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Resumo - Morfofisiologia Animal Comparada

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Estrutura corpórea dos vertebrados 
 
Gametas masculino e feminino 
Células haploides, os gametas feminino e masculino precisam se encontrar para a 
formação de um novo indivíduo. A união do seu material genético resulta numa célula diploide. 
O gameta masculino (ou espermatozoide) apresenta formas variadas nas espécies de 
vertebrados, mas ele comumente é composto por: Cabeça, além do material genético, pode estar 
presente o acrossomo, rico em enzimas que auxiliam na penetração no gameta feminino, colo e 
cauda, apresenta um ou mais flagelos, conferindo mobilidade ao gameta. 
O gameta feminino (ou ovo) pode conter: 
❖ Vitelo - Substância rica em carboidratos, proteínas e lipídeos que busca nutrir o embrião 
durante o período no qual ele não consegue obter acesso a outras fontes de nutrientes. 
➢ Oligolécitos ou isolécitos - Apresentam pouca quantidade de vitelo. São os gametas 
femininos de diversos invertebrados, como as minhocas e as estrelas do mar. 
➢ Mesolécito - Reúnem uma porção moderada, o que ocorre nos gametas femininos de 
anfíbios. 
➢ Megalécito - Possuem uma grande parcela de vitelo em quase todo o ovo. É o caso, por 
exemplo, dos gametas femininos de aves e répteis. 
➢ Centrolécito - Sua localização fica ao redor do núcleo do ovo. Exemplo: gametas femininos 
dos insetos. 
➢ Alécitos – Não contém vitelo, é o caso dos mamíferos placentários. 
 
❖ Envelope - Além do vitelo, o gameta feminino pode apresentar camadas envoltórias, 
denominadas envelopes, que conferem proteção e nutrição. 
➢ Primário – Sintetizado pelo oócito; 
➢ Secundário – Sintetizado pelas células foliculares; 
➢ Terciários – Sintetizados pelos órgãos reprodutivos. 
 
A formação do zigoto ocorre logo após a fertilização, tendo início um processo de clivagem, 
ou seja, a divisão de uma única célula inicial em várias outras denominadas blastômeros. A 
presença (ou não) de vitelo no interior do ovo faz com que a clivagem ocorra de modo diferente 
entre as espécies animais. Dessa forma, o zigoto pode sofrer uma clivagem total (holoblástica) ou 
parcial (meroblástica). 
 
❖ Mórula - Com a progressão das clivagens, surge a mórula. Trata-se de uma massa sólida com 
determinada quantidade de células – geralmente, ela se situa entre 16 e 64 blastômeros – 
segundo cada espécie de vertebrado. O formato da mórula varia de acordo com o processo de 
clivagem da espécie. Esse processo, por sua vez, depende da quantidade de vitelo no interior 
do ovo. 
 
❖ Blastulação - Após alcançar o estágio de mórula, os blastômeros continuam a sofrer mitoses 
e tomam a direção da periferia do zigoto, formando uma cavidade contendo líquido conhecida 
como blastocele. Neste momento, a mórula passa a ser chamada de blástula. 
 
❖ Gastrulação - Após a formação da blástula, as células passam por diversos rearranjos e 
divisões. Como consequência, isso resultará na formação de: 
➢ Estruturas do sistema nervoso central (neurulação); 
➢ Três folhetos germinativos (gastrulação): 
▪ Endoderma - Porções epiteliais de traqueia, brônquios e pulmões, faringe, tireoide, 
paratireoides, tonsilas, cavidade timpânica, tuba auditiva e trato gastrointestinal, além 
de fígado, pâncreas e bexiga. 
▪ Mesoderma - Esqueleto, músculos, derme, gônadas, glândulas sexuais acessórias, 
sangue, baço, coração e parte cortical da adrenal. 
▪ Ectoderma - Epiderme e seus anexos, glândulas mamárias, sudoríparas e sebáceas, 
hipófise, ouvido interno, cristalino, retina, esmalte dentário, parte medular da adrenal e 
estruturas do sistema nervoso central e periférico. 
 
Constituição dos corpos 
Ocorrida durante o desenvolvimento embrionário, a construção do corpo dos animais 
vertebrados segue os seguintes princípios de construção corpórea: 
 
❖ Antimeria ou zigomorfismo - O corpo de um vertebrado é dividido em duas metades simétricas 
denominadas antímero direito e antímero esquerdo. A partir desse princípio, observa-se a 
existência de órgãos pares (ou homótopos), como olhos, orelhas e pulmões. Eles já estão 
presentes nos dois antímeros do animal. Essa simetria, contudo, não é perfeita, já que a 
posição, a forma e o tamanho deles podem variar num mesmo indivíduo, o que é considerado 
normal. Nota-se ainda a existência de órgãos ímpares ou únicos, como fígado, baço e pâncreas. 
Isso indica que eles se encontram em apenas um antímero do animal. 
 
❖ Metameria - Seguindo uma disposição longitudinal da cabeça à cauda, as estruturas presentes 
no corpo animal formam segmentos chamados de metâmeros. Por isso, suas estruturas 
anatômicas se localizam em segmentos distribuídos ao longo do corpo entre os polos cranial 
e caudal. 
 
❖ Paquimeria – O organismo é composto por três tubos. 
➢ Dorsal ou neural - Forma a cavidade craniana, cujas estruturas incluem o cérebro e o 
cerebelo, além da cavidade vertebral, que contém a medula espinhal. 
➢ Ventral ou visceral - Compondo as cavidades torácica e abdominopélvica, o tubo ventral 
possui órgãos de diversos sistemas orgânicos, como, respectivamente, o cardiovascular e 
o digestório. 
➢ Superficial - É composto por tegumento, músculos, articulações e esqueleto a envolver 
todas as cavidades corpóreas do animal. 
 
❖ Estratimeria - As estruturas que compõem o corpo animal estão dispostas em camadas. Dessa 
forma, elas podem ser superficiais, como o tegumento, ou profundas, que é o caso dos pulmões. 
 
O conhecimento sobre esses princípios possibilita a identificação de estruturas homólogas 
entre as diferentes espécies animais. A despeito da mesma origem embrionária e conformação 
básica, essas estruturas se caracterizam pela apresentação de funções diferentes. A análise de 
estruturas homólogas revela a ocorrência de órgãos vestigiais ou rudimentares, ou seja, que não 
se desenvolvem completamente em algumas espécies, mas, em outras, sim. De um ponto de vista 
utilitário, eles podem ser considerados afuncionais. 
Tais órgãos, porém, também apresentam uma função adaptativa, como as asas dos 
avestruzes, cujo tamanho é relativamente pequeno para permitir o voo, embora elas as ajudem a 
manter seu equilíbrio. A ocorrência de estruturas homólogas em diferentes espécies animais 
denota a existência de um ancestral comum, constituindo, portanto, um processo de irradiação 
adaptativa. Trata-se de um processo evolutivo no qual se registra um rápido aumento no número 
de espécies com grande diversidade morfológica e ecológica originadas a partir de um ancestral 
comum. 
Também é possível identificar nas espécies animais estruturas análogas. A despeito do 
desempenho de funções semelhantes, elas possuem uma origem embrionária e uma conformação 
básica diferentes, como, por exemplo, as asas presentes em insetos e em morcego. A existência 
dessas estruturas aponta a inexistência de um ancestral comum, revelando, assim, um processo 
de convergência adaptativa. Trata-se da evolução de estruturas similares ou análogas em 
diferentes linhagens, ainda que elas não possam ser atribuídas a um ancestral comum. O fato de 
as estruturas serem análogas não significa que elas sejam homólogas. 
 
Planos anatômicos 
Os planos anatômicos correspondem a linhas imaginárias que cortam o corpo do animal e 
auxiliam no estudo detalhado das estruturas anatômicas presentes. Para traçar esses planos, 
devemos considerar o animal em posição anatômica, o que significa a manutenção da seguinte 
postura: 
❖ Em estação; 
❖ Sobre quatro apoios; 
❖ Membros esticados e apoiados no solo; 
❖ Pescoço posicionado num ângulo de 145° 
em relação ao dorso; 
❖ Cabeça erguida; 
❖ Narinas e olhos dirigidos frontalmente; 
❖ Orelhas eretas. 
 
❖ Plano mediano ou longitudinal – Linha imaginária que, seguindo o princípio da antimeria, divide 
o corpo em duas metades: antímero direito e antímero esquerdo. As estruturas anatômicas 
mais próximas deste plano são chamadas de mediais; as mais distantes, de laterais. O plano 
mediano institui o eixo medial e o lateral. Planostraçados paralelamente ao mediano são 
chamados de planos sagitais. 
 
❖ Plano transversal ou segmentar - Linha imaginária que, seguindo o princípio da metameria, 
divide o corpo em duas metades: metâmero cranial e metâmero caudal. As estruturas 
anatômicas mais próximas da cabeça são denominadas craniais; as mais distantes, caudais. 
Planos traçados paralelamente ao transversal são chamados de planos axiais. 
 
❖ Plano frontal - Linha imaginária que, seguindo o princípio da paquimeria, divide o corpo em 
duas metades: paquímero dorsal e paquímero ventral. São denominadas dorsais e ventrais as 
estruturas anatômicas respectivamente mais próximas e mais distantes da coluna vertebral. 
 
Cavidades e regiões corpóreas 
O corpo animal, portanto, é composto por quatro grandes cavidades bem delimitadas e 
didaticamente divididas em diferentes regiões. Estão localizados nelas os órgãos, os quais, por 
sua vez, apresentam formas e funções distintas, integrando os distintos sistemas corpóreos 
presentes nos animais. 
 
❖ Cavidade corpórea dorsal - Inclui as cavidades craniana e vertebral (ou espinhal). 
➢ Cavidade craniana - Limitada por diversos ossos do crânio e alguns da face; 
▪ Cérebro, tronco cerebral e cerebelo. 
 
➢ Cavidade vertebral - Encontra-se limitada pelas vértebras. 
▪ Pulmão, coração, timo, traqueia e esôfago. 
 
❖ Cavidade corpórea ventral - Contém a cavidade torácica e a abdominal. 
➢ Cavidade torácica - Vê-se limitada dorsalmente pelas vértebras torácicas; ventralmente 
pelo osso esterno; lateralmente pelas costelas e pelos músculos da parede lateral do tórax; 
cranialmente pelos músculos da base do pescoço; caudalmente pelo músculo diafragma. 
 
➢ Cavidade abdominopélvica - Ela fica limitada dorsalmente pelas vértebras lombares e 
sacrais; ventral e lateralmente pelos músculos da parede abdominal; cranialmente pelo 
músculo diafragma; caudalmente pelo osso coxal. A limitação entre as cavidades abdominal 
e pélvica (originadas de uma divisão da cavidade abdominopélvica em duas) é questionável, 
pois ambas realizam uma comunicação direta. O conteúdo delas pode, inclusive, variar de 
localização dependendo do estado fisiológico do animal. 
▪ Esôfago, estômago, intestino, rins, glândulas adrenais, pâncreas, fígado, vesícula biliar, 
baço, ureter, uretra, bexiga 
 
As aves, os anfíbios, os répteis e os peixes não apresentam o músculo diafragma; logo, não 
existe neles uma divisão entre as cavidades torácica e abdominopélvica. Encontra-se uma única 
cavidade denominada celomática. Ela aloja todos os órgãos encontrados nas cavidades torácica e 
abdominopélvica das outras espécies a despeito da ocorrência de algumas particularidades, já que 
tais espécies não apresentam uretra ou próstata. 
 
Classificação morfológica dos órgãos 
Os órgãos, em geral, são compostos por: tecido externo (túnica serosa, adventícia ou 
fibrosa), tecido médio (túnica muscular), tecido interno (túnica mucosa). 
Do ponto de vista morfológico, os órgãos podem ser classificados, segundo a presença ou 
não de espaço no interior da sua estrutura anatômica, denominado luz ou lumen, como: 
❖ Ocos – Apresentam luz 
➢ Tubulares - A luz é circular e restrita, como o esôfago, a traqueia e os intestinos; 
➢ Cavitários - Ela é ampla, como o coração e o estômago. 
 
❖ Parenquimatosos - Formados por tecido compacto, estes órgãos não apresentam luz, como, 
por exemplo, o fígado, baço e pâncreas. 
 
❖ Pseudoparenquimatosos - Órgãos de aparência compacta contam com espaços diminutos 
formados por túbulos (pequenos tubos) que os percorrem. 
 
Homeostase 
Um conjunto de células que compõe um animal deve trabalhar de modo equilibrado e 
regulado para promover o alcance da chamada homeostase. A homeostase é o estado de equilíbrio 
dinâmico das funções corporais estabelecido por meio de diversos sistemas de controle locais e 
sistêmicos a partir da ativação e/ou inibição de fatores que influenciam a atividade das células. 
Essa influência gera uma reação em cadeia, pois ela afeta os órgãos, os sistemas e, por fim, o 
próprio organismo como um todo. 
Quando o corpo é exposto a uma mudança externa ou interna, pode ocorrer uma perda da 
homeostase. Como consequência disso, diversos mecanismos compensatórios são 
desencadeados. Se eles tiverem sucesso, a homeostase é novamente alcançada e o corpo 
permanece em seu estado saudável. Caso esses mecanismos falhem, o equilíbrio entre as funções 
orgânicas é perdido e ocorre a perda de seu estado saudável. 
Para que suas células consigam realizar adequadamente as funções delas, o corpo animal 
precisa, entre outros parâmetros fisiológicos, se manter numa determinada faixa de: temperatura 
corporal, pressão arterial e frequência cardíaca. Quando tais parâmetros são perdidos, as células 
realizam suas funções de modo inadequado, o que gera um mau funcionamento de todo o 
organismo. É nesse momento que os mecanismos compensatórios buscam o: 
❖ Retorno do parâmetro fisiológico perdido; 
❖ Restabelecimento do equilíbrio do meio interno do corpo do animal; 
❖ Bom funcionamento do organismo, ou seja, a homeostase. 
 
Para garantir a ocorrência de respostas compensatórias que promovam o equilíbrio das 
funções orgânicas, se faz necessária a comunicação celular. Ela ocorre graças à presença de 
moléculas sinalizadoras denominadas ligantes ou mensageiros, podendo ser proteínas, 
aminoácidos e ácidos graxos. A comunicação pode ser: 
❖ Endócrina - Seus mensageiros são os hormônios, ou seja, substâncias químicas produzidas 
por células distantes da célula alvo, que, por sua vez, apresenta receptores para eles na 
superfície de sua membrana plasmática ou no seu citoplasma ou núcleo. Mesmo que sua 
transmissão seja mais lenta, a ação derivada dela é mais duradoura; 
❖ Sináptica - Os mensageiros são neurotransmissores produzidos por neurônios e recebidos por 
outros neurônios e demais células do corpo. A transmissão é mais rápida e menos duradoura. 
 
As respostas compensatórias desencadeadas por esses sistemas são reguladas por 
intermédio de um mecanismo dinâmico conhecido como feedback. Trata-se de um mecanismo de 
retroalimentação no qual eventos são desencadeados em função de outros, garantindo, assim, a 
homeostase. O feedback positivo estimula os efeitos ou o próprio evento, já o negativo inibe ou 
diminui. 
Os mecanismos químicos e físicos de compensação do equilíbrio das funções orgânicas 
garantem a capacidade de adaptação ao meio ambiente, tornando possível a sobrevivência dos 
seres vivos independentemente das condições externas do meio que os cerca. Por conta disso, 
alguns deles apresentam mecanismos compensatórios que lhes garantem a sobrevivência em 
condições nas quais, para outras espécies, é impossível a manutenção da homeostase, levando-
as até mesmo ao óbito. Quanto mais satisfatórios forem os mecanismos reguladores dela, maiores 
serão as chances de sobrevivência face às alterações ocorridas no meio. 
Os animais podem ser caracterizados como homeotérmicos ou pecilotérmicos. Os 
homeotérmicos são os que apresentam mecanismos de regulação da temperatura corporal a 
despeito das variações da temperatura do meio, eles, portanto, conseguem habitar diversos 
ambientes, como as aves e os mamíferos. Já os pecilotérmicos são os que não apresentarem 
esses mecanismos. Por isso, eles precisam se estabelecer em ambientes cuja variação de 
temperatura seja compatível com a temperatura corporal necessária para o desempenho de suas 
funções orgânicas, o que torna sua distribuição espacial mais restrita. É o caso de anfíbios, peixes 
e répteis. 
 
Sistema locomotor 
 
Osteologia 
Os ossos são formados por uma matriz orgânica (35%) e uma matriz inorgânica (65%). A 
matriz orgânica é composta de células e fibras colágenas, que conferem flexibilidade ao osso, 
impedindo que ele se quebre facilmente. Já a matriz inorgânica é formada por cristais de 
hidroxiapatita, substância insolúvelque confere rigidez e resistência aos ossos. Essa composição 
proporciona ao osso a capacidade de persistir nos solos por maior tempo que os tecidos moles, 
por exemplo. 
A própria composição do osso, pela presença da matriz inorgânica, torna-o importante 
reserva de cálcio para o animal, e a constante mobilização do cálcio e do fósforo entre a matriz e 
o sangue faz com que ele participe do metabolismo de minerais no organismo, contribuindo para 
a homeostase. Os ossos oferecem proteção a algumas estruturas anatômicas nobres e vitais, 
como o encéfalo, a medula espinhal, o coração e os pulmões. 
 
❖ Classificação dos ossos 
➢ Planos – Largura maior que o comprimento, pequena espessura. Principal função de 
proteção de órgãos internos; 
➢ Longos – Grande comprimento, com função de locomoção e movimento; 
➢ Alongados – Dimensão intermediária entre ossos longos e planos, função de sustentação e 
proteção; 
➢ Curto – Altura, comprimento e largura equivalentes, tem como função a absorção de 
impactos; 
➢ Irregular – Formato adapto à função. 
 
Além dessa classificação, baseada nas dimensões dos ossos, características especiais 
apresentadas por alguns deles os classificam como viscerais e pneumáticos. 
❖ Viscerais - São os ossos que se localizam no interior de algumas vísceras, como, por exemplo, 
o osso peniano dos cães e o osso cardíaco dos bovinos, localizados, respectivamente, no 
interior do pênis e do coração desses animais; 
❖ Pneumáticos - São ossos que apresentam espaços contendo ar em seu interior. Nos 
mamíferos, esses espaços ósseos que contêm ar são chamados de seios ósseos e podem estar 
presentes nos ossos frontal, maxilar e esfenoidal. Nas aves, os ossos pneumáticos apresentam 
pequenas cavidades preenchidas por ar e podem possuir uma cavidade maior chamada 
forâmen pneumático ou pneumatoporo, pela qual parte dos sacos aéreos penetram e deixam 
as aves mais leves para o voo. Esse tipo de osso está localizado no crânio, nas vértebras e nos 
membros. 
 
Os ossos podem ainda ser classificados anatomicamente como esponjosos e compactos. 
❖ Esponjoso – Ossos ou porções ósseas que apresentam cavidades visíveis a olho nu. 
❖ Compacto - Ossos ou porções ósseas que não apresentam cavidades visíveis a olho nu. 
 
Os ossos longos são 
comumente utilizados como 
modelo de estudo da morfologia 
óssea. Eles apresentam duas 
extremidades denominadas 
epífises, uma proximal e outra 
distal, e um corpo que se 
estende entre as epífises, 
chamado diáfise. A região na 
qual epífises e diáfise se 
encontram é denominada 
metáfise, existindo, portanto, 
uma metáfise proximal e outra 
distal. 
As epífises são 
constituídas de osso do tipo 
esponjoso coberto por uma 
lâmina de osso compacto, 
enquanto a diáfise é 
basicamente formada por osso 
compacto, apresentando 
pequena quantidade de osso 
esponjoso em sua região mais interna. Entre a epífise e a metáfise de animais jovens, observa-se 
a linha epifisária, uma placa de tecido cartilaginoso que vai sendo progressivamente substituída 
por tecido ósseo, contribuindo para que o osso aumente seu comprimento. 
Cada osso é revestido externamente por uma membrana de tecido conjuntivo chamada 
periósteo, que tem a função de proteção, nutrição e renovação das células do osso, além de 
auxiliar a fixação dos músculos. As superfícies articulares de um osso, aquelas em contato com 
outros ossos, não são revestidas pelo periósteo. 
No interior do osso longo, há um espaço preenchido pela medula óssea chamado de 
cavidade medular, que se comunica com o exterior do osso através de um canal denominado 
forâmen nutrício, por onde passam vasos sanguíneos. Essa cavidade medular tem suas paredes 
revestidas por uma membrana de tecido conjuntivo chamada endósteo, que apresenta a mesma 
função do periósteo. 
A superfície externa dos ossos não é totalmente lisa, apresentando proeminências 
(apófises ou processos) e depressões consideradas acidentes ósseos, que estão relacionadas ao 
estabelecimento de junções entre ossos, com a fixação de músculos e seus tendões, e com a 
passagem de nervos e vasos. 
As cabeças, os côndilos e as trócleas, por exemplo, são proeminências esféricas ou ovoides 
que estão relacionadas à articulação entre os ossos. Apesar de desempenharem a mesma função, 
a superfície dos côndilos e das trócleas é separada por uma depressão denominada sulco, 
enquanto a superfície da cabeça não é separada. As trócleas se diferem dos côndilos por serem 
menores. 
As proeminências ósseas não relacionadas com articulações podem ser arredondadas ou 
longas e afiladas. As arredondas podem ser denominadas tuberosidade ou protuberância, 
trocânter e tubérculo. A diferença entre elas é que a tuberosidade é maior que o trocânter, que, 
por sua vez, é maior que o tubérculo. Já as proeminências longas e afiladas podem ser 
denominadas cristas, linhas e espinhas, sendo as espinhas mais proeminentes que as cristas, que 
são mais proeminentes que as linhas. 
As depressões ósseas, assim como as proeminências, podem estar relacionadas às 
articulações ou não. As relacionadas podem ser classificadas como cavidades glenoides e 
cavidades cotiloides, sendo as glenoides mais rasas que as cotiloides. Já as depressões ósseas 
não relacionadas com articulações podem ser classificadas como ranhuras (depressões rugosas), 
sulcos (depressões largas e rasas) ou fossas (depressões profundas). As aberturas podem ser 
classificadas como forâmens (circulares) ou hiatos (formato irregular). 
 
❖ Divisão do esqueleto 
➢ Axial – Composto pelos ossos que formam o crânio, a coluna vertebral e a caixa torácica; 
➢ Apendicular – Composto pelos ossos que formam os membros, chamados anatomicamente 
de apêndices torácico e pélvico; 
➢ Visceral ou esplâncnico - Composto pelos ossos situados no tecido de vísceras. 
 
Estudo anatômico do esqueleto axial 
O esqueleto axial é composto pelos ossos que formam o crânio, além das vértebras, das 
costelas e do esterno. 
 
❖ Crânio 
Os ossos do crânio são responsáveis por proteger as estruturas encefálicas e sustentar os 
órgãos dos sentidos. São classificados em ossos crânicos (neurocrânio) e faciais (esplancnocrânio 
ou viscerocrânio). Os crânicos são relacionados ao encéfalo e ouvido. São os ossos occipital, 
pariental, interparietal, esfenoidal, pterigoide, temporal, frontal, etmoidal e vômer. Dentre eles, os 
ossos occipital, interparietal, esfenoidal, etmoidal e vômer são ímpares, enquanto os demais são 
pares. Os ossos do crânio não apresentam mobilidade. Os faciais são relacionados aos sistemas 
respiratório, digestório e sensorial. São os ossos nasal, lacrimal, palatino, incisivo e zigomático, 
além da maxila, da mandíbula e do aparelho hioideo. Excluindo o aparelho hioideo, que é formado 
por vários ossos articulados entre si, a mandíbula é o único osso ímpar e móvel da face. 
A forma e o tamanho do crânio variam entre as espécies animais e mesmo entre suas raças. 
As aves, por exemplo, apresentam uma projeção da mandíbula e do osso incisivo para formação 
do bico (ranfoteca). Animais dessa espécie apresentam ainda o osso quadrado entre mandíbula e 
o osso temporal, possibilitando maior amplitude de abertura da ranfoteca. Existem vários formatos 
de ranfoteca de acordo com os hábitos alimentares e comportamentais de cada espécie de ave! 
Além disso, suas órbitas oculares são grandes em relação às dos mamíferos. Já cães e gatos não 
apresentam o fechamento completo de suas órbitas. 
 
❖ Coluna 
A coluna vertebral dos animais é dividida em cinco porções: cervical; torácica; lombar; 
sacral; coccígea. É formada por ossos irregulares denominados vértebras, que recebem a mesma 
classificação da porção na qual está localizada. A quantidade total de vértebras varia entre os 
animais, assim como a quantidade de vértebras em cada segmento da coluna vertebral. A 
padronização ocorre apenas na quantidade de vértebras cervicais em mamíferos,sempre em 
número de sete. 
As vértebras de cada segmento da coluna vertebral são enumeradas sequencialmente em 
ordem crescente no sentido craniocaudal. Dessa forma, são designadas pela letra inicial do 
seguimento seguida da ordem numeral. As únicas vértebras que recebem nomes especiais são C1 
(primeira vértebra cervical) e C2 (segunda vértebra cervical), denominadas, respectivamente, de 
atlas e áxis. 
 
❖ Esterno 
O esterno corresponde ao osso ventral da caixa torácica, formado pela união de 
esternebras. Apresenta estrutura anatômica padrão, composta pelo manúbrio (extremidade 
cranial), corpo e apêndice xifoide (extremidade cartilaginosa caudal). 
Assim como na coluna vertebral, a quantidade de esternebras varia de espécie para 
espécie. Porém, a maioria dos mamíferos domésticos tem seu esterno composto por oito 
esternebras fusionadas, com exceção dos suínos, que contam com sete. 
Em mamíferos, esse osso é plano; nas aves, é côncavo em sua face dorsal (visceral) e 
convexo na ventral (parietal), que possui uma crista bem desenvolvida chamada de crista esternal, 
carina ou quilha. Quanto mais desenvolvida for essa crista, maior será a capacidade de voo da ave. 
Além dessas diferenças, o esterno das aves é um osso pneumático. 
 
❖ Costelas 
As costelas são ossos alongados que ajudam a proteger as estruturas anatômicas 
presentes na cavidade torácica. 
Assim como as vértebras, as costelas apresentam estrutura anatômica padrão básica. 
Contam com extremidade dorsal ou vertebral (localização da cabeça e da tuberosidade, que se 
articulam com as vértebras torácicas), corpo e extremidade ventral ou esternal (localização da 
cartilagem condral, que se articula com o esterno). 
 
➢ Verdadeiras - Costelas unidas diretamente ao esterno por meio de uma cartilagem 
denominada condral; 
➢ Falsas - Unidas indiretamente ao esterno por meio da cartilagem condral de costelas 
verdadeiras; 
➢ Flutuantes - Não apresentam articulação com o esterno, nem direta nem indiretamente. 
 
Nos mamíferos, as primeiras costelas são esternais, e as últimas, flutuantes. Já nas aves, 
ocorre o contrário. A borda caudal das costelas das aves, exceto a primeira e a última, possui uma 
projeção caudal em forma de gancho chamada de processo uncinado, que confere maior rigidez 
ao tórax desses animais e auxilia na respiração. Esses processos diferem de tamanho entre as 
diferentes espécies de aves, estão presentes em alguns répteis (porém, são cartilaginosos) e já 
foram encontrados em fósseis de algumas aves primitivas e de alguns dinossauros. 
A quantidade de costelas varia entre as espécies, e essa variação não é apenas em relação 
ao seu número total, mas também em relação ao número específico de cada tipo. 
 
Estudo anatômico do esqueleto apendicular 
O esqueleto apendicular é composto pelos ossos que compõem os membros dos animais, 
denominados apêndices. Os apêndices mais craniais são denominados apêndices torácicos, 
enquanto os mais caudais se chamam apêndices pélvicos. Os mamíferos e as aves são conhecidos 
como tetrápodes, ou seja, possuem quatro apêndices (dois torácicos e dois pélvicos). Apesar de 
desempenharem as mesmas funções gerais, suspender corpo, sustentar o peso corporal e 
permitir a locomoção do animal, os apêndices torácico e pélvico se diferenciam pelos ossos que 
os compõem e pela quantidade de ossos em cada um deles. Diferenças podem ser encontradas 
também entre um mesmo tipo de apêndice em espécies diversas, principalmente devido à 
adaptação evolutiva. 
O esqueleto apendicular torácico é constituído pelos ossos do cíngulo torácico, do braço, do 
antebraço e da mão. O esqueleto apendicular pélvico é constituído pelos ossos do cíngulo pélvico, 
da coxa, da perna e do pé. 
 
❖ Cíngulo torácico 
O cíngulo torácico ou escapular tem a função de ancorar o apêndice torácico no tronco do 
animal e é formado pela escápula, pelo osso coracoide e pela clavícula. Como os mamíferos 
domésticos não apresentam clavícula e o osso coracoide é vestigial, sendo reduzido a um 
processo da escápula, seu cíngulo escapular é incompleto. 
A escápula é um osso plano que, em mamíferos domésticos, está disposto em um ângulo 
oblíquo ao segmento torácico da coluna vertebral, articulando-se distalmente com o úmero por 
meio da cavidade glenóide, permitindo o movimento dos membros. 
Nas aves, a escápula se dispõe paralelamente à coluna vertebral, facilitando o voo. Nos 
animais que possuem clavícula, a escápula se articula com ela em sua região proximal. Contudo, 
na ausência de clavícula, a escápula é fixada proximalmente por meio de uma forte musculatura 
localizada na região do tórax. Apresenta uma espinha e uma superfície rugosa (face serrátil) que 
auxiliam a inserção de diversos músculos da região. 
A clavícula, presente em aves, encontra-se cranialmente à escápula, limitando a entrada da 
cavidade celomática. As clavículas direita e esquerda se unem ventralmente, formando a fúrcula; 
essa união gera o que muitos conhecem como “osso da sorte”. O osso coracoide, também presente 
nas aves, é pneumático e se articula distalmente com o esterno e proximalmente forma a cavidade 
glenoide com a escápula, articulando-se também com a clavícula. 
 
❖ Braço e antebraço 
O braço é formado exclusivamente pelo úmero, enquanto o antebraço é constituído pelo 
rádio e pela ulna. O úmero é um osso longo que se articula proximalmente com a escápula e 
distalmente com o rádio e a ulna e apresenta formato cilíndrico e torcido, possuindo acidentes 
ósseos que auxiliam a inserção e os músculos. Em sua epífise distal, está presente a fossa do 
olécrano, que ajuda a estabilizar a articulação do cotovelo. 
O úmero das aves é um osso longo, pneumático e encurvado, situado paralelamente às 
escápulas e articulado proximalmente com o osso coracoide e com a escápula, na cavidade 
glenoide. 
O rádio e a ulna também são considerados ossos longos. Apresentam-se fusionados nas 
suas regiões proximal e distal, com a presença de um espaço interósseo entre as diáfises desses 
ossos. O tamanho desse espaço varia entre as espécies, sendo pequeno em equinos e ruminantes 
e maior nos suínos e carnívoros. O rádio e a ulna se articulam proximalmente com o úmero e 
distalmente com os ossos do carpo, que formam o punho. 
No antebraço, enquanto o rádio é mais medial, a ulna é mais lateral, sendo mais 
desenvolvida em sua região proximal, formando o olécrano, que se insere na fossa do olécrano do 
úmero, conferindo maior estabilidade à articulação. No suíno e no cão, a ulna é maior e mais longa 
que em outras espécies. Assim como o úmero, esses ossos contam com acidentes que facilitam a 
inserção de músculos. 
Nas aves, quanto mais desenvolvidos forem o rádio e a ulna, maior será a capacidade de 
voo do animal. Eles estão dispostos paralelamente ao úmero. A ulna é mais longa que o rádio, 
sendo encurvada e apresentando projeções ósseas em sua borda lateral para inserção das penas 
das asas. 
A disposição praticamente paralela entre vértebras torácicas, clavícula, úmero, rádio e ulna 
das aves permite que elas consigam fechar e abrir suas asas. Além disso, o formato encurvado 
do úmero e da ulna promovem melhor aerodinâmica para o voo. 
 
❖ Mão 
A mão é formada pelos ossos do carpo, pelos metacarpos e pelos dígitos. O carpo é formado 
por um grupo de ossos curtos e cúbicos, dispostos em duas fileiras transversais, uma fileira 
proximal e uma fileira distal, formando o punho. Os ossos da fileira proximal se articulam com o 
rádio e a ulna, e os da fileira distal se articulam com o metacarpo. 
De modo geral, a fileira proximal do carpo conta com quatro ossos: os ossos carporradial, 
carpo intermédio, carpoulnar e carpo acessório. Já a fileira distal conta com quatro ossos, que são 
numerados de medial para lateral, em vez de receberem nomes: o primeiro, o segundo, o terceiro 
e o quarto ossos cárpicos. 
Os metacarpos são ossos longos articulados proximalmentecom os ossos da fileira distal 
do carpo e distalmente com a falange proximal dos dígitos. Estão em número máximo de cinco, 
sendo numerados de medial para lateral em metacarpos I, II, III, IV e V. São responsáveis por 
ampliar a capacidade de apreensão de objetos pela mão. O número de metacarpos varia entre as 
espécies. Nas galinhas, por exemplo, o metacarpo I é rudimentar, o II é pouco desenvolvido, o III é 
fusionado ao IV, e o V é fusionado ao osso carpoulnar. 
Os dígitos formam os dedos dos animais e estão em número máximo de cinco, sendo 
numerados de medial para lateral em dígitos I, II, III, IV e V. De modo geral, são compostos por três 
segmentos ósseos denominados falange proximal, falange média e falange distal. Da mesma 
forma que os ossos do carpo e do metacarpo, há grande variação entre os dígitos das diferentes 
espécies. Observe a figura a seguir e perceba que, enquanto o cão conta com os cinco dígitos, o 
equino só apresenta o dígito III. O dígito I presente em carnívoros é vestigial e conta apenas com 
duas falanges, uma proximal e outra distal. Nas galinhas, encontramos três dígitos, o II é mais 
desenvolvido (álula) e apresenta duas falanges, o III possui apenas uma, e o I é rudimentar. 
A forma como os animais apoiam seus apêndices diverge entre as espécies. Os ursos, por 
exemplo, apoiam totalmente as mãos no solo, sendo classificados como plantígrados. Os 
carnívoros apoiam apenas os dígitos, sendo conhecidos como digitígrados. Já equinos, suínos e 
ruminantes apoiam seus cascos no solo, sendo denominados ungulígrados. Os plantígrados têm 
um caminhar mais lento, enquanto os digitígrados e ungulígrados alcançam maiores velocidades 
de corrida. 
 
❖ Cíngulo pélvico 
O cíngulo pélvico ou pelve apresenta variadas funções, como a proteção de vísceras, a 
locomoção do animal e a manutenção da estática corporal, contribuindo também com o parto, a 
cópula, a micção e a defecação. É formado pelo osso coxal, pelo sacro e pelas três primeiras 
vértebras coccígeas. Como já estudamos as vértebras, vamos nos ater ao estudo do osso coxal. 
Esse osso irregular é formado pela junção de três ossos planos: ílio, ísquio e púbis. O ílio é 
situado cranialmente no coxal, articulando-se dorsalmente com o sacro; o ísquio se situa 
caudalmente, e o púbis, ventralmente. 
Os três juntos compõem a superfície articular que se encaixa ao fêmur, denominada 
acetábulo. Além disso, o coxal direito se une ao coxal esquerdo por meio da sínfise pélvica 
observada no púbis. Apresentam também acidentes ósseos que facilitam a inserção de músculos. 
Nas aves, os dois ossos púbis são voltados caudalmente, não havendo sínfise pélvica ventral. 
Legenda: Esqueleto de ave, evidenciando ossos do coxal. 
 
❖ Coxa e perna 
A coxa é formada por um único osso longo chamado fêmur, que se articula proximalmente 
com o coxal e distalmente com a tíbia e a patela, osso curto e sesamoide que auxilia a passagem 
e inserção de tendões e ligamentos na articulação do joelho. O fêmur também apresenta acidentes 
ósseos que facilitam a inserção de músculos. 
A perna é formada medialmente pela tíbia e lateralmente pela fíbula, dois ossos longos. A 
tíbia se articula proximalmente com o fêmur, enquanto a fíbula se funde à tíbia nessa região, 
formando um espaço interósseo. Distalmente, a tíbia se articula com os ossos do tarso. A fíbula 
de equinos, bovinos e aves não se estende até o final da tíbia. 
 
❖ Pé 
O pé é formado pelos ossos do tarso, pelos metatarsos e pelos dígitos. O tarso é formado 
por um grupo de ossos curtos e cúbicos, dispostos em três fileiras transversais, uma fileira 
proximal, uma fileira central e uma fileira distal, constituindo o tornozelo. Os ossos da fileira 
proximal se articulam com a tíbia, e os da fileira distal, com o metatarso. 
A fileira proximal do tarso conta com dois ossos, tarsotibial (talo) e tarsofibular (calcâneo), 
enquanto a fileira central conta com apenas um osso, o osso central do tarso. Já a fileira distal 
conta com até quatro ossos, que são numerados de medial para lateral, em vez de receberem 
nomes: o primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto ossos társicos. 
As diferenças mais marcantes ficam com as aves. Nesses animais, os ossos da fileira 
proximal do tarso são unidos à tíbia, formando o osso tibiotarso. O osso central do tarso é 
inexistente, e os ossos da fileira distal se unem aos metatarsos, formando o osso tarsometatarso. 
Dessa forma, consideramos que as aves não possuem tarso. 
Os metatarsos são ossos longos articulados proximalmente com os ossos da fileira distal 
do tarso e distalmente com a falange proximal dos dígitos. Estão em número máximo de cinco, 
sendo numerados de medial para lateral em metatarsos I, II, III, IV e V. O número de metatarsos 
varia entre as espécies. Nas galinhas, por exemplo, o metatarso I é rudimentar e fusionado ao 
dígito I, enquanto os metatarsos II, III e IV são fusionados. Em algumas aves, há uma proeminência 
no tarsometatarso chamada processo calcaris, que corresponde a uma projeção de apoio ao 
esporão, mais desenvolvido em machos e utilizado para lutar. 
 
Estudo anatômico do esqueleto visceral 
O esqueleto visceral é composto pelos ossos situados no interior de vísceras, estando 
presente em pouquíssimas espécies. 
Em cães, gatos e em outras espécies de mamíferos, como os primatas não humanos, é 
observada a presença do osso peniano. Esse osso começa a se desenvolver nos corpos 
cavernosos do corpo do pênis do animal logo após seu nascimento. Tem a função de auxiliar na 
cópula, ajudando a manter a ereção peniana e a direcionar o pênis até a vulva da fêmea. O 
equivalente feminino do osso peniano é o osso clitoriano, presente no clitóris de cadelas e gatas, 
mantendo essas estruturas rígidas e eretas. 
Em bovinos e ovinos adultos, podem ser encontrados de um até três ossos dentro do 
coração, na base da artéria aorta, denominados osso cardíaco, que servem como uma estrutura 
de sustentação de fibras do músculo cardíaco (miocárdio) e das válvulas cardíacas. 
O osso rostral dos suínos, resultado da união entre a extremidade rostral do septo nasal e 
os ossos incisivos, confere resistência ao focinho do animal, para que ele possa fuçar o solo. 
 
Composição, função e classificação das articulações 
O ponto de contato entre dois ou mais ossos é denominado articulação ou juntura. Por isso, 
as articulações do corpo animal recebem o nome dos ossos que unem e podem ser de vários tipos 
e formas, dependendo da função que devem exercer. Essas estruturas podem apresentar variadas 
funções, como a proteção de estruturas anatômicas, a inserção de tendões e ligamentos, a 
realização de movimentos de alavanca ou de rotação, que podem mover parte isolada do corpo ou 
um conjunto de partes, contribuindo para a locomoção dos animais. 
Assim, uma articulação pode ser classificada quanto ao número de peças ósseas que une, 
quanto à forma como essas peças se encaixam, quanto à proximidade existente entre elas, quanto 
à função que exercem e quanto à sua composição. 
Quando uma articulação une apenas dois ossos, ela é chamada de articulação simples e, 
quando une mais de dois ossos, é denominada articulação composta. 
Nas articulações, os ossos podem se unir perfeitamente ou não, o que nos leva a mais de 
uma forma de classificá-las. Quando o encaixe entre os ossos se dá de modo praticamente 
perfeito, são chamadas de articulações concordantes, quando o encaixe entre os ossos não 
apresenta união perfeita, são denominadas articulações discordantes. 
Quando não existe espaço entre os ossos articulados, trata-se de uma articulação falsa; 
quando esse espaço é observado, dizemos que corresponde a uma articulação verdadeira. As 
falsas são, comumente, derivadas de um processo de ossificação da articulação conhecido como 
sinostose, que acaba deixando os ossos fusionados, em vez de conectados o que torna esse tipo 
de articulação imóvel. 
Uma classificaçãomais complexa envolve a composição e a função da articulação em 
questão. Nesse sentido, o tipo de tecido orgânico que une os ossos deve ser considerado, e as 
articulações podem ser classificadas como sinartrose (articulação fibrosa), anfiartrose 
(articulação cartilaginosa), sinsarcose (articulação muscular) ou diartrose (articulação sinovial). 
A sinartrose ou articulação fibrosa é uma articulação formada por tecido conjuntivo fibroso 
rico em fibras colágenas. São articulações imóveis ou praticamente imóveis, resistentes e 
temporárias, já que naturalmente sofrem sinostose. Sua função é apenas manter os ossos unidos, 
e não conferir mobilidade à estrutura. Caso seja formada por curtas fibras de tecido fibroso, a 
sinartrose recebe o nome de sutura. Se for constituída por fibras mais longas, podendo até formar 
ligamentos, é chamada de sindesmose. 
As suturas estão presentes entre os ossos do crânio, sendo mais abundante em filhotes. 
Com isso, o crânio consegue atravessar o canal do parto sem sofrer fraturas, deformidades ou 
comprimir o encéfalo. Outro ponto importante é o fato de que o encéfalo cresce mais rapidamente 
que os ossos do crânio, e as suturas permitem que esse crescimento ocorra sem que haja 
compressão das estruturas anatômicas. Com o passar dos anos e com o crescimento já 
interrompido, essas suturas passam pelo processo de sinostose. 
Dependendo da forma de contato entre as bordas dos ossos, uma sutura pode ser 
considerada serrátil (bordas denteadas que se encaixam, como, por exemplo, a sutura entre os 
ossos parietal e frontal), escamosa (borda de um osso sobreposta à do outro, entre os ossos 
temporal e parietal, por exemplo) ou plana (bordas lisas, como a sutura entre os ossos nasais). 
A anfiartrose ou articulação cartilaginosa é uma articulação formada por tecido conjuntivo 
cartilaginoso fibroso ou hialino. São articulações pouco móveis ou imóveis, podendo ser 
temporárias ou permanentes. Tem como função conferir resistência à tração e à flexão, amortecer 
o choque entre os ossos e mantê-los unidos. A placa epifisária dos ossos longos é formada por 
cartilagem hialina e auxilia também no seu crescimento. Caso seja formada por cartilagem fibrosa, 
é denominada sínfise, como a existente entre os ossos púbis do coxal (sínfise pélvica) e entre as 
vértebras (disco vertebral). No caso de ser composta por cartilagem hialina, é denominada 
sincondrose, como a existente entre as costelas e a cartilagem costal (articulação costocondral). 
Uma sinsarcose ou articulação muscular é aquela na qual os ossos são unidos por tecido 
muscular. Ocorre no apêndice torácico de mamíferos, mais especificamente na região da escápula. 
Você deve lembrar que, no módulo anterior, conversamos sobre a ausência da clavícula nos 
mamíferos domésticos. Nesses casos, a escápula permanece unida ao tronco pela musculatura 
da região. 
A diartrose ou articulação sinovial apresenta estrutura complexa formada essencialmente 
por uma cápsula articular, que se estende da epífise do osso proximal até a epífise do osso distal, 
envolvendo as superfícies articulares dos ossos e formando uma cavidade articular. Diartroses 
são as articulações dotadas de grande mobilidade, sendo responsáveis por praticamente todos os 
movimentos do corpo do animal. Internamente, a cápsula é revestida por uma membrana sinovial 
produtora de líquido sinovial, que se acumula na cavidade. As superfícies articulares são 
revestidas externamente por cartilagem articular (hialina), e o líquido sinovial é responsável por 
nutrir a cartilagem, reduzir o atrito e amortecer o impacto entre elas. Além de apresentarem esses 
cinco componentes obrigatórios, as diartroses podem ter componentes acessórios. 
 
 
 
 
 
Movimento das articulações 
As diartroses são as articulações capazes de realizar ampla gama de movimentos, podendo 
ser classificadas em: 
 
❖ Monoaxiais – Movimento ocorre apenas em um eixo angular (geralmente flexão e extensão) 
ou central (rotação); 
❖ Biaxiais – Movimento ocorre em dois eixos angulares (flexão, extensão, adução e abdução), 
podendo combiná-los e gerar o movimento de circundação; 
❖ Triaxiais - Movimento ocorre em dois eixos angulares (flexão, extensão, adução e abdução), 
podendo realizar circundação, e num eixo central (rotação). 
 
Tipos de músculos e suas funções 
Os músculos são formados por células que apresentam algumas propriedades importantes: 
 
❖ Excitabilidade - Capacidade de responder a estímulos nervosos. Alguns músculos, como o 
estriado cardíaco, conseguem gerar e conduzir seus próprios impulsos elétricos; 
❖ Contratilidade – Capacidade de encurtamento de suas fibras, promovendo a contração 
muscular; 
❖ Extensibilidade - Capacidade de estiramento de suas fibras; 
❖ Elasticidade - Capacidade de retomar o comprimento de suas fibras após a contração. 
 
A partir dessas propriedades, os músculos dão forma ao corpo e são capazes de executar 
diversas funções, como o movimento de vísceras, a proteção de estruturas anatômicas e a 
locomoção. Além disso, os músculos servem como uma fonte reserva de energia (acumulam 
glicogênio), auxiliam também na regulação da temperatura corpórea (tremores produzem calor), 
na circulação sanguínea (batimentos cardíacos impulsionam o sangue através dos vasos) e no 
retorno da linfa (comprimem vasos linfáticos, estimulando a captação e o transporte da linfa). 
O número de músculos existente em cada espécie animal varia conforme a necessidade de 
seu uso. De qualquer forma, no corpo animal, são encontrados três tipos de músculos, o músculo 
liso, o músculo estriado cardíaco e o músculo estriado esquelético. 
O músculo liso possui longas fibras fusiformes com um núcleo central. Está presente nas 
vísceras e executa contrações involuntárias lentas e fracas, porém duradouras. Atua promovendo 
os movimentos peristálticos observados no tubo digestório. Essas fibras possuem capacidade de 
regeneração, caso ocorra alguma lesão muscular. 
O músculo estriado cardíaco possui fibras cilíndricas, mais curtas que as do músculo liso, 
apresentam núcleo central e discos intercalares que as conectam umas com as outras, além de 
estrias transversais, daí seu nome “estriado”. Está presente no coração, compondo o músculo 
cardíaco (miocárdio), e executa contrações involuntárias rítmicas e fortes. Essas fibras não 
possuem capacidade de regeneração. 
O músculo estriado esquelético possui longas fibras cilíndricas com vários núcleos 
periféricos e estrias transversais. Executa contrações voluntárias rápidas e fortes. Estão 
associados aos ossos, cruzando suas articulações, sendo responsáveis pelos movimentos do 
corpo. Suas fibras apresentam capacidade parcial de regeneração. 
Os músculos estriados esqueléticos possuem três porções anatômicas distintas: 
❖ Cabeça ou origem – Ponto fixo do músculo, geralmente situada no osso proximal; 
❖ Corpo ou ventre – Região que executa a contração propriamente dita, cruzando a região 
articular entre os ossos; 
❖ Cauda ou inserção - Ponto móvel do músculo, geralmente situado no osso distal, promovendo 
os movimentos de angulação ou rotação entre os ossos articulados. 
 
Os anexos musculares são os tendões, as aponeuroses e as fáscias musculares. 
❖ Tendão – O tendão é uma faixa de tecido conjuntivo em forma de fita que fixa o músculo em 
alguma outra estrutura anatômica, como os ossos, por exemplo; 
❖ Fáscia – A fáscia corresponde a um envoltório de tecido conjuntivo que recobre um ou vários 
músculos, diminuindo o atrito entre os músculos e as estruturas anatômicas adjacentes 
durante a contração muscular. Ela emite projeções para o interior do músculo, formando 
septos intermusculares que o separam em compartimentos; 
❖ Aponeurose - Aponeurose tem a mesma composição e função dos tendões, porém é uma faixa 
mais larga. 
 
Estrutura e classificação do músculo estriado esquelético 
Esse músculo tem cada uma de suas fibras envoltas por umamembrana de tecido 
conjuntivo chamada endomísio. Essas fibras são agrupadas em diversos feixes musculares, que 
são envoltos por outra membrana de tecido conjuntivo chamada perimísio. Os feixes musculares, 
por sua vez, são agrupados, formando o músculo, que é envolto por uma nova camada de tecido 
conjuntivo chamada epimísio. 
Essas membranas unem as fibras musculares, fazendo com o músculo contraia por inteiro, 
e transferem a força de contração do músculo para estruturas anatômicas conectadas a ele. Além 
disso, permitem a presença dos vasos sanguíneos entre as fibras musculares. 
Esses músculos apresentam sempre a estrutura, contudo, podem ser classificados quanto 
à sua localização, quanto à disposição de suas fibras, quanto à forma que possuem, quanto ao 
número de origens, ventres e inserções, quanto ao movimento que executam, quanto ao tipo de 
contração que realizam e quanto à função do movimento executado. Outra classificação importante 
está relacionada com a fonte energética utilizada pelo músculo para realizar sua ação. 
 
❖ Músculos superficiais – Os músculos mais próximos à superfície do corpo são chamados de 
músculos superficiais ou cutâneos; estão localizados sob a pele e se inserem na derme; 
❖ Músculos profundos - Já os músculos profundos ou subaponeuróticos são os que ficam sob a 
derme e se inserem nos ossos. 
 
Quando as fibras musculares são dispostas longitudinalmente ao tendão muscular, formam 
um músculo reto; quando essas fibras estão dispostas transversalmente a ele, formam um 
músculo transverso. Há ainda os casos em que as que estão dispostas obliquamente ao tendão 
formam um músculo oblíquo ou peniforme, pois lembram o formato de uma pena. 
Dependendo da forma como as fibras oblíquas se inserem no tendão de um músculo, ele 
pode ser subclassificado em unipenado (as fibras se inserem em apenas uma borda lateral do 
tendão), bipenado (as fibras se inserem em ambas as bordas laterais do tendão) ou multipenado 
(as fibras se inserem nas bordas de mais de um tendão). 
O formato que o músculo apresenta pela união de seus feixes musculares pode classificá-
lo como longo (comprimento das fibras maior que largura), plano (largura e comprimento das 
fibras se equivalem), curto (comprimento das fibras menor que largura) ou orbicular (fibras 
circunféricas). Geralmente, os músculos longos são fusiformes; os planos apresentam forma de 
leque, e os curtos são triangulares. 
Além disso, os músculos podem possuir mais de uma origem, sendo categorizados como 
moníceps (uma cabeça), bíceps (duas cabeças), tríceps (três cabeças), quadríceps (quatro 
cabeças) ou políceps (mais de quatro cabeças). O mesmo ocorre em relação ao número de ventres, 
sendo classificados como monogástrico (apenas um ventre), digástrico (dois ventres) ou 
poligástrico (mais de dois ventres) e quanto ao número de inserções, podendo ser identificados 
como monocaudado (um ponto de inserção), bicaudado (dois pontos de inserção) ou policaudado 
(mais de dois pontos de inserção). Os diversos ventres dos músculos são separados por tendões. 
❖ Músculo agonista - O músculo agonista é aquele cuja contração desempenha a ação principal 
do movimento; 
❖ Músculo sinérgico - O músculo sinérgico é aquele cuja contração auxilia as ações executadas 
pelos dois primeiros. 
❖ Músculo antagonista - O músculo antagonista é aquele cuja contração desempenha a ação 
oposta ao músculo agonista. 
 
O encurtamento das fibras musculares promove a contração dos músculos e, com isso, os 
movimentos angulares e rotacionais das articulações. Caso esse encurtamento provoque o 
afastamento entre a origem e a inserção do músculo, ocorre uma contração muscular excêntrica. 
Se o encurtamento das fibras não gerar movimento aparente, servindo apenas para manter a 
estabilidade articular e a postura corporal, trata-se de uma contração muscular isométrica, que 
ocorre quando músculos agonistas e antagonistas contraem simultaneamente. 
A função do movimento realizado pelo músculo é utilizada para categorizá-los também em 
músculo flexor (movimento articular angular de flexão), extensor (movimento articular angular de 
extensão, adutor (movimento articular angular de adução), abdutor (movimento articular angular 
de abdução), rotador (movimento articular rotacional), pronador (movimento articular rotacional 
externo da mão, de medial para lateral) e supinador (movimento articular rotacional interno da 
mão, de lateral para medial). 
As fibras musculares vermelhas são dotadas de maior capacidade de reserva de oxigênio, 
possuindo coloração avermelhada em função da grande quantidade de mioglobina em seu interior. 
São capazes de realizar contração lenta e menos potente, estando relacionadas ao esforço 
prolongado. Já as fibras musculares brancas não contam com muitas mioglobinas, tendo sua 
capacidade de reserva de oxigênio limitada e fazendo com que sua coloração seja mais clara. São 
capazes de realizar contração rápida e potente, fadigando mais rapidamente que as fibras 
vermelhas. Dependendo da proporção de um tipo de fibra em relação ao outro, o músculo pode 
ser classificado como vermelho ou branco. Nas aves, por exemplo, os músculos peitorais são 
compostos por maior quantidade de fibras brancas devido à necessidade de se contraírem 
rapidamente para que a ave possa alçar voo. Nos mamíferos, as fibras dos músculos peitorais são 
vermelhas, permitindo as caminhadas. 
 
Músculos da cabeça 
Os músculos da cabeça estão relacionados principalmente aos movimentos de mastigação 
e de expressão facial. Enquanto os músculos responsáveis pela mastigação (músculos 
mastigatórios) são inervados pelos ramos do nervo trigêmeo, os músculos responsáveis pelas 
expressões faciais (músculos mímicos) são inervados pelos ramos do nervo facial. 
Os músculos mastigatórios estão relacionados à mandíbula. O movimento de mandíbula 
permite, por exemplo, que os animais apreendam seu alimento, realizem a mastigação e a 
deglutição, defendam-se e se higienizem. Nas aves, há o músculo mandibular, que controla a ação 
da ranfoteca. Quanto mais desenvolvido for o músculo mandibular, mais força a ave terá em sua 
ranfoteca. Esses animais possuem ainda um músculo específico chamado de músculo da ninhada, 
localizado no dorso da cabeça do filhote, permitindo a realização do movimento característico de 
perfuração da casca do ovo, atrofiando logo após a eclosão. Além disso, a articulação entre 
occipital, atlas e áxis permite maior mobilidade da cabeça, o que compensa o fato de os músculos 
oculares serem pouco desenvolvidos. 
Já os faciais estão dispostos superficialmente nas regiões frontal, de lábios e nariz, de 
pálpebras e de orelhas, permitindo que o animal consiga expressar suas emoções, por exemplo. 
Os grupos de cada região da face promovem ações específicas. Os situados na região de boca e 
nariz permitem fechar a boca, elevar e retrair o lábio maxilar, dilatar narinas, além de possibilitar 
os movimentos de sucção e de pressão entre os lábios. Os situados na região de pálpebras 
promovem o fechamento dos olhos e a retração das pálpebras. Já os localizados na região de 
orelhas estão presentes apenas nos mamíferos, sendo responsáveis pela fixação do pavilhão 
auricular e pelo movimento de levantar ou abaixar a orelha. 
 
Músculos do pescoço, tronco e cauda 
São agrupados em músculos da coluna vertebral, músculos hioideos, músculos torácicos, 
músculos abdominais e músculos da cauda. 
Os músculos da coluna vertebral podem estar localizados dorsalmente aos processos 
transversos das vértebras (músculos epaxiais) ou ventralmente a eles (músculos hipoaxiais), 
sendo inervados pelos ramos dorsais e ventrais dos nervos espinhais, respectivamente. Têm a 
função de flexão, extensão, lateralização ou fixação da coluna vertebral; com isso, o animal 
consegue movimentar a cabeça e o pescoço. Alguns desses músculos auxiliam também na 
respiração pela expansão ou retração dacaixa torácica. Há também os músculos motores 
específicos da cabeça, localizados na região das duas articulações atlantoaxial e atlantooccipital, 
realizando movimento angular e rotacional da cabeça. 
Os músculos hioideos estão localizados na região ventral do pescoço, sendo capazes de 
mover o aparelho hioideo, a língua, a cabeça e o pescoço, realizando os movimentos necessários 
à deglutição. A maior parte dos músculos do pescoço de aves são entrelaçados, permitindo os 
amplos movimentos de cabeça e do pescoço. Além disso, os músculos dorsais e ventrais do 
pescoço são bastante desenvolvidos, auxiliando na apreensão de alimentos. 
Os músculos torácicos estão localizados na parede do tórax, sendo responsáveis pelos 
movimentos das costelas, contribuindo para a inspiração e expiração e para a estabilização da 
coluna vertebral. São inervados pelos nervos intercostais e frênico. O músculo diafragma está 
presente nesse grupo; além de participar ativamente da respiração, ele separa as cavidades 
torácica e abdominopélvica, estando ausente em aves. 
São apenas quatro os músculos abdominais, porém atuam em diversas funções, como 
suportar o peso das vísceras, estabilizar a coluna vertebral e auxiliar na defecação, micção, 
reprodução, no parto e na locomoção. Estão localizados na região abdominopélvica, formando a 
parede abdominal, e são inervados pelos nervos intercostais, costoabdominal, iliohipogástricos 
cranial e caudal e nervo ilioinguinal. 
Os músculos da cauda são observados em mamíferos domésticos. São inervados pelo plexo 
caudal e pelos ramos de nervos sacrais. Ajudam a estabilizar a coluna vertebral, a equilibrar o 
tronco e a fixar o ânus. Também estão relacionados à movimentação da cauda para cima, para 
baixo ou para os lados, sendo importantes na demonstração de comportamentos específicos, na 
defecação e na reprodução dos animais. 
 
 
 
Músculos do apêndice torácico e pélvico 
 Os músculos do apêndice torácico estão relacionados principalmente à suspensão do 
tronco, locomoção do animal, inspiração e a alguns movimentos de cabeça e pescoço. São 
agrupados em músculos do cíngulo torácico e músculos intrínsecos do apêndice torácico. 
Os músculos do cíngulo torácico têm origem no crânio, nas vértebras cervicais, costelas ou 
no esterno e se inserem na porção proximal da escápula ou do úmero. Sua inervação se dá pelo 
plexo braquial, nervo acessório, nervo toracodorsal, ramos ventrais de nervos espinhais, nervos 
peitorais e nervos torácicos. 
Em mamíferos domésticos, devido à ausência da clavícula, esses músculos são os 
responsáveis pela ligação do apêndice torácico ao tronco. Em aves, auxiliam o voo, e, quanto maior 
for a capacidade de voo, mais desenvolvidos serão. 
Os músculos intrínsecos do apêndice torácico estão relacionados à união entre os ossos 
desse membro e realizam movimentos de flexão, extensão, adução e abdução das articulações, 
participando da locomoção, da sustentação do peso corporal e do ato de escavar o solo e arranhar. 
São inervados pelos nervos supraespinhal axilar, subescapular, musculocutâneo radial, 
ulnar e medianos. Originam-se na escápula, no úmero, rádio ou na ulna e se inserem no úmero, 
rádio, na ulna, no metacarpo ou na falange. São agrupados em músculos do ombro, do cotovelo e 
da mão, além dos músculos supinadores e pronadores do rádio e da ulna. 
Os músculos do apêndice pélvico estão relacionados principalmente à estabilização da 
pelve e da coluna vertebral, ao suporte do peso do abdômen, ao arqueamento dorsal da coluna 
lombar (importante para micção, defecação, parto e a cópula) e à locomoção do animal. São 
agrupados em músculos do cíngulo pélvico e músculos intrínsecos do apêndice pélvico. 
 
Sistema nervoso 
O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC), que inclui o encéfalo e a 
medula espinal, e o sistema nervoso periférico (SNP), que consiste em todo tecido nervoso fora 
do SNC. Ele recebe estímulos de um ou mais receptores e transmite informação para um ou mais 
efetores, que respondem à estimulação. 
Por conseguinte, as respostas do sistema nervoso envolvem contrações musculares e 
secreções glandulares. O sistema nervoso regula toda e qualquer atividade de um animal, 
integrando a informação sensorial imediata recebida com a armazenada, ou seja, os resultados de 
experiências passadas. Em seguida, traduz as informações passadas e presentes em ações, por 
meio dos efetores. 
 
Tipos de células 
Existem dois tipos de células no sistema nervoso: as células da neuróglia ou glia e os 
neurônios. 
As células da neuróglia (glia = “cola”) não transmitem impulsos, e sim nutrem, sustentam, 
conectam e isolam os neurônios. Além disso, unem o tecido nervoso e podem ser especializadas. 
Células ependimárias, oligodendrócitos, astrócitos e microglia são neuroglias exclusivas do 
sistema nervoso central, enquanto as células satélites e as células de Schwann são exclusivas do 
sistema nervoso periférico. A micróglia engloba materiais estranhos e bactérias; a oligodendróglia 
e as células de Schwann isolam os axônios dos neurônios; as células ependimárias revestem o 
canal central do encéfalo e medula espinal; e os astrócitos passam nutrientes entre os capilares 
sanguíneos e os neurônios. Essas células guiam o desenvolvimento dos neurônios, regulam os 
níveis de comunicação química (sinapses) e controlam o fluxo sanguíneo para os neurônios ativos. 
Os neurônios são especializados na transmissão de impulsos elétricos a longas distâncias 
por todo o corpo, sendo a unidade estrutural e funcional do sistema nervoso. Um neurônio consiste 
no corpo celular, o pericário, e em prolongamentos celulares finos, denominados fibras nervosas 
(ou neuritos) se forem longos. Os prolongamentos são de dois tipos: axônio ou dendritos. Os 
dendritos transmitem os impulsos elétricos que chegam ao pericário. Os axônios transportam os 
impulsos e deixam o pericário. Os neurônios são agrupados de acordo com o número de 
prolongamentos. 
Os neurônios unipolares possuem uma única haste, que se divide em dendrito e axônio. Os 
neurônios bipolares apresentam dois prolongamentos, habitualmente em extremidades opostas. 
Os neurônios multipolares possuem muitos prolongamentos associados ao corpo celular. Os 
neurônios e seus prolongamentos são frequentemente conhecidos por terminologias diferentes, 
dependendo de sua localização no SNC ou no SNP. Por exemplo, um conjunto de fibras nervosas 
que seguem um percurso juntas é um trato nervoso no SNC e um nervo no SNP. Um conjunto de 
corpos celulares de neurônios forma um núcleo no SNC e um gânglio no SNP. 
Os processos químicos de transmissão de informação entre as células são de quatro tipos: 
mecanismos autócrino, parácrino, endócrino e as sinapses químicas, sendo este último 
exclusivamente desempenhado por células do sistema nervoso. 
❖ Mecanismo autócrino: acontece quando as células lançam suas moléculas mensageiras para 
si mesmas, ligam-se em seus próprios receptores de membrana; 
❖ Mecanismo parácrino: a célula é capaz de enviar moléculas mensageiras para as vizinhas que 
se encontram nas imediações; 
❖ Mecanismo endócrino: as células liberam suas moléculas mensageiras (hormônios) 
diretamente na corrente sanguínea, e esses hormônios atuarão em células de tecidos e órgãos 
distantes. 
 
Sinapse química 
Células nervosas transmitem informações por meio de moléculas mensageiras 
denominadas de neurotransmissores. Os neurotransmissores são produzidos no citoplasma do 
terminal sináptico ou no núcleo da célula pré-sináptica. Quando as moléculas neurotransmissoras 
são apolares, podem ser prontamente liberadas pelos neurônios, por difusão simples. Por outro 
lado, neurotransmissores, que são moléculas polares, deverão ser armazenados em vesículas 
sinápticas. Vesículas sinápticas são esferas ocas formadas por uma bicamada lipídica semelhante 
à membrana celular, mas que apresenta suas proteínas específicas. 
As vesículas sinápticassaem da inércia quando um potencial de ação, que viajara ao longo 
do axônio neuronal, alcança o terminal sináptico do neurônio e despolariza esse segmento final 
da membrana neuronal. A despolarização da membrana ativa os canais de cálcio do tipo T 
sensíveis à voltagem, localizados no terminal sináptico, permitindo que íons cálcio entrem na 
célula pré-sináptica. Após serem mobilizadas do citoesqueleto, as vesículas se dirigem para as 
zonas ativas da membrana pré-sináptica. 
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O ancoramento e a fusão da membrana vesicular com a membrana pré-sináptica ocorre 
por meio da interação entre as proteínas dessas duas organelas. As proteínas da membrana 
celular relacionadas ao ancoramento e à fusão encontram-se em regiões específicas conhecidas 
como zonas ativas. As proteínas das vesículas são conhecidas como v-SNARE e as da membrana 
como t-SNARE. 
As v-SNAREs e t-SNAREss são capazes de se associarem reversivelmente, formando 
complexos com três SNAREs: sintaxina e SNAP-25, residentes na membrana celular, e 
sinaptobrevina (também conhecida como proteína de membrana associada à vesícula ou VAMP), 
ancorada na membrana da vesícula. 
Quando uma v-SNARE interage com uma t-SNARE, seu domínio helicoidal se enrola ao 
redor do outro domínio helicoidal. Essa interação forma um complexo estável denominado de 
trans-SNARE, que prende uma membrana a outra. A especificidade com que cada SNARE interage 
determina a especificidade do ancoramento e da fusão de cada vesícula. Dessa maneira, as 
SNAREs especificam a identidade de seus compartimentos e governam a troca de materiais 
durante o transporte vesicular. 
Muitas neurotoxinas afetam diretamente complexos SNARE. As toxinas evitam a reciclagem 
vesícula adequada e resultam em mau controle muscular, espasmos, paralisia e até morte. Toxina 
botulínica (BoNT) é uma das neurotoxinas mais potentes. É uma enzima proteolítica que cliva 
qualquer proteína SNARE. A toxina do tétano, ou TeNT, é composto de uma cadeia pesada (100 kDa) 
e uma cadeia leve (50 kDa). Esta neurotoxina produz a quebra das sinaptobrevinas ou VAMP. 
 
Sinapse elétrica 
Sinapses elétricas são menos comuns do que as químicas no sistema nervoso de 
vertebrados, além de transmitirem informações de maneira mais rápida. 
Na sinapse elétrica, as correntes iônicas que entram na célula e provocam a despolarização 
da membrana são transmitidas por junções comunicantes (GAP junctions: proteínas conexinas), 
mecanismo semelhante ao do tecido cardíaco. As cargas iônicas se diluem de uma célula a outra, 
despolarizando-as e gerando uma onda despolarizante unidirecional (fig. 11). Como os citoplasma 
das células estão conectados, a variação do potencial de membrana é transmitida rapidamente 
para as células. 
Não importa se a transmissão da informação ocorre por meio de uma sinapse química ou 
elétrica, a informação a ser transmitida sempre será a variação do potencial de membrana da 
célula pós-sináptica. Enquanto na sinapse elétrica a informação é transmitida imediatamente, na 
química, a molécula mensageira (neurotransmissor), que carrega a informação, deve ser recebida 
por alguma estrutura molecular capaz de interpretar a informação. Denominamos essa estrutura 
receptiva aos mensageiros químicos de receptores pós-sinápticos. 
 
Eventos pós-sinápticos 
Os potenciais graduados pós-sinápticos podem ser de dois tipos: excitatório (PEPS: 
potencial excitatório pós-sináptico) e inibitório (PIPS: potencial inibitório pós-sináptico). Os PEPS 
são gerados por estímulos que resultam em ativação de canais iônicos que permitem o influxo 
(fluxo de entrada) de íons positivos (Na+ e/ou Ca2+) ou em inibição do efluxo (fluxo de saída) de 
K+. 
Sistema nervoso periférico 
Os termos utilizados para descrever os componentes do SNP referem-se às propriedades 
anatômicas e funcionais dos nervos. Os nervos periféricos servem aos tecidos somáticos ou 
viscerais e transportam informação sensorial ou motora. Os nervos somáticos projetam-se para 
os tecidos somáticos ou provêm deles – músculo esquelético, pele e seus derivados. Os nervos 
viscerais projetam-se para as vísceras ou são provenientes delas – músculos involuntários e 
glândulas. Os nervos que transportam informação dos tecidos para o sistema nervoso central são 
neurônios aferentes, sensitivos ou sensoriais. Os neurônios que transportam a informação a partir 
do SNC para tecidos ou órgãos efetores recebem a denominação de neurônios eferentes ou 
motores. 
Por conseguinte, um nervo sensitivo somático pode transportar informações sobre tato, dor 
ou temperatura da superfície da pele para o sistema nervoso central. De lá, um nervo motor 
somático transporta impulsos do SNC para um músculo estriado a fim de estimular sua contração. 
Da mesma maneira, um nervo sensitivo visceral conduz informações sobre a condição das 
vísceras internas para o SNC, de onde um nervo motor visceral, que inerva efetores viscerais 
(músculo cardíaco, músculo liso ou glândulas), será responsável por desencadear a resposta ao 
estímulo. Os componentes do SNP que controlam a atividade visceral constituem o sistema 
nervoso autônomo (SNA). 
Com base em critérios anatômicos, o sistema nervoso periférico pode ser dividido em 
nervos espinais, que surgem a partir da medula espinal, e nervos cranianos que se originam do 
encéfalo. 
 
❖ Nervos espinais – Os nervos espinais são sequencialmente dispostos e enumerados (C-1, T-1, 
L-1, S-1) de acordo com sua associação a regiões da coluna vertebral (cervical, torácica, 
lombar, sacral). Eles emergem dos forames intervertebrais e são formados pela fusão das 
raízes dorsal e ventral. Assim, cada nervo espinhal possui uma raiz dorsal e outra ventral. As 
fibras aferentes sensoriais entram na medula espinal por meio da raiz dorsal, enquanto as 
fibras eferentes motoras deixam a medula espinal por meio da raiz ventral. Desse modo, lesões 
da raiz dorsal irão comprometer a transmissão e a integração da informação sensorial no SNC 
enquanto lesões da raiz dorsal comprometerão a atividade motora do SNC. O gânglio espinhal, 
uma dilatação existente na raiz dorsal, consiste em um conjunto de corpos celulares de 
neurônios sensoriais unipolares. Eles se conectam indiretamente aos neurônios motores da 
raiz ventral (neurônios multipolares) por meio de interneurônios; 
 
❖ Gânglios paravertebrais simpáticos – A cadeia de gânglios paravertebrais (cadeia simpática), 
uma série de pares de gânglios ligados de modo adjacente à coluna vertebral, é paralela à 
medula espinhal e está ligada a cada nervo espinhal por meio de ramos comunicantes que se 
projetam ao longo da medula espinhal; 
 
 
❖ Gânglios periféricos colaterais e viscerais – Outros gânglios periféricos formam os gânglios 
colaterais (gânglios pré-vertebrais). Os gânglios cervicais, celíacos e mesentéricos pareados 
são exemplos de gânglios colaterais. Os gânglios viscerais ocorrem nas paredes dos órgãos 
efetores viscerais. Por conseguinte, existem três tipos de gânglios: simpáticos, colaterais e 
viscerais. 
 
❖ Nervos cranianos – Nervos cranianos são os 12 pares de nervos do sistema nervoso periférico 
que emergem de forames (buracos) e fissuras cranianas. Eles são ordenados numericamente 
de acordo com seu local de saída no crânio, tendo como orientação anatômica o eixo 
rostrocaudal. Todos os pares de nervos cranianos têm sua origem de núcleos encéfalicos. Dois 
deles emergem da região prosencéfálica (nervos olfatório e óptico), um tem o núcleo na medula 
espinhal (nervo acessório), enquanto o restante dos nove nervos cranianos se origina do tronco 
cerebral. Os nervos cranianos podem ser classificados, de acordo com a informação 
transportada, como: 
➢ Especial - origina-se dos sentidos especiais (visão, olfato, paladar, tato e audição); 
➢ Geral - descreve as informações recebidas ou transmitidas; 
➢ Somática - transmitida ou recebida por pele e músculos esqueléticos; 
➢ Visceral= transmitida ou recebida pelas vísceras internas. 
Os pares cranianos fazem o suprimento sensitivo e motor da cabeça e do pescoço, controlando 
a atividade desta região. Somente o nervo vago se estende além do pescoço, para inervar as 
vísceras torácicas e abdominais. Do ponto de vista filogenético, é possível que os nervos 
cranianos tenham evoluído a partir de nervos dorsais e ventrais espinhais anteriores, após 
estes terem sido incorporados na caixa craniana. Os nervos dorsais e ventrais, que se fundem 
no tronco, mas não na cabeça, produzem duas séries: nervos cranianos dorsais e nervos 
cranianos ventrais. 
 
Funções do sistema nervoso periférico – Reflexos espinais 
Os reflexos espinhais exibem o nível mais simples de controle no sistema nervoso. Embora 
os reflexos possam difundir a informação para centros superiores, todos os seus componentes 
necessários e funcionais residem ou têm suas raízes na medula espinal. O reflexo espinhal é um 
circuito de neurônios que se estende de um receptor até a medula espinal e, daí, para um efetor. 
A informação sensorial que chega à informação motora e a que sai percorrem circuitos 
estabelecidos por neurônios nos nervos espinhais. Dentro da medula espinhal, neurônios de 
associação (interneurônios) conectam esses neurônios sensoriais e motores para completar o 
circuito entre eles. 
Existem dois tipos de arco reflexo espinal: o somático e o visceral. O circuito neuronal para 
cada tipo de arco é distinto, pelo menos nos mamíferos, nos quais foi mais amplamente estudado. 
A maioria dos arcos reflexos somáticos em nível da medula espinal inclui três neurônios: o 
neurônio sensorial somático e o neurônio motor somático, com um interneurônio de associação 
para conectá-los. O corpo do neurônio sensorial somático está localizado na raiz dorsal. Suas 
fibras nervosas seguem seu percurso através do nervo espinal e fazem sinapse com um neurônio 
de associação dentro da medula espinal. O interneurônio de associação pode transmitir impulsos 
em várias direções, fazer sinapse com um neurônio motor somático no mesmo lado da medula, 
no lado oposto da medula, ou seguir um percurso rostrocaudal ao longo da medula para fazer 
sinapses com neurônios motores em diferentes níveis. Em seguida, o neurônio motor transmite o 
impulso por meio da raiz ventral para um efetor somático. Diferentemente destes, os reflexos 
espinais que controlam a postura dos animais é um reflexo com estrutura mais simples pois, 
envolvem apenas dois neurônios. O neurônio sensorial faz sinapse diretamente com o neurônio 
motor. Quando um animal começar a sofrer uma alteração de sua postura normal, seus músculos 
são estirados e desencadeiam um reflexo somático que causa contração do músculo apropriado, 
restaurando a postura original do animal. 
O arco reflexo visceral é estruturalmente mais complexo. O corpo de um neurônio sensorial 
visceral também reside na raiz dorsal, porém suas fibras nervosas seguem seu percurso por um 
ou mais gânglios da cadeia simpática e, em seguida, pelo ramo comunicante. Seus axônios 
finalmente fazem sinapse dentro da medula espinal com um neurônio de associação. 
Diferentemente do arco somático, a saída motora do arco reflexo visceral inclui dois neurônios 
em sequência. O primeiro é o neurônio pré-ganglionar, que se estende para fora da raiz ventral e 
faz sinapse no gânglio simpático, em um gânglio colateral ou na parede de um órgão visceral com 
um segundo neurônio, o pós-ganglionar. 
O neurônio pós-ganglionar segue seu trajeto para inervar o órgão visceral efetor. Por 
conseguinte, em sua forma mais simples, o arco visceral inclui quatro neurônios: um neurônio 
sensorial visceral, dois neurônios motores viscerais em série e um neurônio de associação 
interconectado. 
 
Sistema nervoso autônomo 
Os nervos periféricos e gânglios associados à atividade visceral parecem ser autônomos 
(sua ação independe da vontade do indivíduo). Nessa divisão do sistema nervoso, estão incluídas 
fibras tanto sensoriais quanto motoras. 
As fibras sensoriais autônomas monitoram o ambiente interno do organismo, ou seja, os 
parâmetros fisiológicos, como a pressão arterial, temperatura central e da pele, as pressões 
parciais dos gases e a atividade das vísceras. As fibras motoras são neurônios motores que se 
projetam e inervam vísceras, como o músculo cardíaco, os músculos lisos dos vasos e as 
glândulas. Também estão envolvidas no controle do trato digestório, da árvore brônquica, da 
bexiga, dos órgãos sexuais e de outras vísceras. Como o sistema nervoso autônomo inclui o 
circuito motor visceral geral, neurônios pré e pós-ganglionares em série caracterizam a interação 
motora para cada órgão. 
Em sua forma mais simples, o circuito neuronal do sistema nervoso autônomo inclui quatro 
neurônios ligados a uma alça reflexa: um neurônio sensorial que faz sinapse com um neurônio de 
associação, que faz sinapse com um neurônio motor pré-ganglionar em série com um neurônio 
motor pós-ganglionar. 
Nos mamíferos, o sistema nervoso autônomo está dividido em dois sistemas antagônicos 
contrastantes de controle sobre a atividade visceral: o sistema simpático e o sistema 
parassimpático. 
 
❖ Sistema nervoso simpático 
O sistema nervoso simpático prepara o corpo do animal para uma ação de luta ou fuga 
(ambas são situações estressantes), aumentando a atividade de algumas das vísceras, embora 
reduza a velocidade dos processos digestivos. A estimulação do sistema simpático inibe a 
atividade do canal alimentar, promove a contração do baço (causando a liberação de eritrócitos 
extras na circulação geral que resultará em maior transporte do oxigênio), aumenta a frequência 
cardíaca e a pressão arterial (logo, aumentando a perfusão do sangue para os tecidos), mobiliza a 
glicose a partir da reserva de glicogênio no fígado (oferecendo mais energia para todas as células) 
e aumenta o diâmetro da pupila (midríase). 
Os nervos motores viscerais gerais que participam na atividade simpática saem das regiões 
torácica e lombar (tóraco-lombar) da medula espinhal dos mamíferos. Os axônios dos neurônios 
pré-ganglionar simpático são normalmente mais curtos e fazem sinapse no gânglio da cadeia 
simpática ou em algum gânglio pré-vertebral, localizado distante da coluna vertebral. As suas 
fibras pós-ganglionares são habitualmente mais longas. 
 
❖ Sistema nervoso parassimpático 
O sistema nervoso parassimpático está relacionado ao estado de repouso ou vegetativo do 
corpo do animal, pois sua atividade está relacionada com a diminuição das atividades viscerais, 
embora os órgãos do trato digestório sejam estimulados. Os efeitos do sistema parassimpático 
são antagônicos àqueles apresentados pelo sistema simpático. Ele aumenta a digestão, diminui a 
frequência cardíaca, reduz o diâmetro da pupila (miose), produz queda da pressão arterial, 
comprime os vasos coronários e promove a formação de glicogênio. 
 
❖ Controle adrenérgico e colinérgico 
O sistema simpático é considerado adrenérgico, visto que os neurotransmissores liberados 
durante a estimulação são a epinefrina ou a norepinefrina (também denominadas de adrenalina e 
noradrenalina). O sistema parassimpático é descrito como colinérgico, visto que o 
neurotransmissor liberado é a acetilcolina, a qual também é liberada entre as fibras pré e 
pós-ganglionares em ambos os sistemas e nas junções entre nervos e músculos esqueléticos. 
Nos mamíferos, quase todos os órgãos viscerais possuem inervação simpática e 
parassimpática. As exceções a essa dupla inervação incluem as glândulas suprarrenais, os vasos 
sanguíneos periféricos e as glândulas sudoríparas, que recebem apenas inervação simpática. A 
cessação da estimulação simpática faz com que esses órgãos possam retornar a um estado de 
repouso. 
A glândula suprarrenal (ou glândula adrenal) também é excepcional, visto que é inervada 
apenas por fibras pré­ganglionares; as fibras pós­ganglionares estão

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