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Universidade Tiradentes - Medicina P4 Afecções mamárias TUTORIA ● A maioria das lesões que ocorrem na mama são benignas; ● A incidência das lesões benignas mamárias começa a aumentar durante a segunda década de vida, com picos na quarta e quinta década. Diferentemente, as lesões malignas continuam a aumentar após a menopausa. CARACTERÍSTICAS GERAIS: ● A dor mamária ou mastalgia é uma das queixas mais comuns, acometendo 60% a 70% das mulheres, principalmente em sua idade reprodutiva. ● Ela interfere diretamente na vida emocional, social e profissional da mulher; ● Constantemente, a mastalgia traz angústia e ansiedade, pois é relacionada com câncer de mama. ● Tal correlação é muito pequena (coexistem em menos de 2% dos casos); ● A cancerofobia é um dos principais motivos pelos quais a paciente procura o mastologista. Ela pode piorar o sintoma de dor mamária; QUADRO CLÍNICO: ● Mastalgia cíclica: ○ Apresentam dor frequentemente associada a 1 2 ingurgitamento mamário; ○ Início nos dias que antecedem a menstruação e desaparece após o fluxo menstrual; ○ Em parte dos casos, tem maior duração, podendo se prolongar, excepcionalmente, durante todo o ciclo. ○ É mais comum nos quadrantes superiores laterais (QSL); ○ Tende a ser bilateral e difusa, geralmente em pontada e de manifestação aguda. ● Mastalgia acíclica: ○ Costuma ser mais intensa e geralmente é unilateral, com desconforto usualmente localizado em um ponto da mama, podendo irradiar para axila, braço, ombro e mão. FISIOPATOLOGIA: ● A causa da dor mamária não é totalmente conhecida. ● O componente psicológico da mastalgia deve sempre ser considerado. ● Algumas situações de estresse podem favorecer o aparecimento do sintoma. ● Não se deve considerar a dor mamária como um problema apenas de ordem emocional. ● Pode ser dividida em cíclica, quando relacionada com o ciclo menstrual, ou acíclica, sem interferência com o ciclo. ● Mastalgia cíclica: não tem fisiopatologia totalmente conhecida, porém pode estar relacionada com um desequilíbrio na relação estrogênio (E)/progesterona (P) no final da segunda fase do ciclo menstrual. Esse desequilíbrio atua no sistema dopaminérgico, podendo acarretar secreção aumentada de prolactina, o que aumenta a sensibilidade do tecido mamário. ● Mastalgia acíclica: pode estar relacionada a diversas causas, como hipertrofia mamária, macrocistos, nódulos de grande dimensão, cirurgia mamária prévia, ectasia ductal, mastites, trauma, medicamentos, entre outras. ● A dor extramamária se caracteriza por dor referida devida às afecções em outras estruturas que se relacionam anatomicamente com as mamas, como dor muscular, costocondrite, neurite intercostal, bursite escapular, herpes-zóster, fibromialgia, dor torácica atípica (pulmonar, cardíaca, gástrica) e trauma; CARACTERÍSTICAS GERAIS: ● Os processos inflamatórios da mama, também denominados de mastites, são, por conceito, infecções que se instalam no tecido mamário. ● A incidência de mastites é inversamente proporcional à qualidade do atendimento básico de saúde, uma vez que são dependentes de fatores higiênicos, de saneamento e dietéticos da população; ● São mais comuns na faixa etária entre 18 e 50 anos. ● As mastites são classificadas em: ○ Aguda: a principal representante é a mastite 2 3 puerperal, com evolução clínica com duração inferior a 30 dias e caracteriza-se pela infecção do parênquima mamário no puerpério; ○ Crônicas: são caracterizadas por tempo de evolução maior que 30 dias ou pela recorrência após o tratamento. De evolução lenta, podem ou não ser precedidas por infecção aguda. Mais comum em mulheres jovens (30 a 40 anos). Podem ser classificadas em: ■ Infecciosas ■ Não infecciosas. QUADRO CLÍNICO: ● AGUDA (PUERPERAL OU LACTACIONAL): ○ Edema, eritema e aumento da temperatura da mama. ○ Quando houver área de flutuação, suspeitar sempre de abscesso associado com a mastite. ○ Podem ocorrer, ainda, febre alta, anorexia, náuseas e vômitos. ○ As formas mais comuns de apresentação, ocasionadas pelos estafilococos, geralmente culminam com a formação de abscessos multiloculados e com grande quantidade de pus. ● CRÔNICAS INFECCIOSAS: 1. ABSCESSO SUBAREOLAR CRÔNICO RECIDIVANTE (ASCR): Normalmente são unilaterais. Inicia-se como inflamação de uma área subareolar bem localizada, que evolui para a formação de um pequeno abscesso, que tende a drenar espontaneamente com a formação de uma fístula que cicatriza posteriormente. Repete-se clinicamente várias vezes, com intervalos de meses a anos. No local do abscesso, forma-se uma cavidade que se reabre a cada ativação do processo infeccioso; 2. MASTITE TUBERCULOSA: Manifesta-se por meio de vários abscessos de evolução lenta ou múltiplas fístulas periféricas, com histórico pessoal ou familiar de tratamento para tuberculose. Linfonodos axilares palpáveis podem ser encontrados; 3. MASTITE POR MICOBACTÉRIAS: Evolução extremamente lenta; 4. MASTITE VIRAL: Observam-se lesões na pele da mama com vesículas dolorosas e recorrentes. A duração do processo infeccioso costuma ser autolimitado, com resolução em 7 a 10 dias. O herpes-zóster (varicela-zóster) ocasiona erupções cutâneas com vesículas, muito dolorosas. Costumam ocorrer sintomas sistêmicos de febre, mal-estar e exantema, 24 a 48 horas antes do surgimento das lesões cutâneas; 5. MASTITE LUÉTICA OU SÍFILIS MAMÁRIA: Aresenta-se primeiramente como lesões cutâneas no complexo areolomamilar, causadas pela inoculação do treponema (cancro duro). Na forma secundária, ocorrem lesões cutâneas maculosas que evoluem para pápulas, e na forma terciária há nódulo endurecido que 3 4 amolece, sofrendo ulceração ou fistulização. ● CRÔNICAS NÃO INFECCIOSAS: 1. MASTITE PERIDUCTAL: Mastalgia acíclica unilateral, secreção mamilar (coloração verde-escura ou serosa), retração do mamilo, massa subareolar com ou sem inflamação da mama sobrejacente e até fístula mamilar; 2. MASTITE GRANULOMATOSA IDIOPÁTICA: A variabilidade na apresentação clínica e a duração dos sintomas refletem a heterogeneidade dessa entidade. Acometimento lobular, permitindo diferenciá-la da sarcoidose. O processo é mais difuso, e a quantidade de pus é mínima e sempre presente em múltiplos pequenos lóculos que se comunicam através de pequenos canais; 3. SÍNDROME DE MONDOR: Apresenta-se como cordão fibroso e doloroso no subcutâneo que corresponde ao trajeto venoso comprometido. Pode ser causa de mastalgia acíclica unilateral; 4. SARCOIDOSE MAMÁRIA: Pode apresentar-se como uma massa não dolorosa e móvel, com bordas lisas ou irregulares. Por outro lado, pode apresentar-se como um linfonodo intramamário ou um granuloma. FISIOPATOLOGIA: ● AGUDA (PUERPERAL OU LACTACIONAL): ○ Ocorre no período de amamentação, (mais comum 2-5ª semana do puerpério. ○ Acometa mais as primigestas e após cesarianas eletivas. ○ As fissuras papilares decorrentes da amamentação são as principais portas de entrada dos germes da pele. ○ A estase láctea e a prática de má higiene com o complexo areolopapilar são fatores predisponentes. ○ Geralmente, são mamilos planos ou umbilicados, de pele fina e pouca elasticidade. ○ Germes mais relacionados: ■ Staphylococcus aureus; ■ Staphylococcus epidermidis; ■ Escherichia coli; ■ Pseudomonas aeruginosa; ■ Proteus Mirabillis; ● CRÔNICAS INFECCIOSAS: 1. ABSCESSO SUBAREOLAR RECIDIVANTE (ASCR): Caracterizado por infecção recorrente e crônica da região subareolar, associado fortemente com tabagismo, diabetes e obesidade. Doença comum em mulheres jovens, de patogênese não bem estabelecida e que se desenvolve fora do ciclo grávido-puerperal; 2. MASTITE TUBERCULOSA: Mulheres com história pessoal ou familiar de tratamento para tuberculose. Reativação do bacilo com infecção na mama; 3. MASTITE POR MICOBACTÉRIAS: 4 5 Processos infecciosos nas mamas de evolução extremamente lenta. Ocorrem com maior frequência em pacientes com HIV positivo com CD4 menor que 50/mm3; 4. MASTITE VIRAL: Especificamente por herpes simples ou herpes-zóster. Está geralmente associadacom herpes genital e/ou oral. Ocorre com maior frequência em pacientes com alguma imunodeficiência; 5. MASTITE LUÉTICA OU SÍFILIS MAMÁRIAS: Complicação inflamatória rara observada em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico ou lúpus discoide. ● CRÔNICAS NÃO INFECCIOSAS: 1. MASTITE PERIDUCTAL: Afeta mulheres não lactantes durante sua vida reprodutiva. Pode também ser denominada de mastite plasmocitária. Etiologicamente está relacionada a infecção bacteriana e tabagismo. Ocorre com maior frequência em mulheres multíparas que amamentaram; 2. MASTITE GRANULOMATOSA IDIOPÁTICA: Condição crônica rara na qual se observa processo inflamatório com alterações granulomatosas que ocorrem em torno dos lóbulos e ductos mamários, na ausência de infecção específica, trauma, corpo estranho ou evidência de sarcoidose. Um fenômeno autoimune tem sido sugerido. Não há relação consistente com amamentação, paridade e contraceptivo oral; 3. SÍNDROME DE MONDOR: Caracteriza-se pela tromboflebite das veias superficiais da mama. A doença é autolimitada e de fisiopatologia ainda não totalmente conhecida. Acomete com maior frequência mulheres com mamas volumosas e pendulares e após trauma, inclusive cirúrgico; 4. SARCOIDOSE MAMÁRIA: Caracterizada por granulomas epitelioides não caseosos, sendo a sua etiologia desconhecida. A mama é envolvida em menos de 1% dos casos. Na maioria dos casos, outros órgãos já estão envolvidos, embora o envolvimento da mama possa ser o local inicial da doença. CARACTERÍSTICAS GERAIS: ● É definido como um tumor presente na glândula mamária, palpável ou não ao exame clínico; ● Pode ter conteúdo cístico ou sólido; ● Nas mulheres, os nódulos palpáveis mais comuns são os cistos e os fibroadenomas. ● Outras causas mais raras podem ser observadas, como: tumor filoides, lipomas e hamartomas. QUADRO CLÍNICO: ● FIBROADENOMA: ○ Os fibroadenomas são tumores firmes, elásticos, apresentando bordas regulares e lisas. ○ Apresentam bilateralidade em 10% das vezes e são múltiplos em 10% a 15% dos casos. ○ Podem alterar o tamanho conforme a fase do ciclo menstrual; ○ Geralmente aumentam na gestação e amamentação, e involuem na menopausa. 5 6 ● CISTOS: ○ Apresentam-se como nódulos essencialmente benignos, de bordas lisas e bem definidas. ○ Podem ter pouca mobilidade, ser únicos ou múltiplos e de tamanho e consistência variáveis. ○ Provocam dor quando ○ Crescem repentinamente. Podem ser classificados como simples (conteúdo líquido límpido) e complexos (apresentam vegetações ou debris em seu interior). FISIOPATOLOGIA: ● O parênquima da glândula mamária sofre profundas mudanças durante o desenvolvimento e amadurecimento feminino; ● Inicia-se pela predominância de ductos, lóbulos e do estroma intra e interlobular observados no início da menacme até as alterações fibróticas e formações císticas; ● Após a menopausa, a mama sofre um processo de: ○ Lipossubstituição: em torno de 75% dos casos; ○ Fibro-substituição: 25% restantes; ● A maioria dos nódulos sólidos é decorrente de lesões fibroepiteliais. O mais comum é o fibroadenoma; ● FIBROADENOMA: ○ Fisiopatologia: resposta exagerada na mama aos estímulos hormonais fisiológicos após a menarca. ○ Trata-se de nódulo de crescimento limitado e, em geral, não ultrapassa 2 cm; ○ Tendência à involução após a menopausa. ○ Fibroadenomas complexos: 50% dos fibroadenomas contêm outras lesões proliferativas, como adenose esclerosante, adenose, hiperplasia ductal usual e microcalcificações epiteliais. ○ Algumas variações, como o tumor filoide e o fibroadenoma gigante, apresentam maior celularidade do estroma e normalmente atingem tamanhos maiores. ● CISTOS MAMÁRIOS: ○ São estruturas redondas ou ovoides, preenchidas por líquido; ○ Derivam-se da unidade ducto lobular terminal, acometendo as mulheres entre a quarta década e o início da menopausa; ○ A maioria é subclínica, sendo chamados microcistos; ○ Os cistos complexos correspondem a 5% dessas lesões; ○ O diagnóstico se realiza por meio da ultrassonografia, que identifica a presença de área sólida no seu interior. Nesses casos, é importante o estudo histopatológico. 6 7 CARACTERÍSTICAS GERAIS: ● A lesão benigna mais comum que produz secreção no mamilo é o papiloma, o qual surge nos grandes ductos embaixo do mamilo. ● Crescem dentro de um ducto dilatado e são compostos por múltiplas ramificações com eixos fibrovasculares. QUADRO CLÍNICO: ● Hiperplasia epitelial e metaplasia apócrina estão frequentemente presentes. ● Grandes papilomas ductais estão situados nos seios galactíferos do mamilo e geralmente são únicos. ● Pequenos papilomas ductais são comumente múltiplos e localizados profundamente ao longo do sistema ductal. ● Mais de 80% dos papilomas de grandes ductos produzem descarga papilar. ● Algumas descargas são hemorrágicas se o pedículo passar por uma torção, causando um infarto. ● Descargas serosas resultam de um bloqueio intermitente e liberação das secreções mamárias normais, ou irritação do ducto pelo papiloma. ● Muitos dos papilomas ductais pequenos chamam a atenção clínica como massas palpáveis, ou como densidades ou calcificações vistas nas mamografias. CARACTERÍSTICAS GERAIS: ● O carcinoma da mama é a doença maligna mais comum em mulheres em todo o mundo (excluindo-se o câncer de pele não melanoma) e causa a maioria das mortes por câncer em mulheres. ● A incidência e a mortalidade no mundo estão aumentando em um ritmo alarmante. ● Os principais fatores subjacentes a esta tendência nos países em desenvolvimento são as mudanças sociais que aumentam o risco: ○ Gestações tardias; ○ Menos gestações; ○ Diminuição da amamentação; ○ Falta de acesso a melhores cuidados de saúde. ● O risco de câncer de mama ao longo da vida é de 1 em 8 para as mulheres que vivem até os 90 anos nos Estados Unidos. ● Quase todas as doenças malignas da mama são adenocarcinomas (>95%). ● Os cânceres de mama são divididos com base na expressão de receptores hormonais: ○ Receptor de estrogênio (RE); ○ Receptor de progesterona (RP); ○ Receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2 (HER2) ● Estes três grupos apresentam diferenças marcantes nas 7 8 características do paciente, aspectos patológicos, resposta ao tratamento, padrões metastáticos, tempo de recidiva e desfecho. FATORES DE RISCO: 1. IDADE E GÊNERO: ● O câncer de mama é raro em mulheres com menos de 25 anos; ● Sua incidência aumenta rapidamente após os 30 anos; ● 75% das mulheres com câncer de mama têm mais de 50 anos e somente 5% possuem idade inferior a 40 anos. ● A incidência em homens é apenas 1% daquela observada em mulheres. 2. HISTÓRIA FAMILIAR DE CÂNCER DE MAMA: ● O risco maior é para indivíduos com vários parentes de primeiro grau afetados por câncer de mama de início precoce. ● Acredita-se que várias combinações de baixa penetrância e genes de câncer “vulneráveis” são responsáveis por risco aumentado. ● Cerca de 5% a 10% dos cânceres de mama ocorrem em pessoas que herdam mutações em genes supressores de tumores altamente penetrantes em células de linhagens germinativas. 3. FATORES GEOGRÁFICOS: ● O risco é significativamente maior nas Américas e na Europa do que na Ásia e na África. ● As taxas de incidência e mortalidade são cinco vezes maiores nos Estados Unidos do que no Japão. ● Migrantes de áreas de baixa incidência para áreas de alta incidência tendem a adquirir as taxas de seus novos países. ● Acredita-se que a dieta, os padrões reprodutivos e as práticas de amamentação estejam envolvidos. 4. RAÇA/ETNIA: ● A taxa mais alta de câncer de mama é em mulheres de ascendência europeia, devido a uma maior incidência de cânceres RE-positivos. ● As mulheres hispânicas e afro-americanas tendem a desenvolver câncer em uma idade mais jovem e tumores agressivos. ● Tais disparidades são resultantes de uma combinação de diferenças genéticas, fatores sociais e acesso a cuidados de saúde. 5. HISTÓRIA REPRODUTIVA: ● Idade precoce da menarca; ● Nuliparidade; ● Ausência de aleitamento materno; ● Idadeavançada na primeira gravidez; ● Provavelmente porque cada um destes fatores aumenta a exposição das células epiteliais da mama “em risco” à estimulação estrogênica. 6. RADIAÇÃO IONIZANTE: 8 9 ● A radiação no tórax aumenta o risco de câncer de mama se a exposição ocorrer enquanto a mama ainda estiver em desenvolvimento. ● O câncer de mama se desenvolve em 25% a 30% das mulheres submetidas à irradiação para linfoma de Hodgkin na adolescência e na faixa dos 20 anos. 7. OUTROS FATORES DE RISCO: ● A obesidade pós-menopausa: devido à exposição da mama ao estrogênio produzido pelo tecido adiposo. Risco aumentado para tumores que expressam RE. ● Reposição hormonal pós-menopausa; ● Densidade mamográfica; ● Consumo de álcool; FISIOPATOLOGIA: ● Os três principais subtipos de câncer de mama definidos pela expressão diferencial de receptores hormonais e HER2 surgem através de caminhos mais ou menos distintos, e que envolvem a aquisição progressiva de mutações condutoras nas células epiteliais do sistema ductal/lobular. ● Os fatores que contribuem diretamente para o desenvolvimento do câncer de mama podem ser agrupados em: ○ Genéticos; ○ Hormonais; ○ Ambientais; Genética ● As mutações condutoras em genes de câncer que contribuem para a carcinogênese da mama podem ser herdadas e adquiridas. ● As principais mutações em células da linhagem germinativa: afetam os genes que regulam a estabilidade genômica ou aqueles envolvidos em vias de sinalização que estimulam o crescimento. Os genes BRCA1 e BRCA2 codificam proteínas necessárias para o reparo de certos tipos de danos ao DNA. ● Outros genes mutados associados ao câncer de mama familiar incluem o TP53 e o PTEN ● As vias em que os genes familiares de câncer de mama atuam são muitas vezes afetadas também nos cânceres de mama esporádicos. ● As mutações somáticas nos genes BRCA1 e BRCA2 são raras nos cânceres esporádicos, porém o BRCA1 é inativado por metilação em até 50% dos cânceres triplo-negativos. ● As mutações somáticas no gene TP53 são comuns no câncer de mama. ● As mutações que ativam a via de sinalização PI3KAKT são frequentemente encontradas em cânceres de mama esporádicos RE-positivos e HER2-positivos. ● Uma mutação condutora comum é a amplificação do gene HER2. O HER2 é um receptor de tirosina cinase que 9 10 promove a proliferação celular e se opõe à apoptose. Influências Hormonais ● Os estrogênios estimulam a produção de fatores de crescimento, os quais podem promover o desenvolvimento de tumores através de mecanismos parácrinos e autócrinos. ○ Fator transformador de crescimento-α; ○ Fator de crescimento derivado de plaquetas; ○ Fator de crescimento de fibroblastos; ○ Entre outros; ● O RE regula dezenas de outros genes de modo estrogênio dependente, alguns dos quais são importantes para o desenvolvimento ou crescimento tumoral. ● As influências hormonais provavelmente induzem a proliferação celular durante o desenvolvimento de cânceres, a partir de lesões precursoras que tipicamente expressam fortemente RE, para carcinomas completamente malignos e até mesmo metastáticos. ● A importância do estrogênio é demonstrada pelos benefícios terapêuticos dos antagonistas do estrogênio, os quais reduzem o desenvolvimento de cânceres RE-positivos. Fatores Ambientais ● Acredita-se que as influências ambientais sejam responsáveis pela incidência variável de câncer de mama em grupos geneticamente homogêneos e pelas diferenças geográficas. TIPOS: ● Os cânceres de mama são classificados morfologicamente conforme sua penetração ou não na camada basal. ● Carcinomas in situ: Aqueles que permanecem dentro desse limite; ○ Carcinoma ductal in situ. ○ Carcinoma lobular in situ. ● Carcinomas invasivos: aqueles que se espalharam para além da camada basal. ○ Carcinoma ductal invasivo (inclui todos os carcinomas que não são de tipo especial) — 70% a 80%. ○ Carcinoma lobular invasivo — 10% a 15%. ○ Carcinoma com características medulares — 5%. ○ Carcinoma mucinoso (carcinoma colóide) —5%. ○ Carcinoma tubular —5%. ○ Outros tipos. QUADRO CLÍNICO: ● A localização mais comum dos tumores de mama é no quadrante superior externo (50%), seguido pela porção central (20%). ● Cerca de 4% das mulheres com câncer de mama possuem tumores primários bilaterais ou lesões sequenciais na mesma mama. ● Em populações não rastreadas, a maioria dos cânceres de mama é detectada pela paciente afetada como uma massa palpável. Tais carcinomas são quase todos invasivos e tipicamente possuem pelo menos 2 a 3 cm de tamanho. Ao menos metade já terá se espalhado para os linfonodos regionais. ● Em populações rastreadas com idades mais avançadas, cerca 10 11 de 60% dos cânceres de mama são descobertos antes que os sintomas estejam presentes. Cerca de 20% são carcinomas in situ e possuem um tamanho de 1 a 2 cm e apenas 15% já apresentarão metástase para linfonodos. ● Os cânceres palpáveis na faixa etária mais avançada são frequentemente cânceres de “intervalo” — cânceres que aparecem de repente entre os intervalos do rastreamento periódico (são altamente proliferativos). ● Os fatores que influenciam o prognóstico incluem: TIPO BIOLÓGICO: O tipo biológico do câncer é avaliado por uma combinação do aspecto histológico, grau (incluindo a taxa de proliferação), expressão de receptores hormonais e expressão de HER2. PROLIFERAÇÃO: é avaliada pela quantidade de mitoses e está intimamente ligada à capacidade de resposta à quimioterapia citotóxica. EXPRESSÃO DE RECEPTORES DE ESTROGÊNIOS E PROGESTERONA: prediz a resposta à terapia antiestrogênica. O crescimento de cânceres que possuem receptores hormonais pode ser inibido por muitos anos com essa terapia. No entanto, a resistência pode eventualmente se desenvolver. Os cânceres que não respondem à terapia inicial metastizam e geralmente causam a morte da paciente. SUPEREXPRESSÃO DO HER2: é observada em cerca de 20% dos cânceres de mama. O HER2 continua a ser um dos exemplos mais bem caracterizados de uma terapia eficaz direcionada para uma lesão molecular específica do tumor. PERFIL DE EXPRESSÃO DO RNA: é um método mais recente de subclasificação do câncer. O maior valor clínico desses ensaios consiste na sua capacidade de identificar pacientes com câncer de crescimento lento e responsivos ao antiestrogênio, os quais podem ser poupados da toxicidade da quimioterapia. ESTADIAMENTO TUMORAL: importante para todos os tipos biológicos de carcinoma. Baseia-se em características do tumor primário (T), no envolvimento de linfonodos regionais (N) e na presença de metástases à distância (M). Inicialmente, a maioria dos cânceres metastiza para os linfonodos regionais e o envolvimento linfonodal é um fator prognóstico muito forte. A biópsia do linfonodo sentinela tornou-se o procedimento padrão para avaliar o acometimento linfonodal. ● Estádio 0: compreende o CIS, que está associado a taxas de sobrevivência superiores a 95%. ● Estádio I: inclui mulheres com cânceres pequenos e lindonodos livres de carcinoma ou com micrometástases muito pequenas. ● Estádio II: ao apresentarem tamanho maior de tumor ou por possuírem até três linfonodos positivos. ● Estádio III: consiste no grupo de cânceres localmente avançados, definidos por tamanho grande, pelo envolvimento da pele ou parede torácica ou por quatro ou mais linfonodos positivos. ● Estádio IV: é reservado para pacientes com metástases à distância e a sobrevida é muito pequena (cerca de 11%). 11 12 RASTREIO: ● A mamografia de rastreamento – exame de rotina em mulheres sem sinais e sintomas de câncer de mama – é recomendada na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois anos. ● Fora dessa faixa etária e dessa periodicidade, os riscos aumentam e existe maior incerteza sobre benefícios. ● A mamografia permite identificar melhor as lesões mamárias em mulheres após a menopausa. Antes desse período, as mamas são mais densas e a sensibilidade da mamografia é reduzida, o que gera exposição desnecessária à radiação e a necessidade de realização de mais exames. ● O rastreamentocom mamografia, mesmo na faixa etária recomendada, implica em riscos que precisam ser conhecidos pelas mulheres. ● As mulheres devem ser orientadas sobre riscos e benefícios do rastreamento mamográfico. ● Atualmente não se recomenda o autoexame das mamas. Baixa efetividade e possíveis danos associados a essa prática. ● As mulheres devem ter a postura atenta no conhecimento do seu corpo e no reconhecimento de alterações suspeitas para procura de um serviço de saúde o mais cedo possível. ● A mulher deve ser estimulada a conhecer o que é normal em suas mamas e a perceber alterações suspeitas de câncer, por meio da observação e palpação ocasionais de suas mamas, em situações do cotidiano. MAMOGRAFIA: ● A mamografia por sistema écran-filme foi considerada o melhor método de exame por imagem da mama. ● Os cânceres de mama de crescimento lento são identificados por mamografia ao menos 2 anos antes que o tumor alcance um tamanho detectável pela palpação. ● A mamografia é o único método reprodutível de detecção do câncer de mama impalpável, mas seu uso depende da disponibilidade de equipamento de alta tecnologia e de um radiologista especialista em mama. ● Anormalidades mamográficas: ○ Tumor (sólido ou cístico) ○ Microcalcificações (benignas, indeterminadas, suspeitas) ○ Densidade assimétrica ○ Distorção da arquitetura ○ Aparecimento de uma nova área de densidade antes não observada ULTRASSONOGRAFIA: ● É uma técnica sensível e minimamente invasiva, que vem sendo usada sobretudo em mulheres jovens com tecido mamário denso. ● Algumas lesões são detectadas somente por ultrassonografia. ● É a modalidade preferida para distinguir entre tumores sólidos e císticos. ● A ultrassonografia não detecta microcalcificações com fidedignidade e não é tão útil 12 13 em mulheres com predomínio de tecido adiposo nas mamas. ● A acurácia da ultrassonografia na diferenciação entre tumores sólidos e císticos é de 95 a 100%. ● Um tumor dominante deve ser avaliado por biópsia, e um tumor cístico pode ser avaliado por aspiração com agulha, cujo custo é muito menor que o da ultrassonografia. ● Quando se comprova que uma lesão é um cisto simples, não é necessário fazer outros exames. ● As indicações de ultrassonografia da mama são, Caracterização: ○ Anormalidade palpável ○ Achados mamográficos ambíguos ○ Extravasamento de silicone ○ Tumor em mulher com menos de 30 anos, lactante ou gestante ○ Orientação em procedimentos invasivos ○ Exame de imagem complementar em indivíduos de alto risco. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: ● Ajuda a avaliar lesões da mama de natureza indeterminada, detectadas por exame clínico e mamográfico ou em pacientes com implantes. ● Tanto a RM quanto a tomografia por emissão de pósitrons (PET) são usadas para identificar lesões ocultas. ● Costuma ter alta sensibilidade, embora não seja muito específica, levando a biópsias de muitas lesões benignas. ● O uso de gadolínio como contraste discrimina lesões benignas e malignas com graus variáveis de acurácia. ● Em pacientes com implantes, a RM com gadolínio pode ser usada para detecção de câncer de mama, ainda que não haja suspeita de extravasamento de silicone. ● Atualmente, a RM só deve ser considerada após o exame de imagem convencional; TOMOGRAFIA POR EMISSÃO DE PÓSITRONS (PET): ● A fluorodesoxiglicose (FDG) radioativa é um análogo da glicose, metabolizado em tecidos com alta atividade metabólica. ● Não é aprovada para o diagnóstico inicial de câncer de mama nem para o estadiamento da axila, pode ser útil em pacientes com doença avançada. ● Essa técnica é usada para identificar lesões mamárias ocultas com linfonodos axilares positivos. TÉCNICAS DE BIÓPSIA: 1. Punção aspirativa por agulha fina: (PAAF): ● É realizada em lesões palpáveis ou guiada por ultrassonografia, com uma agulha de calibre 20 ou 22. ● Se uma massa parece ser maligna ao exame físico, à mamografia e os resultados da citologia por PAAF podem auxiliar o diagnóstico definitivo. ● Resultados negativos da PAAF não excluem neoplasia maligna e devem ser avaliados por biópsia de um fragmento ou biópsia excisional tradicional das lesões suspeitas. ● É possível usar a PAAF para aspirar líquido de lesões 13 14 císticas, sobretudo das que têm aparência benigna. 2. Biópsia por agulha grossa ou core biopsy: ● A biópsia de fragmento com agulha grossa, guiada por imagem, é um método de diagnóstico fidedigno usado como opção à excisão cirúrgica de lesões da mama impalpáveis suspeitas. ● Como no caso de qualquer biópsia por agulha, a principal desvantagem é o resultado falsonegativo decorrente do posicionamento impróprio da agulha. ● Para reduzir os achados falso-negativos, a biópsia de fragmento deve ser guiada por ultrassonografia. ● Pode ser realizada em nódulos palpáveis e impalpáveis na mama. ● A realização de core biopsy, em vez de PAAF, em uma lesão palpável tem a vantagem de obter material mais fidedigno para diagnóstico. ● Lesões detectadas por RM não detectáveis por mamografia ou ultrassonografia podem ser biopsiadas sob orientação da RM. BIÓPSIA CIRÚRGICA: ● Pode ser realizada caso não seja possível biopsiar a lesão com agulha ou se for mostrada pela PAAF ou core biopsy. ● A excisão deve ser realizada quando os resultados da biópsia com agulha são questionáveis ou divergem dos achados clínicos. BIÓPSIA GUIADA POR AGULHA: ● A biópsia de lesões impalpáveis pode ser um procedimento difícil que requer grande cooperação entre o cirurgião e o radiologista. ● Com a orientação de ultrassonografia, mamografia ou RM, introduz-se uma agulha ou fio especializado no parênquima mamário no local da anormalidade suspeita ou próximo a ela. ● Alguns mamografistas injetam um corante biológico no parênquima mamário para facilitar a localização. ● Feita somente quando a lesão é inacessível à biópsia por agulha ou se houver a possibilidade de estar associada à neoplasia maligna, como a HDA. FLUXO DUCTAL TUMOR FILÓIDE FIBROADENOMA JUVENIL ECTASIA DUCTAL 14
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