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NIVELAMENTO APRENDIZAGEM NA EAD MEDIADA POR TIC O AUTOESTUDO E OS TIPOS DE APRENDIZAGEM E T A P A 1 2 Certamente, você já se deparou com uma sala repleta de alunos. Ao observá-los, possivelmente, emergiu uma certeza: a diversidade no desenvolvimento humano é um fato. Essa diversidade pode ser constatada por meio de simples observações. O ato de observar torna perceptível a singularidade de cada sujeito. Assim, compreendemos que cada um se torna singular por ser constituído por experiências próprias, por ser resultado da própria interação com a história e a cultura que o cerca e por ser capaz de construir novos sentidos a partir das experiências vivenciadas. Mediante essa reflexão, emergem as questões: Qual o perfil do estudante da educação a distância (EAD)? O que é aprendizagem? Quais os estilos de aprendizagem? Como eu aprendo? Vamos buscar respostas para essas perguntas? 1.1 PERFIL DO ESTUDANTE EAD E A PREPARAÇÃO PARA O ESTUDO EM EAD Diante das mudanças promovidas pelas tecnologias ao longo da história e, especialmente, dos impactos que o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) causaram na reconfiguração do processo de ensino-aprendizagem da EAD, os papéis dos atores envolvidos nesse contexto foram revistos e, em certos casos, transformados, como o papel discente (SOUZA; FRANCO; COSTA, 2016). Souza, Franco e Costa (2016) destacam que, no contexto atual, ainda, são presentes as marcas da escolarização vivenciada por décadas, ao mesmo tempo em que as dinâmicas inovadoras, baseadas nas TICs, são introduzidas na educação, a ponto de Gouvêa e Oliveira (2006, p. 107) afirmarem que: A subjetividade, construída, durante séculos, de sistema educativo presencial, na qual o professor se encontrava no papel de controlar o fluxo de informação, as formas de apreensão do conteúdo e os modos de entendimento daquilo que circulava no espaço escolar (ou, mesmo, acreditava-se que possuía tal poder de controle), passa a ser solapada pela distância que coloca o aluno longe do seu olhar, da sua fala e da sua influência direta. Nivelamento sobre Aprendizagem na EAD mediada por TIC Conteudista: Ana Clarisse Alencar Barbosa Revisão: Janicéia Pereira da Silva _INTRODUÇÃO 3 Ao pontuar o novo aprendente, Guimarães (2012) associa o aumento de matrículas na educação superior à elevação do poder aquisitivo de uma grande parcela da população, que passa a sair de uma situação desfavorável para outra, com o apoio da educação. Assim, “[...] há, marcadamente, um novo perfil socioeconômico dos estudantes brasileiros, que aprendem de maneira diferente e desafiam o elitismo, que sempre marcou a educação superior” (GUIMARÃES, 2012, p. 126). Souza, Franco e Costa (2016) relacionam uma série de características que compõe o perfil desse novo aluno, como a matrícula tardia na educação superior; a dedicação parcial ou integral ao trabalho; os estudos no período noturno; a independência financeira ou a participação expressiva na renda familiar; e a existência de esposos(as), filhos(as) e parentes. Os conhecimentos desenvolvidos durante a educação básica são diferenciados daqueles dos universitários tradicionais, uma vez que estes são jovens adultos, adultos ou mais velhos e possuem objetivos claros, por exemplo, melhores salários ou mudar de profissão (SOUZA; FRANCO; COSTA, 2016). Ainda há a descrição dos estudantes da EAD como adultos trabalhadores, geralmente, com idades entre 25 e 50 anos, que buscam uma aprendizagem mais orientada para a prática, possuem experiências de vida e de trabalho, apreciam ter o controle sobre os próprios atos e entendem essa modalidade como uma rica possibilidade de estudos, não oportunizada, a eles, quando mais jovens (SOUZA; FRANCO; COSTA, 2016). Portanto, nessa linha sobre o perfil do estudante de EAD, temos a autodisciplina constante, a capacidade de autoinstrução e os princípios educacionais básicos, mencionados por Cortelazzo (2013) como: a autonomia, a habilidade de se responsabilizar por sua própria aprendizagem, de acordo com o nível de ensino; a ação comunicativa, sendo a ação docente e discente transformada, o estudante passa de passivo para interlocutor; a colaboração, o compartilhamento de saberes e experiências; a acessibilidade, dimensionada para que os materiais sejam pedagogicamente acessíveis aos estilos de aprendizagem; e, por fim, a equidade, superando as desigualdades socioeconômicas, educacionais, de gênero etc. Moore e Kearsley (2011) acrescentam, a esse rol de características, os fatores subjetivos, com destaque para a ansiedade. A inexperiência com a modalidade a distância e o receio de não atender às expectativas pessoais e às do curso podem colaborar para desistências. É preciso citar, também, outros perfis, quando pensamos no estudante usuário de tecnologias, por exemplo, nativos digitais e imigrantes digitais, que são termos utilizados para delinear os principais comportamentos dos adultos (SILVA, 2012 apud SOUZA; FRANCO; COSTA, 2016). 4 1.2 TIPOS DE APRENDIZAGENS Aprender é uma habilidade inerente do ser vivo. Cachorros e gatos, por exemplo, são alguns dos diversos animais capazes de aprender. No entanto, ao nos remetermos à aprendizagem do ser humano, podemos destacar que este evolui, progressivamente, de geração em geração, elaborando formas de interação com o mundo. Acerca da aprendizagem, podemos evidenciar que esta ocupa lugar de destaque no cotidiano das nossas vidas, pois aprendemos a andar, a comer, a falar, a ler, a escrever, e assim por diante. A aprendizagem, segundo Nunes e Silveira (2009), é definida como o processo no qual a pessoa “se apropria de” conhecimentos e habilidades. Desse modo, compreendemos que o processo que envolve a aprendizagem possibilita a elaboração de novos conhecimentos, os quais passam a constituir o sujeito. Mediante o conceito destacado por Leontiev (1978), infere-se que a aprendizagem tem sido estudada desde a antiguidade, tornando-se um conceito histórico e complexo – histórico devido ao fato de a aprendizagem ser investigada e discutida por filósofos e discípulos desde o início dos tempos, e complexo por conta de o processo de aprendizagem se dar pela singularidade, que, por sua vez, está atrelada ao interesse de cada sujeito e às relações estabelecidas por ele com o meio no qual está inserido. A partir desse entendimento, González (2004) evidencia que a aprendizagem ocorre de forma contínua e diversa, pois se faz presente o tempo todo, ao longo da vida e nos mais variados contextos e situações. Quando nos referirmos à aprendizagem na EAD, podemos destacar que “o espaço virtual possibilita formas de aprendizagem diferenciadas das ocorridas no presencial e os estilos de aprendizagem possuem algumas características possíveis de serem identificadas nesse contexto” (BARROS et al., 2010, p. 138). Ainda, as formas de aprendizagem, ou estilos de aprendizagem, fornecem importantes contribuições para o processo de ensino-aprendizagem, pois permitem “estruturar as especificidades voltadas às tecnologias, atendendo às necessidades dos indivíduos envolvidos no processo” (BARROS et al., 2010, p. 137). 5 Figura 1 – Como podemos aprender Fonte: https://blog.forleven.com/wp-content/uploads/2016/12/piramide.png. Acesso em: 18 ago. 2022. Segundo Alonso, Gallego e Honey (2002), os estilos de aprendizagem são traços cognitivos afetivos e fisiológicos, servindo como indicadores relativamente, estáveis da forma de relacionamento dos alunos (percepção, interação e respostas) nos ambientes e recursos de aprendizagem. No entanto, vale destacar que não são métodos ou metodologias, se confundir com as inteligências múltiplas ou com uma teoria psicológica . Segundo Barros et al. (2010), os estilos de aprendizagem, em uma compreensão pedagógica, envolvem os diferentes comportamentos das pessoas diante do processo de aprendizagem. Os autores ainda destacam que existem quatro estilos definidos: O ativo, que valorizadados da experiência, entusiasma-se com tarefas novas e é muito ágil. O reflexivo, que atualiza dados, estuda, reflete e analisa. O teórico, que é lógico, estabelece teorias, princípios, mode- los, busca a estrutura, sintetiza. O pragmático, que aplica a ideia e faz experimentos (BARROS et al., 2010, p. 137). No contexto que envolve os estilos de aprendizagem, Paloff e Pratt (2004, p. 53) ressaltam que “o fundamental é reconhecer as diferenças que existem, que devem ser levadas em consideração na sala de aula on-line, pois adotar a mesma abordagem, para todos os alunos, não funcionará”. Existem algumas técnicas que, segundo Paloff e Pratt (2004), são aptas para contemplar os diferentes estilos de aprendizagem. A respeito dos estilos de aprendizagem, as pessoas recebem informações, das mais variadas formas, e lidar com elas, de maneira eficiente, depende muito da forma como https://blog.forleven.com/wp-content/uploads/2016/12/piramide.png 6 diferentes habilidades podem ser desenvolvidas. Se o professor utiliza uma abordagem que privilegia um determinado estilo de aprendizagem, os alunos que não têm essa mesma habilidade desenvolvida, geralmente, apresentam dificuldades no aprendizado e podem, inclusive, perder o interesse em aprender (FELDER, 1996 apud KALATZIS; BELHOT, 2007). Por outro lado, se o professor direciona a atenção de acordo com o estilo de aprendizagem predominante de cada aluno, é possível levá-lo ao desenvolvimento de outras habilidades, até então, não estimuladas. Nesse sentido, a atenção do professor, não direcionada às preferências dos estilos de aprendizagem dos alunos, propicia o estímulo às habilidades ainda não percebidas, o que contribui para os melhores desempenhos acadêmico e profissional dos aprendizes (KALATZIS; BELHOT, 2007). Estilos de aprendizagem representam preferências e características dominantes em relação a como as pessoas recebem e processam informações, considerando os estilos como habilidades passíveis de serem desenvolvidas (FELDER, 1996 apud KALATZIS; BELHOT, 2007). Na concepção dos autores, um dos principais objetivos da educação deveria ser promover o desenvolvimento de habilidades dos aprendizes. Alguns estudantes tendem a focalizar mais fatos, dados e algoritmos, de maneira mais descritiva, enquanto outros se sentem mais confortáveis com teorias e modelos matemáticos (KALATZIS; BELHOT, 2007). Alguns podem, ainda, responder, prioritariamente, às informações visuais, como figuras, diagramas e esquemas, enquanto outros apresentam facilidade de entendimento a partir de informações verbais – explanações orais ou escritas. Do mesmo modo que a preferência pode ser tida das formas ativa e interativa, apresenta uma abordagem mais introspectiva e individual entre os estilos de aprendizagem (KALATZIS; BELHOT, 2007). Nesse sentido, as dimensões de estilos de aprendizagem, segundo Felder e Silverman (1987), podem ser definidas como: • Sensoriais × intuitivos: os sensoriais são práticos e preferem lidar com situações concretas, gostam de aprender fatos. São detalhistas, memorizam procedimentos e fatos com facilidade. Já os intuitivos são inovadores, preferem descobrir possibilidades e relações. Direcionam mais a atenção para as teorias e os significados. Sentem-se mais confortáveis em lidar com novos conceitos, abstrações e fórmulas matemáticas. São ágeis nos trabalhos (KALATZIS; BELHOT, 2007). • Visuais × verbais: os visuais memorizam mais facilmente, por meio de figuras, diagramas, fluxogramas, filmes e demonstrações. No entanto, os verbais tiram maior proveito das palavras – explanações orais ou escritas (KALATZIS; BELHOT, 2007). 7 • Ativos × refl exivos: os ativos aprendem a partir da experiência, tendem a reter e a compreender informações mais efi cientemente, discutindo, aplicando conceitos e/ou explicando para outras pessoas. Gostam de trabalhar em grupos. Contudo, os refl exivos aprendem internalizando as informações. Eles necessitam de um tempo para pensar nas informações recebidas. Preferem os trabalhos individuais (KALATZIS; BELHOT, 2007). • Sequenciais × globais: os sequenciais tendem a trilhar caminhos mais longos, são organizados, aprendem, mais facilmente, os conteúdos apresentados, de forma linear e progressiva. Entretanto, os globais aprendem em grandes saltos, lidando, de forma aleatória, com os conteúdos, compreendendo-os por “insights”. Depois de terem clara a visão geral, têm difi culdade para explicar o caminho que traçaram para chegar a essa visão (KALATZIS; BELHOT, 2007). Figura 2 – Estilos de aprendizagem Fonte: https://3.bp.blogspot.com/-R_yCI4uIIew/V4Vvv-DAoPI/AAAAAAAACc0/cQpTd8Unj-gCSC- Jsjn2R5DY6OC6Er838ACLcB/s1600/ABAAAfU1EAE-9.jpg. Acesso em: 18 ago. 2022. 8 Os quatro tipos e as respectivas perguntas são classificados como: • Tipo 1 (concreto, reflexivo) – “por quê?”: os aprendizes do tipo 1 reagem, favoravelmente, às explanações e, a partir das informações obtidas, procuram fazer a relação com suas próprias experiências, os interesses e as futuras profissões (KALATZIS; BELHOT, 2007). • Tipo 2 (abstrato, reflexivo) – “o quê?”: os aprendizes do tipo 2 reagem à informação de maneira lógica, organizada; a informação se torna benéfica se eles tiverem tempo para reflexão (KALATZIS; BELHOT, 2007). • Tipo 3 (abstrato, ativo) – “como?”: os aprendizes do tipo 3 reagem, positivamente, às oportunidades para trabalhar em tarefas bem definidas e aprender por “tentativa e erro”, em ambientes que lhes permitam falhar com segurança (KALATZIS; BELHOT, 2007). • Tipo 4 (concreto, ativo) – “e se?”: os aprendizes do tipo 4 gostam de aplicar o conteúdo, apresentado em aula, em situações novas, para solucionar problemas reais (KALATZIS; BELHOT, 2007). As dimensões propostas para os estilos de aprendizagem não são originais nem completas. Outras dimensões desses modelos e de outros modelos também desempenham papéis importantes na determinação de como um estudante percebe e processa a informação (KALATZIS; BELHOT, 2007). Os estilos, ou o conjunto de preferências, determinam as abordagens individuais para aprender, as quais, nem sempre, são compatíveis com as situações de aprendizagem. Esses estilos variam ao longo da vida, de acordo com a situação de aprendizagem, o conteúdo e a experiência do aprendiz (KALATZIS; BELHOT, 2007). Nesse sentido, é fundamental que os aprendizes tenham, ao seu alcance, os elementos necessários para obter melhores resultados de aprendizagem. Esses elementos podem promover melhores condições para atender, inclusive, a exigências das atividades profissionais. Conscientizar os alunos ou mesmo ensiná-los a respeito dos estilos de aprendizagem e auxiliá-los no processo de aprendizagem torna-os conscientes dos próprios processos mentais e contribui para que desenvolvam habilidades (KALATZIS; BELHOT, 2007). O Quadro 1 apresenta algumas técnicas que, segundo Paloff e Pratt (2004), podem ser utilizadas para contemplar os diferentes estilos de aprendizagem. 9 CARACTERÍSTICAS DICAS ALUNOS VISUAIS Uso de cores; senso artístico; habilidades artísticas; dificuldade em ouvir comandos dificuldade em compreender palestras. Interpretação errônea das palavras. Uso de gráficos, filmes, slides, ilustrações, tabelas, resumos etc. Criação de códigos de cores/ símbolos para resumos. Atividades de interpretação de recursos gráficos. Palestras, diagramas e tabelas para organização das anotações. ALUNOS AUDITIVOS Informações auditivas. Dificuldade na compreensão de comandos escritos. Uso de áudio para palestras ou livros. Realização de entrevistas. Participação de discussões ALUNOS TÁCTICOS OU FÍSICOS Aprendizagem por toque/ sentido. Dificuldade em ficar sentados por longos períodos. Participação em atividades físicas. Boa coordenação e habilidade motora. Aprendizados experimentais. Aulas práticas. Uso de simulações. Pausas frequentes nas horas de estudo. Uso do computador. Aulas virtuais.Aprendizado com atividade motora ALUNOS AUTODIDATAS Trabalho e estudo individual. Interesses próprios. Reflexão de si mesmos. Persistentes e determinados. Busca pela originalidade. Forma intrapessoal Estudo individualizado. Uso de livros, de recursos multimídia. Realização de projetos individuais. Ritmo de aprendizado personalizado. Realização de trabalhos de pesquisas com interesse específico. Resolução de problemas ALUNOS LINGUÍSTICOS Gosto pela leitura, escrita. Contação de estórias. Facilidade de memorização de nomes, lugares e datas. Boa fluência verbal e facilidade de expressão. Intrapessoal. Incentivo à leitura e à escrita. Atividades de apresentação de síntese para o grande grupo. Escrita de textos nos mais variados estilos dissertativos. Realização de debates de temas polêmicos ALUNOS LÓGICO MATEMÁTICOS Gosto por experiências. Problemas lógicos ou matemáticos. Facilidade no uso de cálculos, equações, estatísticas. Uso de jogos. Uso de categorias. Criação de classificações. Padrões. Assuntos tratados e comprovados. Desenvolvimento e compreensão de processos complexos. ALUNOS MUSICAIS Canto. Íntimos dos instrumentos. Gosto por músicas, ritmos e melodias. Interação e compreensão de sons. Atividades com ritmo. Uso de sons. Letras de música. Relação com estilos musicais ou épocas. Criação de trabalhos em multimídia. Quadro 1 – Diferentes estilos de aprendizagem e dicas de como trabalhar 10 ALUNOS GREGÁRIOS Fluência pessoal Interesse pelo diálogo. Trabalho em grupos Liderança. Bons ouvintes. Conhecimento na relação pessoal. Organização de eventos. Diplomáticos. Jogos em equipe. Trabalhos de pesquisa em grupo. Pequenas equipes. Debates. Entrevistas. Fonte: Paloff; Pratt (2004, p. 64-65) O estudo desses processos evidencia que cada indivíduo possui um modo de aprender, modos de aprendizagem e de acessar o conhecimento ou o novo conhecimento. Portanto, os estilos de aprendizagem nada mais são que as diferentes maneiras pelas quais o conhecimento é processado – afinal, todos aprendem de um jeito, ou seja, aprendem uma mesma coisa de formas diferentes. Para elucidar o nosso estudo, optamos por apresentar três estilos específicos de aprendizagem: um desenvolvido por Vark, outro pelo professor Kolb e, por fim, outro por Dunn e Dunn. Em sala de aula existe uma variedade de tipos de aprendizagens. Essa diversidade abrange as maneiras como os estudantes preferem per- ceber, reter, processar e organizar o conhecimento. Muito se discorre sobre modelos de aprendizagem [...], estes são a construção prática da teoria que gera o estilo de aprendizagem (SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p. 364). Assim, temos o método Vark, um questionário desenvolvido pelo professor Neil Fleming, em 1992, composto por uma técnica de mapeamento de estilos de aprendizagem. “Esse questionário foi desenvolvido para que haja uma interação sobre a aprendizagem entre professor e aluno, mas também pode ser um catalisador para o desenvolvimento pessoal” (SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p. 372). Para Fleming (2001 apud SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p. 373), o ser humano tem quatro canais de aprendizado, são eles: visual, auditivo, sinestésico e leitura/escrita. • Visual: aprendizagem por meio do uso de recursos visuais, como vídeos, aulas expositivas, mapas, e no que diz respeito ao uso de ferramentas tecnológicas, para que se aprenda, temos slides ilustrados, diagramas, mapas mentais ilustrados, vídeos e flashcards. • Auditivo: aprendizagem por meio da captação de variações sonoras, como palestras, discursões, e no que diz respeito ao uso de ferramentas tecnológicas para que se aprenda, temos o podcasts, posts em áudio, audiobooks e videoaulas. 11 • Leitura/escrita: aprendizagem por meio de artigos, manuais, anotações feitas pelo próprio aluno, e no que diz respeito ao uso de ferramentas tecnológicas, para que se aprenda, temos mapas mentais, resumos, livros, PDFs, apresentação escrita dos conteúdos na tela. • Sinestésico: aprendizagem onde se aprende fazendo, “preferem aprender fazendo as tarefas por si sós” (SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p.373). E no que diz respeito ao uso de ferramentas tecnológicas, para que se aprenda, temos o uso de laboratórios, seja ele presencial ou virtual, encenações, demonstrações e “gostam de utilizar o toque, o movimento e a interação com o seu ambiente” (SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p.373). Figura 3 – Estilos de aprendizagem Fonte: https://www.iniciativaeducacao.org/uploads/subcanais2_conteudos/v2_aprendiza- gem_1780px_1780px-1.jpg. Acesso em: 19 ago. 2022. Outro modelo estrutural da aprendizagem, foi desenvolvido por Kolb, em 1984, um instrumento de medida, intitulado Inventário de Estilos de Aprendizagem. Kolb (1984) propõe um ciclo para descobrir o ritmo de estudo e a forma como administrar o tempo para que a aprendizagem aconteça, proporcionando a autonomia do sujeito. https://www.iniciativaeducacao.org/uploads/subcanais2_conteudos/v2_aprendizagem_1780px_1780px-1.jpg https://www.iniciativaeducacao.org/uploads/subcanais2_conteudos/v2_aprendizagem_1780px_1780px-1.jpg 12 Figura 4 – Ciclo de Kolb Fonte: Schmitt; Domingues (2016, p. 366) Nesse sentido, na experiência concreta, são os sentimentos, os sujeitos desse estilo de aprendizagem; geralmente, são empáticos, tratam as situações como um caso único. “Aprendem melhor por meio de exemplos específicos nos quais se sintam envolvidos. Estes estudantes tendem a se relacionar melhor com outros estudantes, do que com uma autoridade como o professor” (SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p. 365). Na Conceituação Abstrata, indica-se um modo de aprendizagem analítico e conceitual, baseado no raciocínio lógico: “Eles se sentem frustrados e aprendem pouco pelo aprendizado através de descobertas de modo desestruturado, como em exercícios e simulações” (SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p.365). Os sujeitos aprendem quando dirigidos por uma autoridade de modo impessoal. Na Observação Reflexiva, ocorre uma abordagem por tentativas, imparcial e reflexiva: “Aprendem assistindo aulas, o que lhes dá a possibilidade de exercer o seu papel de observador e juiz imparcial, desta maneira, tendem a ser introvertidos” (SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p. 366). Por fim, na Experimentação Ativa, esses sujeitos aprendem quando participam de projetos práticos, debates em grupo, ao organizar tarefas em casa e não gostam de situações de “aprendizado passivo como assistir aulas, e tendem a ser extrovertidos” (SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p. 366). + Ciência e Tecnologia: concreto e abstrato A ciência e a tecnologia ainda fundamentam e sustentam o modelo dominante. A primeira, como um conjunto de hipóteses e conceitos, baseada em teorias e orientada a estudar a natureza de acordo com o método científico, prospectando e buscando a explicação de fenômenos. A tecnologia, de natureza concreta, busca a aplicação de um conhecimento científico para conseguir um resultado prático, o resultado do fenômeno. A divisão teoria/prática é uma noção herdada principalmente do modo moderno de concepção do mundo: a aprendizagem seria estritamente um processo experencial, ou seja, proveniente do contato e das percepções entre o indivíduo e o mundo que o cerca. De uma experimentação ativa e uma experiência concreta, o indivíduo retira insumos para uma observação reflexiva, que pode dar origem a um pensamento, uma conceituação abstrata, conforme figura abaixo: A tensão entre esses dois polos é perniciosa porque nos faz escolher entre fazer ou dizer, comunicar ou participar, pensar ou agir, quando, na verdade, ambos ocorrem simultaneamente, apesar de serem atividades humanas distintas. Essa dicotomia, resquício da modernidade, aparece também na cisão universidade/empresa, como se a academia fosse o lócus do conhecimento puro, abstrato, teórico e as corporações o local onde “as coisas realmente acontecem”, onde se aprendena prática. Figura 1. Modelo de aprendizagem experencial (David Kolb. Experiential Learning: Experience as the Source of Learning and Development, 1984) 2 13 Quadro 2 – Atividades integradas Quadro 3 – Modelo proposto por Dunn e Dunn Fonte: Schmitt; Domingues (2016, p. 367) Fonte: adaptado de Dunn; Dunn; Price (1982 apud SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p. 374-375). Portanto, na prática, o Quadro 2 mostra como seriam as atividades integradas ao processo de aprendizagem do sujeito, segundo Kolb (1984): Experiência concreta Observação reflexiva Conceituação abstrata Experimentação ativa Exemplos de aula Perguntas para reflexão Palestras Exemplos de aula Conjuntos de problemas Tempestade de ideias (brainstorming) Papers Laboratórios Leituras Discussões Analogias Estudos de caso Filmes Juris Leituras de textos Tarefas em casa Simulações Jornais Projetos Projetos Laboratórios Modelos de construção Trabalho de campo Observações Modelos críticos Trabalho de campo O estilo de aprendizagem, proposto por Dunn e Dunn (1978), é composto por “um conjunto de condições por meio das quais os sujeitos começam a concentrar, absorver, processar e reter informações e habilidades novas ou difíceis” (SCHMITT; DOMINGUES, 2016, p. 363). De acordo com Schmitt e Domingues (2016, p. 374), “os sujeitos respondem a estímulos ambientais, emocionais, sociais, físicos, psicológicos, categorias sob as quais estão agrupadas diferentes condições que afetam a aprendizagem”. Estímulos ambientais Aprendem reagindo de forma diferente aos vários fatores ambientais. Exemplo: alguns preferem ouvir música enquanto aprendem, outros preferem silêncio. Estímulos sociais Podem aprender melhor sozinhos, em grupos ou na presença de uma autoridade. Estímulos físicos Alguns sujeitos preferem estudar a partir de textos, outros por imagens, diagramas. Temos sujeitos diurnos, que conseguem melhores resultados de manhã bem cedo, enquanto outros só conseguem produzir melhor no final da manhã; também há aqueles que precisam de algo para comer, para conseguir se concentrar. Estímulos psicológicos Analíticos, esses sujeitos aprendem melhor quando recebem informações em detalhes, em sequências lógicas. Já o sujeito global prefere entender o todo, para depois se concentrar nos detalhes. 14 Então, que tal tentarmos fazer um resumo de tudo que conversamos até aqui? 1.2.1 ESTILO VISUAL Figura 5 – Visual Fonte: https://images6.content-hci.com/commimg/myhotcourses/blog-inline/myhc_60476.jpg. Acesso em: 19 ago. 2022. Você gosta de ler? Você presta mais atenção no que está escrito na lousa ou nos slides do que no que o professor está dizendo? Você gosta de fazer anotações escritas durante as aulas? Nesse estilo, há a retenção da mensagem a partir da visualização de imagens (BELLANI, 2016). Visual: fazer anotações durante as aulas expositivas, usar mapas mentais para consolidar o aprendizado, utilizar canetas coloridas para anotar, usar marca textos coloridos para grifar conteúdos específicos. https://images6.content-hci.com/commimg/myhotcourses/blog-inline/myhc_60476.jpg 15 1.2.2 ESTILO AUDITIVO Figura 6 – Auditivo Fonte: https://images6.content-hci.com/commimg/myhotcourses/blog-inline/myhc_60474.jpg. Acesso em: 19 ago. 2022. Gosta de ouvir música ou de deixar a TV ligada enquanto estuda? Você tem facilidade de lembrar o que foi dito na sala de aula, mesmo que tenha sido dito há semanas? Essas são algumas das maneiras para se apreender as informações com mais facilidade por meio do som (quando você fala ou escuta) (BELLANI, 2016). Auditivo: gravar as aulas (não se esqueça de pedir autorização antes) para ouvir depois, ler os textos em voz alta; você pode utilizar ferramentas para transformar textos em áudios, e montar grupos de estudos para discussão dos textos. https://images6.content-hci.com/commimg/myhotcourses/blog-inline/myhc_60474.jpg 16 1.2.3 ESTILO CINESTÉSICO Figura 7 – Cinestésico Fonte: https://images2.content-hci.com/commimg/myhotcourses/blog-inline/myhc_60475.jpg. Acesso em: 19 ago. 2022. Você prefere abordagens mais práticas para aprender? Você se sai melhor em disciplinas que requerem movimento, como fotografia, educação física e aulas em laboratórios? Dessa forma, associam-se as informações recebidas ao movimento corporal (BELLANI, 2016). Cinestésico: fazer alongamentos durante um estudo e outro ou, simplesmente, sair para buscar um copo de água; faça experimentações do que você está aprendendo. NA PRÁTICA! QUE TAL FAZER UM TESTE E CONHECER O SEU ESTILO DE APRENDIZAGEM? Ao longo desta etapa, você é convidado a realizar o teste on-line para conhecer o seu estilo de aprendizagem e complementar esse tema. Aproveite esta oportunidade para se conhecer melhor! https://images2.content-hci.com/commimg/myhotcourses/blog-inline/myhc_60475.jpg 17 1.3 ABORDAGENS PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS Nesta seção, compreenderemos que a aprendizagem ocorre de forma diferente para cada sujeito, afinal somos diferentes. Por que, então, insistimos, muitas vezes, em ensinar a todos da mesma forma? A seguir, conheceremos algumas abordagens da aprendizagem significativa. 1.3.1 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA Segundo Ausubel (1968), a aprendizagem envolve a organização e a integração na estrutura cognitiva, entendida como “[...] conteúdo total de ideias de certo indivíduo e sua organização; ou conteúdo e organização de suas ideias em uma área particular de conhecimento” (AUSUBEL,1968, p. 37-38). Em sua teoria, Ausubel (1968) ressalta que, na aprendizagem, torna-se imprescindível considerar o contexto social, cultural e econômico em que o sujeito está inserido, criando-se, a partir desses fatores, possibilidades de aprendizagem significativa, oportunizando aos sujeitos condições de participação ativa no processo de aprendizagem. No entanto, Ausubel (1968) ressalta que há duas condições para haver aprendizagem significativa, sendo elas: • A primeira está relacionada à disposição de apreender por parte do aluno. • A segunda vincula-se à potencialidade significativa do conteúdo a ser estudado. O que significa aprendizagem significativa? O pesquisador norte-americano David Paul Ausubel (1918-2008) propôs o conceito de “aprendizagem significativa”, no qual o aluno aprende quando o que lhe é ensinado faz sentido, tem significado na sua vida, e mais, quando consegue fazer relação com aquilo que ele já conhece, ou seja, é um processo a partir do qual um novo conteúdo ou informação se relaciona com um aspecto importante da estrutura de conhecimento dos alunos. Essas novas informações adquiridas pelos alunos se tornam aprendizagem significativa quando se ancoram com conceitos preexistentes da estrutura cognitiva. 18 Para melhor compreensão, apresentaremos um breve resumo do que é a aprendizagem significativa e como você poderá aplicá-la na instituição de ensino. O texto apresentado, a seguir, foi adaptado de: https://blog.saraivaeducacao.com.br/ aprendizagem-significativa/. _O QUE É, AFINAL, APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA? Podemos considerar a aprendizagem significativa aquela em que as ideias expressas de maneira simbólica interagem de forma substantiva e não arbitrária com aquilo que o estudante já sabe. Para compreender melhor essa definição, você confere, a seguir, os conceitos de não arbitrariedade e substantividade, segundo Ausubel. • Não arbitrariedade do material: ocorre quando o material potencialmente significativo é relacionado de maneira não arbitrária com o conhecimento que já existe para o aluno. Nesse contexto, a relação entre o aprendiz e o material não se dá por qualquer aspecto da estrutura cognitiva, mas por conhecimentos relevantes específicos. Assim, o conhecimento prévio serve como base para a fixação de novos conhecimentos. • Substantividade: indica que é a substância do novo conhecimento e das ideias que são incorporadas à estrutura cognitiva do estudante. Isso quer dizer que não são as palavras específicasusadas por um professor ou educador para expressar essas ideias que são absorvidas e utilizadas para construção do conhecimento. Afinal, diferentes maneiras, signos, símbolos e palavras podem ser usados para explicar um mesmo conceito. • Disponibilidade do sujeito para aprendizagem significativa: além da não arbitrariedade e da substantividade, outro fator determinante para que ocorra a aprendizagem significativa, para David Ausubel e os contribuidores Hanesian e Novak, é a disponibilidade do sujeito. Isso significa que, para que a aprendizagem significativa ocorra, é necessária uma predisposição favorável do sujeito. https://blog.saraivaeducacao.com.br/aprendizagem-significativa/ https://blog.saraivaeducacao.com.br/aprendizagem-significativa/ 19 Assim como em outras teorias educacionais de base construtivista, o que o aluno já conhece é um fator importantíssimo para os processos de aprendizagem significativos. Dessa forma, Ausubel se baseia nessa premissa e considera que os conhecimentos prévios dos alunos podem atuar como pontos de ancoragem de novas ideias. De forma resumida, podemos considerar que a aprendizagem significativa se dá com a atribuição de significado a um novo conhecimento a partir da relação deste com os conhecimentos prévios do estudante. _QUAIS OS TIPOS DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA? Existem diferentes formas de como a aprendizagem significativa pode ocorrer. Entre elas, estão: APRENDIZAGEM REPRESENTACIONAL É vista como um dos tipos mais básicos de aprendizagem significativa, e mais semelhante à aprendizagem automática e mecânica. Está relacionada com o significado de palavras e de símbolos individuais. Nesse processo, o aluno relacionará o objeto aos símbolos que o representam, sendo os símbolos convencionais. Essa convencionalidade permite que o indivíduo conheça e organize seus conhecimentos, nomeando, classificando e definindo funções. APRENDIZAGEM CONCEITUAL Esse tipo de aprendizagem também se baseia em símbolos individuais e se deriva da aprendizagem representacional. Desse modo, esses dois tipos de aprendizagem são interdependentes. A aprendizagem conceitual é considerada um tipo complexo de aprendizagem representacional, em que o ensino vai além de um caráter nominalista ou representacional, sendo substantivo e não arbitrário. 20 APRENDIZAGEM PROPOSICIONAL Esse tipo de aprendizagem se dá a partir dos significados expressos por grupos de palavras combinadas em frases ou proposições. Mais uma vez, ela é interdependente das relações representacionais e conceituais, sendo o tipo mais complexo entre eles. APRENDIZAGEM SUBORDINADA Nesse tipo de aprendizagem, ocorre uma hierarquização e uma organização dos conteúdos. Esse processo é feito pela estrutura cognitiva, por meio da associação do novo material aos conhecimentos prévios. A aprendizagem subordinada pode se manifestar de duas maneiras: • Aprendizagem subordinada derivativa: quando o novo conceito é advindo de um que já existe na estrutura cognitiva. • Aprendizagem subordinada correlativa: quando o novo conceito é parecido com um que já existe na estrutura cognitiva. Ele é, então, compreendido como uma elaboração, modificação, extensão ou quantificação do conceito já conhecido. APRENDIZAGEM SUPERORDENADA No caso da aprendizagem superordenada, o conceito aprendido é mais abrangente do que o preexistente. Nesse contexto, o novo conceito, mais completo, substituiu o anterior. APRENDIZAGEM COMBINATÓRIA Esse tipo de aprendizagem significativa engloba os conceitos novos que não são classificados como subordinados ou superordenados. Eles correspondem às generalizações que esclarecem e incluem algo aos conhecimentos já existentes. Você pode se perguntar: como acontece a aprendizagem significativa? De forma resumida, podemos considerar que esse tipo de aprendizagem acontece quando uma nova ideia é relacionada aos conhecimentos prévios em um momento ou uma situação de relevância para o estudante. Por meio desse processo, o aluno é capaz de ampliar e atualizar suas informações anteriores, além de atribuir novos significados aos seus conhecimentos prévios. 21 _CONHEÇA SETE CARACTERÍSTICAS DE UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA Agora que você já sabe o que e quais são os tipos de aprendizagem significativa, que tal saber mais sobre as suas características? A partir disso, você poderá olhar para os processos significativos que deseja implementar, na sua instituição ou sala de aula, e compreender se estão aderentes ao que preconiza essa técnica. Com isso, você poderá identificar em qual medida já implementa esses atributos e quais são os pontos de melhoria, ou seja, aqueles em que ainda há dificuldade de aderir em sua prática profissional. Separamos sete características que são centrais para conhecer um pouco mais sobre esse método de ensino-aprendizagem. Confira: 1. AS RELAÇÕES SÃO O FOCO Nesse caso, a palavra “relações” não está conectada apenas às vivências coletivas e aos relacionamentos, mas à forma como o sujeito conecta situações já vividas àquelas que vê pela primeira vez. É como estudar os critérios para montarmos um quebra- cabeça. A escolha das peças pela sua cor ou formato está ligada ao conhecimento prévio de que as peças possuem encaixes únicos e/ou que já existe um conjunto de peças com aquele esquema de cores. Dessa forma, acabamos completando informações com o que já sabemos ou conhecemos – uma maneira de contribuir para a organização do caos, que é o desconhecido. Com isso, os marcos conceituais tornam-se nossa referência para seguir em uma trilha de aprendizado. 2. MODOS TRADICIONAIS DE ENSINO NÃO SE ADAPTAM A aprendizagem significativa é uma daquelas formas de olhar para a educação que pedem que o educador revisite seus modos de atuar e, até mesmo, de pensar. Isso pode fazer com que muitos tenham que abandonar algumas práticas. Não é uma metodologia que pode ser aplicada parcialmente, já que os sistemas tradicionais de memorização, que nos fizeram saber, até hoje, fórmulas matemáticas complexas, que não necessariamente sabemos quando utilizar, não estão dentro dos principais pilares desse tipo de aprendizagem. Até os tipos de avaliação precisarão ser repensados para https://blog.saraivaeducacao.com.br/tipos-de-avaliacao/ 22 que contemplem a complexidade da criação de uma rede de relações na aprendizagem significativa. 3. BEBER DE FONTES CULTURAIS É ESSENCIAL Todos sabemos que a educação e a cultura são complementares. Contudo, na aprendizagem significativa, é preciso ir além das camadas superficiais da cultura como conhecemos. Além de ser ligada às atrações culturais, ela tem uma dimensão de vivência social. Uma imersão do docente, nesse contexto, é um caminho sem volta para um processo de ensino-aprendizagem significativo e de qualidade. É o professor que irá transpor esse olhar para as suas aulas. É preciso demonstrar aos alunos as construções sociais que formam o mundo como ele é hoje, para que sejam capazes de entender por que há diferentes manifestações culturais, e como é possível ensinar e aprender a partir delas. 4. ATIVIDADES DEVEM ENGAJAR Se as atividades não engajam numa proposta significativa algo está errado! O interesse do aluno diante dessa forma de aprender e ensinar deve ser diferente daquelas tarefas tradicionais, porque a autonomia do aluno faz com que ele queira crescer e melhorar seus marcos conceituais. Para isso, é preciso compreender se há algum tipo de quebra de confiança entre professor e aluno, se há espaço para troca de ideias e feedbacks dos discentes, se o professor está apto para guiar o processo com aqueles alunos e se a ancoragem com os eventos da realidade, para criação de exemplos, está firme o suficiente para promover o aprendizado. 5. O PLANEJAMENTO PRECISA SER ADEQUADO Nesse caso, a palavra adequação está ligada a uma adaptação contextual aos alunos. O planejamento educacional do conteúdo deve ser feito considerando que as múltiplas dimensões culturaisdo processo de aprendizagem significativa são parte da essência dessa forma de ensinar. O modo de traçar as ações em sala de aula deve considerar os objetivos daquela disciplina ou curso. Logo, a finalidade deve vir antes mesmo de decidir o método. Dessa forma, eles serão mais adequados e aderentes às metas da disciplina e da instituição de ensino. Esteja preparado para revisitar esse planejamento com frequência. Mesmo com um objetivo único, as demandas acadêmicas podem precisar ser revistas de acordo com a necessidade dos estudantes. https://blog.saraivaeducacao.com.br/autonomia-do-aluno/ https://blog.saraivaeducacao.com.br/planejamento-educacional/ 23 6. O MATERIAL NÃO PODE SER ESCOLHIDO ARBITRARIAMENTE Se queremos promover ancoragens culturais e construção de marcos conceituais que possam sempre ser atualizados, a escolha dos recursos utilizados em sala de aula também deve estar ligada a uma dimensão significativa, que promova conexões com os exemplos a serem empregados. Isso pode tirar o professor da zona de conforto. Quantas vezes replicamos as mesmas aulas para turmas diferentes – em alguns casos por décadas! Isso pode parecer muito drástico, mas é o que acontece com muitos educadores que são referência em suas áreas. É preciso buscar materiais adequados para os alunos, pois eles trazem muitas dúvidas e conhecimentos particulares, que não devem ser ignorados em prol de um modo de operação padrão. 7. A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA É UMA VIA DE MÃO DUPLA Os esforços dos educadores podem ser os mais completos e complexos, abarcando toda a conjuntura cultural do momento e de seus alunos, mas, se não há reciprocidade nesse processo, é impossível continuar. Muitas vezes, os professores conseguem uma abertura inicial que auxilia na promoção de diagnósticos e na confecção de bons planejamentos, alinhados aos propósitos da aprendizagem significativa. No entanto, a manutenção dessa situação pode ser difícil, diante do desestímulo e da consequente baixa participação do estudante. Diante disso, não é possível seguir com as informações iniciais, como se elas fossem uma pintura do cenário atual. É preciso retomar as relações e reconquistar esse espaço de trocas. _COMO ALIAR TECNOLOGIA E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA? Uma das dúvidas que pode ficar, após compreendermos um pouco melhor sobre a aprendizagem significativa, é: como aliar as tecnologias a um contexto que parece carecer de contato, de uma grande carga de trocas e de uma imersão cultural? É inegável a inserção social em uma dimensão mediatizada. Entretanto, as mediações não são, necessariamente, perdas para o processo educativo. É preciso saber ensinar dentro desse contexto, que é o mesmo de quase todos os alunos, logados diariamente em sites, redes sociais, jogos e aplicativos. 24 A educação a distância é um dos exemplos disso. Alguns alunos podem passar o curso inteiro sem conhecer os professores e colegas pessoalmente, mas, ainda assim, desenvolver vínculos e conhecer um pouco mais da realidade dos outros discentes e docentes. A tecnologia na educação pode ser benéfica, porque insere a instituição de ensino superior (IES) em um contexto de inovação. Em um momento que há quebra de modos certos ou errados de ensinar, e mudança de métodos pela inserção dessas tecnologias, pode ficar mais fácil conduzir a jornada de ensino-aprendizado em uma dimensão significativa. A conexão com a internet e as novas tecnologias nos dão uma dimensão ainda maior dos diferentes perfis que compõem as turmas das IES, fazendo com que possamos pensar em um ensino mais personalizado, com trocas valiosas. Um ponto de atenção é a habilidade dos professores em acompanhar essas mudanças. É preciso capacitá-los para que façam uso adequado da tecnologia, promovendo melhorias no processo de ensino-aprendizagem. A abertura para que o aluno proponha e ensine também pode ser um ponto extra para a educação alinhada à tecnologia. A curiosidade e a motivação dos estudantes são atributos essenciais da aprendizagem significativa. A construção do conhecimento dos alunos precisa passar pelo uso de tecnologias. Isso os prepara para os desafios profissionais que irão enfrentar em suas jornadas, tornando-os mais capacitados para o mercado de trabalho. _POR QUE APLICAR A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO ENSINO SUPERIOR? A aprendizagem significativa pode ser aplicada em várias etapas do ensino, desde o pré-escolar até a pós-graduação. No entanto, sua aplicação nesses diferentes contextos deverá utilizar diferentes estratégias. As instituições acadêmicas possuem a característica de promover um ensino que busca preparar o estudante para a vida profissional relacionada a sua área. Esse é o primeiro ponto em que a aprendizagem significativa faz uma interface de excelência com o ensino superior. https://blog.saraivaeducacao.com.br/tecnologia-na-educacao/ 25 Afinal, é uma técnica muito versátil. Por ser contextual, valorizar as experiências e por preconizar a construção do conhecimento, a aprendizagem significativa é um trunfo em relação à formação dos estudantes, que poderão aplicar seus conceitos em seu processo de formação contínua. O aprendizado do aluno não termina na sala de aula ou no ato de sua formatura. A vida é uma oportunidade de aprendizado, e levar uma metodologia significativa para o ambiente de trabalho pode ser uma oportunidade de demonstrar maturidade e compreensão sobre o contexto em que está inserido. A aplicação da aprendizagem significativa no ensino superior pode se dar a partir do uso de metodologias ativas, como exemplificaremos mais adiante. Isso pode ajudar na retenção dos alunos, já que traz leveza para as aulas. A vida acadêmica adulta é diferente de quando somos jovens estudantes. As crianças estão em um processo de absorção e assimilação maior de seu entorno. Já o adulto traz uma série de experiências e vivências, que precisam ser consideradas. Isso faz com que o aluno se sinta parte importante do caminho de aprendizado, aumentando a chance de sucesso das estratégias empregadas pelo professor em sala de aula. _QUAL A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA? Como vimos, esse tipo de aprendizagem ocorre apenas se o aluno vê relevância na situação e relaciona os novos conhecimentos para as suas concepções prévias. Nessas condições, ele é capaz de absorver e interiorizar as novas informações com maior facilidade e profundidade. Além disso, a aprendizagem significativa possibilita que os alunos aprendam de diferentes formas, apliquem distintos tipos de inteligência e se expressem de variados modos. Isso oferece maior liberdade, independência e autonomia para que os alunos realmente aprendam da melhor forma para cada um. Para saber como aplicar a aprendizagem significativa na sua instituição de educação ou em sua sala de aula e como estimular essa autonomia dos alunos, continue a leitura! https://blog.saraivaeducacao.com.br/metodologias-ativas-no-ensino-superior/ 26 COMO APLICAR A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA? A seguir, apresentaremos o mapa conceitual, o qual pode auxiliar na aplicação da aprendizagem significativa na sua sala de aula. Confira! MAPAS CONCEITUAIS Conhecidos também como mapas mentais, os mapas conceituais são uma excelente ferramenta para aplicação da aprendizagem significativa. Essa técnica foi desenvolvida por Joseph D. Novak e outros pesquisadores e professores da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, na década de 1970. Figura 8 – Mapa conceitual ou mapa mental Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-lNqjSLG8iKM/TgiYkB3Wa9I/AAAAAAAAABA/MIHnK-KzrCs/s400/ mapa+conceitual.jpg. Acesso em: 19 ago. 2022. http://4.bp.blogspot.com/-lNqjSLG8iKM/TgiYkB3Wa9I/AAAAAAAAABA/MIHnK-KzrCs/s400/mapa+conceitual.jpg http://4.bp.blogspot.com/-lNqjSLG8iKM/TgiYkB3Wa9I/AAAAAAAAABA/MIHnK-KzrCs/s400/mapa+conceitual.jpg 27 Figura 9 – Neuropsicologia Fonte: https://www.lifeder.com/wp-content/uploads/2020/02/cerebro-neuronas-imagen-696x392. jpg. Acessoem: 20 ago. 2022. Eles podem ser considerados um tipo de diagrama que tem como objetivo estimular a memorização e o aprendizado a partir da gestão de informações e de conhecimento. Isso porque, com esses mapas, é possível traçar uma representação visual das relações entre conceitos ou informações. Dessa forma, os estudantes podem relacionar novos conhecimentos com aqueles preexistentes, adicionando e estabelecendo um contexto para concretizar novos significados. Além de permitir uma maior construção de informações e entendimento dos estudantes, ao propor aos alunos a produção de mapas mentais, os professores também estimulam o protagonismo dos estudantes em seus próprios processos de aprendizagem. Fonte: adaptado de https://blog.saraivaeducacao.com.br/aprendizagem-significativa/. Acesso em: 20 ago. 2022. 1.3.2 NEUROPSICOLOGIA https://www.lifeder.com/wp-content/uploads/2020/02/cerebro-neuronas-imagen-696x392.jpg https://www.lifeder.com/wp-content/uploads/2020/02/cerebro-neuronas-imagen-696x392.jpg https://blog.saraivaeducacao.com.br/aprendizagem-significativa/ 28 1.3.2.1 A Neuropsicologia: algumas definições Inúmeras definições de neuropsicologia se complementam e delineiam o seu campo de investigação e atuação. A pluralidade identificada no uso do termo e a diferença entre as definições se atrelam à constatação de que a Neuropsicologia é uma área de fronteira com inúmeras disciplinas. Portanto, possui um caráter eminentemente interdisciplinar, incorporando conceitos e técnicas de disciplinas básicas, como a neuroanatomia, neurofisiologia, neuroquímica e neurofarmacologia, bem como disciplinas de aplicação, como a psicometria, a psicologia clínica e experimental, a psicopatologia e a psicologia cognitiva (HAZIN et al., 2018). O termo neuropsicologia foi utilizado pela primeira vez por Sir William Osler, em 1913, numa conferência nos Estados Unidos. Também surgiu no subtítulo da obra de 1949 de Donald Hebb (The Organization of Behavior: A Neuropsychological Theory). Entretanto, a neuropsicologia começa a delinear-se enquanto uma disciplina científica a partir da chamada abordagem clínica clássica (final dos anos de 1800), caracterizada pela observação e realização de estudos clínicos de pacientes com lesões neurológicas e alterações cognitivas (HAZIN et al., 2018). Nesse contexto, podemos destacar que o domínio neuropsicológico pode ser compreendido a partir de três vertentes complementares, sendo elas: • Na primeira, a neuropsicologia é considerada uma disciplina clínica que objetiva identificar o perfil de déficits cognitivos apresentado por pacientes que sofreram lesões cerebrais. • A segunda vertente, emerge de uma disciplina neurocientífica, que consiste no estabelecimento de correlações anátomo-clínicas, possibilitando uma melhor compreensão acerca das operações elementares, da dinâmica e da plasticidade das funções cognitivas. • Por fim, é caracterizada como uma disciplina cognitiva, no sentido em que considera o desempenho em testes e tarefas obtidos por sujeitos com lesões cerebrais, formula testes de hipótese a partir de teorias cognitivas elaboradas com base nos estudos realizados com sujeitos saudáveis, contribuindo para melhor compreensão acerca da cognição humana (HAZIN et al., 2018). Essa pluralidade de vertentes possibilita associar à Neuropsicologia a objetivos diversos. Gil (2002) identifica objetivos diagnósticos, terapêuticos e cognitivos, ou seja, objetivos de pesquisa básica e aplicada, que configuram, respectivamente, os domínios da Neuropsicologia Experimental e da Neuropsicologia Clínica. 29 A Neuropsicologia Experimental tem como objeto de investigação as relações entre, de um lado, a estrutura e o funcionamento do encéfalo, de outro, os processos psicológicos superiores. O objetivo maior da Neuropsicologia Clínica consiste na avaliação das capacidades cognitivas deficitárias, estabelecendo igualmente as funções preservadas, contribuindo assim para a organização e implementação de um programa de reabilitação neuropsicológica em indivíduos com queixas associadas a condições neurológicas específicas (HAZIN et al., 2018). A Neuropsicologia Clínica se debruça sobre estratégias clínicas de observação e intervenção junto a diversos grupos. A compreensão das diferenças e das conexões entre esses dois domínios, experimental e clínico, torna-se essencial para compreender tanto a trajetória histórica da Neuropsicologia quanto as questões atuais sobre a capacitação profissional nesses domínios distintos (HAZIN et al., 2018). Nesse contexto, vale destacar que a intervenção neuropsicológica contempla dois processos interligados: a avaliação e a reabilitação de funções cognitivas. A avaliação consiste na investigação do perfil cognitivo individual, considerando os déficits e as funções preservadas. Comumente, são avaliadas as funções receptivas (habilidades de selecionar, adquirir, processar e integrar informações a partir de visão, audição e somestesia); memória e aprendizagem; organização mental e reorganização da informação; e as funções expressivas (meios nos quais a informação é comunicada ou colocada em ação); entre outras (HAZIN et al., 2018). Atenção: somestesia é uma palavra que vem do latim soma (corpo) e aesthesia (sensibilidade). É a capacidade que os seres humanos e animais têm de receber informações do meio externo e interno. Fonte: adaptado de https://www.sanarmed.com/sistema-somatossensorial-tudo-que-voce-precisa- -saber-colunistas. Acesso em: 20 ago. 2022. A reabilitação consiste em um programa de intervenção que objetiva, por meio de estratégias específicas funcionalmente orientadas, recuperar ou adaptar uma função cognitiva prejudicada ou perdida (HAZIN et al., 2018). _Afinal, o que é a Neuropsicologia? Para melhor compreensão, apresentaremos um breve resumo sobre a neuropsicologia. O texto apresentado, a seguir, foi adaptado de: https://mirandacristiane. com.br/neuropsicologia-e-aprendizagem/. Vamos lá? https://www.sanarmed.com/sistema-somatossensorial-tudo-que-voce-precisa-saber-colunistas https://www.sanarmed.com/sistema-somatossensorial-tudo-que-voce-precisa-saber-colunistas https://mirandacristiane.com.br/neuropsicologia-e-aprendizagem/ https://mirandacristiane.com.br/neuropsicologia-e-aprendizagem/ 30 NEUROPSICOLOGIA E APRENDIZAGEM – CONHEÇA A RELAÇÃO A Neuropsicologia – um importante ramo da psicologia – é uma especialidade que estuda as relações entre o cérebro, os processos mentais e o comportamento. Por meio dela, é possível compreender processos perceptivos, de aprendizagem, soluções de problemas, entre outros. O QUE É NEUROPSICOLOGIA? A Neuropsicologia é um ramo interdisciplinar da ciência, que analisa a relação entre cérebro e comportamento. Ela estuda fenômenos como atenção, memória, pensamento, percepção, linguagem e motricidade humana, aplicando os saberes de diversos campos do conhecimento – incluindo neurologia, psicologia, psiquiatria, genética e neuroimagem. _NEUROPSICOLOGIA E APRENDIZAGEM – SAIBA MAIS SOBRE ESTA RELAÇÃO Algumas alterações cognitivas e comportamentais podem ser observadas ainda na fase pré-escolar da criança, como hiperatividade, déficit de atenção, disfunções na motricidade, na compreensão auditiva e na memória. Já os distúrbios de aprendizagem só podem ser identificados após a alfabetização da criança, incluindo a dislexia, a disgrafia, a discalculia e a disortografia, por exemplo. Embora as crianças demonstrem alguns sinais desses transtornos em casa, é na escola que eles se tornam mais evidentes, quando os educadores notam a dificuldade do pequeno em acompanhar o ritmo da turma. Geralmente, os educadores são os primeiros a identificar as alterações comportamentais da criança, pois podem compará-la com outras crianças da mesma faixa etária, que seguem o curso dentro do esperado. Os pais, especialmente os de primeira viagem, muitas vezes não dão a devida atenção aos sinais, em função da falta de experiênciacom crianças, acreditando que os distúrbios comportamentais irão embora à medida que a criança amadurece. Em alguns casos, essas crianças evoluem positivamente, de fato. No entanto, em muitos casos esses distúrbios prevalecem e há a necessidade de uma avaliação especializada para identificar a causa das alterações comportamentais – é aí que entra a importância da sinalização do professor de que algo está errado. 31 As alterações de comportamento e de aprendizagem incluem: • desatenção constante; • hiperatividade; • falta de concentração; • impulsividade; • dificuldade em acompanhar o restante da turma; • isolamento; • autoagressão; • hábitos estereotipados, como sacudir as mãos, lamber os sapatos ou o chão ou envolver-se em situações de risco sem perceber. TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM A aprendizagem caracteriza-se por um processo constante e evolutivo, presente na vida de todos os seres humanos. Ela é classificada em estilos, que incluem a aprendizagem visual, auditiva, de leitura/escrita e ativa, ou seja, a aprendizagem através da prática. O processo de aprendizagem tem início a partir do nascimento da criança e, especialmente durante a infância, merece muita atenção e vigilância por parte dos pais, educadores e responsáveis, porque defasagens nesse processo repercutirão em toda a sua vida, inclusive na adulta. O termo dificuldade de aprendizagem engloba uma série de distúrbios que comprometem, basicamente, a capacidade de aquisição e o rendimento da fala, da escuta, da leitura, da expressão escrita, da memória, do raciocínio ou de habilidades matemáticas. Geralmente, podem ser observados ainda durante a primeira infância e exigem acompanhamento e intervenção médica. Fonte: adaptado de https://mirandacristiane.com.br/neuropsicologia-e-aprendizagem/. Acesso em: 20 ago. 2022. Portanto, antes de continuarmos nossos estudos, podemos definir que a Neuropsicologia é considerada uma disciplina científica, que se ocupa das relações cérebro/funções cognitivas. Sendo uma ciência de caráter interdisciplinar em suas origens, busca estabelecer uma relação entre os processos mentais e o funcionamento cerebral, utilizando o conhecimento das neurociências, que elucidam a estrutura e o funcionamento cerebral, e da psicologia, que expõe a organização das operações mentais e do comportamento (SERON, 1982 apud HAASE et al., 2012). De acordo com Haase et al. (2012), a Neuropsicologia preparou um importante instrumento conceitual para a revisão de mecanismos e estrutura dos processos cognitivos, levando à criação de uma teoria da base cerebral da atividade mental humana. https://mirandacristiane.com.br/neuropsicologia-e-aprendizagem/ 32 Antes disso, a atividade humana e a atividade intelectual eram termos puramente mentais e abstratos, fundamentados em relações empíricas entre percepção e associação. Ainda de acordo com Haase et al. (2012, p. 4), “Luria propõe uma localização dinâmica das funções cognitivas, afirmando que os processos mentais humanos são sistemas funcionais complexos e integrados”. Portanto, Luria afirma que, a partir de alterações sociais ou comunitárias, teremos maior compreensão do dinamismo que envolve as atividades mentais e o desenvolvimento do cérebro. Dessa forma, o cérebro influencia em nossas funções cognitivas que incluem: atenção; memória; capacidade de julgamento; raciocínio; comportamento; e emoções. Para Freitas e Cardoso (2018, p. 170 apud SILVA, 2020), a neuropsicologia é “[...] uma fonte importante de ferramentas para a promoção da equidade educacional”; quando associada à educação inclusiva: encontram um campo importante de contribuições nos modelos neu- ropsicológicos. Através de avaliações que forneçam informações mais precisas sobre o perfil cognitivo, tais como níveis de atenção, memória, velocidade de processamento, dentre outras, será possível a elabora- ção de programas de educação cognitiva, assim como orientações es- pecíficas para o contexto escolar (FREITAS; CARDOSO, 2018, p. 170). Assim, precisamos entender que não se trata só de aprendizagem ou de maneiras de aprender, e sim em plasticidade cerebral. Crescer e aprender pressupõe não só ter garantida a integridade funcional do cérebro e de suas múltiplas atividades complexas, como a linguagem, a atenção e memória, mas acima de tudo garantir a flexibilidade adaptativa necessária para modular funções e conexões mediante os diferentes desafios do mundo (FREITAS; CARDOSO, 2018, p. 159). Em outras palavras, aprendizagem ao longo da vida, a partir das experiências, das habilidades e competências de cada sujeito. 33 _REFERÊNCIAS AUSUBEL, D. P. Educational psychology: a cognitive view. 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