimentos. 
Estes artigos devem ser usados isentos de bactérias, fungos e vírus; no caso 
de alimentos, o mais possível livre de germes. Deveriam ser usados isentos de 
qualquer microrganismo. No entanto, nem sempre é possível submetê-los a 
esterilização sem danificá- los, o que torna difícil a adoção desta medida. Eles devem 
87 
 
 
ser desinfetados em solução de glutaroldeído a 2% (durante 30 minutos), ou solução 
de detergente de fenóis sintéticos a 3%. 
Os serviços que possuírem câmaras de óxido de etileno podem esterilizar 
estes artigos após seleção dos mesmos e observação rigorosa de tempo de 
ventilação do material, (5 a 7 dias) a fim de evitar queimaduras pelo gás absorvido 
nas superfícies de plástico ou de borracha. 
A desinfecção das banheiras de hidroterapia deve ser feita através de 
instalação de filtro bacteriológico com capacidade suficiente para filtrar continuamente 
a água e a cloração contínua, e manter um residual de 0,1 a 0,6 mg/1 de cloro livre. 
Quando a filtração não for possível, recomenda-se a iodação, considerando-se que a 
atividade germicida do iodo é menos afetada pela matéria orgânica do que a do cloro. 
Artigos não críticos são todos aqueles que entram em contato apenas com a 
pele íntegra e, ainda, os que não entram em contato direto com o paciente. Destacam-
se as mesas de Raio X, incubadoras sem umidificação, equipamento de hidroterapia 
e banheira (exceto nas unidades de queimados, onde este artigo é considerado 
semicrítico), equipamentos sanitários (pias, vasos, banheiras e ralos), artigos de 
higiene do paciente etc. 
Estes artigos, ao serem usados, devem estar isentos de microrganismos 
capazes de transmitir doenças infecciosas. Devem ser tratados de acordo com cada 
caso, utilizando-se a limpeza co água e sabão até a desinfecção. 
 
LIMPEZA E DESINFECÇÃO DO AMBIENTE 
 
Pouco se conhece a respeito das infecções transmitidas através de superfícies 
contaminadas. 
As normas e rotinas de limpeza e desinfecção devem ser feitas norteadas pelo 
risco de transmissão de infecção que cada superfícies que oferecem maior risco de 
transmissão de infecção destacam-se o mobiliário e equipamentos que entram em 
contato com o paciente. 
88 
 
 
Os pisos, peitoris de janelas, portas e maçanetas acumulam resíduos 
contaminados da atividade humana. Estas partículas são dispersas pela 
movimentação de corrente de ar e agitação do ambiente. Mesmo quando voltam a 
sedimentar, poucas bactérias sobrevivem. Mas perdem a virulência e pouco risco 
oferecem. 
A limpeza e desinfecção deve ser feita com água, sabão e solução 
desinfectante de fenóis sintéticos a 3%, ou hipoclorito de sódio a 1%. A periodicidade 
deve ser regida pelo risco de transmissão de infecção que cada área oferece. 
 
Diagnóstico, tratamento e conduta frente a casos de infecção. 
 
O diagnóstico das infecções em pacientes queimados deve basear-se nos 
achados bacteriológicos (culturas e hemoculturas) e nas manifestações clínicas. 
A capacidade de invasão na corrente circulatória varia de acordo com o agente 
infectante, extensão da queimadurae resistência do indivíduo à infecção. As 
manifestações clínicas variam de acordo com o paciente e o tipo de infecção. 
Nas infecções não invasivas o paciente apresenta picos febris e leucocitose 
com desvio para a esquerda o que variam de intensidade de acordo com cada caso, 
podendo ocorrer ainda leucopenia, hipotermia e quadro de toxemia (com hemocultura 
negativa), nos casos graves, quando o agente causal é Pseudomas aeroginosa. 
Limpeza terminal: desinfecção após desocupação de ambiente. Foto: Fernandes & Fernandes 
89 
 
 
O aspecto da ferida foi estudado, tendo apresentado as seguintes 
características: 
 
Infecção não invasiva 
 
Infecção invasiva sem 
septicemia 
 
Infecção invasiva com 
septicemia 
 
Camadas de 
granulação entre as 
bordas da ferida e 
tecidos circunvizinhos. 
 
Granulação deteriorada, 
tecidos adjacentes pálidos 
edematosos. Superfície seca, 
crostosa, necrótica, nas 
queimaduras extensas. 
 
Dissolução de 
granulação, necrose negra 
pontilhada, superfície plana e 
amarelo- laranja. 
 
Hemocultura 
 
A Hemocultura é indicada em diversas situações clínicas, tais como: 
 
✓ Estado febril súbito, acompanhado ou não de calafrios, mesmo na ausência 
de sinais de infecção; 
✓ Estado febril, associado à lesão cutânea inflamada ou supurada; 
✓ Suspeita de endocardite, mesmo que o paciente não apresente sinais e 
sintomas agudos; 
✓ Infecções urinárias graves, pneumonia, abscessos peritoneais, 
viscerais e pélvicos, septicemias e bacteremias. 
 
De preferência, a hemocultura deve ser colhida antes do início da 
antibioticoterapia. 
No entanto, o fato do paciente estar em uso de antibiótico não anula a sua 
indicação. É contra- indicada sua coleta durante o pico febril, porque este resulta da 
90 
 
 
ação sobre o centro termo- regulador do pirogênio endógeno liberado por estimulação 
da lise microbiana que ocorreu anteriormente, sendo muito pequeno o número de 
microrganismos vivos na circulação. Por esta razão recomenda-se a coleta de três 
hemoculturas (45 ml de sangue semeado a 9 frascos) colhidos com uma a duas horas 
de intervalo, pela impossibilidade de se determinar o momento adequado para coleta. 
 
Cultura de secreção da queimadura: Após a primeira, terceira e quinta 
semana da queimadura, a população microbiana da ferida tende a variar, quando em 
uso de antimicrobianos. Por isso as culturas de amostras da lesão devem ser feitas 
semanalmente para identificar microrganismos presentes e evitar superinfecções. É 
necessário que sejam observados alguns critérios na coleta da amostra, o que vai 
determinar a eficácia dos resultados. 
 
Técnica: Remover a secreção superficial com gaze estéril e rolar sobre a 
superfície da lesão um swab umedecido em soro fisiológico estéril, durante quatro ou 
cinco vezes, e colocá-lo em um tubo com 10 ml de soro fisiológico, caldo glicosado 
ou tioglucolato. Identificar a amostra com os seguintes dados: nome, registro 
hospitalar, quarto, leito, número de dias após a queimadura, local de onde foi colhida 
a amostra, se está em uso de antimicrobiano local e data do início da aplicação. 
Tratamento: A antibioticoterapia deve ser precedida de antibiograma, 
observando-se bem a flora bacteriana local e o grau de toxidade do antibiótico. 
Quando da vigência de septicemia sem conhecimento do agente causal, deve basear-
se na freqüência das bactérias infectantes no grande queimado, no caso, Pseudomas 
aeruginosas e Staphilococcus aureus. 
 
Septicemia : A septicemia tem se mostrado uma das mais temíveis 
complicações para o grande queimado. Representa, se não a principal, uma das 
destacáveis causas de morte entre esses pacientes, quando não diagnosticada 
precocemente e tratada adequadamente. 
 
Patogenia da septicemia : Os parasitas penetram no corpo do queimado 
através da pele, principalmente. Uma vez estabelecidos no hospedeiro, os 
microrganismos podem multiplicar-se, ocasionando uma infecção local ou primária. 
Em seguida, vem a disseminação sistêmica. Os microrganismos existentes no sangue 
91 
 
 
circulante, através da invasão direta de vasos (fato relativamente raro) ou pelo método 
comum de serem transportados pela linfa, alcançam o canal torácico e penetram no 
sistema nervoso. Na corrente sanguínea, propagam-se por outros órgãos e tecidos, 
podendo produzir lesões distantes ou secundárias, levando ao que se chama de 
septicemia, acompanhada de um intenso quadro toxêmico. Nas infecções produzidas 
pelo tétano, as lesões distantes são produzidas por toxinas elaboradas na lesão 
primária, sem disseminação sistêmica dos parasitas. 
 
 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO E 
CONTROLE DA ÚLCERA DE ESTRESSE NO PACIENTE 
QUEIMADO 
 
Úlcera de Curling ou de Estresse foi o nome dado às úlceras encontradas em 
relação a grandes traumas, como as queimaduras. São aquelas surgidas durante um 
período de grande ansiedade. Recebeu o nome de Úlcera de Curling por ter sido ele 
quem apresentou o primeiro relato científico associando o estresse com a úlcera 
gastroduodenal (erosiva ou ulcerativa). 
O aparecimento da Úlcera de Curling em paciente queimado tem se mostrado 
relacionado com a extensão da queimadura, surgindo em pacientes com área 
corporal queimada a partir de 20%. 
A incidência e gravidade da septicemia variam de acordo com 
a superfície da área queimada, estado nutricional do paciente e do 
tipo de organismo infectante. 
 
LEMBRE-SE 
92 
 
 
Na maioria dos casos, as manifestações têm surgido a partir do 3.º dia pós- 
queimadura. Estudos retrospectivos realizados em 54 pacientes queimados 
avaliados por gastroduodenoscopia precoce e seriada por fibras ópticas, relataram 
achados de lesões gástricas agudas em 83% dos pacientes, 5 horas após a 
queimadura. 
Não tem havido grande diferença na incidência em relação à idade e sexo. 
Etiologia 
Entre as complicações do aparelho digestivo, as hemorragias e perfurações de 
lesões ulcerativas têm sido as mais temidas por todos que tratam de pacientes 
queimados. 
Apesar de muito estudada e discutida, a etiologia da Úlcera de Curling ainda 
permanece desconhecida. Entretanto, alguns fatores têm sido estudados e 
considerados de importância. Entre eles: 
1. Alterações da substância da mucosa gástrica: A mucosa gástrica é 
protegida pelo muco que impede a ação direta do ácido clorídrico da ação das 
enzimas e toxinas bacterianas. É renovado constantemente pelo controle 
neurovegetativo e aumenta sob estimulação mecânica. 
2. Alterações da vascularização da mucosa do tubo digestivo 
Após a queimadura, dois mecanismos conduziriam a alterações da 
vascularização da mucosa do tubo digestivo: 
93 
 
 
a) A estimulação ortossimpática, por ação nervosa direta e humoral, 
conduz a vasoconstrição e ao aumento da atividade dos shunts arteriovenosos na 
mucosa de todo tubo digestivo, variando de acordo com a intensidade e gravidade 
da queimadura. Como conseqüência da diminuição do fluxo arterial para a mucosa, 
há uma diminuição da capacidade de vitalização celular e produção de sucos 
digestivos e mucos, agravados pelo desequilíbrio energético; 
b) O segundo mecanismo ocorre porque, paralelamente, o sistema 
nervoso, através do córtex cerebral, atua sobre o hipotálamo que, agindo sobre os 
núcleos vagais, desencadeia uma resposta parassimpatomimética. O hipotálamo 
provoca estimulação hipofisária, determinando aumento do ACTH, hormônio 
antidiurético e, indiretamente, de corticosteróides. Surgem, como conseqüência 
áreas de congestão da mucosa gastrintestinal que se alteram com áreas de 
isquemia, conseqüente a ação ortossimpática. 
 
3. Aumento da difusão retrógrada de íons no estômago pela presença de 
ácido clorídrico: 
O excesso de íons da mucosa gastroduodenal provoca liberação de 
substâncias vaso-ativas, com histamina e serotina, além da heparina, que causam 
edema e aumento da permeabilidade capilar que, através de estímulos,libera 
pepsina das glândulas gástricas. Estes fatores são responsáveis pelo aparecimento 
de lesões gástricas ulceradas. 
Manifestações clínicas 
 
As manifestações clínicas têm se expressado normalmente pela hemorragia, 
leve ou maciça, com hematemese e melena. Não raramente, observam-se 
pequenas perdas sanguíneas que, se não observadas e tratadas, podem vir a 
comprometer o estado geral do paciente, quando permanecerem por muito tempo. 
Tem sido difícil diagnosticar a Úlcera de Curling, tanto pela ausência de 
manifestações clínicas, que podem variar desde a ausência de sintomas, como pela 
presença de hemorragias graves e síndromes perfurativas. 
 
 
 
94 
 
 
 
Tratamento e condutas frente a casos de úlcera de Curling 
 
O tratamento das ulcerações, agudas ou não, do tubo 
digestivo deve basear-se na profilaxia e controle da 
hemorragia gastrintestinal alta e grave, além da correção 
de outros desvios normais em pacientes queimados, com 
alterações eletrolíticas e da correção hidrogeniona. 
A profilaxia visando neutralizar a ação do suco 
gástrico deve ser feita através da administração de antiácidos. 
Na presença de hemorragia, o tratamento inclui lavagem gástrica com solução 
salina gelada, transfusões sanguíneas e medidas gerais de suporte, que têm surtido 
bons resultados em alguns casos menos graves. A indicação de cirurgia em casos 
de hemorragias maciças ou incontroláveis, que não respondem à transfusão 
sanguínea, é discutível, devido à extrema gravidade do paciente e à dificuldade de 
se estabelecer à sede precisa do sangramento. O elevado índice de mortalidade tem 
feito com que determinados serviços mantenham tratamento clínico conservador, na 
maioria dos casos. 
Os cuidados de enfermagem a pacientes com Úlcera de Estresse são os 
mesmos dispensados a pacientes com extensas queimaduras. 
POSICIONAMENTO NO LEITO E PREVENÇÃO DE 
DEFORMIDADES 
 
O tratamento de pacientes queimados não tem tido o mesmo progresso 
tecnológico que outras especialidades. Poucas são as pessoas que se dedicam à 
pesquisa sobre o assunto, principalmente no que se refere à prevenção de 
deformidades. Na maioria dos casos, as equipes procuram investir todos os recursos 
visando salvar apenas a vida do paciente, não se preocupando o suficiente com a 
prevenção de deformidades e seqüelas que são variadas e abundantes. São elas que 
irão determinar a qualidade de vida destes pacientes. Em muitos casos, o tratamento 
das deformidades se torna mais doloroso e traumatizante do que a própria cura da 
95 
 
 
área queimada. Apesar de contarmos com elevado número de serviços 
especializados em cirurgia plástica, a população não se beneficia destes por serem 
onerosos, passando a utilizar apenas os serviços de tratamento de urgência ao 
queimado que estão ao seu alcance. 
As queimaduras de 2.º grau profundo e de 3.º grau, geralmente são 
acompanhadas de seqüelas que vão desde uma simples hipocromia ou hipercromia 
de pele, até sérias contraturas que interferem diretamente no aspecto estético e 
funcional. As áreas preferidas das contraturas são aquelas que apresentam tecido 
fino e móvel, como face anterior das mãos, pescoço, região facial etc. 
A formação de cicatrizes hipertróficas e contraturas é caracterizada pelo 
importante aumento da vascularização, fibroblastos, miofibroblastos, deposição de 
colágeno, material intersticial e edema. 
 
O número aumentado de miofibroblastos, com suas propriedades contráteis, 
associado ao mau posicionamento, pode exercer suficiente força para causar grave 
distorção das estruturas faciais e contraturas articulares. 
É importante lembrar que duas faces da área queimada, como axila e braço, 
braço e tórax e espaços interdigitais não podem permanecer justapostas, para evitar 
aderência cicatricial, devendo-se portanto, manter o paciente em posicionamento de 
abdução, o que deve ser observado também nos pacientes com queimaduras de 
períneo e membros inferiores. 
A prevenção das deformidades está relacionada com a prática precoce e 
persistente do posicionamento adequado em cada segmento corporal, sendo 
imprescindível à colaboração de toda a equipe e principalmente do paciente. 
Nas queimaduras de 3.º grau do pescoço, com parte anterior e posterior do 
tórax, a posição indicada é a de hiperextensão do pescoço, mediante uso de coxim 
sob os ombros e ausência do travesseiro. É uma posição muito desconfortável, 
questionada por quase todos os pacientes, que insistem em retirar o coxim 
transformando-o em travesseiro. O travesseiro também é contra-indicado nos 
pacientes com queimadura do pavilhão auditivo visando prevenção de condrite. 
96 
 
 
As contraturas axilares devem ser combatidas, embora seja difícil preveni-las. 
Para tanto, a posição adequada é a de abdução dos braços a 90o, e do ombro a 10o, 
para evitar deslocamento anterior. 
As queimaduras do quadril e joelho poderão ser amenizadas com a abdução 
de mais de 20o da linha mediana. A dor leva o paciente a manter os membros em 
posição de conforto, que é a posição de contração. É indicado o uso de talas 
gessadas na região das articulações, mantendo-se os membros em extensão. Em 
alguns casos, a tala é usada só no período noturno, proporcionando ao paciente 
condições de movimentação e exercício de seus membros durante o dia. 
A movimentação das articulações deve ser mantida com o curativo oclusivo e 
durante a troca dos mesmos. Salienta-se, neste aspecto, a vantagem da 
balneoterapia, pelos benefícios físicos e mecânicos exercidos pela água sobre os 
tecidos. 
A prevenção de deformidades dos tornozelos e pés em posição anatômica com 
o uso de apoio plantar, evitando-se o encurtamento do tendão de Aquiles e toda a 
problemática para a correção posterior. Nos portadores de queimaduras no tórax 
posterior que se mantém em decúbito ventral, o posicionamento adequado dos pés 
pode ser facilitado com o encurtamento do colchão nos pés, deixando espaço para 
melhor acomodação do ângulo plantar. 
A mudança do decúbito na prevenção de escaras é imprescindível e às vezes 
complexa, quando se trata de um grande queimado, pelas poucas opções de áreas 
não lesadas. Outros recursos na prevenção destas complicações são os leitos de 
Clinitron, colchões d’água, de ar, de alpiste e outros. 
A utilização de outros materiais, como malhas usadas na fabricação de 
máscaras e curativos compressivos, é de grande valia na prevenção de cicatrizes 
hipertróficas. Este material é fabricado pela indústria nacional e apresenta uma 
desvantagem em relação ao material importado, em virtude de exercer pressão 
apenas em sentido lateral. O material importado exerce pressão em todas as direções 
da área onde é utilizado. 
Resumindo, as deformidades decorrentes de contraturas cicatriciais e 
hipertrofias cicatriciais provenientes de queimadura poderão ser suavizadas, e até 
97 
 
 
prevenidas parcialmente, mediante posicionamento correto de cada segmento 
corporal do queimado, uso de coxins, talas gessadas, malhas compressivas, órteses, 
exercícios ativos e passivos com a participação imprescindível do paciente e 
colaboração de todos os membros da equipe, principalmente da enfermagem. 
 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS COMPLICAÇÕES 
DAS QUEIMADURAS 
 
Insuficiência Renal Aguda (IRA) 
 
A insuficiência renal aguda tem sido uma complicação freqüente nos pacientes 
grandes queimados. Associada às infecções e outras complicações, tem 
representado um número de destaque nas causas de morte desses pacientes. 
Qualquer distúrbio orgânico que cause redução do fluxo sanguíneo renal, como 
hipovolemia, choque, fatores nefrotóxicos e infecção, leva a complicações como 
necrose tubular aguda, glomerulofrenite e necrose cortical, responsáveis pela 
insuficiência renal aguda. 
 
 
 
 
98 
 
 
Manifestações clínicas : As manifestações clínicas nesses pacientes variam 
de acordo com as alterações que ocorrem no metabolismoprotéico mineral e com as 
variações da osmolaridade e concentração hidrogeniônica. 
Algumas manifestações de maior destaque e que devem ser observadas com 
maior atenção: 
 Neuropsíquicas: (em doentes não dialisados), letargia, confusão mental, 
agitação, ansiedade, espasmo muscular e convulsão, que são normalmente 
associadas à intoxicação hídrica. 
 Digestivas: anorexia, náuseas, vômitos, diarréia, prostação e hemorragia, 
decorrentes de ulceração de tubo digestivo, especialmente estômago e intestino. 
 Desconforto respiratório: é um sinal precoce de possível edema pulmonar 
e septicemia, anunciando sobrecarga de líquido, principalmente em pacientes 
idosos e crianças. 
 Cardiovasculares: ICC (Insuficiência Cardíaca Congestiva), devido à 
sobrecarga hidroeletrolítica e mesmo à hipertensão, presentes após a hipervolemia 
e as arritmias secundárias aos distúrbios hidroeletrolíticos. 
 Oligúria: esta manifestação indica necrose tubular aguda (volume urinário 
inferior a 20 ml/h e 400/600 ml nas 24 horas. Esta fase é acompanhada de elevação 
sérica de elementos normalmente excretados pelos rins (uréia, creatinina, ácido 
úrico, ácidos orgânicos, potássio e magnésio). Em alguns pacientes pode haver uma 
diminuição da função renal (necrose tubular), com retenção nitrogenada crescente, 
embora o paciente esteja excretando 2 a 3 litros de urina diariamente. Esta é 
chamada insuficiência renal de alto débito, em forma não oligúrica. Nestes casos, o 
débito urinário deve ser perseguido para que não se induza uma sobrecarga líquida. 
A fase oligúria dura aproximadamente 10 a 20 dias. Com a evolução do estado do 
paciente, o débito urinário aumenta gradualmente, indicando que a função renal 
começou a melhorar. Com isso, há uma diminuição do poder de combinação do 
dióxido de carbono no sangue, instalando-se a acidose metabólica progressiva que 
sempre acompanha a IRA. Nestes casos, deve ser dada importância especial aos 
resultados gasométricos arteriais, além de se observar às funções respiratórias para 
que condutas ventilatórias adequadas sejam tomadas em tempo hábil). 
 Anúria: observada em grandes queimados que receberam hidratação 
inadequada na fase aguda. Indica necrose cortical, vasculite e glomerulonefrite. 
99 
 
 
 Densidade urinária baixa: de 1.010 em relação a 1.030, o que 
normalmente indica hemoconcentração progressiva. Nesta fase, deve ser instalado 
tratamento adequado para impedir o catabolismo excessivo, garantindo a 
sobrevivência do paciente. Esta preocupação deve ser aumentada quando se tratar 
de paciente idoso (acima de 60 anos), crianças menores de 10 anos, e quando 
apresentarem outras patologias. 
 
Condutas e assistência de enfermagem frente a caso de Insuficiência 
Renal Aguda (IRA) 
 Da ação pronta e eficiente da 
equipe depende a profilaxia, 
controle e tratamento da IRA. 
O balanço hidroeletrolítico 
deve ser criteriosamente observado, 
juntamente com a perda ponderal. 
A quantidade e velocidade de 
líquidos infundidos devem ser compatíveis com a pressão venosa central e volume 
urinário, sendo a diurese a medida mais importante quando avaliada isoladamente. 
O fluxo urinário deve ser mantido entre 30 e 60 ml por hora, devendo ser 
motorizado (medido e anotado de hora em hora) 
É importante que o enfermeiro saiba a quantidade de líquido que cada paciente 
se permite, através de avaliação contínua, combinados com o estado clínico do 
paciente e com a prescrição médica. 
A perda ponderal dos pacientes que evoluem sem complicações é estimada 
entre 200 e 500 g por dia, podendo atingir até 1000 g em casos graves. Constitui um 
sinal alerta a manutenção do peso acompanhado de hipertensão, edema, veias 
túrgidas no pescoço, ausculta com estertores úmidos, dispnéia e taquicardia. 
Conseqüentemente, levarão ao edema pulmonar, se medidas coerentes não forem 
tomadas em tempo hábil. 
100 
 
 
As perdas de sódio devem ser observadas e repostas na evidência de grandes 
perdas gastrintestinais (vômitos, diarréia e aspirações). 
A monitorização dos batimentos cardíacos deve receber atenção. Pulso acima 
de 110 bpm sugere esforço cardíaco em compensar a queda do volume sanguíneo. 
A dieta deve ser cuidadosamente observada, limitando-se as proteínas, no 
intuito de diminuir a degradação protéica e impedir o acúmulo de produtos tóxicos 
finais. Devem ser reduzidos os alimentos que contenham potássio e fósforo, como a 
banana, frutas cítricas, suco e café. As necessidades calóricas devem ser satisfeitas 
através de alimentos ricos em carboidratos, uma vez que estes têm o poder de poupar 
proteínas. Na impossibilidade do paciente receber dieta por via digestiva, é indicada 
a alimentação parenteral, com bons resultados, visando evitar a queda do estado 
nutricional. 
A hiperpotassemia é o problema mais grave e urgente da IRA. O catabolismo 
protéico produz liberação do potássio da célula para os líquidos orgânicos, resultando 
em graves intoxicações por potássio. As fontes de potássio são: destruição tecidual, 
ingestão dietética, sangue no trato intestinal, transfusões de sangue e outras fontes 
(penicilina potássica) e o desvio extracelular, em resposta à acidose metabólica. 
Existem várias maneiras de corrigir a hiperpotassemia, sendo a diálise 
peritonial e a hemodiálise as mais eficientes. Entretanto, tratando-se de pacientes 
queimados sua indicação fica limitada, em virtude da presença de queimadura na 
região abdominal e da magnitude do catabolismo tecidual que ocorre em paciente 
com queimaduras extensas. 
 
101 
 
 
Broncopneumonia 
 
A broncopneumonia tem sido uma 
das mais freqüentes complicações do 
paciente grande queimado. Juntamente 
com a insuficiência renal e a septicemia, 
forma a tríade das complicações. 
Várias são as causas que levam o 
paciente grande queimado à infecção 
broncopulmonar. Entre elas, a aspiração 
de conteúdo gástrico e orofaríngeano, que normalmente ocorre durante o período de 
alteração de consciência que pode surgir em alguns casos, após queimadura, a 
diminuição da expansão pulmonar provocada por queimaduras torácicas e a 
incapacidade de mobilização no leito, que facilita a retenção de secreções. 
As infecções da área queimada, juntamente com procedimentos invasivos 
como traqueostomia, intubação endotraqueal, aspirações e aparelhos respiratórios, 
têm sido responsabilizadas também pelo aparecimento das broncopneumonias 
nestes pacientes. 
 
Condutas e assistência de enfermagem frente a caso de 
broncopneumonia 
 
O sucesso do tratamento da broncopneumonia depende fundamentalmente da 
antibioticoterapia consciente e segura após isolamento do organismo infectante, com 
avaliação da sensibilidade aos antimicrobianos, fisioterapia respiratória e tratamento 
da insuficiência respiratória, quando em vigência. 
 
 Antibioticoterapia: A grande variedade de microrganismos e cepas 
resistentes aos antimicrobianos existentes no ambiente hospitalar, variando de 
102 
 
 
hospital para hospital, torna necessário o uso de criterioso de antimicrobianos, com 
base no isolamento dos agentes infectantes e suas resistências. 
Normalmente, no país, a antimicrobioterapia tem sido iniciada sem observação 
deste importante critério devido às dificuldades na realização dos exames 
bacteriológicos, demorando muito a chegar até as mãos do clínico os resultados. 
O tratamento, então, devem basear-se nos dados bacteriológicos, avaliação 
das cepas resistentes e nas manifestações clínicas, epidemiológicas e radiológicas. 
Apesar de não ser a melhor forma, não exclui a necessidade de exame para conhecer 
o agente etiológico. Deve ser utilizada na fase inicial e quando se tratar de casos 
graves. 
 Fisioterapia Respiratória: Algumas complicações, como obstrução das 
vias aéreas superiores e colapso alveolar, podem ser evitadas através de medidas 
intensivas, como mudança de decúbito postural, vibração e percussão manualsobre 
a caixa torácica (tapotagem), exercícios respiratórios, ventilação com pressão 
positiva, aspiração endotraqueal (com rigorosa técnica asséptica) e observação dos 
pacientes que precisam receber suplementação de oxigênio, o que deve ser feito 
através de máscaras com aplicação de oxigênio úmido na concentração de 4 a 8 
litros/minuto, o suficiente para obtenção da concentração de 30 a 40% de oxigênio. 
 
A enfermagem deve estar atenta às causas inerentes à queimadura que 
conduzem o paciente à insuficiência respiratória, quais sejam: 
✓ Inalação de gases tóxicos e fuligem; 
✓ Queimaduras da face e pescoço que podem levar a uma obstrução das vias 
aéreas superiores, por edema; 
✓ Queimaduras extensas de tórax e abdomes alto, diminuindo a expansão 
pulmonar. 
Deve ser observado o desconforto respiratório, que tem sido sinal de alerta 
quando apresentado horas após a queimadura. 
Neste grupo estão incluídos aqueles pacientes que inalaram gases tóxicos e 
fuligem, ou tiveram ação direta do calor sobre as vias aéreas superiores e tórax. Pela 
103 
 
 
rapidez e gravidade com que se desenvolvem as manifestações, a atuação da equipe 
deve ser pronta e eficiente através de: 
1. Observação rigorosa do aparecimento de desconforto respiratório; 
2. Controle de freqüência respiratória; 
3. Encorajamento do paciente para inspirar profundamente e tossir; 
 
4. Observar a expansibilidade torácica e qualquer sinal de diminuição para 
avaliação da necessidade de escarotomia, quando se tratar de queimadura 
circunferencial de tórax; 
5. Observar presença de obstrução de vias aéreas superiores ou necessidade de 
ventilação artificial por medida de entubação; 
6. Observar a presença de broncoespasmo para que medidas adequadas sejam 
tomadas; 
7. Avaliação dos índices gasométricos, endoscópicos e radiológicos, o que varia 
de acordo com cada caso. 
A ventilação artificial deve ser instalada após a avaliação criteriosa de sua 
indicação. A utilização adequada desta medida visa reduzir o trabalho respiratório, 
diminuindo o consumo de oxigênio e a demanda de maior débito cardíaco O 
enfermeiro deve colaborar na escolha do respirador, que sempre deve atender aos 
critérios seguintes: 
✓ Possuir sistema de alarme auditivo e visual para aumento ou diminuição 
bruscas de pressão intrapulmonar; nos aparelhos elétricos, alarme para interrupção 
de corrente elétrica; 
✓ Fornecer opções para variação da fração de oxigênio inspirado (FIO2); 
✓ Oferecer opções para variação de pressão (suspiro); 
✓ Fácil de limpar e esterilizar; 
✓ Silencioso durante o uso. 
 
104 
 
 
Observar presença de ansiedade e se está sendo oferecida ao paciente 
situação de conforto respiratório e segurança após a instalação do ventilador. 
Verificar o funcionamento e regulagem dos respiradores antes de serem 
conectadas às vias respiratórias do paciente. 
 
Observar sinais vitais, circulação capilar, coloração das extremidades. 
 
Após 15 a 20 minutos da instalação do respirador, 
colher gasometria. A FIO2 deve ser reduzida 
progressivamente, visando obter uma PAO2 (pressão 
parcial de oxigênio no sangue arterial) entre 70 a 90 
mmHg. Para maiores dados a respeito de aparelho, o 
leitor deve procurar a referência. 
 
Observar os pacientes que estão com respirador 
por mais de 72 horas; iniciar, se indicado, o desmame, 
intercalando-se períodos de respiração espontânea, com períodos de ventilação 
mecânica a cada hora, e aumentar progressivamente de acordo coma capacidade 
respiratória do paciente, associado à manutenção dos níveis gasométricos aceitáveis. 
Neste período deve- se observar: 
 
✓ Nível de consciência; 
✓ Grau de desconforto; 
✓ Pressão arterial; 
✓ Freqüência cardíaca; 
✓ Freqüência respiratória; 
✓ Gasometria arterial. 
 
105 
 
 
Ao aparecimento de agitação, desconforto, sudorese, hipertensão, arritmia 
cardíaca e alterações do nível de consciência, deve-se religar imediatamente o 
respirador. 
TRATAMENTO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM 
AMBULATORIAL DO PACIENTE QUEIMADO 
 
As pessoas que sofrem injúrias térmicas são tratadas ambulatorialmente, em 
sua maioria. 
O primeiro atendimento normalmente é prestado em pronto-socorro nem 
sempre especializado e, às vezes, até em farmácia, em casos sem gravidade. Após 
o atendimento em pronto socorro, via de regra, os pacientes são encaminhados para 
serviços especializados, onde é indicado o tipo e local de tratamento. 
A triagem para o encaminhamento do tratamento ambulatorial depende do 
agente etiológico, da idade, da superfície corporal queimada e da área que foi 
queimada. Os casos de queimadura por ácidos, na sua maioria, merecem tratamento 
hospitalar. São encaminhados para o tratamento ambulatorial os adultos com menos 
de 15% da SCQ, e crianças com menos de 10% da SCQ (superfície corporal 
queimada), excluindo-se do grupo queimaduras, mesmo pequenas, mas 
consideradas de áreas críticas, como de face, por ser difícil prever o grau de edema 
que ocorrerá comprometendo a área do pescoço e, conseqüentemente, a glote; 
queimaduras extensas de mão; pela necessidade constante de ajuda, onde o 
autocuidado se torna impossível e nem sempre o paciente dispõe de um elemento da 
família para tal auxílio; queimaduras dos pés; devido à necessidade de deambulação 
e do posicionamento elevado dos membros, além do fato de estas lesões 
normalmente serem acompanhadas de edemas e exsudatos excessivos, facilitando 
o aparecimento de infecção se não tratados adequadamente; queimaduras de 
períneo e genitália, por necessitarem de posicionamento adequado (posição 
ginecológica), curativos abertos e higienização constantes (após cada micção e 
evacuação), exigindo atenção de enfermagem experiente para o tratamento. Com um 
bom cuidado normalmente evoluem bem, sem infecções, nem seqüelas 
incapacitantes. 
106 
 
 
 
O ambulatório para pacientes queimados deve estar, de preferência, inserido 
num contexto hospitalar, onde o paciente deve ser acompanhado não só pelo 
cirurgião plástico e equipe de enfermagem, mas também pelo fisioterapeuta e 
assistente social, facilitando o atendimento inclusive dos pacientes egressos do 
hospital. 
Não há necessidade de nenhum equipamento especializado, além do 
normalmente usado no atendimento a pacientes com pequenas áreas queimadas. 
 
 
 
 
“O conhecimento das alterações fisiopatológicas no grande queimado é 
fundamental para realizarmos a ressuscitação volêmica com sucesso, 
prevenindo o choque hipovolêmico, a I.R.A e o agravamento do paciente”. 
 
107 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
AVELAR JM. Reconstrução da orelha pós-queimadura. Rev Bras Queimaduras 
2009;8(2):42-50 
GEMPERLI, Rolf; DIAMANT, Jorge; ALMEIDA, Maria Flora de. O grande 
queimado. In: 
GUYTON, M. D.Arthur. Fisiologia Humana e Mecanismos das Doenças, 5. 
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991 
HENRIQUE DM, Silva LD. O uso seguro de opioides em pacientes queimados: 
fundamentando o cuidado de enfermagem. Rev Bras Queimaduras. 2014;13(1):6-
10. 
KNOBEL, Elias. Condutas no paciente grave. 2. ed., São Paulo: Atheneu, 
1998. cap. 72, p. 937. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Queimados. Portal do Governo Brasileiro, 2017. 
Disponível em: www.saude.gov.br. Acesso em: 10/12/2019. 
NOÇÕES DE GRANDES QUEIMADOS- Ferraz de Vasconcelos –SP – Colégio 
Técnico São Bento 
TORTORA, J. Gerard. Corpo Humano – Fundamentos de anatomia e 
fisiologia. 4. ed. Porto Alegre: Art. Méd, 2000.

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