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ROTA DO HIDRÓXIDO Síntese de PbI2 Aluno: Gabriel Delier Santos da Silva DRE: 118050890 Aluna: Larissa de Oliveira Augusto DRE: 118032923 Disciplina: Química inorgânica Experimental 1 Professores: Marta Eloisa Medeiros Thiago Custodio dos Santos Rio de Janeiro, Outubro, 2022 2,0 g : 461,01 g/mol 4,34 x 10-3 mols 4,34 x 10-3 mols 8,68 x 10-3 mols 1,11 g x 127,91 g/mol 0,39 mL x 241,21g/mol : 2,85 g/cm-3 1,05 g 1. OBJETIVO Sintetizar iodeto de chumbo, PbI2, a partir da rota do hidróxido. 2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Foi preparada uma solução saturada de nitrato de chumbo (Pb(NO3)2), pesando-se 1,80 g do sal P.A. À solução de nitrato de chumbo foram adicionados, lentamente e sob agitação, 0,6 mL de NH3 concentrada. A mistura foi submetida à aquecimento brando para eliminar o excesso de amônia (verificado pelo odor característico) e então filtrada à vácuo. O sólido foi mantido em dessecador para secagem, seguida de sua pesagem. Ao sólido pesado, foram adicionados 10,0 mL de água destilada, seguida da adição de 0,8 mL da solução de ácido iodídrico, lentamente e sob agitação. A mistura foi então filtrada à vácuo, deixando o sólido em dessecador para secagem e pesado. Amostras de todos os sólidos (precursores, intermediários e produtos finais) foram analisadas por infravermelho (IV). Ao intermediário e produto final também foram realizados testes de solubilidade, à temperatura ambiente, em três solventes: ácido acético, água e acetona. 3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS A rota do hidróxido se baseia em uma reação de neutralização. Nesta rota, reage-se um sal do metal de interesse Mx+ com uma fonte de hidróxido, de forma a produzir uma espécie intermediária insolúvel ou de baixa solubilidade do tipo M(OH)x. Em seguida, realiza-se a reação deste intermediário com um ácido HA, promovendo a neutralização e consequente precipitação do sal de interesse MAx. As reações de síntese de PbI2 por esta rota são apresentadas abaixo. Pb(NO3)2(aq) + 2 NH4OH(aq) → Pb(OH)2(s) + 2 NH4NO3(aq) Pb(OH)2(s) + 2 HI(aq) → PbI2(s) + 2 H2O(l) Com a finalidade de se obter 2,0 g de PbI2, seriam necessários obter uma massa de 1,05 g de intermediário e, consequentemente, utilizar uma massa inicial de Pb(NO3)2 e um volume de NH4OH de 1,44 g e 0,33 mL, respectivamente (Fluxograma 1 e 2). Pb(OH)2(s) + 2 HI → PbI2(s) + 2 H2O(l) (Fluxograma 1) 4,34 x 10-3 mols 8,68 x 10-3 mols 4,34 x 10-3 mols x 331,20 g/mol x 35,04 g/mol 1,44 g 0,30 g 0,33 mL : 0,90 g/cm-3 Pb(NO3)2(aq) + 2 NH4OH(aq) → Pb(OH)2(s) + 2NH4NO3(aq) (Fluxograma 2) Prevendo perdas durante a síntese, a massa de de Pb(NO3)2 e o volume de NH4OH utilizados foram aumentados, levando a uma massa prevista de Pb(OH)2 de 1,31 g e 2,50 g de PbI2. Após a secagem do produto final e desagregação verificou-se que haviam dois produtos distintos: um sólido amarelo, coloração característica do produto de interesse, e um sólido azul, desconhecido. Inicialmente, antes da desagregação, o sólido como um todo apresentava o aspecto amarelo, característico do PbI2, mas ao iniciar a desagregação, verificou-se que uma parte do sólido, internamente possuía coloração azul, ou seja, um outro produto foi formado, e ao redor deste produto formou-se uma camada de PbI2. Ambos os produtos foram separados, o máximo possível, com auxílio de uma espátula, e então alíquotas de cada um deles foram destinadas à realização da espectroscopia por infravermelho e os ensaios de solubilidade. Durante o procedimento de síntese, alíquotas dos reagentes, intermediários e do produto foram enviadas para análise por espectroscopia de infravermelho. O objetivo é identificar, especialmente no composto intermediário e no produto, a presença de picos que indiquem a formação da ligação química de interesse ou, ainda, a ausência de picos mais intensos no intervalo 4000 a 400 cm-1 em que a espectroscopia foi realizada. A ausência também pode ser interpretada como um indício da formação da ligação de interesse caso a deformação da ligação apenas possa ser identificada em faixas inferiores a 400 cm-1. Dito isso, os espectros a serem analisados são do reagente Pb(NO3)2 (Figura 1), do intermediário Pb(OH)2 (Figura 2) e dos produtos (Figuras 3 e 4). Acredita-se, devido à coloração, testes de solubilidade e espectroscopia, que um dos produtos seja o iodeto de chumbo II, PbI2. A espectroscopia do reagente utilizado apresenta uma banda arredondada muito expressiva próxima a 1350 cm-1, além de uma banda a 723.34 cm-1 e outra a 1768.80 cm- 1. Essa última, porém, inconclusiva, pois não foi encontrado na literatura a correlação dessa banda com alguma vibração de estiramento de metais ligados a nitrato. Figura 1. Espectroscopia de infravermelho do nitrato de chumbo II, Pb(NO3)2 De acordo com Nakamoto (2006), existem alguns valores característicos de estiramento e deformação do íon nitrato e de metais ligados a nitrato. Esses valores, muito próximos, possivelmente resultou nesse aspecto arredondado pela combinação de diversas bandas próximas. Dito isso, as faixas de estiramento (ν) para o íon nitrato são [1]: ν2(NO): 830 – 800 cm-1 ν3(NO): 1400 - 1330 cm-1 ν4(NO): 780 – 700 cm-1 As faixas de estiramento (ν) e vibração fora do plano (π) características de metais ligados ao nitrato são [1]: ν(NO): 1520 - 1480 cm-1 ν(NO): 1300 – 1250 cm-1 ν(NO): 1050 - 970 cm-1 π: 810 - 700 cm-1 De acordo com o exposto, os valores de estiramento são muito próximos, possibilitando a leitura combinada durante a espectroscopia. Ainda de acordo com o exposto, é possível perceber que o valor em torno de 1700 cm-1 pouco tem relação com os estiramentos relacionados ao íon nitrato e metal ligado a esse ânion, tornando a banda inconclusiva visto que amostra para análise foi retirada do próprio frasco. As Figuras 2 e 3 mostram basicamente o mesmo perfil espectroscópico, inferindo-se de que se trata da mesma substância. Entretanto, o intermediário em questão apresentou coloração branca e o composto formado apresentou coloração azul após reação com ácido iodídrico concentrado. Apesar da extrema semelhança dos espectros apresentados, levando a inferir que ambos são o mesmo composto, a diferença de coloração leva à conclusão contrária, tornando esse composto, já inesperado, completamente inconclusivo. Figura 2. Espectroscopia de infravermelho do intermediário formado Figura 3: Espectroscopia de infravermelho da fase sólida azul da mistura formada Além disso, o intermediário esperado, Pb(OH)2, também apresenta divergências em sua espectroscopia. Isso porque, de acordo com Wang (2005) [2], os únicos picos que deveriam ser observados para o Pb(OH)2 são próximos de: 3900 cm-1 e 3860 cm-1 (estiramento O-H) 736 cm-1 e 646 cm-1 (estiramento angular Pb-O-H) 530 cm-1 e 500 cm-1 (estiramento Pb-O) Além desses, há outros picos observados próximos de 460 e 340 que, apesar de inconclusivo em Wang (2005), possivelmente também indica estiramento Pb-O. De acordo com esses valores, os picos na faixa dos 1350 cm-1 são totalmente incoerentes com a molécula em questão. Entretanto, pode-se concluir que a molécula de fato apresenta ligação Pb-O, devido à correspondência dos outros valores. Uma outra hipótese a se considerar é: as bandas em 1300 cm-1 podem indicar a presença de nitrato advindo do reagente utilizado. Entretanto, nitrato é um ânion que é facilmente solubilizado em água [3]. Devido a isso, é estranho o aparecimento de uma banda tão intensa de estiramento N-O após várias lavagens durante a filtração do intermediário. A espectroscopia do produto amarelado, entretanto, é o esperado para o composto de interesse, PbI2, ou seja,ausência de picos intensos na faixa de 400 cm-1 a 4000 cm-1. Isso porque, a vibração de estiramento para metais halogenados do tipo XY2 apresentam baixas frequências na ordem MF2 > MCl2 > MBr2 > MI2 [1]. Figura 4. Espectroscopia de infravermelho da fase sólida amarela da mistura formada Para o fluoreto de chumbo II, segundo Nakamoto (2006), as vibrações ν1 e ν3 são, respectivamente, 531.2 cm-1 e 507.2 cm-1 e para o cloreto de chumbo II ambas ficam em torno de 300 cm-1. Portanto, para o iodeto de chumbo II, as vibrações realmente não devem aparecer na espectroscopia de infravermelho realizada. A Figura 5 apresenta fotografias dos ensaios de solubilidade do intermediário Pb(OH)2. Os resultados obtidos para os ensaios estão de acordo com a literatura [3], sendo muito pouco solúvel em água, insolúvel em acetona e ácido acético. Figura 5. Ensaios solubilidade para o intermediário: Da esquerda para direita: Teste de solubilidade em água; teste de solubilidade em acetona; teste de solubilidade em ácido acético. A Figura 6 apresenta fotografias dos ensaios de solubilidade do produto final PbI2. A partir da análise da fotografia, verifica-se que o produto possui uma baixa solubilidade em água, podendo ser considerado insolúvel (Kps = 8,49 x 10-9), insolúvel em etanol e insolúvel em acetona [3]. Figura 6. Ensaios de solubilidade para o produto final; Da esquerda para direita: Teste de solubilidade em água; teste de solubilidade em acetona; teste de solubilidade em etanol. A Figura 7 apresenta as fotografias para os ensaios de solubilidade do produto azul indesejado e desconhecido. A partir da análise das fotografias verifica-se que o sólido em questão é parcialmente solúvel em água, parcialmente solúvel em etanol e parcialmente solúvel em acetona. Figura 7. Ensaios de solubilidade para o produto final indesejado; Da esquerda para direita: Teste de solubilidade em água; teste de solubilidade em acetona; teste de solubilidade em etanol. A massa obtida de intermediário foi de 1,05 g, fornecendo um rendimento de 80,2%. Com esta massa de intermediário, a massa estequiométrica a ser obtida de produto seriam de 2,00 g. A massa obtida de produto foi de 1,33 g, fornecendo um rendimento de 66,5%. % Rendimento Pb(OH)2 : 1,05 1,31 𝑥 100 = 80,2 % % Rendimento PbI2: 1,33 2,00 𝑥 100 = 66,5 % 4. CONCLUSÃO Os espectros de infravermelho realizados foram suficientes para a identificação do reagente e do produto amarelado desejado, PbI2 pelo entendimento que a ausência de bandas significativas na região de 400 cm-1 a 4000 cm-1 é um forte indício da formação da ligação Pb-I. Entretanto, devido às divergências da espectroscopia do intermediário e do segundo produto azulado formado, a análise dessas substâncias foi inconclusiva, podendo apenas confirmar que houve a formação de ligação Pb-O. Nessa situação, apesar de a literatura consultada para Pb(OH)2 indicar a ausência de bandas em 1300 cm -1, seria interessante realizar a análise espectroscópica de uma amostra de Pb(OH)2 P.A. diretamente do frasco. Isso poderia comprovar, caso haja ausência dos picos em 1300 cm- 1, de que a literatura consultada fez uma análise correta e que, durante a síntese explicitada nesse relatório, houve alguma etapa em que a formação de outras ligações com o chumbo ocorreram e ficaram evidenciadas na espectroscopia, sendo necessária uma análise mais profunda e cuidadosa essa identificação extra. Tanto para o intermediário Pb(OH)2, quanto para o produto final desejado, PbI2, os ensaios de solubilidade sugerem se tratar dos compostos em questão, já que os resultados obtidos estão de acordo aos encontrados na literatura. Para o produto final indesejado, os resultados obtidos para os testes de solubilidade não fornecem auxílio na sua identificação, já que não foi encontrado nenhum composto que apresentasse tais comportamentos nos solventes utilizados. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] NAKAMOTO, K. Infrared and Raman Spectra of Inorganic and Coordination Compounds. Handbook of Vibrational Spectroscopy. 2006. [2] WANG, Xuefeng; ANDREWS, Lester. Infrared Spectra of M(OH)1,2,4 (M ) Pb, Sn) in Solid Argon. J. Phys. Chem. Viriginia, p. 9013-9020. jun. 2005. [3] PATNAIK, Pradyot. Handbook of Inorganic Chemicals. New York: McGraw-Hill, 2002.
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