Resumo do capítulo A Renda da Terra de Ariovaldo Umbelino de Oliveira

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Resumo do capítulo “A RENDA DA TERRA” do livro “MODO CAPITALISTA DE PRODUÇÃO, AGRICULTURA E REFORMA AGRÁRIA” de Ariovaldo Umbelino de Oliveira
OLIVEIRA, A. U. A renda da terra. In: Modo Capitalista de Produção, Agricultura e Reforma Agrária. FFLCH: São Paulo, 2007. P. 43-65
Introdução
“A renda da terra é uma categoria especial na Economia Política, porque ela é um lucro extraordinário, suplementar, permanente, que ocorre tanto no campo como na cidade. O lucro extraordinário é a fração apropriada pelo capitalista acima do lucro médio. Na indústria ele é eventual, devido ao avanço tecnológico, entretanto na agricultura ele é permanente, pois, por exemplo, existem diferenças entre a fertilidade natural dos vários tipos de solo. [...] Assim, a renda da terra é uma fração da mais-valia, ou seja, é, mais precisamente, componente particular e específico da mais-valia” (p.43). Há diferentes tipos de renda da terra divididos em dois grupos de acordo com o modo de produção: pré-capitalista e capitalista. No grupo do modo de produção pré-capitalista estão as rendas da terra em trabalho, em produção e em dinheiro. No grupo do modo de produção capitalista estão as rendas da terra diferencial I, diferencial II, de monopólio e absoluta. Estas formas de renda da terra aparecem onde há propriedade privada da terra. 
Renda da Terra Diferencial I
É resultado da concorrência entre produtores capitalistas, ou seja, só existe após a terra ser colocada para produzir. O preço de produção do pior solo é que regula o preço de mercado. Desta forma, a renda diferencial é a diferença entre o preço individual de produção de cada um dos produtores e o preço geral, determinado pelos piores solos cultivados. Ela depende do capital aplicado na produção específica e é causada por dois fatores: a diferença da fertilidade natural dos solos e a localização das terras. 
A diferença na fertilidade natural 
Neste caso, a renda da terra diferencial I, resulta do monopólio da posse de uma força natural. Assim, aqueles que possuem terras mais férteis podem auferir renda da terra diferencial I permanentemente se seu solo estiver produzindo. Os proprietários das terras mais férteis aumentam suas rendas à medida que solos menos férteis passam a ser cultivados. 
A localização das terras 
No caso da localização das terras, a renda diferencial I aumenta conforme se melhora o sistema de transportes. As terras mais próximas de seus mercados tem custo menor com transporte. Isto porque o preço que regula o mercado é o do “pior” localizado, aquele que está mais distante deste mercado. “Cabe ressaltar que esta é outra lei que rege os transportes na produção capitalista: quanto mais curtas as distâncias a percorrer, mais caro o custo do transporte em termos unitários.” (p. 50). Esta causa pode desaparecer na medida em que o sistema de transportes melhore, não causando, assim, efeitos sobre os preços da produção. Cabe ressaltar que, as duas causas da renda da terra diferencial I podem atuar em sentidos opostos. Por exemplo, o terreno “mais” fértil pode estar “pior” localizado ou o “menos” fértil, “melhor” localizado. Sendo assim, uma causa pode anular a outra ou diminuir a renda diferencial I. 
Renda da Terra Diferencial II 
Este tipo de renda é proveniente do aumento da fertilidade da terra por meio de investimentos de capitais para melhoramento de tal fertilidade. Também resulta da diferença entre o preço de produção no “pior” solo e o preço geral da produção de cada proprietário. Em geral, mesmo com a aplicação de capital em seu melhoramento, pode ocorrer a queda da produção de um solo, o que encarece seus produtos. A contradição desse tipo de renda está no fato de que a baixa produtividade nos “piores” solos aumenta os lucros daqueles que possuem terras “mais” férteis, que investem capitais para aumento da fertilidade. A renda da terra diferencial II pode ocorrer também com a utilização de sementes geneticamente melhoradas ou de seu ajuste às condições ambientais de seu local de cultivo. Portanto esta renda surge com o aumento dos investimentos no processo produtivo. 
Renda da Terra Absoluta
A renda absoluta da terra é aquela que resulta do monopólio. O fato de ser proprietário garante a alguns o direito de receber a renda da terra. Esse tipo de renda é obtido através do aumento do preço dos produtos agrícolas além do preço de produção geral. É resultado da oposição de interesses entre proprietário e sociedade. É importante destacar que a renda absoluta não pode crescer ilimitadamente a produção capitalista seria inviabilizada e o aumento dos preços induz novos produtores a cultivar o mesmo produto e, desta forma, seu preço no mercado diminui. 
Renda da Terra de Monopólio 
“A renda da terra de monopólio é, também, lucro suplementar oriundo do preço do monopólio de uma mercadoria produzida em uma porção da superfície terrestre dotada de qualidades especiais. Este preço de monopólio é, por sua vez, determinado apenas pelo desejo e pela capacidade de pagamentos dos compradores, não dependendo, portanto, do valor dos produtos (quantidade de trabalho necessário para ser produzido) ou mesmo do preço geral da produção.” (p.58). Os produtos que originam este tipo de renda não são produtos alimentares básicos, por isso, não sofrem pressões do mercado. “[...] os produtos são vendidos a preço de monopólio [...]” e é este preço que origina a renda de monopólio. 
Renda da Terra Pré-capitalista
Esta renda é o próprio produto excedente. Não provém da circulação do capital mas diretamente da produção. É chamada renda pré-capitalista, porém pode acontecer no modo de produção capitalista. Ocorre em três formas: renda da terra em trabalho, renda da terra em produto e renda da terra em dinheiro. 
Renda da terra em trabalho
 Neste tipo de renda, o camponês trabalha nas terras de algum proprietário em troca de poder cultivar para si um pedaço das terras. Para isto é necessário que haja relação de dependência de um para com o outro. 
Renda da terra em produto 
Esta renda é proveniente do pagamento, mediante parte da produção, pelo direito de cultivar nas terras de outro, ou seja, ao invés de pagar trabalhando na terra do proprietário, o trabalhador lhe dá parte da sua produção. A quantidade paga, em produto, depende da quantidade de produto obtida pelo camponês em sua lavoura. 
Renda da terra em dinheiro 
A renda da terra em dinheiro nada mais é que a conversão da produção, por meio da venda, em dinheiro e posterior pagamento ao proprietário de um valor fixo previamente determinado. 
O preço da terra 
O desenvolvimento do capitalismo transformou a terra em mercadoria, porém é uma mercadoria especial, que não é produzida a partir do trabalho humano. A ideologia capitalista considera a terra como capital, mas ela não o é justamente porque não é fruto do trabalho do homem ou do capital. A terra não gera lucro, ela gera renda a seu proprietário. Desta forma, o preço da terra é uma renda capitalizada, que se mede através da renda da terra que pode gerar.