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PODE	VIR,	ENEM
O	guia	definitivo	para	arrasar	no	ENEM
Umberto	Mannarino
Seja	bem-vindo/vinda	ao	meu	e-book!
Antes	de	mais	nada,	eu	queria	te	agradecer	de	coração	por	ter	adquirido	este
material.	Pode	ter	certeza	de	que	ele	foi	feito	com	muito	carinho.	É	o	fruto	de	6
anos	de	estudo,	e	eu	espero	que	de	alguma	forma	ele	te	ajude	neste	caminho	de
aprendizado	e	superação	rumo	à	aprovação	no	ENEM.
Ou	melhor:	rumo	à	arrasação	no	ENEM	:)	Permita	que	eu	me	apresente.	Se
você	já	acompanha	o	canal	do	YouTube	há	algum	tempo	(ou	se	tiver	comprado	o
e-book	na	véspera	do	ENEM	e	estiver	com	pressa	para	terminar),	pode	pular	esta
parte.
Meu	 nome	 é	 Umberto	 Mannarino	 (leia	 com	 um	 sotaque	 italiano	 bem
chique).	Tenho	22	anos	e	sou	estudante	de	Publicidade	e	Propaganda.
Durante	o	Ensino	Médio,	decidi	criar	um	canal	no	YouTube	e	fazer	aulas	de
Matemática,	Física	e	Química	para	ajudar	as	pessoas.	Não	tinha	nada	para	fazer
nas	 férias	 e	 deu	 nisso,	 né...	 comprei	 um	quadrinho	 branco	 e	 comecei	 a	 gravar
videoaulas	na	véspera	do	Natal	para	o	“Exatas	Exatas”.
(Aos	que	ainda	não	ligaram	os	pontos...	eu	era	de	Exatas).
É	 claro	 que	 a	 vida	 dá	 umas	 voltas	 bem	 loucas,	 e	 com	 o	 tempo	 eu	 fui
percebendo	 que	 não	 era	 tão	 de	Exatas	 assim.	É	 uma	 longa	 história,	mas,	 para
resumir:	 passei	 em	 Química	 na	 UnB	 em	 2º	 lugar	 geral	 (teria	 sido	 o	 1º	 de
Medicina,	mas	imagina	que	engraçado	ver	no	jornal	um	Química	em	meio	ao	1º
colocado,	Engenharia,	e	a	3ª	colocada,	Medicina).
Depois,	 ganhei	 uma	 bolsa	 de	 estudos	 para	 ir	 fazer	Química	 no	 Japão.	 Fui,
desisti	 de	Química,	 voltei	 para	 o	 Brasil	 e	 passei	 por	 cofcof	 alguns	 cof	 cursos
(Fotografia,	 Psicologia	 e	 Jornalismo)	 até	 me	 encontrar	 em	 Publicidade	 e
Propaganda.
Sim,	sou	meio	indeciso,	não	precisa	comentar.	Eu	sei	disso	muito	bem.
PS:	 Como	 você	 já	 pôde	 perceber,	 mesmo	 fazendo	 Publicidade	 eu	 não	 sou
muito	bom	com	design	e	essas	coisas	chiques.	O	e-book	vai	ser	basicamente	só
em	formato	de	texto.	Mas	o	que	importa	mesmo	(ou	o	que	devia	importar)	é	o
conteúdo,	certo?	E	pode	ter	certeza	de	que	o	conteúdo	está	muito	bom.
Enfim.	Em	resumo,	é	essa	a	minha	história...	Brasília	→	Japão	→	Brasília	→
São	Paulo.	E	adivinha	quem	continuou	firme	e	forte	durante	todo	esse	tempo.	É
isso	aí,	senhoras	e	senhores	membros	do	júri:	o	Exatas	Exatas!
Quem	diria,	não	é	mesmo?	Seis	anos	depois,	o	canal	já	estava	com	mais	de
500	mil	 inscritos	e	20	milhões	de	visualizações!	Eu	não	consigo	nem	conceber
essa	 quantidade	 de	 pessoas.	 Tente	 imaginar	 tudo	 isso	 de	 gente	 amontoado	 no
mesmo	 lugar.	Não	dá!	O	canal	 realmente	 tomou	proporções	muito	maiores	do
que	eu	imaginava	6	anos	atrás!!
E	detalhe:	 foi	 justo	 no	 segundo	dia	 de	ENEM	2018	que	nós	 chegamos	 aos
500	mil	 inscritos.	Se	você	 já	conhece	o	canal,	provavelmente	assistiu	ao	vídeo
em	que	eu	acendi	as	velinhas	de	“500”	para	comemorar.
Aquele	 dia	 foi	 legal.	O	Brasil	 inteiro	 vendo	 eu	 falhar	miseravelmente	 para
acender	uma	vela.
ENFIM!	De	 uns	 tempos	 para	 cá,	 deixei	 um	 pouco	 as	 videoaulas	 de	 lado	 e
expandi	 o	 conteúdo	 para	 dicas	 de	 estudo,	 estratégias	 de	 resolução	 de	 prova,
planejamento,	interpretação	de	texto,	entre	outros.
Para	 este	 e-book,	 eu	 fiz	 um	grande	 apanhado	 com	 as	 dicas	 dos	 principais
vídeos	 dos	 últimos	 anos,	 acrescentei	 detalhes	 que	 não	 cheguei	 a	 falar	 no
YouTube	e	incluí	uma	análise	completa	do	ENEM	2018	(Matemática,	Ciências
da	Natureza,	Humanas	e	Linguagens).
E	é	este	o	material	que	você	tem	em	mãos	hoje.
Na	 análise	 da	 prova,	 procurei	 explicar	mais	 do	 que	 apenas	 o	 contexto	 das
questões.	Uma	explicação	convencional	você	encontra	em	qualquer	lugar,	mas	o
diferencial	 aqui	 é	que	eu	 também	dei	dicas	de	 como	acertei	 algumas	em	2018
sem	 necessariamente	 saber	 o	 jeito	 “certo”	 de	 resolver.	 Muitas	 eu	 acertei
apenas	 com	 interpretação	 de	 texto,	 lógica.	 Em	 Matemática,	 por	 exemplo,	 eu
consegui	 resolver	 no	mínimo	 umas	 10	 por	 um	 raciocínio	 alternativo	 que	me
ajudou	a	poupar	bastante	tempo	na	resolução.
Mas	você	vai	entender	melhor	o	que	eu	estou	falando	no	capítulo	de	análise
da	prova	:)	E	é	basicamente	isso.
Fica	aqui	de	novo	o	meu	agradecimento	a	você	por	me	apoiar	nesta	jornada.
Como	eu	falei	no	vídeo	com	as	minhas	notas	no	ENEM	2018,	devo	tirar	umas
feriazinhas	 e	 reduzir	 o	 volume	 de	 vídeos	 nos	 próximos	meses,	mas	 em	 breve
retorno	firme	e	forte!
Nesse	 meio-tempo,	 tenho	 certeza	 de	 que	 você	 estará	 em	 excelente
companhia.	 Espero	 de	 coração	 que	 este	 e-book	 te	 ajude	 a	 conquistar	 os	 seus
objetivos.	Pode	vir,	ENEM!!
(Ah,	 sim,	 quase	 ia	me	 esquecendo!	 Aos	 que	 ainda	 não	 conhecem	 o	 canal,
segue	o	link	para	se	inscreverem):	http://www.youtube.com/exatasexatas
http://www.youtube.com/exatasexatas
CONTENTS
Title	Page
Minhas	notas	no	ENEM	(2016,	2017	e	2018)
Interpretação	de	texto
Livros	para	melhorar	a	interpretação	de	texto
Matemática	e	raciocínio	lógico
A	Matemática	é	uma	pirâmide
A	Matemática	no	dia	a	dia
A	matriz	de	referência	do	ENEM
O	ENEM	está	mais	conteudista?
Canais	para	ampliar	o	repertório:
Um	breve	comentário	sobre	o	ENEM	2018
Como	usar	a	TRI	para	aumentar	a	nota	no	ENEM
As	pegadinhas	que	mais	caem	no	ENEM
Minha	estratégia	de	resolução	do	ENEM
1º	dia	(Linguagens,	Redação	e	Humanas)
2º	dia	(Matemática	e	Ciências	da	Natureza)
Redação	modelo	ENEM
Checklist	para	uma	excelente	redação	do	ENEM
Comentários	sobre	a	minha	redação	do	ENEM	2016
Comentários	sobre	a	minha	redação	do	ENEM	2017
Resolução	comentada	do	ENEM	2018
Linguagens,	Códigos	e	suas	Tecnologias
Ciências	Humanas	e	suas	Tecnologias
Ciências	da	Natureza	e	suas	Tecnologias
Matemática	e	suas	Tecnologias
Agradecimento
Minhas	notas	no	ENEM	(2016,	2017	e
2018)
Acho	 importante	colocar	as	minhas	notas	nos	últimos	ENEM	para	dar	uma
noção	 sobre	 a	 relação	 entre	 número	 de	 acertos	 e	 nota.	 Como	 vamos	 ver	 com
mais	detalhes	na	parte	sobre	a	TRI,	o	número	de	acertos	não	necessariamente
determina	se	a	sua	nota	vai	ser	maior	ou	menor.
ENEM	2016
Ciências	da	Natureza	e	suas	Tecnologias	(40	acertos):	761,4
Ciências	Humanas	e	suas	Tecnologias	(35	acertos):	673,6
Linguagens,	Códigos	e	suas	Tecnologias	(32	acertos):	687,8
Matemática	e	suas	Tecnologias	(39	acertos):	918,6
Redação:	880
ENEM	2017
Ciências	da	Natureza	e	suas	Tecnologias	(35	acertos):	759,1
Ciências	Humanas	e	suas	Tecnologias	(35	acertos):	735,4
Linguagens,	Códigos	e	suas	Tecnologias	(37	acertos):	654,1
Matemática	e	suas	Tecnologias	(40	acertos):	939,1
Redação:	840
ENEM	2018
Ciências	da	Natureza	e	suas	Tecnologias	(36	acertos):	742,9
Ciências	Humanas	e	suas	Tecnologias	(38	acertos):	750,2
Linguagens,	Códigos	e	suas	Tecnologias	(30	acertos):	658,6
Matemática	e	suas	Tecnologias	(43	acertos):	960,1
Redação:	960
Deu	 para	 perceber	 que	 o	 número	 de	 acertos	 não	 determina	 nota?	De	 2016
para	2017,	eu	acertei	5	a	mais	em	Linguagens	e	tirei	33	pontos	a	menos!	E	em
2018	eu	acertei	7	a	menos	que	em	2017	e	a	nota	foi	maior!
Se	 você	 for	 analisar	 com	 atenção	 cada	 uma	 das	minhas	 notas,	 vai	 ver	 que
realmente	 é	 preciso	 estratégia	 para	 não	 só	 acertar	 muitas,	 mas	 acertar	 as	 que
realmente	 vão	 te	 dar	mais	 ponto.	E,	 sim,	 tem	 algumas	 formas	 de	 prever	 quais
questões	 valem	mais	 ponto.	Vamos	 falar	 disso	 com	mais	 detalhes	 no	 capítulo
sobre	TRI.
De	qualquer	forma,	eu	mantive	a	mesma	quantidade	de	acertos	nos	três	anos
que	 fiz	 o	 ENEM.	 Em	 2016	 e	 2017,	 as	 médias	 foram	 aproximadamente	 as
mesmas,	 mas	 repare	 que	 isso	 só	 aconteceu	 por	 causa	 da	 redação,	 que
coincidentemente	“balanceou”	tudo.	Em	2018,	o	960	na	redação	puxou	a	média
bastante	para	cima.	Enquanto	em	2016	e	2017	ela	tinha	ficado	em	780,	em	2018
a	média	chegou	a	814,3.
É	claro	que	teve	gente	que	foi	melhor	do	que	eu,	mas	eu	sei	que	manter	147
acertos	 por	 3	 anos	 consecutivos	 é	 excelente.	 Pelo	beduka.com,	 um	 excelente
buscador	 de	 faculdades,	 minhas	 notas	 passaram	 raspandode	 entrar	 para
faculdades	 muito	 concorridas	 de	Medicina	 do	 país	 (talvez	 em	 2018	 eu	 até
conseguisse,	mas	enquanto	eu	escrevo.
(Caso	tenha	interesse	em	buscar	informações	sobre	uma	faculdade	específica,
o	beduka.com	oferece	filtros	para	notas	de	corte,	valor	de	mensalidade,	nota	do
MEC,	 distância	 da	 faculdade	 até	 a	 sua	 casa	 e	 muitas	 outras	 coisas.	 Super
recomendo	para	você	que	está	em	dúvida	sobre	faculdades	para	se	inscrever	pelo
Sisu/ProUni/FIES:	 https://beduka.com/)	 Enfim.	 Eu	 não	 estou	 contando	 isso
para	me	exibir	nem	nada	do	 tipo.	Mostro	as	notas	para	 reforçar	um	ponto	que
sempre	 falo	 nos	 vídeos	 canal:	 o	 ENEM	 é	 uma	 prova	 mais	 de	 estratégia	 e
raciocínio	lógico	que	de	conteúdo	propriamente	dito.
Duvida?	Bem...
O	meu	 caso	 é	 o	 seguinte:	 desde	 que	 eu	 saí	 do	Ensino	Médio,	 4	 anos	 atrás
(nossa,	 eu	 podia	 estar	 me	 formando	 agora...),	 não	 tive	 um	 ensino	 “formal”
direcionado	 para	 o	 ENEM	 (por	 ensino	 formal	 eu	 quero	 dizer	 cursinho
preparatório	 online/presencial,	 aulas	 de	 conteúdos	 que	 podem	 cair	 na	 prova,
apostilas,	etc.).	O	que	eu	tive	foi	um	monte	de	experiências	de	vida	diferentes
que,	aliadas	à	base	que	eu	desenvolvi	durante	o	Ensino	Fundamental	e	Ensino
Médio,	contribuíram	para	que	eu	 fosse	capaz	de	pensar	 fora	da	caixa	e	acertar
questões	sem	necessariamente	ter	revisado	a	matéria.
Nesses	 4	 anos	 loucos,	 tive	 experiência	 com	 Fotografia,	 Psicologia,
Jornalismo,	com	uns	negócios	esotéricos	esquisitos,	Publicidade,	etc.	Mas,	com
exceção	das	resoluções	comentadas	de	Exatas	que	eu	gravei	para	o	canal,	não
tive	nada	voltado	especificamente	para	o	ENEM.	As	aulas	que	eu	tive	durante	os
(muitos)	 cursos,	 essas	 experiências	 que	 eu	 tive...	 foram	 experiências	 de	 vida
como	quaisquer	outras.
E	 foram	 essas	 experiências	 que	 me	 ajudaram	 a	 elaborar	 raciocínios	 mais
complexos	 e	 não	 perder	 tanto	 tempo	 para	 acertar	 questões	 consideradas
“difíceis”.	Raciocínios	que	quem	estuda	só	por	videoaulas	e	por	apostilas	pode
ter	dificuldade	de	elaborar.
https://beduka.com/
Não	digo	que	o	meu	método	de	preparação	para	o	ENEM	tenha	sido	melhor
nem	 pior	 que	 o	 dos	 outros.	 Foi	 só...	 diferente.	 E,	 como	 tudo	 na	 vida,	 teve
vantagens	e	desvantagens.	Uma	vantagem	foi	que	eu	tive	uma	maneira	diferente
de	enxergar	a	prova,	e	isso	me	permitiu	acertar	algumas	questões	que	a	maioria
pode	ter	tido	dificuldade.
É	 isso	 que	 eu	 pretendo	 com	 este	 e-book:	 te	 oferecer	uma	 visão	 diferente
para	você	acertar	o	máximo	possível	de	questões	e	arrasar	no	ENEM.
Detalhe:	no	capítulo	em	que	eu	analiso	a	prova	de	2018,	você	vai	ver	que	eu
errei	umas	questões	bem	fáceis	e	acertei	umas	bem	difíceis.	É	estranho,	mas	até
que	faz	sentido:	isso	aconteceu	porque	eu	não	tinha	estudado	os	pontos	em	que
geralmente	 os	 cursinhos	 focam,	 como	 nome	 de	 doenças	 ou	 definição	 de
conceitos	(questões	“fáceis”).	Eu	tive	um	ótimo	raciocínio	lógico	para	acertar	as
questões	 complexas,	 mas	 não	 lembrava	 de	 alguns	 dos	 conceitos	 básicos	 das
questões	 fáceis.	 Se	 eu	 tivesse	 o	 mínimo	 de	 conhecimento	 de	 doenças,	 por
exemplo,	 teria	 acertado	 uma	 fácil,	 e	 a	 minha	 nota	 teria	 aumentado
significativamente.
Então	pense	assim:	aliando	o	seu	método	de	estudos	ao	meu,	você	vai	 ter	o
melhor	dos	dois	mundos!	Com	o	seu	método,	você	vai	acertar	as	“fáceis”	(que
para	mim	 foram	difíceis,	 porque	 eu	 não	 tinha	 estudado	 do	 jeito	 tradicional),	 e
com	 o	 meu	 método	 você	 vai	 acertar	 as	 “difíceis”	 (que	 exigem	 um	 raciocínio
complexo	que	não	é	ensinado	em	aula).
E	aí	não	tem	concorrência	que	segure!
Top,	né?
Então	 vamos	 ao	 primeiro	 (e	 mais	 importante)	 ponto	 para	 você	 arrasar	 no
ENEM:	a	interpretação	de	texto.
Interpretação	de	texto
Acho	que	o	erro	da	maioria	das	pessoas	que	querem	planejar	os	estudos	é	focar
demais	 em	 resolução	 de	 questões.	 E	 não	me	 leve	 a	 mal:	 cada	 banca	 tem	 um
“estilo”,	 e	 resolver	 questões	 de	 provas	 anteriores	 é	 importantíssimo	 para	 você
entender	como	tal	vestibular	cobra	as	coisas.
A	Fuvest	é	de	um	jeito,	o	ENEM	é	de	outro...	As	provas	podem	até	cobrar	a
mesma	matéria,	mas,	mudando	a	abordagem,	muda	completamente	o	raciocínio
que	o	aluno	deve	desenvolver	para	chegar	à	resposta.
Por	isso	é	importante	que,	antes	de	começar	a	estudar	para	o	ENEM,	você	se
pergunte:	“Eu	me	sinto	confortável	com	o	estilo	de	questão	do	ENEM?	Será	que
o	 vestibular	 tradicional	 da	 instituição	 que	 eu	 quero	 não	 é	 uma	 opção	 mais
viável?”
E,	 naturalmente,	 você	 só	 vai	 chegar	 a	 uma	 resposta	 se	 entender
profundamente	o	estilo	de	questão	de	cada	uma	das	provas.
Porque	 cada	 aluno	 é	 de	 um	 jeito.	 Eu,	 por	 exemplo,	 me	 sinto	 confortável
fazendo	o	ENEM,	mas	prefiro	o	estilo	de	redação	do	vestibular	da	UnB,	que	é
um	pouco	mais	 amplo	 e	 subjetivo	 (apesar	 de	 agora	 a	 redação	 do	ENEM	estar
tendendo	a	se	parecer	mais	com	da	UnB).
Então,	se	eu	estivesse	planejando	entrar	na	UnB,	teria	que	avaliar	em	qual	das
duas	provas	(vestibular	tradicional	ou	ENEM)	eu	tenho	mais	facilidade,	para	só
então	dedicar	o	meu	ano	de	estudos	a	ela.
Voltando	 ao	 assunto:	 os	 alunos	 parecem	 se	 focar	 demais	 em	 resolução	 de
questões	e	acabam	esquecendo	de	trabalhar	as	habilidades	mais	básicas.	Fazem
dezenas	de	questões,	uma	atrás	da	outra,	simulados,	provas...	e	ficam	frustrados
porque	a	média	de	acertos	não	aumenta.
A	essas	pessoas	fica	meu	recado:	talvez	você	esteja	direcionando	as	energias
para	 o	 lugar	 errado.	 Insistir	 em	 fazer	 questão	 atrás	 de	 questão	 pode	 estar	 te
tomando	um	tempo	precioso	que	você	poderia	investir	em	um	ponto	muito	mais
importante:	a	base.
Vamos	falar	mais	da	base	no	capítulo	de	Matemática.	Mas,	aqui,	quando	eu
digo	“base”	eu	quero	dizer	interpretação	de	texto.
O	 problema	 é	 que	 a	 interpretação	 de	 texto	 é	 uma	 habilidade	 que	 não	 tem
relação	 100%	 direta	 com	 a	 prova.	 E	 muita	 gente	 tem	 o	 raciocínio	 linear	 de
pensar	 que,	 se	 não	 tem	 relação	 direta,	 não	 vale	 a	 pena	 treinar.	 Mas	 isso	 é
mentira!	Você	pode	 até	 saber	 a	matéria,	mas,	 se	 não	 entender	 perfeitamente	 o
que	o	enunciado	está	pedindo,	de	jeito	nenhum	vai	ser	capaz	de	responder.
Interpretação	 é	 a	 chave	 para	 praticamente	 tudo	 nesta	 vida.	Não	 só	 para	 o
ENEM,	 mas	 para	 entender	 uma	 notícia	 de	 jornal,	 elaborar	 um	 argumento,
identificar	 argumentos	 falhos,	 entre	 tantas	 outras	 habilidades	 que,	 na	 minha
opinião,	qualquer	um	deveria	ter	para	ser	um	indivíduo	melhor.
E	 não	 existe	 essa	 de	 não	 ser	 capaz	 de	 interpretar	 um	 texto.	 Somos	 todos
capazes	de	treinar	essa	habilidade	para	compreender	o	que	um	texto	está	dizendo
(isso,	 claro,	 se	 o	 texto	 for	 escrito	 sem	 erros	 de	 português,	 sem	 ambiguidades,
etc.)
Um	 ponto	 que	 eu	 vou	 falar	 bastante	 no	 capítulo	 de	 Matemática	 é	 que
interpretação	 de	 texto	 não	 é	 só	 para	 a	 prova	 de	 Humanas	 e	 Linguagens!	 As
questões	 de	 Matemática	 do	 ENEM	 são	 mais	 de	 80%	 só	Matemática	 Básica
aliada	 a	 interpretação	 de	 texto	 (você	 vai	 ver	 no	 capítulo	 de	 resolução	 da
prova!)	 A	 dificuldade	 das	 pessoas	 com	 Matemática	 pode	 não	 estar	 na
Matemática	em	si,	mas	 sim	em	compreender	 o	que	o	enunciado	das	questões
está	pedindo.	E	isso	é	interpretação	pura.
Então...	como	melhorar	a	interpretação	de	texto?
Em	primeiro	lugar,	focando	na	sua	concentração.	Uma	mente	dispersa	vai	te
fazer	“voar”	em	questão	de	segundos.	E	você	vai	precisar	ler	umas	cinco	vezes
para	ter	alguma	esperança	de	entender	a	questão.	Para	uma	prova	que	exige	uma
média	de	2-3	minutos	por	questão,	já	deu	para	ver	que	isso	não	é	uma	boa	ideia,
né?
Então,	 antes	 de	 qualquer	 coisa,	 reflita	 sobre	 a	 sua	 capacidade	 de
concentração.	 O	 seu	 ambiente	 de	 estudos	 é	 tumultuado?	Você	 estuda	 com	 o
celular	por	perto?	Tem	muitos	estímulos	que	podem	te	impedir	de	se	concentrar
nos	estudos?
Com	muitas	distrações	por	perto,	é	muito	mais	fácil	se	distrair	(essa	frasefoi
genial,	admita).
Experimente	organizar	o	ambiente	externo	para	que	a	mente	possa	se	focar	no
que	realmente	importa.	Você	vai	ver	como	práticas	simples	já	ajudam	e	muito.
Outra	coisa	legal	é	a	meditação.	Dez	minutinhos	diários	antes	de	começar	as
atividades	mudam	 radicalmente	 a	 sua	 postura	 diante	 dos	 estudos.	 Procure	 por
“mindfulness”	no	YouTube	que	muita	coisa	interessante	sobre	atenção	plena	vai
aparecer.
Praticar	exercícios	físicos,	ter	uma	alimentação	mais	natural	e	saudável...	não
vou	me	prolongar	muito	nesses	assuntos,	mas	é	impossível	falar	de	concentração
e	não	tocar	nesses	pontos.	Afinal,	corpo	e	mente	são	interdependentes.	Um	não
pode	estar	pleno	sem	o	outro.
Então,	 quando	 estiver	 montando	 seu	 cronograma	 de	 estudos,	 por	 favor,
lembre-se	 de	 incluir	 um	momento	 para	cuidar	do	 corpo.	 Se	 não	 pode	 sair	 de
casa,	 faça	 exercícios	 de	 alongamento,	 yoga,	 caminhe	 ao	 redor	 da	 mesinha	 de
centro...	sei	lá,	só	se	mexa!	Alguns	minutinhos	para	meditar	de	manhã	e	de	noite
também	são	sempre	uma	boa	ideia.
Mas	 tem	 uma	 outra	 coisa	 que	 você	 definitivamente	precisa	 incluir	 no	 seu
cronograma	se	quiser	melhorar	a	interpretação.	É	meio	óbvio,	mas	eu	não	posso
deixar	de	falar.	Para	melhorar	a	leitura,	pratique...	leitura.
(Só	essa	dica	já	valeu	o	seu	dinheiro,	admita).
O	que	geralmente	acontece	é	que	o	aluno	está	tão	concentrado	em	estudar	que
se	acostuma	a	ler	apenas	um	tipo	de	texto:	o	do	livro/apostila.	E	é	claro	que	esse
tipo	de	 texto	 é	 importante,	mas	 existe	uma	miríade	 (eu	 adoro	 essa	palavra)	de
outros	estilos	por	aí.
O	 problema	 do	 texto	 da	 apostila	 é	 que	 ele	 foi	 feito	 para	 ser	 o	 mais
“mastigado”	possível.	O	único	propósito	dele	é	informar.	Função	referencial	na
veia!	E	os	textos	no	“mundo	real”	nem	sempre	são	assim.	Exigem	um	raciocínio
muito	mais	complexo,	muito	menos	linear,	que	demandam	um	nível	muito	maior
de	esforço	mental.
E	adivinha	que	tipo	de	texto	aparece	com	mais	frequência	no	ENEM.
Pois	 é...	 se	 você	 não	 está	 acostumado,	 acaba	 travando.	 Pode	 até	 saber	 a
matéria,	mas	julga	a	questão	difícil	porque	o	texto	é	difícil.
Mas	por	que	é	tão	difícil	interpretar	textos?
O	 mundo	 de	 hoje	 está	 muito	 mais	 acelerado.	 São	 muitas	 informações	 ao
mesmo	tempo,	e,	se	o	nosso	cérebro	tiver	que	processar	tudo,	ele	explode	 (por
favor,	não	tente	imaginar	essa	cena).	Nossa	habilidade	de	interpretar	textos	mais
longos	 está	 se	 esvaindo	 porque	 temos	 uma	 infinidade	 de	 textos	 curtos	 para
interpretar.	 Quantas	 mensagens	 de	 zapzapock	 você	 recebe	 em	 um	 dia?	 São
praticamente	incontáveis!
E	olha	que	horrível:	nós	chegamos	ao	ponto	em	que,	quando	precisamos	ler	o
texto	mais	de	uma	vez,	 já	achamos	que	ele	é	“mal	escrito”,	“confuso”,	“ruim”.
Botamos	a	culpa	no	texto,	não	em	nós	mesmos.
Nós	somos	muito	impacientes.
“Ah,	Umberto,	mas	isso	é	impossível	de	resolver.	O	mundo	é	assim”.
E	eu	concordo.	A	superficialidade	é	a	tendência	do	mundo	contemporâneo.
Se	esse	fenômeno	é	bom	ou	ruim,	este	e-book	não	é	o	espaço	para	discutir.	Mas
uma	coisa	é	mais	que	certa:	ainda	existem	textos	complexos	no	mundo.	Eles	não
iam	 desaparecer	 do	 nada.	 E	 ser	 capaz	 de	 interpretá-los	 vai	 se	 tornar	 cada	 vez
mais	 um	 diferencial,	 porque	 cada	 vez	menos	 gente	 tem	 o	 foco	 e	 a	 disposição
para	mergulhar	de	verdade	no	que	está	escrito.
Então	 fica	 a	 minha	 sugestão	 para	 melhorar	 a	 interpretação:	 leia,	 leia,	 leia.
Leia	tudo	que	chegar	às	suas	mãos.	Livros,	jornais,	revistas,	folhetos,	artigos	de
opinião,	textos	publicitários...	tudo!
Pode	até	ser	que	alguns	gêneros	não	caiam	diretamente	em	uma	questão	do
ENEM,	mas	a	sua	habilidade	de	leitura	vai	se	desenvolver	com	qualquer	texto.
Literalmente	qualquer	um.
Mas,	se	tem	um	gênero	em	que	você	deve	focar,	foque	em	livros	antigos.	De
séculos	 atrás.	 E	 isso	 por	 apenas	 um	 motivo:	 os	 livros	 contemporâneos	 são
escritos	para...	bem,	 leitores	contemporâneos.	E	os	 leitores	do	 século	XXI	 têm
acesso	 a	muito	mais	 estímulos	 que	 os	 de	 200	 anos	 atrás,	 então	 possuem	 uma
capacidade	de	concentração	mais	baixa.
Por	 consequência,	 os	 livros	 de	 hoje	 em	dia	 têm	 frases	muito	mais	 curtas	 e
diretas	que	os	livros	antigos	(de	novo,	isso	não	é	bom	nem	ruim;	é	só	um	fato).
Pegue	 Harry	 Potter,	 por	 exemplo.	 Ele	 tem	 uma	 média	 de	 12	 palavras	 por
frase.	Agora...	Razão	e	Sensibilidade,	de	Jane	Austen,	publicado	em	1811,	 tem
uma	média	de	24	palavras	por	frase.	O	dobro!
Naquela	época,	as	pessoas	não	tinham	muito	o	que	fazer,	então	os	livros	eram
a	principal	 forma	de	entretenimento	 (a	caça	de	dinossauros	ocupava	a	segunda
posição).	Então	 imagine	a	cena:	o	senhorzinho	de	 terno	chique	e	a	madame	de
vestido	pomposo	diante	da	 lareira,	 lendo.	O	silêncio	 só	é	cortado	vez	ou	outra
pelo	estalar	da	lenha,	e	uma	chuvinha	fina	cai	ao	longe,	carregando	para	dentro
da	casa	um	delicioso	aroma	de	terra	molhada.
Parece	bem	chato,	né?	E	devia	ser	mesmo.
Mas	as	pessoas	tinham	muito	mais	condições	de	se	concentrar.	E	os	escritores
não	 se	 importavam	 muito	 se	 os	 leitores	 iam	 ou	 não	 entender	 frases	 longas.
Metiam	1001	apostos	no	meio	sem	a	menor	preocupação.
O	trecho	a	seguir	foi	tirado	do	livro	“A	Metamorfose”,	de	Kafka.	O	livro	foi
publicado	em	1915.
“Infelizmente,	 a	 irmã	 era	 de	 opinião	 contrária;	 habituara-se,	 e	 não	 sem
motivos,	 a	 considerar-se	 uma	 autoridade	 no	 que	 respeitava	 a	 Gregor,	 em
contradição	com	os	pais,	de	modo	que	a	presente	opinião	da	mãe	era	suficiente
para	 decidir	 retirar,	 não	 só	 a	 cômoda	 e	 a	 secretária,	 mas	 toda	 a	 mobília,	 à
exceção	do	indispensável	sofá”.
Não	é	um	trecho	muito	complexo	em	comparação	com	o	resto	do	livro,	mas
repare	como	o	autor	insere	várias	“camadas”	de	informação	no	meio	da	frase,	o
que	 torna	 a	 leitura	 truncada:	 “Habituara-se,	 e	 não	 sem	 motivo,	 a	 (...)”.	 “Era
suficiente	 para	 decidir	 retirar,	 não	 só	 a	 cômoda	 e	 a	 secretária,	 mas	 toda	 a
mobília”.
Para	nós,	 do	 século	XXI,	 parece	que	 estamos	 lendo	meio	 “aos	 solavancos”
quando	 temos	que	 parar	 em	uma	vírgula	 para	 processar	 uma	 segunda,	 terceira
camada	de	informação.
E	 eu	 peguei	 uma	 frase	 relativamente	 simples.	 É	 comum	 em	 livros	 antigos
você	 encontrar	 quatro,	 cinco	 “camadas”	 sobrepostas	 em	 uma	 só	 frase.	 O
resultado	é	que	a	gente	acaba	esquecendo	como	a	frase	tinha	começado	e	precisa
voltar	tudo	para	ver	onde	cada	uma	das	peças	se	encaixa.
Para	 o	 pessoal	 do	 século	XX	podia	 até	 ser	 simples,	mas	 para	 nós	 já	 não	 é
mais	 tão	 intuitivo	 assim.	 Nosso	 cérebro	 já	 funciona	 diferente	 do	 cérebro	 das
pessoas	chiques	do	passado.	Para	absorver	tudo,	precisamos	ler	mais	de	uma	vez
essas	 frases	 complexas.	 E	 quem	 não	 tem	 prática	 com	 esse	 tipo	 de	 texto	 sente
ainda	mais	dificuldade	para	processar	as	informações.
Então	 vamos	 lá:	 é	 óbvio	 que	 o	 estilo	 de	 escrita	 atual	 é	 mais	 fácil.	 Se
pudéssemos	 trazer	 o	 senhor	 de	 terno	 e	 a	madame	 pomposa	 do	 nosso	 exemplo
para	os	dias	atuais,	é	claro	que	eles	iriam	arregalar	os	olhos	para	Harry	Potter	e
pensar:	“Ó	céus,	este	livro	é	deveras	simples	de	se	ler”.
A	 questão	 é	 que	 eles	 entenderiam	 os	 nossos	 livros,	 mas	 nós	 nem	 sempre
somos	capazes	de	entender	os	livros	deles.
Por	 isso	 a	minha	 sugestão:	 leia	 livros	 dos	 séculos	 anteriores,	 quando	 não
havia	a	preocupação	do	autor	em	entregar	a	informação	“mastigada”.	Esse	é	um
bom	jeito	de	exercitar	sua	interpretação	de	texto.	Você	pode	até	ir	marcando	a
lápis	as	diversas	“camadas”	das	frases	longas	para	facilitar	o	processo.	E	não	se
preocupe	 de	 perder	 tempo	 lendo	mais	 de	 uma	 vez	 o	mesmo	 trecho.	 Por	mais
prática	que	você	tenha,	é	natural	ter	que	ler	mais	de	uma	vez.
Se	 ainda	 assim	 não	 conseguir	 entender,	 talvez	 sua	 mente	 esteja	 em	 outro
lugar.	Feche	 os	 olhos	 e	 se	 concentre	 na	 sua	 respiração	 por	 um	minuto,	 e	 só
então	volte.	Saiba	escutar	o	 seu	corpo	e	a	 sua	mente,	 aprenda	a	corrigir	o	queestá	errado.
Uma	curiosidade	legal	(ao	menos	eu	acho	legal):	um	dos	primeiros	escritores
a	 criticar	 esse	 estilo	 “truncado”	 foi	Ernest	Hemingway	 (1899	–	1961).	Por	 ser
jornalista,	ele	prezava	pela	concisão	e	pela	ordem	direta	na	hora	de	escrever	seus
textos.	 Seu	 estilo	 de	 escrita	 ficou	 conhecido	 como	 “Teoria	 do	 Iceberg”,	 e
consistia	 basicamente	 na	 ideia	 de	 suprimir	 informações	 desnecessárias.	 Em
resumo:	ele	defendeu	o	minimalismo	antes	de	o	minimalismo	ser	legal.
Abaixo	segue	uma	lista	de	autores	e	 livros	que	eu	recomendo	para	treinar	a
interpretação	de	texto.	Caso	tenham	interesse,	a	Amazon	me	paga	uma	comissão
se	comprarem	pelo	meu	link.
“Umberto,	eu	já	comprei	o	seu	e-book...	e	agora	você	quer	que	eu	te	dê	mais
dinheiro?!”
E	assim...	o	preço	dos	livros	vai	ser	o	mesmo,	pelo	link	ou	não.	A	não	ser	que
você	realmente	faça	questão	de	não	me	dar	nem	um	centavo	a	mais,	aí	você	pode
procurar	diretamente	no	site	deles.	Mas	fica	a	seu	critério	:)
Livros	para	melhorar	a	interpretação	de
texto
►	https://amzn.to/2Rt7Gxx	Vestígios	 do	Dia,	 de	Kazuo	 Ishiguro	 (1989).
Coloco	esse	primeiro	porque,	apesar	de	ser	“recente”,	é	um	livro	 tão	bom	para
treinar	interpretação	que	não	poderia	deixar	de	fora.	Ishiguro	foi	o	vencedor	do
prêmio	Nobel	de	2017,	a	propósito.	O	livro	é	narrado	por	um	mordomo,	então	o
estilo	de	escrita	é	bastante	formal,	mas	a	tradução	da	Companhia	das	Letras	foi
tão	 boa	 que	mesmo	 frases	 gigantes	 (com	 aquele	 monte	 de	 “camadas”	 que	 eu
falei)	se	tornam	incrivelmente	fluidas	e	fáceis	de	entender.	A	história	também	é
muito	boa,	com	destaque	para	os	momentos	em	que	o	mordomo	britânico	tenta
contar	 umas	 piadas	 para	 fazer	 o	 patrão	 americano	 rir	 (e	 falhando
miseravelmente).
►	 https://amzn.to/2SunjlF	 Cem	 Anos	 de	 Solidão,	 de	 Gabriel	 García
Márquez	(1967).	Mais	um	ganhador	do	Nobel,	minha	gente!	Este	aqui	também
é	 um	 livro	 relativamente	 “recente”	 comparado	 com	 os	 outros,	 mas	 é	 muito
divertido	 e	 com	 frases	 suficientemente	 grandes	 para	 não	 ser	 uma	 leitura	 fácil
demais.
►	https://amzn.to/2VoG4IV	Crime	e	Castigo,	Fiódor	Dostoiévski	 (1866).
Já	 é	 um	 estilo	 de	 escrita	 mais	 denso,	 mas,	 sinceramente,	 não	 chega	 a	 ser
impossível.	É	um	meio-termo	para	quem	já	 tem	certa	experiência	de	 leitura.	A
história	dispensa	apresentações.	É	uma	das	obras-primas	do	meu	autor	favorito.
►	 https://amzn.to/2SunAFd	 Os	 Irmãos	 Karamázov,	 de	 Fiódor
Dostoiévski	(1879).	Mais	um	do	Dostoiévski	porque	ele	merece	ser	exaltado.	Se
Crime	e	Castigo	é	“uma	das”	obras-primas,	este	é	“A”	obra-prima.
►	 https://amzn.to/2LLnc2k	 50	 Contos	 de	 Machado	 de	 Assis.	 Eu	 não
poderia	 deixar	 de	 incluir	 literatura	 brasileira,	 não	 é	 mesmo?	 As	 pessoas	 têm
preconceito	com	Machado	de	Assis	por	acharem	que	ele	escreve	difícil,	mas	eu
te	garanto	que	não	é	tão	difícil	assim.	E	os	contos	são	um	retrato	bem	legal	para
quem	gosta	de	História,	para	entender	a	dinâmica	da	sociedade	naquela	época.	E,
por	ser	um	autor	do	século	XIX,	o	estilo	de	escrita	era	de	um	jeito	menos	direto.
Perfeito	para	treinar	interpretação.
https://amzn.to/2Rt7Gxx
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https://amzn.to/2VoG4IV
https://amzn.to/2SunAFd
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►	 https://amzn.to/2CLfGlv	 A	 Metamorfose,	 de	 Franz	 Kafka	 (1915).
Sempre	 que	 falo	 de	 interpretação,	 menciono	 esse	 livro.	 Essa	 tradução,
principalmente,	 procurou	 focar	 no	 estilo	 tradicional	 de	Kafka,	 com	 frases	 bem
longas	e	cheias	de	“camadas”	para	você	rabiscar	bastante	o	livro.
►	https://amzn.to/2R7Goxy	Ensaio	Sobre	a	Cegueira,	de	José	Saramago
(1995).	 O	 livro	 mais	 recente	 da	 lista,	 mas	 talvez	 um	 dos	 mais	 complexos.	 O
estilo	de	Saramago	é	bem	diferente	de	tudo	que	você	possa	imaginar,	então	vai
levar	um	tempo	para	se	acostumar	à	falta	de	pontuação	e	às	frases	longas.	Mas	é
um	bom	desafio!	E	a	história	levanta	muitas	questões	existenciais	para	te	tirar	o
sono	à	noite.
►	https://amzn.to/2R0CXsd	Gaia	Ciência,	de	Friedrich	Nietzsche	(1882).
Um	livro	de	Filosofia	de	vez	em	quando	nunca	fez	mal!	E	o	estilo	de	escrita	na
forma	de	aforismas	é	bem	diferente	daquilo	a	que	estamos	acostumados.	Não	sei
se	é	do	Nietzsche	ou	se	é	comum	ao	estilo	alemão	num	geral,	mas	a	 forma	de
narrar	não	te	leva	direto	ao	ponto.	É	como	uma	espiral	que	te	faz	subir,	subir	e
subir	até	chegar	a	uma	conclusão	por	conta	própria.	Neste	livro,	Nietzsche	traz
reflexões	 sobre	 arte,	 moral,	 história,	 política,	 conhecimento,	 ilusão,	 guerras	 e
verdade.
►	 https://amzn.to/2CKKjaB	 A	 Hora	 da	 Estrela,	 de	 Clarice	 Lispector
(1977)	 Também	 uma	 autora	 mais	 “recente”,	 mas	 com	 um	 estilo	 de	 escrita
extremamente	fluido.	Ler	Clarice	é	como	andar	sobre	as	águas	de	um	lago	sem
saber	exatamente	no	que	você	está	pisando.	Você	entende	o	que	ela	quer	dizer,
mas	ao	mesmo	 tempo	não	é	capaz	de	entender	como	está	entendendo	algo	 tão
subjetivo.	Nós	acompanhamos	uma	série	de	imagens	aparentemente	sem	relação,
e	a	nossa	mente	precisa	criar	esse	amálgama	que	liga	as	ideias.	Enfim,	se	nunca
leu,	vale	a	pena.
►	 https://amzn.to/2VqDIt0	 Perto	 do	 Coração	 Selvagem,	 de	 Clarice
Lispector.	Um	livro	de	contos	da	Clarice.	Bom	para	ler	unzinho	ou	dois	antes	de
dormir.
Não	coloquei	nenhum	livro	fácil	na	lista.	Boa	leitura!
RESUMINDO:
Interpretação	 de	 texto	 é	 a	 chave	 para	 resolver	 qualquer	 prova	 do	 ENEM.
https://amzn.to/2CLfGlv
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Muitas	 questões	 (mais	 do	 que	 você	 pensa)	 podem	 ser	 respondidas	 apenas	 por
interpretação.
Qualquer	prática	de	 leitura	vai	 ajudar	na	 sua	 interpretação	de	 texto.	Livros,
revistas,	jornais,	artigos	de	opinião...	não	importa,	desde	que	você	leia,	leia,	leia.
Quanto	mais	gêneros	literários	diferentes,	melhor.
Não	está	conseguindo	se	focar	direito	no	texto?	Pode	ser	que	o	problema	seja
o	seu	ambiente	de	estudos.	Dê	uma	organizada	no	ambiente	à	sua	volta	antes	de
começar	a	estudar.	Lembre-se:	o	que	está	fora,	está	dentro.
Livros	 antigos	 são	 excelentes	 para	 trabalhar	 sua	 interpretação	 de	 texto.	 O
estilo	 de	 escrita	 era	 bem	mais	 trabalhado,	 rebuscado,	 então	 vai	 te	 exigir	mais
concentração	para	interpretar.
Agora	que	 falamos	de	 interpretação,	 vamos	partir	 para	 o	 segundo	 tópico:	 a
temida	Matemática!
Matemática	e	raciocínio	lógico
Convenhamos...	quem	gosta	de	Matemática?	Eu	sou	estranho,	então	sempre
gostei.	Mas	é	raro	ver	alguém	que	genuinamente	se	sente	confortável	quando	o
assunto	é	Matemática.	Então	relaxa,	você	não	está	sozinho.
Mas	 aqui	 vai	 uma	 notícia	 boa:	 por	 mais	 que	 você	 queira	 acreditar	 no
contrário,	a	Matemática	do	Ensino	Fundamental	e	do	Ensino	Médio	não	é	difícil.
O	problema	é	que,	 se	você	não	aprende	muitíssimo	bem	a	base,	mais	cedo	ou
mais	tarde	vai	ter	problemas.
A	grande	questão	da	Matemática	(e	das	Ciências	num	geral)	é	a	seguinte:	ela
exige	um	raciocínio	que	nós	não	exercitamos	tanto	no	cotidiano...	o	raciocínio
lógico.
É	meio	difícil	explicar	o	que	é	raciocínio	lógico,	e	mais	difícil	ainda	explicar
como	 funciona	 a	 cabeça	 de	 alguém	 que	 pensa	 “de	 maneira	 Exata”.	 Eu,	 por
exemplo,	 apesar	 de	 não	 fazer	 mais	 um	 curso	 de	 Exatas,	 sempre	 me	 pego
pensando	 de	 uma	 forma	 muito	 linear	 e	 “científica”:	 “se	 eu	 fizer	 A...	 vai
acontecer	B;	para	B	acontecer,	eu	tenho	que	fazer	A”.
A	própria	 ideia	do	capítulo	anterior	de	que	os	autores	 antigos	escreviam	as
frases	 em	diversas	 “camadas”	 é	 relativamente	 “de	Exatas”:	 eu	 divido	 o	 trecho
em	segmentos	menores	que,	somados,	resultam	na	frase	inteira.
Eu	sei,	eu	sei.	Parece	esquisito,	mas	é	porque	é	muito	difícil	de	explicar	o	que
se	passa	na	minha	cabeça.	Vamos	ver	se	com	este	exemplo	fica	um	pouco	mais
claro	(se	preparem	que	lá	vem	história,	mas	vai	fazer	sentido	no	fim):
A	 hipótese	 de	 Sapir-Whorf,	 também	 conhecida	 como	 relativismo
linguístico,	defende	que	idiomas	diferentes,	por	apresentarem	diferentes	lógicas
internas,	 estimulamo	 cérebro	 de	maneira	 distinta.	 Por	 conta	 disso,	 indivíduos
que	falam	idiomas	diferentes	apresentariam	maneiras	diferentes	de	compreender
a	realidade	externa	e	a	si	mesmos.
Sua	 própria	 relação	 com	 os	 outros	 e	 consigo	 mesmos	 seria	 “afetada”	 pela
presença	ou	ausência	de	certos	elementos	linguísticos	no	idioma.
Exemplo:	 no	 caso	 de	 uma	 língua	 em	 que	 não	 houvesse	 distinção	 entre	 os
vocábulos	 “Eu”	 e	 “Você”,	 será	 que	 as	 pessoas	 teriam	 um	 senso	 de	 identidade
diferente	do	nosso?	Para	eles,	eu	e	você	seríamos	a	mesma	pessoa?
Hmmmmmmm...	interessante,	né?
Sobre	isso,	fica	a	dica	de	um	filme:	A	Chegada,	de	2016,	conta	a	história	de
uma	linguista	que	decifra	o	idioma	de	uma	raça	alienígena	e,	por	conta	disso,	seu
cérebro	é	“reconfigurado”	para	entender	coisas	que,	antes,	só	eles	entendiam.	Ela
então	passa	a	entender	o	tempo	de	uma	maneira	não	linear:	passado,	presente	e
futuro	se	mesclam	porque	o	idioma	que	ela	decifrou	fez	ela	perceber	a	realidade
de	 uma	maneira	 totalmente	 inconcebível	 para	 os	 outros	 humanos.	 É	 um	 filme
mucho	loko.
ENFIM!
A	 hipótese	 de	 Sapir-Whorf	 não	 passa	 disso:	 uma	 hipótese.	 Ela	 não	 é
comprovada	cientificamente,	mas	acho	uma	analogia	perfeita	para	explicar	o	que
o	raciocínio	lógico-matemático	pode	proporcionar.
Imagine-o	 como	 sendo	um	novo	 idioma.	Uma	 “reconfiguração”	 do	 cérebro
para	 entender	 linhas	 de	 raciocínio	 que	 antes	 estavam	 latentes	 dentro	 da	 sua
cabeça.
A	 Matemática	 (e	 todas	 as	 ciências)	 bebem	 muito	 dessa	 fonte,	 e	 por	 isso
podem	 ser	 difíceis	 para	 quem	 não	 tem	 tanta	 familiaridade	 com	 esse	 tipo	 de
raciocínio.	E	convenhamos	que	são	raríssimos	os	professores	que	se	preocupam
em	explicar	isso	antes	de	atolar	os	alunos	com	um	monte	de	fórmulas	abstratas	e
aparentemente	sem	sentido.
É	óbvio	que	as	pessoas	vão	sentir	dificuldade	se	não	souberem	para	que	estão
estudando	 aqueles	 números	 e	 letras.	 Matemática	 passa	 a	 ser	 decoreba	 de
símbolos	aleatórios.
Mas	 vamos	 combinar	 uma	 coisa:	 a	 partir	 de	 hoje,	 isso	 fica	 para	 trás,	 ok?
Existe	 uma	 lógica	 por	 trás	 da	 Matemática,	 e	 o	 seu	 principal	 desafio	 não	 é
decorar	símbolos,	mas	sim	entender	essa	lógica.
Vamos	ver	na	parte	de	análise	do	ENEM	2018	que	o	raciocínio	lógico	pode
ser	 um	 caminho	 alternativo	 para	 responder	 até	 questões	 de	 Humanas	 ou
Linguagens!	 Isso	 porque	 ele	 nos	 oferece	 basicamente	 uma	 outra	 forma	 de
pensar.	E,	quanto	mais	caminhos	distintos	o	cérebro	for	capaz	de	seguir,	maiores
as	chances	de	ter	novos	insights,	ideias...	enfim,	de	ser	mais	criativo	num	geral.
(No	caso	de	uma	prova,	maiores	as	chances	de	chegar	na	resposta).
A	propósito,	sabe	o	que	vai	te	ajudar	com	raciocínio	lógico?	A	interpretação
de	texto!	Os	dois	caminham	lado	a	lado.	Mas	no	caso	da	Matemática	nós	vamos
um	 passo	 além:	 não	 vamos	 apenas	 entender	 o	 que	 o	 texto	 está	 falando...	 para
resolver	os	exercícios,	precisamos	pensar	de	maneira	abstrata,	conectar	áreas	do
cérebro	que	normalmente	não	conversam	muito.	E	é	isso	que	você	vai	trabalhar
para	melhorar	em	Matemática.
E	agora,	 senhoras	e	 senhores	membros	do	 júri...	 a	pergunta	de	1	milhão	de
dólares:	como	melhorar	o	raciocínio	lógico?
Em	primeiro	 lugar,	acabe	com	o	preconceito	com	a	Matemática.	Na	escola,
eu	tinha	um	colega	que	fazia	questão	de	não	aprender	nada.	Ele	nem	se	dava	ao
trabalho	de	tentar	porque	já	“sabia”	que	não	ia	entender.
Não	seja	esse	tipo	de	pessoa.	Por	favor.
Você	é	capaz	de	aprender	qualquer	coisa	que	quiser.	E	tirar	o	preconceito	é
meio	caminho	andado	para	absorver	seja	o	que	for.	Combinado?	Combinado.
Resolvido	 isso,	 a	 próxima	 forma	 de	 trabalhar	 o	 raciocínio	 já	 foi	 falada	 no
capítulo	 anterior:	 leia	muito,	 e	 de	 tudo	 um	 pouco.	Como	 são	 habilidades	 que
caminham	 juntas,	 a	 leitura	vai	preparar	o	 terreno	para	quando	você	 começar	 a
exercitar	o	raciocínio	lógico	propriamente	dito.
Outra	coisa	que	eu	já	falei	em	alguns	vídeos	(e	recebi	ótimos	depoimentos	de
pessoas	 que	 puseram	 em	 prática	 e	 obtiveram	 resultados	 positivos)	 é	 aprender
lógica	 de	 programação.	 A	 programação	 é	 interessante	 porque	 te	 ensina
justamente	 o	 “se	 A,	 então	 B”.	 E	 esse	 tipo	 de	 relação	 é	 a	 base	 do	 raciocínio
lógico.
Procure	no	YouTube	canais	que	ensinem	lógica	de	programação.	Não	precisa
aprender	 a	 fundo	 uma	 linguagem,	 mas,	 se	 tiver	 interesse,	 as	 pessoas
recomendam	Python	por	ser	uma	não	tão	complexa.
Pode	ser	até	que	você	goste	de	programar!	E	o	mundo	super	tecnológico	de
hoje	 em	 dia	 precisa	 cada	 vez	 mais	 de	 programadores.	 Quem	 sabe	 você	 não
encontra	uma	vocação?
Não	 tem	 tempo	 para	 aprender	 a	 programar?	 Sem	 problemas.	 Em	 um	 outro
vídeo	 no	 canal,	 eu	 ensinei	 a	 resolver	 desafios	 de	 lógica
(https://www.youtube.com/watch?v=MdwXgypS0aM).	 Se	 tem	 uma	 coisa	 que
melhora	o	seu	raciocínio,	é	esse	joguinho.
Este	 site	 oferece	 desafios	 de	 lógica	 grátis,	 mas	 você	 provavelmente	 ainda
consegue	 encontrar	 revistas	 da	 Coquetel	 nas	 bancas	 com	 desafios	 mais
interessantes:
https://www.geniol.com.br/logica/desafios/
Para	 você	 ter	 uma	 noção,	 menos	 de	 dois	 meses	 depois	 que	 eu	 postei	 esse
vídeo,	recebi	um	depoimento	de	uma	menina	que	disse	estar	fazendo	um	desses
por	 dia,	 antes	 de	 dormir,	 e	 que	 já	 tinha	 sentido	 uma	melhora	 significativa	 na
rapidez	com	que	resolvia	as	questões	de	Matemática.
Pode	 parecer	 algo	 aleatório,	 perda	 de	 tempo,	 mas	 é	 um	 processo	 de
reconfiguração	 do	 cérebro	 que	 vai	 ter	 impactos	 diretos	 no	 seu	 processo	 de
resolução.	 Não	 é	 perda	 de	 tempo.	 É	 dar	 um	 passo	 atrás	 para	 dar	 1000000
adiante.
Para	 colocar	 em	 prática	 e	 sentir	 os	 efeitos	 desses	 estudos,	 você	 pode	 ir
resolvendo	algumas	questões	de	Matemática	ao	longo	das	semanas.	Cronometre
o	tempo	que	você	leva	e	vá	acompanhando	a	melhoria.	É	sempre	motivador	ver
https://www.youtube.com/watch?v=MdwXgypS0aM
https://www.geniol.com.br/logica/desafios/
que	seus	esforços	estão	valendo	a	pena!
RESUMINDO:
Matemática	não	é	tão	difícil	quanto	parece.	O	problema	é	que	na	escola	não
dedicam	 tempo	 suficiente	 para	 o	 raciocínio	 lógico.	 Trabalhe	 o	 seu	 raciocínio
lógico,	e	a	Matemática	vem	junto.
A	 interpretação	 de	 texto	 também	 vai	 ser	 útil	 na	 prova	 de	Matemática.	 Na
verdade,	ela	é	o	diferencial	em	quase	qualquer	prova	que	você	for	fazer	na	vida.
Então	as	dicas	do	capítulo	anterior	continuam	valendo:	leia	muito,	e	leia	sempre.
Desafios	de	lógica	são	jogos	perfeitos	para	você	melhorar	a	interpretação	de
texto	e	o	raciocínio	lógico-matemático	ao	mesmo	tempo.	Experimente	fazer	uns
2	ou	3	por	semana,	antes	de	ir	dormir.
Raciocínio	matemático	não	passa	de	uma	outra	forma	de	perceber	as	coisas	à
sua	volta.	Não	vai	ajudar	só	na	prova	do	ENEM,	mas	em	tudo	na	sua	vida.	Boa
sorte	:)
Fechamos	 aqui	 o	 capítulo	 de	 raciocínio	 lógico.	 Agora	 vamos	 falar	 de
Matemática	propriamente	dita.	Vem	aí...	a	pirâmide	da	Matemática.
A	Matemática	é	uma	pirâmide
Antes	de	mais	 nada,	 vou	 te	 contar	 um	 segredo.	Mentira,	 não	 é	um	 segredo
porque	muita	gente	já	sabe.	Se	você	prestou	bastante	atenção	até	aqui	no	ebook,
já	deve	até	ter	percebido.
Lembra	 do	 capítulo	 com	 as	 minhas	 notas?	 Nesses	 três	 anos	 consecutivos,
qual	foi	a	minha	maior	nota	disparada?	Matemática.
E	a	segunda?	Redação.
E	não	é	porque	eu	sou	um	gênio	da	Matemática	ou	o	tatataraneto	de	Machado
de	Assis.	É	porque	essas	são	as	duas	únicas	provas	em	que	você	pode	tirar	mais
de	900.	No	capítulo	sobre	a	TRI	eu	vou	explicar	melhor	o	porquê	disso,	mas	por
enquanto	tome	a	minha	palavra	como	verdade.
Essas	são	as	duas	provas	mais	 importantes.	Elas	podem	aumentar	 (muito)	a
sua	média.	Vamos	falar	sobre	redação	mais	para	frente,	mas	por	enquanto	vamos
nos	focar	em	Matemática.
Como	 eu	 já	 disse,	 uns	 80%	 da	 prova	 de	 Matemática	 exigem	 só
conhecimentos	de	Matemática	Básica	e	interpretação.	As	quatro	operações,	regra
de	três,	equações,funções,	geometria...
Se	você	domina	 isso,	 acerta	no	mínimo	30,	35	questões.	Sério.	E	com	esse
número	de	acertos	você	 facilmente	 tira	mais	de	800,	850	 (a	depender	de	quais
você	acerta,	claro...	vide	capítulo	sobre	TRI).
Não,	não	é	utópico.	Acertar	30	em	Linguagens,	Humanas	e	Natureza	até	que
pode	 ser	 um	 pouco	 mais	 difícil.	 Mas	 em	 Matemática	 é	 muito,	 muito,	 muito
possível.
Dito	isso,	vamos	lá...
Por	que	as	pessoas	têm	tanta	dificuldade	com	Matemática?	Em	parte	porque
os	professores	não	dedicam	tempo	suficiente	para	ensinar	raciocínio	lógico,	e	a
Matemática	vira	um	aglomerado	de	símbolos	incongruentes.
Mas	 tem	um	segundo	motivo:	porque	ela	 é	uma	pirâmide.	E,	 se	 a	base	de
uma	pirâmide	for	mal	construída,	o	que	acontece?
Ploft.	Ela	desmorona.
(Isso	aí:	ploft).
E	 é	 exatamente	 isso	 que	 acontece	 com	 quem	 tenta	 aprender	 logaritmos	 e
funções	sem	entender	bem	das	quatro	operações	básicas,	regra	de	três,	equações
do	primeiro	e	segundo	grau,	etc.
Então	 seguinte:	 se	 você	 tem	 dificuldades	 com	Matemática,	 eu	 aposto	 com
você	que	com	99%	de	certeza	o	seu	problema	está	na	base.	Onde	da	base?	Não
sei.	Mas	está	na	base.
Se	 você	 tiver	 a	 humildade	 de	 refazer	 o	 caminho	 da	Matemática	Básica	 até
voltar	 ao	 ponto	 em	 que	 está	 hoje,	 não	 há	 dúvida	 de	 que	 seu	 desempenho	 vai
melhorar	e	muito.
O	 problema	 é	 que	 demanda	 tempo.	 E	 exige	 dedicação	 e	 humildade	 para
reaprender	conteúdos	considerados	“simples”.	Tem	gente	que	sente	vergonha	de
precisar	rever	esses	assuntos.	Mas,	sinceramente,	quem	deveria	sentir	vergonha	é
quem	insiste	no	erro	e	se	recusa	a	progredir.
Quem	tem	a	humildade	de	corrigir	os	próprios	erros	deveria	ser	aplaudido	de
pé.
PS:	em	novembro	de	2018,	fui	contratado	por	uma	plataforma	da	Índia	para
gravar	50	vídeos	de	Matemática	Básica.	Deu	super	trabalho	para	fazer	tudo	em
um	mês,	mas	sobrevivi!	Grande	parte	dos	conteúdos	da	pirâmide	está	neste	link
abaixo.	São	videoaulas	gratuitas,	então,	caso	tenha	interesse,	aí	vai	o	link:
https://unacademy.com/user/umbertomaz-5505
(Só	não	me	pergunte	por	que	uma	plataforma	da	Índia	está	fazendo	aulas	para
o	ENEM...	até	hoje	eu	não	entendo).
Dito	 isso,	 vamos	 à	 pirâmide	 de	 assuntos	 da	Matemática.	 Você	 pode	 diluir
esses	assuntos	ao	longo	das	semanas	para	ir	estudando	em	paralelo	com	as	outras
disciplinas.
Não	tenho	uma	ideia	concreta	de	quanto	tempo	levaria	para	revisar	tudo	isso,
mas	chuto	que	com	umas	2,	3	horas	ao	dia	levaria	uns	3	meses	para	dar	uma	boa
revisada.	O	pessoal	que	viu	os	50	vídeos	de	Matemática	Básica	 conseguiu	 em
menos	de	1	mês,	mas	foi	um	ritmo	alucinante	que	eu	não	desejaria	nem	para	o
meu	pior	inimigo	(imagina	a	trabalheira	que	foi	gravar	tudo	aquilo).
1)	Conjuntos	e	subconjuntos
2)	Números	N,	Z,	Q,	I	e	R	(saber	o	que	são,	a	posição	na	reta	real,	entender	a
lógica	de	“maior	que”,	“menor	que”)
3)	As	4	operações	básicas	e	suas	propriedades:	adição,	subtração,
multiplicação	e	divisão	(comutativa,	associativa	e	distributiva)
4)	Expressões	numéricas
https://unacademy.com/user/umbertomaz-5505
5)	Truques	para	multiplicar	mais	rápido	de	cabeça
(https://www.youtube.com/watch?v=t9lTx8edMqk)
6)	Números	primos	e	fatoração
7)	Múltiplos	e	divisores
8)	Como	colocar	em	evidência
9)	MMC	e	MDC	(https://www.youtube.com/watch?v=YgkK4NpnBi8)
10)	Frações:	frações	mistas,	equivalência	de	frações,	operações	com	frações,
comparação	de	frações
11)	Produto	cruzado	(propriedade	das	proporções)
***	A	partir	deste	ponto	em	que	você	já	entendeu	bem	a	lógica	básica	dos
números	reais,	já	pode	começar	a	intercalar	com	geometria	(a	seguir)
12)	Números	decimais	e	conversão	para	fração
13)	Sistemas	métricos:	unidades	de	medida	(m,	m²	e	m³)	e	conversão	de
unidades	(https://www.youtube.com/watch?v=Ppd8AKqqMFU)
14)	Conversão	de	unidades	de	tempo
14)	Escala	(https://www.youtube.com/watch?v=ceou0-DyG2w)
15)	Dízimas	periódicas
16)	Porcentagem
17)	RAZÃO	E	PROPORÇÃO:	grandezas	diretamente	e	inversamente
proporcionais	(https://www.youtube.com/watch?v=eu0ihQo7Nso)
18)	Mais	2	operações:	potenciação	e	radiciação.	Propriedades	e	operações
19)	Notação	científica
20)	Média	aritmética	e	média	ponderada
https://www.youtube.com/watch?v=t9lTx8edMqk
https://www.youtube.com/watch?v=YgkK4NpnBi8
https://www.youtube.com/watch?v=Ppd8AKqqMFU
https://www.youtube.com/watch?v=ceou0-DyG2w
https://www.youtube.com/watch?v=eu0ihQo7Nso
21)	Matrizes	e	determinantes
23)	Logaritmo	(o	que	é	e	propriedades,	mas	sem	se	importar	em	resolver
expressões;	só	com	números	mesmo)
***	Tendo	aprendido	o	básico,	dividimos	agora	em	duas	frentes	(você	pode
ir	intercalando	álgebra	e	geometria):
ÁLGEBRA:
24)	Regra	de	3	e	suas	aplicações
25)	Produtos	notáveis
26)	PA	e	PG
27)	Juros	simples	e	compostos
28)	Equação	do	1º	grau
29)	Equação	do	2º	grau
30)	Equação	exponencial	e	logarítmica
31)	Análise	combinatória	–	Princípio	Fundamental	da	Contagem,	Arranjo,
Permutação	e	Combinação
32)	Estatística	(média,	mediana,	desvio	padrão,	etc.)
34)	Função	do	1º	grau,	2º	grau,	módulo,	exponencial,	logarítmica,	seno	e
cosseno
35)	Gráfico	de	funções	e	formato	das	curvas
36)	Zero	da	função	(raiz	da	função)
37)	Sistemas	de	equação
38)	Inequações	de	1º	e	2º	grau	(são	a	mesma	coisa	que	equações,	mas	com
sinais	de	“maior	que”	e	“menor	que”;	e	você	precisa	saber	traçar	os	gráficos	para
saber	quando	é	maior	e	quando	é	menor)
GEOMETRIA:
39)	Noções	de	ponto,	reta,	plano,	segmento	de	reta,	ângulo	(graus	e
radianos),	etc.
40)	Retas	paralelas	interceptadas	por	uma	transversal	(alternos	internos,
externos,	colaterais,	etc.)
41)	Tipos	de	triângulos	(equilátero,	isósceles	e	escaleno)
42)	Propriedades	dos	triângulos	(ângulos	internos	e	externos)
43)	Semelhança	de	triângulos	(ideia	de	PROPORÇÃO	e	produto	cruzado)
44)	Teorema	de	Tales
45)	Altura,	mediana,	mediatriz	e	bissetriz
46)	Relações	métricas	no	triângulo	retângulo
47)	Teorema	de	Pitágoras,	triângulo	pitagórico
48)	TRIGONOMETRIA:	seno,	cosseno	e	tangente	dos	ângulos	de	30º,	45º,
60º	e	90º,	relação	fundamental	(sen²x+cos²x=1)
49)	Área	dos	triângulos,	altura	do	triângulo	equilátero
50)	Lei	dos	senos	e	lei	dos	cossenos
51)	Noções	básicas	de	ciclo	trigonométrico
52)	Círculo	e	circunferência
53)	Área,	perímetro	e	fórmulas	importantes:	quadrado,	retângulo,	triângulo,
trapézio,	paralelogramo,	losango,	etc.
54)	Cubo,	paralelepípedo,	prisma,	cilindro,	cone	e	pirâmide	(e	fórmulas	de
área	e	volume)
55)	Tronco	de	cone	e	tronco	de	pirâmide
56)	Esfera
Repare	 que	 começamos	 com	 assuntos	 sem	 incógnitas.	 Até	 o	 item	 23,
tivemos	só	números	e	nenhuma	incógnita.	Isso	foi	para	você	primeiro	entender
bem	a	lógica	das	operações	básicas	sem	a	necessidade	de	“encontrar	x”.
Quando	partimos	para	regra	de	três,	você	já	está	preparado	para	inserir	uma
incógnita,	 para	 ter	 a	 capacidade	 de	 abstração	 que	 ela	 exige.	 Afinal,	 uma
incógnita	não	passa	de	um	número	que	a	gente	ainda	não	conhece.	Mas,	se	você
não	 entende	 a	 relação	 entre	 os	 números,	 como	 vai	 dominar	 a	 relação	 quando
entra	uma	letra	na	história?
E	 é	 só	 bem	mais	 para	 frente,	 no	 item	 34,	 que	 entram	 as	 funções.	 Funções
exigem	uma	grande	capacidade	de	abstração	porque	envolvem	a	relação	de	duas
incógnitas!	Uma	está	em	função	da	outra,	e	não	existem	valores	definidos	para
elas,	 mas	 infinitos	 pares	 ordenados	 que	 resolvem	 a	 igualdade.	 Inequações,
então...	são	ainda	mais	complexas!
Percebeu	por	que	precisa	de	uma	ordem?	Senão	tudo	desmorona.
Além	dos	 50	 vídeos	 de	Matemática	Básica,	 eu	 fiz	 3	 vídeos	 de	 1	 hora	 com
uma	grande	revisão	desses	assuntos.	Aí	vão	os	links:
https://www.youtube.com/watch?v=rX1GZZXhXAc
https://www.youtube.com/watch?v=k7Z0uw4LrvY
https://www.youtube.com/watch?v=NsGpDI53HqA
E	 é	 basicamente	 isso	 de	Matemática	Básica.	 Em	 resumo:	 pratique	 bastante
interpretação	 de	 texto,	 exercite	 seu	 raciocínio	 lógico	 e	 tenha	 a	 humildade	 de
rever	com	atenção	a	base.
Tirar	mais	 de	 800	 é	 super	 possível	 se	 você	 trabalhar	 bem	 essas	 frentes	 ao
longodo	ano.	Talvez	até	mais	de	900.
https://www.youtube.com/watch?v=rX1GZZXhXAc
https://www.youtube.com/watch?v=k7Z0uw4LrvY
https://www.youtube.com/watch?v=NsGpDI53HqA
A	Matemática	no	dia	a	dia
(também	conhecido	como	o	capítulo	em	que	o	Umberto	dá	uma	viajada
legal)
Uma	forma	ótima	de	desmistificar	a	Matemática	é	procurar	a	Matemática	no
dia	 a	 dia.	 Permita-me	 um	momento	 de	 esquisitice	 reflexão	 (e	 eu	 juro	 que	 vai
fazer	sentido	no	final,	então	paciência...	vamos	usar	isso	que	eu	vou	falar	até	em
uma	questão	de	Humanas	no	capítulo	de	resolução):
Galileu	 Galilei	 (1564-1642),	 físico,	 astrônomo,	 matemático	 e	 filósofo	 dos
séculos	XVI-XVII,	 tem	 uma	 célebre	 frase	 que	 diz:	 “A	Matemática	 é	 a	 língua
com	que	Deus	escreveu	o	universo”.
Bonito,	né?	Pomposo.	Mas	o	que	será	que	ele	quis	dizer	com	isso?
Bem...
Ao	longo	de	toda	a	história	da	Filosofia,	um	dos	temas	mais	presentes	foi	a
dicotomia	mythos	x	logos.	Em	outras	palavras:	crenças	vs.	razão.	Ora	a	balança
pendia	para	um	lado,	ora	para	o	outro.
Na	época	de	Galileu,	a	razão	veio	com	força	total!	O	advento	da	luneta	fez	os
seres	humanos	perceberem	que	a	Terra	não	era	o	centro	do	universo,	que	éramos
só	mais	um	planeta	qualquer.	Não	éramos	mais	o	centro	de	toda	a	criação	divina,
e	aquilo	foi	um	choque	muito	grande	na	época.
A	matematização	da	realidade	“pôs	as	rédeas”	nos	fenômenos	que	antes	eram
inexplicáveis.	Para	você	ter	uma	ideia,	até	essa	época	se	acreditava	piamente	nos
escritos	 de	 Ptolomeu,	 do	 século	 II,	 que	 defendia	 que	 a	 Terra	 era	 o	 centro	 do
universo.	Os	movimentos	aparentemente	aleatórios	dos	corpos	celestes	à	nossa
volta	 não	 eram	 explicados	 de	 maneira	 científica,	 mas	 como	 sendo	 uma	 mera
manifestação	do	“humor”	do	universo.
Aí	veio	Galileu	com	a	luneta	e	mostrou	que	a	Terra	não	era	centro	de	nada.	E
que	as	manifestações	divinas	que	a	Igreja	pregava	podiam	ser	reduzidas	a	uma
série	de	equações	matemáticas,	a	movimentos	“matematizáveis”	dos	planetas	e
estrelas.
A	razão	começou	a	imperar	sobre	as	crenças	no	divino.
Daí	 a	 origem	 da	 frase	 de	 Galileu.	 Apesar	 de	 mencionar	 “Deus”,	 é	 uma
posição	muito	mais	cética	que	devota.	Ele	quis	dizer	que	o	universo	(Deus)	era
puramente	 racional	 e	 “decifrável”.	Que	 nós	 humanos,	 por	meio	 da	 razão	 e	 da
Matemática,	já	éramos	capazes	de	compreender	a	lógica	divina.
E	 até	 que	 faz	 sentido,	 não	 faz?	 Com	 o	 avanço	 das	 tecnologias,	 hoje	 nós
conseguimos	enviar	um	satélite	a	Plutão,	fazer	ele	dar	algumas	voltas	ao	redor	de
Júpiter,	rodopiar	nos	anéis	de	Saturno	e	ainda	voltar	são	e	salvo	para	casa	para	a
hora	do	chá.	Nós	entendemos	as	 leis	da	gravitação	universal,	 sobre	queima	de
combustível,	 a	 relação	 entre	 massa	 e	 volume	 do	 foguete...	 basicamente
entendemos	as	“leis	universais”.
Parece	até	que	todo	o	universo	obedece	a	essas	leis,	né?
Mas	aí	vem	o	problema...
Nós	somos	humanos.	Nós	enxergamos	0,00...00001%	de	todo	o	espectro	de
energia	eletromagnética.	Nós	só	conseguimos	escutar	sons	entre	20	e	20000	Hz.
E	 nossa	 mente	 só	 consegue	 conceber	 até	 3	 dimensões	 (largura,	 altura	 e
comprimento).	 É	 humanamente	 impossível	 conceber	 uma	 quarta	 dimensão,
quinta	dimensão...
Nós	não	conhecemos	absolutamente	nada	do	universo.	Nem	de	nós	mesmos.
Conhecemos	0,00000...1%
Na	minha	opinião,	é	meio	petulante	demais	achar	que	o	universo	obedece	às
regras	que	nós,	simples	humanos,	inventamos.
Acho	 muito	 mais	 certo	 falar	 que	 a	 razão	 humana	 foi	 responsável	 por
descobrir	 a	 Matemática,	 e	 que	 a	 Matemática	 é	 um	 instrumento	 humano	 para
tentar	compreender	e	decifrar	a	infinita	complexidade	do	universo.
O	 universo	 não	 precisa	 seguir	 uma	 regra.	 As	 coisas	 simplesmente...
acontecem.	Mas	nós	precisamos	observar	o	que	está	acontecendo	e	tentar	colocar
ordem	 no	 caos.	 E	 como	 fazemos	 isso?	 Por	meio	 da	Matemática.	 Foi	 a	 forma
como	nós	conseguimos	explicar	os	fenômenos	lá	fora.
Mas	isso	não	quer	dizer	que	o	universo	obedece	à	Matemática.
“A	Matemática	é	a	linguagem	que	nós,	humanos,	inventamos	para	decifrar	o
universo”.	Talvez	essa	seja	uma	frase	melhor.
E	por	que	eu	estou	falando	isso?	Em	primeiro	lugar	porque	o	livro	é	meu,	e
eu	 falo	o	que	eu	quiser.	Em	segundo	 lugar	porque	é	 legal.	E	em	terceiro	 lugar
para	fazer	você	refletir	sobre	a	Matemática.
Ela	 não	 passa	 de	 um	 instrumento	 humano.	 E	 o	 nosso	 cérebro	 é
geneticamente	programado	para	pensar	de	maneira	lógica!	Nós	já	nascemos	com
essa	capacidade.	Basta	desenvolver.
Se	você	diz	que	não	é	capaz	de	pensar	de	maneira	matemática,	você	deve	ser
uma	 água-viva.	 Porque	 os	 humanos	 estão	 programados	 para	 enxergar	 dessa
forma.	Então	sem	desculpas!
Dito	isso,	fica	aqui	a	sugestão	de	um	desenho	curtinho	sobre	a	Matemática	no
mundo	 real.	Ver	 que	 ela	 está	 no	 dia	 a	 dia	 vai	 fazer	 você	 perceber	 que	 é	 algo
muito	mais	interessante	e	apaixonante	que	só	fórmulas	vazias.
Você	vai	começar	a	enxergar	a	Matemática	nas	coisas	mais	simples	do	dia	a
dia.	E,	ao	perceber	que	ela	está	em	tudo,	você	vai	ver	que	não	tem	mistério.	Que
você	praticamente	“já	sabia”	tudo	aquilo.
Como	eu	disse	no	capítulo	anterior,	é	só	uma	forma	diferente	de	enxergar	a
realidade.	E,	se	isso	não	é	lindo,	eu	não	sei	o	que	é.
https://www.youtube.com/watch?v=wbftu093Yqk
É	um	desenho	do	Donald.	Você	já	deve	ter	visto	alguma	cena	dele	porque	é
bem	famoso.	Eu	tenho	em	VHS	(sim,	sou	idoso).
A	 propósito,	 sobre	 isso	 de	 ver	 a	Matemática	 com	 outros	 olhos...	 olha	 que
lindo	esse	depoimento	que	recebi	no	Instagram:
Muito	fofa,	né?	Adorei	mesmo.	Feliz	Ano	Novo	pra	todos	nós	:)
Então,	para	resumir,	o	que	eu	quis	dizer	com	toda	essa	história	de	Galileu	e
Donald	 é:	 quer	 melhorar	 em	 Matemática?	 Apaixone-se	 por	 ela!	 Esqueça	 as
experiências	com	os	professores	chatos	de	Matemática	que	você	teve	na	escola.
Ela	 é	 muito	 mais	 do	 que	 fórmulas,	 e,	 quando	 você	 percebe	 isso,	 supera	 esse
bloqueio	e	todo	o	aprendizado	fica	mais	fácil	e	divertido.
Ah,	sabe	quem	foi	um	dos	primeiros	filósofos	a	questionar	a	crença	absoluta
na	razão?	Foi	nosso	querido	Nietzsche	(das	sugestões	de	livros	lá	em	cima).	Ele
pôs	o	dedo	na	ferida	e	mostrou	que	os	filósofos	da	razão,	ao	criticar	o	dogma	do
“mythos”,	transformaram	a	razão	em	outro	dogma.	Tudo	isso	de	“bom	vs.	mau”,
“certo	vs.	errado”	(ou	seja,	a	moral),	era	fruto	de	uma	pseudo-racionalidade.	Nós
matamos	 os	 deuses	 e	 criamos	 outros.	 Lá	 em	 “Gaia	 Ciência”	 (e	 em	 “Além	 do
Bem	 e	 do	 Mal”)	 ele	 fala	 bastante	 disso	 caso	 você	 tenha	 interesse	 em	 se
https://www.youtube.com/watch?v=wbftu093Yqk
aprofundar.
Ok,	 agora	 acabamos	 a	 parte	 em	 que	 o	Umberto	 viaja.	Vamos	 à	 parte	mais
prática	e	mergulhar	nas	estratégias	para	o	ENEM.
A	matriz	de	referência	do	ENEM
A	matriz	de	 referência	 é	 aquele	documento	que	você	precisa	 ler	 ao	menos
uma	vez	na	vida.	Como	eu	falei	antes,	cada	vestibular	tem	um	estilo	diferente,	e
ao	ler	esse	documento	fica	muito	claro	que	habilidades	o	ENEM	vai	cobrar	de
você.
A	matriz	de	referência	não	é	o	edital.	Ela	é	ainda	mais	importante,	porque	te
diz	exatamente	o	que	esperam	do	aluno.	Acesse	a	matriz	por	estes	links:
http://portal.inep.gov.br/matriz-de-referencia
http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/encceja/matrizes-de-referencia
Eu	disse	que	o	ENEM	é	mais	interpretativo,	não	disse?	Pois	só	a	quantidade
de	 vezes	 que	 a	 matriz	 de	 referência	 menciona	 habilidades	 de	 interpretação
mostra	que	ele	é	uma	prova	que	valoriza	a	capacidade	do	aluno	de	relacionar
diferentes	conhecimentos,	de	 interpretar	e	aplicar	o	que	ele	aprendeu	na	sala
de	aula	e	na	vida.
É	claro	que	o	conteúdo	em	si	é	importante.	Mas	de	nada	adianta	decorar	1000
nomes	 se	 você	 não	 tem	 essa	 habilidade	 de	 fazer	 uma	 conexão	 de	 ideias	 para
chegar	à	resposta.
Pense	no	 tecido	conjuntivo	do	corpo	humano:	uma	das	principais	 funções	é
de	sustentar	todos	os	outros	tecidos.	Ele	mantém	todo	mundo	no	lugar	para	que
os	outros	órgãos	e	sistemas	possam	trabalhar	direito.
Nessa	analogia,os	conhecimentos	que	você	aprende	em	sala	de	aula	são	os
órgãos.	Mas	eles	precisam	estar	disponíveis,	no	lugar	certo	e	na	hora	certa,	para
você	conseguir	acessá-los	e	encontrar	a	resposta.	E	quem	vai	garantir	isso	é	a	sua
habilidade	 de	 pensar	 fora	 da	 caixa	 e	 conectar	 todas	 essas	 ideias.	 A	matriz	 de
referência	deixa	claro	isso	nos	eixos	cognitivos	II	e	III:
II.	 Compreender	 fenômenos	 (CF):	 construir	 e	 aplicar	 conceitos	 das	 várias
áreas	do	conhecimento	para	a	compreensão	de	fenômenos	naturais,	de	processos
histórico-geográficos,	da	produção	tecnológica	e	das	manifestações	artísticas.
III.	 Enfrentar	 situações-problema	 (SP):	 selecionar,	 organizar,	 relacionar,
interpretar	dados	e	 informações	 representados	de	diferentes	 formas,	para	 tomar
decisões	e	enfrentar	situações-problema.
Esses	 são	 só	 dois	 dos	 vários	momentos	 em	que	 a	matriz	 deixa	 claro	 que	 o
ENEM	 vai	 cobrar	 não	 só	 conteúdos	 de	 sala	 de	 aula,	 mas	 a	 habilidade	 de
relacioná-los	com	situações	do	dia	a	dia.
Se	você	já	fez	provas	anteriores,	sabe	bem	do	que	eu	estou	falando:	não	tem
questão	 completamente	 teórica.	 Tudo,	 absolutamente	 tudo,	 é	 contextualizado.
http://portal.inep.gov.br/matriz-de-referencia
http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/encceja/matrizes-de-referencia
Vão	 te	 dar	 o	 nome	 de	 um	 autor,	 uma	 corrente	 filosófica,	 um	 experimento
científico...	coisas	da	vida	real.
E,	 se	 você	 já	 ouviu	 falar	 daquele	 autor,	 corrente	 filosófica	 ou	 experimento
científico	antes,	nem	que	tenha	sido	por	alto,	já	sai	à	frente:	vai	precisar	de	muito
menos	esforço	para	relacionar	as	ideias	e	encontrar	a	resposta.
Uma	questão	do	ENEM	2017	 trazia	 um	 texto	 de	 José	Saramago	 (sim,	 esse
mesmo	que	eu	sugeri	no	capítulo	anterior).	Se	você	já	tivesse	lido	alguma	coisa
de	Saramago,	batia	o	olho	no	texto	e	já	sabia	que	era	dele.	E	aí	nem	precisava	ler
o	texto	inteiro	para	entender	o	que	o	enunciado	pedia.
Resultado:	 você	 ganhava	 tempo	 para	 aplicar	 nas	 questões	 que	 realmente
exigiam	mais	dedicação.
Mas	de	volta	à	matriz	de	referência.	Ela	é	dividida	em	5	eixos	cognitivos.	São
essas	 as	 habilidades	 que	 o	 ENEM	 vai	 exigir	 de	 você	 em	 todas	 as	 áreas	 do
conhecimento.
Nas	matérias	 específicas	 (Linguagens,	Matemática,	 Ciências	 da	Natureza	 e
Ciências	 Humanas),	 temos	 uma	 série	 de	 competências	 que	 o	 aluno	 deve	 ser
capaz	de	desenvolver,	divididas	em	tabelas.
Lembrando	que	a	matriz	tem	textos	bem	gerais,	então	não	dá	para	você	guiar
os	 seus	 estudos	 apenas	 por	 ela.	Mas	 ler	 esse	 documento	 ao	menos	 uma	 vez	 é
super	 importante	 para	 garantir	 que	 você	 e	 o	 ENEM	 estão	 na	 mesma	 página.
Essas	 competências	 e	 eixos	 cognitivos	vão	 ficar	 lá	 no	 fundo	da	 sua	 cabeça,	 e,
conforme	 você	 for	 estudando	 ao	 longo	 do	 ano,	 vai	 conseguir	 relacionar	 os
conteúdos	que	aprender	com	as	exigências	da	matriz.
Mas	 agora	 vem	 a	 mágica!	 A	 matriz	 de	 referência	 não	 tem	 só	 essas
informações	genéricas.	Ela	tem	um	espaço	incrivelmente	mágico	chamado:
ANEXO
O	anexo	 é	 incrível.	 Se	você	 está	 querendo	 saber	 se	 o	 seu	plano	de	 estudos
aborda	tudo	que	o	ENEM	potencialmente	pode	cobrar,	este	espaço	é	para	você!
Tem	 tudo	 no	 anexo.	 Todos	 os	 conhecimentos	 práticos	 que	 o	 ENEM	 pode
cobrar	nas	questões.	Será	que	falta	estudar	alguma	coisa	de	Física?	De	Química?
Sociologia?	Dá	uma	lida	no	anexo	que	você	vai	encontrar	tudo!
É	claro	que,	se	você	estiver	com	um	prazo	apertado,	não	vai	dar	para	revisar
tudo,	 porque	 é	 muita	 coisa	 mesmo.	 Nesse	 caso,	 é	 melhor	 estudar	 aquilo	 que
definitivamente	mais	 caiu	 nas	 provas	 anteriores	 para	 evitar	 perder	 tempo	 com
assuntos	pouco	cobrados.
Mas	o	que	mais	cai	no	ENEM?	O	portal	Guia	do	Estudante	tem	uma	análise
detalhada	em	porcentagem	do	que	mais	caiu	nos	exames	de	2009	a	2017:
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/veja-os-conteudos-mais-
cobrados-no-enem-nos-ultimos-8-anos/
RESUMINDO:
A	matriz	de	referência	 tem	todas	as	regras	do	 jogo.	Ela	diz	que	habilidades
são	 esperadas	 do	 aluno,	 e	 já	 dá	 o	 tom	das	 questões	 que	 serão	 cobradas.	 Todo
aluno	deve	ser	o	documento	 inteiro	ao	menos	uma	vez	para	entender	o	 tipo	de
prova	com	que	ele	está	lidando.
A	matriz	é	dividida	em	competências	e	habilidades.	Cada	área	(Matemática,
Linguagens,	Humanas	e	Ciências	da	Natureza)	possuem	habilidades	específicas
referentes	a	cada	uma.
No	anexo	da	matriz	de	referência,	constam	todos	os	conteúdos	que	o	ENEM
pode	cobrar	na	prova.	É	uma	boa	forma	de	avaliar	o	que	você	já	estudou	e	o	que
ainda	falta	estudar.
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/veja-os-conteudos-mais-cobrados-no-enem-nos-ultimos-8-anos/
O	ENEM	está	mais	conteudista?
É	 uma	 tendência:	 parece	 que	 o	 ENEM	 está	 cobrando	 dos	 alunos	 cada	 vez
mais	 conteúdos	 específicos.	 Menos	 e	 menos	 questões	 podem	 ser	 respondidas
somente	com	interpretação	de	texto.
Mas	será	mesmo?
Bem...	em	parte	isso	é	verdade.	Se	você	olhar	uma	prova	do	ENEM	2010	e
compará-la	com	a	do	ENEM	2018,	vai	ver	que	no	último	ano	 teve	muito	mais
questões	que	exigiam	um	conhecimento	aprofundado	do	aluno.	Hibridização	do
carbono,	por	exemplo,	é	conteúdo	específico	demais.	Ou	o	aluno	sabe	ou	ele	não
sabe.	Não	tem	meio-termo.
Mas	a	boa	notícia	é	que	essas	questões	ainda	são	minoria.	Vamos	torcer	para
continuar	 assim,	 senão	 em	 2019	 ou	 2020	 o	 ENEM	 vai	 realmente	 virar	 um
vestibular	tradicional.
É	como	eu	falei	antes:	podem	até	estar	cobrando	mais	conteúdos	específicos
(e	estão,	sim),	mas	na	maioria	das	vezes	pode	ser	a	sua	capacidade	de	relacioná-
los	 entre	 si	 que	 garante	 o	 seu	 acerto.	 Eu	mesmo	 acertei	 várias	 de	Humanas	 e
Ciências	 da	 Natureza	 sem	 saber	 o	 conteúdo	 do	 jeito	 “certo”.	 Vou	 falar	 isso
melhor	no	capítulo	analisando	a	prova	de	2018.
E	aqui	entra	a	palavra	chave	para	você	que	quer	fazer	o	ENEM:	repertório.
Quando	 digo	 repertório,	 quero	 dizer	 tudo.	 Absolutamente	 tudo	 que	 você
aprendeu	 na	 vida	 vai	 ser	 útil	 para	 selecionar,	 organizar,	 relacionar,	 interpretar
(exatamente	o	que	consta	na	matriz	de	referência).
Viu	um	documentário	sobre	a	Segunda	Guerra	Mundial?	Ele	pode	ser	útil	em
uma	questão	sobre	Getúlio	Vargas.
Viu	aquele	vídeo	do	VSauce	que	te	faz	pensar	se	o	vermelho	que	eu	vejo	é
igual	ao	vermelho	que	você	vê	(esse	vídeo	é	ótimo,	a	propósito)?	Vai	te	ajudar
em	uma	questão	sobre	células	receptoras	nos	olhos.
Aprendeu	 sobre	 fotografia	 em	 uma	 palestra	 aleatória	 que	 o	 YouTube	 te
recomendou?	Vai	ser	útil	em	uma	questão	sobre	teoria	das	cores.
Leu	sobre	distúrbios	do	sono	numa	revista?	Pode	te	ajudar	em	uma	questão
sobre	regulação	hormonal.
E	 assim	 vai.	 É	 surpreendente	 como	 assuntos	 aparentemente	 desconexos
podem	 te	 ajudar	 em	 uma	 situação	 prática.	 Ainda	 mais	 em	 uma	 prova	 que
valoriza	essa	associação	de	ideias.
E	 sabe	 por	 quê?	 Porque,	 diferentemente	 de	 alguns	 vestibulares,	 o	 ENEM
valoriza	o	conhecimento	aplicado	na	vida	real.	E	tudo	que	você	aprende	fora	do
ambiente	tradicional	de	cursinho,	de	uma	forma	ou	de	outra,	é	o	conhecimento
da	vida	real!
É	 claro	 que	 nem	 sempre	 é	 tão	 direto	 assim.	 “Estudar”	 dessa	 forma	 que	 eu
estou	 te	 propondo	 é	 algo	 bem	 mais	 subjetivo,	 bem	 menos	 “exato”.	 Então	 é
natural	 que	 você	 se	 sinta	 meio	 perdido	 caso	 venha	 uma	 questão	 sobre	 um
conteúdo	que	 você	 não	 estudou	do	 jeito	 “tradicional”.	A	primeira	 impressão	 é
você	achar	que	está	perdido,	que	não	sabe	responder.	Mas	quer	saber?	Se	você
tem	um	repertório	variado,	sempre	dá	para	ter	uma	mínima	noção,	por	mais	vaga
que	 ela	 seja.	E	 tem	 alguma	 coisinha	 bem	 lá	 no	 fundo	 da	 sua	mente	 te	 diz:	 “a
resposta	certa	é	‘B’”.	E	muitas	vezes	é	mesmo.
Sinceramente...	 se	 eu	 fosse	 te	 contar	 exatamente	 o	 que	 se	 passa	 dentro	 da
minha	cabeça	enquanto	eu	estou	fazendo	as	questões	do	ENEM,	você	iria	ficar
muito	 decepcionado	 comigo.	Algumas	 das	 associações	 que	 eu	 faço	 são	muito,
muito,	muitoridículas:	 “Ah,	 talvez	 seja	 isso	 porque	 eu	me	 lembro	 de	 que	 em
algum	momento	da	minha	vida	eu	vi	que	A	se	relacionava	com	B,	então	J	deve
ter	relação	com	Y,	logo	a	resposta	é	‘C’”.
É	bem	absurdo,	mas	funciona.
Eu	evito	falar	dessas	associações	nos	vídeos	do	meu	canal	por	dois	motivos
principais:
	
1.	 Eu	 não	 consigo	 reproduzir	 em	 palavras	 as	 coisas	 que	 se	 passam	 na
minha	cabeça.	São	meio	doidas	demais.
2.	 Caso	eu	conseguisse	colocar	em	palavras,	quem	me	assistisse	teria	um
sentimento	negativo	a	meu	 respeito:	 “Ah,	 ele	 acertou	a	questão	no	chute!
Ele	não	sabia	realmente	a	matéria!	Foi	sorte!”
E	 sim...	 muitas	 das	 questões	 que	 eu	 acerto	 não	 são	 por	 ter	 estudado
especificamente	 a	 matéria.	 Faz	 4	 anos	 que	 eu	 não	 estudo	 especificamente	 a
matéria.	Mas,	se	eu	consegui	manter	um	nível	alto	de	acertos	em	2016,	2017	e
2018,	tem	alguma	coisa	aí	que	funciona,	não	é	mesmo?
Como	 eu	 estou	 sempre	 lendo,	 aprendendo	 e	 me	 informando,	 isso	 é	 uma
constante	 prática	 de	 interpretação	 de	 texto	 e	 ampliação	 de	 repertório.	 E
repertório	é	mais	da	metade	do	caminho	andado.
Minha	dica	para	você	que	quer	 estudar	para	o	ENEM:	 seja	 curioso.	Queira
aprender.	 Não	 importa	 se	 parece	 um	 assunto	 aleatório,	 mas	 nunca	 deixe	 de
querer	aprender.
E	isso	não	vale	só	para	o	ENEM.	É	para	a	vida.	Responda	com	sinceridade:
com	quem	você	vai	querer	sair	para	conversar	num	sábado	à	noite?	Com	alguém
que	só	sabe	falar	de	futebol,	futebol	e	futebol	ou	com	alguém	que	conhece	um
pouquinho	de	 tudo?	Que	vai	 te	 fazer	 pensar,	 que	 vai	 te	 contar	 algo	 novo,	 que
realmente	se	interessa	por	aquilo	que	você	tem	a	dizer.
Qual	conversa	vai	ser	mais	significativa?
A	 não	 ser	 que	 você	 seja	 absolutamente	 fanático	 por	 futebol,	 a	 resposta
provavelmente	vai	ser	a	segunda	pessoa.
Porque	aprender	coisas	novas,	acredite	você	ou	não,	é	divertido.	O	problema
é	que	nós	associamos	a	palavra	“estudo”	ao	ambiente	de	sala	de	aula.	E	quantos
de	 nós	 tivemos	 uma	 experiência	 super	 incrível	 em	 sala	 de	 aula?	 Acho	 difícil
achar	alguém...
Sobre	isso,	 tem	uma	palestra	do	TED	muito	interessante	sobre	como	vai	 ter
que	ser	o	profissional	do	futuro.	Vou	deixar	o	 link	caso	você	queira	dar	uma
olhada:
https://www.youtube.com/watch?v=9G5mS_OKT0A
Vai	ser	cada	vez	mais	exigida	uma	visão	holística	dos	profissionais.	Não	vai
poder	 mais	 haver	 “caixinhas”	 de	 Exatas	 e	 Humanas.	 O	 mundo	 atual	 (e	 o
mercado)	valoriza	cada	vez	mais	os	profissionais	que	não	só	entendem	da	área
em	que	se	 formaram,	mas	 também	sabem	como	ela	se	 relaciona	com	as	outras
áreas.	Que	pensam	além.
Como	 dito	 na	 palestra,	 vão	 ser	 valorizadas	 habilidades	 comportamentais,	 e
não	mais	técnicas.	Habilidades	inerentes	a	quem	tem	a	curiosidade	de	aprender,
de	 inovar.	 A	 quem	 tem	 flexibilidade	 para	 trabalhar	 em	 equipe,	 a	 quem	 está
aberto	a	novos	olhares,	a	novos	pontos	de	vista.	A	quem	não	tem	medo	de	errar.
E	 esse	mindset	 (você	 vai	 ouvir	 essa	 palavra	 bastante)	 vai	 ser	 o	 diferencial
entre	o	profissional	bem-sucedido	e	o	mediano.
Cabe	a	você	decidir	qual	quer	ser.
Então	esse	“novo”	método	de	estudo	que	eu	estou	te	propondo	não	é	só	para
passar	no	ENEM	e	entrar	na	faculdade.	É	muito	mais	que	 isso.	É	para	você	se
dar	bem	no	curso,	para	aproveitar	ao	máximo	o	que	ele	tem	a	te	oferecer.	É	para
te	estimular	a	nunca	ficar	parado,	a	não	se	contentar	com	o	que	é	ensinado	em
sala	de	aula.	Para	que,	depois	de	formado,	você	seja	um	profissional	competitivo
no	mercado	e	conquiste	os	seus	sonhos.
Só...	não	fique	parado,	ok?	Continue	a	nadar,	continue	a	nadar.
Segue	 abaixo	 uma	 lista	 de	 canais	 do	YouTube	 que	 eu	 acompanho.	Alguns
não	têm	conteúdos	diretamente	relacionados	ao	ENEM,	mas	pode	ter	certeza	de
que	ao	menos	alguma	coisa	nova	você	vai	aprender.
E,	mesmo	 que	 você	 não	 chegue	 a	 usar	 no	 ENEM,	 e	mesmo	 que	 ganhe	 na
loteria	 e	 nunca	 mais	 precise	 trabalhar,	 ao	 menos	 você	 vai	 ter	 assunto	 para	 a
https://www.youtube.com/watch?v=9G5mS_OKT0A
próxima	 reunião	 de	 família.	 Quando	 a	 sua	 tia	 perguntar	 sobre
namoradinhas/namoradinhos,	mude	de	 assunto	 e	 conte	 o	 que	 acontece	 se	 você
soltar	um	elefante	de	um	arranha-céu:
https://www.youtube.com/watch?v=f7KSfjv4Oq0
https://www.youtube.com/watch?v=f7KSfjv4Oq0
Canais	para	ampliar	o	repertório:
►	Quadro	em	Branco:	https://www.youtube.com/quadroembranco
►	Nerdologia:	https://www.youtube.com/user/nerdologia
►	Canal	Nostalgia:	https://www.youtube.com/user/fecastanhari
►	Manual	do	Mundo:
https://www.youtube.com/channel/UCKHhA5hN2UohhFDfNXB_cvQ		
►	Antídoto:
https://www.youtube.com/channel/UCMlX_MlK7s53AjQdI7uSiyQ
►	Mimimidias:
https://www.youtube.com/channel/UCg0CfiR_iKjBOYgeHps17BA
►	Veritasium:	https://www.youtube.com/user/1veritasium
►	VSauce	(os	vídeos	antigos):	https://www.youtube.com/user/Vsauce	
►	SciShow:	https://www.youtube.com/user/scishow
►	Smarter	Everyday:	https://www.youtube.com/user/destinws2
►	Periodic	Videos:	https://www.youtube.com/user/periodicvideos
►	Numberphile:	https://www.youtube.com/user/numberphile
►	Fuse	School:	https://www.youtube.com/user/virtualschooluk
►	Kurzgesagt	:	https://www.youtube.com/user/Kurzgesagt
E	 é	 claro	 que	 existem	 outros	milhares	 de	 canais	 sobre	 outros	milhares	 de
temas.	O	importante	aqui	é	nunca	deixar	de	aprender,	seja	o	que	for!
RESUMINDO:
https://www.youtube.com/quadroembranco
https://www.youtube.com/user/nerdologia
https://www.youtube.com/user/fecastanhari
https://www.youtube.com/channel/UCKHhA5hN2UohhFDfNXB_cvQ
https://www.youtube.com/channel/UCMlX_MlK7s53AjQdI7uSiyQ
https://www.youtube.com/channel/UCg0CfiR_iKjBOYgeHps17BA
https://www.youtube.com/user/1veritasium
https://www.youtube.com/user/Vsauce
https://www.youtube.com/user/scishow
https://www.youtube.com/user/destinws2
https://www.youtube.com/user/periodicvideos
https://www.youtube.com/user/numberphile
https://www.youtube.com/user/virtualschooluk
https://www.youtube.com/user/Kurzgesagt
O	ENEM	está	 ficando	mais	 difícil	 a	 cada	 ano,	mas	 ainda	 é	 essencialmente
uma	prova	bem	menos	conteudista	que	os	vestibulares	 tradicionais.	Muitas	das
questões	ainda	podem	ser	resolvidas	por	interpretação	de	texto	ou	com	base	em
um	repertório	amplo	e	diferenciado.
Os	 raciocínios	 exigidos	 pelo	 ENEM	 tornaram-se	 mais	 complexos.	 É
necessário	 agora	 pensar	 mais	 para	 chegar	 na	 resposta.	 Quanto	 mais
conhecimentos	diversos	você	tiver,	maiores	as	chances	de	pensar	fora	da	caixa	e
encontrar	a	resposta	mais	rápido	que	os	outros.
Tudo	 é	 repertório.	 Da	 próxima	 vez	 que	 vir	 um	 filme,	 lembre-se	 de	 que	 o
mínimo	detalhe	em	uma	cena	pode	ser	útil	na	hora	da	prova.	Então	não	se	culpe
demais	por	estar	“perdendo	tempo”.	Nada	é	perda	de	tempo.	Relaxe	e	aproveite
o	filme.
Um	breve	comentário	sobre	o	ENEM	2018
Na	prova	de	Exatas	 (Matemática	e	Ciências	da	Natureza)	de	2018,	 tivemos
questões	de	um	nível	de	dificuldade	nunca	antes	visto.	Houve	até	gente	dizendo
que	algumas	envolveram	assuntos	de	Ensino	Superior.	E	é	verdade!	Teve	uma
de	Química	(substituição	nucleofílica)	que	era	de	um	nível	absurdo	para	alunos
do	Ensino	Médio.
Mas	 sabe	 o	 que	 é	 pior?	A	maioria	 das	 questões	 difíceis	 foi	 difícil	na	dose
certa	para	que	a	gente	não	pudesse	reclamar.
Explico:	 as	 questões	 foram	 incrivelmente	 difíceis,	 sim.	 Exigiram	 linhas	 de
raciocínio	 muito	 complexas,	 quase	 impossíveis	 de	 serem	 feitas	 em	 3	 minutos
(daí	 a	 importância	 do	 repertório	 para	 acelerar	 o	 processo).	 Mas	 todos	 os
elementos	necessários	para	resolvê-las	eram	de	Ensino	Médio.
Vamos	 ver	 uma	 questão	 de	 Biologia	 (sobre	 fotossíntese)	 que,	 apesar	 de	 o
texto	base	ser	de	nível	superior,	exigia	conhecimentos	de	conversão	de	energia,
ciclo	 do	 carbono	 e	 fotossíntese.	 Tudo	 que	 supostamente	 é	 visto	 no	 Ensino
Médio.
Era	 uma	 questão	 assustadoramente	 difícil,	 mas	 que	 infelizmente	 tinha	 o
direito	de	estar	ali,	no	Exame	Nacional	do	Ensino	Médio.	Não	vamosentrar	no
mérito	 de	 o	 ENEM	 não	 refletir	 o	 nível	 educacional	 oferecido	 nas	 escolas
públicas,	porque	senão	ficaríamos	falando	por	horas	e	horas	sem	fim	para	chegar
na	conclusão	que	todo	mundo	já	sabe:	o	ensino	público	no	Brasil	é	péssimo,	e	o
exame	do	ENEM	não	reflete	o	que	é	ensinado	em	sala	de	aula.
De	qualquer	forma,	o	nível	das	questões	do	ENEM	não	tende	a	diminuir.	Elas
vão	continuar	 assim,	 se	não	 ficarem	mais	difíceis.	E	você	 tem	que	 se	preparar
para	 o	 pior.	 Essa	 questão	 da	 fotossíntese,	 por	 exemplo,	 é	 o	 que	 te	 espera	 no
ENEM	2019,	 2020.	Nas	 próximas	 edições	 do	 exame,	 devem	 cair	mais	 e	mais
dessas	 questões	 que	 exigem	 raciocínios	 complexos,	 então	 é	 bom	 já	 ir	 se
preparando.
Então	para	concluir:	o	ENEM	está	mais	conteudista?	Sim.	Definitivamente.
Mas	na	minha	opinião	não	adianta	tentar	adivinhar	o	que	vai	cair	na	prova.	Não
adianta	 ficar	 decorando	 assuntos	 isolados.	 Vai	 ser	 sorte	 você	 ter	 estudado
exatamente	o	conceito	que	foi	cobrado	em	uma	questão.	Mas	o	que	vai	aumentar
mesmo	a	sua	nota	(sem	depender	de	sorte)	é	a	conexão	entre	as	ideias.	E	isso	se
faz	 pensando	 além,	 consumindo	 informação	 “fora	 da	 caixinha”	das	 apostilas	 e
livros-texto.
Os	 canais	 ali	 em	 cima	 são	 um	 bom	 ponto	 de	 partida.	 Filmes,	 séries,
documentários,	livros	e	revistas	também.	Continue	sempre	a	aprender,	e	a	cada
novo	aprendizado	os	estudos	vão	ficar	mais	fáceis	e	divertidos.
Até	agora	já	falamos	de	bastante	coisa!	Descanse	um	pouco,	você	merece.
Como	usar	a	TRI	para	aumentar	a	nota	no
ENEM
Sim!	 Depois	 de	 mais	 de	 30	 páginas	 dizendo	 que	 eu	 ia	 falar	 da	 TRI,
finalmente	chegou	a	hora.	Senhoras	e	senhores	membros	do	júri,	abram	alas	para
a	famigerada	Teoria	da	Resposta	ao	Item.
Muitas	 pessoas	 falam	mal	 da	TRI,	 e	 em	parte	 isso	 é	 compreensível:	 a	TRI
torna	 tudo	mais	 incerto,	 e	é	praticamente	 impossível	prever	a	 sua	nota	 só	com
base	no	número	de	acertos.	Como	levam	2	meses	entre	a	divulgação	do	gabarito
oficial	e	das	notas,	dá	para	entender	por	que	as	pessoas	ficam	angustiadas.
Mas	 até	 que	 a	 TRI	 é	 um	 sistema	 bem	 inteligente	 de	 atribuir	 notas.	Vou	 te
explicar	basicamente	como	funciona:
Em	 primeiro	 lugar,	 as	 questões	 do	 ENEM	 não	 são	 inéditas.	 Pode	 soar
estranho,	mas	faz	sentido:	alguém	já	fez	as	questões	antes	(na	verdade	um	grupo
grande	 de	 alunos)	 para	 garantir	 que	 o	 nível	 de	 dificuldade	 é	 adequado,	 para
assegurar	 que	 os	 enunciados	 não	 têm	 erros	 de	 construção...	 enfim,	 para
“calibrar”	a	questão	e	a	prova	como	um	todo.
Por	 questão	 de	 sigilo,	 não	 se	 sabe	 quem	 esses	 alunos.	Mas	 eles	 existem,	 e
fazem	as	questões	antes	de	todo	mundo.
Mas	não	se	preocupe!!	Essas	questões	que	eles	fazem	não	são	exatamente	as
que	 vão	 cair	 no	 ENEM	 do	 próximo	 ano.	 Seria	 injusto	 que	 algumas	 pessoas
soubessem	 das	 questões	 antes	 de	 todo	mundo.	 O	 que	 esses	 alunos	 fazem	 são
questão	 randômicas	de	um	enorme	banco	de	questões.	Algumas	vão	compor	o
ENEM	2019;	outras,	o	ENEM	2020;	outras,	o	de	2021.	Algumas	 talvez	nunca
cheguem	a	ser	usadas.
(Repare	nos	exames	anteriores	que	existem	questões	com	textos	de	referência
de	2010,	2011.	São	questões	feitas	há	muito,	muito	tempo).
Menos	mal,	né?
Com	os	 dados	 estatísticos	 de	 quantidade	 de	 acertos	 e	 erros	 desse	 grupo	 de
alunos,	é	possível	atribuir	um	nível	de	dificuldade	a	cada	questão.	Digamos	que
80%	acertaram	a	questão	A	e	32%	acertaram	a	questão	B.	É	natural	supor	que	a
questão	B	foi	mais	difícil	que	a	A.
(Isso	é	uma	questão	de	estatística.	Por	 isso	precisam	de	um	grupo	grande	e
aleatório	de	alunos:	para	garantir	que	a	média	de	acertos	daquele	grupo	seja	uma
aproximação	 da	 média	 de	 acertos	 dos	 alunos	 que	 forem	 fazer	 o	 ENEM	 pra
valer).
E	 o	 que	 a	 querida	 TRI	 vai	 fazer	 na	 hora	 de	 corrigir	 as	 questões?	Vai	 usar
essas	informações	para	avaliar	a	consistência	de	acertos	das	pessoas.	Por	meio
de	algoritmos	super	complexos	que	ninguém	saberia	explicar,	ela	vai	conseguir
identificar	padrões	nas	 respostas	dos	alunos.	E	vai	ser	capaz	de	descobrir	se	a
pessoa	acertou	uma	questão	porque	entendia	da	matéria	ou	porque	chutou.
Naturalmente,	 se	 ela	 descobrir	 que	 o	 aluno	 chutou,	 vai	 atribuir	 uma	 nota
menor	do	que	se	ele	tivesse	acertado	por	conhecimento	mesmo.
E	como	ela	descobre	se	a	pessoa	chutou?
Bem...	 imagine	duas	pessoas,	X	e	Y,	que	acertaram	a	mesma	quantidade	de
questões	 em	 Matemática:	 35.	 A	 diferença	 é	 que	 X	 acertou	 as	 questões	 de
Matemática	Básica	 e	 errou	 10	 questões	 sobre	 logaritmo,	 função	 exponencial	 e
juros	compostos.	Y	acertou	essas	questões,	mas	errou	10	sobre	regra	de	3	e	as	4
operações	básicas.
A	 TRI	 já	 tem	 os	 dados	 dos	 alunos	 que	 fizeram	 as	 questões	 antes	 de	 todo
mundo.	E	 ela	 sabe	 que	 a	 porcentagem	de	 acertos	 nas	 questões	 de	Matemática
Básica	é	muito	maior.	Ela	sabe	que	essas	questões	são	consideradas	“fáceis”	em
comparação	com	as	de	logaritmo	e	juros	compostos.
Você	concorda	que	é	bem	inconsistente	acertar	as	de	logaritmo	e	errar	as	de
regra	de	3?	Pois	é,	então	é	muito	provável	que	Y	tenha	chutado	essas	questões
difíceis.	Ele	não	 sabia	 realmente	 fazer	 as	de	 regra	de	3,	 então	não	devia	 saber
fazer	as	difíceis.	Se	ela	acertou	as	difíceis,	é	porque	teve	sorte,	só	isso.
O	que	a	TRI	vai	fazer?	Vai	dar	uma	nota	mais	baixa	para	o	aluno	Y	apesar	de
ele	 ter	 acertado	 a	 mesma	 quantidade	 de	 questões	 que	 X.	 Porque	 X	 foi
consistente	nos	seus	acertos.
Isso	quer	dizer	que	Y	perdeu	ponto?	Não!	Quer	dizer	que	as	questões	que	ele
acertou	valeram	menos	pontos	do	que	as	que	X	acertou.
Ninguém	perde	ponto	no	ENEM.	Só	deixa	de	ganhar.
Então	aqui	você	já	sabe	o	que	deve	fazer	para	usar	a	TRI	a	seu	favor:	mire
nas	fáceis.	Questões	difíceis	você	pode	deixar	para	o	 fim	da	prova,	pular.	Elas
valem	menos.	O	importante	são	as	fáceis.
E	é	basicamente	por	causa	dessa	maluquice	da	TRI	que	as	notas	máximas	de
cada	 prova	 são	 tão	 diferentes.	 Para	 você	 ter	 uma	 noção,	 a	 nota	máxima	 de
Linguagens	no	ENEM	2017	foi	788,6.	A	pessoa	quase	gabaritou	a	prova	e	não
tirou	nem	800.	Em	Matemática,	a	nota	máxima	em	2015	foi	1008,3.
A	TRI	é	doida.	Se	ela	calculou	uma	nota	maior	que	1000,	quem	somos	nós
simples	mortais	para	questionar?	O	jeito	é	entender	como	ela	funciona	e	usá-la	a
nosso	favor.
Como	eu	disse	antes,	Matemática	e	Redação	são	as	duas	provas	que	podem
alavancar	a	sua	nota.	Claro	que	cada	instituição	atribui	pesos	diferentes	para	as
provas	diferentes	(e	você	encontra	esses	números	no	termo	de	adesão	de	cada
uma),	 mas	 num	 geral	 são	 essas	 duas	 que	 vão	 te	 dar	 maiores	 chances	 de	 ser
aprovado.
Na	 prova	 do	 1º	 dia	 (Linguagens	 e	Humanas)	 é	meio	 complicado	 distinguir
questões	 fáceis	 de	 difíceis,	 mas	 em	 Matemática	 e	 Ciências	 da	 Natureza	 é
relativamente	simples	identificar	questões	que	valem	mais.
No	capítulo	com	a	prova	de	2018,	quando	possível	eu	vou	fazer	uma	espécie
de	divisão	entre	fáceis,	médias	e	difíceis.	Não	vai	ser	exato,	mas	já	pode	ser	um
ponto	de	partida	legal	para	você	fazer	isso	nas	próximas.
Se	 você	 revisou	 bem	 a	 pirâmide	 de	 assuntos	 e	 fez	 as	 provas	 anteriores	 do
ENEM,	 consegue	 ter	 uma	 noção	 de	 quais	 conteúdos	 são	 necessários	 para
resolver	cada	questão.	Pode	acreditar:	depois	de	fazer	muitas	questões,	você	vai
saber.	E	uma	questão	que	só	exige	multiplicação	ou	regra	de	3	é	muito	mais	fácil
do	que	uma	sobre	funções	periódicas	ou	probabilidade.
Adivinha	qual	vai	valer	mais.	Adivinha	qual	você	precisa	acertar.
Seria	bom	acertar	todas,	lógico,	mas	as	questões	fáceis	vão	dar	mais	pontos.
Então,	se	você	tiver	que	escolher	uma	para	se	focar,	foque-se	nessas.	Não	perca
tempo	demais	nas	questões	difíceis,	porque	elas	valem	menos.
Mas	isso	não	quer	dizer	que	você	deve	pular	todas	as	difíceis.	Uma	dica	que
eu	dou	é:	quando	você	encontrar	uma	questão	difícil,	não	pule	de	cara.	Leia	o
enunciado	com	calma	para	deixar	o	cérebro	assimilar	a	lógica	da	questão.	Podeaté	 tentar	 resolver	 por	 alto	 para	 adiantar,	 mas,	 se	 estiver	 demorando	 demais,
parta	para	a	próxima!	A	sua	mente	vai	 trabalhando	em	segundo	plano,	fazendo
conexões,	para	que	quando	você	voltar	seja	mais	fácil	de	resolver.
Só	não	perca	tempo	desnecessário	com	questões	difíceis.	Elas	valem	menos,
e	você	quer	tirar	a	maior	nota	possível	(eu	acho).
E	é	claro	que	em	algum	momento	você	vai	ter	que	voltar	para	fazer	a	difícil
que	pulou.	Cabe	a	você	decidir	 se	 é	melhor	 fazer	 as	difíceis	 logo	no	 início	da
prova,	quando	tem	mais	energia,	ou	se	mais	para	o	fim,	depois	de	o	cérebro	já	ter
processado	tudo	em	segundo	plano.
Cada	 um	 tem	 sua	 preferência.	 Eu,	 particularmente,	 escolho	 umas	 difíceis
aleatórias	para	pular	e	as	outras	eu	faço	na	ordem.	Sou	um	meio-termo	entre	as
duas	opções.
Mas	 você	 vai	 descobrir	 o	 seu	método.	E	 isso	 você	 só	 descobre	 fazendo	 as
provas	 anteriores,	 anotando	 e	 comparando	 resultados,	 cronometrando	 o	 tempo
necessário	para	resolver	cada	uma.	É	com	você.	Descubra	qual	método	garante	o
melhor	resultado	para	você.
Mas	uma	coisa	é	certa:	o	ENEM	é	uma	prova	de	estratégia.	Se	você	 tentar
fazer	todas	as	questões	do	jeito	“tradicional”,	definitivamente	não	vai	ter	tempo
de	fazer	tudo.	É	injusto,	mas	é	verdade.	Você	precisa	ser	criativo	para	encontrar
caminhos	 alternativos,	 atalhos	mentais,	 raciocínios	 diferentes	 que	 te	 ajudem	 a
poupar	tempo.	No	capítulo	analisando	o	ENEM	2018,	vou	mostrar	alguns	desses
atalhos	que	eu	usei.
Porque	fazer	o	ENEM	é	montar	um	quebra-cabeça.	Você	faz	duas	questões
aqui,	três	ali,	uma	lá,	pula	duas	difíceis	aqui,	deixa	para	depois...	e	no	fim	junta
tudo	para	formar	a	imagem	maravilhosa	do	seu	notão.
Não	 pule	 todas	 as	 difíceis	 de	 cara,	 lógico,	 porque	 senão	 ao	 final	 da	 prova
você	vai	ter	20	questões	do	demônio	para	resolver.	Mas	não	esquente	tanto	em
resolver	 o	 ENEM	 em	 ordem.	 É	 tudo	 um	 quebra-cabeça,	 não	 uma	 linha	 reta.
Redobre	a	atenção	nas	fáceis,	porque,	apesar	de	serem	fáceis,	um	simples	deslize
pode	fazer	você	errar.
E	você	não	quer	perder	ponto	por	besteira.
Sugestão:	 enquanto	 estiver	 fazendo	 a	 prova,	 procure	 questões	 que	 exigem
apenas	 regra	 de	 três,	 as	 quatro	 operações	 básicas,	 geometria	 plana,	 raciocínio
lógico,	etc.	Faça	uma	marcação	nelas	para	que,	se	 tiver	 tempo	de	revisar,	você
possa	 voltar	 nelas	 e	 consiga	 dar	 uma	 passada	 de	 olhos	 para	 garantir	 que	 está
certo	(essa	revisão	pode	te	salvar	muito).
Isso	 se	 você	 tiver	 tempo	 de	 revisar,	 lógico.	 São	 muitas	 questões	 para
conseguir	 revisar	 tudo,	mas	o	mínimo	que	você	faça	 já	pode	 te	salvar.	Eu,	por
exemplo,	encontrei	2	erros	na	prova	de	Matemática	só	nessa	“passada	de	olhos”
que	eu	chamo	de	revisão.	Era	para	ter	errado	4,	mas	só	errei	2	por	causa	disso.
Não	 sei	 em	 quanto	 essas	 duas	 questões	 aumentaram	 a	 minha	 nota,	 mas,	 por
serem	fáceis,	suponho	que	tenha	sido	bastante.
Mas	não	é	legal	depender	de	revisão	para	acertar.	É	muito	melhor	garantir	o
acerto	logo	de	primeira.	Então	aqui	vai	a	minha	dica:	em	vez	de	fazer	a	prova	às
pressas,	reduza	a	marcha	um	pouquinho	para	ler	os	enunciados	com	mais	calma
e	fazer	os	cálculos	com	mais	paciência.
Sim,	estou	te	aconselhando	a	fazer	a	prova	do	ENEM	mais	devagar.	E	eu	te
explico	por	quê:
Se	fizer	com	calma,	pode	até	ser	que	você	não	consiga	fazer	as	180	questões.
Sem	 problemas.	 Você	 vai	 ter	 feito	 as	 que	 valem	 mais	 pontos,	 porque	 pulou
difíceis	 e	 mirou	 em	 fáceis.	 E,	 tendo	 feito	 com	 o	 dobro	 de	 atenção,	 vai	 ter	 a
certeza	 de	 não	 ter	 caído	 em	 pegadinhas.	 Mil	 vezes	 melhor	 do	 que	 fazer	 180
questões	na	pressa	e	depois,	na	hora	de	conferir	o	gabarito,	perceber	que	errou
20	por	bobagem.
Para	mim	 isso	 de	 ler	 com	mais	 calma	 funcionou	 em	 2018.	 Eu	 sabia	 que	 a
minha	 habilidade	 de	 fazer	 cálculos	 estava	 meio	 enferrujada,	 então	 tomei	 o
máximo	de	cuidado	na	hora	de	fazer	as	multiplicações.	Fiz	devagar	mesmo,	mas
garanti	que	os	cálculos	estavam	certos.
Resultado:	só	errei	2	de	Matemática	 (em	comparação	com	5	e	6	nos	outros
anos).	E	olha	que	uma	das	que	eu	errei	 foi	por	muita,	muita,	MUITA	besteira
(você	vai	ver).	Em	tese,	eu	deveria	ter	errado	só	uma.
Ou	seja:	fazer	com	calma	dá	certo.
E	atenção:	não	é	porque	uma	questão	é	 fácil	que	ela	não	é	 trabalhosa.	Na
verdade,	 algumas	 das	 questões	mais	 trabalhosas	 são	 fáceis.	 Tem	 algumas	 que
pedem	para	você	multiplicar	números	enormes	e	comparar	os	resultados.	É	fácil
porque	só	exige	multiplicação,	mas	dá	trabalho.	E	qualquer	deslize	te	faz	errar.
Foi	 principalmente	 nessas	 que	 eu	 reduzi	 a	 marcha	 e	 tive	 a	 humildade	 de
fazer	 sem	 pressa.	 Por	 meio	 dos	 atalhos	 mentais	 que	 eu	 ainda	 vou	 explicar,
consegui	 poupar	 tempo	 em	 muitas	 questões.	 Tempo	 esse	 que	 pude	 usar	 nas
fáceis	trabalhosas.
Por	isso	é	importante	fazer	a	prova	com	calma.	Não	estou	dizendo	para	você
dar	uma	de	mestre	Oogway	soprando	velas,	mas	faça	com	um	pouquinho	mais
de	paciência.	Só	um	pouquinho.	Eu	 te	garanto	que	as	 suas	chances	de	 sucesso
vão	ser	muito	maiores.
Mas	voltando	às	questões	fáceis	e	difíceis:
Outro	 tipo	 de	 questão	 relativamente	 fácil	 que	 você	precisa	 acertar	 é	 a	 que
tem	 pegadinha.	 E	 o	 ENEM	 tem	muita	 pegadinha.	 Vamos	 falar	 mais	 delas	 no
capítulo	seguinte,	mas	já	fique	com	isto	na	cabeça:	não	é	todo	mundo	que	cai	em
pegadinha.	Se	 você	 errar	 essa	 questão,	 está	 perdendo	 a	 chance	de	 acertar	 uma
que	um	número	razoável	de	pessoas	vai	acertar.	Ou	seja,	está	errando	uma	fácil.
Grande	parte	das	questões	com	pegadinha	são	fáceis	(e	agora	você	sabe	o	que
acontece	quando	erra	uma	fácil).
No	 caso,	 por	 exemplo,	 de	 questões	 “sabe	 vs.	 não	 sabe”	 (como	 a	 da
hibridização	 do	 carbono	 ou	 de	 nome	 de	 doença),	 não	 perca	 tempo	 tentando
inventar	 uma	 teoria	 maluca	 para	 descobrir	 a	 resposta.	 É	 uma	 questão
conteudista,	 e	 esse	 conteúdo	 aconteceu	 de	 você	 não	 saber.	 Sem	 problemas.	 É
provável	que	muitos	outros	também	não	saibam.
Não	sabe	mesmo?	Pule.	Sem	estresse.
Ah,	 mas	 pelo	 menos	 leia	 o	 enunciado	 com	 calma	 para	 garantir	 que	 esse
assunto	você	realmente	não	sabe.	Deixe-me	contar	a	minha	experiência:
Uma	 das	 questões	 de	 Ciências	 da	 Natureza	 de	 2018	 foi	 sobre	 ondulatória
(questão	117).	Eu	bati	o	olho	e	achei	que	era	 sobre	efeito	Doppler.	Como	não
lembrava	a	 fórmula	do	efeito	Doppler,	quase	pulei	 a	questão.	Mas	 li	melhor	o
enunciado	 e	 vi	 que	 na	 verdade	 era	 sobre	 um	 assunto	 que	 eu	 sabia.	 Era	 só
multiplicar	as	unidades	de	medida.	Fiz	o	cálculo	e	acertei.
Então	sempre	leia	a	questão	sem	preconceito	antes	de	decidir	pular,	ok?
“Mas	e	no	caso	de	Humanas	e	Linguagens,	Umberto?”,	você	me	pergunta.	E,
bem...	é	muito	mais	difícil	identificar	as	fáceis/difíceis	nessas	duas	provas.	Elas
são	mais	subjetivas.	Mas	uma	clássica	questão	difícil	de	Humanas	é	aquela	que
te	dá	dois	textos	e	pede	para	encontrar	um	ponto	de	convergência	ou	divergência
entre	 as	 ideias.	 Isso	 exige	 um	 alto	 grau	 de	 concentração	 para	 encontrar	 a
temática	comum	dos	dois.	É	interpretação	de	texto	avançada.	É	bem	difícil.
Mas,	 fora	 isso,	 é	 meio	 difícil	 tentar	 prever	 qual	 questão	 teve	 uma
porcentagem	de	acertos	maior	ou	menor.
Em	Humanas	e	Linguagens,	então,	 talvez	o	mais	 importante	não	seja	 tentar
adivinhar	quais	questões	valem	mais,	mas	sim	fazer	pausas	com	frequência	para
garantir	 que	o	 cérebro	 não	deixe	 passar	 uma	 informação	 “boba”	que	 as	 outras
pessoas	não	têm	dificuldade	de	encontrar.	Assim	você	diminui	a	chance	de	errar
uma	questão	fácil	por	besteira.
Isso	é	uma	das	estratégias	que	eu	aconselho	usar	na	resolução.	Em	2018,	eu
foquei	 muito	 na	 redação	 (não	 tinha	 treinado	 tanto	 ao	 longo	 do	 ano,	 então
demorei	 demais),	 então	 não	 tive	 tempo	 para	 ler	 com	 calma	 a	 prova	 de
Linguagens.	Acabei	tendo	que	fazer	na	pressa,	e	meu	número	de	acertos	caiu	em
comparação	com	os	outros	anos.
Se	 eu	 tivesse	 feito	mais	 redaçõesem	 2018,	 teria	 tido	mais	 tempo	 para	me
concentrar	 em	 Linguagens	 e	 provavelmente	 teria	 acertado	 algumas	 fáceis	 que
aumentariam	consideravelmente	a	minha	nota	(repare	que	está	tudo	relacionado;
você	não	pode	se	focar	em	só	uma	das	provas	e	esquecer	a	outra).
Agora	 a	 pergunta	 que	 não	 quer	 calar:	 se	 eu	 não	 souber	 a	 resposta	 de	 uma
questão	difícil...	devo	chutar	ou	não?
Hmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm...
Se	você	chutar	e	acertar,	 e	 tiver	errado	algumas	 fáceis,	 a	TRI	vai	descobrir
que	 você	 chutou	 e	 pode	 te	 prejudicar	 baixando	 os	 pontos	 que	 ela	 atribuiu	 às
outras	questões.	Mas	é	como	eu	disse:	o	ENEM	não	tira	ponto;	só	deixa	de	dar.
Então	 acertar	 essa	 difícil	não	 vai	 te	 tirar	ponto.	 E	 não	 dá	 para	 saber	 se	 esse
chute	vai	prejudicar	a	sua	nota	global	ou	não.
Tentar	entender	a	TRI	é	pedir	uma	crise	existencial.
Então,	ao	invés	de	se	perguntar	isso,	foque	em	investir	o	tempo	nas	questões
fáceis	para	garantir	que	vai	acertar	todas.	Se	vier	uma	difícil	que	você	não	sabe,
o	 pior	 que	 pode	 acontecer	 se	 você	 chutar	 é	 chutar	 errado	 e	 não	 ganhar	 ponto
nenhum.	Mas	se	você	chutar	e	acertar	vai	ganhar	uns	pontinhos	a	mais.
Então	 conselho:	 vá	 em	 frente,	 pode	 chutar	 as	 difíceis	 que	 você	 não	 souber
fazer.	Mas	 tenha	certeza	de	que	você	acertou	as	 fáceis!!	São	as	 fáceis	que	vão
alavancar	a	sua	nota,	não	os	chutes.	Se	acertar,	ótimo;	se	errar,	paciência.
Vamos	falar	das	pegadinhas	agora?	Porque	o	ENEM	é	JOCOOOOOSO!
As	pegadinhas	que	mais	caem	no	ENEM
Em	 primeiro	 lugar,	 no	 ENEM	 2018	 não	 teve	 praticamente	 nenhuma
pegadinha!	Foi	uma	mudança	drástica	em	relação	aos	outros	anos.
Eu	 até	 fiquei	 preocupado	 quando	 cheguei	 em	 casa	 e	 não	 lembrava	 de	 ter
encontrado	nenhuma	pegadinha.	Porque	das	duas	uma:	ou	não	 tinha	pegadinha
mesmo	ou	eu	tinha	caído	em	todas.
Felizmente	foi	a	primeira	opção.
Mas	nunca	se	sabe	quando	o	ENEM	pode	dar	uma	recaída	e	resolver	voltar
com	as	pegadinhas.	É	bom	a	gente	se	preparar	para	o	pior.
Mas	por	que	existem	pegadinhas??
Bem...	 são	milhões	de	pessoas	que	 fazem	o	ENEM	 todo	ano.	 Infelizmente,
não	 existem	 vagas	 para	 todos,	 então	 a	 prova	 precisa	 eliminar	 o	 máximo	 de
pessoas	 possível.	 É	 bem	 injusto,	 mas	 faz	 sentido.	 Se	 a	 prova	 não	 tivesse
pegadinhas,	 teriam	 que	 aumentar	 o	 nível	 das	 questões	 para	 que	 a	 dificuldade
intrínseca	compensasse	a	ausência	de	pegadinhas.
(E	 foi	 basicamente	 o	 que	 aconteceu	 em	 2018.	 Questões	mais	 complexas	 e
menos	pegadinhas.	Se	isso	é	bom	ou	ruim...	não	sou	eu	quem	vai	dizer).
Pegadinhas	são	um	recurso	que	o	ENEM	usa	 (ou	usava)	para	 fazer	pessoas
errarem.	E,	como	em	questões	difíceis	já	é	um	número	pequeno	de	pessoas	que
vai	acertar,	o	ENEM	coloca	as	pegadinhas	justamente	nas	questões	fáceis.
Então,	 como	 vimos	 no	 capítulo	 sobre	 a	 TRI,	 as	 questões	 com	 pegadinha
geralmente	valem	mais	pontos.	E	isso	só	pode	significar	três	coisas:
	
1.	 Você	precisa	acertar	todas	as	questões	com	pegadinha;
2.	 Você	precisa	acertar	todas	as	questões	com	pegadinha;
3.	 Você	precisa	acertar	todas	as	questões	com	pegadinha.
Já	 deixei	 claro	 que	 você	 precisa	 acertar	 todas	 as	 questões	 com	 pegadinha?
Ótimo.	 Como	 não	 sabemos	 como	 vai	 ser	 o	 ENEM	 2019,	 vamos	 ver	 todas	 as
principais	 pegadinhas	 para	 garantir.	 Elas	 podem	 vir	 das	mais	 diversas	 formas,
mas	 sempre	 seguem	o	mesmo	princípio:	 apostam	na	desatenção	 do	aluno.	No
cansaço	mental.
E	 isso	 porque	 o	 ENEM	 é	 uma	 prova	 de	 resistência,	 então	 você
eventualmente	vai	se	cansar.	São	5	horas	de	prova,	é	claro	que	cansa!	Se	você
não	 tiver	 estratégias	de	 resolução,	mais	 ainda.	E	é	nessa	hora	que	o	 jocoso	do
ENEM	 te	 lança	 uma	 pegadinha.	 Você	 subestima	 um	 dado	 aparentemente
“bobo”,	e	esse	dado	bobo	muda	completamente	o	resultado.	Você	encontra	50	ao
invés	de	200.	E	adivinha	qual	é	a	alternativa	“A”.	Pois	é...	justamente	o	50.
O	ENEM	gosta	de	 te	 induzir	ao	erro.	As	pessoas	que	elaboram	as	questões
com	pegadinha	fazem	ela	de	forma	a	ter	dois,	três,	quatro	caminhos	diferentes	de
se	resolver.	Cada	caminho	leva	a	uma	alternativa,	mas	só	uma	está	certa.	Se	você
não	está	muito	atento,	acaba	se	desviando	do	caminho	sem	nem	perceber.	E	erra
por	bobagem.
(Ah,	 sim,	 acabei	 de	 lembrar!	 No	 ENEM	 2018	 de	 Matemática	 teve	 uma
“pegadinha”,	 sim.	 Foi	 na	 questão	 de	 salto	 ornamental,	 173.	Não	 foi	 bem	 uma
pegadinha,	mas	 foi	 um	dado	que	me	 fez	gastar	 10	minutos	 fazendo	cálculos	 e
cálculos	desnecessários,	quando	na	verdade	era	muito	mais	simples	do	que	isso.
Por	 não	 ter	 lido	 o	 enunciado	 com	 atenção,	 eu	 perdi	 tempo,	 mas	 felizmente
percebi	a	tempo	e	corrigi	o	problema).
Mas	enfim,	última	coisa:	 todas	 as	pegadinhas	que	eu	vou	 falar	 aqui	podem
ser	superadas	com	um	método	simples:	leia	os	enunciados	com	atenção	e	circule
todos	 os	 dados	 que	 parecerem	 suspeitos.	 Depois	 que	 tiver	 realizado	 todos	 os
cálculos,	volte	e	leia	o	enunciado	inteiro	de	novo	para	ter	certeza	de	que	aquele
número	é	realmente	a	resposta.	Para	ter	certeza	de	que	não	falta	uma	etapa.
Com	os	exemplos	você	vai	entender	do	que	eu	estou	falando.
A	 primeira	 coisa	 para	 evitar	 cair	 em	 pegadinhas	 é	 não	 subestimar	 o
enunciado.	Nem	todos	os	dados	dos	 textos	são	relevantes,	mas	qualquer	dado
pode	ser	útil.	Tem	muito	dado	desnecessário,	mas,	como	você	não	sabe	qual	é
qual,	melhor	não	subestimar	absolutamente	nada.	Leia	 tudo	com	o	máximo	de
atenção,	por	mais	bobo	que	pareça.	E	vá	circulando	o	que	parece	suspeito.
E	 agora,	 senhoras	 e	 senhores	 membros	 do	 júri...	 (eu	 chamo	 vocês	 assim
porque	vocês	me	julgam	demais)...	vamos	às	pegadinhas!
(ENEM	 2017)	Dispositivos	 eletrônicos	 que	 utilizam	materiais	 de	 baixo
custo,	 como	 polímeros	 semicondutores,	 têm	 sido	 desenvolvidos	 para
monitorar	 a	 concentração	 de	 amônia	 (gás	 tóxico	 e	 incolor)	 em	 granjas
avícolas.	A	polianilina	é	um	polímero	semicondutor	que	tem	o	valor	de	sua
resistência	 elétrica	 nominal	 quadruplicado	 quando	 exposta	 a	 altas
concentrações	de	amônia.	Na	ausência	de	amônia,	a	polianilina	se	comporta
como	um	resistor	ôhmico	e	a	sua	resposta	elétrica	é	mostrada	no	gráfico.
O	 valor	 da	 resistência	 elétrica	 da	 polianilina	 na	 presença	 de	 altas
concentrações	de	amônia,	em	ohm,	é	igual	a
a)		0,5	x	100
b)	2,0	x	100
c)		2,5	x	105
d)	5,0	x	105
e)		2,0	x	106
Essa	 questão	 foi	 jocooooosa!	 Lembra	 que	 eu	 disse	 que	 qualquer	 dado	 do
enunciado	pode	ser	 importante?	Então	dê	uma	olhada	naquele	“quadruplicado”
ali!	Pois	é,	senhoras	e	senhores,	a	resistência	quadruplica.	Então	a	resposta	não
é	0,5,	mas	sim	0,5	x	4	=	2.
Essa	questão	ainda	tem	um	segundo	tipo	de	pegadinha:	a	unidade	de	medida
do	eixo	y.	A	corrente	está	em	milionésimo	de	ampere	 (10-6),	 então	na	hora	de
usar	 a	 fórmula	 “i=U/R”	você	 teria	que	 lembrar	disso,	 senão	acharia	 a	 resposta
2x100,	e	não	2x106.
Então	 atenção!	 Nem	 todos	 os	 dados	 estão	 em	 forma	 de	 números.	 Muito
cuidado	com	as	palavras	“dobro”,	“triplo”,	“metade”,	“quadruplica”,	etc.
(ENEM	 2016)	 Uma	 liga	 metálica	 sai	 do	 forno	 a	 uma	 temperatura	 de
3000℃	 e	diminui	1%	de	sua	 temperatura	a	cada	30	min.	Use	0,477	como
aproximação	para	log103	e	1,041	como	aproximação	para	log1011.
O	tempo	decorrido,	em	hora,	até	que	a	liga	atinja	30℃	é	mais	próximo
de
a)		22
b)	50
c)		100
d)	200
e)		400
Essa	questão	do	também	é	jocosa.	Se	você	fizesse	os	cálculos,	encontrava	a
resposta	400.	Mas,	 se	 tivesse	voltado	no	enunciado,	acharia	que	esse	400	é	na
verdade	a	quantidade	de	intervalos	de	30	min.
Ou	seja:	como	estavam	pedindo	o	tempo	em	hora,	era	só	ter	dividido	por	2.	A
resposta	certa	era	200	horas.
Eu	 levei	 10	 minutos	 nessa	 questão	 e	 acabei	 errando.	 Marquei	 400	 porque
esqueci	de	dividir	por	2.	Parabéns	para	mim.
Então	 fica	 a	 lição	 importante:	 sempre	 volte	 ao	 enunciado!	 Nunca	 se	 sabe
onde	 pode	 estar	 a	 pegadinha.	 Talvez	 você	 só	 descubra	 depois	 de	 ter	 feito	 aquestão.
(ENEM	2017)	Num	dia	de	tempestade,	a	alteração	na	profundidade	de
um	 rio,	 num	 determinado	 local,	 foi	 registrada	 durante	 um	 período	 de	 4
horas.	 Os	 resultados	 estão	 indicados	 no	 gráfico	 de	 linhas.	 Nele,	 a
profundidade	 h,	 registrada	 às	 13	 horas,	 não	 foi	 anotada	 e,	 a	 partir	 de	 h,
cada	unidade	sobre	o	eixo	vertical	representa	um	metro.
Foi	 informado	 que	 entre	 15	 horas	 e	 16	 horas,	 a	 profundidade	 do	 rio
diminuiu	em	10%.
Às	 16	 horas,	 qual	 é	 a	 profundidade	 do	 rio,	 em	 metro,	 no	 local	 onde
foram	feitos	os	registros?
a)		18
b)	20
c)		24
d)	36
e)		40
Nessa	 questão,	 você	 encontra	 duas	 respostas	 plausíveis	 a	 partir	 do	 dado	 de
que	a	profundidade	baixou	em	10%	das	15h	para	as	16h.	Interpretando	o	gráfico,
você	calcula	que	às	15h	o	reservatório	tinha	20m	de	profundidade.	Mas	não	está
pedindo	 a	 profundidade	 antes	 de	 diminuir	 10%,	 e	 sim	 depois.	 Querem	 a
profundidade	às	16h.	Logo,	a	resposta	é	20-2=18m.
Repare	 que	 também	 deram	 a	 opção	 20m.	 Claro	 que	 deram.	 Eles	 não	 iam
perder	a	oportunidade	de	induzir	as	pessoas	ao	erro.
(ENEM	2017)	Três	alunos,	X,	Y	e	Z,	estão	matriculados	em	um	curso	de
inglês.	Para	avaliar	esses	alunos,	o	professor	optou	por	fazer	cinco	provas.
Para	que	seja	aprovado	nesse	curso,	o	aluno	deverá	ter	a	média	aritmética
das	notas	das	cinco	provas	maior	ou	igual	a	6.	Na	tabela,	estão	dispostas	as
notas	que	cada	aluno	tirou	em	cada	prova.
Com	 base	 nos	 dados	 da	 tabela	 e	 nas	 informações	 dadas,	 ficará(ão)
reprovado(s)
a)		apenas	o	aluno	Y
b)	apenas	o	aluno	Z
c)		apenas	os	alunos	X	e	Y
d)	apenas	os	alunos	X	e	Z
e)		os	alunos	X,	Y	e	Z
Pegadinha	 clássica!	 Em	 muitas	 questões	 você	 vai	 se	 deparar	 com	 dados
“complementares”:	alunos	que	reprovaram	vs.	alunos	que	reprovaram;	ratos	que
sobreviveram	 vs.	 ratos	 que	 morreram;	 porcentagem	 recebida	 pelos	 10%	 mais
ricos	 vs.	 porcentagem	 recebida	 pelos	 90%	mais	 pobres;	 razão	 entre	A	 e	B	 vs.
razão	entre	B	e	A;	etc.
No	caso	da	questão,	pediam	os	alunos	reprovados.	Logo,	eram	os	alunos	que
não	 tinham	 obtido	 média	 maior	 ou	 igual	 a	 6.	 Fazendo	 os	 cálculos,	 você
encontrava	que	X	e	Y	tinham	sido	aprovados.	Logo,	Z	foi	reprovado.
Repare	que	a	alternativa	“C”	te	dava	exatamente	os	alunos	aprovados.
Nessa	questão,	enquanto	você	lia	o	enunciado	pela	primeira	vez,	já	devia	ter
circulado	o	“reprovados”.	Para	 ter	certeza	de	que	não	 ia	deixar	passar	quando
fosse	reler	depois.
É	tudo	questão	de	atenção.	E	de	não	subestimar	o	enunciado.
(ENEM	 2017)	 A	 toxicidade	 de	 algumas	 substâncias	 é	 normalmente
representada	por	um	índice	conhecido	como	DL50	(dose	letal	mediana).	Ele
representa	 a	 dosagem	 aplicada	 a	 uma	população	 de	 seres	 vivos	 que	mata
50%	 desses	 indivíduos	 e	 é	 normalmente	medido	 utilizando-se	 ratos	 como
cobaias.	Esse	 índice	é	muito	 importante	para	os	seres	humanos,	pois	ao	se
extrapolar	 os	 dados	 obtidos	 com	 o	 uso	 de	 cobaias,	 pode-se	 determinar	 o
nível	 tolerável	 de	 contaminação	 de	 alimentos,	 para	 que	 possam	 ser
consumidos	 de	 forma	 segura	 pelas	 pessoas.	 O	 quadro	 apresenta	 três
pesticidas	e	suas	toxicidades.	A	unidade	mg/kg	indica	a	massa	da	substância
ingerida	pela	massa	da	cobaia.
Sessenta	ratos,	com	massa	de	200	g	cada,	foram	divididos	em	três	grupos
de	 vinte.	Três	 amostras	 de	 ração,	 contaminadas,	 cada	uma	delas	 com	um
dos	pesticidas	indicados	no	quadro,	na	concentração	de	3	mg	por	grama	de
ração,	 foram	 administradas	 para	 cada	 grupo	 de	 cobaias.	 Cada	 rato
consumiu	100g	de	ração.
Qual(ais)	grupo(s)	terá(ão)	uma	mortalidade	mínima	de	10	ratos?
a)		O	grupo	que	se	contaminou	somente	com	atrazina.
b)	O	grupo	que	se	contaminou	somente	com	diazinon.
c)		Os	grupos	que	se	contaminaram	com	atrazina	e	malation.
d)	Os	grupos	que	se	contaminaram	com	diazinon	e	malation.
e)		Nenhum	dos	grupos	contaminados	com	atrazina,	diazinon	e	malation.
Essa	 foi	 de	Ciências	 da	Natureza,	mas	 a	 lógica	 foi	 a	mesma.	Alguns	 ratos
morreram	e	outros	sobreviveram.	Pediam	os	grupos	com	mortalidade	mínima	de
10	ratos	(ou	seja,	grupos	em	que	a	dose	de	veneno	ingerida	era	maior	do	que	a
DL50,	porque	a	dose	letal	DL50	é	justamente	o	necessário	para	matar	metade	dos
ratos	de	um	grupo	de	20).	Resposta	certa:	 “D”.	Os	 ratos	que	 se	contaminaram
com	atrazina	 tiveram	uma	mortalidade	menor	que	10,	 pois	 a	 dose	 ingerida	 foi
menor	que	a	DL50.
(ENEM	2017)	Uma	empresa	construirá	sua	página	na	internet	e	espera
atrair	um	público	de	aproximadamente	um	milhão	de	clientes.	Para	acessar
essa	 página,	 será	 necessária	 uma	 senha	 com	 formato	 a	 ser	 definido	 pela
empresa.	 Existem	 cinco	 opções	 de	 formato	 oferecidas	 pelo	 programador,
descritas	no	quadro,	em	que	“L”	e	“D”	representam,	respectivamente,	letra
maiúscula	e	dígito.
As	letras	do	alfabeto,	entre	as	26	possíveis,	bem	como	os	dígitos,	entre	os
10	possíveis,	podem	se	repetir	em	qualquer	das	opções.
A	empresa	quer	escolher	uma	opção	de	formato	cujo	número	de	senhas
distintas	 possíveis	 seja	 superior	 ao	 número	 esperado	 de	 clientes,	mas	 que
esse	número	não	seja	superior	ao	dobro	do	número	esperado	de	clientes.
A	opção	que	mais	se	adequa	às	condições	da	empresa	é
a)		I
b)	II
c)		III
d)	IV
e)		V
Outra	 pegadinha	 comum	 é	 aquela	 que	 te	 pede	 duas	 coisas	 e	 coloca	 nas
alternativas	 opções	 em	 que	 só	 uma	 condição	 é	 atendida.	 Nessa	 questão,	 o
objetivo	é	usar	o	Princípio	Fundamental	da	Contagem	para	encontrar	um	padrão
de	senha	que	forneça	mais	de	1	milhão	e	menos	de	2	milhões	de	combinações.
As	opções	I	e	III	nos	dão	um	número	muito	maior	que	2	milhões,	então,	apesar
de	 fornecer	mais	de	1	milhão	de	combinações,	não	 são	a	 resposta,	porque	não
são	menores	que	2	milhões.
Precisava	ser	maior	que	1	milhão	E	menor	que	2	milhões.	E	só	a	alternativa
V	nos	dá	isso	(1.757.600).
Outra	 questão	 nesse	 formato	 é	 a	 clássica	 de	 “quero	 uma	 caixa	 em	 que	 o
objeto	caiba	e	que	 sobre	o	menor	espaço	possível”.	Não	querem	só	uma	caixa
em	 que	 o	 objeto	 caiba,	 mas	 em	 que	 ele	 caiba	 E	 sobre	 o	 mínimo	 de	 espaço
possível.	São	duas	condições,	não	uma.
Leia	todo	o	enunciado	para	evitar	cair	nesse	tipo	de	pegadinha.
E	agora	vamos	falar	das	pegadinhas	de	gráfico!	Os	gráficos	podem	te	pegar
em	dois	pontos	principais:	nas	unidades	de	medida	(como	vimos	na	questão	do
“quadriplicar”)	e	nos	eixos.	Pegadinhas	de	eixos	são	as	mais	comuns.
(ENEM	 2017)	 Os	 congestionamentos	 de	 trânsito	 constituem	 um
problema	 que	 aflige,	 todos	 os	 dias,	 milhares	 de	 motoristas	 brasileiros.	 O
gráfico	ilustra	a	situação,	representando,	ao	longo	de	um	intervalo	definido
de	 tempo,	 a	 variação	 da	 velocidade	 de	 um	 veículo	 durante	 um
congestionamento.
Quantos	minutos	o	veículo	permaneceu	imóvel	ao	longo	do	intervalo	de
tempo	total	analisado?
a)		4
b)	3
c)		2
d)	1
e)		0
Repare	 que	 o	 eixo	 y	 é	 de	VELOCIDADE.	Logo,	 nos	 intervalos	 0-1	 e	 3-4,
apesar	 de	 o	 carro	 ter	 velocidade	 constante,	 ele	 continua	 tendo	 velocidade.	Ou
seja:	ele	continua	andando	para	frente.
A	pergunta	é:	por	quanto	tempo	ele	fica	parado?	E	ele	só	fica	parado	por	2
minutos:	do	instante	6	até	o	instante	8.	Resposta	certa:	“C”.
Se	você	 tivesse	 achado	que	o	 eixo	y	 era	 referente	 ao	 espaço,	 pensaria	 que,
pelo	 fato	 de	 o	 gráfico	 não	 ser	 inclinado	 nos	 intervalos	 0-1	 e	 3-4,	 o	 carro	 não
estava	andando.	Mas	o	eixo	era	de	velocidade,	não	de	espaço!
Essas	pegadinhas	de	eixos	são	as	que	mais	caem!	Então	sempre	circule	o	que
os	 eixos	 x	 e	 y	 representam.	 Vamos	 ver	 mais	 uma	 agora:	 (ENEM	 2017)	 O
brinquedo	 pula-pula	 (cama	 elástica)	 é	 composto	 por	 uma	 lona	 circular
flexível	 horizontal	 presa	 por	 molas	 à	 sua	 borda.	 As	 crianças	 brincam
pulando	sobre	ela,	alterando	e	alternando	suas	formas	de	energia.	Ao	pular
verticalmente,	desprezando	o	atrito	com	o	ar	e	os	movimentos	de	rotação	do
corpo	enquanto	salta,	uma	criança	realiza	um	movimento	periódico	vertical
emtorno	da	posição	de	equilíbrio	da	lona	(h	=	0),	passando	pelos	pontos	de
máxima	e	de	mínima	alturas,	hmáx	e	hmin,	respectivamente.
Esquematicamente,	 o	 esboço	 do	 gráfico	 da	 energia	 cinética	 da	 criança
em	função	de	sua	posição	vertical	na	situação	descrita	é:
Como	 os	 eixos	 y	 e	 x	 são	 referentes	 a	 energia	 cinética	 e	 altura,
respectivamente,	 você	 não	 pode	 pensar	 em	 energia	 cinética	 como	 “mv²/2”.
Porque	o	eixo	y	não	é	de	velocidade,	e	sim	de	energia	cinética.
E	 a	 relação	 de	 energia	 cinética	 com	 distância	 é	 quadrática	 entre	 hmín	 e	 0
porque	 nesse	 intervalo	 há	 uma	 compressão	 da	 mola,	 e	 a	 energia	 potencial
elástica	tem	relação	quadrática	com	a	distância	comprimida.
Essa	questão	seria	muito	difícil	de	explicar	por	texto,	mas	eu	fiz	um	vídeo	em
que	 explico	 em	 detalhes	 por	 que	 a	 resposta	 é	 “C”:
https://unacademy.com/lesson/10-exercicios-do-enem-2/JH3YG7JD
(ENEM	 2017)	 Dois	 reservatórios	 A	 e	 B	 são	 alimentados	 por	 bombas
distintas	 por	 um	 período	 de	 20	 horas.	 A	 quantidade	 de	 água	 contida	 em
cada	reservatório	nesse	período	pode	ser	visualizada	na	figura.
O	 número	 de	 horas	 em	 que	 os	 dois	 reservatórios	 contêm	 a	 mesma
quantidade	de	água	é
a)		1
b)	2
https://unacademy.com/lesson/10-exercicios-do-enem-2/JH3YG7JD
c)		4
d)	5
e)		6
Essa	aqui	foi	boa!	Foi	um	puxão	de	orelha	em	quem	só	olha	para	os	números
à	 esquerda.	 Nessa	 questão,	 os	 níveis	 dos	 reservatórios	 estão	 em	 escalas
diferentes.	 Repare	 que	 os	 números	 referentes	 ao	 nível	 do	 reservatório	 B	 não
estão	alinhados	com	o	do	A.	Em	2h,	por	exemplo,	B	tinha	15000	litros,	mas	A
tinha	30000.
Quem	só	viu	os	pontos	em	que	triângulo	e	círculo	se	sobrepunham	marcou	4
horas.	E	 errou.	 Porque	 o	 único	 instante	 em	que	A	 e	B	 têm	o	mesmo	nível	 de
água	é	entre	8h	e	9h.	30000	litros	cada	um.
Resposta	certa:	“A”.
E	 é	 basicamente	 isso.	 No	 capítulo	 analisando	 a	 prova	 vamos	 ver	 mais
algumas	coisas	que	poderiam	ser	consideradas	pegadinhas.	Agora	vamos	falar	da
minha	estratégia	de	resolução	do	ENEM.
Minha	estratégia	de	resolução	do	ENEM
Antes	de	continuar,	você	me	dá	uma	ajudinha?	Se	está	gostando	do	conteúdo
até	 aqui,	pode	deixar	um	comentário	 lá	na	Amazon	 sobre	o	 e-book?	Vai	me
ajudar	muito,	pode	ter	certeza	:)
Valeu,	você	é	10.	Agora	vamos	à	estratégia	de	prova:
O	ENEM	é	uma	prova	que	exige	muito	mais	que	apenas	conhecimento	das
matérias.	 São	 10,5	 horas	 de	 prova	 (divididas	 em	 2	 dias)	 com	 180	 questões
gigantes	 e	 extremamente	 trabalhosas,	 que	 vão	 demandar	 um	 alto	 nível	 de
concentração	e	equilíbrio	mental.
Se	você	não	conhece	muito	bem	o	estilo	de	prova	e	inventa	de	fazer	todas	as
questões	do	 jeito	 “certo”,	vai	 estar	mentalmente	 exausto	decorridas	3	horas	de
prova.	E	ainda	vai	faltar	mais	da	metade	das	questões	para	fazer.
Por	 isso	 é	 importante	 uma	 estratégia	 de	 resolução.	 Vamos	 dar	 um	 passo
atrás	para	dar	dois	adiante.	Você	vai	ser	capaz	de	fazer	mais	questões	em	menos
tempo	e	sem	se	cansar	tanto.
Antes	 de	mais	 nada,	 preciso	 deixar	 claro	 que	 esta	 é	 a	minha	 estratégia.	 E
você	 não	 é	 obrigado	 a	 segui-la	 à	 risca.	Vou	dizer	 como	 eu	 faço	 o	ENEM	e	 o
porquê	 de	 cada	 etapa,	 mas	 você	 é	 livre	 para	 experimentar	 o	 seu	 jeito.	 É	 até
importante	que	você	experimente,	porque	nós	somos	indivíduos	diferentes,	então
o	que	funciona	para	mim	pode	não	funcionar	para	você	(e	vice-versa).
E	 você	 só	 vai	 descobrir	 qual	 a	 sua	 estratégia	 ideal	 de	 resolução	 se	 praticar
fazer	as	provas	anteriores	como	se	fosse	“pra	valer”:	coloque	o	celular	de	lado,
peça	à	sua	família	para	não	ser	interrompido,	cronometre	5	horas	e	faça	de	conta
que	está	lá,	fazendo	a	prova	de	verdade.
É	você	e	o	ENEM,	só	você	e	o	ENEM.	Mostra	pra	ele	quem	é	que	manda.
No	 dia	 seguinte	 você	 faz	 outra	 prova,	 mas	 mudando	 algum	 ponto	 da
estratégia	 para	 ver	 se	 sua	performance	melhora	 ou	não.	E	 então	 faz	mais	 uma
vez.	E	mais	uma	vez.	E	mais	uma	vez.	E	assim,	aos	poucos,	você	vai	ajustando	o
que	funciona	e	o	que	não	funciona	para	você.
Só	não	tome	as	minhas	estratégias	por	verdade	absoluta,	ok?	Obrigado.
Dito	isso,	vamos	lá:
Tudo	começa	antes	mesmo	de	eu	sair	de	casa.	Já	deixo	tudo	separado	no	dia
anterior	para	evitar	 estresse	à	 toa.	Comida,	água,	caneta,	 identidade	e	controle
(quem	acompanha	o	canal	 conhece	bem	o	#cacic).	Levar	casaco	 também	pode
ser	uma	boa,	porque	nunca	se	sabe	se	na	sua	sala	pode	ter	ar	condicionado.
E	é	muito	importante	frisar	isso	de	evitar	estresse	à	toa.	A	prova	do	ENEM,
por	ser	muito	desgastante,	vai	 te	cobrar	 inteligência	emocional	 tanto	quanto	o
conteúdo	 em	 si.	 E	 você	 estar	 no	 controle	 da	 situação	 é	 vital	 para	 evitar	 um
branco.
Por	 isso	 eu	 já	 deixo	 tudo	 pronto	 na	 véspera:	 para	 sair	 de	 casa	 com
tranquilidade,	chegar	no	local	de	prova	com	calma	e	fazer	o	melhor	ENEM	que
eu	puder.	E	 se	 uma	pequena	 atitude	 como	a	 de	 fazer	 todos	 os	 preparativos	 na
véspera	já	vai	te	poupar	de	um	estresse	desnecessário,	por	que	não	fazer	isso?
O	primeiro	passo	para	arrasar	no	ENEM	é	ter	uma	mente	positiva,	otimista	e
tranquila.	 Você	 já	 vai	 fazer	 o	 ENEM	 mesmo,	 estressado	 ou	 não.	 Então	 se
estressar	para	quê?
Pense	nisso.
Voltando	ao	que	eu	faço	antes	da	prova:
Vou	 dormir	 cedo	 na	 véspera	 para	 acordar	 bem-disposto	 e	 evito	 alimentos
pesados	no	almoço.	Não	sou	vegetariano,	mas	nesse	dia	eu	evito	comer	carne,
porque	carne	sempre	me	deixa	meio	lento.	Meu	almoço	pré-ENEM	geralmente
tem	arroz	integral,	feijão,	ovo,	salada	e	legumes.
Levo	sempre	castanhas	e	barrinhas	de	chocolate	amargo	para	comer	de	vez
em	 quando	 durante	 a	 prova.	 São	 ótimas	 para	 dar	 energia	 sem	 fazer	 muita
lambança.	 (Se	bem	que	a	prova	do	ENEM	é	 tão	desgastante	que	eu	nem	sinto
fome	 até	 voltar	 para	 casa...	 eu	 geralmente	 como	 mais	 para	 dar	 um	 tempo	 de
prova	e	descansar	a	mente	do	que	por	fome	de	verdade).
Mas	ok,	 já	 falei	o	que	eu	 faço	antes	da	prova.	Procuro	 tranquilizar	o	corpo
para	 que	 a	mente	 também	 se	 tranquilize.	E	 isso	 já	 vai	 ser	metade	do	 caminho
para	um	excelente	ENEM.	Vamos	agora	para	a	prova	em	si.
Depois	de	fecharem	os	portões,	geralmente	esperam	uns	15-20	minutos	antes
de	distribuir	os	cadernos	de	questões.	Nesse	momento	em	que	 já	não	adianta
mais	 fazer	 revisões	 (e	 tem	 muita	 gente	 que	 fica	 sentada	 fora	 da	 sala
“estudando”	até	o	último	minuto),	eu	 fecho	os	olhos,	ajeito	a	postura	e	 respiro
fundo.
Pode	 chamar	 isso	 de	meditação	 se	 quiser.	 Tanto	 faz.	O	 que	 importa	 é	 que
você	se	concentre	em	si	mesmo	e	pense:	“Eu	vim	aqui	para	fazer	o	ENEM	e	vou
fazer	a	melhor	prova	possível.	Eu	estudei	para	este	momento	e	estou	preparado”.
Não	tem	nada	a	ver	com	a	fase	esotérica	que	eu	tive	há	alguns	anos.	É	só	uma
conversa	que	você	vai	ter	consigo	mesmo	para	estar	presente.	Você	não	está	em
casa,	não	está	 com	seus	 amigos,	não	está	num	bar	ou	numa	balada.	Você	está
fazendo	a	prova,	presente	de	corpo	e	alma.
Traga	a	sua	mente	de	volta,	não	deixe	ela	voar	demais.	Esteja	presente.
E	nesse	momento	você	pensa	baixinho	para	si	mesmo:	“Vou	terminar	o
ENEM	faltando	15	minutos	para	o	fim”.
É	surpreendente	como	isso	funciona!	Pode	parecer	esoterismo,	mas	nesses	3
anos	de	ENEM	(6	provas,	então),	eu	nunca	 tive	problema	com	falta	de	 tempo.
Nem	mesmo	quando	a	prova	de	Exatas	tinha	meia	hora	a	menos.	Porque	antes	de
começar	a	prova	eu	combinava	comigo	mesmo	que	ia	terminar	a	tempo,	então	o
meu	 subconsciente	 sabia	 quando	 eu	 estava	 perdendo	 tempo	 demais	 em	 uma
questão.
Se	 eu	 não	 tivesse	 conversado	 comigo	 mesmo	 antes	 da	 prova,	 combinado
comigo	 mesmo	 que	 sou,	 sim,	 capaz	 de	 terminar	 a	 prova	 a	 tempo,	 eu	 estaria
inteiramente	dependente	do	lado	externo!	Minha	referência	estaria	lá	fora,	nos
papeizinhos	 que	 eles	 arrancam	 para	 marcar	 o	 tempo,	 e	 não	 onde	 ela	 deve
realmente	estar:	em	mim	mesmo.
Quer	saber	mais	um	benefício	desses	15	minutinhos	de	concentração?
Nocapítulo	 com	 a	 resolução	 do	 ENEM	 2018,	 você	 vai	 ver	 que	 muitas
questões	 eu	 resolvi	 de	 uma	 forma	 alternativa.	Mas	 essa	 forma	 alternativa	 nem
sempre	 vem	 de	 primeira	 para	mim.	 Eu	 tento	 resolver	 do	 jeito	 “certo”	 por	 um
tempo	 e,	 quando	meu	 subconsciente	 apita	 dizendo	 que	 estou	 perdendo	 tempo
demais,	passo	para	outra.	Quando	eu	volto,	consigo	pensar	em	um	jeito	diferente
de	resolver	a	questão.	Mesmo	fazendo	outras	questões,	meu	subconsciente	ainda
está	concentrado	em	tudo.	Ele	me	avisa	quando	eu	estou	perdendo	tempo	demais
e	trabalha	por	mim	enquanto	eu	vou	fazendo	o	resto	da	prova.	Incrível,	né?
E	isso	não	é	um	“dom”.	É	algo	que	você	pode	praticar	e	aperfeiçoar.	Neste
ano	de	preparação,	experimente	fazer	isso	que	eu	estou	te	propondo.	Por	que	não
tentar?	 Antes	 de	 começar	 a	 fazer	 a	 prova,	 faça	 uma	 pausa	 de	 5	 minutos	 e
simplesmente	respire.	Respire	e	combine	consigo	mesmo	que	é,	sim,	capaz.
Aprenda	 a	 ouvir	 a	 sua	 intuição.	 Ao	 invés	 de	 depender	 dos	 adesivos	 que
marcam	o	 tempo	 restante	de	prova	no	quadro,	aprenda	a	 se	 escutar.	Se	você
“sente”	que	está	demorando	demais,	passe	para	a	próxima	questão.
Não	tem	o	menor	problema	pular	para	a	próxima	questão.	Quem	insiste	em
fazer	o	ENEM	na	ordem	não	consegue	fazer	ele	inteiro	com	concentração	total.
É	impossível.	Porque	o	ENEM	não	foi	criado	para	ser	resolvido	na	ordem.	Ele
simplesmente	não	foi	feito	para	isso.
Ok,	até	aqui	eu	falei	coisas	que	eu	faço	antes	das	duas	provas.	Tudo	que	eu
falei	 até	aqui	vai	valer	 tanto	para	o	1º	quanto	para	o	2º	dia.	Mas	agora	vamos
dividir:
1º	dia	(Linguagens,	Redação	e	Humanas)
Depois	de	respirar	fundo	e	combinar	comigo	mesmo	que	eu	vou	ser	capaz	de
terminar	a	prova	faltando	15	minutos	para	o	fim,	eu	abro	a	prova	e	já	procuro	o
tema	 de	 redação	 para	 ter	 aquele	 susto	 maravilhoso	 (ainda	 mais	 agora	 que	 a
tendência	 é	 que	 os	 temas	 se	 tornem	 mais	 subjetivos...	 vai	 ser	 um	 balde	 de
adrenalina	a	cada	novo	tema).
Recomendo	 que	 todos	 façam	 a	mesma	 coisa,	 e	 isso	 por	 um	motivo:	 saber
qual	 é	o	 tema	de	 redação	 já	vai	deixar	o	 seu	cérebro	processando	as	 ideias	de
maneira	subconsciente.	Mesmo	que	você	não	faça	absolutamente	nada	além	de
ler	 os	 textos	motivadores,	 isso	 já	 faz	 o	 cérebro	 buscar	 ideias	 para	 inserir	 nos
argumentos.
E	como	o	cérebro	busca	ideias?	Com	base	no	seu	repertório.	Lembra	dessa
palavra?	Foi	o	que	falamos	na	parte	sobre	o	ENEM	estar	mais	conteudista.	Eu
disse	 que	 um	 repertório	 ampliado	 ajuda	 a	 pensar	 fora	 da	 caixa	 e	 chegar	 na
resposta	mais	rápido.
O	 repertório	 também	 vai	 ser	 importante	 na	 redação.	 Talvez	 de	 uma	 forma
ainda	mais	 evidente	 que	 na	 prova	 objetiva,	 porque	 na	 redação	 você	 pode	 usar
diretamente	o	repertório	que	adquiriu	ao	longo	do	ano	para	elaborar	argumentos,
analogias,	citações,	referências,	etc.
Então	nunca	subestime	o	poder	de	um	repertório	amplo.
Mas	 eu	 não	 só	 leio	 o	 tema	de	 redação	 e	 os	 textos	motivadores.	Eu	destino
também	os	10	primeiros	minutos	da	prova	para	fazer	um	brainstorming.	Caso
você	 nunca	 tenha	 ouvido	 falar	 disso,	 o	 significado	 literal	 é	 “tempestade
cerebral”.
Brainstorming	é	uma	técnica	muito	útil	que	consiste	em	escrever	tudo	que	te
vem	 à	mente	 sobre	 um	 determinado	 tema,	 sem	 filtros.	 Só	 escreva	 tudo,	 tudo,
tudo.	Vai	ficar	uma	bagunça,	mas	é	desse	caos	que	você	vai	tirar	o	ouro	para	a
sua	redação.
Eu	 não	 me	 preocupo	 com	 a	 estruturação	 dos	 argumentos	 nessa	 primeira
etapa.	Só	jogo	tudo	que	consigo	pensar	sobre	o	assunto	no	papel.
Infelizmente	não	estou	com	a	minha	prova	aqui	comigo,	mas	eu	lembro	que
no	 ENEM	 2018	 (manipulação	 do	 comportamento	 do	 usuário	 pelo	 controle	 de
dados	na	internet)	eu	coloquei	no	brainstorming:
-	O	caso	do	Facebook	com	a	Cambridge	Analytica
-	Inteligência	artificial
-	Segmentação	de	público	online
-	A	Mass	Communication	Research	e	a	manipulação	de	comportamento
-	Sartre:	“Estamos	condenados	a	ser	livres”
-	Comodidade	vs.	Privacidade
E	 muuuuitas	 outras	 coisas.	 Coloquei	 em	 forma	 de	 palavras	 mesmo,	 sem
maiores	 explicações.	 No	 momento	 em	 que	 eu	 leio	 essas	 palavras,	 todo	 o
raciocínio	vem	junto,	então	não	tem	por	que	perder	tempo	explicando	o	que	eu	já
sei	para	mim	mesmo.	Ainda	mais	em	uma	prova	em	que	tempo	é	ouro.
Quando	sair	o	espelho	da	redação	do	ENEM	2018,	pretendo	fazer	um	vídeo
comentando	meus	erros	e	acertos.	Vou	mostrar	também	tudo	que	eu	escrevi	no
brainstorming	 para	 ilustrar	 melhor	 a	 ideia.	 (Então	 lembre	 de	 se	 inscrever	 no
canal	e	ativar	o	sininho	para	ser	notificado	dos	novos	vídeos).
Ótimo,	depois	desses	10	minutos	eu	começo	realmente	a	fazer	a	prova.	E	que
prova!	O	primeiro	dia	 tem	uma	carga	absurda	de	 textão,	então	você	precisa	de
uma	estratégia	para	não	se	cansar	logo	no	começo.
O	que	eu	faço	é	ir	alternando	entre	Humanas	e	Linguagens.	Apesar	de	as
duas	 provas	 terem	 uma	 carga	 elevada	 de	 leitura,	 eu	 sinto	 que	 são	 cobradas
habilidades	ligeiramente	diferentes	em	cada	uma.	Eu	não	sei	explicar	bem,	mas	é
como	 se	 “pensar	 Linguagens”	 exigisse	 um	 raciocínio	 diferente	 de	 “pensar
Humanas”.
Então,	quando	eu	alterno	entre	as	duas,	é	como	se	eu	descansasse	uma	parte
do	 cérebro	 enquanto	 exercito	 outra.	 Para	 mim	 funciona,	 mas	 você	 vai
experimentar	e	ver	o	que	dá	certo	para	você.
Eu	geralmente	faço	10-15	questões	de	uma	prova	e	10-15	da	outra.	(Isso	vale
também	para	Exatas:	sempre	alterno	10	de	Matemática	com	10	de	Natureza).
E	uma	coisa	muito	importante!!	Vou	falar	mais	disso	no	capítulo	de	análise
do	ENEM,	mas	já	fica	o	aviso:	leia	o	comando	da	questão	antes	de	ler	o	texto.
Sempre	 leia	 o	 enunciado	 primeiro,	 porque	 é	 ele	 que	 vai	 te	 orientar	 durante	 a
leitura	do	texto.	Quem	deixa	para	ler	o	enunciado	no	fim,	muito	provavelmente
vai	ter	que	ler	tudo	de	novo	depois	que	vir	do	que	se	trata	a	questão.
Em	 Linguagens	 isso	 é	 ainda	 mais	 evidente,	 porque	 tem	 questões	 que	 não
cobram	 absolutamente	 nada	 sobre	 o	 conteúdo	 do	 texto	 em	 si.	 Cobram	 só
detalhes	sobre	a	técnica	de	escrita,	a	função	da	linguagem,	etc.	E	ler	esse	tipo	de
texto	com	atenção	demais	ao	conteúdo	é	pura	perda	de	tempo.		
Então,	 alternando	 entre	 Linguagens	 e	 Humanas	 ou	 não,	 sempre	 leia	 o
comando	da	questão	antes.
***
Eu	 geralmente	 consigo	 fazer	 umas	 20	 questões	 de	 cada	 matéria	 antes	 de
começar	a	cansar.	Nas	horas	em	que	percebo	que	preciso	ler	mais	de	duas	vezes
o	mesmo	 texto,	 é	 sinal	 que	 estou	 cansado.	Nesses	momentos,	 eu	 só	 faço	 uma
pausa,	fecho	os	olhos	por	um	minuto	e	respiro	fundo.
Pode	 parecer	 perda	 de	 tempo,	mas	 é	 aquilo	 que	 eu	 já	 disse	 antes:	 dar	 um
passo	 atrás	 para	 dar	 dois	 adiante.	Só	 essa	 pequena	pausa	 de	 um	minuto	 já	me
garante	um	boost	de	energia	tremendo.	Eu	não	só	consigo	ler	mais	rápido	como
consigo	interpretar	melhor.
Logo,	a	minha	chance	de	errar	por	besteira	é	menor.
Ah,	uma	coisa...	faça	o	que	eu	digo,	mas	não	faça	o	que	eu	faço.	Isso	tudo	é
muito	bonito	de	falar,	mas	no	ENEM	2018	eu	só	devo	ter	parado	para	respirar
fundo	2	vezes.	Teve	vários	momentos	em	que	eu	estava	desconcentrado	e	insisti
em	fazer	as	questões	ao	invés	de	parar	para	respirar.
O	resultado:	errei	muitas	por	besteira.	E	quando	eu	digo	muitas,	são	muitas
mesmo.
Você	vai	ver	no	capítulo	de	análise	do	ENEM.	Das	33	que	eu	errei,	estimo
que	umas	15	foram	por	bobagem.	Não	estou	dizendo	que	seria	capaz	de	acertar
160+	questões	no	ENEM,	porque	todo	mundo	comete	erros,	mas	estou	dizendo
que	em	um	cenário	ideal	isso	seria,	sim,	possível.
Com	 esse	 novo	método	 de	 estudo	 que	 eu	 estou	 te	 propondo,	 é	 idealmente
possível	acertar	umas	160.	E	o	método	é	simples:	a	aliança	entre	uma	boa	base
nas	matérias,	repertório	variado,	interpretação	de	texto	e	raciocínio	lógico.	E,
claro,	inteligência	emocional.
Enfim,	de	volta	à	minha	estratégia	de	resolução.	Depois	de	umas	40	questões
resolvidas,	eu	volto	para	a	redação	e	monto	um	primeiro	esqueleto.	Selecionoo
que	 vai	 ficar	 e	 o	 que	 vai	 sair,	 decido	 em	 que	 parágrafo	 cada	 informação	 vai
entrar,	 faço	 um	 esquema	 dividido	 em	 “I,	 D1,	 D2,	 C”	 (introdução,
desenvolvimentos	e	conclusão)...	e	basicamente	só.
Eu	 não	 escrevo	 frases	 nesta	 etapa.	 Só	 coloco	 os	 potenciais	 argumentos	 em
forma	 de	 tópicos	 (“D2:	Nietzsche,	 Facebook,	massificação”)	 para	 lembrar	 que
no	segundo	parágrafo	de	desenvolvimento	eu	vou	associar	essas	três	ideias.
Tem	 gente	 que	 gosta	 de	 começar	 pela	 conclusão	 nessa	 etapa.	 Já	 pensa	 na
proposta	de	intervenção	para	só	então	elaborar	os	argumentos.	Eu	acho	essa	uma
ideia	 legal,	 porque	 em	 2018	 não	 fiz	 assim	 e	 precisei	 elaborar	 2	 parágrafos
completamente	 diferentes	 de	 conclusão:	 o	 primeiro	 era	 uma	 boa	 intervenção,
mas	não	 solucionava	o	problema	que	eu	apresentei	nos	argumentos,	 então	 tive
que	 fazer	 uma	 segunda	 mais	 adequada.	 Sim,	 perdi	 tempo	 aí	 (principalmente
porque	quase	não	tinha	praticado	redação	durante	o	ano).
Esse	tempo	poderia	ter	sido	usado	para	fazer	com	mais	calma	as	questões	de
Linguagens	e	evitar	errar	tantas	por	besteira	(umas	7	ou	8).
Depois	de	montado	um	esquema	“I,	D1,	D2,	C”,	 volto	para	 as	questões	de
Linguagens	 e	 Humanas.	 Continuo	 alternando	 (sempre	 lendo	 o	 comando	 das
questões	antes	do	texto)	até	faltarem	umas	2h30	para	o	fim	da	prova.
Aí	sim	eu	escrevo	a	redação.	Já	 tenho	as	 ideias,	então	é	só	fazer	a	conexão
entre	 elas.	 Mas	 eu	 não	 faço	 direto	 na	 folha	 definitiva.	 Faço	 no	 rascunho.
Algumas	 pessoas	 podem	 achar	 isso	 perda	 de	 tempo,	 mas	 para	 mim	 ainda	 é
essencial.	Mesmo	no	rascunho	eu	ainda	rabisco	muito,	porque	conectar	as	ideias
não	é	algo	tão	simples	quanto	parece.
Mas,	mesmo	com	o	rascunho	pronto,	eu	ainda	não	passo	direto	a	limpo.	Eu
faço	mais	umas	10-15	questões	da	prova	para	só	então	voltar	e	passar.
E	 por	 que	 eu	 divido	 a	 redação	 em	 tantas	 etapas?	 Porque	 assim	 eu	 consigo
identificar	mais	erros	do	que	se	fizesse	tudo	de	uma	vez.	É	como	se	eu	voltasse
com	um	olhar	revigorado,	menos	“viciado”	no	próprio	texto.
Como	 exemplo	 eu	 cito	 este	 e-book:	 escrevi	 a	 primeira	 versão	 e	 deixei	 ela
alguns	dias	“maturando”.	Quando	voltei	para	revisar,	eram	muitas,	muitas	coisas
para	 corrigir	 (não	 tinha	muitos	 erros,	mas	 eu	 tinha	 repetido	muitas	 palavras,	 e
algumas	 frases	 tinham	 ficado	 confusas,	 por	 exemplo.).	 Felizmente	 corrigi	 a
tempo	de	publicar.
Da	mesma	forma,	é	melhor	corrigir	sua	redação	a	tempo!
Mas	é	claro	que	isso	vai	depender	de	você.	Tem	gente	que	prefere	escrever	a
redação	direto	na	folha	definitiva.	Se	funciona	para	você,	quem	sou	eu	para	dizer
que	está	errado?
Levo	 um	pouco	mais	 de	 1h	 para	 fazer	 o	 rascunho	 e	 passar	 a	 limpo,	 então,
para	escrever	a	redação	do	brainstorming	à	versão	final,	levo	talvez	1h30,	1h40.
Mas	 em	2018	 eu	 levei	mais	 de	 2	 horas	 por	 causa	 do	 tema	 surpreendente	 e	 da
conclusão	que	eu	precisei	refazer.
Isso	 foi	 principalmente	 porque	 eu	 não	 fiz	 tantas	 redações	 no	 ano.	 Então	 já
comece	a	praticar	logo	para	tornar	a	escrita	da	dissertação	o	mais	fluida	possível.
***
E	 agora	 uma	 coisa	 que	 poucas	 pessoas	 fazem,	 mas	 que	 eu	 altamente
recomendo:	não	deixe	para	passar	as	 respostas	para	o	gabarito	no	 fim	de	 tudo.
Passe	as	respostas	faltando	1h30	para	o	fim.	E	isso	por	dois	motivos	principais:
	
1.	 Passar	 para	 o	 gabarito	 é	 uma	 atividade	 mais	mecânica	 que	 mental,
então	 isso	 é	 um	 descanso	 para	 a	 parte	 do	 seu	 cérebro	 responsável	 pela
leitura	dos	textões;
2.	 Vai	 te	 tirar	o	peso	das	costas	de:	“Ai,	 será	que	dá	 tempo	de	passar	as
respostas?	Será	que	eu	vou	terminar	a	tempo??”
Por	esses	dois	motivos	eu	recomendo	passar	para	o	cartão-resposta	faltando
mais	de	uma	hora	para	o	fim.	Passe	as	que	já	fez,	e	você	vai	poder	se	concentrar
com	muito	mais	tranquilidade	naquelas	que	faltam.
Mas	atenção!!	Se	você	tiver	pulado	uma	questão	na	prova,	lembre-se	de	pular
no	gabarito!!!	Se	for	passar	para	o	cartão-resposta	faltando	algumas	para	fazer,
cheque	 duas	 vezes	 a	 numeração	 da	 questão	 para	 não	 perder	 10,	 15,	 20
questões	em	sequência	por	bobagem.
***
E	a	última	estratégia	para	o	1º	dia	é...	pedir	ao	fiscal	para	ir	ao	banheiro.	Eu
chamo	essa	estratégia	de...	a	estratégia	do	banheiro.
Bom	nome,	né?	Eu	deveria	patentear.
Enfim.	Mesmo	que	eu	não	precise	fazer	nada	relevante	no	banheiro,	faço	isso
para	passar	água	no	rosto	(água	da	pia)	e	esticar	as	pernas	para	voltar	para	a	sala
renovado	e	pronto	para	o	round	2.
Geralmente	peço	para	ir	ao	banheiro	depois	de	ter	passado	a	redação	para	a
folha	definitiva	e	passado	as	questões	que	já	fiz	para	o	gabarito.	Quando	voltar
para	 a	 sala,	meu	 tempo	vai	 ser	 todo	destinado	 a	 responder	 as	 poucas	 questões
que	 ainda	 faltam	 na	 prova	 (e	 que	 o	 meu	 subconsciente	 está	 processando	 em
segundo	 plano,	 porque,	 bem...	 a	 esse	 ponto	 eu	 já	 deveria	 ter	 lido	 todas	 as
questões	ao	menos	uma	vez).
E	essa	é	a	minha	estratégia	no	primeiro	dia.	Muito	do	que	eu	falei	também	se
aplica	 à	 prova	 de	 Exatas,	 mas	 no	 dia	 da	 famigerada	 Matemática	 tem	 alguns
detalhes	que	merecem	um	capítulo	à	parte.
2º	dia	(Matemática	e	Ciências	da	Natureza)
Tudo	que	eu	falei	sobre	respirar	fundo	antes	da	prova,	alternar	questões,	fazer
pausas	de	1	minuto	com	frequência	e	passar	para	o	cartão-resposta	faltando	1h30
continua	válido	no	segundo	dia.	Vou	falar	aqui	só	dos	pontos	diferentes.
E	boa	parte	do	que	eu	disser	aqui	vai	retomar	os	capítulos	de	pegadinhas	e
de	TRI.	Mas	é	sempre	bom	relembrar,	então	vamos	lá:
Você	já	sabe	que,	pela	TRI,	as	questões	fáceis	valem	mais	pontos.	E	eu	já	dei
algumas	dicas	de	como	identificar	as	fáceis	(no	capítulo	resolvendo	o	ENEM	de
Matemática,	coloquei	um	ranking	de	1-5	de	nível	de	dificuldade	para	 ilustrar	a
ideia).
Então	o	que	eu	faço	enquanto	estou	resolvendo?	Sempre	que	me	deparo	com
uma	questão	fácil-média,	 já	redobro	a	atenção.	Porque,	mesmo	que	seja	fácil,
qualquer	deslize	pode	me	fazer	errar.
Pode	parecer	contra-intuitivo	demorar	mais	nas	fáceis,	mas	é	exatamente	isso
que	eu	fiz	em	2018.	Eu	sabia	que	já	não	conseguia	mais	fazer	cálculos	de	cabeça
tão	rápido,	então,	para	não	dar	chance	ao	azar,	fiz	todos	os	cálculos	com	calma,	e
pela	primeira	vez	usei	a	folha	de	rascunho.
Ficou	muito	mais	organizado	(para	os	meus	padrões,	claro),	e	o	resultado	foi
que	eu	só	errei	2	questões	(comparado	com	5	e	6	nos	outros	anos).
Então	faça	com	calma!	Mesmo	que	pareça	perda	de	tempo.
“Mas,	Umberto,	se	eu	fizer	assim,	não	vou	conseguir	fazer	a	prova	inteira”.	E
eu	 concordo	 que	 você	 não	 vai	 conseguir	 terminar	 se	 fizer	 tudo	 do	 jeito
“certinho”.	 Por	 isso	 no	 capítulo	 de	 resolução	 eu	 apresentei	 raciocínios
alternativos	que	te	fazem	poupar	tempo.	Esse	tempo	poupado	deve	ser	investido
nas	questões	fáceis	para	aumentar	a	sua	nota.
É	tudo	estratégia.	Estratégia	para	você	arrasar	no	ENEM.
No	 caso	 das	 fáceis,	 eu	 redobro	 a	 atenção;	 no	 caso	 das	difíceis,	 eu	 escolho
entre	fazer	ou	deixar	para	depois.	E	é	aleatório:	faço	uns	50%	e	deixo	uns	50%
para	 depois.	 Mas	 ó:	 mesmo	 que	 eu	 decida	 pular,	 eu	 leio	 o	 enunciado	 com
atenção	para	deixar	meu	cérebro	processando	as	ideias.	Não	pulo	absolutamente
nada	sem	entender	exatamente	do	que	a	questão	se	trata.
Uma	coisa	 que	 algumas	pessoas	 fazem	e	 eu	 acho	muito	 legal	 é	marcar	as
fáceis.	 Faça	 algum	 rabisco	 que	 te	 ajude	 a	 identificar	 as	 que	 vão	 valer	 mais,
porque,	se	tiver	tempo	de	revisar,	é	nelas	que	você	vai	se	concentrar.
***
Quanto	às	pegadinhas,	eu	já	falei	bastante	em	um	capítulo	anterior.	Fica	só	o
meu	 conselho:	 enquanto	 estiver	 lendo	 o	 enunciado,	 já	 esteja	 atento	 para
possíveis	 coisas	 suspeitas	 (unidades	 de	 medida	 diferentes,	 gráficos,	 “dobro”,
“quadruplicar”,	 essas	 coisas).	E,	depois	de	calcular	um	 resultado,	 seja	 ele	qual
for,	leia	o	enunciado	de	novo	para	garantir	que	ele	é	mesmo	a	resposta.	Garanta
que	não	falta	uma	última	etapa	paraa	resposta.
E	essas	foram	(ou	deveriam	ter	sido)	minhas	estratégias	em	2018.	É	a	sua	vez
de	colocá-las	em	prática	para	descobrir	quais	funcionam	para	você.
E	agora,	senhoras	e	senhores	membros	do	júri...	vamos	falar	de:
Redação	modelo	ENEM
Se	você	 já	 fez	algum	ENEM	antes,	deve	 ter	percebido	que	o	 tema	de	2018
fugiu	muito	dos	padrões	dos	outros	anos.	Geralmente	o	 tema	era	alguma	coisa
bem	 objetiva,	 como	 intolerância	 religiosa,	 violência	 contra	 a	 mulher,
acessibilidade	de	minorias...	mas	tanto	no	ENEM	2018	quanto	no	ENEM	2018
PPL	o	tema	foi	algo	muito	mais	estilo	“Fuvest”,	muito	mais	subjetivo.
ENEM	2018	1ª	aplicação:	Manipulação	do	comportamento	do	usuário	pelo
controle	de	dados	na	internet;
ENEM	 2018	 PPL:	 Formas	 de	 organização	 da	 sociedade	 para	 o
enfrentamento	de	problemas	econômicos	no	Brasil.
Deu	 para	 perceber	 que	 são	 temas	 bem	 mais	 complexos	 e	 subjetivos?	 Isso
significa	 que,	 se	 você	 não	 tem	 uma	 tese	 muito	 forte,	 seu	 texto	 pode	 acabar
“perdendo	o	fio	da	meada”	e	fugindo	ao	tema.	Então	é	preciso	atenção	redobrada
na	hora	de	estruturar	os	parágrafos	para	evitar	se	perder	na	argumentação.	Fora
que	 temas	 amplos	 como	 esses	 praticamente	 destroem	 a	 possibilidade	 de	 usar
modelos	prontos	de	redação,	que	tanta	gente	oferece	por	aí	como	a	“salvação
da	pátria”.
Se	 isso	 é	 uma	 tendência	 que	 vai	 se	 repetir	 nos	 próximos	 anos,	 não	 temos
como	saber,	mas	é	bem	possível	que	sim.	Provavelmente	teremos	em	2018	um
volume	muito	maior	de	 redações	zeradas	por	 fuga	ao	 tema.	Então	é	bom	você
começar	 a	 trabalhar	 o	 seu	 repertório,	 porque	 citações	 prontas	 já	 não	 vão	 ser
suficientes	para	contextualizar	fenômenos	tão	abrangentes.
“Ah,	Umberto,	mas	não	é	certeza	que	o	tema	de	2019	vai	ser	subjetivo”.	E	é
verdade.	Não	 é	 certeza.	Mas,	 se	 você	 está	 se	 preparando	 para	 o	ENEM	2019,
melhor	 se	 preparar	 para	 o	 pior	 do	 que	 apostar	 que	 o	 tema	 voltaria	 a	 ser	 um
problema	social	“tradicional”.	Eu	acho	difícil	voltarem	atrás.
Seja	 como	 for,	 escrever	 uma	 boa	 redação	 do	 ENEM	 não	 é	 só	 escrever	 de
forma	 coerente	 e	 sem	 erros	 de	 português.	 Cada	 banca	 valoriza	 algumas
habilidades,	e	a	do	ENEM	não	é	diferente.	Tem	regras	bem	específicas	que	só	a
banca	 do	 ENEM	 cobra,	 e	 você	 deve	 entendê-las	 para	 não	 perder	 ponto	 por
bobagem.
Se	você	estuda	para	a	UnB,	tem	que	entender	como	a	banca	da	UnB	pensa;	se
estuda	 para	 a	 Fuvest,	 tem	 que	 entender	 como	 a	 banca	 da	 Fuvest	 pensa;	 e,	 se
estuda	para	o	ENEM,	tem	que	entender	o	que	a	banca	do	ENEM	valoriza	e	o	que
ela	considera	“errado”	(mesmo	que	não	seja	errado	necessariamente).
***
***
Eu	comecei	a	estudar	redação	tarde,	mas,	nesse	pouco	tempo	que	eu	dediquei
a	 trabalhar	 o	 meu	 texto	 dissertativo,	 eu	 aprendi	 muita	 coisa	 sobre	 redação
modelo	ENEM.
(Quando	eu	digo	“pouco	tempo”,	foi	pouco	tempo	mesmo...	como	já	estou	na
faculdade,	 e	 não	 precisava	 tirar	 uma	 nota	 boa,	 deixei	 para	 lá	 os	 estudos	 de
redação	 até	 final	 de	 setembro,	 início	 de	 outubro.	 Não	 que	 eu	 me	 arrependa,
porque	960	foi	um	resultado	bem	legal,	mas	o	problema	foi	que	eu	gastei	tempo
demais...	Como	não	tinha	prática,	levei	mais	de	2	horas	para	escrever,	e	isso	me
tirou	 muito	 tempo	 que	 eu	 poderia	 ter	 destinado	 a	 fazer	 com	 mais	 calma	 as
questões	de	Linguagens.	Mas	não	adianta	chorar	sobre	o	leite	derramado,	não	é
mesmo?)
Nesse	1	mês	e	pouco	de	estudo	de	redação,	eu	aprendi	 tantos	detalhezinhos
que	podem	tirar	ponto	que	eu	fiquei	surpreso	de	ter	conseguido	tirar	880-840	nos
outros	anos.	Porque	muita	coisa	podem	baixar	sua	nota.	E,	quando	eu	digo	muita
coisa,	é	muita	coisa	mesmo
(No	próximo	capítulo,	vou	analisar	os	erros	e	acertos	das	minhas	redações	de
2016	e	2017.	Como	o	espelho	só	sai	mais	para	frente,	vou	deixar	para	analisar	a
redação	de	2018	em	um	vídeo	no	canal).
Não	é	a	proposta	deste	e-book	ensinar	individualmente	as	5	competências	e	a
estrutura	 de	 um	 texto	 dissertativo-argumentativo,	 mas	 não	 posso	 deixar	 de
incluir	um	capítulo	sobre	as	dicas	práticas	de	redação	que	eu	aprendi	nos	últimos
meses.	 E	 90%	 do	 que	 eu	 aprendi	 foi	 graças	 à	 apostila	 de	 uma	 pessoa	 muito
incrível	que	eu	não	poderia	deixar	de	mencionar:
A	Allana,	do	Instagram	@vempramimedicina,	criou	uma	apostila	completa
sobre	redação,	com	todos	os	detalhes	que	você	puder	imaginar.	Ela	sempre	tira
940	ou	mais	 nas	 redações,	 e	 em	2018	não	poderia	 ter	 sido	diferente	 (ela	 tirou
960).	 Não	 tenho	 nem	 pretensão	 de	 competir	 com	 ela	 nesse	 assunto,	 porque	 o
material	dela	é	realmente	impecável.	Tem	modelos	de	redação,	estruturas	que	ela
usa	para	introdução,	desenvolvimento	e	conclusão,	sugestões	de	filmes	e	séries
para	usar	como	alusão...	enfim,	é	uma	apostila	completa	mesmo.
Caso	 tenham	interesse	em	um	material	que	ensina	do	zero	a	como	escrever
uma	 redação	 do	 ENEM,	 não	 tem	 apostila	 melhor.	 Vocês	 podem	 contatar	 a
Allana	 pelo	 Instagram	 e	 dizer	 que	 o	 Umberto	 indicou	 a	 apostila	 maravilhosa
dela.
Dito	 isso,	 teve	 um	 outro	 espaço	 que	 me	 ajudou	 a	 aprender	 detalhes	 sobre
redação	modelo	ENEM:	meus	inscritos.
Sim,	 senhoras	 e	 senhores	membros	 do	 júri.	Muitos	 de	 vocês	me	 ajudaram
comentando	 sobre	 as	 redações	 que	 eu	 postava	 no	 Instagram,	 dando	 sugestões,
fazendo	muitas	 críticas...	 enfim,	 foi	muito	 bom	começar	 a	 falar	 de	 redação	no
canal	porque	nós	tivemos	a	oportunidade	de	crescer	em	conjunto.
Compilei	as	principais	dicas	em	uma	checklist	que	você	deve	sempre	ter	em
mente	 na	 hora	 de	 escrever	 a	 redação,	 desde	 o	 primeiro	 esboço	 até	 a	 hora	 de
passar	a	limpo.	Minha	nota	em	2018	definitivamente	teria	sido	bem	mais	baixa
se	eu	não	tivesse	me	atentado	aos	pontos	abaixo:
Checklist	para	uma	excelente	redação	do
ENEM
Antes	 de	 começar,	 entenda	 muito	 bem	 qual	 é	 o	 tema	 da	 redação,
principalmente	agora	que	os	temas	devem	se	tornar	mais	subjetivos.	Cada	trecho
é	 importante	 para	 você	 não	 fugir	 ao	 tema.	 Se	 ele	 foi	 “Manipulação	 do
comportamento	do	usuário	pelo	controle	de	dados	na	internet”,	 tem	três	pontos
chave	para	você	abordar	no	texto:
	
1.	 A	 manipulação	 do	 comportamento:	 o	 ENEM	 não	 quer	 que	 você
escreva	sobre	o	comportamento	do	usuário,	mas	sobre	a	manipulação	desse
comportamento;
2.	 O	controle	de	dados	na	 internet:	 querem	que	você	explique	o	que	é
esse	controle	de	dados,	quem	pratica,	como	pratica,	etc.;
3.	 A	relação	 entre	1	e	2:	o	ENEM	quer	saber	como	o	controle	de	dados
interfere	 e	 manipula	 o	 comportamento.	 Não	 basta	 você	 explicar	 sobre
controle	de	dados	e	 falar	de	manipulação	 se	não	conectar	bem	essas	duas
ideias.
Lembre-se:	 tudo	 que	 estiver	 no	 tema	 é	 importante.	 Nunca	 escreva	 um	 só
ponto	sem	ter	o	tema	completo	em	mente.
A	tese	é	tão	importante	quanto	o	tema.	É	ela	que	vai	orientar	 todo	o	seu
texto.	Ela	é	o	fio	condutor	da	sua	argumentação.	Tenha	ela	bem	clara	em	mente
antes	de	começar	a	escrever,	mas,	ainda	mais	claro	que	na	sua	mente,	tenha	ela
bem	clara	no	papel.	Porque	o	corretor	tem	que	saber	exatamente	o	que	você	está
defendendo	só	de	ler	a	sua	introdução.	A	Allana	gosta	de	escrever	a	tese	como	se
fosse	 uma	 prévia	 do	 que	 está	 por	 vir	 no	 restante	 da	 redação:	 “Diante	 disso,
analisar	 as	 falhas	 presentes	 nesse	 novo	 ambiente	 é	 fundamental	 para	 torná-lo
mais	seguro”.	Ela	deixa	claro	que	esse	novo	ambiente	tem	falhas	e	já	diz	que	a
redação	dela	vai	focar	na	análise	dessas	falhas	a	fim	de	melhorar	a	segurança
(ideias	 a	 serem	 detalhadas	 nos	 desenvolvimentos	 e	 na	 conclusão);	 Todos	 os
parágrafos	 precisam	 seguir	 a	 mesma	 linha	 de	 raciocínio.	 Todos	 os
argumentos	da	introdução,	dos	desenvolvimentos	e	da	conclusão	precisam	deixar
claro	que	tudo	que	você	escreveu	faz	parte	do	mesmo	corpo	maior	que	é	a	sua
redação.	 Como	 eu	 disse	 em	 um	 capítulo	 anterior,	 meu	 primeiro	 modelo	 de
conclusão	no	último	ENEM	ficou	até	bom,	mas	não	se	conectava	com	o	restante
do	 texto	 (oproblema	 que	 a	minha	 proposta	 de	 intervenção	 resolvia	 não	 era	 o
problema	que	eu	apontei	na	tese).	Mas	ó:	não	estou	dizendo	para	o	seu	texto	ser
repetitivo.	 É	 claro	 que	 você	 pode	 (e	 deve)	 apresentar	 argumentos
complementares,	diferentes,	mas	precisa	deixar	claro	que	eles	têm	uma	ligação.
E	 nada	 melhor	 para	 fazer	 ligação	 que	 conectivos.	 “Analogamente”,	 “Nesse
sentido”,	“Contrariamente”,	“No	entanto”,	“Dessa	forma”...	são	todos	conectivos
que	“amarram”	ideias	que,	sem	eles,	podem	parecer	soltas,	largadas.
Qualquer	que	 seja	o	 tema,	vai	 ser	um	problema	a	 ser	resolvido.	Senão
não	teria	como	apresentar	proposta	de	intervenção.	Como	uma	das	competências
que	 o	 ENEM	 pede	 é	 a	 proposta	 de	 intervenção,	 você	 não	 pode	 só	 apresentar
pontos	positivos	sobre	o	tema.	Já	na	introdução,	deixe	claro	que	o	fenômeno	em
questão	é	um	problema	passível	de	solução,	senão	você	não	vai	ter	problema	a
resolver	na	conclusão.
Escreva	um	texto	dissertativo,	não	expositivo.	E	a	diferença	entre	os	dois	é
que	no	texto	expositivo	você	só	explica:	“Os	algoritmos	são	capazes	de	induzir
comportamento	de	compra	do	consumidor	sem	que	ele	perceba”.	Pode	até	estar
claro	para	você	que	isso	é	um	problema,	mas	estritamente	falando	isso	não	passa
de	uma	exposição.	Se	você	não	deixa	claro	que	é	um	problema,	 seu	parágrafo
vai	 ser	 expositivo,	 não	 dissertativo.	 Mais	 interessante	 seria:	 “Sem
regulamentação	no	ambiente	virtual,	os	algoritmos	ferem	a	individualidade	das
pessoas	ao	induzir	de	forma	escusa	um	comportamento	de	compra	por	parte	dos
consumidores”.
Não	escreva	que	nem	Kafka.	Aquelas	frases	truncadas	e	cheias	de	vírgula?
Esqueça!	 Mesmo	 que	 não	 haja	 erro	 de	 português,	 frases	 grandes	 e	 cheias	 de
vírgula	 e	 apostos	 são	pouco	usuais	 e,	 convenhamos,	 chatas	demais	de	 ler.	E	o
fiscal	 é	humano,	então,	quanto	menos	má	vontade	você	despertar	nele,	melhor
(sublinhei	essa	frase	porque	ela	está	truncada	e	chata,	cheia	de	vírgulas	e	pausas;
evite	 ao	 máximo	 esse	 tipo	 de	 construção).	 Escreva	 frases	 fluidas,	 na	 ordem
direta,	 o	 mais	 simples	 possível	 para	 evitar	 problemas.	 Se	 você	 achar	 que	 o
corretor	vai	precisar	ler	a	mesma	frase	duas	vezes,	mude.	Não	dê	chance	ao	azar.
Tem	 dúvida	 sobre	 a	 regência	 de	 um	 termo?	Mude!	Eu	 perdi	 ponto	 na
redação	 de	 2017	 por	 conta	 disso	 (você	 vai	 ver	 no	 próximo	 capítulo).	 A	 regra
geral	 é:	 não	 sabe	 se	 aquela	 palavra	 se	 encaixa	 na	 frase?	Mude	 a	 palavra	 (ou
mude	a	 frase	 inteira).	De	novo:	 arriscar	para	quê?	Use	um	sinônimo	e	garanta
que	está	certo.	Não.	Dê.	Chance.	Ao.	Azar.
Cuidado	 com	 repetição	 de	 palavras.	 Use	 sinônimos	 e	 elementos	 de
retomada	 para	 evitar	 repetir	 o	 mesmo	 termo.	 Leia	 a	 redação	 uma	 última	 vez
antes	de	passar	a	limpo	para	garantir	que	não	repetiu	demais.	E	é	exatamente	por
isso	eu	faço	a	redação	em	tantas	etapas	diferentes.	Se	você	faz	tudo	de	uma	vez,
acaba	“viciando”	o	olhar,	e	pode	acabar	deixando	passar	uma	repetição	óbvia	de
palavras.
Inicie	seus	desenvolvimentos	com	um	tópico	frasal.	A	primeira	 linha	(no
máximo	 as	 duas	 primeiras)	 de	 cada	 desenvolvimento	 deve	 ser	 uma	 frase	 que
sintetiza	 toda	 a	 ideia	 do	 parágrafo.	 Vou	 copiar	 da	 Allana	 porque	 estou	 com
preguiça	 de	 pensar	 em	 alguma	 coisa:	 “Ademais,	 é	 válido	 ressaltar	 que	 o
preconceito	linguístico	corrobora	a	desigualdade	social.	Diante	dessa	lógica,
o	 filme	 ‘Que	 horas	 ela	 volta’,	 apesar	 de	 ser	 uma	 ficção,	 retrata	 uma	 realidade
vigente	 na	 sociedade	 brasileira	 ao	 mostrar	 o	 falante	 do	 português	 culto
subjugando	o	de	falar	coloquial.	 (...)”.	Em	uma	linha	ela	sintetizou	a	 ideia	que
vai	desenvolver	ao	 longo	de	 todo	o	desenvolvimento:	preconceito	 linguístico	e
desigualdade	social	andam	lado	a	lado.	O	tópico	frasal	é	importante	não	só	para
o	corretor	saber	logo	de	cara	do	que	se	trata	o	parágrafo,	mas	também	vai	ser	útil
para	garantir	que	você	não	perca	o	fio	da	meada	no	meio	do	texto.
Garanta	que	as	suas	fontes	são	relevantes.	A	partir	de	2018,	isso	se	tornou
ainda	 mais	 importante.	 Agora	 já	 não	 vale	 mais	 usar	 citação	 decorada	 que	 se
encaixa	em	qualquer	 tema	para	ganhar	ponto	na	competência	2.	Se	suas	fontes
não	 forem	 relevantes	 para	 a	 argumentação,	 tire.	 Pense	 em	 outra.	 Isso	 vale
também	para	pessoas	que	não	têm	nada	a	ver	com	o	tema:	“John	Lennon	falou
que	devemos	amar	as	pessoas”.	E	daí?	O	que	isso	tem	a	ver	com	o	tema?	E	por
que	John	Lennon?	Ele	é	especialista	no	tema	para	você	usá-lo	como	argumento
de	peso?	Melhor	não.	(Isso	não	quer	dizer	que	você	não	pode	usar	John	Lennon.
Mas	 é	 melhor	 usá-lo	 na	 introdução,	 para	 contextualizar,	 do	 que	 usá-lo	 como
ponto	central	de	um	argumento	de	peso	do	desenvolvimento).
Na	conclusão,	retome	todos	os	problemas	que	você	apresentou	no	texto.
E	retome	apenas	os	problemas	que	você	apresentou	no	 texto.	Não	é	para	 falar
mais	nem	menos,	ok?	Não	traga	problemas	novos	nem	deixe	de	propor	solução
para	um	problema	que	você	apontou	no	desenvolvimento.
Na	conclusão,	garanta	que	a	proposta	de	intervenção	responde	as	quatro
perguntas:	Quem	vai	fazer,	o	que	vai	fazer,	como	vai	fazer	e	para	que	vai	fazer.
O	 agente,	 a	 ação,	 o	modo	 e	 a	 possível	 consequência	 positiva	 dessa	 ação.	 E	 a
partir	 de	 2018	 eles	 pedem	 que	 você	 detalhe	muito	 bem	 um	 desses	 quatro.	 Se
você	 vai	 detalhar	 o	 “como”,	 explique	 direitinho	 como	 o	 seu	 agente	 vai
implementar	as	ações,	o	mais	detalhado	possível.	Recomenda-se	até	2-3	 linhas
apenas	para	o	detalhamento	para	evitar	perder	ponto	na	competência	5.
Faça	o	possível	para	a	 sua	redação	 terminar	de	maneira	circular.	Para
deixar	bem	claro	para	o	corretor	que	o	seu	texto	segue	uma	linha	de	raciocínio
consistente,	 nada	 melhor	 que	 terminá-lo	 da	 mesma	 forma	 que	 começou.	 Para
isso,	a	última	frase	do	seu	texto	deve	retomar	algo	que	você	disse	logo	no	início.
Na	minha	redação	de	2018,	por	exemplo,	eu	falei	de	D.	Quixote	na	introdução,
dizendo	 que	 ele	 lia	 apenas	 um	 tipo	 de	 livro	 e	 que	 por	 isso	 perdeu	 o	 senso	 de
individualidade	 e	 ficou	 louco	 (para	 argumentar	que	o	controle	de	dados	 pode
provocar	massificação	e	perda	de	senso	crítico,	que	torna	as	pessoas	suscetíveis
à	 manipulação	 de	 comportamento).	 Para	 terminar	 a	 redação	 de	 maneira
circular,	depois	de	apresentar	o	“para	quê”	na	conclusão,	eu	falei	(não	com	essas
palavras):	“Caso	essas	ações	sejam	implementadas,	as	pessoas	terão	maior	senso
crítico	 em	 suas	 escolhas,	 e	 não	 estarão	 sujeitas	 às	 informações	 manipulativas
que,	mais	de	400	anos	atrás,	fizeram	um	bom	homem	enlouquecer”.	Retomei	D.
Quixote	e	mostrei	que	o	meu	texto	tem	uma	linha	de	raciocínio	consistente,	que
os	argumentos	não	foram	jogados	de	maneira	aleatória.
E	 basicamente	 essas	 foram	 as	 dicas.	 Fica	 aqui	 de	 novo	 o	 convite	 para	 o
material	da	Allana	(@vempramimedicina),	porque	com	certeza	vai	te	guiar	de
uma	forma	muito	mais	aprofundada	que	isso.	Boa	escrita	:)	E	agora,	para	fechar,
vamos	às	análises	das	minhas	redações:
Comentários	sobre	a	minha	redação	do
ENEM	2016
“Caminhos	para	combater	a	intolerância	religiosa	no	Brasil”
“Discriminação	e	preconceito	não	são	um	assunto	hodierno.	No	que	 tange
as	religiões	do	Brasil,	país	majoritariamente	católico,	verifica-se	que	propostas
em	prol	da	solidariedade	são,	na	maioria	dos	casos,	ineficientes.	Com	efeito,	o
brasileiro	tende	a	superestimar	as	diferenças,	ignorando	o	fato	de	compartilhar,
com	todos	os	indivíduos,	a	mesma	condição:	a	Humanidade.
Caso	 fosse	 realizada	 uma	 pesquisa	 relativa	 aos	 princípios	 básicos	 das
religiões,	 seriam	 observados	 os	 mesmos	 ideais	 de	 compaixão	 e	 amor	 ao
próximo.	 O	 mesmo	 processo	 de	 transcendência,	 defendido	 por	 todos,	 difere
apenas	 na	 nomenclatura.	 Sem	 a	 devida	 consciência	 disso	 e	 frente	 a	 outros
costumes,	 o	 brasileiro	 ainda	 revela	 conceitos	 primitivos:	 em	 contraste	 com	 a
vontade	de	potência	nietzschiana,	ele	é	invadido	por	uma	inescrupulosavontade
de	torpeza,	bradando	sobre	a	superioridade	de	seus	ideais.
Quando	 discriminação	 racial	 e	 religiosa	 se	 mesclam,	 os	 métodos	 de
rechaçamento	 tornam-se	mais	 contundentes.	Principal	 alvo	 de	 preconceitos,	 a
população	 negra	 vê-se	 forçada,	 muitas	 vezes,	 a	 praticar	 os	 rituais	 de	 suas
religiões	 em	 segredo,	 de	 forma	 a	 se	 esquivar	 dos	 comportamentos	 agressivos
por	parte	daqueles	que	se	julgam	tradicionais.
Dessa	 forma,	 percebe-se	 que	 a	 eliminação	 do	 preconceito	 religioso	 é	 um
grande	 desafio.	 Em	 contexto	 escolar,	 enquanto	 a	 Ética	 e	 a	 Filosofia	 forem
abordadas	 sem	 debates	 e	 discussões	 entre	 os	 discentes,	 formar-se-á	 um
ambiente	 de	 profundo	 isolamento	 no	 âmago	 de	 cada	 um.	 É	 necessária	 uma
reforma	 drástica	 na	 maneira	 com	 que	 se	 ensinam	 as	 matérias	 Humanas	 nas
escolas	 de	 forma	 a	 impedir	 que	 esse	 vácuo	 existencial	 se	 transforme	 em
intolerância	frente	a	posicionamentos	contrários.”
Em	 2016,	 eu	 não	 fazia	 a	 mínima	 ideia	 do	 que	 era	 uma	 redação	 modelo
ENEM.	Sabia	apenas	que	deveria	propor	uma	solução	para	o	problema,	mas	não
entendia	de	 tópico	 frasal,	 dissertação	vs.	 exposição,	marcas	de	 autoria,	etc.	Eu
basicamente	só	falei	sobre	o	 tema	sem	a	menor	pretensão	de	ser	uma	“redação
do	ENEM”.	Fico	surpreso	por	ter	tirado	880,	porque	não	entendia	nada	mesmo
do	assunto.
E	 isso	 até	 que	 pode	 ser	 algo	 bom:	 se	 mesmo	 sem	 saber	 nada	 do	 modelo
ENEM	 eu	 consegui	 tirar	 uma	 nota	 boa	 (não	 excelente,	 mas	 boa),	 então	 a
habilidade	 que	 você	 precisa	 realmente	 dominar	 para	 ir	 bem	 na	 redação	 não	 é
nem	o	modelo	ENEM	em	si,	mas	habilidades	de	escrita	num	geral:	coerência,
coesão,	 gramática,	 etc.	 E	 isso	 você	 adquire	 lendo	muito	 e	 escrevendo	muito
(qualquer	 gênero	 textual)	 Eu	 não	 sabia	 do	 modelo	 ENEM,	 mas	 escrevi	 de
maneira	simples,	fluida,	coesa	e	coerente.	E	isso	já	me	deu	uma	nota	muito	boa.
Então	 imagina	 se	 nessa	 época	 eu	 soubesse	 as	 dicas	 que	 falei	 no	 capítulo	 da
checklist	para	a	redação.	Poderia	ter	tirado	uns	960	tranquilamente.
Dito	isso,	vamos	aos	comentários:
Minhas	notas	por	competência:
Competência	1:	Demonstrar	domínio	da	norma	da	língua	escrita.
Sua	nota	nessa	competência	foi:	160
Você	 atingiu	 80%	da	pontuação	prevista	 para	 a	Competência	 1,	 atendendo
aos	 critérios	 definidos	 a	 seguir.	 O	 participante	 demonstra	 bom	 domínio	 da
modalidade	 escrita	 formal	 da	 língua	 portuguesa	 e	 de	 escolha	 de	 registro,	 com
poucos	 desvios	 gramaticais	 e	 de	 convenções	 da	 escrita,	 ou	 seja,	 apresenta	 um
texto	com	boa	estrutura	sintática,	com	poucos	desvios	de	pontuação,	de	grafia	e
de	emprego	do	registro	exigido.
Competência	2:	Compreender	a	proposta	de	redação	e	aplicar	conceitos
das	 várias	 áreas	 de	 conhecimento	 para	 desenvolver	 o	 tema,	 dentro	 dos
limites	estruturais	do	texto	dissertativo-argumentativo.
Sua	nota	nessa	competência	foi:	160
Você	 atingiu	 80%	da	pontuação	prevista	 para	 a	Competência	 2,	 atendendo
aos	critérios	definidos	a	 seguir.	O	participante	desenvolve	o	 tema	por	meio	de
argumentação	 consistente	 e	 apresenta	 bom	 domínio	 do	 texto	 dissertativo-
argumentativo,	com	proposição,	argumentação	e	conclusão.	Embora	ainda	possa
apresentar	 alguns	 problemas	 no	 desenvolvimento	 das	 ideias,	 o	 tema,	 em	 seu
texto,	 é	 bem	 desenvolvido,	 com	 indícios	 de	 autoria	 e	 certa	 distância	 do	 senso
comum	demonstrando	bom	domínio	do	tipo	textual	exigido.
Competência	 3:	 Selecionar,	 relacionar,	 organizar	 e	 interpretar
informações,	fatos,	opiniões	e	argumentos	em	defesa	de	um	ponto	de	vista.
Sua	nota	nessa	competência	foi:	200
Você	atingiu	100%	da	pontuação	prevista	para	a	Competência	3,	atendendo
aos	 critérios	 definidos	 a	 seguir.	 Em	 defesa	 de	 um	 ponto	 de	 vista,	 o	 texto
apresenta	informações,	fatos	e	opiniões	relacionados	ao	tema	proposto,	de	forma
consistente	 e	 organizada,	 configurando	 autoria,	 ou	 seja,	 os	 argumentos
selecionados	estão	organizados	e	relacionados	de	forma	consistente	com	o	ponto
de	 vista	 defendido	 e	 com	 o	 tema	 proposto,	 configurando-se	 independência	 de
pensamento	e	autoria.
Competência	4:	Demonstrar	conhecimento	dos	mecanismos	 linguísticos
necessários	para	a	construção	da	argumentação.
Sua	nota	nessa	competência	foi:	200
Você	atingiu	100%	da	pontuação	prevista	para	a	Competência	4,	atendendo
aos	 critérios	 definidos	 a	 seguir.	 O	 participante	 articula	 bem	 as	 ideias,	 os
argumentos,	 as	partes	do	 texto	 e	 apresenta	 repertório	diversificado	de	 recursos
coesivos,	sem	inadequações.
Competência	 5:	 Elaborar	 proposta	 de	 intervenção	 para	 o	 problema
abordado,	respeitando	os	direitos	humanos.
Sua	nota	nessa	competência	foi:	160
Você	 atingiu	 80%	da	pontuação	prevista	 para	 a	Competência	 5,	 atendendo
aos	 critérios	 definidos	 a	 seguir.	 O	 participante	 elabora	 bem	 proposta	 de
intervenção	relacionada	ao	tema,	decorrente	da	discussão	desenvolvida	no	texto,
articulada	e	abrangente,	ainda	que	sem	suficiente	detalhamento.
***
Tirei	160	na	competência	1,	mas	o	único	erro	gramatical	de	verdade	foi	na
introdução:	 escrevi	 “no	 que	 tange	 as	 religiões”	 ao	 invés	 de	 “no	 que	 tange	 às
religiões”.	 De	 erro	 mesmo,	 só	 consigo	 identificar	 esse.	 (Talvez	 a	 palavra
“rechaçamento”	 tenha	 sido	 julgada	 errada,	mas	 consta	 em	alguns	 dicionários,
então	não	sei	se	pode	ter	sido	isso	que	tirou	ponto).
Outro	possível	erro	foram	os	dois	momentos	em	que	eu	falei	“frente	a	”.	Um
purista	da	língua	portuguesa	talvez	argumentasse	que	o	certo	é	“diante	de	”	ou
“em	face	de	_”,	mas	não	sei	se	foi	isso	que	me	tirou	ponto.	Talvez	tenha	sido	por
causa	da	mesóclise	(“formar-se-á”),	que,	apesar	de	gramaticalmente	correta,	não
é	usual,	podendo	 talvez	ser	considerada	um	“erro”	nos	padrões	da	norma	culta
contemporânea.	Não	sei...	Por	precaução,	não	use	mesóclise.
Talvez	tenham	tirado	ponto	porque	em	alguns	momentos	eu	fiz	justamente	o
que	 na	 checklist	 eu	 sugeri	 não	 fazer:	 escrevi	 frases	 truncadas,	 com	 vírgulas	 e
apostos	 que	 interrompem	 a	 naturalidade	 da	 leitura:	 “Principal	 alvo	 de
preconceitos,	a	população	negra	vê-se	forçada,	muitas	vezes,	a	praticar	os	rituais
de	 suas	 religiões	 em	 segredo,	 de	 forma	 a	 se	 esquivar	 das	 (...)”.	 Esse	 “muitas
vezes”	está	sobrando,	e	atrapalha	a	fluidez	da	leitura.	A	frase	inteira	está	grande
e	 difícil	 de	 interpretar,	 podendo	 ter	 incorrido	 em	 perda	 de	 pontuação	 (mas	 de
novo:	não	sei	exatamente	o	que	me	tirou	ponto	na	competência	1).
“Caso	 fosse	 realizada	 uma	 pesquisa	 relativa	 aos	 princípios	 básicos	 das
religiões,	 seriam	 observados	 os	 mesmos	 ideais	 de	 compaixão	 e	 amor	 ao
próximo.	 O	 mesmo	 processo	 de	 transcendência,	 defendido	 por	 todos,	 difere
apenas	 na	 nomenclatura.	 Sem	 a	 devida	 consciência	 disso	 e	 frente	 a	 outros
costumes,	 o	 brasileiro	 ainda	 revela	 conceitos	 primitivos:	 em	 contraste	 com	 a
vontade	de	potência	nietzschiana,	ele	é	invadido	por	uma	inescrupulosa	vontade
de	torpeza,	bradando	sobre	a	superioridade	de	seus	ideais.”
Perdi	 mais	 40	 pontos	 na	 competência	 2,	 muito	 provavelmente	 porque	 na
hora	 de	 falar	 de	 Nietzsche	 eu	 não	 cheguei	 a	 explicar	 o	 que	 era	 a	 vontade	 de
potência.	 Simplesmente	 joguei	 a	 informação	 e	 esqueci	 que	 uma	 redação	 do
ENEM	não	é	um	livro:	o	corretor	não	comprou	o	meu	texto,	então	ele	não	está
disposto	a	ir	na	internet	e	procurar	do	que	se	trata	a	vontade	de	potência.	Então
#fikdik:	não	deixe	informação	subentendida;	coloque	tudo	no	papel.	Se	for	usar
algum	 conceito	 de	 filósofo,	 explique	minimamente	 o	 que	 ele	 é	 e	 como	 ele	 se
encaixa	na	sua	argumentação.
Também	 posso	 ter	 perdido	 ponto	 na	 competência	 2	 porque	 não	 falei	 dos
caminhos	para	combate	da	intolerância	religiosa.	Falei	da	intolerância	religiosa
em	si.	Não	estava	com	o	tema	inteiro	em	mente	quando	elaborei	os	argumentos.
Quanto	à	competência	3,	não	sei	como	tirei	200.Eu	posso	até	ter	organizado
os	argumentos,	mas	o	texto	como	um	todo	parece	mais	um	“Frankenstein”	que
uma	dissertação:	não	tem	uma	conexão	óbvia	entre	os	parágrafos,	então	parece
que	 cada	 um	 é	 uma	 nova	 ideia	 sem	 relação	 com	 as	 demais	 (chamam	 isso	 de
“saltos	 temáticos”).	Então,	honestamente,	eu	me	daria	no	máximo	uns	140-160
nessa	competência.	Em	2018,	muito	provável	que	essa	teria	sido	a	nota.
Ainda	sobre	a	competência	3,	a	autoria	a	que	o	feedback	do	Inep	se	refere
pode	 significar	 muitas	 coisas,	 mas	 em	 resumo	 quer	 dizer	 que	 o	 texto	 é
genuinamente	 seu,	 não	 um	modelo	 pronto	 da	 internet.	O	 fato	 de	 puxar	 para	 o
lado	mais	“hippie”	(2016	foi	a	minha	fase	esotérica)	de	Humanidade,	igualdade
e	 blábláblá	 contribuiu	 para	 meu	 texto	 não	 ficar	 só	 no	 “lugar	 comum”,	 o	 que
constituiu	autoria	e	pode	ter	me	ajudado	a	aumentar	a	nota	nessa	competência.
O	 uso	 de	 termos	 como	 “inescrupulosa”,	 “torpeza”	 e	 “que	 se	 julgam”
contribuiu	para	o	texto	ser	dissertativo,	não	expositivo,	o	que	também	contribui
para	a	marca	de	autoria.
Quanto	à	competência	4,	eu	também	não	entendo	como	consegui	tirar	200.	O
corretor	 foi	muito	bonzinho	comigo,	porque	as	 ideias	no	meu	 texto	podem	ser
tudo,	 menos	 bem	 articuladas.	 Não	 tem	 tantos	 conectivos	 para	 associar	 ideias
complexas,	o	que	passa	 a	 impressão	de	os	 argumentos	 terem	sido	“jogados	de
qualquer	jeito”.	Ao	menos	é	essa	a	impressão	que	eu	tenho	ao	ler	o	texto...	não
sei	 se	 estou	 sendo	 exigente	 demais,	 mas,	 se	 fosse	 reescrever,	 definitivamente
faria	diferente.	Teria	feito	também	uma	conclusão	circular	para	reforçar	a	ideia
de	o	texto	inteiro	ser	um	único	bloco	de	informação.
“Dessa	 forma,	 percebe-se	 que	 a	 eliminação	 do	 preconceito	 religioso	 é	 um
grande	 desafio.	 Em	 contexto	 escolar,	 enquanto	 a	 Ética	 e	 a	 Filosofia	 forem
abordadas	 sem	 debates	 e	 discussões	 entre	 os	 discentes,	 formar-se-á	 um
ambiente	 de	 profundo	 isolamento	 no	 âmago	 de	 cada	 um.	 É	 necessária	 uma
reforma	 drástica	 na	 maneira	 com	 que	 se	 ensinam	 as	 matérias	 Humanas	 nas
escolas	 de	 forma	 a	 impedir	 que	 esse	 vácuo	 existencial	 se	 transforme	 em
intolerância	frente	a	posicionamentos	contrários.”
Os	 outros	 40	 pontos	 que	 perdi	 foram	 na	 competência	 5.	 Se	 essa	 redação
tivesse	 sido	 escrita	 em	 2018,	 teriam	 tirado	 ainda	mais,	 porque	 eu	 não	 só	 não
expliquei	 o	 agente	 (quem	 vai	 fazer	 a	 “reforma	 drástica”),	 como	 não	 detalhei
nenhuma	das	4	perguntas	(quem/o	quê/como/para	quê).
Resumindo:	era	para	eu	ter	tirado	bem	menos	que	880.	O	corretor	foi	um	anjo
comigo.	Se	 eu	 escrevesse	 uma	 redação	 assim	em	2017/2018,	minha	nota	 seria
bem	mais	baixa,	porque	convenhamos:	 já	na	introdução	eu	não	tenho	uma	tese
forte	para	orientar	meu	texto,	nos	desenvolvimentos	eu	não	uso	conectivos	para
associar	as	ideias	entre	os	parágrafos,	e	a	minha	conclusão	traz	a	solução	de	um
problema	que	eu	não	expliquei	em	parte	alguma	do	texto.
Comentários	sobre	a	minha	redação	do
ENEM	2017
“Desafios	para	a	formação	educacional	de	surdos	no	Brasil”
Sinais	da	decadência
“A	sinfonia	‘Ode	à	alegria’,	composta	no	século	XIX**,	é	tida	até	hoje	como
um	clássico.	O	que	pouco	se	sabe	é	que,	à	época	de	sua	composição,	Beethoven
já	 era	 completamente	 surdo.	 Seu	 trabalho,	 porém,	 constitui	 a	 exceção	 da
exceção;	nem	todos	são	Beethoven,	e	o	atual	domínio	do	pragmatismo	sobre	a
beleza	 no	 ritmo	 frenético	 do	 século	 XXI,	 aliado	 à	 falta	 de	 investimentos	 em
programas	 de	 inclusão	 e	 a	 discursos	 discriminatórios	 sobre	 as	 supostas
“deficiências”	reforça	estereótipos	e	constitui	mais	um	empecilho	na	formação
educacional	de	surdos	no	Brasil.
É	inegável	o	fato	de	que,	atualmente,	a	competitividade	regula	um	estilo	de
vida	cada	vez	mais	acelerado.	Traçando	um	paralelo	com	a	Química,	em	que	a
velocidade	das	reações	é	determinada	pela	velocidade	de	sua	componente	mais
lenta,	a	surdez	é	ainda	interpretada	falaciosamente	como	um	elemento	de	atraso
no	desenvolvimento	do	país.	Consequência	disso	é	o	preconceito	de	educadores
e	 empregadores	 frente	 à	 demanda	 dos	 surdos,	 muitas	 vezes	 dificultando	 seu
acesso	ao	ensino	ou	à	especialização	de	qualidade.
Nesse	 mesmo	 sentido,	 retrato	 do	 descaso	 governamental	 ante	 a	 esse
problema	 é	 a	 falta	 de	 investimento	 em	 programas	 de	 educação	 inclusivos:	 de
2011	 a	 2016,	 o	 número	 de	 matrículas	 de	 surdos	 em	 escolas	 exclusivas	 caiu
quase	 pela	 metade,	 a	 despeito	 de	 o	 Artigo	 27	 da	 Constituição	 Brasileira**
prever	o	direito	de	inclusão	dos	surdos	no	sistema	educacional.
Realidades	alarmantes	como	essa	urgem	por	uma	mudança:	cabe	ao	Estado
fazer	valer	a	Constituição,	mas,	antes	de	tudo,	cabe	à	população	exigir	os	seus
direitos.	 A	 criação	 de	 movimentos	 em	 prol	 da	 visibilidade	 dos	 surdos	 e	 a
consequente	denúncia	dos	atuais	problemas	de	acessibilidade	são	os	primeiros
passos	rumo	à	inclusão.	A	popularização	do	tema	e	a	tomada	de	consciência	são
de	vital	importância	para	se	mudar	a	realidade.	Pois	nem	todos	são	Beethoven,
mas	todos	têm	o	direito	de	expressar	seus	talentos	e	superar	preconceitos.”
**	A	sinfonia	“Ode	à	alegria”	foi	composta	no	século	XVIII,	não	no	XIX.	E
o	artigo	27	não	é	da	Constituição	Brasileira,	mas	da	lei	13.146/15.	Foram	erros
pequenos,	então	muito	provavelmente	passaram	despercebidos,	mas	obviamente
é	melhor	evitar	essas	coisas	o	máximo	possível.
Minhas	notas	por	competência:
Competência	1:	Demonstrar	domínio	da	norma	da	língua	escrita.
Sua	nota	nessa	competência	foi:	160
Você	 atingiu	 80%	da	pontuação	prevista	 para	 a	Competência	 1,	 atendendo
aos	 critérios	 definidos	 a	 seguir.	 O	 participante	 demonstra	 bom	 domínio	 da
modalidade	 escrita	 formal	 da	 língua	 portuguesa	 e	 de	 escolha	 de	 registro,	 com
poucos	 desvios	 gramaticais	 e	 de	 convenções	 da	 escrita,	 ou	 seja,	 apresenta	 um
texto	com	boa	estrutura	sintática,	com	poucos	desvios	de	pontuação,	de	grafia	e
de	emprego	do	registro	exigido.
Competência	2:	Compreender	a	proposta	de	redação	e	aplicar	conceitos
das	 várias	 áreas	 de	 conhecimento	 para	 desenvolver	 o	 tema,	 dentro	 dos
limites	estruturais	do	texto	dissertativo-argumentativo.
Sua	nota	nessa	competência	foi:	200
Você	atingiu	100%	da	pontuação	prevista	para	a	Competência	2,	atendendo
aos	critérios	definidos	a	 seguir.	O	participante	desenvolve	o	 tema	por	meio	de
argumentação	 consistente,	 a	 partir	 de	 um	 repertório	 sociocultural	 produtivo	 e
apresenta	excelente	domínio	do	texto	dissertativo-argumentativo,	ou	seja,	em	seu
texto,	o	tema	é	desenvolvido	de	modo	consistente,	por	meio	do	acesso	a	outras
áreas	do	conhecimento,	com	progressão	fluente	e	articulada	ao	projeto	do	texto.
Competência	 3:	 Selecionar,	 relacionar,	 organizar	 e	 interpretar
informações,	fatos,	opiniões	e	argumentos	em	defesa	de	um	ponto	de	vista.
Sua	nota	nessa	competência	foi:	180
Você	 atingiu	 90%	da	pontuação	prevista	 para	 a	Competência	 3,	 atendendo
parcialmente	aos	critérios	definidos	a	seguir.	Em	defesa	de	um	ponto	de	vista,	o
texto	apresenta	informações,	fatos	e	opiniões	relacionados	ao	tema	proposto,	de
forma	 consistente	 e	 organizada,	 configurando	 autoria,	 ou	 seja,	 os	 argumentos
selecionados	estão	organizados	e	relacionados	de	forma	consistente	com	o	ponto
de	 vista	 defendido	 e	 com	 o	 tema	 proposto,	 configurando-se	 independência	 de
pensamento	e	autoria.
Competência	4:	Demonstrar	conhecimento	dos	mecanismos	 linguísticos
necessários	para	a	construção	da	argumentação.
Sua	nota	nessa	competência	foi:	180
Você	 atingiu	 90%	da	pontuação	prevista	 para	 a	Competência	 4,	 atendendo
parcialmente	 aos	 critérios	 definidos	 a	 seguir.	 O	 participante	 articula	 bem	 as
ideias,	os	argumentos,	as	partes	do	texto	e	apresenta	repertório	diversificado	de
recursos	coesivos,	sem	inadequações.
Competência	 5:	 Elaborar	 proposta	 de	 intervenção	 para	 o	 problema
abordado,	respeitando	os	direitos	humanos.
Sua	nota	nessa	competênciafoi:	120
Você	 atingiu	 60%	da	pontuação	prevista	 para	 a	Competência	 5,	 atendendo
aos	critérios	definidos	a	seguir.	O	participante	elabora,	de	forma	mediana,	pouco
consistente,	proposta	de	intervenção	relacionada	ao	tema	e	articulada	à	discussão
desenvolvida	no	texto.
***
Em	primeiro	lugar,	eu	fiz	algo	que	não	é	muito	legal	de	fazer	nas	redações	do
ENEM:	não	que	seja	errado	botar	título	na	redação,	mas	eu	tentei	fazer	um	jogo
de	 palavras	 que	 não	 se	 encaixa	 no	 modelo	 exigido	 pelo	 ENEM.	 O	 modelo
dissertativo-argumentativo	quer	um	texto	o	mais	direto	possível,	sem	metáforas,
sem	 jogos	 de	 palavras,	 sem	 nada	 “artístico”	 ou	 subjetivo.	 Dizer	 “sinais	 da
decadência”	para	sugerir	a	linguagem	de	sinais	fugiu	demais	do	padrão.
Na	dúvida,	nem	coloque	título.	A	ausência	de	título	não	tira	ponto,	e	evita	de
causar	uma	má	primeira	impressão	no	corretor.
“A	sinfonia	‘Ode	à	alegria’,	composta	no	século	XIX,	é	 tida	até	hoje	como
um	clássico.	O	que	pouco	se	sabe	é	que,	à	época	de	sua	composição,	Beethoven
já	 era	 completamente	 surdo.	 Seu	 trabalho,	 porém,	 constitui	 a	 exceção	 da
exceção;	nem	todos	são	Beethoven,	e	o	atual	domínio	do	pragmatismo	sobre	a
beleza	 no	 ritmo	 frenético	 do	 século	 XXI,	 aliado	 à	 falta	 de	 investimentos	 em
programas	 de	 inclusão	 e	 a	 discursos	 discriminatórios	 sobre	 as	 supostas
“deficiências”	reforça	estereótipos	e	constitui	mais	um	empecilho	na	formação
educacional	de	surdos	no	Brasil.”
Algo	legal	de	colocar	na	introdução	foi	a	menção	a	Beethoven	(apesar	de	eu
ter	 errado	 o	 século	 de	 composição	 da	 sinfonia).	 O	 ENEM	 valoriza	 essa
associação	de	diversas	áreas	do	conhecimento.	Tanto	que	uma	das	competências
é	praticamente	só	para	isso	(competência	2).
Na	 introdução,	 um	 problema	 foi	 que	 eu	 detalhei	 demais	 o	 que	 ia	 falar	 nos
parágrafos	 de	 desenvolvimento.	 Tudo	 bem	 pincelar	 a	 ideia	 de	 D1	 e	 D2	 na
introdução,	mas	separar	4-5	linhas	para	isso	foi	demais.
Outro	problema	na	 introdução	foi	o	&%%#&¨scanner!!!	O	 texto	aqui	está
digitado,	mas	 na	 imagem	 escaneada	 do	 espelho	 da	minha	 redação	 o	 “;”	 na	 4ª
linha	pareceu	apenas	um	“.”,	e,	como	continuei	com	letra	minúscula,	é	possível
que	 20	 dos	 40	 pontos	 que	 eu	 perdi	 na	 competência	 1	 tenham	 sido	 por	 “ter
começado	frase	com	letra	minúscula”.	Então	atenção	na	sua	redação:	escreva	as
pontuações	com	força	suficiente	para	evitar	esse	tipo	de	problema.
Na	 linha	 7	 faltou	 uma	 vírgula	 depois	 de	 “deficiências”,	 porque	 o	 trecho
“aliado	à	falta	de	(...)	sobre	as	supostas	‘deficiências’”	deveria	ser	isolado	entre
vírgulas.	Foi	uma	 frase	 tão	grande	que	eu	me	perdi,	 então	 já	 fica	a	dica:	 evite
frases	longas.	É	melhor	de	você	escrever	e	melhor	de	o	corretor	ler.	Se	eu	tivesse
que	 reescrever	 essa	 introdução,	 colocaria	mais	 pontos	 finais	 e	 ligaria	 as	 ideias
com	conectivos	ao	invés	de	inserir	tudo	em	uma	frase	só.
“É	inegável	o	fato	de	que,	atualmente,	a	competitividade	regula	um	estilo	de
vida	cada	vez	mais	acelerado.	Traçando	um	paralelo	com	a	Química,	em	que	a
velocidade	das	reações	é	determinada	pela	velocidade	de	sua	componente	mais
lenta,	a	surdez	é	ainda	interpretada	falaciosamente	como	um	elemento	de	atraso
no	desenvolvimento	do	país.	Consequência	disso	é	o	preconceito	de	educadores
e	 empregadores	 frente	 à	 demanda	 dos	 surdos,	 muitas	 vezes	 dificultando	 seu
acesso	ao	ensino	ou	à	especialização	de	qualidade.”
O	 primeiro	 desenvolvimento	 até	 que	 ficou	 legal.	 Usei	 uma	 área	 do
conhecimento	 pouco	 explorada	 nas	 redações	 (Química)	 e	 marquei	 minha
indignação	com	o	tema	ao	dizer	que	dizer	que	a	surdez	é	elemento	de	atraso	no
desenvolvimento	 do	 país	 é	 uma	 falácia	 (ou	 seja,	 meu	 parágrafo	 não	 é	 só
expositivo,	porque	eu	ataco	esse	ponto	de	vista,	configurando	autoria).
E	aqui	de	novo	eu	usei	“frente	a”	para	dizer	“em	face	de”.	Como	eu	disse	na
redação	 de	 2016:	 um	 purista	 da	 língua	 portuguesa	 poderia	 dizer	 que	 isso	 é
errado,	mas	eu	 já	vi	 redação	nota	1000	com	“frente	a”,	então	não	é	 tão	errado
assim.
“Nesse	 mesmo	 sentido,	 retrato	 do	 descaso	 governamental	 ante	 a	 esse
problema	 é	 a	 falta	 de	 investimento	 em	 programas	 de	 educação	 inclusivos:	 de
2011	 a	 2016,	 o	 número	 de	 matrículas	 de	 surdos	 em	 escolas	 exclusivas	 caiu
quase	 pela	 metade,	 a	 despeito	 de	 o	 Artigo	 27	 da	 Constituição	 Brasileira**
prever	o	direito	de	inclusão	dos	surdos	no	sistema	educacional.”
Comecei	 o	 segundo	 desenvolvimento	 com	 um	 conectivo,	 então	 já	 foi	 um
avanço	em	relação	a	2016	(apesar	de	a	nota	na	competência	4	ter	sido	só	180	em
comparação	com	os	200	de	2016).	Mas	é	como	eu	disse:	em	2016	o	meu	corretor
deve	 ter	 sido	muito	bonzinho	mesmo,	porque	hoje	 em	dia	 eles	prezam	demais
por	uma	boa	conexão	de	ideias,	e	sem	conectivos	isso	é	impossível.
Enfim,	mesmo	tendo	começado	com	um	conectivo	o	meu	parágrafo	não	foi
tão	 bom	 quanto	 o	 primeiro.	 Na	 verdade,	 ele	 é	 muito	 fraco.	 Se	 não	 fosse	 o
“descaso	governamental”,	ele	seria	completamente	expositivo,	e	só	nas	5	linhas
de	texto	não	dá	para	pontuar	muito	bem	que	o	que	eu	falo	é	um	problema.	Foi
como	eu	disse	na	checklist:	pode	até	ser	óbvio	que	é	um	problema,	mas,	se	eu
não	falar	isso,	dá	a	impressão	de	que	eu	só	estou	expondo	um	dado:	“o	número
de	escolas	caiu	pela	metade”.	Mas	e	daí?	E	daí	que	tenha	caído	pela	metade?	Eu
deveria	 ter	 deixado	 isso	 mais	 claro,	 deveria	 talvez	 ter	 apresentado	 uma
consequência	nociva	para	a	sociedade	que	decorre	desse	fato.
Esse	pode	ter	sido	o	motivo	de	eu	não	ter	tirado	nota	máxima	na	competência
3	 (Selecionar,	 relacionar,	 organizar	 e	 interpretar	 informações,	 fatos,	 opiniões	 e
argumentos	em	defesa	de	um	ponto	de	vista).	Porque	não	tem	bem	um	ponto	de
vista	nesse	terceiro	parágrafo.	É	só	uma	exposição	sem	relação	com	o	resto	dos
argumentos.
Outro	 erro	 desse	 parágrafo	 foi	 o	 “ante	 a	 esse	 problema”.	 Não	 se	 usa
preposição	 “a”	 nesse	 caso.	 O	 certo	 seria	 “ante	 esse	 problema”.	 E	 é	 mais	 um
ponto	da	checklist:	se	eu	não	tinha	certeza	da	regência	de	“ante”,	não	era	para
ter	 usado.	 Poderia	 simplesmente	 ter	 substituído	 por	 “diante	 desse	 problema”,
mas	não.	Insisti	em	“ante”,	e	errei	a	regência.
“Realidades	 alarmantes	 como	 essa	 urgem	 por	 uma	 mudança:	 cabe	 ao
Estado	fazer	valer	a	Constituição,	mas,	antes	de	tudo,	cabe	à	população	exigir
os	seus	direitos.	A	criação	de	movimentos	em	prol	da	visibilidade	dos	surdos	e	a
consequente	denúncia	dos	atuais	problemas	de	acessibilidade	são	os	primeiros
passos	rumo	à	inclusão.	A	popularização	do	tema	e	a	tomada	de	consciência	são
de	vital	importância	para	se	mudar	a	realidade.	Pois	nem	todos	são	Beethoven,
mas	todos	têm	o	direito	de	expressar	seus	talentos	e	superar	preconceitos.”
A	conclusão	foi	a	vergonha	total.	Em	minha	defesa,	eu	ainda	não	sabia	fazer
uma	redação	modelo	ENEM,	então	a	proposta	de	intervenção	foi	só	“o	povo	tem
que	se	virar”.	Fico	 surpreso	de	 ter	 tirado	mais	da	metade	dos	pontos	possíveis
nessa	conclusão.
Não	 respondi	 as	 4	 perguntas	 (quem/o	 quê/como/para	 quê)	 e	 não	 detalhei
nada,	então	foi	mesmo	um	choque	ter	tirado	120	nisso.
Também	 cometi	 um	 erro	 de	 regência	 aqui:	 “urgem	 por	 uma	mudança”.	 O
verbo	“urgir”	não	pede	preposição,	então	o	certo	seria	“urgem	uma	mudança”.
De	novo,	eu	deveria	ter	substituído	por	um	sinônimo,	mas	insisti	no	“urgem”	e
cometi	mais	um	erro.
Um	 ponto	 positivo	 dessa	 conclusão	 é	 que	 eu	 consegui	 fechar	 de	 maneira
circular:	a	última	frase	retomou	o	Beethoven	da	introdução,	passando	a	ideia	de
que	o	meu	texto	foi	planejado,	não	um	monte	de	ideias	jogadas	ao	acaso.
***
Ótimo,	 falamos	 dos	 principais	 pontos	 de	 redação!	 Lembre-se:	 pratique	 ao
menos	uma	redação	por	semana,	e	não	deixe	para	começar	em	outubro	como	eu
fiz.	Quanto	mais	você	praticar,	mais	“no	automático”	vai	conseguir	fazer,	e	mais
tempo	vai	ter	para	pensar	as	questões	de	Linguagens	e	Humanas.
***
E,	 para	 concluir,	 fica	 a	 dica:	 leiaa	 cartilha	 de	 redação	 do	 ENEM.	 Ela
sempre	 traz	modelos	 de	 redação	 nota	 1000	 do	 ano	 anterior,	 e	 é	 um	 excelente
guia	para	orientar	seus	textos.
Cartilha	de	2018:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2018/manual_de_redacao_do_enem_2018.pdf
Quando	sair	o	espelho	da	redação	de	2018,	vou	postar	um	vídeo	no	canal	com
os	pontos	positivos	e	negativos	do	meu	texto.	Fiquem	de	olho	;)
Ainda	não	se	inscreveu?	Nossa,	senhora,	então	aqui	vai	o	link	do	canal:
https://www.youtube.com/user/exatasexatas
E	 agora	 se	 preparem	para	 a	 segunda	 parte	 do	 e-book!	 Senhoras	 e	 senhores
membros	do	júri,	a	parte	que	todos	estavam	esperando...	a	resolução	completa	do
ENEM	2018.
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2018/manual_de_redacao_do_enem_2018.pdf
https://www.youtube.com/user/exatasexatas
Resolução	comentada	do	ENEM	2018
Só	 alguns	 pontos	 antes	 de	 começar:	 caso	 você	 queira	 saber	 a	 numeração
específica	 das	 questões,	 eu	 usei	 a	prova	 azul	 do	 primeiro	 dia	 (Linguagens	 +
Humanas)	 e	 a	 prova	 amarela	 do	 segundo	 dia	 (Matemática	 +	 Ciências	 da
Natureza).
Quanto	à	divisão	entre	fáceis	e	difíceis,	eu	só	consegui	dividir	as	questões	de
Matemática.	Não	tem	a	pretensão	de	ser	uma	divisão	exata,	mas	já	dá	para	dar
um	norte	do	que	a	TRI	valoriza	mais.	Nas	outras	provas	eu	não	fiz	isso	porque
dividir	em	fáceis/médias/difíceis	seria	muito	subjetivo.	Só	dá	para	fazer	isso	com
um	nível	razoável	de	certeza	em	Matemática.
O	que	mais...?	Ah,	 sim!	Sempre	que	necessário,	 eu	não	 apenas	 expliquei	 o
contexto	das	questões,	mas	falei	da	maneira	que	eu	usei	para	chegar	à	resposta
das	questões.	Em	alguns	casos	os	raciocínios	foram	bem	pouco	tradicionais	(para
não	dizer	outra	coisa),	então	não	me	julgue,	ok?	O	que	importa	é	funcionar.	São
os	raciocínios	alternativos	de	que	eu	venho	tenho	falado	ao	longo	de	todo	o	e-
book.
Para	ser	sincero,	acho	que	esses	raciocínios	alternativos	são	o	ponto	alto	do	e-
book,	porque	 todo	o	resto	que	está	aqui,	qualquer	um	poderia	fazer.	Mas	esses
raciocínios	loucos,	acho	que	só	eu	mesmo	kkkkk.
Uma	 última	 coisa:	 posso	 ter	 feito	 a	 resolução	 de	 2018	 em	 formato	 escrito,
mas	 as	resoluções	de	Exatas	de	 2010	a	 2017	 estão	 disponíveis	 gratuitamente
em	vídeo	no	meu	canal	do	YouTube	por	este	link:
https://www.youtube.com/playlist?
list=PL8Sb1J47vKz46jX1ZLDiZsIHRA_hiPzQ9
Acho	 que	 é	 tudo.	 Espero	 que	 gostem,	 porque,	 modéstia	 à	 parte,	 eu	 gostei
bastante	do	resultado	dessas	resoluções.
Falo	com	vocês	de	novo	daqui	a	180	questões.
https://www.youtube.com/playlist?list=PL8Sb1J47vKz46jX1ZLDiZsIHRA_hiPzQ9
Linguagens,	Códigos	e	suas	Tecnologias
Questão	01
Lava	Mae:	Creating	Showers	on	Wheels	for	the	Homeless
San	Francisco,	according	to	recent	city	numbers,	has	4,300	people	living
on	 the	 streets.	Among	 the	many	problems	 the	homeless	 face	 is	 little	or	no
access	 to	showers.	 	San	Francisco	only	has	about	16	 to	20	shower	stalls	 to
accommodate	 them.	 But	 Doniece	 Sandoval	 has	 made	 it	 her	 mission	 to
change	 that.	 The	 51	 -year-old	 former	 marketing	 executive	 started	 Lava
Mae,	 a	 sort	 of	 showers	 on	 wheels,	 a	 new	 project	 that	 aims	 to	 turn
decommissioned	city	buses	into	shower	stations	for	the	homeless.	Each	bus
will	have	 two	shower	stations	and	Sandoval	expects	 that	 they’ll	be	able	 to
provide	2,000	showers	a	week.
ANDREANO,	C.	Disponível	em:	http://abcnews.go.	Acesso	em:	26	jun,	2018	(adaptado)
A	relação	dos	vocábulos	shower,	bus	e	homeless,	no	texto,	refere-se	a
a)		empregar	moradores	de	rua	em	lava	a	jatos	para	ônibus.
b)	criar	acesso	a	banhos	gratuitos	para	moradores	de	rua.
c)		comissionar	sem-teto	para	dirigir	os	ônibus	da	cidade.
d)	exigir	das	autoridades	que	os	ônibus	municipais	tenham	banheiros.
e)		abrigar	dois	mil	moradores	de	rua	em	ônibus	que	foram	adaptados.
O	texto	conta	os	esforços	de	Doniece	Sandoval	para	transformar	ônibus	fora
de	serviço	(“decommissioned	buses”)	em	estações	de	banho	para	os	moradores
de	rua.	Ou	seja,	letra	“B”.
Questão	02
	
GLASBERGEN,	R.	Disponível	em:	www.glasbergen.com.	Acesso	em:	3	jul.	2015	(adaptado).
No	cartum,	a	crítica	está	no	fato	de	a	sociedade	exigir	do	adolescente	que
a)		se	aposente	prematuramente.
b)	amadureça	precocemente.
c)		estude	aplicadamente.
d)	se	forme	rapidamente.
e)		ouça	atentamente.
A	sociedade	está	constantemente	dizendo	ao	adolescente	que	seja	um	“garoto
grande”,	 “mais	maduro”,	 que	 “aja	 como	 um	 adulto”.	 Isso	 desde	 os	 5	 anos	 de
idade!	 Então	 a	 crítica	 está	 justamente	 na	 exigência	 da	 sociedade	 de	 que	 o
adolescente	amadureça	precocemente.	Letra	“B”.
Questão	03
Don’t	write	in	English,	they	said,
English	is	not	your	mother	tongue…
…The	language	I	speak
Becomes	mine,	its	distortions,	its	queerness
All	mine,	mine	alone,	it	is	half	English,	half
Indian,	funny	perhaps,	but	it	is	honest,
It	is	as	human	as	I	am	human…
…It	voices	my	joys,	my	longings	my
Hopes…
(Kamala	Das,	1965:10)
GARGESH,	R.	South	Asian	Englishes.	In:	KACHRU,	B.	B.;	KACHRU,	Y.;	NELSON,	C.	L.
(Eds.).	The	Handbook	of	World	Englishes.	Singapore:	Blackwell,	2006.
A	 poetisa	 Kamala	 Das,	 como	 muitos	 escritores	 indianos,	 escreve	 suas
obras	em	inglês,	apesar	de	essa	não	ser	sua	primeira	língua.	Nesses	versos,
ela
a)		usa	a	língua	inglesa	com	efeito	humorístico.
b)	recorre	a	vozes	de	vários	escritores	ingleses.
c)		adverte	sobre	o	uso	distorcido	da	língua	inglesa.
d)	demonstra	consciência	de	sua	identidade	linguística.
e)		reconhece	a	incompreensão	na	sua	maneira	de	falar	inglês.
A	poetisa	escreve	em	inglês,	mas	deixa	claro	no	poema	que	usa	esse	idioma
porque	ele	exprime	suas	alegrias,	seus	desejos	e	esperanças.	Não	é	uma	escolha
arbitrária;	é	totalmente	consciente.
Cada	 elemento	 do	 idioma	 inglês	 se	 mescla	 ao	 idioma	 nativo	 dela	 para	 se
tornar	uma	forma	de	expressão	individual,	“engraçada,	talvez,	mas	honesta”.	A
Kamala	Das	 tem	 total	 consciência	 da	 sua	 identidade	 linguística.	 Ela	 entende
por	que	usa	um	idioma	e	não	o	outro.
Logo,	resposta	certa:	“D”.
Atenção:	o	uso	da	palavra	“funny”	pode	ter	feito	algumas	pessoas	marcarem
letra	 “A”.	 Mas	 a	 poesia	 diz	 que	 a	 graça	 de	 uma	 indiana	 falando	 inglês	 não
compromete	 a	 verdadeira	 essência	 dessa	 mistura.	 E	 a	 verdadeira	 essência	 é	 a
honestidade,	não	a	comicidade.
Questão	04
TEXTO	I
A	Free	World-class	Education	for	Anyone	Anywhere
The	Khan	Academy	 is	 an	 organization	 on	 a	mission.	We’re	 a	 not-for-
profit	with	the	goal	of	changing	education	for	the	better	by	providing	a	free
world-class	 education	 to	 anyone	 anywhere.	 All	 of	 the	 site’s	 resources	 are
available	 to	 anyone.	 The	 Khan	 Academy’s	 materials	 and	 resources	 are
available	to	you	completely	free	of	charge.
Disponível	em:	www.khanacademy.org.	Acesso	em:	24	fev.	2012	(adaptado).
TEXTO	II
I	didn’t	have	a	problem	with	Khan	Academy	site	until	very	recently.	For
me,	the	problem	is	the	way	Khan	Academy	is	being	promoted.	The	way	the
media	 sees	 it	 as	 “revolutionizing	 education”.	 The	 way	 people	 with	 power
and	money	 view	 education	 as	 simply	 “sit-and-get”.	 If	 your	 philosophy	 of
education	 is	 “sit-and-get”,	 i.e.,	 teaching	 is	 telling	and	 learning	 is	 listening,
then	Khan	Academy	is	way	more	efficient	 than	classroom	lecturing.	Khan
Academy	does	it	better.	But	TRUE	progressive	educators,	TRUE	education
visionaries	 and	 revolutionaries	 don’t	 want	 to	 do	 these	 things	 better.	 We
want	to	DO	BETTER	THINGS.
Disponível	em:	http://fnoschese.wordpress.com.	Acesso	em:	2	mar.	2012.
Com	 o	 impacto	 das	 tecnologias	 e	 a	 ampliação	 das	 redes	 sociais,
consumidores	encontram	na	internet	possibilidades	de	opinar	sobre	serviços
oferecidos.	 Nesse	 sentido,	 o	 segundo	 texto,	 que	 é	 um	 comentário	 sobre
o	site	divulgado	no	primeiro,	apresenta	a	intenção	do	autor	de
a)		elogiar	o	trabalho	proposto	para	a	educação	nessa	era	tecnológica.
b)	reforçar	como	a	mídia	pode	contribuir	para	revolucionar	a	educação.c)	 	 chamar	 a	 atenção	 das	 pessoas	 influentes	 para	 o	 significado	 da
educação.
d)	 destacar	 que	 o	 site	 tem	 melhores	 resultados	 do	 que	 a	 educação
tradicional.
e)		criticar	a	concepção	de	educação	em	que	se	baseia	a	organização.
O	 comentário	 sobre	 o	 Khan	 Academy	 traz	 uma	 crítica	 contundente.	 Mas
essa	crítica	 está	 só	no	 fim	do	 texto.	Se	você	 lesse	até	 a	metade,	 acharia	que	o
autor	 está	 exaltando	 o	 estilo	 de	 ensino	 do	 site.	 Mas	 a	 partir	 do	 “But	 TRUE
progress	 ...”	 ele	 declara	 sua	 opinião:	 pode	 até	 ser	 melhor	 que	 salas	 de	 aula
tradicionais,	mas	ainda	são	aulas	em	que	um	professor	detentor	do	conhecimento
explica	para	os	alunos.	É	o	tradicional	“telling	and	learning	and	listening”.	Não
tem	 inovação	 nesse	 sistema	 de	 aprendizado,	 e	 o	 autor	 critica	 justamente	 isso,
porque	a	mídia	exaltava	o	Khan	Academy	como	algo	“revolucionário”,	quando
na	verdade	era	mais	do	mesmo.	Para	o	autor,	são	só	aulas	bem	explicadas,	mas
estão	longe	de	ser	uma	revolução.
Resposta:	“E”.
QUESTÃO	05
1984	(excerpt)
‘Is	 it	 your	 opinion,	 Winston,	 that	 the	 past	 has	 real	 existence?’	 […]
O’Brien	 smiled	 faintly.	 ‘I	 will	 put	 it	 more	 precisely.	 Does	 the	 past	 exist
concretely,	 in	space?	Is	there	somewhere	or	other	a	place,	a	world	of	solid
objects,
where	the	past	is	still	happening?’
‘No.’
‘Then	where	does	the	past	exist,	if	at	all?’
‘In	records.	It	is	written	down.’
‘In	records.	And	—	—?’
‘In	the	mind.	In	human	memories.’
‘In	memory.	Very	well,	then.	We,	the	Party,	control	all	records,	and	we
control	all	memories.	Then	we	control	the	past,	do	we	not?’
ORWELL,	G.	Nineteen	Eighty-Four.	New	York:	Signet	Classics,	1977.
O	romance	 1984	descreve	 os	 perigos	de	um	Estado	 totalitário.	A	 ideia
evidenciada	nessa	passagem	é	que	o	controle	do	Estado	se	dá	por	meio	do(a)
a)		boicote	a	ideais	libertários.
b)	veto	ao	culto	das	tradições.
c)		poder	sobre	memórias	e	registros
d)	censura	a	produções	orais	e	escritas.
e)		manipulação	de	pensamentos	individuais.
Para	 início	de	conversa,	esse	 livro	é	muito	bom.	E	 foi	como	eu	disse:	 se	o
aluno	 já	 tivesse	 tido	 contato	 com	1984	 antes,	 responderia	 a	 questão	 bem	mais
rápido	do	que	quem	precisou	ler	o	texto	duas,	três	vezes.
Repertório	é	tudo!
Nesse	trecho,	o	membro	do	Estado	diz	que	o	passado	está	na	memória	e	nos
registros.	Como	o	Estado	tem	controle	sobre	os	dois,	ele	literalmente	(e	no	livro
fica	 mais	 claro	 como	 isso	 acontece)	 tem	 total	 controle	 sobre	 a	 memória	 das
pessoas.	Resposta:	“C”.
Leia	1984.	É	muito	bom.
QUESTÃO	01
El	día	en	que	lo	iban	a	matar,	Santiago	Nasar	se	levantó	a	las	5:30	de	la
mañana	para	esperar	el	buque	en	que	llegaba	el	obispo.	Había	soñado	que
atravesaba	un	bosque	de	higuerones	donde	caía	una	 llovizna	 tierna,	y	por
un	 instante	 fue	 feliz	 en	 el	 sueño,	 pero	 al	 despertar	 se	 sintió	 por	 completo
salpicado	 de	 cagada	 de	 pájaros.	 “Siempre	 soñaba	 con	 árboles”,	 me	 dijo
Plácida	 Linero,	 su	 madre,	 evocando	 27	 años	 después	 los	 pormenores
de	aquel	 lunes	 ingrato.	“La	semana	anterior	había	soñado	que	 iba	solo	en
un	 avión	 de	 papel	 de	 estaño	 que	 volaba	 sin	 tropezar	 por	 entre	 los
almendros”,	me	dijo.	Tenía	una	reputación	muy	bien	ganada	de	intérprete
certera	de	los	sueños	ajenos,	siempre	que	se	los	contaran	en	ayunas,	pero	no
había	advertido	ningún	augurio	aciago	en	esos	dos	sueños	de	su	hijo,	ni	en
los	 otros	 sueños	 con	 árboles	 que	 él	 le	 había	 contado	 en	 las	mañanas	 que
precedieron	a	su	muerte.
MARQUEZ,	G.	G.	Crónica	de	una	muerte	anunciada.	Disponível	em:	http://biblio3.url.edu.gt.	Acesso	em:	2	jan.	2015.
Na	 introdução	do	 romance,	 o	narrador	 resgata	 lembranças	de	Plácida
Linero	relacionadas	a	seu	filho	Santiago	Nasar.	Nessa	introdução,	o	uso	da
expressão	augurio	aciago	remete	ao(à)
a)					relação	mística	que	se	estabelece	entre	Plácida	e	seu	filho	Santiago.
b)	 	 	 	destino	 trágico	de	Santiago,	que	Plácida	 foi	 incapaz	de	prever	nos
sonhos.
c)					descompasso	entre	a	felicidade	de	Santiago	nos	sonhos	e	seu	azar	na
realidade.
d)	 	 	 	crença	de	Plácida	na	importância	da	interpretação	dos	sonhos	para
mudar	o	futuro.
e)	 	 	 	 	 presença	 recorrente	 de	 elementos	 sombrios	 que	 se	 revelam	 nos
sonhos	de	Santiago.
O	texto	diz	que	Plácida	tinha	uma	merecida	reputação	de	“intérprete	certeira
dos	sonhos	alheios”,	mas	que	nenhum	“augúrio	fatídico”	(previsão	da	morte	do
filho	advinda	de	sonhos)	previu	a	morte	de	Santiago	Nasar.	Ou	seja,	esse	augúrio
fatídico	refere-se	ao	destino	 trágico	do	filho,	que	Plácida	foi	 incapaz	de	prever
nos	sonhos.
Resposta:	“B”.
QUESTÃO	02
Revolución	en	la	arquitectura	china
Levantar	rascacielos	en	19	días
Un	 rascacielos	 de	 57	 pisos	 no	 llama	 la	 atención	 en	 la	 China	 del	 siglo
XXI.	Salvo	que	se	haya	construido	en	19	días,	claro.	Y	eso	es	precisamente
lo	 que	 ha	 conseguido	 Broad	 Sustainable	 Building	 (BSB),	 una	 empresa
dedicada	 a	 la	 fabricación	 de	 purificadores	 de	 aire	 y	 de	 equipos	 de	 aire
acondicionado	para	grandes	infraestructuras	que	ahora	se	ha	empeñado	en
liderar	 una	 revolución	 con	 su	 propio	 modelo	 de	 arquitectura	 modular
prefabricada.	 Como	 subraya	 su	 presidente,	 Zhang	 Yue,	 es	 una	 fórmula
económica,	 ecológica	 segura,	 y	 limpia.	 Ese	 último	 término,	 además,	 lo
utiliza	tanto	para	referirse	al	polvo	que	se	produce	en	la	construcción	como
a	 los	 gruesos	 sobres	 que	 suelen	 circular	 por	 debajo	 de	 las	 mesas	 en
adjudicaciones	 y	 permisos	 varios.	 “Quiero	 que	 nuestros	 edificios
alumbren	una	nueva	era	en	la	arquitectura,	y	que	se	conviertan	en
símbolo	de	la	lucha	contra	la	contaminación	y	el	cambio	climático,	que	es	la
mayor	amenaza	a	la	que	se	enfrenta	la	humanidad”,	sentencia.
“Es	 como	montar	 un	 Lego.	 Apenas	 hay	 subcontratación,	 lo	 cual	 ayuda	 a
mantener	 un	 costo	 bajo	 y	 un	 control	 de	 calidad	 estricto,	 y	 nos	 permite
eliminar
también	la	corrupción	inherente	al	sector”,	explica	la	vicepresidenta	de	BSB
y	responsable	del	mercado	internacional,	Jiang	Yan.
Disponível	em:	http://tecnologia.elpais.com.	Acesso	em:	23	jun.	2015	(adaptado).
No	texto,	alguns	dos	benefícios	de	se	utilizar	estruturas	pré-moldadas	na
construção	 de	 altos	 edifícios	 estão	 expressos	 por	meio	 da	 palavra	 limpia.
Essa	 expressão	 indica	 que,	 além	 de	 produzir	 menos	 resíduos,	 o	 uso
desse	tipo	de	estrutura
a)					reduz	o	contingente	de	mão	de	obra.
b)				inibe	a	corrupção	na	construção	civil.
c)					facilita	o	controle	da	qualidade	da	obra.
d)				apresenta	um	modelo	arquitetônico	conciso.
e)					otimiza	os	custos	da	construção	de	edifícios.
Sinceramente,	 a	 prova	de	 espanhol	 é	muito	mais	 difícil	 que	 a	 de	 inglês.	O
aluno	 precisaria	 entender	 a	 expressão	 “gruesos	 sobres	 que	 que	 suelen	 circular
por	 debajo	 de	 las	 mesas”.	 Ou	 seja,	 os	 grossos	 envelopes	 que	 circulam	 por
debaixo	 das	 mesas.	 É	 uma	 alusão	 à	 corrupção	 no	 processo	 de	 compra	 de
licitações	na	construção	civil.
Resposta:	“B”.
QUESTÃO	03
¿Qué	es	la	X	Solidaria?
La	X	Solidaria	es	una	equis	que	ayuda	a	las	personas	más	vulnerables.
Podrás	marcarla	cuando	hagas	la	declaración	de	la	renta.	Es	la	casilla	que
se	denomina	“Fines	Sociales”.	Nosotros	preferimos	llamarla	X	Solidaria:
	
porque	al	marcada	haces	que	se	destine	un	0,7	de	 tus	 impuestos	a
programas	sociales	que	realizan	las	ONG.
porque	 se	benefician	 los	 colectivos	más	desfavorecidos,	 sin	ningún
coste	económico	para	ti.
porque	NO	marcarla	es	tomar	una	actitud	pasiva,	y	dejar	que	sea	el
Estado	quien	decida	el	destino	de	esa	parte	de	tus	impuestos.
porque	marcándola	te	conviertes	en	contribuyente	activo	solidario.
Disponível	em:	http://xsolidaria.org.	Acesso	em:	20	fev.	2012	(adaptado).
As	ações	solidárias	contribuem	para	o	enfrentamento	de	problemas	sociais.
No	texto,	a	ação	solidária	ocorre	quando	o	contribuinte
a)					delega	ao	governo	o	destino	de	seus	impostos.
b)				escolhe	projetos	que	terão	isenção	de	impostos.
c)					destina	partede	seus	impostos	para	custeio	de	programas	sociais.
d)	 	 	 	 determina	 a	 criação	 de	 impostos	 para	 implantação	 de	 projetos
sociais.
e)	 	 	 	 	 seleciona	 vários	 programas	 para	 beneficiar	 cidadãos	 vulneráveis
socialmente.
A	resposta	estava	no	trecho	“[la	X	Solidaria]	al	marcada	haces	que	se	destine
un	0,7	de	 tus	 impuestos	a	programas	 sociales”.	Ao	marcar	o	X	solidário,	você
destina	 uma	 porcentagem	 dos	 seus	 impostos	 a	 programas	 sociais.	 Logo,	 a
resposta	é	“C”.
QUESTÃO	04
¿Cómo	gestionar	la	diversidad	lingüística	en	el
aula?
El	aprendizaje	de	 idiomas	es	una	de	 las	demandas	de	 la	sociedad	en	 la
escuela:	 los	 alumnos	 tienen	 que	 finalizar	 la	 escolarización	 con	 un	 buen
conocimiento,	 por	 lo	 menos,	 de	 las	 tres	 lenguas	 curriculares:
catalán,	castellano	e	inglés	(o	francés,	portugués…).
La	metodología	que	promueve	el	aprendizaje	integrado	de	idiomas	en	la
escuela	tiene	en	cuenta	las	relaciones	entre	las	diferentes	lenguas:	la	mejor
enseñanza	de	una	lengua	incide	en	la	mejora	de	todas	las	demás.	Se	trata	de
educar	en	y	para	la	diversidad	lingüística	y	cultural.
Por	 eso,	 la	 V	 Jornada	 de	 Buenas	 Prácticas	 de	 Gestión	 del
Multilingüismo,	que	se	celebrará	en	Barcelona,	debatirá	sobre	la	gestión	del
multilingüismo	 en	 el	 aula.	 El	 objetivo	 es	 difundir	 propuestas	 para	 el
aprendizaje	 integrado	 de	 idiomas	 y	 presentar	 experiencias	 prácticas	 de
gestión	de	la	diversidad	lingüística	presente	en	las	aulas.
Disponível	em:	www10.gencat.cat.	Acesso	em:	15	set.	2010	(adaptado).
Na	 região	 da	 Catalunha,	 Espanha,	 convivem	 duas	 línguas	 oficiais:	 o
catalão	e	o	espanhol.	Além	dessas,	ensinam-se	outras	línguas	nas	escolas.	De
acordo	 com	 o	 texto,	 para	 administrar	 a	 variedade	 linguística	 nas	 aulas,	 é
necessário
a)					ampliar	o	número	de	línguas	ofertadas	para	enriquecer	o	conteúdo.
b)	 	 	 	divulgar	 o	 estudo	 de	 diferentes	 idiomas	 e	 culturas	 para	 atrair	 os
estudantes
c)	 	 	 	 	privilegiar	o	estudo	de	línguas	maternas	para	valorizar	os	aspectos
regionais.
d)	 	 	 	 explorar	 as	 relações	 entre	 as	 línguas	 estudadas	 para	 promover	 a
diversidade.
e)	 	 	 	 	debater	 as	 práticas	 sobre	multilinguismo	 para	 formar	melhor	 os
professores	de	línguas.
A	 resposta	 está	 no	 trecho	 “la	mejor	 enseñanza	 de	 una	 lengua	 incide	 en	 la
mejora	de	todas	las	demás.	Se	trata	de	educar	en	y	para	la	diversidad	lingüística
y	cultural”.	Ou	seja,	o	aprendizado	de	uma	língua	resulta	na	melhora	de	todas	as
outras.	 Estão	 sendo	 exploradas	 as	 relações	 entre	 as	 línguas	 estudadas	 para
promover	a	diversidade	linguística	e	cultural.
Resposta:	“D”.
QUESTÃO	05
Mayo
15
Que	mañana	no	sea	otro	nombre	de	hoy
En	 el	 año	 2011,	 miles	 de	 jóvenes,	 despojados	 de	 sus	 casas	 y	 de	 sus
empleos,	ocuparon	las	plazas	y	las	calles	de	varias	ciudades	de	España.
Y	la	indignación	se	difundió.	La	buena	salud	resultó	más	contagiosa	que	las
pestes,	y	las	voces	de	los	indignados	atravesaron	las	fronteras	dibujadas	en
los	mapas.	Así	resonaron	en	el	mundo:
Nos	dijeron	“¡a	la	puta	calle!”,	y	aquí	estamos.
Apaga	la	tele	y	enciende	la	calle.
La	llaman	crisis,	pero	es	estafa.
No	falta	dinero:	sobran	ladrones.
Los	mercados	gobiernan.	Yo	no	los	voté.
Ellos	toman	decisiones	por	nosotros,	sin	nosotros.
Se	alquila	esclavo	económico.
Estoy	buscando	mis	derechos.	¿Alguien	los	ha	visto?
Si	no	nos	dejan	soñar,	no	los	dejaremos	dormer
GALEANO,	E.	Los	hijos	de	los	dias.	Buenos	Aires:	Siglo	Veintiuno,	2012.
Ao	 elencar	 algumas	 frases	 proferidas	 durante	 protestos	 na	 Espanha,	 o
enunciador	transcreve,	de	forma	direta,	as	reivindicações	dos	manifestantes
para
a)					provocá-los	de	forma	velada.
b)				dar	voz	ao	movimento	popular.
c)					fomentar	o	engajamento	do	leitor.
d)				favorecer	o	diálogo	entre	governo	e	sociedade.
e)					instaurar	dúvidas	sobre	a	legitimidade	da	causa.
O	autor	transcreve	trechos	proferidos	pelo	povo	durante	os	protestos.	São	trechos
que	 traduzem	 o	 espírito	 das	 manifestações,	 com	 alta	 carga	 sensível	 e
reivindicativa.	Não	tem	indícios	no	texto	de	que	isso	foi	feito	para	“fomentar	o
engajamento	 do	 leitor”,	mas	 de	 uma	 coisa	 temos	 certeza:	 esses	 trechos	 que	 o
autor	reproduziu	definitivamente	dão	voz	ao	movimento.	E,	quando	em	dúvida
entre	duas	alternativas,	não	dê	chance	ao	azar:	sempre	marque	a	que	tem	menos
chance	de	estar	errada.	No	caso,	letra	“B”	é	a	resposta.
QUESTÃO	06
“A	 Declaração	 Universal	 dos	 Direitos	 Humanos	 está	 completando	 70
anos	em	tempos	de	desafios	crescentes,	quando	o	ódio,	a	discriminação	e	a
violência	 permanecem	 vivos”,	 disse	 a	 diretora-geral	 da	 Organização	 das
Nações	Unidas	 para	 a	Educação,	 a	Ciência	 e	 a	Cultura	 (Unesco),	Audrey
Azoulay.
“Ao	 final	da	Segunda	Guerra	Mundial,	 a	humanidade	 inteira	 resolveu
promover	 a	 dignidade	 humana	 em	 todos	 os	 lugares	 e	 para	 sempre.	Nesse
espírito,	 as	 Nações	 Unidas	 adotaram	 a	 Declaração	 Universal	 dos
Direitos	 Humanos	 como	 um	 padrão	 comum	 de	 conquistas	 para	 todos	 os
povos	e	todas	as	nações”,	disse	Audrey.
“Centenas	de	milhões	de	mulheres	e	homens	são	destituídos	e	privados
de	 condições	 básicas	 de	 subsistência	 e	 de	 oportunidades.	 Movimentos
populacionais	 forçados	 geram	 violações	 aos	 direitos	 em	 uma	 escala	 sem
precedentes.	A	Agenda	2030	para	o	Desenvolvimento	Sustentável	promete
não	deixar	ninguém	para	trás	–	e	os	direitos	humanos	devem	ser	o	alicerce
para	todo	o	progresso.”
Segundo	ela,	esse	processo	precisa	começar	o	quanto	antes	nas	carteiras
das	escolas.	Diante	disso,	a	Unesco	lidera	a	educação	em	direitos	humanos
para	 assegurar	 que	 todas	 as	meninas	 e	meninos	 saibam	 seus	 direitos	 e	 os
direitos	dos	outros.
Disponível	em:	https://nacoesunidas.org.	Acesso	em:	3	abr.	2018	(adaptado).
Defendendo	 a	 ideia	 de	 que	 “os	 direitos	 humanos	 devem	 ser	 o	 alicerce
para	todo	o	progresso”,	a	diretora-geral	da	Unesco	aponta,	como	estratégia
para	atingir	esse	fim,	a
a)		inclusão	de	todos	na	Agenda	2030.
b)	extinção	da	intolerância	entre	os	indivíduos.
c)		discussão	desse	tema	desde	a	educação	básica.
d)	conquista	de	direitos	para	todos	os	povos	e	nações.
e)		promoção	da	dignidade	humana	em	todos	os	lugares.
A	 pergunta	 é:	 qual	 a	 estratégia	 utilizada	 para	 assegurar	 que	 os	 direitos
humanos	 sejam	 o	 alicerce	 para	 o	 progresso?	 Você	 já	 circula	 a	 palavra
“estratégia”	porque	é	ela	que	vai	orientar	a	resposta.
Em	outras	palavras:	como	a	Unesco	pretende	colocar	em	prática	o	plano?
E	 a	 resposta	 está	 lá	 no	 último	 parágrafo:	 esse	 processo	 precisa	 começar	 o
quanto	antes	nas	carteiras	das	escolas.	Ou	seja:		essa	discussão	precisa	ser	tema
desde	a	educação	básica.	Letra	“C”.
QUESTÃO	07
A	 utilização	 de	 determinadas	 variedades	 linguísticas	 em	 campanhas
educativas	 tem	 a	 função	 de	 atingir	 o	 público-alvo	 de	 forma	mais	 direta	 e
eficaz.	No	caso	desse	texto,	identifica-se	essa	estratégia	pelo(a)
a)		discurso	formal	da	língua	portuguesa.
b)	registro	padrão	próprio	da	língua	escrita.
c)		seleção	lexical	restrita	à	esfera	da	medicina.
d)	fidelidade	ao	jargão	da	linguagem	publicitária.
e)		uso	de	marcas	linguísticas	típicas	da	oralidade.
De	novo,	a	pergunta	é	sobre	a	estratégia.	Ou	seja:	o	que	tem	no	texto	para
sensibilizar	o	leitor?
Para	atingir	o	leitor	de	forma	mais	direta	e	eficaz,	a	peça	publicitária	faz	uso
de	 termos	 típicos	da	oralidade.	É	como	se	estivesse	conversando	com	a	gente:
“está	difícil	largar	o	açúcar?”
Não	tem	uma	seleção	lexical	restrita	à	esfera	da	medicina.	Tudo	aqui	está	o
mais	simples	possível,	como	se	fosse	uma	conversa	mesmo.	Letra	“E”.
QUESTÃO	08
—	Famigerado?	[…]
—	Famigerado	é	“inóxio”,	é	“célebre”,	“notório”,	“notável”…
—	Vosmecê	mal	não	veja	em	minha	grossaria	no	não	entender.	Mais	me
diga:	 é	 desaforado?	 É	 caçoável?	 É	 de	 arrenegar?	 Farsância?	 Nome	 de
ofensa?
—	 Vilta	 nenhuma,	 nenhum	 doesto.	 São	 expressões	 neutras,	 de	 outros
usos…
—	Pois…	 e	 o	 que	 é	 que	 é,	 em	 fala	 de	 pobre,linguagem	de	 em	dia	 de
semana?
—	Famigerado?	Bem.	É:	“importante”,	que	merece	louvor,	respeito…
ROSA,	G.	Famigerado.	In:	Primeiras	estórias.	Rio	de	Janeiro:	Nova	Fronteira,	2001.
Nesse	 texto,	 a	 associação	 de	 vocábulos	 da	 língua	 portuguesa	 a
determinados	dias	da	semana	remete	ao
a)		local	de	origem	dos	interlocutores.
b)	estado	emocional	dos	interlocutores.
c)		grau	de	coloquialidade	da	comunicação.
d)	nível	de	intimidade	entre	os	interlocutores.
e)		conhecimento	compartilhado	na	comunicação.
Adoro	a	palavra	famigerado,	a	propósito.
Aqui,	 a	 associação	 das	 palavras	 aos	 dias	 da	 semana	 remete	 à	 ideia	 de	 que
domingo	é	dia	de	missa,	e	dia	de	missa	é	dia	de	ser	chique	(tanto	na	vestimenta
quanto	na	escolha	de	palavras).	Logo,	dia	da	semana	é	dia	de	ser	menos	formal,
mais	coloquial.	Esse	contraste	entre	coloquial	vs.	formal	é	justamente	o	grau	de
coloquialidade.	Repare	que	a	palavra	“grau”	não	aparece	no	texto	original,	mas
é	justamente	o	que	ela	quer	dizer:	mais	coloquial	ou	menos	coloquial.	Resposta:
“C”.
Essa	questão	foi	interpretação	de	texto	pura.
QUESTÃO	09
Na	 sociologia	 e	 na	 literatura,	 o	 brasileiro	 foi	 por	 vezes	 tratado	 como
cordial	 e	 hospitaleiro,	mas	 não	 é	 isso	 o	 que	 acontece	 nas	 redes	 sociais:	 a
democracia	 racial	 apregoada	 por	 Gilberto	 Freyre	 passa	 ao	 largo	 do	 que
acontece	 diariamente	 nas	 comunidades	 virtuais	 do	 país.	 Levantamento
inédito	 realizado	 pelo	 projeto	 Comunica	 que	 Muda	 […]	 mostra	 em
números	a	 intolerância	do	 internauta	tupiniquim.	Entre	abril	e	 junho,	um
algoritmo	 vasculhou	 plataformas	 […]	 atrás	 de	 mensagens	 e	 textos	 sobre
temas	 sensíveis,	 como	 racismo,	 posicionamento	 político	 e	 homofobia.
Foram	 identificadas	 393	 284	 menções,	 sendo	 84%	 delas	 com	 abordagem
negativa,	de	exposição	do	preconceito	e	da	discriminação.
Disponível	em:	https://oglobo.globo.com.	Acesso	em:	6	dez.	2017	(adaptado).
Ao	 abordar	 a	 postura	 do	 internauta	 brasileiro	 mapeada	 por	 meio	 de
uma	pesquisa	em	plataformas	virtuais,	o	texto
a)		minimiza	o	alcance	da	comunicação	digital.
b)	refuta	ideias	preconcebidas	sobre	o	brasileiro.
c)		relativiza	responsabilidades	sobre	a	noção	de	respeito.
d)	exemplifica	conceitos	contidos	na	literatura	e	na	sociologia.
e)		expõe	a	ineficácia	dos	estudos	para	alterar	tal	comportamento.
O	texto	começa	apresentando	uma	ideia	preconcebida	sobre	o	brasileiro:	ele
é	sempre	cordial	e	hospitaleiro.	Mas	depois	ele	refuta	essa	ideia	ao	mostrar	que
no	ambiente	virtual	o	brasileiro	não	é	cordial,	coisa	nenhuma.	Protegido	atrás	de
uma	tela	de	computador,	o	brasileiro	pode	ser	bem	nojentinho.	(Em	comentários
nos	vídeos	do	YouTube	inclusive).
Resposta	certa:	“B”.
QUESTÃO	10
Quebranto
às	vezes	sou	o	policial	que	me	suspeito
me	peço	documentos
e	mesmo	de	posse	deles
me	prendo	e	me	dou	porrada
às	vezes	sou	o	porteiro
não	me	deixando	entrar	em	mim	mesmo
a	não	ser
pela	porta	de	serviço
[…]
às	vezes	faço	questão	de	não	me	ver
e	entupido	com	a	visão	deles
sinto-me	a	miséria	concebida	como	um	eterno
começo
fecho-me	o	cerco
sendo	o	gesto	que	me	nego
a	pinga	que	me	bebo	e	me	embebedo
o	dedo	que	me	aponto
e	denuncio
o	ponto	em	que	me	entrego.
às	vezes!…
CUTI.	Negroesia.	Belo	Horizonte:	Mazza,	2007	(fragmento).
Na	 literatura	 de	 temática	 negra	 produzida	 no	 Brasil,	 é	 recorrente	 a
presença	de	elementos	que	traduzem	experiências	históricas	de	preconceito
e	violência.	No	poema,	essa	vivência	revela	que	o	eu	lírico
a)		incorpora	seletivamente	o	discurso	do	seu	opressor.
b)	submete-se	à	discriminação	como	meio	de	fortalecimento.
c)		engaja-se	na	denúncia	do	passado	de	opressão	e	injustiças.
d)	sofre	uma	perda	de	identidade	e	de	noção	de	pertencimento.
e)		acredita	esporadicamente	na	utopia	de	uma	sociedade	igualitária.
O	eu-lírico	está	reproduzindo	no	poema	discursos	e	atitudes	praticados	pelo
lado	opressor:	o	policial	que	bate	sem	motivo,	o	porteiro	que	não	deixa	entrar	a
não	ser	pela	porta	de	serviço,	o	dedo	que	aponta	para	si	mesmo...
Ele	 está	 incorporando	 seletivamente	 o	 discurso	 do	 opressor.	 De	 tanto
escutar/vivenciar	essas	situações,	acabou	incorporando	isso	para	si	e	reproduziu
na	poesia.	E	é	isso	que	a	torna	tão	forte.
Resposta:	Letra	“A”.
QUESTÃO	11
TEXTO	II
A	body	art	põe	o	corpo	tão	em	evidência	e	o	submete	a	experimentações
tão	variadas,	que	sua	influência	estende-se	aos	dias	de	hoje.	Se	na	arte	atual
as	 possibilidades	 de	 investigação	 do	 corpo	 parecem	 ilimitadas	 –	 pode-
se	escolher	entre	representar,	apresentar,	ou	ainda	apenas	evocar	o	corpo	–
isso	ocorre	graças	ao	legado	dos	artistas	pioneiros.
SILVA,	P	R.	Corpo	na	arte,	body	art,	body	modification:	fronteiras.	II	Encontro	de	História	da	Arte:	IFCH-Unicamp,
2006	(adaptado).
Nos	textos,	a	concepção	de	body	art	está	relacionada	à	intenção	de
a)		estabelecer	limites	entre	o	corpo	e	a	composição.
b)	fazer	do	corpo	um	suporte	privilegiado	de	expressão.
c)		discutir	políticas	e	ideologias	sobre	o	corpo	como	arte.
d)	compreender	a	autonomia	do	corpo	no	contexto	da	obra.
e)		destacar	o	corpo	do	artista	em	contato	com	o	expectador.
Eu	 errei	 essa	 questão	 porque	 interpretei	mal	 a	 palavra	 “privilegiado”.	Não
marque	 “B”	 porque	 achei	 que	 “privilegiado”	 queria	 dizer	 que	 o	 corpo	 era
“melhor”	que	a	obra	de	arte	em	si,	mas	aqui	o	sentido	de	privilegiado	não	é	esse.
Na	verdade,	o	que	o	 texto	está	dizendo	é	 justamente	 isso:	antes	da	body	art,	o
corpo	era	só	um	corpo,	mas	graças	ao	legado	dos	artistas	pioneiros	ele	assumiu
um	papel	privilegiado	de	“suporte	de	expressão”.	A	body	art	elevou	o	corpo	da
condição	de	“só	um	corpo”	para	a	condição	de	“obra	de	arte”.
Resposta:	“B”.
QUESTÃO	12
Deficientes	visuais	já	podem	ir	a	algumas	salas	de	cinema	e	teatros	para
curtir,	em	maior	intensidade,	as	atrações	em	cartaz.	Quem	ajuda	na	tarefa	é
o	 aplicativo	 Whatscine,	 recém-chegado	 ao	 Brasil	 e	 disponível	 para
os	 sistemas	 operacionais	 iOS	 (Apple)	 ou	 Android	 (Google).	 Ao	 ser
conectado	à	rede	wi-fí	de	cinemas	e	teatros,	o	app	sincroniza	um	áudio	que
descreve	o	que	ocorre	na	tela	ou	no	palco	com	o	espetáculo	em	andamento:
o	usuário,	então,	pode	ouvir	a	narração	em	seu	celular.
O	programa	foi	desenvolvido	por	pesquisadores	da	Universidade	Carlos
III,	em	Madri.	“Na	Espanha,	200	salas	de	cinema	já	oferecem	o	recurso	e
flimes	 de	 grandes	 estúdios	 já	 são	 exibidos	 com	o	 recurso	 do	Whatscine!”,
diz	o	brasileiro	Luis	Mauch,	que	trouxe	a	tecnologia	para	o	país.	“No	Brasil,
já	fechamos	parceria	com	a	São	Paulo	Companhia	de	Dança	para	adaptar
os	espetáculos	deles!	Isso	já	é	um	avanço.	Concorda?”
Disponível	em:	http://veja.abril.com.br.	Acesso	em:	25jun.	2014	(adaptado).
Por	ser	múltipla	e	apresentar	peculiaridades	de	acordo	com	a	 intenção
do	 emissor,	 a	 linguagem	 apresenta	 funções	 diferentes.	 Nesse	 fragmento,
predomina	 a	 função	 referencial	 da	 linguagem,	 porque	 há	 a	 presença	 de
elementos	que
a)					buscam	convencer	o	leitor,	incitando	o	uso	do	aplicativo.
b)				definem	o	aplicativo,	revelando	o	ponto	de	vista	da	autora.
c)					evidenciam	a	subjetividade,	explorando	a	entonação	emotiva.
d)				expõem	dados	sobre	o	aplicativo,	usando	linguagem	denotativa.
e)	 	 	 	 	 objetivam	 manter	 um	 diálogo	 com	 o	 leitor,	 recorrendo	 a	 uma
indagação.
Aqui,	 o	mínimo	de	 conhecimento	 sobre	 funções	da	 linguagem	 já	matava	 a
questão	 sem	 nem	 precisar	 ler	 o	 texto	 (daí	 a	 importância	 de	 ler	 o	 enunciado
antes	 do	 texto).	 Função	 referencial	 busca	 informar	 da	 forma	 mais	 simples	 e
clara	possível	 (eu	até	 falei	“função	referencial	na	veia!”	quando	falei	de	 textos
típicos	de	apostila).
O	 texto	 inteiro	 está	 informando	 o	 leitor	 por	meio	 de	 linguagem	 simples	 e
direta,	sem	metáforas	ou	inversões	complicadíssimas.	Claramente	não	foi	Kafka
que	escreveu	esse	texto.
Resposta:	“D”.
QUESTÃO	13
TEXTO	I
TEXTO	II
Imaginemos	 um	 cidadão,	 residente	 na	 periferia	 de	 um	 grande	 centro
urbano,	que	diariamente	acorda	às	5h	para	trabalhar,enfrenta	em	média	2
horas	de	transporte	público,	em	geral	lotado,	para	chegar	às	8h	ao	trabalho.
Termina	o	expediente	às	17h	e	chega	em	casa	às	19h	para,	aí	sim,	cuidar	dos
afazeres	domésticos,	dos	 filhos	etc.	Como	dizer	a	 essa	pessoa	que	ela	deve
praticar	 exercícios,	 pois	 é	 importante	 para	 sua	 saúde?	 Como	 ela	 irá
entender	a	mensagem	da	 importância	do	exercício	 físico?	A	probabilidade
de	essa	pessoa	praticar	exercícios	regularmente	é	significativamente	menor
que	a	de	pessoas	da	classe	média/alta	que	vivem	outra	realidade.	Nesse	caso,
a	 abordagem	 individual	 do	 problema	 tende	 a	 fazer	 com	 que	 a	 pessoa	 se
sinta	 impotente	 em	 não	 conseguir	 praticar	 exercícios	 e,
consequentemente,	culpada	pelo	fato	de	ser	ou	estar	sedentária.
FERREIRA,	 M.	 S.	 Aptidão	 física	 e	 saúde	 na	 educação	 física	 escolar:	 ampliando	 o	 enfoque.	 RBCE,	 n.	 2,jan.	 2001
(adaptado).
O	segundo	 texto,	que	propõe	uma	reflexão	 sobre	o	primeiro	acerca	do
impacto	de	mudanças	no	estilo	de	vida	na	saúde,	apresenta	uma	visão
a)	 	 	 	 	 medicalizada,	 que	 relaciona	 a	 prática	 de	 exercícios	 físicos	 por
qualquer	indivíduo	à	promoção	da	saúde.
b)				ampliada,	que	considera	aspectos	sociais	intervenientes	na	prática	de
exercícios	no	cotidiano.
c)	 	 	 	 	 crítica,	 que	 associa	 a	 interferência	 das	 tarefas	 da	 casa	 ao
sedentarismo	do	indivíduo.
d)	 	 	 	 focalizada,	 que	 atribui	 ao	 indivíduo	 a	 responsabilidade	 pela
prevenção	de	doenças.
e)					geracional,	que	preconiza	a	representação	do	culto	à	jovialidade.
O	texto	II	critica	o	discurso	fácil	e	bonito	de	“faça	exercícios;	seu	futuro	está
em	suas	mãos”.	Tem	gente	que	não	tem	tempo	para	fazer	exercícios,	que	precisa
trabalhar	o	dia	inteiro	e	volta	para	casa	exausto.
Mas	 a	 resposta	 não	 é	 “C”	 porque	 o	 texto	 não	 associa	 a	 interferência	 das
tarefas	de	casa	ao	sedentarismo.	Muito	pelo	contrário:	ele	oferece	um	outro	olhar
para	 essa	 relação.	 É	 uma	 visão	 ampliada,	 que	 considera	 não	 só	 os	 aspectos
superficiais,	como	também	os	mais	profundos	aspectos	sociais	que	interferem	na
prática	de	exercícios	no	cotidiano.
Resposta:	“B”.
QUESTÃO	14
No	tradicional	concurso	de	miss,	as	candidatas	apresentaram	dados	de
feminicídio,	abuso	sexual	e	estupro	no	país.
No	lugar	das	medidas	de	altura,	peso,	busto,	cintura	e	quadril,	dados	da
violência	 contra	 as	mulheres	 no	 Peru.	 Foi	 assim	 que	 as	 23	 candidatas	 ao
Miss	 Peru	 2017	 protestaram	 contra	 os	 altos	 índices	 de	 feminicídio	 e
abuso	sexual	no	país	no	tradicional	desflie	em	trajes	de	banho.
O	tom	político,	porém,	marcou	a	atração	desde	o	começo:	logo	no	início,
quando	as	peruanas	se	apresentaram,	uma	a	uma,	denunciaram	os	abusos
morais	e	 físicos,	a	exploração	sexual,	o	assédio,	entre	outros	crimes	contra
as	mulheres.
Disponível	em:	www.cartacapital.com.br.	Acesso	em:	29	nov.	2017.
Quanto	 à	 materialização	 da	 linguagem,	 a	 apresentação	 de	 dados
relativos	à	violência	contra	a	mulher
a)					configura	uma	discussão	sobre	os	altos	índices	de	abuso	físico	contra
as	peruanas.
b)				propõe	um	novo	formato	no	enredo	dos	concursos	de	beleza	feminina
c)					condena	o	rigor	estético	exigido	pelos	concursos	tradicionais.
d)				recupera	informações	sensacionalistas	a	respeito	desse	tema.
e)					subverte	a	função	social	da	fala	das	candidatas	a	miss.
O	que	 aconteceu	 nesse	 concurso	 foi	 que	 as	 candidatas	 a	miss,	 ao	 invés	 de
fazer	o	que	a	sociedade	estava	acostumada	(sorrir,	acenar	e	falar	coisinhas	fofas
e	 frágeis),	 fizeram	 valer	 de	 sua	 força	 e	 usaram	 aquele	 espaço	 para	 denunciar
crimes	de	abuso,	assédio	e	exploração	sexual.	Elas	subverteram	(romperam)	a
função	social	tradicional	da	fala	das	candidatas	a	miss.	Resposta:	“E”.
QUESTÃO	15
Dia	20/10
É	preciso	não	beber	mais.	Não	é	preciso	sentir	vontade	de	beber	e	não
beber:	é	preciso	não	sentir	vontade	de	beber.	É	preciso	não	dar	de	comer
aos	urubus.	É	preciso	fechar	para	balanço	e	reabrir.	É	preciso	não	dar	de
comer	aos	urubus.	Nem	esperanças	aos	urubus.	É	preciso	sacudir	a	poeira.
É	preciso	poder	beber	sem	se	oferecer	em	holocausto.	É	preciso.	É	preciso
não	 morrer	 por	 enquanto.	 É	 preciso	 sobreviver	 para	 verificar.	 Não
pensar	mais	na	solidão	de	Rogério,	e	deixá-lo.	É	preciso	não	dar	de	comer
aos	urubus.	É	preciso	enquanto	é	tempo	não	morrer	na	via	pública.
TORQUATO	NETO.	In:	MENDONÇA,	J.	(Org.)	Poesia	(im)popular	brasileira.
São	Bernardo	do	Campo:	Lamparina	Luminosa,	2012.
O	 processo	 de	 construção	 do	 texto	 formata	 uma	 mensagem	 por	 ele
dimensionada,	uma	vez	que
a)					configura	o	estreitamento	da	linguagem	poética.
b)				reflete	as	lacunas	da	lucidez	em	desconstrução.
c)					projeta	a	persistência	das	emoções	reprimidas.
d)				repercute	a	consciência	da	agonia	antecipada.
e)					revela	a	fragmentação	das	relações	humanas.
Alguém	entendeu	esse	texto?	Nossa	senhora...
Mas	ok...	depois	de	muito	ler,	até	que	não	é	tão	impossível	assim.	O	eu-lírico
está	 construindo	 um	 discurso	 imperativo	 aparentemente	 desconexo	 (não	 beba,
não	sinta	vontade,	não	dê	de	comer	aos	urubus).
Ele	dá	uma	série	de	ordens	a	si	mesmo	em	um	 fluxo	de	consciência.	Esse
“processo	 de	 construção	 do	 texto”	 repercute	 a	 consciência	 de	 uma	 agonia
antecipada:	 ele	 parece	 estar	 a	 caminho	 de	 fazer	 alguma	 coisa,	 mas	 já	 está
prevendo	 tudo	 que	 pode	 ou	 não	 pode	 fazer,	misturando	 passado	 com	presente
com	 futuro.	Algumas	 coisas	 são	 lógicas,	 e	 outras	 são	 talvez	 uma	 evocação	 de
algo	que	ele	ouviu	durante	a	vida.
Fluxo	de	consciência	é	uma	coisa	bem	doida.	Quem	nunca	leu	nenhum	texto
nesse	estilo	fica	perdido.	Mas	enfim.	Resposta:	“D”.
PS:	 Atualmente	 eu	 estou	 lendo	Ulysses,	 de	 James	 Joyce.	 E	 ele	 usa	muito
desse	recurso	de	fluxo	de	consciência.	Se	eu	tivesse	familiaridade	com	o	livro	na
época	do	ENEM,	teria	mais	facilidade	de	entender	esse	discurso	aparentemente
desconexo	 e	 provavelmente	 teria	 acertado	 a	 questão.	 É	 como	 eu	 sempre	 digo:
repertório	é	tudo.
QUESTÃO	16
Somente	 uns	 tufos	 secos	 de	 capim	 empedrados	 crescem	 na	 silenciosa
baixada	que	se	perde	de	vista.	Somente	uma	árvore,	grande	e	esgalhada	mas
com	 pouquíssimas	 folhas,	 abre-se	 em	 farrapos	 de	 sombra.	 Único	 ser	 nas
cercanias,	a	mulher	é	magra,	ossuda,	seu	rosto	está	lanhado	de	vento.	Não
se	vê	o	cabelo,	coberto	por	um	pano	desidratado.	Mas	seus	olhos,	a	boca,	a
pele	–	tudo	é	de	uma	aridez	sufocante.	Ela	está	de	pé.	A	seu	lado	está	uma
pedra.	O	sol	explode.
Ela	 estava	 de	 pé	 no	 fim	 do	 mundo.	 Como	 se	 andasse	 para	 aquela
baixada	 largando	para	 trás	suas	noções	de	si	mesma.	Não	tem	retratos	na
memória.	 Desapossada	 e	 despojada,	 não	 se	 abate	 em	 autoacusações	 e
remorsos.	Vive.
Sua	 sombra	 somente	 é	 que	 lhe	 faz	 companhia.	 Sua	 sombra,	 que	 se
derrama	em	traços	grossos	na	areia,	é	que	adoça	como	um	gesto	a	claridade
esquelética.	 A	 mulher	 esvaziada	 emudece,	 se	 dessangra,	 se	 cristaliza,	 se
mineraliza.	Já	é	quase	de	pedra	como	a	pedra	a	seu	lado.	Mas	os	traços	de
sua	sombra	caminham	e,	tornando-se	mais	longos	e	finos,	esticam-se	para	os
farrapos	de	sombra	da	ossatura	da	árvore,	com	os	quais	se	enlaçam.
FRÓES,	L.	Vertigens:	obra	reunida.	Rio	de	Janeiro:	Rocco,	1998
Na	apresentação	da	paisagem	 e	 da	personagem,	 o	 narrador	 estabelece
uma	 correlação	 de	 sentidos	 em	 que	 esses	 elementos	 se	 entrelaçam.	 Nesse
processo,	a	condição	humana	configura-se
a)		amalgamada	pelo	processo	comum	de	desertificação	e	de	solidão.
b)	fortalecida	pela	adversidade	extensiva	à	terra	e	aos	seres	vivos
c)		redimensionada	pela	intensidade	da	luz	e	da	exuberância	local.
d)	imersa	num	drama	existencial	de	identidade	e	de	origem.
e)		imobilizada	pela	escassez	e	pela	opressão	do	ambiente.
Em	primeiro	lugar:	que	texto	lindo.	A	mulher	está	em	meio	ao	nada,	somente
com	a	sombra	como	companhia	(solidão),	e	sua	condição	humana	“se	derrama”,
se	 mescla	 com	 a	 natureza	 ao	 redor.	 E	 é	 essa	 justamente	 a	 definição	 de
amálgama:	uma	junção,	uma	mistura.Resposta	certa:	“A”.	Talvez	“D”	e	“E”	deixassem	a	pessoa	na	dúvida,	mas
nada	no	texto	sugere	um	drama	existencial,	e	a	mulher	não	está	imobilizada	pela
escassez	 e	 pela	 opressão	 do	 ambiente.	 Nós	 estamos	 acostumados	 a	 ler	 textos
sobre	 seca	e	 já	associar	ao	ambiente	opressor	do	Nordeste	brasileiro.	Mas	este
texto	é	diferente.
Aqui,	a	mulher	perde	momentaneamente	sua	condição	humana	quase	como
em	um	processo	de	identificação	com	o	ambiente	desértico	à	sua	volta,	não	de
opressão.
QUESTÃO	17
Aconteceu	mais	de	uma	vez:	ele	me	abandonou.	Como	todos	os	outros.	O
quinto.	A	gente	 já	estava	 junto	há	mais	de	um	ano.	Parecia	que	dessa	vez
seria	 para	 sempre.	 Mas	 não:	 ele	 desapareceu	 de	 repente,	 sem	 deixar
rastro.	 Quando	 me	 dei	 conta,	 fiquei	 horas	 ligando	 sem	 parar	 –	 mas	 só
chamava,	chamava,	e	ninguém	atendia.	E	então	fiz	o	que	precisava	ser	feito:
bloqueei	a	linha.
A	verdade	é	que	nenhum	telefone	celular	me	suporta.	Já	tentei	de	todas
as	marcas	e	operadoras,	apenas	para	descobrir	que	eles	são	todos	iguais:	na
primeira	 oportunidade,	 dão	 no	 pé.	 Esse	 último	 aproveitou	 que	 eu	 estava
distraído	e	não	desceu	do	táxi	junto	comigo.	Ou	será	que	ele	já	tinha	pulado
do	meu	bolso	no	momento	em	que	eu	embarcava	no	táxi?	Tomara	que	sim.
Depois	 de	 fazer	 o	 que	 me	 fez,	 quero	 mais	 é	 que	 ele	 tenha	 ido	 parar	 na
sarjeta.	[…]	Se	ainda	fossem	embora	do	jeito	que	chegaram,	tudo	bem.	[…]
Mas	 já	 sei	 o	 que	 vou	 fazer.	 No	 caminho	 da	 loja	 de	 celulares,	 vou
passar	numa	papelaria.	Pensando	bem,	nenhuma	das	minhas	agendinhas	de
papel	jamais	me	abandonou.
FREIRE,	R.	Começar	de	novo.	O	Estado	de	S.	Paulo,	24	nov.	2006
Nesse	fragmento,	a	fim	de	atrair	a	atenção	do	leitor	e	de	estabelecer	um
fio	condutor	de	sentido,	o	autor	utiliza-se	de
a)		primeira	pessoa	do	singular	para	imprimir	subjetividade	ao	relato	de
mais	uma	desilusão	amorosa.
b)	 ironia	 para	 tratar	 da	 relação	 com	 os	 celulares	 na	 era	 de	 produtos
altamente	descartáveis.
c)	 	 frases	 feitas	 na	 apresentação	 de	 situações	 amorosas	 estereotipadas
para	construir	a	ambientação	do	texto.
d)	 quebra	 de	 expectativa	 como	 estratégia	 argumentativa	 para	 ocultar
informações.
e)	 	verbos	no	 tempo	pretérito	para	 enfatizar	uma	aproximação	 com	os
fatos	abordados	ao	longo	do	texto.
Lendo	 só	 o	 primeiro	 parágrafo,	 parece	 que	 é	 o	 relato	 de	 alguém	 que	 foi
abandonado	pelo	namorado/amante/esposo.	E	só	no	segundo	parágrafo	fica	claro
que	 na	 verdade	 esse	 “alguém”	 era	 o	 celular.	Há	 uma	quebra	 de	 expectativa,
mas	a	resposta	não	é	“D”	porque	essa	quebra	de	expectativa	não	tem	o	objetivo
de	ocultar	informações.	A	pergunta	do	enunciado	é:	o	que	o	autor	fez	para	atrair
a	 atenção	do	 leitor?	E	o	que	o	 autor	 fez	 foi	 usar	 frases	 feitas,	 estereótipos	de
término	 de	 relacionamento	 (“ele	 desapareceu	 de	 repente”,	 por	 exemplo),	 para
estabelecer	o	fio	condutor	da	narrativa.	Letra	“C”.
QUESTÃO	18
Enquanto	isso,	nos	bastidores	do	universo
Você	 planeja	 passar	 um	 longo	 tempo	 em	 outro	 país,	 trabalhando	 e
estudando,	mas	o	universo	está	preparando	a	chegada	de	um	amor	daqueles
de	tirar	o	chão,	um	amor	que	fará	você	jogar	fora	seu	atlas	e	criar	raízes	no
quintal	como	se	fosse	uma	figueira.
Você	 treina	 para	 a	 maratona	 mais	 desafiadora	 de	 todas,	 mas	 não
chegará	 com	 as	 duas	 pernas	 intactas	 na	 hora	 da	 largada,	 e	 a	 primeira
perplexidade	será	esta:	a	experiência	da	frustração.
O	 universo	 nunca	 entrega	 o	 que	 promete.	 Aliás,	 ele	 nunca	 prometeu
nada,	você	é	que	escuta	vozes.
No	dia	em	que	você	pensa	que	não	tem	nada	a	dizer	para	o	analista,	faz
a	revelação	mais	bombástica	dos	seus	dois	anos	de	terapia.	O	resultado	de
um	 exame	 de	 rotina	 coloca	 sua	 rotina	 de	 cabeça	 para	 baixo.	 Você	 não
imaginava	que	 iriam	 tantos	 amigos	 à	 sua	 festa,	 e	 tampouco	 imaginou	que
justo	 sua	 grande	 paixão	 não	 iria.	 Quando	 achou	 que	 estava	 bela,	 não
arrasou	corações.	Quando	saiu	sem	maquiagem	e	com	uma	camiseta	puída,
chamou	 a	 atenção.	 E	 assim	 seguem	 os	 dias	 à	 prova	 de	 planejamento	 e
contrariando	 nossas	 vontades,	 pois,	 por	 mais	 que	 tenhamos	 ensaiado
nossa	 fala	 e	 estejamos	 preparados	 para	 a	melhor	 cena,	 nos	 bastidores	 do
universo	alguém	troca	nosso	papel	de	última	hora,	tornando	surpreendente
a	nossa	vida.
MEDEIROS,	M.	O	Globo,	21	jun.	2015.
Entre	 as	 estratégias	 argumentativas	 utilizadas	 para	 sustentar	 a	 tese
apresentada	nesse	fragmento,	destaca-se	a	recorrência	de
a)	 	 estruturas	 sintáticas	 semelhantes,	 para	 reforçar	 a	 velocidade	 das
mudanças	da	vida.
b)	marcas	 de	 interlocução,	 para	 aproximar	 o	 leitor	 das	 experiências
vividas	pela	autora.
c)	 	 formas	 verbais	 no	 presente,	 para	 exprimir	 reais	 possibilidades	 de
concretização	das	ações.
d)	 construções	 de	 oposição,	 para	 enfatizar	 que	 as	 expectativas	 são
afetadas	pelo	inesperado.
e)		sequências	descritivas,	para	promover	a	identificação	do	leitor	com	as
situações	apresentadas.
Eu	fiquei	em	dúvida	entre	“B”	e	“D”.	Mas	a	resposta	é	“D”.
Até	 existe	 a	 recorrência	 de	 marcas	 de	 interlocução,	 mas	 a	 estratégia
argumentativa	para	convencer	o	leitor	é	a	recorrência	de	expectativas	frustradas:
“você	quer	X,	MAS...”.	O	mais	forte	aqui	não	é	o	“você”,	mas	essa	oposição	de
ideias,	que	enfatiza	que	as	expectativas	são	afetadas	pelo	inesperado.
Repare	que	 a	pergunta	 é	o	que	 se	destaca	 no	 trecho.	Estão	perguntando	o
que	 é	mais	 forte,	 não	 o	 que	 existe	 no	 trecho.	 É	 claro	 que	 existem	marcas	 de
interlocução	(“B”),	mas	o	ponto	principal	não	é	esse.	É	a	oposição	de	ideias!
QUESTÃO	19
A	 internet	 proporcionou	 o	 surgimento	 de	 novos	 paradigmas	 sociais	 e
impulsionou	 a	 modificação	 de	 outros	 já	 estabelecidos	 nas	 esferas	 da
comunicação	e	da	informação.	A	principal	consequência	criticada	na	tirinha
sobre	esse	processo	é	a
a)		criação	de	memes.
b)	ampliação	da	blogosfera.
c)		supremacia	das	ideias	cibernéticas.
d)	comercialização	de	pontos	de	vista.
e)		banalização	do	comércio	eletrônico.
Os	 três	 quadrinhos	 dão	 a	 entender	 que	 com	 a	 internet	 os	 pontos	 de	 vista
deixaram	de	 ser	genuínos	e	 se	 tornaram	mercadorias:	no	primeiro,	o	blogueiro
mudou	de	ideologia	para	se	tornar	“profissional”	(e	talvez	ganhar	mais	dinheiro
com	 isso);	 no	 segundo,	 memes	 e	 textões	 viraram	 produtos	 com	 preço	 bem
definidos;	e	no	terceiro	a	opinião	na	internet	virou	um	produto	bem	caro.	Tudo
faz	referência	à	comercialização	de	pontos	de	vista.
Resposta:	“D”
QUESTÃO	20
Vó	 Clarissa	 deixou	 cair	 os	 talheres	 no	 prato,	 fazendo	 a	 porcelana
estalar.	 Joaquim,	meu	primo,	 continuava	 com	o	queixo	 suspenso,	batendo
com	o	garfo	nos	lábios,	esperando	a	resposta.	Beatriz	ecoou	a	palavra	como
pergunta,	“o	que	é	 lésbica?”.	Eu	fiquei	muda.	Joaquim	sabia	sobre	mim	e
me	entregaria	para	a	vó	e,	mais	tarde,	para	toda	a	família.	Senti	um	calor
letal	subir	pelo	meu	pescoço	e	me	doer	atrás	das	orelhas.	Previ	a	cena:	vó,	a
senhora	é	lésbica?	Porque	a	Joana	é.	A	vergonha	estava	na	minha	cara	e	me
denunciava	 antes	 mesmo	 da	 delação.	 Apertei	 os	 olhos	 e	 contraí	 o	 peito,
esperando	o	tiro.	[…]
[…]	 Pensei	 na	 naturalidade	 com	 que	 Taís	 e	 eu	 levávamos	 a	 nossa
história.	Pensei	na	minha	insegurança	de	contar	isso	à	minha	família,	pensei
em	todos	os	colegas	e	professores	que	já	sabiam,	fechei	os	olhos	e	vi	a	boca
da	 minha	 vó	 e	 a	 boca	 da	 tia	 Carolina	 se	 tocando,	 apesar	 de	 todos	 os
impedimentos.	 Eu	 quis	 saber	mais,	 eu	 quis	 saber	 tudo,	mas	 não	 consegui
perguntar.
POLESSO,	N.	B.	Vó,	a	senhora	é	lésbica?	Amora.	Porto	Alegre:	Não	Editora,	2015	(fragmento)
A	situação	narrada	revela	uma	tensão	fundamentada	na	perspectiva	do
a)		conflito	com	os	interesses	de	poder.
b)	silêncio	em	nome	do	equilíbrio	familiar.
c)		medo	instaurado	pelas	ameaças	de	punição.
d)	choque	imposto	pela	distância	entre	as	gerações.
e)		apego	aos	protocolos	de	conduta	segundo	os	gêneros.
A	 tensão	 da	 situaçãonarrada	 está	 justamente	 no	 silêncio.	 A	 menina	 está
prevendo	 a	 cena	 que	 vai	 se	 desenrolar	 se	 ela	 contar	 à	 família	 sobre	 a	 sua
orientação	sexual.	Nesse	exato	momento	impera	um	silêncio	sepulcral.	O	que	vai
acontecer	 em	 seguida?	O	eu-lírico,	 apesar	 de	 levar	 com	naturalidade	 a	 própria
orientação,	não	imaginou	que	para	os	outros	aquilo	seria	um	escândalo	(a	ponto
de	ficarem	de	queixo	suspenso,	deixarem	cair	os	talheres	no	prato,	etc.).	Ela	fica
em	silêncio	para	evitar	um	escândalo	ainda	maior.	Ela	fica	em	silêncio	em	nome
do	equilíbrio	familiar.
Letra	“B”.
QUESTÃO	21
Ó	Pátria	amada,
Idolatrada,
Salve!	Salve!
Brasil,	de	amor	eterno	seja	símbolo
O	lábaro	que	ostentas	estrelado,
E	diga	o	verde-louro	dessa	flâmula
—	“Paz	no	futuro	e	glória	no	passado.”
Mas,	se	ergues	da	justiça	a	clava	forte,
Verás	que	um	filho	teu	não	foge	à	luta,
Nem	teme,	quem	te	adora,	a	própria	morte.
Terra	adorada,
Entre	outras	mil,
És	tu,	Brasil,
Ó	Pátria	amada!
Dos	filhos	deste	solo	és	mãe	gentil,
Pátria	amada,	Brasil!
Hino	Nacional	do	Brasil.	Letra:	Joaquim	Osório	Duque	Estrada.
Música:	Francisco	Manuel	da	Silva	(fragmento).
O	 uso	 da	 norma-padrão	 na	 letra	 do	 Hino	 Nacional	 do	 Brasil	 é
justificado	por	tratar-se	de	um(a)
a)		reverência	de	um	povo	a	seu	país.
b)	gênero	solene	de	característica	protocolar.
c)		canção	concebida	sem	interferência	da	oralidade.
d)	escrita	de	uma	fase	mais	antiga	da	língua	portuguesa.
e)		artefato	cultural	respeitado	por	todo	o	povo	brasileiro.
Eu	 errei	 essa	 questão	 porque	 interpretei	 errado	 o	 enunciado.	 Entendi	 que
estavam	 perguntando	 o	 porquê	 de	 o	 hino	 nacional	 ser	 tão	 rebuscado,	 mas	 na
verdade	só	estão	perguntando	por	que	foi	usada	a	norma-padrão.
E	a	norma-padrão	 foi	usada	porque	é	um	texto	oficial,	 institucional.	É	um
gênero	solene	de	característica	protocolar	(ou	seja,	é	um	texto	oficial	que	não
pode	se	dar	ao	luxo	de	usar	português	errado	ou	cheio	de	gírias).
Resposta:	“B”
QUESTÃO	22
A	fotografia	exibe	a	fachada	de	um	supermercado	em	Foz	do	Iguaçu,	cuja
localização	 transfronteiriça	 é	 marcada	 tanto	 pelo	 limite	 com	 Argentina	 e
Paraguai	quanto	pela	presença	de	outros	povos.	Essa	fachada	revela	o(a)
a)		apagamento	da	identidade	linguística.
b)	planejamento	linguístico	no	espaço	urbano.
c)		presença	marcante	da	tradição	oral	na	cidade.
d)	disputa	de	comunidades	linguísticas	diferentes.
e)		poluição	visual	promovida	pelo	multilinguismo.
A	 fachada	 com	 textos	 em	 diversos	 idiomas	 mostra	 uma	 lógica	 bem
inteligente:	 ora,	 se	 pessoas	 de	 vários	 povos	 vão	 passar	 diante	 daquele
supermercado,	 para	 atrair	 o	máximo	 de	 compradores	 possível,	 as	 informações
devem	ser	escritas	em	outros	idiomas.	Um	árabe	que	não	entende	português	não
vai	entrar	no	supermercado	se	não	souber	que	o	prédio	é	um	supermercado.
Colocaram	 vários	 idiomas	 na	 fachada	 porque	 fizeram	 um	 planejamento
linguístico	para	aquele	espaço	urbano.	Letra	“B”.
QUESTÃO	23
O	 trabalho	 não	 era	 penoso:	 colar	 rótulos,	 meter	 vidros	 em	 caixas,
etiquetá-las,	 selá-las,	 envolvê-las	 em	 papel	 celofane,	 branco,	 verde,	 azul,
conforme	 o	 produto,	 separá-las	 em	 dúzias…	 Era	 fastidioso.	 Para	 passar
mais	rapidamente	as	oito	horas	havia	o	remédio:	conversar.	Era	proibido,
mas	quem	ia	atrás	de	proibições?	O	patrão	vinha?	Vinha	o	encarregado	do
serviço?	 Calavam	 o	 bico,	 aplicavam-se	 ao	 trabalho.	 Mal	 viravam	 as
costas,	 voltavam	 a	 taramelar.	 As	 mãos	 não	 paravam,	 as	 línguas	 não
paravam.	 Nessas	 conversas	 intermináveis,	 de	 linguagem	 solta	 e	 assuntos
crus,	 Leniza	 se	 completou.	 Isabela,	 Afonsina,	 Idália,	 Jurete,	 Deolinda	 –
foram	 mestras.	 O	 mundo	 acabou	 de	 se	 desvendar.	 Leniza	 perdeu	 o
tom	ingênuo	que	ainda	podia	ter.	Ganhou	um	jogar	de	corpo	que	convida,
um	quebrar	de	olhos	que	promete	tudo,	à	toa,	gratuitamente.	Modificou-se
o	 timbre	 de	 sua	 voz.	 Ficou	 mais	 quente.	 A	 própria	 inteligência	 se
transformou.	Tornou-se	mais	aguda,	mais	trepidante
REBELO,	M.	A	estrela	sobe.	Rio	de	Janeiro:	José	Olympio,	2009.
O	romance,	de	1939,	traz	à	cena	tipos	e	situações	que	espelham	o	Rio	de
Janeiro	 daquela	 década.	 No	 fragmento,	 o	 narrador	 delineia	 esse	 contexto
centrado	no
a)		julgamento	da	mulher	fora	do	espaço	doméstico.
b)	relato	sobre	as	condições	de	trabalho	no	Estado	Novo.
c)		destaque	a	grupos	populares	na	condição	de	protagonistas.
d)	processo	de	inclusão	do	palavrão	nos	hábitos	de	linguagem.
e)		vínculo	entre	as	transformações	urbanas	e	os	papéis	femininos.
No	 início	 do	 século	 XX,	 as	 mulheres	 começaram	 a	 deixar	 o	 ambiente
doméstico	para	também	ir	trabalhar	em	fábricas.	O	contexto	(como	o	enunciado
pede),	 então,	 estava	 centrado	 no	 vínculo	 (na	 relação)	 entre	 essas
transformações	 urbanas	 e	 os	 papéis	 femininos,	 que	 não	 eram	 mais
exclusivamente	domésticos.	Letra	“E”.
QUESTÃO	24
A	imagem	da	negra	e	do	negro	em	produtos	de	beleza	e	a	estética	do
racismo
Resumo:	 Este	 artigo	 tem	 por	 finalidade	 discutir	 a	 representação	 da
população	negra,	especialmente	da	mulher	negra,	em	imagens	de	produtos
de	 beleza	 presentes	 em	 comércios	 do	 nordeste	 goiano.	 Evidencia-se	 que	 a
presença	 de	 estereótipos	 negativos	 nessas	 imagens	 dissemina	 um
imaginário	 racista	 apresentado	 sob	 a	 forma	 de	 uma	 estética	 racista	 que
camufla	a	exclusão	e	normaliza	a	inferiorização	sofrida	pelos(as)	negros(as)
na	 sociedade	 brasileira.	 A	 análise	 do	 material	 imagético	 aponta	 a
desvalorização	 estética	 do	 negro,	 especialmente	 da	 mulher	 negra,	 e	 a
idealização	da	beleza	e	do	branqueamento	a	serem	alcançados	por	meio	do
uso	 dos	 produtos	 apresentados.	 O	 discurso	 midiático-publicitário	 dos
produtos	 de	 beleza	 rememora	 e	 legitima	 a	 prática	 de	 uma	 ética
racista	construída	e	atuante	no	cotidiano.	Frente	a	essa	discussão,	sugere-se
que	o	trabalho	antirracismo,	feito	nos	diversos	espaços	sociais,	considere	o
uso	 de	 estratégias	 para	 uma	 “descolonização	 estética”	 que	 empodere	 os
sujeitos	 negros	 por	 meio	 de	 sua	 valorização	 estética	 e	 protagonismo	 na
construção	de	uma	ética	da	diversidade.
Palavras-chave:	Estética,	racismo,	mídia,	educação,	diversidade.
SANT’ANA,	J.	A	imagem	da	negra	e	do	negro	em	produtos	de	beleza	e	a	estética	do	racismo.	Dossiê:	trabalho	e	educação
básica.	Margens	Interdisciplinar.
Versão	digital.	Abaetetuba,	n.16,jun.	2017	(adaptado).
O	 cumprimento	 da	 função	 referencial	 da	 linguagem	 é	 uma	 marca
característica	 do	 gênero	 resumo	 de	 artigo	 acadêmico.	 Na	 estrutura	 desse
texto,	essa	função	é	estabelecida	pela
a)	 	 impessoalidade,	 na	 organização	 da	 objetividade	 das	 informações,
como	em	“Este	artigo	tem	por	finalidade”	e	“Evidencia-se”.
b)	 	 seleção	 lexical,	 no	 desenvolvimento	 sequencial	 do	 texto,	 como	 em
“imaginário	racista”	e	“estética	do	negro”.
c)		metaforização,	relativa	à	construção	dos	sentidos	figurados,	como	nas
expressões	“descolonização	estética”	e	“discurso	midiático-publicitário”.
d)	 	 nominalização,	 produzida	 por	 meio	 de	 processos	 derivacionais	 na
formação	de	palavras,	como	“inferiorização”	e	“desvalorização”.
e)	 	 adjetivação,	 organizada	 para	 criar	 uma	 terminologia	 antirracista,
como	em	“ética	da	diversidade”	e	“descolonização	estética”.
Outra	vez	função	referencial!	 Importante	estudar	as	 funções	da	 linguagem
mesmo!	E	o	 texto	 aqui	 é	 um	 resumo	de	 artigo	 científico,	 que	deve	 ser	 o	mais
instrutivo	e	menos	rebuscado	possível.	É	função	referencial	pura.
Mas	 o	 que	 estabelece	 a	 função	 referencial?	 Não	 é	 o	 desenvolvimento
sequencial	 do	 texto	 como	 a	 letra	 “B”	 está	 dizendo.	 Existem	 textos
completamente	metafóricos	em	que	o	desenvolvimento	ainda	é	sequencial.	Então
o	 que	 realmente	 caracteriza	 a	 função	 referencial	 é	 a	 impessoalidade,	 a
organização	e	a	objetividade.	Letra	“A”.
QUESTÃO	25
ROSA,	R.	Grande	sertão:	veredas:	adaptação	da	obra	de	João	Guimarães	Rosa.	São	Paulo:	Globo,	2014	(adaptado).
Aimagem	 integra	 uma	 adaptação	 em	 quadrinhos	 da	 obra	 Grande
sertão:	 veredas,	 de	 Guimarães	 Rosa.	 Na	 representação	 gráfica,	 a	 inter-
relação	de	diferentes	linguagens	caracteriza-se	por
a)		romper	com	a	linearidade	das	ações	da	narrativa	literária.
b)	ilustrar	de	modo	fidedigno	passagens	representativas	da	história.
c)		articular	a	tensão	do	romance	à	desproporcionalidade	das	formas.
d)	 potencializar	 a	 dramaticidade	 do	 episódio	 com	 recursos	 das	 artes
visuais.
e)	 	desconstruir	 a	 diagramação	 do	 texto	 literário	 pelo	 desequilíbrio	 da
composição.
Questão	interessante.	Letras	“A”,	“C”,	“D”	e	“E”	fazem	total	sentido.	Mas	a
pergunta	 é:	 a	 inter-relação	 das	diferentes	 linguagens	 tem	 por	 característica	 o
quê?	Qual	a	característica	dessa	inter-relação?
“A”:	O	que	rompe	a	linearidade	é	a	sobreposição	dos	quadrinhos,	e	isso	é	só
linguagem	visual.	Não	tem	a	ver	com	a	inter-relação	de	linguagens.
“C”:	O	que	articula	a	tensão	à	desproporcionalidade	das	formas	também	é	só
a	linguagem	visual.	Não	é	a	inter-relação	entre	linguagem	visual	e	escrita	que	faz
isso.
“E”:	Sobre	a	diagramação...	mesma	coisa.	A	diagramação	é	100%	linguagem
visual,	não	a	inter-relação	entre	as	linguagens.
“A”,	“C”	e	“E”	 fazem	referência	puramente	ao	estilo	de	desenho,	mas	não
fazem	 referência	 ao	 texto	 escrito.	 E	 o	 enunciado	 quer	 justamente	 dessa	 inter-
relação	de	linguagens:	visual	+	escrita.
Então	só	a	“D”	é	certa:	os	elementos	da	 linguagem	visual	potencializam	a
força	da	mensagem	escrita.	A	letra	“D”	fala	justamente	dessa	inter-relação,	e	por
isso	ela	é	a	certa.
QUESTÃO	26
Tanto	 os	 Jogos	 Olímpicos	 quanto	 os	 Paralímpicos	 são	 mais	 que	 uma
corrida	por	recordes,	medalhas	e	busca	da	excelência.	Por	trás	deles	está	a
filosofia	 do	 barão	 Pierre	 de	 Coubertin,	 fundador	 do	 Movimento
Olímpico.	 Como	 educador,	 ele	 viu	 nos	 Jogos	 a	 oportunidade	 para	 que	 os
povos	desenvolvessem	valores,	que	poderiam	ser	aplicados	não	somente	ao
esporte,	 mas	 à	 educação	 e	 à	 sociedade.	 Existem	 atualmente	 sete	 valores
associados	aos	Jogos.	Os	valores	olímpicos	são:	a	amizade,	a	excelência	e	o
respeito,	enquanto	os	valores	paralímpicos	são:	a	determinação,	a	coragem,
a	igualdade	e	a	inspiração.
MIRAGAYA,	 A.	 Valores	 para	 toda	 a	 vida.	 Disponível	 em:	 www.esporteessencial.com.br.	 Acesso	 em:	 9	 ago.	 2017
(adaptado).
No	contexto	das	aulas	de	Educação	Física	escolar,	os	valores	olímpicos	e
paralímpicos	podem	ser	identificados	quando	o	colega
a)	 	 procura	 entender	 o	 próximo,	 assumindo	 atitudes	 positivas	 como
simpatia,	empatia,	honestidade,	compaixão,	confiança	e	solidariedade,	o	que
caracteriza	o	valor	da	igualdade.
b)	faz	com	que	todos	possam	ser	iguais	e	receber	o	mesmo	tratamento,
assegurando	 imparcialidade,	 oportunidades	 e	 tratamentos	 iguais	 para
todos,	o	que	caracteriza	o	valor	da	amizade.
c)	 	dá	o	melhor	de	si	na	vivência	das	diversas	atividades	relacionadas	ao
esporte	 ou	 aos	 jogos,	 participando	 e	 progredindo	 de	 acordo	 com	 seus
objetivos,	o	que	caracteriza	o	valor	da	coragem.
d)	manifesta	 a	 habilidade	 de	 enfrentar	 a	 dor,	 o	 sofrimento,	 o	medo,	 a
incerteza	 e	 a	 intimidação	 nas	 atividades,	 agindo	 corretamente	 contra	 a
vergonha,	 a	 desonra	 e	 o	 desânimo,	 o	 que	 caracteriza	 o	 valor	 da
determinação.
e)	 	 inclui	 em	 suas	 ações	 o	 fair	 play	 (jogo	 limpo),	 a	 honestidade,	 o
sentimento	positivo	de	consideração	por	outra	pessoa,	o	conhecimento	dos
seus	 limites,	 a	valorização	de	 sua	própria	 saúde	 e	o	 combate	ao	doping,	 o
que	caracteriza	o	valor	do	respeito.
Essa	questão	foi	um	completo	chute	para	mim.	E	eu	ainda	errei.
Mas	vamos	por	eliminação:
Não	pode	ser	“A”	porque	empatia	e	compaixão	não	têm	a	ver	com	igualdade.
Muito	 pelo	 contrário:	 assume-se	 aqui	 que	 existem	 desigualdades,	 porque	 não
seria	necessário	empatia	se	todos	fossem	iguais.
Não	pode	ser	“B”	porque	amizade	não	tem	a	ver	com	assegurar	tratamentos
iguais.	Amizade	é	mais	que	isso.	Nessa	“B”,	parecem	estar	falando	de	respeito
ou	algo	do	tipo.	Uma	relação	mais	distante	que	amizade.
Não	pode	ser	“C”	porque	coragem	não	 tem	a	ver	com	isso.	O	 texto	parece
estar	 falando	de	 determinação,	 de	 não	desistir	 nunca.	Coragem	 tem	a	 ver	 com
enfrentar	seus	medos.
Eu	realmente	não	faço	 ideia	de	por	que	não	pode	ser	“D”.	E	não	encontrei
em	 nenhum	 lugar	 uma	 resposta	 adequada.	 Perdão...	 (recebi	 um	 comentário	 no
Instagram	dizendo	que	é	porque	os	valores	de	"C"	e	 "D"	estão	 invertidos:	 "C"
seria	 determinação,	 e	 "D"	 seria	 coragem.	 Deve	 ser	 isso	 mesmo.	 Valeu,	 João
kkkk)	A	resposta	é	“E”,	porque	o	jogo	limpo	e	todas	essas	outras	práticas	estão
relacionadas	ao	respeito	pelos	outros	esportistas	e	pela	dignidade	do	esporte	em
si.
QUESTÃO	27
Mais	big	do	que	bang
A	 comunidade	 científica	 mundial	 recebeu,	 na	 semana	 passada,	 a
confirmação	oficial	de	uma	descoberta	sobre	a	qual	se	 falava	com	enorme
expectativa	 há	 alguns	 meses.	 Pesquisadores	 do	 Centro	 de	 Astrofísica
Harvard-Smithsonian	revelaram	ter	obtido	a	mais	forte	evidência	até	agora
de	que	o	universo	em	que	vivemos	começou	mesmo	pelo	Big	Bang,	mas	este
não	foi	explosão,	e	sim	uma	súbita	expansão	de	matéria	e	energia	infinitas
concentradas	 em	 um	 ponto	 microscópico	 que,	 sem	 muitas	 opções
semânticas,	 os	 cientistas	 chamam	 de	 “singularidade”.	 Essa	 semente
cósmica	 permanecia	 em	 estado	 latente	 e,	 sem	 que	 exista	 ainda
uma	explicação	definitiva,	começou	a	inchar	rapidamente	[…].	No	intervalo
de	 um	 piscar	 de	 olhos,	 por	 exemplo,	 seria	 possível,	 portanto,	 que
ocorressem	mais	de	10	trilhões	de	Big	Bangs.
ALLEGRETTI,	F.	Veja,	26	mar.	2014	(adaptado).
No	título	proposto	para	esse	texto	de	divulgação	científica,	ao	dissociar
os	elementos	da	expressão	Big	Bang,	a	autora	revela	a	intenção	de
a)	 	evidenciar	a	descoberta	recente	que	comprova	a	explosão	de	matéria
e	energia.
b)	resumir	os	resultados	de	uma	pesquisa	que	trouxe	evidências	para	a
teoria	do	Big	Bang.
c)	 	 sintetizar	 a	 ideia	 de	que	 a	 teoria	 da	 expansão	de	matéria	 e	 energia
substitui	a	teoria	da	explosão.
d)	destacar	a	experiência	que	confirma	uma	investigação	anterior	sobre
a	teoria	de	matéria	e	energia.
e)	 	condensar	a	conclusão	de	que	a	explosão	de	matéria	e	energia	ocorre
em	um	ponto	microscópico.
A	 pergunta	 é	 sobre	 o	 título,	 então	 a	 primeira	 coisa	 que	 você	 deve	 fazer	 é
circular	 bem	 forte	 o	 título:	 “Mais	 big	 do	 que	 bang”.	 Ao	 ler	 o	 texto,	 a	 gente
entende	que	o	título	mostra	de	um	jeito	jocoso	que	o	“Big	Bang”	na	verdade	não
teve	um	“BANG”.	Foi	só	big	mesmo,	uma	expansão	silenciosa.
O	título	é	uma	síntese	de	toda	a	ideia	do	texto.	Resposta:	“C”.
QUESTÃO	28
Nessa	campanha,	a	principal	estratégia	para	convencer	o	leitor	a	fazer	a
reciclagem	do	lixo	é	a	utilização	da	linguagem	não	verbal	como	argumento
para
a)		reaproveitamento	de	material.
b)	facilidade	na	separação	do	lixo.
c)		melhoria	da	condição	do	catador.
d)	preservação	de	recursos	naturais.
e)		geração	de	renda	para	o	trabalhador.
A	pergunta	é	sobre	 linguagem	não	verbal,	então	vamos	focar	na	 linguagem
não	 verbal.	 Temos	 a	 garrafa	 PET	 e	 uns	 desenhos	 bonitos	 que	 eu	 não	 saberia
fazer.	Por	que	a	campanha	usou	esses	elementos?	 (Ou	seja,	 essa	estratégia	 de
usar	 linguagem	não	verbal	 foi	argumento	 para	 quê?)	Repare	que	os	 desenhos
mostram	justamente	o	que	a	garrafa	PET	pode	se	tornar	caso	seja	reaproveitada
(“tecido	novo”,	de	acordo	com	o	texto).	Logo,	os	recursos	visuais	foram	usados
como	argumento	para	ilustrar	a	necessidade	de	reaproveitamento	de	material.
Letra	“A”.
QUESTÃO	29
TEXTO	I
Também	 chamados	 impressões	 ou	 imagens	 fotogramáticas	 […],	 os
fotogramas	 são,	 numa	 definição	 genérica,	 imagens	 realizadas	 sem	 a
utilização	 da	 câmera	 fotográfica,	 por	 contato	 direto	 de	 um	 objeto	 ou
material	com	uma	superfície	fotossensível	exposta	a	uma	fonte	de	luz.	Essa
técnica,	 que	 nasceu	 junto	 com	 a	 fotografia	 e	 serviu	 de	 modeloa	 muitas
discussões	 sobre	 a	 ontologia	 da	 imagem	 fotográfica,	 foi	 profundamente
transformada	pelos	artistas	da	vanguarda,	nas	primeiras	décadas	do	século
XX.	 Representou	 mesmo,	 ao	 lado	 das	 colagens,	 fotomontagens	 e	 outros
procedimentos	 técnicos,	 a	 incorporação	 definitiva	 da	 fotografa	 à	 arte
moderna	e	seu	distanciamento	da	representação	figurativa.
COLUCCI,	M.	B.	Impressões	fotogramáticas	e	vanguardas:	as	experiências	de	Man	Ray.	Studium,	n.	2,	2000.
TEXTO	II
No	 fotograma	 de	 Man	 Ray,	 o	 “distanciamento	 da	 representação
figurativa”	a	que	se	refere	o	Texto	I	manifesta-se	na
a)		ressignificação	do	jogo	de	luz	e	sombra,	nos	moldes	surrealistas.
b)	imposição	do	acaso	sobre	a	técnica,	como	crítica	à	arte	realista.
c)		composição	experimental,	fragmentada	e	de	contornos	difusos.
d)	abstração	radical,	voltada	para	a	própria	linguagem	fotográfica.
e)		imitação	de	formas	humanas,	com	base	em	diferentes	objetos.
“Distanciamento	 da	 representação	 figurativa”...	 nossa,	 que	 jeito	 difícil	 de
falar	que	as	 imagens	 já	não	são	mais	100%	realistas.	Por	 isso	é	 importante	 ter
uma	 boa	 carga	 de	 leitura,	 senão	 frases	 mais	 complicadas	 como	 essa	 podem
tomar	muito	tempo	até	a	pessoa	interpretar.
Mas	 enfim!	 Nesse	 fotograma	 de	 Man	 Ray,	 a	 ausência	 de	 realismo	 se
manifesta	 em	 quê?	 Não	 é	 uma	 abstração	 radical	 (“D”),	 porque	 ainda	 dá	 para
saber	 do	 que	 se	 trata	 a	 imagem,	 então	 só	 nos	 resta	 a	 letra	 “C”:	 composição
experimental,	fragmentada	e	de	contornos	difusos.
Como	 toda	 arte	 de	 vanguarda,	 o	 artista	 começou	 a	 experimentar	 o	 que
conseguiria	 fazer	 com	 aquelas	 técnicas.	 Ele	 foi	 experimentando	 composições
(arranjo	dos	elementos	na	cena),	e	o	resultado	é	uma	imagem	fragmentada	com
contornos	difusos.
QUESTÃO	30
Eu	sobrevivi	do	nada,	do	nada
Eu	não	existia
Não	tinha	uma	existência
Não	tinha	uma	matéria
Comecei	existir	com	quinhentos	milhões
e	quinhentos	mil	anos
Logo	de	uma	vez,	já	velha
Eu	não	nasci	criança,	nasci	já	velha
Depois	é	que	eu	virei	criança
E	agora	continuei	velha
Me	transformei	novamente	numa	velha
Voltei	ao	que	eu	era,	uma	velha
PATROCÍNIO,	S.	In:	MOSÉ,	V.	(Org	).	Reino	dos	bichos	e	dos	animais	é	meu	nome.	Rio	de	Janeiro:	Azougue,	2009
Nesse	poema	de	Stela	do	Patrocínio,	a	singularidade	da	expressão	lírica
manifesta-se	na
a)		representação	da	infância,	redimensionada	no	resgate	da	memória.
b)	associação	de	imagens	desconexas,	articuladas	por	uma	fala	delirante.
c)	 	 expressão	 autobiográfica,	 fundada	 no	 relato	 de	 experiências	 de
alteridade.
d)	 incorporação	 de	 elementos	 fantásticos,	 explicitada	 por	 versos
incoerentes
e)	 	 transgressão	 à	 razão,	 ecoada	 na	 desconstrução	 de	 referências
temporais.
O	discurso	rompe	com	a	lógica	temporal	linear	a	que	estamos	acostumados:
passado	e	presente	se	entrelaçam,	e	a	velhice	já	não	está	mais	à	frente	da	infância
(ou	vice-versa).	A	mulher	nasceu	velha,	voltou	a	ser	criança	e	voltou	a	ser	velha.
Há	 uma	 ruptura	 da	 linearidade,	 uma	 transgressão	 à	 razão,	 à	 lógica,	 que	 se
manifesta	 nessa	 desconstrução	 de	 referências	 temporais.	 Infância	 e	 velhice
são	uma	coisa	só.	Resposta:	“E”.
Lendo	de	novo	essa	questão,	eu	me	perguntei:	“por	que	não	pode	ser	C?”.	E
acredito	 que	 não	 possa	 ser	 C	 porque	 o	 texto	 não	 relata	 uma	 experiência	 de
alteridade.	Na	 verdade,	 tanto	 a	 velha	 quanto	 a	 criança	 são	 o	 próprio	 eu-lírico.
Alteridade	 se	 refere	a	enxergar	a	 si	mesmo	no	outro,	 e	nesse	caso	não	há	um
outro.	São	duas	versões	da	mesma	pessoa.
QUESTÃO	31
A	história	do	futebol	é	uma	triste	viagem	do	prazer	ao	dever.	[…]	O	jogo
se	 transformou	 em	 espetáculo,	 com	 poucos	 protagonistas	 e	 muitos
espectadores,	 futebol	 para	 olhar,	 e	 o	 espetáculo	 se	 transformou	 num	 dos
negócios	mais	lucrativos	do	mundo,	que	não	é	organizado	para	ser	jogado,
mas	 para	 impedir	 que	 se	 jogue.	 A	 tecnocracia	 do	 esporte	 profissional	 foi
impondo	 um	 futebol	 de	 pura	 velocidade	 e	 muita	 força,	 que	 renuncia	 ã
alegria,	 atrofia	 a	 fantasia	 e	 proíbe	 a	 ousadia.	 Por	 sorte	 ainda	 aparece
nos	campos,	[…]	algum	atrevido	que	sai	do	roteiro	e	comete	o	disparate	de
driblar	 o	 time	 adversário	 inteirinho,	 além	 do	 juiz	 e	 do	 público	 das
arquibancadas,	 pelo	 puro	 prazer	 do	 corpo	 que	 se	 lança	 na	 proibida
aventura	da	liberdade.
O	texto	indica	que	as	mudanças	nas	práticas	corporais,	especificamente
no	futebol,
a)	 	fomentaram	uma	tecnocracia,	promovendo	uma	vivência	mais	lúdica
e	irreverente.
b)	 promoveram	 o	 surgimento	 de	 atletas	 mais	 habilidosos,	 para	 que
fossem	inovadores.
c)	 	incentivaram	a	associação	dessa	manifestação	à	fruição,	favorecendo
o	improviso.
d)	 tornaram	 a	modalidade	 em	 um	 produto	 a	 ser	 consumido,	 negando
sua	dimensão	criativa.
e)	 	 contribuíram	 para	 esse	 esporte	 ter	 mais	 jogadores,	 bem	 como
acompanhado	de	torcedores.
O	 autor	 já	 começa	 lastimando	 que	 o	 futebol	 perdeu	 seu	 caráter	 criativo	 e
“genuíno”	 para	 se	 tornar	 mero	 espetáculo,	 algo	 construído	 para	 agradar	 às
massas.	 Ou	 seja:	 para	 o	 autor,	 o	 futebol	 atual	 matou	 o	 espírito	 criativo	 do
esporte.	 As	 mudanças	 nas	 práticas	 corporais	 tornaram	 a	 modalidade	 em	 um
produto	a	ser	consumido,	negando	sua	dimensão	criativa.	Letra	“D”.
QUESTÃO	32
Fotografia:	LUCAS	HALLEL.	Disponível	em:	www.flickr.com.	Acesso	em:	16	abr.	2018	(adaptado)
O	 grupo	 O	 Teatro	 Mágico	 apresenta	 composições	 autorais	 que	 têm
referências	 estéticas	 do	 rock,	 do	 pop	 e	 da	 música	 folclórica	 brasileira.	 A
originalidade	dos	 seus	 shows	 tem	 relação	 com	a	 ópera	 europeia	 do	 século
XIX	a	partir	da
a)		disposição	cênica	dos	artistas	no	espaço	teatral.
b)	integração	de	diversas	linguagens	artísticas.
c)		sobreposição	entre	música	e	texto	literário.
d)	manutenção	de	um	diálogo	com	o	público.
e)		adoção	de	um	enredo	como	fio	condutor.
A	 pergunta	 foi	 meio	 confusa.	 Em	 outras	 palavras,	 querem	 saber	 em	 que
ponto	os	shows	do	Teatro	Mágico	se	assemelham	às	óperas	europeias	do	século
XIX.	 E	 pela	 imagem	 fica	 claro	 que	 os	 shows	 deles	 são	 uma	 mistura	 de
linguagens	artísticas:	teatro,	música,	efeitos	de	iluminação,	etc.
Quem	já	 foi	numa	ópera	 (ou	quem	já	viu	em	algum	filme,	 série,	etc.)	 sabe
que	as	apresentações	também	integram	várias	linguagens	artísticas.	Para	resumir
bem	(mal)	o	que	é	uma	ópera,	é	um	“teatro	cantado”.
E	esse	é	o	principal	ponto	de	convergência	entre	os	dois.	Letra	“B”.
A	 letra	 “E”	 também	 traz	 uma	 característica	 das	 óperas,	 mas	 nada	 na	 foto
explicita	 que	 o	 grupo	 Teatro	 Mágico	 também	 tenha	 um	 enredo	 como	 fio
condutor	dos	espetáculos.
QUESTÃO	33
A	trajetória	de	Liesel	Meminger	é	contada	por	uma	narradora	mórbida,
surpreendentemente	simpática.	Ao	perceber	que	a	pequena	ladra	de	livros
lhe	escapa,	a	Morte	afeiçoa-se	à	menina	e	rastreia	suas	pegadas	de	1939	a
1943.	 Traços	 de	 uma	 sobrevivente:	 a	 mãe	 comunista,	 perseguida	 pelo
nazismo,	 envia	 Liesel	 e	 o	 irmão	 para	 o	 subúrbio	 pobre	 de	 uma	 cidade
alemã,	onde	um	casal	se	dispõe	a	adotá-los	por	dinheiro.	O	garoto	morre	no
trajeto	e	é	enterrado	por	um	coveiro	que	deixa	cair	um	livro	na	neve.	É	o
primeiro	 de	 uma	 série	 que	 a	menina	 vai	 surrupiar	 ao	 longo	 dos	 anos.	 O
único	vínculo	com	a	família	é	esta	obra,	que	ela	ainda	não	sabe	ler.
A	vida	ao	redor	é	a	pseudorrealidade	criada	em	torno	do	culto	a	Hitler
na	 Segunda	 Guerra.	 Ela	 assiste	 à	 eufórica	 celebração	 do	 aniversário	 do
Führer	pela	vizinhança.	A	Morte,	perplexa	diante	da	violência	humana,	dá
um	tom	 leve	e	divertido	à	narrativa	deste	duro	confronto	entre	a	 infância
perdida	e	a	crueldade	do	mundo	adulto,	um	sucesso	absoluto	–	e	raro	–	de
crítica	e	público.
Disponível	em:	www.odevoradordelivros.com.	Acesso	em:	24jun.	2014
Os	gêneros	textuais	podem	ser	caracterizados,	dentre	outros	fatores,	por
seus	objetivos.	Esse	fragmento	é	um(a)
a)		reportagem,	pois	busca	convencer	o	interlocutor	datese	defendida	ao
longo	do	texto.
b)	resumo,	pois	promove	o	contato	rápido	do	leitor	com	uma	informação
desconhecida.
c)		sinopse,	pois	sintetiza	as	informações	relevantes	de	uma	obra	de	modo
impessoal.
d)	 instrução,	pois	 ensina	algo	por	meio	de	 explicações	 sobre	uma	obra
específica.
e)		resenha,	pois	apresenta	uma	produção	intelectual	de	forma	crítica.
Quem	 já	 teve	 a	 curiosidade	 de	 procurar	 resenhas	 de	 filmes	 ou	 livros	 nem
precisou	pensar	muito	para	responder.	O	texto	apresenta	não	apenas	um	resumo,
mas	 elementos	 que	 transmitem	 a	 opinião	 pessoal	 do	 autor	 (“atriz	 simpática”,
“um	tom	leve	e	divertido”).	Logo,	trata-se	de	uma	resenha,	pois	apresenta	uma
produção	intelectual	de	forma	crítica.	Resposta:	“E”.
PS:	Aqui,	“crítica”	quer	dizer	“avaliativa”,	e	não	“condenatória”.	Falar	bem
de	alguma	coisa	também	é	fazer	uma	crítica.	É	uma	crítica	positiva.
QUESTÃO	34
As	 duas	 imagens	 são	 produções	 que	 têm	 a	 cerâmica	 como	 matéria-
prima.	 A	 obra	 Estrutura	 vertical	 dupla	 se	 distingue	 da	 urna	 funerária
marajoara	ao
a)		evidenciar	a	simetria	na	disposição	das	peças.
b)	materializar	a	técnica	sem	função	utilitária.
c)		abandonar	a	regularidade	na	composição.
d)	anular	possibilidades	de	leituras	afetivas.
e)		integrar	o	suporte	em	sua	constituição.
Aqui	você	pode	 ter	 ficado	em	dúvida	entre	“B”	e	“C”.	Eu	mesmo	fiquei,	e
marquei	 “C”.	 Mas	 a	 resposta	 certa	 é	 “B”.	 Isso	 porque	 a	 Estrutura	 vertical
dupla,	apesar	de	abandonar	a	regularidade	na	composição,	não	tenha	isso	como
sua	função	principal.	O	artista	não	criou	essa	obra	com	a	finalidade	de	abandonar
a	regularidade	na	composição.	Por	se	tratar	de	arte	moderna,	a	principal	função
foi	justamente	a	de	romper	com	a	função	utilitária	da	arte.
Arte	moderna	 tem	muito	 disso.	 E	muita	 gente	 que	 vai	 em	museus	 de	 arte
moderna	se	perguntam:	“Por	que	o	cara	fez	isso	se	não	serve	para	nada?”
E,	 bem...	 a	 arte	 em	 si	 já	 serve	 para	muita	 coisa.	Nesse	 caso,	 a	 técnica	 de
criação	 já	é	a	arte.	Logo,	as	duas	se	diferem	porque	a	Estrutura	vertical	dupla
materializa	a	técnica	sem	a	pretensão	de	ter	uma	função	utilitária.
QUESTÃO	35
o	que	será	que	ela	quer
essa	mulher	de	vermelho
alguma	coisa	ela	quer
pra	ter	posto	esse	vestido
não	pode	ser	apenas
uma	escolha	casual
podia	ser	um	amarelo
verde	ou	talvez	azul
mas	ela	escolheu	vermelho
ela	sabe	o	que	ela	quer
e	ela	escolheu	vestido
e	ela	é	uma	mulher
então	com	base	nesses	fatos
eu	já	posso	afirmar
que	conheço	o	seu	desejo
caro	watson,	elementar:
o	que	ela	quer	sou	euzinho
sou	euzinho	o	que	ela	quer
só	pode	ser	euzinho
o	que	mais	podia	ser
FREITAS,	A.	Um	útero	é	do	tamanho	de	um	punho.	São	Paulo:	Cosac	Naify,	2013.
No	processo	de	elaboração	do	poema,	a	autora	confere	ao	eu	lírico	uma
identidade	que	aqui	representa	a
a)		hipocrisia	do	discurso	alicerçado	sobre	o	senso	comum.
b)	mudança	de	paradigmas	de	imagem	atribuídos	à	mulher.
c)		tentativa	de	estabelecer	preceitos	da	psicologia	feminina.
d)	importância	da	correlação	entre	ações	e	efeitos	causados.
e)		valorização	da	sensibilidade	como	característica	de	gênero.
O	 texto	 reproduz	 o	 discurso	 hipócrita	 que	 alguns	 homens	 usam	 para
justificar	a	violência	sofrida	por	muitas	mulheres.	“Usando	essa	roupa,	queria	o
quê?”	 E	 é	 essa	 identidade	 que	 o	 eu-lírico	 assume.	 É	 um	 discurso	 pobre,
falacioso	e	alicerçado	sobre	o	senso	comum.
Letra	“A”.
QUESTÃO	36
O	rio	que	fazia	uma	volta	atrás	de	nossa	casa	era	a	imagem	de	um	vidro
mole	que	fazia	uma	volta	atrás	de	casa.
Passou	um	homem	e	disse:	Essa	volta	que	o	rio	faz	por	trás	de	sua	casa
se	chama	enseada.	Não	era	mais	a	imagem	de	uma	cobra	de	vidro	que	fazia
uma	volta	atrás	de	casa.
Era	uma	enseada.
Acho	que	o	nome	empobreceu	a	imagem.
BARROS,	M.	O	livro	das	ignorãças.	Rio	de	Janeiro:	Best	Seller,	2008.
O	sujeito	poético	questiona	o	uso	do	vocábulo	“enseada”	porque	a
a)		terminologia	mencionada	é	incorreta.
b)	nomeação	minimiza	a	percepção	subjetiva.
c)		palavra	é	aplicada	a	outro	espaço	geográfico.
d)	designação	atribuída	ao	termo	é	desconhecida.
e)		definição	modifica	o	significado	do	termo	no	dicionário.
Pausa	 para	 exaltar	 a	 beleza	 desse	 texto.	 É	 de	 uma	 pureza	 e	 simplicidade
maravilhosa.	O	eu-lírico	 imaginava	a	volta	que	o	 rio	dava	como	uma	cobra	de
vidro,	uma	descrição	altamente	imaginativa	e	subjetiva	da	realidade.
Veio	o	homem	e	disse	para	ele	o	nome	 real:	 enseada.	E	a	 realidade	ceifou
toda	 a	 subjetividade	 da	 cena.	 Esse	 simples	 ato	 de	 dar	 um	 nome	 (nomeação)
minimizou	a	percepção	subjetiva	do	eu-lírico.
Letra	“B”.
QUESTÃO	37
“Acuenda	o	Pajubá”:	conheça	o	“dialeto	secreto”	utilizado	por	gays	e
travestis
Com	origem	no	iorubá,	linguagem	foi	adotada	por	travestis	e	ganhou	a
comunidade
“Nhaí,	amapô!	Não	faça	a	loka	e	pague	meu	acué,	deixe	de	equê	se	não
eu	puxo	teu	picumã!”	Entendeu	as	palavras	dessa	 frase?	Se	sim,	é	porque
você	manja	alguma	coisa	de	pajubá,	o	“dialeto	secreto”	dos	gays	e	travestis.
Adepto	 do	 uso	 das	 expressões,	 mesmo	 nos	 ambientes	 mais	 formais,	 um
advogado	afirma:	“É	claro	que	eu	não	vou	falar	durante	uma	audiência	ou
numa	 reunião,	 mas	 na	 firma,	 com	 meus	 colegas	 de	 trabalho,	 eu	 falo	 de
‘acué’	 o	 tempo	 inteiro”,	 brinca.	 “A	 gente	 tem	 que	 ter	 cuidado	 de	 falar
outras	palavras	porque	hoje	o	pessoal	já	entende,	né?	Tá	na	internet,	tem	té
dicionário…”,		comenta.
O	 dicionário	 a	 que	 ele	 se	 refere	 é	 o	 Aurélia,	 a	 dicionária	 da	 Ungua
afíada,	 lançado	no	 ano	de	 2006	 e	 escrito	pelo	 jornalista	Angelo	Vip	 e	 por
Fred	 Libi.	 Na	 obra,	 há	 mais	 de	 1	 300	 verbetes	 revelando	 o	 significado
das	palavras	do	pajubá.
Não	 se	 sabe	 ao	 certo	 quando	 essa	 linguagem	 surgiu,	 mas	 sabe-se	 que
há	 claramente	 uma	 relação	 entre	 o	 pajubá	 e	 a	 cultura	 africana,	 numa
costura	iniciada	ainda	na	época	do	Brasil	colonial.
Disponível	em:	www.midiamax.com.br.	Acesso	em:	4	abr.	2017	(adaptado)
Da	 perspectiva	 do	 usuário,	 o	 pajubá	 ganha	 status	 de	 dialeto,
caracterizando-se	 como	 elemento	 de	 patrimônio	 linguístico,	 especialmente
por
a)		ter	mais	de	mil	palavras	conhecidas.
b)	ter	palavras	diferentes	de	uma	linguagem	secreta.
c)		ser	consolidado	por	objetos	formais	de	registro.
d)	ser	utilizado	por	advogados	em	situações	formais.
e)		ser	comum	em	conversas	no	ambiente	de	trabalho.
No	momento	 em	 que	 passa	 a	 conter	 um	 elemento	 de	 registro	 próprio	 (um
dicionário,	o	Aurélia),	o	pajubá	deixa	de	ser	apenas	um	conjunto	de	gírias.	Ele
ganhou	 status	 de	 dialeto,	 ou	 seja,	 formalizou-se	 como	 uma	 manifestação
cultural	de	um	grupo.
E	 esse	 status	 se	 deve	 ao	 fato	 de	 o	 pajubá	 ter	 sido	 agora	 consolidado	 por
objetos	formais	de	registro.	Letra	“C”.
QUESTÃO	38
Certa	vez	minha	mãe	surrou-me	com	uma	corda	nodosa	que	me	pintou
as	costas	de	manchas	sangrentas.	Moído,	virando	a	cabeça	com	dificuldade,
eu	 distinguia	 nas	 costelas	 grandes	 lanhos	 vermelhos.	 Deitaram-
me,	 enrolaram-me	 em	 panos	 molhados	 com	 água	 de	 sal	 –	 e	 houve	 uma
discussão	na	família.	Minha	avó,	que	nos	visitava,	condenou	o	procedimento
da	filha	e	esta	afligiu-se.	Irritada,		ferira-me	ã	toa,	sem	querer.	Não	guardei
ódio	a	minha	mãe:	o	culpado	era	o	nó.
RAMOS,	G.	Infância.	Rio	de	Janeiro:	Record,	1998.
Num	texto	narrativo,	a	sequência	dos	fatos	contribui	para	a	progressão
temática.	No	fragmento,	esse	processo	é	indicado	pela
a)		alternância	das	pessoas	do	discurso	que	determinam	o	foco	narrativo.
b)	utilização	de	formas	verbais	que	marcam	tempos	narrativos	variados.
c)	 	 indeterminação	 dos	 sujeitos	 de	 ações	 que	 caracterizam	 os	 eventos
narrados.
d)	 justaposição	 de	 frases	 que	 relacionam	 semanticamente	 os
acontecimentos	narrados.
e)		recorrência	de	expressões	adverbiais	que	organizam	temporalmente	a
narrativa.
A	 importância	 de	 ler	 o	 enunciado	 antes	 do	 texto	 é	 evidente	 nesta	 questão.
Porque	a	pergunta	não	tem	nada	a	ver	com	o	conteúdo	do	texto	em	si,	e	sim	na
estratégia	 de	 construção	 dele.	 Sevocê	 não	 lesse	 o	 enunciado	 antes,	 ia	 ficar
tentando	 imaginar	 o	 que	 será	 que	 a	 pergunta	 iria	 pedir.	 E	 ao	 finalmente	 ler	 a
pergunta	teria	que	voltar	ao	texto	para	ler	tudo	de	novo.
Enfim,	 a	 pergunta	 foi:	 como	 o	 autor	 promove	 a	 progressão	 temática?	 Ou
seja,	 como	 ele	 avança	 a	 narrativa?	 E	 o	 que	 ele	 faz	 é	 justamente	 usar	 tempos
verbais	 diferentes:	 pretérito	 perfeito,	 imperfeito	 e	 mais-que-perfeito.	 Isso	 faz
com	que	o	leitor	tenha	a	sensação	de	progressão	das	cenas:	cenas	pontuais	(“ela
bateu”)	são	sobrepostas	a	cenas	que	se	alongam	no	 tempo	(“eu	distinguia	 ...”),
avançando	a	narrativa	sem	que	ela	se	torne	monótona.	Resposta:	“B”.
QUESTÃO	39
Essa	 imagem	 ilustra	a	 reação	dos	celíacos	 (pessoas	 sensíveis	ao	glúten)
ao	ler	rótulos	de	alimentos	sem	glúten.	Essas	reações	indicam	que,	em	geral,
os	rótulos	desses	produtos
a)		trazem	informações	explícitas	sobre	a	presença	do	glúten.
b)	oferecem	várias	opções	de	sabor	para	esses	consumidores.
c)		classificam	o	produto	como	adequado	para	o	consumidor	celíaco.
d)	 influenciam	 o	 consumo	 de	 alimentos	 especiais	 para	 esses
consumidores.
e)		variam	na	forma	de	apresentação	de	informações	relevantes	para	esse
público.
Achei	essa	questão	meio	difícil	(inclusive	errei),	mas	a	informação	principal
é	que	alguns	rótulos	trazem	apenas	a	informação	“sem	glúten”,	enquanto	outros
trazem	 “sem	 glúten”	 +	 o	 preço	 (3º	 emoji),	 enquanto	 outros	 trazem	 o	 “sem
glúten”	+	o	preço	+	um	apelo	ao	sabor	(4º	emoji).	Cada	marca	escolhe	o	que	vai
destacar	no	rótulo.	A	forma	de	convencer	o	consumidor	muda	de	acordo	com	a
marca,	que	decide	o	que	é	relevante	ou	não	para	se	colocar	no	rótulo	além	da
informação	“sem	glúten”.	Logo,	os	rótulos	de	produtos	para	celíacos	variam	na
forma	de	apresentação	de	informações	relevantes	para	esse	público.	Alguns
ainda	apresentam	essas	informações	todas	erradas.	GRRRR!
Resposta:	“E”.
QUESTÃO	40
ABL	lança	novo	concurso	cultural:
“Conte	o	conto	sem	aumentar	um	ponto”
Em	 razão	 da	 grande	 repercussão	 do	 concurso	 de	 Microcontos	 do
Twitter	da	ABL,	o	Abletras,	a	Academia	Brasileira	de	Letras	lançou	no	dia
do	seu	aniversário	de	113	anos	um	novo	concurso	cultural	intitulado	“Conte
o	 conto	 sem	 aumentar	 um	 ponto”,	 baseado	 na	 obra	 A	 cartomante,	 de
Machado	de	Assis.
“Conte	 o	 conto	 sem	 aumentar	 um	 ponto”	 tem	 como	 objetivo	 dar	 um
final	 distinto	 do	 original	 ao	 conto	 A	 cartomante,	 de	 Machado	 de	 Assis,
utilizando-se	 o	 mesmo	 número	 de	 caracteres	 –	 ou	 inferior	 –	 que
Machado	concluiu	seu	trabalho,	ou	seja,	1	778	caracteres.
Vale	 ressaltar	 que,	 para	 participar	 do	 concurso,	 o	 concorrente	 deverá
ser	seguidor	do	Twitter	da	ABL,	o	Abletras.
Disponível	em:	www.academia.org.br.	Acesso	em:	18	out.	2015	(adaptado)
O	Twitter	 é	 reconhecido	 por	 promover	 o	 compartilhamento	 de	 textos.
Nessa	 notícia,	 essa	 rede	 social	 foi	 utilizada	 como	 veículo/suporte	 para	 um
concurso	literário	por	causa	do(a)
a)		limite	predeterminado	de	extensão	do	texto.
b)	interesse	pela	participação	de	jovens.
c)		atualidade	do	enredo	proposto.
d)	fidelidade	a	fatos	cotidianos.
e)		dinâmica	da	sequência	narrativa.
Importante	 destacar	 que	 o	 “concurso	 literário”	 do	 enunciado	 não	 é	 o
concurso	“Conte	o	conto	sem	aumentar	um	ponto”.	Afinal,	1778	caracteres	é	um
pouquinho	maior	do	que	o	Twitter	permite.	A	pergunta	na	verdade	se	refere	ao
outro	concurso	literário	de	microcontos	da	ABL,	o	anterior.	Esse,	sim,	foi	pelo
Twitter.	E	o	Twitter	foi	suporte	para	esse	concurso	anterior	porque	há	um	limite
predeterminado	de	extensão	do	texto.	Letra	“A”.
Eu	fiquei	muito	perdido	nessa	questão	porque	achei	que	os	1778	caracteres
iriam	 ser	 escritos	 no	 Twitter,	 e	 isso	 me	 deixou	 completamente	 confuso.	 Só
depois	 de	 muito	 tempo	 que	 eu	 me	 toquei	 que	 estavam	 falando	 do	 concurso
anterior.
QUESTÃO	41
Nesse	 texto,	 busca-se	 convencer	 o	 leitor	 a	 mudar	 seu	 comportamento
por	meio	da	associação	de	verbos	no	modo	imperativo	à
a)		indicação	de	diversos	canais	de	atendimento.
b)	divulgação	do	Centro	de	Defesa	da	Mulher.
c)		informação	sobre	a	duração	da	campanha.
d)	apresentação	dos	diversos	apoiadores.
e)		utilização	da	imagem	das	três	mulheres.
A	pergunta	é	sobre	a	associação	dos	verbos	no	modo	 imperativo	a	alguma
outra	 coisa,	 algum	 outro	 recurso	 linguístico.	 A	 peça	 associa	 os	 verbos	 no
indicativo	à	imagem	das	três	mulheres.	Esses	dois	elementos	juntos	são	usados
para	convencer	a	pessoa	a	denunciar.	Letra	“E”.
A	 resposta	 não	 é	 “A”	 porque	 os	 canais	 de	 atendimento	 estão	 ali	 para
estimular	o	comportamento	de	denúncia,	mas	não	estão	associados	 aos	verbos
no	 imperativo.	 São	 o	 “complemento”	 do	 anúncio:	 depois	 de	 a	 pessoa	 ter	 sido
sensibilizada	com	a	associação	entre	imagem	e	texto,	ela	vai	ler	os	números	e
ligar	para	denunciar.
QUESTÃO	42
A	Casa	de	Vidro
Houve	protestos.
Deram	uma	bola	a	cada	criança	e	tempo	para	brincar.	Elas	aprenderam
malabarismos	incríveis	e	algumas	viajavam	pelo	mundo	exibindo	sua	alegre
habilidade.	 (O	problema	é	que	muitos,	a	maioria,	não	tinham	jeito	e	eram
feios	de	noite,	assustadores.	Seria	melhor	prender	essa	gente	–	havia	quem
dissesse.)
Houve	protestos.
Aumentaram	 o	 preço	 da	 carne,	 liberaram	 os	 preços	 dos	 cereais	 e
abriram	crédito	a	juros	baixos	para	o	agricultor.	O	dinheiro	que	sobrasse,
bem,	digamos,	ora	o	dinheiro	que	sobrasse!
Houve	protestos.
Diminuíram	 os	 salários	 (infelizmente	 aumentou	 o	 número	 de	 assaltos)
porque	precisamos	combater	a	inflação	e,	como	se	sabe,	quando	os	salários
estão	 acima	 do	 índice	 de	 produtividade	 eles	 se	 tornam
altamente	inflacionários,	de	modo	que.
Houve	protestos.
Proibiram	os	protestos.
E	no	 lugar	dos	protestos	nasceu	o	ódio.	Então	surgiu	a	Casa	de	Vidro,
para	acabar	com	aquele	ódio.
ÂNGELO,	I.	A	casa	de	vidro.	São	Paulo:	Círculo	do	Livro,	1985.
Publicado	em	1979,	o	texto	compartilha	com	outras	obras	da	literatura
brasileira	 escritas	no	período	as	marcas	 o	 contexto	 em	que	 foi	produzido,
como	a
a)		referência	à	censura	e	à	opressão	para	alegorizar	a	falta	de	liberdade
de	expressão	característica	da	época.
b)	valorização	de	situações	do	cotidiano	para	atenuar	os	sentimentos	de
revolta	em	relação	ao	governo	instituído.
c)	 	utilização	de	metáforas	e	ironias	para	expressar	um	olhar	crítico	em
relação	à	situação	social	e	política	do	país.
d)	tendência	realista	para	documentar	com	verossimilhança	o	drama	da
população	brasileira	durante	o	Regime	Militar.
e)	 	 sobreposição	das	manifestações	populares	pelo	discurso	oficial	para
destacar	o	autoritarismo	do	momento	histórico.
O	texto	faz	referência	ao	período	da	censura	durante	o	regime	militar.	Traz
situações	 reais	 daquele	 momento,	 mas	 não	 de	 uma	 maneira	 excessivamente
jornalística	 (que	 “D”	 dá	 a	 entender).	 É	 um	 texto	 artístico,	 literário,	mas	 não	 é
“alegórico”.	Uma	alegoria	é	como	uma	“fábula”,	em	que	uma	história	traz	uma
lição	 oculta.	Mas	 não	 há	 uma	 lição	 oculta	 no	 texto,	 apenas	 uma	metáfora	no
primeiro	parágrafo:	uma	história	 sobre	“crianças”	para	denunciar	as	prisões	do
regime	por	motivos	pouco	evidentes,	apenas	pelo	que	a	pessoa	aparentava	ser.	Já
o	6º	parágrafo	é	todo	irônico.
Logo,	 o	 autor	 usa	 metáforas	 e	 ironias	 para	 expressar	 um	 olhar	 crítico	 em
relação	à	situação	social	e	política	do	país.	Letra	“C”.
QUESTÃO	43
Encontrando	 base	 em	 argumentos	 supostamente	 científicos,	 o	mito	 do
sexo	 frágil	 contribuiu	 historicamente	 para	 controlar	 as	 práticas	 corporais
desempenhadas	 pelas	 mulheres.	 Na	 história	 do	 Brasil,	 exatamente	 na
transição	entre	os	séculos	XIX	e	XX,	destacam-se	os	esforços	para	impedir	a
participação	da	mulher	no	campo	das	práticas	esportivas.	As	desconfianças
em	 relação	 à	 presença	 da	 mulher	 no	 esporte	 estiveram	 culturalmente
associadas	 ao	 medo	 de	 masculinizar	 o	 corpo	 feminino	 pelo	 esforço	 físico
intenso.	 Em	 relação	 ao	 futebol	 feminino,	 o	 mitodo	 sexo	 frágil	 atuou
como	 obstáculo	 ao	 consolidar	 a	 crença	 de	 que	 o	 esforço	 físico	 seria
inapropriado	para	proteger	 a	 feminilidade	da	mulher	 “normal”.	Tal	mito
sustentou	 um	 forte	 movimento	 contrário	 à	 aceitação	 do	 futebol	 como
prática	 esportiva	 feminina.	 Leis	 e	 propagandas	 buscaram	 desacreditar	 o
futebol,	considerando-o	 inadequado	á	delicadeza.	Na	verdade,	as	mulheres
eram	 consideradas	 incapazes	 de	 se	 adequar	 ás	 múltiplas	 dificuldades	 do
“esporte-rei”.
TEIXEIRA,	 F	 L.	 S.;	 CAMINHA,	 I.	 O.	 Preconceito	 no	 futebol	 feminino:	 uma	 revisão	 sistemática.	Movimento,	 Porto
Alegre,	n.	1,2013	(adaptado).
No	 contexto	 apresentado,	 a	 relação	 entre	 a	 prática	 do	 futebol	 e	 as
mulheres	é	caracterizada	por	um
a)		argumento	biológico	para	justificar	desigualdades	históricas	e	sociais.
b)	discurso	midiático	que	atua	historicamente	na	desconstrução	do	mito
do	sexo	frágil.
c)		apelo	para	a	preservação	do	futebol	como	uma	modalidade	praticada
apenas	pelos	homens.
d)	 olhar	 feminista	 que	 qualifica	 o	 futebol	 como	 uma	 atividade
masculinizante	para	as	mulheres.
e)		receio	de	que	sua	inserção	subverta	o	“esporte-rei”	ao	demonstrarem
suas	capacidades	de	jogo.
A	resposta	 já	 está	no	 começo:	o	mito	do	 sexo	 frágil	 teve	por	muito	 tempo
embasamento	 científico	 com	 argumentos	 biológicos	 de	 por	 que	 a	mulher	 era
mais	frágil	que	o	homem.	Ao	longo	do	texto	os	autores	demonstram	como	esses
argumentos	“justificavam”	a	desigualdade	entre	gêneros:	“Ah,	as	mulheres	 são
mais	fracas,	delicadas...	futebol	não	é	para	elas”.
Resposta:	“A”.
QUESTÃO	44
Farejador	de	Plágio:	uma	ferramenta	contra	a
cópia	ilegal
No	mundo	acadêmico	ou	nos	veículos	de	comunicação,	as	cópias	ilegais
podem	surgir	de	diversas	maneiras,	sendo	integrais,	parciais	ou	paráfrases.
Para	 ajudar	 a	 combater	 esse	 crime,	 o	professor	Maximiliano	Zambonatto
Pezzin,	engenheiro	de	computação,	desenvolveu	junto	com	os	seus	alunos	o
programa	 Farejador	 de	 Plágio.	O	 programa	 é	 capaz	 de	 detectar:	 trechos
contínuos	 e	 fragmentados,	 frases	 soltas,	 partes	 de	 textos	 reorganizadas,
frases	 reescritas,	 mudanças	 na	 ordem	 dos	 períodos	 e	 erros	 fonéticos	 e
sintáticos.	Mas	como	o	programa	realmente	funciona?	Considerando	o	texto
como	uma	sequência	de	palavras,	a	ferramenta	analisa	e	busca	trecho	por
trecho	 nos	 sites	 de	 busca,	 assim	 como	 um	 professor	 desconfiado	 de
um	aluno	faria.	A	diferença	é	que	o	programa	permite	que	se	pesquise	em
vários	buscadores,	gerando	assim	muito	mais	resultados.
Disponível	em:	http://reporterunesp.jor.br.	Acesso	em:	19	mar.	2018
Segundo	o	texto,	a	ferramenta	Farejador	de	Plágio	alcança	seu	objetivo
por	meio	da
a)		seleção	de	cópias	integrais.
b)	busca	em	sites	especializados.
c)		simulação	da	atividade	docente.
d)	comparação	de	padrões	estruturais.
e)		identificação	de	sequência	de	fonemas.
A	 resposta	 está	 no	 segundo	 parágrafo:	 o	 programa	 é	 capaz	 de	 identificar
diversos	trechos,	fragmentos,	frases	soltas,	etc.	E	ela	pesquisa	esses	trechos	em
vários	sites	de	busca	para	ver	se	eles	já	existem	ou	se	são	originais.	Ou	seja:	ele
compara	os	trechos	do	texto	com	trechos	já	existentes	e	disponíveis	na	internet.
É	feita	uma	comparação	dos	padrões	que	formam	o	texto.
Letra	“D”.
QUESTÃO	45
TEXTO	I
TEXTO	II
Stephen	 Lund,	 artista	 canadense,	 morador	 em	 Victoria,	 capital	 da
Colúmbia	 Britânica	 (Canadá),	 transformou-se	 em	 fenômeno	 mundial
produzindo	 obras	 de	 arte	 virtuais	 pedalando	 sua	 bike.	 Seguindo
rotas	 traçadas	 com	 o	 auxílio	 de	 um	 dispositivo	 de	 GPS,	 ele	 calcula	 ter
percorrido	mais	de	10	mil	quilômetros.
Disponível	em:	www.booooooom.com.	Acesso	em:	9	dez.	2017	(adaptado)
Os	textos	destacam	a	inovação	artística	proposta	por	Stephen	Lund	a	partir
do(a)
a)		deslocamento	das	tecnologias	de	suas	funções	habituais.
b)	perspectiva	de	funcionamento	do	dispositivo	de	GPS.
c)		ato	de	guiar	sua	bicicleta	pelas	ruas	da	cidade.
d)	análise	dos	problemas	de	mobilidade	urbana.
e)		foco	na	promoção	cultural	da	sua	cidade.
A	pergunta	é	sobre	a	inovação	artística,	não	sobre	as	características	da	arte
de	Stephen	Lund	em	si.	“B”,	“C”	e	“E”	são	características	da	obra	dele,	mas	a
inovação	 artística	 é	 que	 ele	 subverte	 a	 função	 usual	 do	 GPS.	 Ele	 desloca	 a
tecnologia	de	suas	funções	habituais	(se	orientar	no	espaço)	para	transformar	os
padrões	desenhados	em	arte.	Resposta:	“A”.
Ciências	Humanas	e	suas	Tecnologias
QUESTÃO	46
No	Segundo	Congresso	internacional	de	Ciências	Geográficas,	em	1875,
a	que	compareceram	o	presidente	da	República,	o	governador	de	Paris	e	o
presidente	da	Assembleia,	o	discurso	 inaugural	do	almirante	La	Roucière-
Le	 Noury	 expôs	 a	 atitude	 predominante	 no	 encontro:	 “Cavalheiros,	 a
Providência	 nos	 ditou	 a	 obrigação	 de	 conhecer	 e	 conquistar	 a	 terra.	Essa
ordem	 suprema	 é	 um	 dos	 deveres	 imperiosos	 inscritos	 em	 nossas
inteligências	 e	 nossas	 atividades.	A	 geografia,	 essa	 ciência	 que	 inspira	 tão
bela	devoção	e	em	cujo	nome	foram	sacrificadas	tantas	vítimas,	tornou-se	a
filosofia	da	terra”.
SAID,	E.	Cultura	e	política.	São	Paulo:	Cia.	das	Letras,	1995.
No	 contexto	 histórico	 apresentado,	 a	 exaltação	 da	 ciência	 geográfica
decorre	do	seu	uso	para	o(a)
a)					preservação	cultural	dos	territórios	ocupados.
b)				formação	humanitária	da	sociedade	europeia.
c)					catalogação	de	dados	úteis	aos	propósitos	colonialistas.
d)				desenvolvimento	de	técnicas	matemáticas	de	construção	de	cartas.
e)					consolidação	do	conhecimento	topográfico	como	campo	acadêmico.
A	chave	da	questão	é	o	trecho	“conhecer	e	conquistar	a	terra”.	A	ciência
geográfica	 viria,	 portanto,	 não	 para	 conhecer	 simplesmente	 por	 conhecer,	mas
para	conhecer	a	terra	com	um	propósito	bem	definido:	o	de	conquistar.
Ao	 final	 do	 século	 XIX	 (1875,	 no	 caso),	 as	 nações	 europeias	 estavam
expandindo	 seus	 territórios,	 desbravando	 novas	 terras	 (principalmente	 na
África).	É	o	contexto	do	neocolonialismo.	Mas	não	precisava	saber	disso	para
matar	a	questão.	Era	só	interpretação	de	texto.	Resposta:	letra	“C”.
QUESTÃO	47
A	existência	em	Jerusalém	de	um	hospital	voltado	para	o	alojamento	e	o
cuidado	 dos	 peregrinos,	 assim	 como	 daqueles	 entre	 eles	 que	 estavam
cansados	 ou	 doentes,	 fortaleceu	 o	 elo	 entre	 a	 obra	 de	 assistência	 e	 de
caridade	e	a	Terra	Santa.	Ao	fazer,	em	1113,	do	Hospital	de	Jerusalém	um
estabelecimento	central	da
ordem,	Pascoal	II	estimulava	a	filiação	dos	hospitalários	do	Ocidente	a	ele,
sobretudo	daqueles	que	estavam	ligados	à	peregrinação	na	Terra	Santa	ou
em	outro	 lugar.	A	militarização	do	Hospital	de	Jerusalém	não	diminuiu	a
vocação	caritativa	primitiva,	mas	a	fortaleceu.
DEMURGER,	A.	Os	Cavaleiros	de	Cristo.	Rio	de	Janeiro:	Jorge	Zahar,	2002	(adaptado).
O	acontecimento	descrito	vincula-se	ao	fenômeno	ocidental	do(a)
a)					surgimento	do	monasticismo	guerreiro,	ocasionado	pelas	cruzadas.
b)				descentralização	do	poder	eclesiástico,	produzida	pelo	feudalismo.
c)					alastramento	da	peste	bubônica,	provocado	pela	expansão	comercial.
d)	 	 	 	 afirmação	 da	 fraternidade	 mendicante,	 estimulada	 pela	 reforma
espiritual.
e)	 	 	 	 	criação	das	 faculdades	de	medicina,	promovida	pelo	renascimento
urbano.
Essa	 questão	 foi	 muitíssimo	 específica,	 mas	 eu	 não	 reclamo	 tanto	 porque
acertei	hehehe.	No	“chute”,	mas	acertei.	A	resposta	é	“A”.
O	 que	 me	 fez	 marcar	 “A”	 foi	 o	 trecho	 “militarização	 do	 Hospital	 de
Jerusalém”.	 O	 texto	 dá	 a	 entender	 que	 a	 Igreja	 Católica	 promoveu	 a
militarização	de	 suas	 instituições	 religiosas.	E	esse	processo	de	militarização	é
justamente	o	que	aconteceu	durante	as	cruzadas:	expedições	católicas	militares
com	a	missão	de	retomar	a	Terra	Santa.
E	 a	 parte	 de	 monasticismo	 guerreiro	 tem	 a	 ver	 justamente	 com	 os
guerreiros	dessas	expedições	(templários,	por	exemplo).
Não	 foi	 o	 jeito	 “certo”	 de	 resolver,	mas	 por	 interpretação	 de	 texto	 até	 que
dava	paramatar	se	você	tinha	alguma	noção	do	que	foram	as	cruzadas.	E	o	que
mais	 tem	 nesse	mundo	 é	 filme	 retratando	 as	 cruzadas,	 então	 é	 como	 eu	 digo:
repertório	é	tudo.
QUESTÃO	48
A	tribo	não	possui	um	rei,	mas	um	chefe	que	não	é	chefe	de	Estado.	O
que	 significa	 isso?	 Simplesmente	 que	 o	 chefe	 não	 dispõe	 de	 nenhuma
autoridade,	 de	 nenhum	 poder	 de	 coerção,	 de	 nenhum	 meio	 de	 dar	 uma
ordem.	O	chefe	não	é	um	comandante,	as	pessoas	da	tribo	não	têm	nenhum
dever	 de	 obediência.	 O	 espaço	 da	 chefia	 não	 é	 o	 lugar	 do	 poder.
Essencialmente	 encarregado	 de	 eliminar	 conflitos	 que	 podem	 surgir	 entre
indivíduos,	 famílias	 e	 linhagens,	 o	 chefe	 só	 dispõe,	 para	 restabelecer	 a
ordem	 e	 a	 concórdia,	 do	 prestígio	 que	 lhe	 reconhece	 a	 sociedade.	 Mas
evidentemente	prestígio	não	 significa	poder,	 e	 os	meios	que	o	 chefe	detém
para	 realizar	 sua	 tarefa	 de	 pacificador	 limitam-se	 ao	 uso	 exclusivo	 da
palavra.
CLASTRES,	P.	A	sociedade	contra	o	Estado.	Rio	de	Janeiro:	Francisco	Alves,	1982	(adaptado).
O	modelo	político	das	sociedades	discutidas	no	texto	contrasta	com	o	do
Estado	liberal	burguês	porque	se	baseia	em:
a)					Imposição	ideológica	e	normas	hierárquicas.
b)				Determinação	divina	e	soberania	monárquica.
c)					Intervenção	consensual	e	autonomia	comunitária.
d)				Mediação	jurídica	e	regras	contratualistas.
e)					Gestão	coletiva	e	obrigações	tributárias.
De	 novo,	 interpretação	 de	 texto.	 Você	 nem	 precisaria	 se	 preocupar	 com	 a
pergunta	 de	 “como	 esse	modelo	 difere	 do	 Estado	 liberal	 burguês”,	 porque	 na
verdade	 só	 precisava	 encontrar	 uma	 alternativa	 que	 descrevesse	 o	 modelo	 do
texto.	O	modelo	do	texto	se	baseia	em	quê?
E	 a	 resposta	 é	 “C”:	 intervenção	 consensual	 e	 autonomia	 comunitária.
Intervenção	consensual	porque	o	chefe	da	tribo	não	podia	impor	sua	decisão:	seu
poder	limitava-se	ao	uso	exclusivo	da	palavra.	Ou	seja:	ele	tinha	que	convencer
os	outros,	e	o	diálogo,	o	consenso,	 seria	necessário	para	uma	mudança.	Mas	o
chefe	não	 tinha	poder	de	 fato;	o	poder	estava	nas	mãos	da	comunidade.	Havia
uma	autonomia	comunitária.
QUESTÃO	49
O	filósofo	reconhece-se	pela	posse	inseparável	do	gosto	da	evidência	e	do
sentido	da	ambiguidade.	Quando	se	limita	a	suportar	a	ambiguidade,	esta	se
chama	 equívoco.	 Sempre	 aconteceu	que,	mesmo	aqueles	 que	pretenderam
construir	uma	filosofia	absolutamente	positiva,	sô	conseguiram	ser	filósofos
na	medida	em	que,	simultaneamente,	se	recusaram	o	direito	de	se	 instalar
no	 saber	 absoluto.	 O	 que	 caracteriza	 o	 filósofo	 é	 o	 movimento	 que	 leva
incessantemente	do	saber	à	ignorância,	da	ignorância	ao	saber,	e	um	certo
repouso	neste	movimento.
MERLEAU-PONTY,	M.	Elogio	da	filosofia.	Lisboa:	Guimarães,	1998	(adaptado).
O	texto	apresenta	um	entendimento	acerca	dos	elementos	constitutivos
da	atividade	do	filósofo,	que	se	caracteriza	por
a)					reunir	os	antagonismos	das	opiniões	ao	método	dialético.
b)				ajustar	a	clareza	do	conhecimento	ao	inatismo	das	ideias.
c)					associar	a	certeza	do	intelecto	à	imutabilidade	da	verdade.
d)				conciliar	o	rigor	da	investigação	à	inquietude	do	questionamento.
e)	 	 	 	 	 compatibilizar	 as	 estruturas	 do	 pensamento	 aos	 princípios
fundamentais.
O	texto	foca	bastante	nessa	transição	entre	certeza	e	incerteza.	O	filósofo	ora
tem	 certeza,	 ora	 já	 não	 tem	 mais.	 As	 dúvidas	 que	 advêm	 da	 investigação
rigorosa	 e	 as	 consequentes	 dúvidas	 desse	 processo	 rompem	 com	 todas	 as
certezas	que	o	filósofo	teve,	 tornando-as	incertezas,	que	geram	mais	dúvidas,	e
assim	 sucessivamente.	 A	 atividade	 do	 filósofo,	 portanto,	 se	 caracteriza	 por
conciliar	o	rigor	da	investigação	à	inquietude	do	questionamento.	Letra	“D”.
A	letra	“A”	até	que	faz	sentido,	mas	o	método	dialético	envolve	muito	mais
uma	avaliação	de	dois	pontos	de	vista	(antagonismos	das	opiniões)	que	a	recusa
à	 certeza.	 São	 dois	 conceitos	 próximos	 (e	 talvez	 até	 interligados),	mas	 aqui	 a
“D”	está	mais	certa.
QUESTÃO	50
Esse	 ônibus	 relaciona-se	 ao	 ato	 praticado,	 em	 1955,	 por	 Rosa	 Parks,
apresentada	 em	 fotografia	 ao	 lado	 de	 Martin	 Luther	 King.	 O	 veículo
alcançou	o	estatuto	de	obra	museológica	por	simbolizar	o(a)
a)					impacto	do	medo	da	corrida	armamentista.
b)				democratização	do	acesso	à	escola	pública.
c)					preconceito	de	gênero	no	transporte	coletivo.
d)				deflagração	do	movimento	por	igualdade	civil.
e)					eclosão	da	rebeldia	no	comportamento	juvenil.
Pode	ser	uma	questão	muito	específica	(e	é	mesmo),	mas	o	ENEM	nunca	vai
te	 cobrar	 algo	 tão	 específico	 assim	 sem	 te	 dar	 “pistas”.	 Se	 a	 Rosa	 Parks	 está
retratada	ao	 lado	de	Martin	Luther	King,	não	deve	ser	por	acaso,	né?	E	qual	a
principal	 causa	 defendida	 por	 Martin	 Luther	 King	 foi	 a	 luta	 contra	 a
desigualdade	racial	(quem	nunca	ouviu	falar	do	discurso	“I	have	a	dream”,	não	é
mesmo?).	 Ou	 seja:	 Luther	 King	 defendia	 a	 igualdade	 civil	 entre	 negros	 e
brancos.	E,	pela	nossa	lógica,	Rosa	Parks	devia	ter	os	mesmos	princípios.	Logo,
muito	provável	que	a	 resposta	 seja	a	“D”.	E	não	é	que	é	 isso	mesmo?	Foi	um
chute	bem-intencionado	que	deu	certo.
(Aos	 curiosos,	 um	 artigo	 da	Wikipedia	 sobre	 o	movimento	 de	 boicote	 aos
ônibus	 de	 Montgomery	 que	 deflagrou	 o	 movimento	 por	 igualdade	 civil)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Boicote_aos_%C3%B4nibus_de_Montgomery
https://pt.wikipedia.org/wiki/Boicote_aos_%C3%B4nibus_de_Montgomery
QUESTÃO	51
Desde	 que	 tenhamos	 compreendido	 o	 significado	 da	 palavra	 “Deus”,
sabemos,	 de	 imediato,	 que	 Deus	 existe.	 Com	 efeito,	 essa	 palavra	 designa
uma	coisa	de	tal	ordem	que	não	podemos	conceber	nada	que	lhe	seja	maior.
Ora,	o	que	existe	na	realidade	e	no	pensamento	é	maior	do	que	o	que	existe
apenas	no	pensamento.	Donde	se	segue	que	o	objeto	designado	pela	palavra
“Deus”,	 que	 existe	 no	 pensamento,	 desde	 que	 se	 entenda	 essa	 palavra,
também	existe	na	realidade.	Por	conseguinte,	a
existência	de	Deus	é	evidente
TOMÁS	DE	AQUINO.	Suma	teológica.	Rio	de	Janeiro:	Loyola,	2002.
O	 texto	 apresenta	 uma	 elaboração	 teórica	 de	 Tomás	 de	 Aquino
caracterizada	por
a)					reiterar	a	ortodoxia	religiosa	contra	os	heréticos.
b)				sustentar	racionalmente	doutrina	alicerçada	na	fé.
c)					explicar	as	virtudes	teologais	pela	demonstração.
d)				flexibilizar	a	interpretação	oficial	dos	textos	sagrados.
e)					justificar	pragmaticamente	crença	livre	de	dogmas.
Lembra	 do	 que	 eu	 falei	 sobre	 raciocínio	 lógico	 lá	 em	 cima?	Esse	 texto	 de
Tomás	 de	 Aquino	 é	 raciocínio	 lógico	 puro:	 “Se	 a	 palavra	 ‘Deus’	 existe	 no
pensamento,	então	ela	existe	na	 realidade.	Logo,	Deus	existe”.	Concorde	você
ou	não	com	isso,	essa	é	uma	tentativa	de	sustentar	racionalmente	(por	meio	da
razão,	 da	 lógica)	 uma	 crença	 alicerçada	 originalmente	 na	 fé.	 Letra	 “B”.
Tomás	 de	 Aquino	 foi	 um	 dos	 maiores	 expoentes	 da	 escolástica	 medieval,
movimento	 que	 tentou	 conciliar	 argumentos	 racionais	 com	 as	 explicações
religiosas.
QUESTÃO	52
TEXTO	I
Tudo	aquilo	que	é	válido	para	um	tempo	de	guerra,	em	que	todo	homem
é	inimigo	de	todo	homem,	é	válido	também	para	o	tempo	durante	o	qual	os
homens	vivem	sem	outra	segurança	senão	a	que	lhes	pode	ser	oferecida	por
sua	própria	força	e	invenção.
HOBBES,	T.	Leviatã.	São	Paulo:	Abril	Cultural,	1983
TEXTO	II
Não	 vamos	 concluir,	 com	Hobbes	 que,	 por	 não	 ter	 nenhuma	 ideia	 de
bondade,	 o	 homem	 seja	 naturalmente	mau.	 Esse	 autor	 deveria	 dizer	 que,
sendo	o	estado	de	natureza	aquele	em	que	o	cuidado	de	nossa	conservação	é
menos	 prejudicial	 à	 dos	 outros,	 esse	 estado	 era,	 por	 conseguinte,	 o	 mais
próprio	à	paz	e	o	mais	conveniente
ao	gênero	humano.
ROUSSEAU,	J.-J.	Discurso	sobre	a	origem	e	o	fundamento	da	desigualdade	entre	os	homens.	São	Paulo:	Martins	Fontes,
1993	(adaptado).
Os	 trechos	 apresentam	 divergências	 conceituais	 entre	 autores	 que
sustentam	um	entendimento	segundo	o	qual	a	igualdade	entre	os	homens	se
dáem	razão	de	uma
a)					predisposição	ao	conhecimento.
b)				submissão	ao	transcendente.
c)					tradição	epistemológica.
d)				condição	original.
e)					vocação	política.
Uma	 questão	 difícil	 porque	 pede	 justamente	 para	 ler	 os	 dois	 textos	 e
encontrar	 um	 ponto	 de	 divergência	 conceitual.	 Mas	 quem	 sabia	 o	 básico	 de
filósofos	contratualistas	matava	a	questão	só	de	ler	o	nome	dos	autores:	Hobbes
e	 Rousseau.	 Os	 filósofos	 contratualistas	 (Locke,	 Hobbes	 e	 Rousseau	 são	 os
principais)	 acreditavam	 que	 em	 um	 passado	 remoto	 o	 homem	 vivia	 em	 uma
condição	natural,	selvagem,	e	que	para	a	sociedade	existir	havia	a	necessidade	de
um	pacto	 social:	os	 indivíduos	 abriam	mão	de	 sua	 liberdade,	 cedendo-a	 a	 um
órgão	 regulador	 (o	 Estado),	 e	 em	 troca	 recebiam	 direitos	 como	 propriedade
privada	 e	 segurança	 (cada	 teórico	 tinha	 uma	 ideia	 de	 quais	 eram	 os	 direitos
naturais).
A	divergência	 entre	Hobbes	 e	Rousseau	é	que	o	primeiro	acreditava	que	o
homem	 em	 seu	 estado	 natural	 era	 um	 selvagem	 “raiz”,	 completamente
indomável	(“o	homem	é	o	lobo	do	homem”).	Já	Rousseau	acreditava	que	havia
um	estado	de	relativa	paz	na	época	“pré-pacto	social”.	Os	homens	daquela	época
seriam	“bons	 selvagens”.	A	divergência,	 portanto,	 é	 sobre	 como	o	 homem	era
em	sua	condição	original.	Letra	“D”.
QUESTÃO	53
Foi-se	 o	 tempo	 em	 que	 era	 possível	 mostrar	 um	 mundo	 econômico
organizado	 em	 camadas	 bem	 definidas,	 onde	 grandes	 centros	 urbanos	 se
ligavam,	 por	 si	 próprios,	 a	 economias	 adjacentes	 “lentas”,	 com	 o	 ritmo
muito	mais	rápido	do	comércio	e	das	finanças	de	longo	alcance.	Hoje	tudo
ocorre	 como	 se	 essas	 camadas	 sobrepostas	 estivessem	 mescladas	 e
interpermeadas.
Interdependências	de	curto	e	 longo	alcance	não	podem	mais	ser	separadas
umas	das	outras.
BRENNER,	N.	A	globalização	como	reterritorialização.	Cadernos	Metrópole,	n.	24,	jul.-dez.	2010	(adaptado).
A	maior	complexidade	dos	espaços	urbanos	contemporâneos	ressaltada
no	texto	explica-se	pela
a)					expansão	de	áreas	metropolitanas.
b)				emancipação	de	novos	municípios.
c)					consolidação	de	domínios	jurídicos.
d)				articulação	de	redes	multiescalares.
e)					redefinição	de	regiões	administrativas.
Mais	 uma	 de	 interpretação	 de	 texto.	 Ora,	 se	 tudo	 ocorre	 em	 camadas
sobrepostas,	mescladas	e	impermeadas,	a	ponto	de	as	regiões	não	poderem	mais
ser	 separadas,	 a	 única	 palavra	 que	 resume	 isso,	 das	 5	 opções,	 é	 articulação.
Expansão,	 emancipação,	 consolidação	e	 redefinição	não	 têm	nada	a	ver	 com	a
interdependência	entre	as	regiões.	Letra	“D”.
QUESTÃO	54
TEXTO	I
E	pois	que	em	outra	cousa	nesta	parte	me	não	posso	vingar	do	demônio,
admoesto	da	parte	da	cruz	de	Cristo	Jesus	a	todos	que	este	lugar	lerem,	que
deem	a	esta	terra	o	nome	que	com	tanta	solenidade	lhe	foi	posto,	sob	pena
de	a	mesma	cruz	que	nos	há	de	ser	mostrada	no	dia	final,	os	acusar	de	mais
devotos	do	pau-brasil	que	dela.
BARROS,	J.	In:	SOUZA,	L.	M.	Inferno	atlântico:	demonologia	e	colonização:	séculos	XVI-XVIII.	São	Paulo:	Cia.	das
Letras,	1993.
TEXTO	II
E	deste	modo	se	hão	os	povoadores,	os	quais,	por	mais	arraigados	que
na	terra	estejam	e	mais	ricos	que	sejam,	tudo	pretendem	levar	a	Portugal,	e,
se	as	fazendas	e	bens	que	possuem	souberam	falar,	também	lhes	houveram
de	ensinar	a	dizer	como	os	papagaios,	aos
quais	a	primeira	coisa	que	ensinam	é:	papagaio	real	para	Portugal,	porque
tudo	querem	para	lá.
SALVADOR,	F.	V.	In:	SOUZA,	L.	M.	(Org.).	História	da	vida	privada	no	Brasil:	cotidiano	e	vida	privada	na	América
portuguesa.São	Paulo:	Cia.	das	Letras,	1997.
As	 críticas	 desses	 cronistas	 ao	 processo	 de	 colonização	 portuguesa	 na
América	estavam	relacionadas	à
a)					utilização	do	trabalho	escravo.
b)				implantação	de	polos	urbanos.
c)					devastação	de	áreas	naturais.
d)				ocupação	de	terras	indígenas.
e)					expropriação	de	riquezas	locais.
Ok,	só	de	bater	o	olho	já	dá	para	ver	que	o	texto	I	é	bem	mais	difícil	que	o
texto	II.	E,	se	a	pergunta	foi	“qual	é	a	crítica	dos	dois	cronistas”,	é	de	se	supor
que	os	dois	estejam	seguindo	a	mesma	linha	de	raciocínio,	certo?	Os	dois	devem
estar	falando	a	mesma	coisa	de	jeitos	diferentes.	Então	eu	vou	só	ler	o	texto	II,
ora	 bolas.	 Para	 que	 perder	 tempo	 tentando	 interpretar	 o	 I	 se	 os	 dois	 fazem	 a
mesma	crítica?
Então	 vamos	 ao	 texto	 II:	 o	 ponto	 chave	 aqui	 é	 “tudo	 pretendem	 levar	 a
Portugal”.	 A	 crítica	 é	 essa!	 E	 qual	 alternativa	 resume	 isso?	 A	 letra	 “E”:	 os
portugueses	 exploravam	 o	 solo	 (as	 riquezas	 locais)	 para	 levar	 para	 Portugal,
sem	deixar	nada	para	os	brasileiros.
QUESTÃO	55
Os	 soviéticos	 tinham	 chegado	 a	 Cuba	muito	 cedo	 na	 década	 de	 1960,
esgueirando-se	pela	fresta	aberta	pela	imediata	hostilidade	norte-americana
em	 relação	 ao	 processo	 social	 revolucionário.	 Durante	 três	 décadas	 os
soviéticos	 mantiveram	 sua	 presença	 em	 Cuba	 com	 bases	 e	 ajuda	militar,
mas,	 sobretudo,	 com	 todo	 o	 apoio	 econômico	 que,	 como	 saberíamos	 anos
mais	tarde,	mantinha	o	país	à	tona,	embora	nos	deixasse	em	dívida	com	os
irmãos	 soviéticos	 –	 e	 depois	 com	 seus	 herdeiros	 russos	 –	 por	 cifras	 que
chegavam	 a	 US$	 32	 bilhões.	 Ou	 seja,	 o	 que	 era	 oferecido	 em	 nome	 da
solidariedade	socialista	tinha	um	preço	definido.
PADURA,	L.	Cuba	e	os	russos.	Folha	de	São	Paulo,	19	jul.	2014	(adaptado).
O	 texto	 indica	que	durante	 a	Guerra	Fria	 as	 relações	 internas	 em	um
mesmo	bloco	foram	marcadas	pelo(a)
a)					busca	da	neutralidade	política.
b)				estímulo	à	competição	comercial.
c)					subordinação	à	potência	hegemônica.
d)				elasticidade	das	fronteiras	geográficas.
e)					compartilhamento	de	pesquisas	científicas.
As	 “relações	 internas	 em	 um	 mesmo	 bloco”	 referem-se	 às	 relações	 entre
URSS	e	Cuba	(do	bloco	socialista).	Pelo	texto,	fica	claro	que	Cuba	recebia	apoio
soviético	em	troca	de	alguns	muitos	bilhões	de	dólares.	Não	era	uma	relação	de
solidariedade,	 mas	 de	 poder.	 Cuba,	 apesar	 de	 receber	 apoio	 soviético,	 estava
subordinada	economicamente	à	URSAL	URSS.
Havia	essa	subordinação	à	potência	hegemônica.	Letra	“C”.
QUESTÃO	56
Anamorfose	é	a	transformação	cartográfica	espacial	em	que	a	forma	dos
objetos	 é	 distorcida,	 de	 forma	 a	 realçar	 o	 tema.	 A	 área	 das	 unidades
espaciais	 às	 quais	 o	 tema	 se	 refere	 é	 alterada	 de	 forma	 proporcional	 ao
respectivo	valor.
GASPAR,	A.	J.	Dicionário	de	ciências	cartográficas.	Lisboa:	Lidei,	2004
A	 técnica	 descrita	 foi	 aplicada	 na	 seguinte	 forma	 de	 representação	 do
espaço:
O	 importante	 na	 anamorfose	 é	 que	 os	 tamanhos	 são	 alterados	 de	 maneira
proporcional	a	um	tema.		E	só	em	“C”	temos	isso:	países	representados	em	áreas
desproporcionais	 (e	 fica	 claro	 que	 são	 desproporcionais	 porque	 o	Canadá	 está
minúsculo	em	relação	aos	EUA)	para	 ilustrar	alguma	coisa.	Talvez	o	PIB,	PIB
per	 capita...	 não	 importa.	 Só	 precisava	 entender	 que	 as	 áreas	 estão
desproporcionais	e	partir	pro	abraço.
QUESTÃO	57
A	 poetisa	 Emília	 Freitas	 subiu	 a	 um	 palanque,	 nervosa,	 pedindo
desculpas	 por	 não	 possuir	 títulos	 nem	 conhecimentos,	 mas	 orgulhosa
ofereceu	 a	 sua	 pena	 que	 “sem	 ser	 hábil,	 é,	 em	 compensação,	 guiada	 pelo
poder	da	vontade”.	Maria	Tomásia	pronunciava	orações	que	levantavam	os
ouvintes.	 A	 escritora	 Francisca	 Clotilde	 arrebatava,	 declamando	 seus
poemas.	Aquelas
“angélicas	 senhoras”,	 “heroínas	 da	 caridade”,	 levantavam	 dinheiro	 para
comprar	 liberdades	 e	 usavam	 de	 seu	 entusiasmo	 a	 fim	 de	 convencer	 os
donos	de	escravos	a	fazerem	alforrias	gratuitamente.
MIRANDA,	A.	Disponível	em:	www.opovoonline.com.br.	Acesso	em:	10	jun.	2015
As	práticas	culturais	narradas	remetem,	historicamente,	ao	movimento
a)					feminista.
b)				sufragista.
c)					socialista.
d)				republicano.
e)					abolicionista.
Perceba	 como	 o	 ENEM	 é	 jocoooooso:	 ele	 fala	 de	 duas	 mulheres
empoderadas	declamando	alto	para	o	povo.	A	primeiraideia	que	passa	na	cabeça
de	muitos	é	“mulheres	fortes	=	feminismo”.	Mas	a	resposta	está	na	última	linha:
elas	estavam	lutando	para	conferir	alforrias	aos	escravos.	Estamos	falando	do
movimento	abolicionista.	Letra	“E”.
QUESTÃO	58
A	 democracia	 que	 eles	 pretendem	 é	 a	 democracia	 dos	 privilégios,	 a
democracia	da	intolerância	e	do	ódio.	A	democracia	que	eles	querem	é	para
liquidar	 com	 a	 Petrobras,	 é	 a	 democracia	 dos	 monopólios,	 nacionais	 e
internacionais,	a	democracia	que	pudesse	lutar	contra	o	povo.	Ainda	ontem
eu	 afirmava	 que	 a	 democracia	 jamais	 poderia	 ser	 ameaçada	 pelo	 povo,
quando	o	povo	livremente	vem	para	as	praças	–	as	praças	que	são	do	povo.
Para	as	ruas	–	que	são	do	povo.
Disponível	 em:	 www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/discurso-de-joao-goulart-nocomicio-da-central.	 Acesso	 em:
29	out.	2015
Em	 um	 momento	 de	 radicalização	 política,	 a	 retórica	 no	 discurso	 do
presidente	 João	 Goulart,	 proferido	 no	 comício	 da	 Central	 do	 Brasil,
buscava	justificar	a	necessidade	de
a)	conter	a	abertura	econômica	para	conseguir	a	adesão	das	elite.
b)		impedir	a	ingerência	externa	para	garantir	a	conservação	de	direitos.
c)	 	 	 	regulamentar	 os	meios	de	 comunicação	para	 coibir	 os	 partidos	de
oposição.
d)	 	 	 	 aprovar	 os	 projetos	 reformistas	 para	 atender	 a	 mobilização	 de
setores	trabalhistas.
e)			incrementar	o	processo	de	desestatização	para	diminuir	a	pressão	da
opinião	pública.
No	Comício	 da	Central	 do	Brasil,	 umas	200	mil	 pessoas	 estavam	 reunidas
para	ouvir	as	palavras	do	presidente.	Com	esse	discurso,	João	Goulart	tinha	por
objetivo	 atacar	 as	 ideias	 da	 oposição	 e	 de	 certa	 forma	 despertar	 o	 medo	 da
população:	 “se	 as	 reformas	 que	 eu	 pretendo	 fazer	 não	 forem	 aprovadas...	 se	 a
oposição	 vencer...	 vocês	 vão	 perder	 direitos,	 vão	 viver	 tempos	 de	 ódio	 e
intolerância”.	E	isso	para	estimular	o	povo	a	pressionar	o	Estado	para	que	João
Goulart	 pudesse	 aprovar	 as	 reformas	 de	 base	 no	 Congresso	 (bancária,	 fiscal,
urbana,	administrativa,	agrária	e	universitária).	Ou	seja,	letra	“D”.
PS:	escrevi	e	 reescrevi	esse	 texto	umas	20	vezes	para	 ser	o	mais	 imparcial
possível.	Espero	que	tenha	conseguido.
QUESTÃO	59
A	 rebelião	 luso-brasileira	 em	 Pernambuco	 começou	 a	 ser	 urdida	 em
1644	 e	 explodiu	 em	13	de	 junho	de	 1645,	 dia	 de	 Santo	Antônio.	Uma	das
primeiras	medidas	de	João	Fernandes	 foi	decretar	nulas	as	dívidas	que	os
rebeldes	 tinham	com	os	holandeses.	Houve	grande	adesão	da	“nobreza	da
terra”,	entusiasmada	com	esta	proclamação	heroica.
VAINFAS,	R.	Guerra	declarada	e	paz	fingida	na	restauração	portuguesa.	Tempo,	n.	27,	2009.
O	desencadeamento	dessa	revolta	na	América	portuguesa	seiscentista	foi
o	resultado	do(a)
a)					fraqueza	bélica	dos	protestantes	batavos.
b)				comércio	transatlântico	da	África	ocidental.
c)					auxílio	financeiro	dos	negociantes	flamengos.
d)				diplomacia	internacional	dos	Estados	ibéricos.
e)					interesse	econômico	dos	senhores	de	engenho.
Raciocínio	lógico	entrou	firme	nessa	questão,	porque	no	dia	da	prova	eu	não
fazia	ideia	da	resposta.	Mas	enfim:	se	o	resultado	da	rebelião	foi	decretar	nulas
as	dívidas	 dos	 rebeldes,	 é	muito	provável	que	o	objetivo	 inicial	da	 revolta	era
econômico.	 E	 quem	 tem	 interesses	 econômicos:	 escravos	 ou	 senhores	 de
engenho?	Senhores	de	engenho,	claro.
Logo,	muito	provável	que	a	resposta	seja	“E”.	E	é	mesmo.	Yay.
O	contexto	da	rebelião	foram	as	enormes	dívidas	contraídas	com	a	Holanda,
principalmente	no	decorrer	da	administração	de	Maurício	de	Nassau.	Sugiro	dar
uma	lida	no	assunto	para	aprofundar.
QUESTÃO	60
Em	Beirute,	no	Líbano,	quando	perguntado	sobre	onde	se	encontram	os
refugiados	sírios,	a	resposta	do	homem	é	 imediata:	“em	todos	os	 lugares	e
em	 lugar	nenhum”.	Andando	ao	 acaso,	 não	 é	 raro	 ver,	 sob	um	prédio	 ou
num	canto	de	calçada,	ao	abrigo	do	vento,	uma	família	refugiada	em	volta
de	 uma	 refeição	 frugal	 posta	 sobre	 jornais	 como	 se	 fossem	 guardanapos.
Também	 se	 vê	 de	 vez	 em	 quando	 uma	 tenda	 com	 a	 sigla	 ACNUR	 (Alto
Comissariado	 das	 Nações	 Unidas	 para	 Refugiados),	 erguida	 em	 um	 dos
raros	terrenos	vagos	da	capital.
JABER,	H.	Quem	realmente	acolhe	os	refugiados?	Le	Monde	Diplomatique	Brasil,	out.	2015	(adaptado)
O	cenário	descrito	aponta	para	uma	crise	humanitária	que	é	explicada
pelo	processo	de
a)	migração	massiva	de	pessoas	atingidas	por	catástrofe	natural.
b)	 	 	 	hibridização	cultural	de	grupos	caracterizados	por	homogeneidade
social.
c)	 	 	 	 desmobilização	 voluntária	 de	 militantes	 cooptados	 por	 seitas
extremistas.
d)	 	 	 	 peregrinação	 religiosa	 de	 fiéis	 orientados	 por	 lideranças
fundamentalistas.
e)	 	 	 desterritorialização	 forçada	 de	 populações	 afetadas	 por	 conflitos
armados.
Questão	 de	 atualidades.	 A	 Síria	 está	 passando	 por	 uma	 série	 de	 conflitos
armados	que	obrigam	muitas	pessoas	a	fugirem	de	suas	casas	e	se	refugiarem	em
países	vizinhos.	Há	uma	migração	massiva	de	pessoas,	mas	não	por	catástrofes
naturais	como	diz	a	“A”	(não	nesse	caso,	pelo	menos).	O	que	está	ocorrendo	é	a
desterritorialização	 forçada	 (não	 voluntária)	 devido	 à	 guerra	 civil	 na	 Síria.
Resposta:	“E”.
QUESTÃO	61
TEXTO	I
Programa	do	Partido	Social	Democrático	(PSD)
			Capitais	estrangeiros
É	 indispensável	 manter	 clima	 propício	 à	 entrada	 de	 capitais
estrangeiros.	 A	 manutenção	 desse	 clima	 recomenda	 a	 adoção	 de	 normas
disciplinadoras	 dos	 investimentos	 e	 suas	 rendas,	 visando	 reter	 no	 país	 a
maior	parcela	possível	dos	lucros	auferidos.
TEXTO	II
Programa	da	União	Democrática	Nacional	(UDN)
O	capital
Apelar	para	o	capital	estrangeiro,	necessário	para	os	empreendimentos
da	 reconstrução	 nacional	 e,	 sobretudo,	 para	 o	 aproveitamento	 das	 nossas
reservas	 inexploradas,	 dando-lhe	 um	 tratamento	 equitativo	 e	 liberdade
para	a	saída	dos	juros.
CHACON,	V.	História	dos	partidos	brasileiros:	discurso	e	práxis	dos	seus	programas.	Brasília:	UnB,	1981	(adaptado)
Considerando	 as	 décadas	 de	 1950	 e	 1960	 no	 Brasil,	 os	 trechos	 dos
programas	do	PSD	e	UDN	convergiam	na	defesa	da
a)					autonomia	de	atuação	das	multinacionais.
b)				descentralização	da	cobrança	tributária.
c)					flexibilização	das	reservas	cambiais.
d)				liberdade	de	remessa	de	ganhos.
e)					captação	de	recursos	do	exterior.
Por	mais	que	seja	questão	“de	conteúdo”,	dá	para	matar	com	interpretação:
os	 dois	 textos	 falam	 da	 entrada	 de	 capital	 estrangeiro.	 Em	 outras	 palavras,
defendem	a	captação	 (entrada)	de	recursos	 (capital)	do	exterior	 (estrangeiro).
Letra	“E”.
QUESTÃO	62
A	 situação	 demográfica	 de	 Israel	 é	 muito	 particular.	 Desde	 1967,	 a
esquerda	 sionista	 afirma	 que	 Israel	 deveria	 se	 desfazer	 rapidamente	 da
Cisjordânia	 e	 da	 Faixa	 de	 Gaza,	 argumentando	 a	 partir	 de	 uma	 lógica
demográfica	aparentemente	inexorável.	Devido	à	taxa	de	nascimento	árabe
ser	 muito	 mais	 elevada,	 a	 anexação	 dos	 territórios	 palestinos,	 formal	 ou
informal,	acarretaria	dentro	de	uma	ou	duas	gerações	uma	maioria	árabe
"entre	o	rio	e	o	mar".
DEMANT,	P.	Israel:	a	crise	próxima.	História,	n.	2.	jul.-dez.	2014.
A	 preocupação	 apresentada	 no	 texto	 revela	 um	 aspecto	 da	 condução
política	desse	Estado	identificado	ao(à)
a)	abdicação	da	interferência	militar	em	conflito	local.
b)	busca	da	preeminência	étnica	sobre	o	espaço	nacional.
c)	admissão	da	participação	proativa	em	blocos	regionais.
d)	rompimento	com	os	interesses	geopolíticos	das	potências	globais.
e)	 	 	 	 	 compromisso	 com	 as	 resoluções	 emanadas	 dos	 organismos
internacionais.
Sempre	 cai	 questão	 de	 Palestina/Israel	 no	 ENEM.	 E	 em	 2018	 não	 foi
diferente.	 Para	 responder,	 era	 necessário	 um	 conhecimento	 básico	 sobre	 a
disputa,	mas	o	ponto	chave	aqui	é	que	estão	nascendo	muitos	árabes	na	região.
Pelo	 texto,	 depreende-se	 que	 isso	 é	 um	 “problema”	 para	 os	 israelenses	 (ideia
corroborada	pelo	enunciado,	que	diz	queisso	é	uma	“preocupação”	do	Estado).
Para	os	israelenses,	portanto,	é	importante	que	a	nação	tenha	um	número	maior
de	 israelenses	que	árabes.	Ou	seja:	eles	buscam	a	preeminência	étnica	 (judia)
sobre	o	espaço	nacional.	Letra	“B”.
Questão	90%	de	interpretação	de	texto.
QUESTÃO	63
Qual	 característica	 do	 meio	 físico	 é	 condição	 necessária	 para	 a
distribuição	espacial	do	fenômeno	representado?
a)					Cobertura	vegetal	com	porte	arbóreo.
b)				Barreiras	orográficas	com	altitudes	elevadas.
c)					Pressão	atmosférica	com	diferença	acentuada.
d)				Superfície	continental	com	refletividade	intensa.
e)					Correntes	marinhas	com	direções	convergentes.
Bom...	para	início	de	conversa,	o	que	são	essas	linhas	brancas	rabiscadas?	Se
elas	passam	tanto	por	terra	quanto	por	mar,	não	podem	ser	correntes	marítimas.
Só	podem	ser	correntes	de	ar	(e	o	título	“ciclones”	comprova	isso).
Correntes	de	ar	não	são	influenciadas	por	cobertura	vegetal	(“A”).	E	mais:	se
o	fenômeno	parece	ocorrer	em	padrões	bem	distribuídos	por	todas	as	longitudes,
tanto	em	terra	quanto	em	mar,	não	faz	sentido	que	haja	interferência	de	barreiras
orográficas	(“B”)	ou	da	superfície	continental	(“D”).	Se	fosse	por	causa	de	um
desses,	 aconteceriam	 em	 pontos	 isolados	 ou	 de	 maneira	 muito	 menos
padronizada.
Só	nos	resta	a	resposta	certa:	“C”.
Ciclones	se	formam	devido	à	diferença	de	pressão	atmosférica:	os	ventos	se
concentram	 em	 zonas	 de	 baixa	 pressão,	 que	 “sugam”	 o	 ar	 das	 zonas	 de	 alta
pressão.
QUESTÃO	64
Outra	 importante	 manifestação	 das	 crenças	 e	 tradições	 africanas	 na
Colônia	 eram	 os	 objetos	 conhecidos	 como	 “bolsas	 de	 mandinga”.	 A
insegurança	 tanto	 física	 como	 espiritual	 gerava	 uma	 necessidade
generalizada	de	proteção:	das	catástrofes	da	natureza,	das	doenças,	da	má
sorte,	da	violência	dos	núcleos
urbanos,	dos	roubos,	das	brigas,	dos	malefícios	de	 feiticeiros	etc.	Também
para	trazer	sorte,	dinheiro	e	até	atrair	mulheres,	o	costume	era	corrente	nas
primeiras	 décadas	 do	 século	XVIII,	 envolvendo	não	 apenas	 escravos,	mas
também	homens	brancos.
CALAINHO,	D.	B.	Feitiços	e	feiticeiros.	In:	FIGUEIREDO,	L.	História	do	Brasil	para	ocupados.	Rio	de	Janeiro:	Casa
da	Palavra,	2013	(adaptado).
A	 prática	 histórico-cultural	 de	 matriz	 africana	 descrita	 no	 texto
representava	um(a)
a)					expressão	do	valor	das	festividades	da	população	pobre.
b)				ferramenta	para	submeter	os	cativos	ao	trabalho	forçado.
c)					estratégia	de	subversão	do	poder	da	monarquia	portuguesa.
d)				elemento	de	conversão	dos	escravos	ao	catolicismo	romano.
e)					instrumento	para	minimizar	o	sentimento	de	desamparo	social.
Questão	puramente	de	 interpretação	de	 texto,	 como	muitas	de	Humanas.	É
claro	 que	 seria	 interessante	 estudar	 esses	 movimentos	 culturais,	 mas	 é
impossível	prever	exatamente	quais	vão	cair	no	ENEM.	Ao	invés	disso,	é	bem
melhor	praticar	a	interpretação	para	bater	o	olho	e	já	encontrar	uma	relação	entre
“insegurança	física	e	espiritual”	e	“desamparo	social”.
Quem	 usava	 a	 bolsa	 de	 mandinga	 tinha	 por	 objetivo	 suprir	 a	 insegurança
física	e	espiritual	imposta	por	uma	situação	de	desamparo	social.	Letra	“E”.
QUESTÃO	65
Os	 portos	 sempre	 foram	 respostas	 ao	 comércio	 praticado	 em	 grande
volume,	que	se	dá	via	marítima,	lacustre	e	fluvial,	e	sofreram	adaptações,	ou
modernizações,	de	acordo	com	um	conjunto	de	fatores	que	vão	desde	a	sua
localização	 privilegiada	 frente	 a	 extensas	 hinterlândias,	 passando	 por	 sua
conectividade	 com	 modernas	 redes	 de	 transportes	 que	 garantam
acessibilidade,	 associados,	 no	 atual	 momento,	 à	 tecnologia,	 que	 os
transformam	 em	 pontas	 de	 lança	 de	 uma	 economia	 globalizada	 que
comprime	o	tempo	em	nome	da	produtividade	e	da	competitividade.
ROCHA	NETO,	J.	M.;	CRAVIDÃO,	F.	D.	Portos	no	contexto	do	meio	técnico.	Mercator,	n.	2,	maio-ago.	2014	(adaptado)
Uma	 mudança	 que	 permitiu	 aos	 portos	 adequarem-se	 às	 novas
necessidades	comerciais	apontadas	no	texto	foi	a
a)					intensificação	do	uso	de	contêineres.
b)				compactação	das	áreas	de	estocagem.
c)					burocratização	dos	serviços	de	alfândega.
d)				redução	da	profundidade	dos	atracadouros.
e)					superação	da	especialização	dos	cargueiros.
Ok,	 talvez	 essa	 questão	 não	 fosse	 tãaaaaao	 de	 interpretação	 assim.	 Seria
necessário	entender	que	a	revolução	no	transporte	marítimo	se	deveu	em	grande
parte	 à	 dinamização	 do	 transporte	 de	 cargas.	E	 os	 contêineres	 são	 um	método
rápido	e	eficiente	de	transportar	cargas.	Logo,	a	intensificação	do	seu	uso	foi	a
mudança	 que	 permitiu	 aos	 portos	 se	 adequarem	 às	 novas	 necessidades
comerciais.	Letra	“A”.
Mas,	 se	você	não	soubesse	disso,	 talvez	por	eliminação	 também	daria	para
responder:	 “B”	não	pode	 ser	porque	 compactar	 áreas	de	 estocagem	 tornaria	 as
coisas	 mais	 difíceis	 de	 encontrar;	 “C”	 não	 pode	 ser	 porque	 burocratizar	 é	 o
contrário	de	dinamizar;	“D”	não	pode	ser	porque	não	faz	o	menor	sentido;	“E”...
não,	também	não	faz	sentido.
Então	só	resta	“A”.	Afinal,	se	até	hoje,	no	mundo	inteiro,	usam	contêineres
para	 transporte	 de	 carga	 nos	 portos,	 deve	 ser	 porque	 eles	 são	 eficientes,	 né?
Logo,	para	dinamizar	a	logística	das	coisas,	faz	sentido	intensificar	seu	uso.
QUESTÃO	66
O	século	XVIII	é,	por	diversas	razões,	um	século	diferenciado.	Razão	e
experimentação	se	aliavam	no	que	se	acreditava	ser	o	verdadeiro	caminho
para	 o	 estabelecimento	 do	 conhecimento	 científico,	 por	 tanto	 tempo
almejado.	 O	 fato,	 a	 análise	 e	 a	 indução	 passavam	 a	 ser	 parceiros
fundamentais	 da	 razão.	 É	 ainda	 no	 século	XVIII	 que	 o	 homem	 começa	 a
tomar	consciência	de	sua	situação	na	história.
ODALIA,	N.	In:	PINSKY,	J.;	PINSKY,	C.	B.	História	da	cidadania.	São	Paulo:	Contexto,	2003.
No	 ambiente	 cultural	 do	 Antigo	 Regime,	 a	 discussão	 filosófica
mencionada	no	texto	tinha	como	uma	de	suas	características	a
a)					aproximação	entre	inovação	e	saberes	antigos.
b)				conciliação	entre	revelação	e	metafísica	platônica.
c)					vinculação	entre	escolástica	e	práticas	de	pesquisa.
d)				separação	entre	teologia	e	fundamentalismo	religioso.
e)		contraposição	entre	clericalismo	e	liberdade	de	pensamento.
Questão	 sobre	 aquilo	 que	 eu	 falei	 bem	 no	 início	 do	 e-book:	 o	 apogeu	 da
razão.
O	 século	XVIII	marcou	 o	 período	 do	 Iluminismo,	 em	 que	 houve	 a	maior
ruptura	entre	mythos	e	logos.	As	explicações	divinas	já	não	valiam	mais	para	os
empiristas	 e	 racionalistas.	 Eles	 queriam	 razão,	 experimentação,	 razão,
experimentação.	 Queriam	 liberdade	 de	 pensamento,	 não	 que	 a	 Igreja
(clericalismo)	dissesse	o	que	era	verdade	e	o	que	não	era.	Resposta:	letra	“E”.
Admita	que	quando	você	leu	a	minha	historinha	sobre	Galileu	achou	que	era
inútil.	Agora	viu	a	importância	de	ter	uns	repertórios	esquisitos?	Eles	te	ajudam
a	resolver	as	questões.
(Mas	vou	confessar	que	mesmo	com	o	repertório	eu	errei	essa	questão...	foi
uma	das	que	eu	tinha	o	conteúdo	na	ponta	da	língua,	mas	errei	porque	esqueci	de
fazer	algumas	pausas	para	arejar	o	cérebro.	Bem...	vivendo	e	aprendendo.	Faça
pausas	para	evitar	errar	besteira).
QUESTÃO	67
A	dinâmica	hidrológica	expressa	no	gráfico	demonstra	que	o	processo	de
urbanização	promove	a
a)					redução	do	volume	dos	rios.
b)				expansão	do	lençol	freático.
c)					diminuição	do	índice	de	chuvas.
d)				retração	do	nível	dos	reservatórios.
e)					ampliação	do	escoamento	superficial.
Questão	 de	 interpretação	 de	 gráficos.	 Poderia	 ter	 caído	 na	 prova	 de
Matemática.	Nós	 temos	 que	 olhar	 a	 diferença	 entre	 a	 linha	 tracejada	 e	 a	 linha
contínua,	porque	a	pergunta	é	justamente	o	que	acontece	nas	áreas	urbanizadas
(em	comparação	com	as	áreas	não	urbanizadas).	E	o	que	acontece	é	que	a	linha
contínua	(urbanizada)	está	mais	“espremida”,	ou	seja:	a	vazão	ocorre	em	menos
tempo	 (12	 horas	 ao	 invés	 de	 15).	A	 água	 escoa	 (é	 essa	 a	 definição	 de	 vazão)
mais	rápido.	Logo,	resposta:	“E”.
QUESTÃO	68
O	 encontro	 entre	 o	 Velhoe	 o	 Novo	 Mundo,	 que	 a	 descoberta	 de
Colombo	tornou	possível,	é	de	um	tipo	muito	particular:	é	uma	guerra	–	ou
a	Conquista	-,	como	se	dizia	então.	E	um	mistério	continua:	o	resultado	do
combate.	Por	que	a	vitória	fulgurante,	se	os	habitantes	da	América	eram	tão
superiores	 em	número	 aos	 adversários	 e	 lutaram	no	 próprio	 solo?	 Se	 nos
limitarmos	à	conquista	do	México	–	a	mais	espetacular,	já	que	a	civilização
mexicana	é	a	mais	brilhante	do	mundo	pré-colombiano	–	como	explicar	que
Cortez,	 liderando	centenas	de	homens,	 tenha	conseguido	 tomar	o	reino	de
Montezuma,	que	dispunha	de	centenas	de	milhares	de	guerreiros?
TODOROV,	T.	A	conquista	da	América.	São	Paulo:	Martins	Fontes,	1991	(adaptado)
No	contexto	da	conquista,	conforme	análise	apresentada	no	 texto,	uma
estratégia	para	superar	as	disparidades	levantadas	foi
a)					implantar	as	missões	cristãs	entre	as	comunidades	submetidas.
b)				utilizar	a	superioridade	física	dos	mercenários	africanos.
c)					explorar	as	rivalidades	existentes	entre	os	povos	nativos.
d)				introduzir	vetores	para	a	disseminação	de	doenças	epidêmicas.
e)					comprar	terras	para	o	enfraquecimento	das	teocracias	autóctones.
Essa	questão	foi	de	conteúdo	mesmo.	E	eu	agradeço	ao	Walter	do	“Se	Liga
Nessa	 História”	 pelo	 aulão	 de	 História	 gratuito	 no	 YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=z0vcs1-bWMU
Na	hora	de	 falar	 da	dominação	 europeia	 em	 território	 americano,	 o	Walter
contou	 a	 história	 de	 colonizadores	 entregando	 um	 machado	 aos	 nativos,	 e	 a
conclusão	dos	nativos	foi:	“caramba,	eu	posso	arrebentar	uma	cabeça	com	isso.
Vou	arrebentar	a	cabeça	dos	meus	rivais”.
(Adoro	 o	 Walter.)	 E	 foi	 isso	 mesmo:	 estimulando	 as	 rivalidades	 locais
(porque	as	diferentes	 tribos	eram	 tudo,	menos	amigas),	os	europeus	se	 fizeram
de	 bonzinhos,	 ajudando	 os	 dois	 lados	 da	 disputa,	 e	 fizeram	 os	 nativos	 se
matarem	entre	si	por	um	tempo.	O	resultado	foi	a	redução	drástica	do	número	de
nativos,	 e	 aí	 foi	 fácil	para	os	europeus	darem	o	Fatality	e	dominarem	a	p****
toda.	Letra	“C”.
https://www.youtube.com/watch?v=z0vcs1-bWMU
QUESTÃO	69
São	Paulo,	10	de	janeiro	de	1979.
Exmo.	Sr.	Presidente	Ernesto	Geisel.
Considerando	 as	 instruções	 dadas	 por	 V.	 S.	 de	 que	 sejam	 negados	 os
passaportes	aos	 senhores	Francisco	Julião,	Miguel	Arraes,	Leonel	Brizola,
Luis	 Prestes,	 Paulo	 Schilling,	 Gregório	 Bezerra,	 Márcio	Moreira	 Alves	 e
Paulo	Freire.
Considerando	 que,	 desde	 que	 nasci,	 me	 identifico	 plenamente	 com	 a
pele,	 a	 cor	 dos	 cabelos,	 a	 cultura,	 o	 sorriso,	 as	 aspirações,	 a	 história	 e	 o
sangue	 destes	 oito	 senhores.	 Considerando	 tudo	 isto,	 por	 imperativo	 de
minha	consciência,	venho	por	meio	desta	devolver	o	passaporte	que,	negado
a	eles,	me	foi	concedido	pelos	órgãos	competentes	de	seu	governo.
Carta	 do	 cartunista	Henrique	 de	 Souza	 Fiiho,	 conhecido	 como	Henfíi.	 In:	HENFIL.	Cartas	 da	mãe.	Rio	 de	 Janeiro:
Codecri,	1981	(adaptado).
No	 referido	 contexto	 histórico,	 a	 manifestação	 do	 cartunista	 Henfil
expressava	uma	crítica	ao(à)
a)					censura	moral	das	produções	culturais.
b)				limite	do	processo	de	distensão	política.
c)					interferência	militar	de	países	estrangeiros.
d)				representação	social	das	agremiações	partidárias.
e)	impedimento	de	eleição	das	assembleias	estaduais.
Para	responder	essa,	seria	necessário	saber	o	que	foi	o	processo	de	distensão
política	 do	 governo	Geisel.	Muito	 difícil	 responder	 por	 interpretação,	 e,	 como
não	 são	 tantas	 pessoas	 que	 conhecem	 esse	 conteúdo,	 acho	 que	 foi	 uma	 das
questões	mais	difíceis	da	prova.
Eu	mesmo	não	fazia	a	mínima	ideia.
Segundo	 o	 educação.uol.com.br,	 o	 processo	 de	distensão	política	 previa	 a
adoção	de	um	conjunto	de	medidas	 liberalizantes	 de	 retorno	 à	 democracia	 por
um	processo	gradual	e	seguro,	que	no	entanto	ainda	foi	marcada	por	uma	série
de	medidas	restritivas	e	autoritárias,	como	a	negação	dos	passaportes	a	algumas
pessoas.
A	crítica	do	cartunista	é	justamente	a	isso:	por	que	alguns	podiam	e	outros,
não?	Quais	eram	os	limites	desse	processo?	O	que	definia	que	um	podia	tirar	o
passaporte	e	outro,	não?
Resposta:	“B”.
QUESTÃO	70
A	 primeira	 fase	 da	 dominação	 da	 economia	 sobre	 a	 vida	 social
acarretou,	 no	 modo	 de	 definir	 toda	 realização	 humana,	 uma	 evidente
degradação	 do	 ser	 para	 o	 ter.	 A	 fase	 atual,	 em	 que	 a	 vida	 social	 está
totalmente	 tomada	 pelos	 resultados	 da	 economia,	 leva	 a	 um	 deslizamento
generalizado	do	ter	para	o	parecer,	do	qual	todo	ter	efetivo	deve	extrair	seu
prestígio	 imediato	 e	 sua	 função	 última.	 Ao	mesmo	 tempo,	 toda	 realidade
individual	 tornou-se	 social,	 diretamente	 dependente	 da	 força	 social,
moldada	por	ela.
DEBORD,	G.	A	sociedade	do	espetáculo.	Rio	de	Janeiro:	Contraponto,	2015.
Uma	manifestação	contemporânea	do	fenômeno	descrito	no	texto	é	o(a)
a)					valorização	dos	conhecimentos	acumulados.
b)				exposição	nos	meios	de	comunicação.
c)					aprofundamento	da	vivência	espiritual.
d)				fortalecimento	das	relações	interpessoais.
e)					reconhecimento	na	esfera	artística.
Para	compensar	uma	questão	dificílima,	a	70	até	que	foi	fácil.	Era	questão	de
interpretar.	E	hoje	em	dia	esse	tema	é	tão	comum	que	a	interpretação	já	matava:
valorizamos	muito	a	aparência	em	detrimento	do	real,	principalmente	nas	redes
sociais.	Aquelas	 fotos	maravilhosas	que	 eu	postei	 no	 Instagram	são	 tudo	 fake.
Eu	precisei	tirar	500	para	uma	ficar	boa.
A	propósito,	me	sigam	no	Instagram:	@assimcontououmberto	Ou	seja,	uma
manifestação	do	fenômeno	“parecer>ter”	é	a	exposição	nas	redes	sociais	(meios
de	comunicação).	Letra	“B”.
Recomendo	o	 livro	“Sociedade	do	Espetáculo”,	de	Guy	Debord,	sobre	esse
tema	 (acabei	 de	 perceber	 que	 é	 esse	 o	 texto-base	 kkkk).	 E	 o	 “Simulacros	 e
Simulações”,	 de	Baudrillard,	 sobre	 o	 surgimento	 de	 uma	 “alegoria	 da	 caverna
contemporânea”,	uma	mentira	conveniente	a	que	nós	gostamos	de	nos	apegar.
QUESTÃO	71
Os	 seus	 líderes	 terminaram	 presos	 e	 assassinados.	 A	 “marujada”
rebelde	 foi	 inteiramente	 expulsa	 da	 esquadra.	 Num	 sentido	 histórico,
porém,	 eles	 foram	 vitoriosos.	 A	 “chibata”	 e	 outros	 castigos	 físicos
infamantes	nunca	mais	foram	oficialmente	utilizados;	a	partir	de	então,	os
marinheiros	 –	 agora	 respeitados	 –	 teriam	 suas	 condições	 de	 vida
melhoradas	significativamente.	Sem	dúvida	fizeram	avançar	a	História.
MAESTRI,	M.	1910:	a	revolta	dos	marinheiros-um	a	saga	negra.	São	Paulo:	Global,	1982.
A	eclosão	desse	conflito	foi	resultado	da	tensão	acumulada	na	Marinha
do	Brasil	pelo(a)
a)	 	 	 	 	 engajamento	 de	 civis	 analfabetos	 após	 a	 emergência	 de	 guerras
externas.
b)	 	 	 	insatisfação	de	militares	positivistas	após	a	consolidação	da	política
dos	governadores.
c)	 	 	 	 	 rebaixamento	 de	 comandantes	 veteranos	 após	 a	 repressão	 a
insurreições	milenaristas.
d)	 	 	 	 sublevação	 das	 classes	 populares	 do	 campo	 após	 a	 instituição	 do
alistamento	obrigatório.
e)	 	 	 	 	manutenção	 da	 mentalidade	 escravocrata	 da	 oficialidade	 após	 a
queda	do	regime	imperial.
Essa	 foi	 uma	 questão	 de	 conteúdo	 mesmo.	 Por	 interpretação	 seria
impossível.	 A	 revolta	 da	 chibata	 decorreu	 da	 insatisfação	 com	 os	 castigos
físicos	 sofridos	 pelos	marinheiros	 de	 baixa	 patente.	 E	 esses	marinheiros	 eram,
em	 sua	 maioria,	 negros	 ou	 mulatos	 descendentes	 de	 escravos.	 Então	 essa
revolta	não	foi	só	por	causa	dos	castigos	físicos.	Os	castigos	físicos	eram	a	ponta
do	iceberg	de	um	fenômeno	muito	mais	profundo.	O	que	estava	por	trás	desses
castigos	 era	 a	 manutenção	 da	 mentalidade	 escravocrata	 dos	 oficiais	 que
castigavam	 os	marinheiros,	mesmo	 após	 a	 abolição.	 Os	 oficiais	 usavam-se	 de
sua	patente	mais	alta	para	legitimar	os	castigos	aos	descendentes	de	escravos,	a
quem	julgavam	inferiores.	Resposta:	“E”.
QUESTÃO	72
Uma	pesquisa	realizada	por	Carolina	Levis,	especialista	em	ecologia	do
Instituto	 Nacional	 de	 Pesquisasda	 Amazônia,	 e	 publicada	 na	 revista
Science,	demonstra	que	as	espécies	vegetais	domesticadas	pelas	civilizações
pré-colombianas	 são	 as	mais	 dominantes.	 “A	 domesticação	 de	 plantas	 na
floresta	começou	há	mais	de	 	 	 	 	8	000	anos.	Primeiro	eram	selecionadas	as
plantas	 com	 características	 que	 poderiam	 ser	 úteis	 ao	 homem	 e	 em	 um
segundo	 momento	 era	 feita	 a	 propagação	 dessas	 espécies.	 Começaram	 a
cultivá-las	em	pátios	e	jardins,	por	meio	de	um	processo	quase	intuitivo	de
seleção”.
OLIVEIRA,	 J.	 Indígenas	 foram	 os	 primeiros	 a	 alterar	 o	 ecossistema	 da	 Amazônia.	 Disponível	 em:
https://brasil.elpais.com.	Acesso	em:	11	dez.	2017	(adaptado).
O	 texto	 apresenta	 um	 novo	 olhar	 sobre	 a	 configuração	 da	 Floresta
Amazônica	por	romper	com	a	ideia	de
a)					primazia	de	saberes	locais.
b)				ausência	de	ação	antrópica.
c)					insuficiência	de	recursos	naturais.
d)				necessidade	de	manejo	ambiental.
e)					predominância	de	práticas	agropecuárias.
A	pergunta	é:	o	texto	rompe	com	a	ideia	de	quê?	Ou	seja:	agora	que	lemos
o	enunciado,	sabemos	que	o	texto	vai	refutar	alguma	ideia	preconcebida.	Agora
podemos	ler	o	texto	já	direcionados	para	a	resposta.
O	 trecho	diz	que	na	Amazônia	predominam	espécies	de	plantas	cultivadas
pelas	civilizações	pré-colombianas.	Opa,	mas	então	quer	dizer	que	a	floresta	não
surgiu	do	nada?	É	isso	mesmo:	teve	ação	humana	nessa	história.
O	texto	rompe	com	a	ideia	(que	muitos	ainda	podiam	ter)	de	que	a	floresta
amazônica	é	100%	natural,	sem	ação	antrópica.	A	pesquisa	comprova	que	não	é
bem	assim.	Logo,	resposta:	“B”.
QUESTÃO	73
TEXTO	I
Quando	 um	 exército	 atravessa	 montanhas,	 florestas,	 zonas	 de
precipícios,	ou	marcha	ao	longo	de	desfiladeiros,	alagadiços	ou	pântanos,	ou
qualquer	outro	terreno	onde	a	deslocação	é	árdua,	está	em	terreno	difícil.	O
terreno	onde	é	apertado	e	a	sua	saída	é	tortuosa	e	onde	uma	pequena	força
inimiga	pode	atacar	a	minha,	embora	maior,	é	cercado.
TZU,	S.	A	arte	da	guerra.	São	Paulo:	Martin	Claret,	2001
TEXTO	II
O	objetivo	principal	era	encontrar	e	matar	Osama	Bin	Laden.	Onde	ele
se	esconde?	Não	podemos	esquecer	a	dificuldade	de	ocupação	do	país,	que
possui	um	relevo	montanhoso,	cheio	de	cavernas,	onde	fica	fácil,	para	quem
está	acostumado	com	esse	relevo,	esconder-se.
OLIVEIRA,	M.	G.;	SANTOS,	M.	S.	Ásia:	uma	visão	histórica,	política	e	econômica	do	continente.	Rio	de	Janeiro:	E-
Papers,	2009	(adaptado).
As	 situações	 apresentadas	 atestam	 a	 importância	 da	 relação	 entre	 a
topografia	e	o(a)
a)					construção	de	vias	terrestres.
b)				preservação	do	meio	ambiente.
c)					preservação	do	meio	ambiente.
d)				intimidação	contínua	da	população	local.
e)					domínio	cognitivo	da	configuração	espacial.
Mesma	 situação	 da	 54:	 pelo	 enunciado,	 dá	 para	 inferir	 que	 os	 dois	 textos
falam	a	mesma	coisa:	a	relação	entre	topografia	e	____.	E	esse	“____”	é	o	que	o
enunciado	pede.	Você	até	poderia	ler	os	dois	textos	para	ter	certeza	de	que	é	isso
mesmo,	mas	seria	perda	de	tempo.
Os	 dois	 relacionam	 topografia	 com	 táticas	 estratégicas	 de	 guerra.	Ou	 seja:
conhecer	 o	 terreno	 é	 o	 que	 pode	 determinar	 a	 vitória	 ou	 a	 derrota.	 Logo,	 a
relação	é	entre	topografia	e	o	domínio	cognitivo	da	configuração	espacial.	Letra
“E”.	Foi	uma	questão	de	interpretação	de	texto.
QUESTÃO	74
Essa	 imagem	 foi	 impressa	 em	 cartilha	 escolar	 durante	 a	 vigência	 do
Estado	Novo	com	o	intuito	de
a)					destacar	a	sabedoria	inata	do	líder	governamental.
b)			atender	a	necessidade	familiar	de	obediência	infantil.
c)				promover	o	desenvolvimento	consistente	das	atitudes	solidárias.
d)				conquistar	a	aprovação	política	por	meio	do	apelo	carismático.
e)					estimular	o	interesse	acadêmico	por	meio	de	exercícios	intelectuais.
Era	Vargas	 também	é	um	dos	assuntos	que	mais	caem	no	ENEM.	Nunca	é
demais	revisar.
Durante	 o	 Estado	Novo,	 Vargas	 trabalhou	 e	muito	 a	 sua	 imagem	 pública.
Criou	 o	 DIP,	 Departamento	 de	 Imprensa	 e	 Propaganda,	 que	 monitorava	 (e
manipulava)	os	meios	de	comunicação	para	garantir	que	a	figura	do	presidente
era	 sempre	 o	 mais	 positiva	 possível.	 Foi	 essencialmente	 uma	 estratégia
populista	 para	 ficar	 bem	 com	 o	 povo	 e	 conquistar	 aprovação	 política	 por
meio	do	apelo	carismático.	Afinal,	quem	não	confiaria	num	cara	que	sorri	para
essa	coisinha	fofa?
Letra	“D”.
QUESTÃO	75
Os	 países	 industriais	 adotaram	 uma	 concepção	 diferente	 das	 relações
familiares	 e	 do	 lugar	 da	 fecundidade	 na	 vida	 familiar	 e	 social.	 A
preocupação	 de	 garantir	 uma	 transmissão	 integral	 das	 vantagens
econômicas	e	sociais	adquiridas	tem	como	resultado	uma	ação	voluntária	de
limitação	do	número	de	nascimentos.
GEORGE,	P	Panorama	do	mundo	atual.	São	Paulo:	Difusão	Européia	do	Livro,	1968	(adaptado).
Em	meados	do	século	XX,	o	fenômeno	social	descrito	contribuiu	para	o
processo	europeu	de
a)					estabilização	da	pirâmide	etária.
b)				conclusão	da	transição	demográfica.
c)					contenção	da	entrada	de	imigrantes.
d)				elevação	do	crescimento	vegetativo.
e)					formação	de	espaços	superpovoados.
Já	deu	para	ver	que	o	ENEM	quer	ganhar	de	você	no	cansaço,	não	é?	Ele	te
dá	 uns	 textos	 gigantescos	 para	 embaralhar	 a	 sua	 cabeça,	 sendo	 que	 o	 que	 ele
realmente	quer	está	na	última	linha:	limitação	do	número	de	nascimentos.	Em
outras	palavras:	queda	na	taxa	de	natalidade.
Mas	a	questão	não	era	tão	fácil	assim,	porque	precisava	saber	do	conceito	de
transição	 demográfica.	 É	 uma	 teoria	 que	 defende	 que	 todos	 os	 países	 vão
passar	por	uma	série	de	estágios	até	alcançar	a	estabilização	da	população.	E	um
dos	 fatores	 para	 essa	 estabilização	 é	 a	 queda	 na	 taxa	 de	 natalidade.	 Resposta:
Letra	“B”.
QUESTÃO	76
Código	Penal	dos	Estados	Unidos	do	Brasil,	1890
Dos	crimes	contra	a	saúde	pública
Art.	 156.	 Exercer	 a	 medicina	 em	 qualquer	 dos	 seus	 ramos,	 a	 arte
dentária	ou	a	farmácia;	praticar	a	homeopatia,	a	dosimetria,	o	hipnotismo
ou	magnetismo	animal,	sem	estar	habilitado	segundo	as	leis	e	regulamentos.
Art.	158.	Ministrar,	ou	simplesmente	prescrever,	como	meio	curativo	para
uso	 interno	 ou	 externo,	 e	 sob	 qualquer	 forma	 preparada,	 substância	 de
qualquer	 dos	 reinos	 da	 natureza,	 fazendo,	 ou	 exercendo	 assim,	 o	 ofício
denominado	curandeiro
Disponível	em:	http://legis.senado.gov.br.	Acesso	em:	21	dez.	2014	(adaptado).
No	início	da	Primeira	República,	a	legislação	penal	vigente	evidenciava
o(a)
a)	negligência	das	religiões	cristãs	sobre	as	moléstias.
b)	desconhecimento	das	origens	das	crenças	tradicionais.
c)	preferência	da	população	pelos	tratamentos	alopáticos.
d)			abandono	pela	comunidade	das	práticas	terapêuticas	de	magia.
e)					condenação	pela	ciência	dos	conhecimentos	populares	de	cura.
Questão	 sobre	 Primeiro	 Reinado,	 mas	 que	 sinceramente	 dava	 para	 fazer	 por
interpretação	de	 texto.	Se	as	 leis	estão	condenando	as	medicinas	alternativas,	é
natural	 supor	 que	 era	 um	 período	 de	 ascensão	 da	 medicina	 tradicional
(fundamentada	 na	 ciência).	 Essas	 medicinas	 alternativas	 eram	 baseadas	 em
conhecimentos	 populares	 de	 cura,	 sem	 comprovação	 científica,	 e	 a	 ciência
condenava	 isso	 (ainda	 condena).	 Logo,	 essa	 legislação	 penal	 evidenciava
justamente	essa	postura	da	ciência	frente	às	terapias	alternativas.	Letra	“E”.
A	letra	“C”	diz	que	a	população	preferia	tratamentos	alopáticos,	mas	não	dá	para
supor	isso	pelo	texto.
QUESTÃO	77
A	presunção	de	que	 a	 superfície	das	 chapadas	 e	 chapadões	 representa
uma	 velha	 peneplanície	 é	 corroborada	 pelo	 fato	 de	 que	 ela	 é	 coberta	 por
acumulações	superficiais,	tais	como	massas	de	areia,	camadas	de	cascalhos	e
seixos	 e	 pela	 ocorrência	 generalizada	 de	 concreções	 ferruginosas	 que
formam	uma	crosta	laterítica,	denominada	“canga”.
WEIBEL,	L.	Disponível	em:	http://biblioteca.ibge.gov.br.	Acesso	em:	8jul.	2015	(adaptado).
Qual	tipo	climático	favorece	o	processo	de	alteração	do	solo	descrito	no
texto?
a)					Árido,	com	déficithídrico
b)				Subtropical,	com	baixas	temperaturas
c)					Temperado,	com	invernos	frios	e	secos
d)				Tropical,	com	sazonalidade	das	chuvas
e)					Equatorial,	com	pluviosidade	abundante.
Eles	gostam	de	falar	difícil	no	ENEM,	né?	Nossa	senhora...
Aqui,	 o	 que	me	 salvou	 foi	 o	 “chapadas	 e	 chapadões”.	Lembrei	 na	 hora	 da
Chapada	 dos	 Veadeiros,	 da	 Chapada	 dos	 Guimarães	 e	 de	 um	 outro	monte	 de
chapada	 que	 tem	 no	 Centro-Oeste.	 É	 uma	 região	 em	 que	 predomina	 o	 clima
tropical,	 então	 fui	 por	 aí.	Mas	o	 site	 do	Descomplica	dá	uma	explicação	bem
mais	bonita:	“As	chapadas	e	chapadões	são	formas	do	relevo	típicas	do	planalto
central	 brasileiro	 em	 que	 predomina	 o	 clima	 tropical	 com	 verão	 chuvoso,
marcado	 pela	 intensa	 lixiviação	 do	 solo	 e,	 consequentemente,	 a	 formação	 de
uma	crosta	laterítica	com	o	ressecamento	do	solo,	no	inverno	seco”.
Resposta:	“D”.
QUESTÃO	78
O	marco	 inicial	 das	 discussões	 parlamentares	 em	 torno	 do	 direito	 do
voto	feminino	são	os	debates	que	antecederam	a	Constituição	de	1824,	que
não	 trazia	 qualquer	 impedimento	 ao	 exercício	 dos	 direitos	 políticos	 por
mulheres,	 mas,	 por	 outro	 lado,	 também	 não	 era	 explícita	 quanto	 à
possibilidade	 desse	 exercício.	 Foi	 somente	 em	 1932,	 dois	 anos	 antes	 de
estabelecido	 o	 voto	 aos	 18	 anos,	 que	 as	 mulheres	 obtiveram	 o	 direito	 de
votar,	o	que	veio	a	se	concretizar	no	ano	seguinte.	Isso	ocorreu	a	partir	da
aprovação	do	Código	Eleitoral	de	1932.
Disponível	em:	http://tse.jusbrasil.com.br.	Acesso	em:	14	maio	2018.
Um	 dos	 fatores	 que	 contribuíram	 para	 a	 efetivação	 da	 medida
mencionada	no	texto	foi	a
a)					superação	da	cultura	patriarcal.
b)				influência	de	igrejas	protestantes.
c)					pressão	do	governo	revolucionário.
d)				fragilidade	das	oligarquias	regionais.
e)					campanha	de	extensão	da	cidadania.
De	novo	me	lembrei	do	Walter	e	suas	lindas	e	maravilhosas	aulas	sobre	Era
Vargas.	 A	 campanha	 de	 extensão	 da	 cidadania	 que	 deu	 direito	 ao	 voto	 às
mulheres,	junto	com	diversas	outras	medidas,	garantiu	a	popularidade	de	Vargas
e	sua	re-eleição	para	um	segundo	mandato	(que	ficou	conhecido	como	Governo
Constitucional).
Importantíssimo	 aprender	 o	 máximo	 possível	 sobre	 Era	 Vargas,	 porque	 é
certeza	que	vai	cair!
Resposta:	“E”.
QUESTÃO	79
“A	quem	não	basta	pouco,	nada	basta.”
EPICURO.	Os	pensadores.	São	Paulo:	Abril	Cultural,	1985.
Remanescente	do	período	helenístico,	a	máxima	apresentada	valoriza	a
seguinte	virtude:
a)					Esperança,	tida	como	confiança	no	porvir.
b)				Justiça,	interpretada	como	retidão	de	caráter.
c)					Temperança,	marcada	pelo	domínio	da	vontade.
d)				Coragem,	definida	como	fortitude	na	dificuldade.
e)					Prudência,	caracterizada	pelo	correto	uso	da	razão.
A	 máxima	 apresentada	 valoriza	 uma	 vida	 moderada:	 A	 quem	 não	 basta
pouco	(ou	seja,	quem	sempre	quer	mais),	nada	basta	(nunca	vai	estar	satisfeito).
E	moderação	é	sinônimo	de	temperança.	Resposta:	“C”.
QUESTÃO	80
Em	 algumas	 línguas	 de	Moçambique	 não	 existe	 a	 palavra	 “pobre”.	O
indivíduo	 é	 pobre	 quando	 não	 tem	 parentes.	 A	 pobreza	 é	 a	 solidão,	 a
ruptura	das	relações	familiares	que,	na	sociedade	rural,	servem	de	apoio	à
sobrevivência.	 Os	 consultores	 internacionais,	 especialistas	 em	 elaborar
relatórios	sobre	a	miséria,	talvez	não	tenham	em	conta	o	impacto	dramático
da	 destruição	 dos	 laços	 familiares	 e	 das	 relações	 de	 entreajuda.	 Nações
inteiras	estão	 tornando-se	“órfãs”,	 e	a	mendicidade	parece	 ser	a	única	via
de	uma	agonizante	sobrevivência.
COUTO,	M.	E	se	Obama	fosse	africano?	&	outras	intervenções.	Portugal:	Caminho,	2009	(adaptado).
Em	 uma	 leitura	 que	 extrapola	 a	 esfera	 econômica,	 o	 autor	 associa	 o
acirramento	da	pobreza	à
a)					afirmação	das	origens	ancestrais
b)				fragilização	das	redes	de	sociabilidade
c)					padronização	das	políticas	educacionais
d)				fragmentação	das	propriedades	agrícolas
e)					globalização	das	tecnologias	de	comunicação.
Interpretação	 pura.	 No	 texto,	 a	 pobreza	 está	 associada	 à	 solidão,	 ao
isolamento.	Em	outras	palavras,	as	redes	de	sociabilidade	estão	mais	frágeis,	e
isso	reforça	as	consequências	negativas	da	pobreza.	Resposta:	“B”.
QUESTÃO	81
TEXTO	I
As	fronteiras,	ao	mesmo	tempo	que	se	separam,	unem	e	articulam,	por
elas	 passando	 discursos	 de	 legitimação	 da	 ordem	 social	 tanto	 quanto	 do
conflito.
CUNHA,	L.	Terras	lusitanas	e	gentes	dos	brasis:	a	nação	e	o	seu	retrato	literário.	Revista	Ciências	Sociais,	n.	2,	2009.
TEXTO	II
As	últimas	barreiras	ao	livre	movimento	do	dinheiro	e	das	mercadorias
e	 informação	 que	 rendem	 dinheiro	 andam	 de	mãos	 dadas	 com	 a	 pressão
para	cavar	novos	fossos	e	erigir	novas	muralhas	que	barrem	o	movimento
daqueles	 que	 em	 consequência	 perdem,	 física	 ou	 espiritualmente,	 suas
raízes.
BAUMAN,	Z.	Globalização:	as	consequências	humanas.	Rio	de	Janeiro:	Jorge	Zahar,	1999.
A	ressignificação	contemporânea	da	ideia	de	fronteira	compreende	a
a)					liberação	da	circulação	de	pessoas.
b)				preponderância	dos	limites	naturais.
c)					supressão	dos	obstáculos	aduaneiros.
d)				desvalorização	da	noção	de	nacionalismo.
e)					seletividade	dos	mecanismos	segregadores.
Questão	 de	 interpretação,	mas	 bem	difícil.	 Parece	 que	 os	 dois	 textos	 estão
falando	coisas	distintas,	mas	o	enunciado	pede	um	ponto	de	convergência	entre
os	dois!	No	texto	I,	as	fronteiras	parecem	unir,	enquanto	no	texto	II	as	fronteiras
barram	 o	 movimento	 daqueles	 que	 perdem	 suas	 raízes.	 Qual	 o	 ponto	 de
convergência	entre	esses	dois??
E	 a	 resposta	 é	 “E”:	 a	 seletividade	 dos	 mecanismos	 segregadores.
Seletividade	 quer	 dizer	 distinção,	 relativização.	 Pelos	 dois	 textos	 dá	 para
perceber	que	as	barreiras	entre	as	nações	(aduaneira,	física,	ideológica,	cultural,
etc.)	 estão	 sendo	 relativizadas.	 Com	 a	 internet,	 principalmente,	 houve	 um
rompimento	de	muitas	dessas	barreiras.	Os	mecanismos	 segregadores	 (ou	 seja,
os	mecanismos	que	separavam	as	nações)	já	não	funcionam	como	antes.
E	isso	se	deve	muito	ao	fenômeno	da	Globalização.
QUESTÃO	82
TEXTO	I
Há	mais	de	duas	décadas,	os	cientistas	e	ambientalistas	têm	alertado	para	o
fato	 de	 a	 água	 doce	 ser	 um	 recurso	 escasso	 em	 nosso	 planeta.	 Desde	 o
começo	 de	 2014,	 o	 Sudeste	 do	Brasil	 adquiriu	 uma	 clara	 percepção	 dessa
realidade	em	função	da	seca.
TEXTO	II
																																	Dinâmicas	atmosféricas	no	Brasil
Elementos	 relevantes	 ao	 transporte	 de	 umidade	 na	 América	 do	 Sul	 a
leste	 dos	 Andes	 pelos	 Jatos	 de	 Baixos	 Níveis	 (JBN),	 Frentes	 Frias	 (FF)	 e
transporte	de	umidade	do	Atlântico	Sul,	assim	como	a	presença	da	Zona	de
Convergência	 do	 Atlântico	 Sul	 (ZCAS),	 para	 um	 verão	 normal	 e	 para	 o
verão	 seco	de	2014.	“A	”	representa	o	centro	da	anomalia	de	alta	pressão
atmosférica.
De	acordo	com	as	informações	apresentadas,	a	seca	de	2014,	no	Sudeste,
teve	como	causa	natural	o(a)
a)					constituição	de	frentes	quentes	barrando	as	chuvas	convectivas.
b)				formação	de	anticiclone	impedindo	a	entrada	de	umidade.
c)					presença	de	nebulosidade	na	região	de	cordilheira.
d)				avanço	de	massas	polares	para	o	continente.
e)					baixa	pressão	atmosférica	no	litoral.
Eu	acertei	 essa	questão	de	um	 jeito	bem	 tosco.	Vi	que	as	massas	de	ar	 (as
duas	 setinhas)	 já	 não	 chegavam	mais	 à	 área	 cinza	 porque	 aquele	 “A”	 gigante
estava	no	caminho.	Supus	então	que	esse	“A”	gigante	era	uma	outra	massa	de	ar
que	 “expulsava”	 as	 outras	 e	 impedia	 a	 precipitação	 naquela	 região	 (por	 isso	 o
“solo	 seco”).	 Então,	 por	 raciocínio	 lógico:	 Se	 antes	 chovia	 e	 agora	 não	 chove
mais,	 é	 porque	 o	 “A”	 gigante	 impediu	 a	 entrada	 de	 umidade	 (afinal,	 o	 “A”
gigante	é	a	única	diferença	entre	as	2	imagens,	então	é	natural	supor	que	foi	ele	a
causa	da	seca).	E	já	chegamos	à	conclusão	de	que	o	“A”	gigante	é	uma	massa	de
ar,	então	vou	supor	que	é	um	ciclone.	Por	girar	no	sentido	anti-horário,	deveser
um	anticiclone,	senhoras	e	senhores	membros	do	júri!
Bem	tosco	mesmo,	eu	sei.	Mas	acertei.
Resposta:	“B”.
QUESTÃO	83
Não	é	verdade	que	estão	ainda	cheios	de	velhice	espiritual	aqueles	que
nos	dizem:	“Que	fazia	Deus	antes	de	criar	o	céu	e	a	terra?	Se	estava	ocioso	e
nada	 realizava”,	 dizem	 eles,	 “por	 que	 não	 ficou	 sempre	 assim	no	 decurso
dos	séculos,	abstendo-se,	como	antes,	de	toda	ação?	Se	existiu	em	Deus	um
novo	movimento,	uma	vontade	nova	para	dar	o	ser	a	criaturas	que	nunca
antes	criara,	como	pode	haver	verdadeira	eternidade,	se	n’Ele	aparece	uma
vontade	que	antes	não	existia?”
AGOSTINHO.	Confissões.	São	Paulo:	Abril	Cultural,	1984.
A	questão	da	eternidade,	 tal	como	abordada	pelo	autor,	é	um	exemplo
da	reflexão	filosófica	sobre	a(s)
a)					essência	da	ética	cristã.
b)				natureza	universal	da	tradição.
c)					certezas	inabaláveis	da	experiência.
d)				abrangência	da	compreensão	humana.
e)					interpretações	da	realidade	circundante.
Muita	 atenção	 ao	 autor	 do	 texto:	 Santo	 Agostinho,	 o	 religioso	máster	 do
século	 IV.	 Se	 você	 passasse	 por	 alto,	 poderia	 achar	 que	 a	 ideia	 do	 texto	 é	 o
oposto	do	que	realmente	é.	Aqui,	Agostinho	critica	o	discurso	reproduzido	entre
aspas.	No	entanto,	como	90%	do	trecho	traz	o	ponto	de	vista	dos	céticos,	e	não	o
de	Agostinho,	 parece	 que	 o	 texto	 em	 aspas	 é	 a	 posição	 do	 autor.	Mas	 não!	É
exatamente	 o	 contrário.	 Ele	 está	 criticando	 o	 discurso	 entre	 aspas.	 Santo
Agostinho	 diz	 que	 o	 pessoal	 que	 usa	 o	 raciocínio	 lógico	 (“se	 ,	 então	 ”)	 para
questionar	 a	 eternidade	 de	 Deus	 está	 redondamente	 errado.	 Afinal,	 quem
seríamos	nós,	humanos,	para	compreender	a	lógica	divina?
Ele	 está	 questionando	 a	abrangência	 da	 compreensão	 humana.	 Nós	 não
seríamos	capazes	de	compreender	a	lógica	divina,	então	não	seria	possível	usar	a
razão	 (instrumento	 humano,	 como	 eu	 falei	 na	 historinha	 sobre	 Galileu)	 para
questionar	a	eternidade	de	Deus.
Resposta:	“D”.
QUESTÃO	84
Rodrigo	havia	 sido	 indicado	pela	oposição	para	 fiscal	duma	das	mesas
eleitorais.	 Pôs	 o	 revólver	 na	 cintura,	 uma	 caixa	 de	 balas	 no	 bolso	 e
encaminhou-se	para	seu	posto.	A	chamada	dos	eleitores	começou	às	sete	da
manhã.	 Plantados	 junto	 da	 porta,	 os	 capangas	 do	 Trindade	 ofereciam
cédulas	 com	 o	 nome	 dos	 candidatos	 oficiais	 a	 todos	 os	 eleitores	 que
entravam.	 Estes,	 em	 sua	 	 quase	 totalidade,	 tomavam	 docilmente	 dos
papeluchos	 e	 depositavam-nos	 na	 urna,	 depois	 de	 assinar	 a	 autêntica.	 Os
que	se	recusavam	a	isso	tinham	seus	nomes	acintosamente	anotados.
VERISSIMO,	E.	O	tempo	e	o	vento.	São	Paulo:	Globo,	2003	(adaptado)
Erico	 Veríssimo	 tematiza	 em	 obra	 flccional	 o	 seguinte	 aspecto
característico	da	vida	política	durante	a	Primeira	República:
a)					Identificação	forçada	de	homens	analfabetos.
b)				Monitoramento	legal	dos	pleitos	legislativos.
c)					Repressão	explícita	ao	exercício	de	direito.
d)				Propaganda	direcionada	à	população	do	campo.
e)					Cerceamento	policial	dos	operários	sindicalizados.
Não	 seria	 necessário	 entender	 de	 Primeira	 República	 para	 responder	 essa
questão.	 O	 que	 está	 acontecendo	 no	 texto	 é	 a	 ameaça	 aos	 cidadãos	 para
conseguir	 votos.	Mas	 o	 autor	 não	 é	 explícito.	 Ele	 sugere	 essa	 ameaça	 em	 um
detalhe	 sutil:	 o	 ato	 aparentemente	 inocente	 de	 anotar	 os	 nomes	 dos	 que	 se
recusavam	a	fazer	o	que	o	coronel	queria...
Enfim,	estão	falando	do	voto	de	cabresto,	da	época	do	coronelismo.
Era	 um	 período	 de	 repressão	 explícita	 (explícita	 porque	 era	 escancarado;
nem	 se	 davam	 ao	 trabalho	 de	 disfarçar)	 ao	 exercício	 de	 direito	 (o	 voto).
Resposta:	“C”.
QUESTÃO	85
Então	 disse:	 “Este	 é	 o	 local	 onde	 construirei.	 Tudo	 pode	 chegar	 aqui
pelo	 Eufrates,	 o	 Tigre	 e	 uma	 rede	 de	 canais.	 Só	 um	 lugar	 como	 este
sustentará	o	 exército	 e	a	população	geral”.	Assim	ele	 traçou	e	destinou	as
verbas	 para	 a	 sua	 construção,	 e	 deitou	 o	 primeiro	 tijolo	 com	 sua	 própria
mão,	dizendo:	“Em	nome	de	Deus,	e	em	louvor	a	Ele.	Construí,	e	que	Deus
vos	abençoe”.
AL-TABARI,	M.	Uma	história	dos	povos	árabes.	São	Paulo:	Cia.	das	Letras,	1995	(adaptado).
A	decisão	do	califa	Al-Mansur	(754-775)	de	construir	Bagdá	nesse	local
orientou-se	pela
a)	 	 	 	 	disponibilidade	de	 rotas	 e	 terras	 férteis	 como	base	 da	dominação
política.
b)	 	 	 	proximidade	de	áreas	populosas	como	afirmação	da	superioridade
bélica.
c)					submissão	à	hierarquia	e	à	lei	islâmica	como	controle	do	poder	real.
d)	 	 	 	 fuga	 da	 península	 arábica	 como	 afastamento	 dos	 conflitos
sucessórios.
e)					ocupação	de	região	fronteiriça	como	contenção	do	avanço	mongol.
Quem	já	jogou	Civilization	sabe	muito	bem:	o	lugar	mais	interessante	de	se
construir	uma	cidade	é	próximo	aos	rios.	Isso	por	causa	da	abundância	de	água
para	irrigação	e	da	possibilidade	de	se	construírem	rotas	fluviais	para	comércio	e
locomoção.	Na	antiguidade,	como	não	havia	muitas	tecnologias	de	irrigação	ou
transporte,	isso	era	ainda	mais	importante.	E	na	vida	real	também	foi	assim:	da
mesma	forma	que	em	Civilization,	o	califa	escolheu	construir	Bagdá	no	território
da	antiga	Mesopotâmia	devido	à	disponibilidade	de	rotas	e	terras	férteis	como
base	da	dominação	política.	Letra	“A”.
QUESTÃO	86
A	 agricultura	 ecológica	 e	 a	 produção	 orgânica	 de	 alimentos	 estão
ganhando	relevância	em	diferentes	partes	do	mundo.	No	campo	brasileiro,
também	acontece	o	mesmo.	 Impulsionado	especialmente	pela	 expansão	da
demanda	 de	 alimentos	 saudáveis,	 o	 setor	 cresce	 a	 cada	 ano,	 embora
permaneça	 relativamente	 marginalizado	 na	 agenda	 de	 prioridades	 da
política	agrícola	praticada	no	país.
AQUINO,	 J.	 R.;	 GAZOLLA,	M.;	 SCHNEIDER,	 S.	 In:	 SAMBUICHI,	 R.	 H.	 R.	 et	 al.	 (Org.).	 A	 política	 nacional	 de
agroecologia	e	produção	orgânica	no	Brasil:	uma	trajetória	de	luta	pelo	desenvolvimento	rural	sustentável.	Brasília:	Ipea,	2017
(adaptado).
Que	 tipo	 de	 intervenção	 do	 poder	 público	 no	 espaço	 rural	 é	 capaz	 de
reduzir	a	marginalização	produtiva	apresentada	no	texto?
a)					Subsidiar	os	cultivos	de	base	familiar.
b)				Favorecer	as	práticas	de	fertilização	química.
c)					Restringir	o	emprego	de	maquinário	moderno.
d)				Controlar	a	expansão	de	sistemas	de	irrigação.
e)					Regulamentar	o	uso	de	sementes	selecionadas.
Antes	 de	 entender	 o	 que	 o	 poder	 público	 pode	 fazer	 para	 resolver	 o
problema,	 temos	 que	 entender	 qual	 é	 o	 problema.	 E	 se	 trata	 dessa
marginalização	 produtiva,	 ou	 seja,	 o	 pouco	 investimento	 na	 agricultura
ecológica.	Ora,	se	o	problema	é	o	pouco	investimento,	basta	investir	mais.	Então
é	só	encontrar	a	alternativa	que	faz	referência	a	práticas	de	agricultura	ecológica.
Resposta:	 “A”.	Cultivos	 de	 base	 familiar	 são	 menos	 agressivos	 com	 o	 solo,
usam	menos	fertilizantes	e	ainda	garantem	o	sustento	de	pessoas	que	podem	não
ter	 outra	 fonte	 de	 renda.	 É	 predominantemente	 na	 agricultura	 familiar	 que	 se
produzem	vegetais	orgânicos,	porque	os	grandes	latifúndios	não	podem	se	dar	ao
luxo	de	abrir	mão	dos	fertilizantes.	Seria	logisticamente	impossível	combater	as
pragas	em	um	terreno	grande	demais	se	não	usassem	fertilizantes.
Logo,	o	aumento	da	demanda	por	alimentos	saudáveis	pode	ser	parcialmente
atendido	com	investimento	do	poder	público	em	cultivos	de	base	familiar.
QUESTÃO	87
O	 anúncio	 publicitário	 da	 década	 de	 1940	 reforça	 os	 seguintes
estereótipos	atribuídos	historicamente	a	uma	suposta	natureza	feminina:
a)					Pudor	inato	e	instinto	maternal.
b)				Fragilidade	física	e	necessidade	de	aceitação.
c)					Isolamento	social	e	procura	de	autoconhecimento.
d)				Dependência	econômica	e	desejo	de	ostentação.
e)					Mentalidade	fútil	e	conduta	hedonista.
O	 anúncio	 publicitário	 reforça	 o	 estereótipo	 da	 época	 de	 que	 as	 mulheres
deviam	 estar	 bonitas,	 saudáveis,	 cheirosas	 e	 maravilhosas	 o	 tempo	 todo	 para
agradar	aos	homens.	A	necessidade	de	um	tônicopara	manter	a	saúde	da	mulher
sugere	que	elas	eram	vistas	como	frágeis,	e	a	necessidade	de	ser	aprovada	pelos
homens	é	a	necessidade	de	aceitação	de	que	fala	a	letra	“B”.
QUESTÃO	88
Considerando	 as	 diferenças	 entre	 extrativismo	 vegetal	 e	 silvicultura,	 a
variação	das	curvas	do	gráfico	foi	influenciada	pela	tendência	de
a)					conservação	do	bioma	nativo.
b)				estagnação	do	setor	primário.
c)					utilização	de	madeira	de	reflorestamento.
d)				redução	da	produção	de	móveis.
e)					retração	da	indústria	alimentícia.
Eu	 não	 fazia	 a	mínima	 ideia	 do	 que	 era	 silvicultura,	 então	 acabei	 errando
essa	questão.	Silvicultura	é	a	ciência	dedicada	ao	estudo	dos	métodos	naturais	e
artificiais	 de	 regenerar	 e	melhorar	 os	 povoamentos	 florestais.	 Ou	 seja,	 é	 a
ação	humana	tentando	consertar	a	destruição	que	os	humanos	já	provocaram	ao
longo	dos	anos.
Uma	 das	 maneiras	 de	 regenerar	 e	 melhorar	 os	 povoamentos	 florestais	 é
justamente	utilizar	madeira	de	reflorestamento.	Resposta:	“C”.
PS:	 Isso	 também	 explica	 a	 redução	 do	 extrativismo	 vegetal:	 com	 mais
madeira	 de	 reflorestamento,	 seria	 necessário	 menos	 extração	 de	 madeira	 das
florestas.
QUESTÃO	89
No	 início	 da	 década	 de	 1990,	 dois	 biólogos	 importantes,	 Redford	 e
Robinson,	 produziram	 um	 modelo	 largamente	 aceito	 de	 “produção
sustentável”	 que	 previa	 quantos	 indivíduos	 de	 cada	 espécie	 poderiam	 ser
caçados	 de	 forma	 sustentável	 baseado	 nas	 suas	 taxas	 de	 reprodução.	 Os
seringueiros	 do	 Alto	 Juruá	 tinham	 um	 modelo	 diferente:	 a	 quem	 lhes
afirmava	 que	 estavam	 caçando	 acima	 do	 sustentável	 (dentro	 do	modelo),
eles	diziam	que	não,	que	o	nível	da	caça	dependia	da	existência	de	áreas	de
refúgio	em	que	ninguém	caçava.	Ora,	esse	acabou	sendo	o	modelo	batizado
de	“fonte-ralo”	proposto	dez	anos	após	o	primeiro	por	Novaro,	Bodmer	e	o
próprio	Redford	e	que	suplantou	o	modelo	anterior.
CUNHA,	M.	C.	Revista	USP,	n.	75,	set.-nov.	2007.
No	contexto	da	produção	científica,	a	necessidade	de	reconstrução	desse
modelo,	 conforme	 exposto	 no	 texto,	 foi	 determinada	 pelo	 confronto	 com
um(a)
a)					conclusão	operacional	obtida	por	lógica	dedutiva.
b)				visão	de	mundo	marcada	por	preconceitos	morais.
c)	hábito	social	condicionado	pela	religiosidade	popular.
d)	conhecimento	empírico	apropriado	pelo	senso	comum.
e)					padrão	de	preservação	construído	por	experimentação	dirigida.
Essa	eu	errei,	mas	foi	por	muito,	muito	descuido!	Eu	devia	estar	desfocado	e
não	quis	parar	para	respirar	um	pouco.	Acabei	errando	por	besteira.
O	 texto	 conta	 a	 história	 de	 dois	 biólogos	 que	 tiveram	 seu	 conhecimento
questionado	 pelos	 seringueiros,	 que	 chegaram	 a	 uma	 conclusão	 por	 meio	 da
experiência	do	dia	a	dia.	Os	seringueiros	conheciam	o	lugar,	por	isso	entendiam
o	 fenômeno	 em	 questão	 sem	 necessariamente	 tê-lo	 estudado	 de	 maneira
científica.	 Foi	 pelo	 senso	 comum	 que	 eles	 descobriram	 que	 o	 nível	 de	 caça
dependia	da	existência	de	áreas	de	refúgio.	Resposta:	“D”.
QUESTÃO	90
Um	 dos	 teóricos	 da	 democracia	 moderna,	 Hans	 Kelsen,	 considera
elemento	 essencial	 da	 democracia	 real	 (não	 da	 democracia	 ideal,	 que	 não
existe	em	 lugar	algum)	o	método	da	seleção	dos	 líderes,	ou	seja,	a	eleição.
Exemplar,	neste	 sentido,	 é	a	afirmação	de	um	 juiz	da	Corte	Suprema	dos
Estados	Unidos,	por	ocasião	de	uma	eleição	de	1902:	“A	cabine	eleitoral	é	o
templo	das	instituições	americanas,	onde	cada	um	de	nós	é	um	sacerdote,	ao
qual	é	confiada	a	guarda	da	arca	da	aliança	e	cada	um	oficia	do	seu	próprio
altar”.
BOBBIO,	N.	Teoria	geral	da	política.	Rio	de	Janeiro:	EIsevier,	2000	(adaptado)
As	 metáforas	 utilizadas	 no	 texto	 referem-se	 a	 uma	 concepção	 de
democracia	fundamentada	no(a)
a)					justificação	teísta	do	direito.
b)				rigidez	da	hierarquia	de	classe.
c)					ênfase	formalista	na	administração.
d)				protagonismo	do	Executivo	no	poder.
e)					centralidade	do	indivíduo	na	sociedade.
O	 uso	 de	 uma	metáfora	 “religiosa”	 pode	 ter	 confundido	 algumas	 pessoas,
mas	 o	 ponto	 central	 aqui	 é	 o	 trecho:	 “cada	 um	 de	 nós	 é	 um	 sacerdote	 do
templo”.	Essa	 metáfora	 não	 teve	 nada	 a	 ver	 com	 religião,	 como	 uma	 leitura
apressada	 poderia	 sugerir.	 O	 autor	 quis	 dizer	 que	 as	 pessoas	 têm	 um	 papel
central	 no	 processo	 de	 decisão:	 por	 meio	 do	 exercício	 do	 voto,	 elas	 são	 o
sacerdote	 do	 templo,	 a	 autoridade	 máxima!	 Elas	 que	 mandam,	 basicamente.
Segundo	essa	concepção,	portanto,	o	indivíduo	é	o	ponto	central	dos	processos
de	tomada	de	decisão	da	sociedade.	Resposta:	“E”.
Ciências	da	Natureza	e	suas	Tecnologias
QUESTÃO	91
Para	 serem	 absorvidos	 pelas	 células	 do	 intestino	 humano,	 os	 lipídios
ingeridos	 precisam	 ser	 primeiramente	 emulsificados.	 Nessa	 etapa	 da
digestão,	torna-se	necessária	a	ação	dos	ácidos	biliares,	visto	que	os	lipídios
apresentam	uma	natureza	apoiar	e	são	insolúveis	em	água.
Esses	ácidos	atuam	no	processo	de	modo	a
a)					hidrolisar	os	lipídios
b)				agir	como	detergentes
c)					tornar	os	lipídios	anfifílicos
d)				promover	a	secreção	de	lipases
e)					estimular	o	trânsito	intestinal	dos	lipídios.
Questão	 clássica	de	ENEM	sobre	 substâncias	anfipáticas	 (com	uma	parte
polar	 e	 outra	 apolar).	 Para	 que	 os	 lipídios	 (apolares)	 sejam	 absorvidos,	 é
necessário	 que	 se	 tornem	 solúveis	 em	 água	 (solvente	 polar).	 É	 o	 mesmo
fenômeno	 químico	 de	 quando	 você	 passa	 sabão/detergente	 em	 uma	 superfície
para	tirar	a	gordura:	as	moléculas	anfipáticas	formam	uma	pasta	com	a	gordura
(uma	emulsão),	que	é	carregada	pela	água.
Resposta:	 “B”:	agir	 como	 detergentes,	porque	 detergentes	 são	 justamente
moléculas	 anfipáticas	 que	 permitem	 a	 emulsificação	 das	 gorduras	 (pela
formação	de	micelas).
QUESTÃO	92
A	 tecnologia	 de	 comunicação	 da	 etiqueta	 RFID	 (chamada	 de	 etiqueta
inteligente)	 é	usada	há	anos	para	rastrear	gado,	vagões	de	 trem,	bagagem
aérea	e	carros	nos	pedágios.	Um	modelo	mais	barato	dessas	etiquetas	pode
funcionar	 sem	 baterias	 e	 é	 constituído	 por	 três	 componentes:	 um
microprocessador	 de	 silício;	 uma	 bobina	 de	 metal,	 feita	 de	 cobre	 ou	 de
alumínio,	que	é	enrolada	em	um	padrão	circular;	e	um	encapsulador,	que	é
um	 material	 de	 vidro	 ou	 polímero	 envolvendo	 o	 microprocessador	 e	 a
bobina.	Na	presença	de	um	campo	de	radiofrequência	gerado	pelo	leitor,	a
etiqueta	 transmite	 sinais.	 A	 distância	 de	 leitura	 é	 determinada	 pelo
tamanho	da	bobina	e	pela	potência	da	onda	de	rádio	emitida	pelo	leitor.
Disponível	em:	http://eletronicos.hsw.uol.com.br.	Acesso	em:	27	fev.	2012	(adaptado)
A	etiqueta	funciona	sem	pilhas	porque	o	campo
a)					elétrico	da	onda	de	rádio	agita	elétrons	da	bobina.
b)				elétrico	da	onda	de	rádio	cria	uma	tensão	na	bobina.
c)					magnético	da	onda	de	rádio	induz	corrente	na	bobina.
d)				magnético	da	onda	de	rádio	aquece	os	fios	da	bobina.
e)	 	 	 	 	magnético	da	onda	de	 rádio	diminui	 a	 ressonância	no	 interior	da
bobina.
Questão	 teórica	 que,	 das	 duas,	 uma:	 ou	 você	 sabia	 a	 resposta	 e	 conseguia
acertar	 rápido...	 ou	 você	 não	 sabia	 a	 resposta	 e	 perdia	 muito	 tempo	 tentando
descobrir	(e	falhava	miseravelmente).	O	fenômeno	aqui	é	a	geração	de	corrente
elétrica	quando	há	variação	do	campo	magnético.	É	a	lei	de	Faraday-Lens.	Caiu
uma	 questão	 exatamente	 assim	 no	 ENEM	 2011,	 sobre	 o	 dínamo	 na	 roda	 da
bicicleta.	(Então,	sim,	continua	importante	refazer	as	provas	antigas.)	Resposta:
“C”.
QUESTÃO	93
Corredores	 ecológicos	 visam	 mitigar	 os	 efeitos	 da	 fragmentação	 dos
ecossistemas	promovendo	a	ligação	entre	diferentes	áreas,	com	o	objetivo	de
proporcionar	 o	 deslocamento	 de	 animais,	 a	 dispersão	 de	 sementes	 e	 o
aumento	 da	 cobertura	 vegetal.	 São	 instituídos	 com	 base	 em	 informações
como	 estudos	 sobre	 o	 deslocamento	 de	 espécies,	 sua	 área	 de	 vida	 (área
necessária	para	o	suprimento	de	suas	necessidades	vitais	e	reprodutivas)	e	a
distribuiçãode	suas	populações.
Disponível	em:	www.mma.gov.br.	Acesso	em:	30	nov.	2017	(adaptado).
Nessa	estratégia,	a	recuperação	da	biodiversidade	é	efetiva	porque
a)					propicia	o	fluxo	gênico.
b)				intensifica	o	manejo	de	espécies.
c)					amplia	o	processo	de	ocupação	humana.
d)				aumenta	o	número	de	indivíduos	nas	populações.
e)					favorece	a	formação	de	ilhas	de	proteção	integral.
Questão	 parcialmente	 de	 Biologia,	mas	 principalmente	 de	 interpretação	 de
texto	e	raciocínio	lógico.	Se	os	corredores	ecológicos	promovem	a	ligação	entre
diferentes	áreas,	 isso	é	o	contrário	de	formar	 ilhas	(“E”).	A	estratégia	é	efetiva
porque	 favorece	 a	 migração	 e	 o	 encontro	 de	 espécies	 que	 antes	 estavam
espalhadas	 e	 impossibilitadas	 de	 procriar.	 Favorece,	 portanto,	 o	 fluxo	 gênico
(fluxo	de	genes	=	reprodução).
Resposta:	”A”.
QUESTÃO	94
A	identificação	de	riscos	de	produtos	perigosos	para	o	transporte	rodoviário
é	obrigatória	e	realizada	por	meio	da	sinalização	composta	por	um	painel	de
segurança,	 de	 cor	 alaranjada,	 e	 um	 rótulo	 de	 risco.	 As	 informações
inseridas	no	painel	de	segurança	e	no	rótulo	de	risco,	conforme	determina	a
legislação,	permitem	que	se	identifique	o	produto	transportado	e	os	perigos
a	ele	associados.
A	 sinalização	 mostrada	 identifica	 uma	 substância	 que	 está	 sendo
transportada	em	um	caminhão.
Os	 três	 algarismos	 da	 parte	 superior	 do	 painel	 indicam	 o	 “Número	 de
risco”.	O	número	268	indica	tratar-se	de	um	gás	(2),	tóxico	(6)	e	corrosivo
(8).	Os	quatro	dígitos	da	parte	 inferior	correspondem	ao	“Número	ONU”,
que	identifica	o	produto	transportado.
BRASIL.	Resolução	n.	420,	de	12/02/2004,	da	Agência	Nacional	de	Transportes	Terrestres	(ANTT)/Ministério	dos	Transportes
(adaptado).
ABNT.	NBR	7500:	 identificação	para	o	 transporte	 terrestre,	manuseio,	movimentação	 e	 armazenamento	de	produtos.
Rio	de	Janeiro,	2004	(adaptado).
Considerando	 a	 identificação	 apresentada	no	 caminhão,	 o	 código	 1005
corresponde	à	substância
a)					eteno	(C2H4)
b)				nitrogênio	(N2)
c)					amônia	(NH3)
d)				propano	(C3H8)
e)					dióxido	de	carbono	(CO2)
A	substância	da	placa	é	um	gás	 tóxico	e	corrosivo.	Os	cinco	da	alternativa
são	gases,	mas	só	a	amônia	também	é	tóxica	e	corrosiva.	Resposta:	“C”.
Questão	 relativamente	 difícil,	 porque	 seria	 necessário	 conhecer	 as
propriedades	dos	gases	apresentados,	e	não	são	muitas	escolas	que	dão	aulas	em
laboratório	para	ensinar	os	alunos	sobre	o	que	é	corrosivo	e	o	que	não	é.	Mas,
dentre	os	5	gases	apresentados,	o	nome	amônia	 já	chamava	atenção.	O	resto	é
gás	 que	 se	 encontra	 na	 atmosfera	 (nitrogênio	 e	 dióxido	 de	 carbono)	 ou
hidrocarbonetos	comuns.
QUESTÃO	95
No	 ciclo	 celular	 atuam	moléculas	 reguladoras.	 Dentre	 elas,	 a	 proteína
p53	 é	 ativada	 em	 resposta	 a	mutações	 no	DNA,	 evitando	 a	 progressão	 do
ciclo	 até	 que	 os	 danos	 sejam	 reparados,	 ou	 induzindo	 a	 célula	 ã
autodestruição.
ALBERTS,	B.	et	ai.	Fundamentos	da	biologia	celular.	Porto	Alegre:	Artmed,	2011	(adaptado).
A	ausência	dessa	proteína	poderá	favorecer	a
a)					redução	da	síntese	de	DNA,	acelerando	o	ciclo	celular.
b)				saída	imediata	do	ciclo	celular,	antecipando	a	proteção	do	DNA.
c)					ativação	de	outras	proteínas	reguladoras,	induzindo	a	apoptose.
d)				manutenção	da	estabilidade	genética,	favorecendo	a	longevidade.
e)	 	 	 	 	 proliferação	 celular	 exagerada,	 resultando	 na	 formação	 de	 um
tumor.
A	 proteína	 p53	 é	 ativada	 em	 resposta	 a	 mutações	 do	 DNA.	 Só	 essa
informação	já	te	faria	ligar	um	alerta,	porque	o	câncer	é	justamente	resultado	de
uma	mutação	descontrolada	do	DNA	que	resulta	em	uma	proliferação	celular
exagerada.	Sem	a	proteína,	essa	“regulação”	não	existiria	mais,	o	que	poderia
ocasionar	a	formação	de	um	tumor.	Letra	“E”.
QUESTÃO	96
Muitos	 primatas,	 incluindo	 nós	 humanos,	 possuem	 visão	 tricromática:
têm	 três	 pigmentos	 visuais	 na	 retina	 sensíveis	 à	 luz	 de	 uma	 determinada
faixa	de	comprimentos	de	onda.	Informalmente,	embora	os	pigmentos	em	si
não	 possuam	 cor,	 estes	 são	 conhecidos	 como	 pigmentos	 “azul”,	 “verde”	 e
“vermelho”	e	estão	associados	ã	cor	que	causa	grande	excitação	(ativação).
A	sensação	que	temos	ao	observar	um	objeto	colorido	decorre	da	ativação
relativa	dos	 três	pigmentos.	Ou	 seja,	 se	 estimulássemos	 a	 retina	 com	uma
luz	 na	 faixa	 de	 530	 nm	 (retângulo	 I	 no	 gráfico),	 não	 excitaríamos	 o
pigmento	 “azul”,	 o	 pigmento	 “verde”	 seria	 ativado	 ao	 máximo	 e	 o
“vermelho”	 seria	 ativado	 em	 aproximadamente	 75%,	 e	 Isso	 nos	 daria	 a
sensação	de	ver	uma	cor	amarelada.	Já	uma	luz	na	faixa	de	comprimento	de
onda	de	600	nm	(retângulo	II)	estimularia	o	pigmento	“verde”	um	pouco	e	o
“vermelho”	em	cerca	de	75%,	e	 Isso	nos	daria	a	 sensação	de	ver	 laranja-
avermelhado.	No	entanto,	há	características	genéticas	presentes	em	alguns
indivíduos,	conhecidas	coletivamente	como	Daltonismo,	em	que	um	ou	mais
pigmentos	não	funcionam	perfeitamente.
Caso	estimulássemos	a	 retina	de	um	 indivíduo	com	essa	 característica,
que	não	possuísse	o	pigmento	conhecido	como	“verde”,	com	as	luzes	de	530
nm	e	600	nm	na	mesma	intensidade	luminosa,	esse	indivíduo	seria	incapaz
de
a)	 	 	 	 	 Identificar	o	 comprimento	de	onda	do	amarelo,	uma	vez	que	não
possui	o	pigmento	“verde”.
b)	 	 	 	ver	 o	 estímulo	de	 comprimento	de	 onda	 laranja,	 pois	não	haveria
estimulação	de	um	pigmento	visual.
c)	 	 	 	 	 detectar	 ambos	 os	 comprimentos	 de	 onda,	 uma	 vez	 que	 a
estimulação	dos	pigmentos	estaria	prejudicada.
d)	 	 	 	visualizar	o	estímulo	do	comprimento	de	onda	roxo,	 já	que	este	se
encontra	na	outra	ponta	do	espectro.
e)	 	 	 	 	distinguir	os	dois	comprimentos	de	onda,	pois	ambos	estimulam	o
pigmento	“vermelho”	na	mesma	intensidade.
Se	 a	 pessoa	 não	 tem	 o	 pigmento	 “verde”,	 devemos	 olhar	 o	 gráfico	 e
simplesmente	 ignorar	 a	 curva	 referente	 a	 ele.	 Vamos	 nos	 deparar	 com	 as
barrinhas	I	e	II	e	a	curva	pontilhada	(em	vermelho	abaixo).
Em	primeiro	lugar,	perdão	pelo	desenho	feio.	Em	segundo	lugar,	repare	que
a	curva	do	pigmento	“vermelho”	cruza	as	barrinhas	aproximadamente	no	mesmo
ponto.	 Isso	 quer	 dizer	 que	 os	 feixes	 I	 e	 II	 estimulam	 esse	 pigmento	 com	 a
mesma	 intensidade.	Como	o	 indivíduo	 não	 tem	o	 pigmento	 verde,	 esses	 dois
feixes	vão	gerar	uma	percepção	de	cor	idêntica	ao	observador.	Ele	não	vai	ser
capaz	de	distinguir	os	comprimentos	de	onda.	Letra	“E”.
Eu	errei	essa	não	sei	por	quê.	Deve	ter	sido	falta	de	atenção	:(
QUESTÃO	97
O	grafeno	é	uma	forma	alotrópica	do	carbono	constituído	por	uma	folha
planar	(arranjo	bidimensional)	de	átomos	de	carbono	compactados	e	com	a
espessura	 de	 apenas	 um	 átomo.	 Sua	 estrutura	 é	 hexagonal,	 conforme	 a
figura.
Nesse	arranjo,	os	átomos	de	carbono	possuem	hibridação
a)					sp	de	geometria	linear.
b)				sp²	de	geometria	trigonal	planar.
c)					sp³	alternados	com	carbonos	com	hibridação	sp	de	geometria	linear.
d)				sp³d	de	geometria	planar.
e)					sp³d²	com	geometria	hexagonal	planar.
Mais	uma	questão	de	sabe	vs.	não	sabe.	E	eu	acho	que	o	ENEM	nunca	foi
tão	 direto	 ao	 pedir	 a	 hibridização	 do	 carbono.	 Eu	 tenho	 uma	 dica	 MÍSTICA
sobre	isso	no	canal,	caso	queiram	dar	uma	olhada	(por	favor,	ignorem	a	cara	de
criança):	https://www.youtube.com/watch?v=mx4ly1_lUSM
O	desenho	não	mostrou	a	ligação	dupla	que	cada	carbono	faz,	mas,	para	que
os	 átomos	 se	 disponham	em	uma	 folha	 planar,	 é	 necessário	 que	 cada	 um	 faça
duas	ligações	simples	e	uma	dupla.	Logo,	a	hibridização	é	sp²,	e	a	geometria	é
trigonal	planar.	Letra	“B”.
Videoaula	 de	 geometria	 molecular:	 https://www.youtube.com/watch?
v=GOQbKiM_Mjo
https://www.youtube.com/watch?v=mx4ly1_lUSM
https://www.youtube.com/watch?v=GOQbKiM_Mjo
QUESTÃO	98
Um	 projetista	 deseja	 construir	 um	 brinquedo	 que	 lance	 um	 pequeno
cubo	 ao	 longo	 de	 um	 trilho	 horizontal,	 e	 o	 dispositivo	 precisa	 oferecer	 a
opção	de	mudar	a	velocidade	de	lançamento.	Para	isso,	ele	utiliza	uma	mola
e	um	trilhoonde	o	atrito	pode	ser	desprezado,	conforme	a	figura.
Para	 que	 a	 velocidade	 de	 lançamento	 do	 cubo	 seja	 aumentada	 quatro
vezes,	o	projetista	deve
a)					manter	a	mesma	mola	e	aumentar	duas	vezes	a	sua	deformação.
b)				manter	a	mesma	mola	e	aumentar	quatro	vezes	a	sua	deformação.
c)					manter	a	mesma	mola	e	aumentar	dezesseis	vezes	a	sua	deformação.
d)	 	 	 	 trocar	 a	mola	 por	 outra	 de	 constante	 elástica	 duas	 vezes	maior	 e
manter	a	deformação.
e)	 	 	 	 	trocar	a	mola	por	outra	de	constante	elástica	quatro	vezes	maior	e
manter	a	deformação.
Questão	 de	 dificuldade	 média	 sobre	 a	 relação	 entre	 energia	 potencial
elástica,	 energia	 cinética	 e	 velocidade.	 Aqui,	 energia	 potencial	 elástica	 está
sendo	convertida	em	cinética.	Logo,	pelo	princípio	de	conservação	de	energia:
	
A	 relação	entre	deformação	da	mola	 (x)	e	velocidade	 (v)	é	 linear.	Os	dois
lados	 estão	 elevados	 ao	 quadrado,	 logo,	 para	 a	 velocidade	 quadruplicar,	 a
deformação	na	mola	também	deve	quadruplicar.
Resposta:	“B”.
QUESTÃO	99
Pesquisas	 demonstram	 que	 nanodispositivos	 baseados	 em	movimentos
de	 dimensões	 atômicas,	 induzidos	 por	 luz,	 poderão	 ter	 aplicações	 em
tecnologias	 futuras,	 substituindo	 micromotores,	 sem	 a	 necessidade	 de
componentes	 mecânicos.	 Exemplo	 de	movimento	molecular	 induzido	 pela
luz	pode	ser	observado	pela	flexão	de	uma	lâmina	delgada	de	silício,	ligado
a	 um	 polímero	 de	 azobenzeno	 e	 a	 um	 material	 suporte,	 em	 dois
comprimentos	de	onda,	 conforme	 ilustrado	na	 figura.	Com	a	aplicação	de
luz	 ocorrem	 reações	 reversíveis	 da	 cadeia	 do	 polímero,	 que	 promovem	 o
movimento	observado:
TOMA,	H.	E.	A	nanotecnologia	das	moléculas.	Química	Nova	na	Escola,	n.21,	maio	2005	(adaptado).
O	fenômeno	de	movimento	molecular,	promovido	pela	incidência	de	luz,
decorre	do(a)
a)	 	 	 	 	movimento	vibracional	dos	átomos,	que	 leva	ao	encurtamento	e	à
relaxação	das	ligações
b)	 	 	 	isomerização	das	ligações	N=N,	sendo	a	forma	cis	do	polímero	mais
compacta	que	a	trans.
c)	 	 	 	 	tautomerização	das	unidades	monoméricas	do	polímero,	que	leva	a
um	composto	mais	compacto.
d)	 	 	 	ressonância	entre	os	elétrons	π	do	grupo	azo	e	os	do	anel	aromático
que	encurta	as	ligações	duplas.
e)	 	 	 	 	 variação	 conformacional	 das	 ligações	 N=N,	 que	 resulta	 em
estruturas	com	diferentes	áreas	de	superfície.
Essa	 questão	 foi	 assustadora,	 mas	 não	 chegou	 a	 ser	 difícil.	 Era
essencialmente	uma	questão	de	“sabe	vs.	não	sabe”,	mas	aplicada	a	uma	situação
real.	Logo,	essa	foi	mais	difícil	que	a	da	hibridização,	que	foi	só	“sabe	vs.	não
sabe”.
O	ponto	central	aqui	é	que	a	configuração	da	direita	é	mais	compacta	que	a
da	esquerda	 (perceba	a	 setinha	 indicando	que	a	aba	 superior	 inclina	um	pouco
para	baixo).	A	molécula	assumiu	uma	configuração	mais	compacta.
E	 a	 diferença	 entra	 as	 ligações	 da	 esquerda	 e	 da	 direita	 está	destacada	 no
canto	esquerdo	das	imagens:	à	esquerda,	temos	o	isômero	trans,	com	os	átomos
de	 carbono	 ligados	 em	posições	 opostas	 a	 cada	 nitrogênio	 da	 ligação	N=N;	 à
direita,	o	isômero	é	o	cis,	com	os	átomos	de	carbono	ligados	do	mesmo	lado	da
ligação	N=N.
Ou	seja,	a	luz	provocou	a	isomerização	das	ligações	N=N,	sendo	a	forma	cis
mais	compacta	que	a	trans.	Letra	“B”.
O	nome	do	assunto	é	isomeria	geométrica,	caso	queira	dar	uma	revisada.
QUESTÃO	100
O	carro	 flex	é	uma	realidade	no	Brasil.	Estes	veículos	 estão	equipados
com	motor	 que	 tem	 a	 capacidade	 de	 funcionar	 com	mais	 de	 um	 tipo	 de
combustível.	No	entanto,	as	pessoas	que	têm	esse	tipo	de	veículo,	na	hora
do	abastecimento,	têm	sempre	a	dúvida:	álcool	ou	gasolina?	Para	avaliar	o
consumo	desses	combustíveis,	realizou-se	um	percurso	com	um	veículo	flex,
consumindo	40	 litros	de	gasolina	e	no	percurso	de	volta	utilizou-se	etanol.
Foi	 considerado	 o	 mesmo	 consumo	 de	 energia	 tanto	 no	 percurso	 de	 ida
quanto	no	de	volta.
O	quadro	resume	alguns	dados	aproximados	sobre	esses	combustíveis.
O	 volume	 de	 etanol	 combustível,	 em	 litro,	 consumido	 no	 percurso	 de
volta	é	mais	próximo	de
a)					27
b)				32.
c)					37.
d)				58.
e)					67.
Se	 você	 fosse	 fazer	 essa	 questão	 da	 forma	 tradicional,	 perderia	 um	 bom
tempo	com	várias	regras	de	3	complexas	em	sequência.	Mas	aqui	vai	uma	dica
sobre	como	usar	unidades	de	medida	para	acelerar	e	muito	a	resolução	(ainda
vamos	usar	o	mesmo	truque	de	novo	em	breve):	Unidades	de	medida	são	suas
amigas.	Nos	vídeos	de	resolução	dos	outros	anos,	eu	sempre	faço	questão	de	não
omitir	as	unidades	durante	os	cálculos	para	garantir	que	estou	no	caminho	certo.
E	aqui	elas	vão	ajudar	ainda	mais.
Sabemos	 que	 houve	 o	 mesmo	 consumo	 de	 energia	 de	 etanol	 e	 gasolina.
Logo,	as	“kcal”	dos	dois	foram	iguais.	Mas	tem	outras	unidades	além	de	“kcal”
na	tabela,	então	vamos	ter	que	dar	um	jeito	de	cortar	 todas	as	outras	para	ficar
apenas	com	“kcal”	dos	dois	lados.
Vamos	nos	organizar	e	colocar	tudo	que	é	do	etanol	de	um	lado	da	igualdade
e	tudo	que	é	da	gasolina	do	outro.	Densidade,	calor	de	combustão	e	volume:
	
Agora	só	temos	que	saber	se	a	relação	é	direta	ou	inversamente	proporcional.
Vamos	substituir	as	grandezas	pelas	unidades	de	medida:
	
Grama	 no	 numerador	 simplifica	 com	 grama	 no	 denominador,	 e	 mL	 no
denominador	 simplifica	 com	 L	 no	 numerador	 (vamos	 ter	 que	 converter	 L	 em
mL,	mas	isso	é	detalhe).	E	sobra	quem?	Justamente	a	kcal!!	Já	deu	para	entender
o	que	eu	vou	fazer	agora?
Basicamente,	 vamos	 multiplicar	 as	 3	 grandezas.	 Isso	 vai	 resultar	 em	 um
valor	 de	 um	 lado	 (X	 kcal),	 que	precisa	 ser	 igual	 ao	 valor	 do	 outro	 (X	 kcal).
Pegando	os	valores	da	tabela:
	
Mas	foram	40L	de	gasolina,	então	vamos	substituir:
	
	
Temos	mL	no	denominador	e	L	no	numerador.	Vamos	converter	L	em	mL
para	poder	cortar	e	simplificar:
	
Agora	é	só	cortar	todas	as	unidades	de	medida.	Grama	corta	com	grama,	mL
corta	com	mL,	e	sobra	kcal	dos	dois	lados:
	
	
	
	
Você	nem	precisaria	 ter	convertido	L	em	mL,	porque	a	pergunta	era	em	L.
Só	 converti	 para	 explicar	 a	 lógica	 das	 unidades	 de	 medida,	 sobre	 o	 que
simplifica	com	o	quê.
Ainda	vamos	ver	esse	truque	de	novo	na	questão	sobre	ondulatória	(117).
Quando	você	pega	o	jeito,	consegue	resolver	questões	que	não	faz	a	mínima
ideia	 de	 como	 começar.	 As	 unidades	 de	 medida	 te	 orientam	 para	 o	 próximo
passo	a	 tomar.	Sugiro	assistir	às	resoluções	dos	anos	anteriores	para	ver	outras
questões	que	dá	para	resolver	desse	jeito.
Resposta:	“D”.
QUESTÃO	101
As	 abelhas	 utilizam	 a	 sinalização	 química	 para	 distinguir	 a	 abelha-
rainha	 de	 uma	 operária,	 sendo	 capazes	 de	 reconhecer	 diferenças	 entre
moléculas.	A	rainha	produz	o	sinalizador	químico	conhecido	como	ácido	9-
hidroxidec-2-enoico,	 enquanto	 as	 abelhas-operárias	 produzem	 ácido	 10-
hidroxidec-2-enoico.	Nós	podemos	distinguir	as	abelhas-operárias	e	rainhas
por	sua	aparência,	mas,	entre	si,	elas	usam	essa
sinalização	química	para	perceber	a	diferença.	Pode-se	dizer	que	veem	por
meio	da	química.
LE	COUTEUR,	R;	BURRESON,	J.	Os	botões	de	Napoleão:	as	17	moléculas	que	mudaram	a	história.	Rio	de	Janeiro:
Jorge	Zahar,	2006	(adaptado).
As	 moléculas	 dos	 sinalizadores	 químicos	 produzidas	 pelas	 abelhas
rainha	e	operária	possuem	diferença	na
a)					fórmula	estrutural.
b)				fórmula	molecular.
c)					identificação	dos	tipos	de	ligação.
d)				contagem	do	número	de	carbonos.
e)					identificação	dos	grupos	funcionais.
Essa	 questão	 levantou	 polêmicas	 porque	 foi	 o	 texto	 foi	 tirado	 de	 um	 livro
paradidático	 de	 Química.	Mas,	 interpretando	 a	 questão,	 até	 que	 ela	 não	 é	 tão
difícil.	 Ela	 cobrava	 conhecimentos	 de	 nomenclatura	 de	 compostos	 orgânicos:
temos	 duas	 moléculas,	 e	 a	 única	 diferença	 entre	 elas	 é	 a	 posição	 do	 grupo
hidróxi	 (no	 carbono	 9	 vs.	 no	 carbono	 10).	 As	 fórmulas	 moleculares	 são
idênticas,	mas	a	estrutura	(fórmula	estrutural)	é	diferente.
Resposta:	“A”.
QUESTÃO	102
Insetos	 podemapresentar	 três	 tipos	 de	 desenvolvimento.	 Um	 deles,	 a
holometabolia	(desenvolvimento	completo),	é	constituído	pelas	fases	de	ovo,
larva,	 pupa	 e	 adulto	 sexualmente	maduro,	 que	 ocupam	 diversos	 hábitats.
Os	 insetos	 com	 holometabolia	 pertencem	 às	 ordens	 mais	 numerosas	 em
termos	de	espécies	conhecidas.
Esse	 tipo	 de	 desenvolvimento	 está	 relacionado	 a	 um	maior	 número	 de
espécies	em	razão	da
a)	 	 	 	 	proteção	na	 fase	de	pupa,	 favorecendo	a	 sobrevivência	de	adultos
férteis.
b)	 	 	 	produção	de	muitos	ovos,	larvas	e	pupas,	aumentando	o	número	de
adultos.
c)					exploração	de	diferentes	nichos,	evitando	a	competição	entre	as	fases
da	vida.
d)	 	 	 	 ingestão	 de	 alimentos	 em	 todas	 as	 fases	 de	 vida,	 garantindo	 o
surgimento	do	adulto.
e)	 	 	 	 	 utilização	 do	 mesmo	 alimento	 em	 todas	 as	 fases,	 otimizando	 a
nutrição	do	organismo.
Essa	 aqui	 foi	 mais	 complicada,	 mas	 um	 olhar	 extremamente	 atento
conseguiria	ver	uma	pista	no	trecho	“ocupam	diversos	hábitats”	(eu	mesmo	não
vi	e	errei).	Afinal,	 se	a	 larva	e	a	borboleta	vivem	em	espaços	diferentes	e	 têm
diferentes	 hábitos	 (nichos),	 não	 vão	 competir	 diretamente	 por	 alimento	 ou
território	 (competição	 intraespecífica),	 e	 essas	 espécies	 terão	mais	 chance	 de
sobreviver.	Assim,	mais	espécies	com	holometabolia	vão	prosperar,	e	o	número
vai	ser	maior	que	espécies	com	outro	tipo	de	desenvolvimento.
Resposta:	“C”.
QUESTÃO	103
Talvez	 você	 já	 tenha	 bebido	 suco	 usando	 dois	 canudinhos	 iguais.
Entretanto,	 pode-se	 verificar	que,	 se	 colocar	um	canudo	 imerso	no	 suco	 e
outro	 do	 lado	 de	 fora	 do	 líquido,	 fazendo	 a	 sucção	 simultaneamente	 em
ambos,	você	terá	dificuldade	em	bebê-lo.
Essa	dificuldade	ocorre	porque	o(a)
a)	 	 	 	 	 força	 necessária	 para	 a	 sucção	 do	 ar	 e	 do	 suco	 simultaneamente
dobra	de	valor
b)	 	 	 	densidade	do	ar	é	menor	que	a	do	 suco,	portanto,	o	volume	de	ar
aspirado	é	muito	maior	que	o	volume	de	suco.
c)					velocidade	com	que	o	suco	sobe	deve	ser	constante	nos	dois	canudos,
o	que	é	impossível	com	um	dos	canudos	de	fora.
d)	 	 	 	peso	 da	 coluna	 de	 suco	 é	 consideravelmente	maior	 que	 o	 peso	 da
coluna	de	ar,	o	que	dificulta	a	sucção	do	líquido.
e)	 	 	 	 	pressão	 no	 interior	 da	 boca	 assume	 praticamente	 o	mesmo	 valor
daquela	que	atua	sobre	o	suco.
Essa	 questão	 eu	 errei	 por	 um	motivo	 tão	 bobo	 que	 sinto	 até	 vergonha	 de
falar.	Mas	você	pagou	pelo	ebook,	então	nada	mais	justo	que	te	entreter	com	a
minha	ignorância.
Na	 primeira	 vez	 que	 li	 a	 questão,	 fiquei	 em	dúvida	 entre	 duas	 alternativas
(não	me	lembro	quais),	mas	nenhuma	das	duas	era	a	resposta	certa.	Após	fazer	a
prova	 inteira	 e	 voltar	 para	 resolver,	 dediquei	 tempo	 a	 ela	 e	 consegui	 explicar
direitinho	o	que	acontecia.	Mas,	ao	invés	de	ler	todas	as	opções	de	novo,	tentei
encaixar	a	minha	resposta	em	alguma	das	duas	alternativas	erradas.	Inteligente,
né?
O	 que	 acontece	 é	 o	 seguinte:	 para	 “puxar”	 o	 suco,	 precisa	 haver	 uma
diferença	de	pressão	dentro	e	fora	do	canudo.	Sugando	com	a	boca	o	ar	de	dentro
do	canudo,	você	cria	uma	zona	de	baixa	pressão	no	interior	(que	nem	os	ciclones
lá	na	prova	de	Humanas),	e	a	pressão	que	atua	sobre	o	suco	“empurra-o”	para
cima.	Resultado:	o	líquido	sobe.
Mas	com	dois	canudos	não	é	possível,	porque,	por	mais	que	você	sugue	o	ar,
mais	 ar	 chega	 na	 sua	 boca	 pelo	 2º	 canudo.	 É	 impossível	 diminuir	 a	 pressão
dentro	 do	 1º	 canudo	 porque	 a	 pressão	 dentro	 da	 boca	 fica	 constante.	 E,	 sem
diferença	de	pressão	entre	a	pressão	no	interior	da	boca	e	a	pressão	que	atua
sobre	o	suco,	o	líquido	não	sobe.	Resposta:	“E”.
QUESTÃO	104
O	alemão	Fritz	Haber	recebeu	o	Prêmio	Nobel	de	química	de	1918	pelo
desenvolvimento	de	um	processo	viável	para	a	síntese	da	amônia	(NH3).	Em
seu	discurso	de	premiação,	Haber	justificou	a	importância	do	feito	dizendo
que:
“Desde	 a	 metade	 do	 século	 passado,	 tornou-se	 conhecido	 que	 um
suprimento	 de	 nitrogênio	 é	 uma	 necessidade	 básica	 para	 o	 aumento	 das
safras	de	alimentos;	entretanto,	também	se	sabia	que	as	plantas	não	podem
absorver	o	nitrogênio	em	sua	forma	simples,	que	é	o	principal	constituinte
da	 atmosfera.	 Elas	 precisam	 que	 o	 nitrogênio	 seja	 combinado	 […]	 para
poderem	assimilá-lo.
Economias	 agrícolas	 basicamente	 mantêm	 o	 balanço	 do	 nitrogênio
ligado.	No	entanto,	com	o	advento	da	era	industrial,	os	produtos	do	solo	são
levados	 de	 onde	 cresce	 a	 colheita	 para	 lugares	 distantes,	 onde	 são
consumidos,	 fazendo	 com	 que	 o	 nitrogênio	 ligado	 não	 retorne	 ã	 terra	 da
qual	foi	retirado.
Isso	 tem	 gerado	 a	 necessidade	 econômica	mundial	 de	 abastecer	 o	 solo
com	 nitrogênio	 ligado.	 […]	 A	 demanda	 por	 nitrogênio,	 tal	 como	 a	 do
carvão,	indica	quão	diferente	nosso	modo	de	vida	se	tornou	com	relação	ao
das	pessoas	que,	com	seus	próprios	corpos,	fertilizam	o	solo	que	cultivam.
Desde	a	metade	do	último	século,	nós	vínhamos	aproveitando	o	suprimento
de	 nitrogênio	 do	 salitre	 que	 a	 natureza	 tinha	 depositado	 nos	 desertos
montanhosos	do	Chile.	Comparando	o	rápido	crescimento	da	demanda	com
a	extensão	calculada	desses	depósitos,	ficou	claro	que	em	meados	do	século
atual	 uma	 emergência	 seríssima	 seria	 inevitável,	 a	 menos	 que	 a	 química
encontrasse	uma	saída.”
HABER,	F.	The	Synthesis	of	Ammonia	from	its	Elements.	Disponível	em:	www.nobelprize.org.	Acesso	em:	13jul.	2013
(adaptado)
De	acordo	com	os	argumentos	de	Haber,	qual	fenômeno	teria	provocado
o	desequilíbrio	no	“balanço	do	nitrogênio	ligado”?
a)					O	esgotamento	das	reservas	de	salitre	no	Chile.
b)				O	aumento	da	exploração	de	carvão	vegetal	e	carvão	mineral.
c)					A	redução	da	fertilidade	do	solo	nas	economias	agrícolas.
d)				A	intensificação	no	fluxo	de	pessoas	do	campo	para	as	cidades.
e)	 	 	 	 	 A	 necessidade	 das	 plantas	 de	 absorverem	 sais	 de	 nitrogênio
disponíveis	no	solo.
Essa	 foi	 uma	 questão	 mais	 de	 interpretação	 de	 texto	 que	 de	 Ciências	 da
Natureza.	E	o	3º	parágrafo	tem	a	resposta:	os	produtos	do	solo	são	levados	para
as	 cidades,	 onde	 são	 consumidos.	E	 o	 nitrogênio	 não	 volta	 para	 o	 solo,	 o	 que
provoca	uma	carência	depois	de	um	tempo.	E,	com	mais	pessoas	morando	nas
cidades,	esse	processo	se	intensifica.	Resposta:	“D”.
QUESTÃO	105
A	polinização,	que	viabiliza	o	transporte	do	grão	de	pólen	de	uma	planta
até	 o	 estigma	 de	 outra,	 pode	 ser	 realizada	 biótica	 ou	 abioticamente.	 Nos
processos	abióticos,	as	plantas	dependem	de	fatores	como	o	vento	e	a	água.
A	estratégia	evolutiva	que	resulta	em	polinização	mais	eficiente	quando
esta	depende	do	vento	é	o(a)
a)					diminuição	do	cálice.
b)				alongamento	do	ovário.
c)					disponibilização	do	néctar.
d)				intensificação	da	cor	das	pétalas.
e)					aumento	do	número	de	estames.
Essa	 foi	 uma	 questão	 que	 eu	 resolvi	 por	 raciocínio	 lógico,	 não	 por
conhecimento	propriamente	dito.	Sabia	o	que	eram	estames,	então	isso	orientou
o	 meu	 raciocínio,	 mas	 eu	 não	 sabia	 que	 estames	 podiam	 contribuir	 na
polinização	 pelo	 vento.	 Eu	 achava	 que	 estavam	 diretamente	 relacionados	 à
polinização	por	insetos:	a	abelha	entra	na	flor,	roça	nos	estames	e	grãos	de	pólen
grudam	nela.
Mas	 então	 eu	pensei	 assim:	 ah,	 se	 o	 pólen	 se	desprende	 fácil	 dos	 estames,
então	o	vento	também	deve	conseguir	arrancar	grãos	de	pólen	e	carregá-los	pelo
ar	até	chegarem	em	uma	outra	flor.	E,	se	o	número	de	estames	aumentar,	então
vamos	ter	mais	grãos	de	pólen,	e	maiores	as	chances	de	polinização.
E	é	justamente	isso.	Resposta:	“E”.
QUESTÃO	106
Muitos	smartphones	e	 tablets	não	precisam	mais	de	teclas,	uma	vez	que
todos	 os	 comandos	 podem	 ser	 dados	 ao	 se	 pressionar	 a	 própria	 tela.
Inicialmente	essa	tecnologia	foi	proporcionada	por	meio	das	telas	resistivas,
formadas	 basicamente	 por	 duas	 camadas	 de	 material	 condutor
transparente	que	não	se	encostam	até	que	alguém	as	pressione,	modificando
a	resistência	total	do	circuitode	acordo	com	o	ponto	onde	ocorre	o	toque.
A	 imagem	 é	 uma	 simplificação	 do	 circuito	 formado	 pelas	 placas,	 em
que	A	e	B	representam	pontos	onde	o	circuito	pode	ser	fechado	por	meio	do
toque
Qual	é	a	resistência	equivalente	no	circuito	provocada	por	um	toque	que
fecha	o	circuito	no	ponto	A?
a)					1,3	kΩ
b)				4,0	kΩ
c)					6,0	kΩ
d)				6,7	kΩ
e)					12,0	kΩ
Num	geral,	a	prova	de	Física	de	2018	foi	mais	fácil	que	de	2017.	As	questões
foram	bem	menos	complexas.	Aquele	circuito	 louco	de	2017	foi	absurdo.	Esse
aqui	até	que	foi	bonitinho	comparado	com	aquele.
Se	 o	 circuito	 fecha	 no	 ponto	A,	 vamos	 ignorar	 aquela	 resistência	 perto	 do
ponto	 B,	 porque	 o	 circuito	 não	 fecha	 ali.	 Temos	 3	 resistências,	 e	 querem	 a
resistência	equivalente.	Bem	simples:	
De	novo,	perdoe	o	desenho	feio.	Eu	não	sou	artista.
Temos	duas	resistências	de	4kΩ	em	paralelo	ligadas	em	série	com	outra	de
4kΩ.	A	resistência	equivalente	entre	as	duas	primeiras	é:
	
Uma	resistência	de	2kΩ	ligada	em	série	com	uma	de	4kΩ.	Basta	somar.
Resposta:	6kΩ.	Letra	“C”.
QUESTÃO	107
Companhias	que	fabricam	jeans	usam	cloro	para	o	clareamento,	seguido
de	 lavagem.	 Algumas	 estão	 substituindo	 o	 cloro	 por	 substâncias
ambientalmente	mais	 seguras	 como	peróxidos,	 que	podem	 ser	degradados
por	 enzimas	 chamadas	 peroxidases.	 Pensando	 nisso,	 pesquisadores
inseriram	 genes	 codificadores	 de	 peroxidases	 em	 leveduras	 cultivadas	 nas
condições	 de	 clareamento	 e	 lavagem	 dos	 jeans	 e	 selecionaram	 as
sobreviventes	para	produção	dessas	enzimas.
TORTORA,	G.	J.;	FUNKE,	B.	R.;	CASE,	C.	L.	Microbiologia.	Rio	de	Janeiro:	Artmed,	2016	(adaptado).
Nesse	caso,	o	uso	dessas	leveduras	modificadas	objetiva
a)					reduzir	a	quantidade	de	resíduos	tóxicos	nos	efluentes	da	lavagem.
b)				eliminar	a	necessidade	de	tratamento	da	água	consumida.
c)					elevar	a	capacidade	de	clareamento	dos	jeans.
d)				aumentar	a	resistência	do	jeans	a	peróxidos.
e)					associar	ação	bactericida	ao	clareamento.
Em	minha	defesa,	eu	errei	essa	questão	porque...	ok,	não	tem	defesa.	Ela	era
fácil	e	eu	“botei	chifre	em	cabeça	de	cavalo”.
É	 que	 o	 texto	 fala	 tanto	 de	 leveduras	 específicas	 que	 acabou	 me
confundindo:	 falam	 que	 só	 as	 leveduras	 que	 sobreviveram	 são	 usadas	 para
produzir	as	peroxidases.	Então	eu	imaginei	que	a	pergunta	era:	por	que	usaram
essas	leveduras	sobreviventes,	e	não	quaisquer	leveduras?
Mas	 na	 verdade	 é	mais	 simples.	 Só	 querem	 saber	 por	 que	 usam	 leveduras
para	 produzir	 peroxidades.	 Ponto	 final.	 E	 a	 resposta	 está	 no	 texto:	 porque	 as
peroxidades	substituem	o	cloro,	que	é	tóxico.	Resposta:	“A”.
QUESTÃO	108
Por	 meio	 de	 reações	 químicas	 que	 envolvem	 carboidratos,	 lipídeos	 e
proteínas,	nossas	células	obtêm	energia	e	produzem	gás	carbônico	e	água.	A
oxidação	da	glicose	no	organismo	humano	libera	energia,	conforme		ilustra
a	equação	química,	sendo	que	aproximadamente	40%	dela	é	disponibilizada
para	atividade	muscular.
C6H12O6	(s)	+	6O2	(g)	→	6CO2	(g)	+	6H2O	(l)	ΔH=-2800kJ
Considere	as	massas	molares	(em	g.mol-1):	H=1;	C=12;	O=16.
Na	 oxidação	 de	 1,0	 grama	 de	 glicose,	 a	 energia	 obtida	 para	 atividade
muscular,	em	quilojoule,	é	mais	próxima	de
a)					6,2.
b)				15,6.
c)					70,0.
d)				622,2.
e)					1120,0.
Questões	de	estequiometria	não	passam	de	uma	série	de	regras	de	 três.	E	a
primeira	coisa	a	se	fazer	aqui	é	calcular	a	massa	molar	da	glicose:	6	carbonos	+
12	hidrogênios	+	6	oxigênios	=	180g/mol.	Logo,	em	1g	de	glicose,	temos	1/180
mol	de	moléculas.	Pode	deixar	em	forma	de	fração	mesmo,	que	te	poupa	tempo.
Depois	você	vai	simplificar.
Se	a	 equação	diz	que	1	mol	de	glicose	 libera	2800kJ,	 então	1/180	mol	vai
liberar	 1/180	 disso.	 2800/180.	 Mas,	 antes	 de	 dividir,	 já	 vamos	 colocar	 o
rendimento!	Senão	você	encontraria	15,6	e	marcaria	errado.
Primeira	pegadinha	da	prova!	Atenção	ao	rendimento.
Apenas	40%	são	liberados	para	a	atividade	muscular.	Ou	seja,	a	resposta	vai
ser	 2800x0,4/180.	 E	 você	 pode	 simplificar	 antes	 de	 fazer	 os	 cálculos	 para
acelerar.	Resposta:	“A”.
Aqui	tem	um	vídeo	com	uma	dica	MÍSTICA	sobre	simplificação	para	ganhar
tempo	no	ENEM:	https://www.youtube.com/watch?v=zxolNyM1Uxk
https://www.youtube.com/watch?v=zxolNyM1Uxk
QUESTÃO	109
Alguns	peixes,	como	o	poraquê,	a	enguia-elétrica	da	Amazônia,	podem
produzir	 uma	 corrente	 elétrica	 quando	 se	 encontram	 em	 perigo.	 Um
poraquê	de	1	metro	de	comprimento,	em	perigo,	produz	uma	corrente	em
torno	de	2	ampères	e	uma	voltagem	de	600	volts.
O	quadro	apresenta	a	potência	aproximada	de	equipamentos	elétricos.
O	equipamento	elétrico	que	tem	potência	similar	àquela	produzida	por
esse	peixe	em	perigo	é	o(a)
a)					exaustor.
b)				computador.
c)					aspirador	de	pó.
d)				churrasqueira	elétrica.
e)					secadora	de	roupas.
Outra	 questão	 fácil	 de	 Física.	 Sabendo	 a	 fórmula	 “P=i.U”,	 você	 matava
rápido.	A	 potência	 do	 poraquê	 é	 P=2A.600V=1200W.	O	 equipamento	 elétrico
com	potência	similar	a	ele	é	a	churrasqueira	elétrica.	Letra	“D”.
Repare	que	o	dado	“1	metro”	é	inútil.	Estava	ali	só	para	te	desconcentrar.
QUESTÃO	110
Ao	pesquisar	um	resistor	feito	de	um	novo	tipo	de	material,	um	cientista
observou	o	comportamento	mostrado	no	gráfico	tensão	versus	corrente.
Após	 a	 análise	 do	 gráfico,	 ele	 concluiu	 que	 a	 tensão	 em	 função	 da
corrente	é	dada	pela	equação	V=10i+i².
O	gráfico	da	resistência	elétrica	(R)	do	resistor	em	função	da	corrente	(i)
é
Para	 compensar	 a	questão	 fácil	 do	poraquê,	veio	uma	bem	dificilzinha.	Eu
não	 sabia	 resolver	 isso	 do	 jeito	 tradicional,	 então	 apelei	 para	 o	 “jeitinho
brasileiro”:	 lembrei	 da	 fórmula	 “V=R.i”	 e	 fui	 pegando	 pontos	 do	 gráfico	 e	 da
função	para	testar.
	
1.	 Quando	 i=1,	 V=11.	 Logo,	 por	 “V=R.i”,	 quando	 i=1,	 R=11.	 Já
eliminamos	 “A”	 e	 “C”	 com	 isso,	 porque	 os	 gráficos	 não	 cruzam	o	 ponto
(1,11)
2.	 Quando	i=3,	V=39.	Logo,	por	“V=R.i”,	quando	i=3,	R=13.	Dá	para	ver
que	 se	 i=4,	 R=14;	 se	 i=5,	 R=15,	 etc.	 É	 um	 aumento	 linear.	 Já	 podemos
eliminar	“B”	e	“E”,	porque	B	não	aumenta	e	E	não	é	linear.
3.	 Só	nos	resta	“D”,	a	resposta	certa.	Yay.
Mas	 ok,	 o	 jeito	 “certo”	 de	 fazer.	 Sabemos	 que	V=10i+i²,	 e	 que	V=R.i	 (ou
seja,	 R=V/i).	 Como	 os	 gráficos	 das	 respostas	 têm	 R,	 vamos	 encontrar	 uma
fórmula	para	R	com	base	na	função	que	ele	deu.	Se	R=V/i,	e	a	função	que	ele
deu	é	V,	vamos	dividir	tudo	por	i	para	achar	“V/i”	(ou	seja,	R):	V=10i+i²
V/i=10i/i+i²/i	 R=10+i	 Uma	 função	 do	 primeiro	 grau	 começando	 no	 ponto
(0,10)	e	aumentando	de	1	em	1.	Exatamente	a	letra	“D”.
QUESTÃO	111
A	 hidroxilamina	 (NH2OH)	 é	 extremamente	 reativa	 em	 reações	 de
substituição	nucleofílica,	 justificando	 sua	utilização	em	diversos	processos.
A	 reação	 de	 substituição	 nucleofílica	 entre	 o	 anidrido	 acético	 e	 a
hidroxilamina	está	representada.
O	produto	A	é	favorecido	em	relação	ao	B,	por	um	fator	de	105.	Em	um
estudo	de	possível	 substituição	do	uso	de	hidroxilamina,	 foram	testadas	as
moléculas	numeradas	de	1	a	5.
Dentre	as	moléculas	testadas,	qual	delas	apresentou	menor	reatividade?
a)					1
b)				2
c)					3
d)				4
e)					5
Essa	 foi	 de	 longe	 a	 questão	mais	 difícil	 da	 prova.	 Se	 você	 está	 estudando
para	 o	 ENEM	 2019,	 nem	 se	 preocupe	 em	 estudar	 substituição	 nucleofílica	 e
eletrofílica.	 Se	 cair	 de	 novo	 (e	 acho	 difícil	 cair),	 vai	 ser	 de	 novo	 em	 questão
difícil	assim,	que	vale	muito	pouco	pela	TRI.
Meu	grande	amigo	professor	Paulo	Valim	fez	uma	resolução	explicando	essa
questão	 com	 mais	 detalhes,	 caso	 tenha	 interesse:
https://www.youtube.com/watch?v=XDPjm7eFiBA
Basicamente,	 uma	 substituição	 nucleofílica	 é	 o	 ataque	 de	 um	 nucleófilo	 a
outra	molécula.	E	nucleófilo	é	algo	que	quer	muito	o	núcleo	da	outra	molécula.
Ou	seja,	quer	se	 juntar	de	qualquer	 jeito	à	parte	positiva	porque	o	nucleófilo	é
negativo.	 E	 negativo	 quer	 porque	 quer	 encontrar	 algo	 positivo	 para	 se
estabilizar.
Na	 reaçãodo	 exemplo,	 temos	 dois	 produtos	 possíveis:	 A:	 quando	 o
https://www.youtube.com/watch?v=XDPjm7eFiBA
nucleófilo	 é	 o	 NH2O-	 (quando	 o	 oxigênio	 perde	 o	 hidrogênio)	 B:	 quando	 o
nucleófilo	 é	NHOH-	 (quando	 o	 nitrogênio	 perde	 o	 hidrogênio)	 Em	A,	 a	 carga
negativa	 está	 no	 oxigênio;	 em	 B,	 no	 nitrogênio.	 Como	 o	 oxigênio	 é	 mais
eletronegativo,	 é	natural	que	ele	 “queira	 carga	positiva”	com	mais	 força	que	o
nitrogênio.	Por	isso	o	produto	A	é	favorecido.
Se	 o	 produto	 A	 é	 favorecido,	 quer	 dizer	 que,	 quando	 o	 oxigênio	 perde	 o
hidrogênio,	esse	nucleófilo	é	muito	forte	e	reage	de	qualquer	jeito!	Então,	como
a	pergunta	é	qual	das	moléculas	apresenta	menos	reatividade,	podemos	eliminar
aquelas	 em	 que	 o	 oxigênio	 está	 ligado	 a	 um	 hidrogênio.	Não	 podemos	 deixar
esse	oxigênio	perder	hidrogênio	de	jeito	nenhum,	senão	a	reação	vai	ser	intensa!
Então	já	podemos	riscar	1,	3	e	5.
Mas	e	agora?	2	ou	4?
A	molécula	 2	 ainda	 tem	 chance	 de	 reagir,	 porque	 o	 nitrogênio	 ainda	 tem
hidrogênio	para	perder.	Entre	2	e	4,	a	4	não	reage	nada,	porque	nem	o	oxigênio
nem	o	nitrogênio	têm	hidrogênio	para	perder.
Logo,	a	molécula	4	é	a	menos	reativa	porque	não	reage	nada.
Resposta:	“D”.
QUESTÃO	112
Um	estudante	relatou	que	o	mapeamento	do	DNA	da	cevada	 foi	quase
todo	concluído	e	 seu	código	genético	desvendado.	Chamou	atenção	para	o
número	 de	 genes	 que	 compõem	 esse	 código	 genético	 e	 que	 a	 semente	 da
cevada,	 apesar	 de	 pequena,	 possui	 um	 genoma	 mais	 complexo	 que	 o
humano,	sendo	boa	parte	desse	código	constituída	de	sequências	repetidas.
Nesse	 contexto,	 o	 conceito	 de	 código	 genético	 está	 abordado	 de	 forma
equivocada.
Cientificamente	esse	conceito	é	definido	como
a)					trincas	de	nucleotídeos	que	codificam	os	aminoácidos.
b)				localização	de	todos	os	genes	encontrados	em	um	genoma.
c)					codificação	de	sequências	repetidas	presentes	em	um	genoma.
d)	 	 	 	 conjunto	 de	 todos	 os	 RNAs	 mensageiros	 transcritos	 em	 um
organismo.
e)					todas	as	sequências	de	pares	de	bases	presentes	em	um	organismo.
Essa	 foi	 uma	 das	 questões	 fáceis	 que	 eu	 errei	 porque	 não	 lembrava	muito
bem	 do	 conceito.	 O	 código	 genético	 é	 definido	 pelos	 nucleotídeos,	 cada	 um
contendo	 uma	 das	 bases	 nitrogenadas	 do	 DNA:	 adenina,	 timina,	 guanina	 ou
citosina.	O	código	genético	é	a	relação	entre	a	sequência	de	bases	nitrogenadas	e
a	sequência	correspondente	de	aminoácidos	a	que	elas	vão	dar	origem.	Resposta:
“A”.
QUESTÃO	113
Células	 solares	 à	 base	 de	 TiO2	 sensibilizadas	 por	 corantes	 (S)	 são
promissoras	e	poderão	vir	a	substituir	as	células	de	silício.	Nessas	células,	o
corante	 adsorvido	 sobre	 o	 TiO2	 é	 responsável	 por	 absorver	 a	 energia
luminosa	(hv),	e	o	corante	excitado	(S*)	é	capaz	de	transferir	elétrons	para
o	TiO2.	Um	esquema	dessa	célula	e	os	processos	envolvidos	estão	ilustrados
na	 figura.	 A	 conversão	 de	 energia	 solar	 em	 elétrica	 ocorre	 por	 meio	 da
sequência	de	reações	apresentadas.
A	 reação	 3	 é	 fundamental	 para	 o	 contínuo	 funcionamento	 da	 célula
solar,	pois
a)					reduz	íons	I-	a	I-3.
b)				regenera	o	corante.
c)					garante	que	a	reação	4	ocorra.
d)				promove	a	oxidação	do	corante.
e)					transfere	elétrons	para	o	eletrodo	de	TiO2.
Essa	questão	 também	foi	polêmica	porque	 teoricamente	a	notação	com	*	é
vista	apenas	em	nível	 superior.	Então	aquele	TiO2|S*	deve	 ter	assustado	muita
gente.	Mas	a	minha	dica	aqui	é:	quando	vir	algo	que	não	conhece,	não	se	assuste
logo	de	cara	(isso	vai	valer	também	na	questão	122).	Tente	trabalhar	com	isso.
Reconheça	 que	 não	 entende	 exatamente	 o	 que	 aquilo	 é,	 mas	 não	 se	 deixe
intimidar.
Na	reação	1,	TiO2|S	reage	com	a	luz	para	virar	TiO2|S*.	Mas	o	que	é	isso?	É
o	 estado	 excitado	 do	TiO2|S.	Mas	 vamos	 supor	 que	 você	 não	 sabia	 o	 que	 era
TiO2|S*	para	eu	te	mostrar	que	dava	para	resolver	mesmo	assim.	Supondo	que	a
pessoa	não	sabia	o	que	era	TiO2|S*,	vamos	chamá-lo	só	de...	negócio.	
Na	reação	2,	o	negócio	vira	o	cátion	de	TiO2|S+	mais	elétron.	Ou	seja:	de	1
para	 2,	 o	 que	 aconteceu	 foi	 que	 a	 energia	 luminosa	 arrancou	 um	 elétron	 do
átomo	de	enxofre	do	TiO2|S.	O	enxofre	foi	oxidado.	Só	isso.
Em	3,	 o	 cátion	TiO2|S+	volta	 a	 ser	TiO2|S.	Não	 importa	 o	 resto.	 Porque	 o
TiO2|S	foi	regenerado,	então	o	mesmo	TiO2|S	pode	voltar	para	a	reação	1,	ser
oxidado	 e	 passar	 por	 todo	 o	 processo	 de	 novo.	 Se	 não	 tivesse	 a	 reação	 3,	 o
enxofre	 iria	esgotar	alguma	hora,	e	a	célula	solar	pararia	de	funcionar.	Ele	não
esgota	porque	o	enxofre	se	regenera.
Ou	seja,	graças	à	reação	3,	o	corante	é	regenerado.	Resposta:	“B”.
E	isso	sem	precisar	saber	o	que	era	o	negócio.
QUESTÃO	114
O	 nível	 metabólico	 de	 uma	 célula	 pode	 ser	 determinado	 pela	 taxa	 de
síntese	 de	 RNAs	 e	 proteínas,	 processos	 dependentes	 de	 energia.	 Essa
diferença	 na	 taxa	 de	 síntese	 de	 biomoléculas	 é	 refletida	 na	 abundância	 e
características	morfológicas	 dos	 componentes	 celulares.	 Em	 uma	 empresa
de	produção	de	hormônios	proteicos	a	partir	do	cultivo	de	células	animais,
um	 pesquisador	 deseja	 selecionar	 uma	 linhagem	 com	 o	 metabolismo	 de
síntese	mais	elevado,	dentre	as	cinco	esquematizadas	na	figura.
Qual	linhagem	deve	ser	escolhida	pelo	pesquisador?
a)					I
b)				II
c)					III
d)				IV
e)					V
Acho	 que	 todo	 ano	 vai	 cair	 alguma	 questão	 sobre	 organelas.	 E	 a	 organela
favorita	do	ENEM	é	de	 longe	o	retículo	endoplasmático	rugoso,	 responsável
pela	síntese	de	proteínas	em	seus	ribossomos.	Só	pelo	retículo	endoplasmático
você	já	conseguia	perceber	que	a	resposta	era	IV,	mas	a	questão	deu	mais	alguns
detalhes	 que	 poderiam	 ter	 sido	 pegadinhas:	 Se	 o	 processo	 é	 dependente	 de
energia,	 vai	 ser	 necessário	 um	 bom	 número	 de	mitocôndrias.	 Se	 IV	 tivesse
pouca	mitocôndria,	mesmo	com	muitos	retículos	endoplasmáticos	a	resposta	não
poderia	ser	ela.
E	 também	 querem	 alta	 taxa	 de	 síntese	 de	 RNA,	 processo	 garantido	 pelo
nucléolo	 mais	 desenvolvido.	 O	 RNA	 vai	 ser	 traduzido	 nos	 ribossomos	 do
retículo	endoplasmático	rugoso.
Resposta:	“D”.
QUESTÃO	115
O	deserto	é	um	bioma	que	se	 localiza	em	regiões	de	pouca	umidade.	A
fauna	é,	predominantemente,	composta	por	animais	roedores,	aves,	répteis
e	artrópodes.
Uma	 adaptação,	 associada	 a	 esse	 bioma,	 presente	 nos	 seres	 vivos	 dos
grupos	citados	é	o(a)
a)					existência	de	numerosas	glândulas	sudoríparas	na	epiderme.
b)				eliminação	de	excretas	nitrogenadas	de	forma	concentrada.
c)					desenvolvimento	do	embrião	no	interior	de	ovo	com	casca.
d)				capacidade	de	controlar	a	temperatura	corporal.
e)					respiração	realizada	por	pulmões	foliáceos.
Essa	 era	 uma	 questão	 de	 “sabe	 vs.	 não	 sabe”,	mas	 que	 dava	 para	 resolver
também	 por	 eliminação.	 A	 resposta	 é	 “B”:	 eliminação	 de	 excretas
nitrogenadas	de	forma	concentrada	para	evitar	perda	excessiva	de	água.	Eles
eliminam	 praticamente	 só	 as	 excretas,	 sem	 a	 necessidade	 de	 muita	 água	 para
“diluir”.
Mas	vamos	por	eliminação:	não	pode	ser	“A”	porque	se	os	animais	tivessem
muitas	glândulas	sudoríparas	eles	iriam	suar	mais,	e	com	isso	iriam	perder	água
demais.	É	o	oposto	do	que	eles	precisam	para	sobreviver	em	um	ambiente	árido.
Não	pode	ser	“C”	porque	roedores	e	artrópodes	não	se	desenvolvem	em	ovos
com	casca.	Queremos	uma	característica	comum	a	todos.
Para	“D”	e	“E”,	mesma	coisa.	Não	são	características	comuns	a	 todos	os	4
grupos	citados.	Logo,	a	resposta	só	pode	ser	“B”.
QUESTÃO	116
O	 sulfeto	 de	 mercúrio	 (ll)	 foi	 usado	 como	 pigmento	 vermelho	 para
pinturas	 de	 quadros	 e	murais.	 Esse	 pigmento,	 conhecido	 como	 vermilion,
escurece	com	o	passar	dos	anos,	fenômeno	cuja	origem	é	alvo	de	pesquisas.
Aventou-se	a	hipótese	de	que	o	vermilion	seja	decomposto	sob	a	ação	da	luz,
produzindo	 uma	 fina	 camada	 de	 mercúrio	 metálico	 na	 superfície.	 Essa
reação	seria	catalisada	por	íon	cloreto	presente	na	umidade	do	ar.
WOGAN,	 T.	 Mercury’sDark	 Influence	 on	 Art.	 Disponível	 em:	 www.chemistryworld.com.	 Acesso	 em:	 26	 abr.	 2018
(adaptado).
Segundo	 a	 hipótese	 proposta,	 o	 íon	 cloreto	 atua	 na	 decomposição
fotoquímica	do	vermilion
a)					reagindo	como	agente	oxidante.
b)				deslocando	o	equilíbrio	químico.
c)					diminuindo	a	energia	de	ativação.
d)				precipitando	cloreto	de	mercúrio.
e)					absorvendo	a	energia	da	luz	visível.
Questão	 conceitual	 sobre	 catalisadores.	 Catalisadores	 são	 moléculas	 que
aceleram	 a	 reação	 química	 por	meio	 da	diminuição	 da	 energia	 de	 ativação.
Eles	não	deslocam	o	equilíbrio	nem	reagem	com	as	substâncias.	Os	catalisadores
deixam	 a	 reação	 da	 mesma	 forma	 que	 entraram:	 intactos.	 Eles	 só	 aceleram	 a
reação	ao	oferecer	uma	rota	alternativa	com	menor	energia	de	ativação.
Resposta:	“C”.
QUESTÃO	117
O	sonorizador	é	um	dispositivo	 físico	 implantado	sobre	a	 superfície	de
uma	 rodovia	 de	 modo	 que	 provoque	 uma	 trepidação	 e	 ruído	 quando	 da
passagem	de	 um	 veículo	 sobre	 ele,	 alertando	 para	 uma	 situação	 atípica	 à
frente,	como	obras,	pedágios	ou	travessia	de	pedestres.
Ao	passar	sobre	os	sonorizadores,	a	suspensão	do	veículo	sofre	vibrações
que	 produzem	 ondas	 sonoras,	 resultando	 em	 um	 barulho	 peculiar.
Considere	um	veículo	que	passe	com	velocidade	constante	igual	a	108	km/h	
sobre	um	sonorizador	cujas	faixas	são	separadas	por	uma	distância	de	8	cm.
Disponível	em:	www.denatran.gov.br.	Acesso	em:	2	set.	2015	(adaptado).
A	 frequência	 da	 vibração	 do	 automóvel	 percebida	 pelo	 condutor
durante	a	passagem	nesse	sonorizador	é	mais	próxima	de
a)					8,6	hertz.
b)				13,5	hertz.
c)					375	hertz.
d)				1350	hertz.
e)					4860	hertz.
Essa	 é	 a	 questão	 que	 eu	 inicialmente	 pensei	 ser	 sobre	 efeito	Doppler,	mas
depois	percebi	que	era	apenas	questão	de	unidades	de	medida.
Queremos	a	resposta	em	hertz.	Mas	hertz	são	a	mesma	coisa	que	s-1.	São	o
inverso	 de	 um	 segundo.	 Então	 vamos	 ter	 que	 combinar	 108km/h	 e	 8cm	 para
encontrar	 X	 s-1.	Mas	 a	 unidade	 de	 tempo	 do	 108	 km/h	 é	hora,	 não	 segundo.
Então,	 antes	 de	mais	 nada,	 para	 já	 deixar	 o	 tempo	 em	 s	 temos	 que	 converter
km/h	para	m/s.	Para	converter	km/h	em	m/s,	dividimos	por	3,6	 (e	é	bom	você
memorizar	esse	número):
	
Agora	 temos	metro	em	30m/s	e	centímetro	em	8cm.	Para	cortar	um	com	o
outro,	temos	que	ou	transformar	o	m	em	cm	ou	o	cm	em	m.	Vou	fazer	a	primeira
opção.
	
Agora	é	 só	multiplicar?	Não!	Porque	 tanto	em	3000cm/s	quanto	em	8cm	a
unidade	de	comprimento	está	no	numerador.	Se	multiplicar,	vamos	encontrar	X
cm²/s.	 E	 eu	 não	 quero	 isso.	 Eu	 quero	 cortar	 cm	 com	 cm,	 então	 vou	manter	 o
3000cm/s	e	inverter	o	8cm	para	só	então	multiplicar:
	
QUESTÃO	118
As	 pessoas	 que	 utilizam	 objetos	 cujo	 princípio	 de	 funcionamento	 é	 o
mesmo	do	das	alavancas	aplicam	uma	força,	chamada	de	força	potente,	em
um	dado	ponto	da	barra,	 para	 superar	 ou	 equilibrar	uma	 segunda	 força,
chamada	de	resistente,	em	outro	ponto	da	barra.	Por	causa	das	diferentes
distâncias	 entre	 os	 pontos	 de	 aplicação	das	 forças,	 potente	 e	 resistente,	 os
seus	efeitos	também	são	diferentes.	Afigura	mostra	alguns	exemplos	desses
objetos.
Em	qual	dos	objetos	a	força	potente	é	maior	que	a	força	resistente?
a)					Pinça.
b)				Alicate.
c)					Quebra-nozes.
d)				Carrinho	de	mão.
e)					Abridor	de	garrafa.
Força	potente	e	força	resistente...	são	nomes	diferentes,	então	poderiam	gerar
confusão.	Mas	essa	é	essencialmente	uma	questão	sobre	torque.	E,	entendendo	o
princípio	geral	de	torque,	dava	para	responder	sem	maiores	dificuldades.
A	 ideia	 é	 que,	 quanto	mais	 longe	 do	 ponto	 de	 giro,	maior	 é	 resultante	 da
força	aplicada,	e	menor	é	a	força	que	a	pessoa	precisa	fazer.	Na	questão,	temos	4
objetos	 que	 usam	 esse	 princípio	 para	 “potencializar”	 a	 força	 que	 a	 pessoa	 faz
(alicate,	 carrinho	 de	 mão,	 quebra-nozes	 e	 abridor	 de	 garrafas)	 e	 1	 objeto	 que
destoa	dos	outros:	a	pinça.
Na	pinça,	por	mais	 longe	que	esteja	do	ponto	de	giro,	a	 força	que	fazemos
com	 os	 dedos	 não	 é	 potencializada.	 A	 força	 resultante	 máxima	 (quando
pressionamos	 bem	 na	 ponta	 da	 garrinha)	 é	 igual	 à	 força	 que	 fazemos	 com	 os
dedos.	Ou	seja,	a	força	resistente	é	menor	que	a	força	potente.	Letra	“A”.
QUESTÃO	119
Na	 mitologia	 grega,	 Nióbia	 era	 a	 filha	 de	 Tãntalo,	 dois	 personagens
conhecidos	 pelo	 sofrimento.	 O	 elemento	 químico	 de	 número	 atômico	 (Z)
igual	 a	 41	 tem	 propriedades	 químicas	 e	 físicas	 tão	 parecidas	 com	 as	 do
elemento	de	número	atômico	73	que	chegaram	a	ser	confundidos.
Por	 isso,	 em	homenagem	 a	 esses	 dois	 personagens	 da	mitologia	 grega,	 foi
conferido	a	esses	elementos	os	nomes	de	nióbio	(Z	=	41)	e	tãntalo	(Z	=	73).
Esses	 dois	 elementos	 químicos	 adquiriram	 grande	 importância	 econômica
na	metalurgia,	na	produção	de	supercondutores	e	em	outras	aplicações	na
indústria	 de	 ponta,	 exatamente	 pelas	 propriedades	 químicas	 e	 físicas
comuns	aos	dois.
KEAN,	S.	A	colher	que	desaparece:	e	outras	histórias	reais	de	loucura,	amor	e	morte	a	partir	dos	elementos	químicos.
Rio	de	Janeiro:	Zahar,	2011	(adaptado).
A	 importância	 econômica	 e	 tecnológica	 desses	 elementos,	 pela
similaridade	de	suas	propriedades	químicas	e	físicas,	deve-se	a
a)					terem	elétrons	no	subnível	f
b)				serem	elementos	de	transição	interna.
c)					pertencerem	ao	mesmo	grupo	na	tabela	periódica.
d)				terem	seus	elétrons	mais	externos	nos	níveis	4	e	5,	respectivamente.
e)	 	 	 	 	 estarem	 localizados	 na	 família	 dos	 alcalinos	 terrosos	 e	 alcalinos,
respectivamente.
Essa	 foi	 mais	 uma	 questão	 que	 destoou.	 Nunca	 tinha	 caído	 distribuição
eletrônica	 antes,	 então	pode	 ter	 sido	uma	surpresa	para	os	alunos.	Mas	é	uma
questão	fácil,	porque	bastava	fazer	a	distribuição	eletrônica	para	ver	que	nióbio	e
tântalo	pertenciam	ao	mesmo	grupo	na	tabela	periódica.
Nb:	1s22s22p63s23p64s23d104p65s24d3
Ta:	1s22s22p63s23p63d104s24p64d105s25p64f145d3
Ambos	têm	3	elétrons	no	orbital	d	do	último	nível	eletrônico,	logo	são	metais
de	transição	da	mesma	família.	Isso	justifica	as	propriedades	físicas	e	químicas
similares.	Letra	“C”.
QUESTÃO	120
O	processo	de	formação	de	novas	espécies	é	lento	e	repleto	de	nuances	e
estágios	 intermediários,	 havendo	 uma	 diminuição	 da	 viabilidade	 entre
cruzamentos.	Assim,	plantas	originalmente	de	uma	mesma	espécie	que	não
cruzam	 mais	 entre	 si	 podem	 ser	 consideradas	 como	 uma	 espécie	 se
diferenciando.	Um	pesquisador	realizou	cruzamentos	entre	nove	populações
—	denominadas	 de	 acordo	 com	a	 localização	 onde	 são	 encontradas	—	de
uma	espécie	de	orquídea	(Epidendrum	denticulatum).	No	diagrama	estão	os
resultados	 dos	 cruzamentos	 entre	 as	 populações.	 Considere	 que	 o	 doador
fornece	o	pólen	para	o	receptor
Em	 populações	 de	 quais	 localidades	 se	 observa	 um	 processo	 de
especiação	evidente?
a)					Bertioga	e	Marambaia;	Alcobaça	e	Olivença.
b)				Itirapina	e	Itapeva;	Marambaia	e	Massambaba.
c)					Itirapina	e	Marambaia;	Alcobaça	e	Itirapina.
d)				Itirapina	e	Peti;	Alcobaça	e	Marambaia.
e)					Itirapina	e	Olivença;	Marambaia	e	Peti.
Essa	foi	uma	questão	relativamente	simples,	mas	que	devido	à	quantidade	de
dados	pode	ter	causado	uma	primeira	impressão	não	muito	agradável.	Para	que
haja	o	processo	de	especiação,	é	necessária	uma	diminuição	da	viabilidade	de
cruzamentos	(como	o	enunciado	explica).
Logo,	devemos	encontrar	os	pares	de	espécies	que	não	cruzam	entre	si.	Ou
seja,	 em	 que	 tanto	 a	 seta	 de	 “ida”	 quanto	 de	 “vinda”	 seja	 pontilhada.	 E	 esses
pares	são	Itirapina/Peti	e	Alcobaça/Marambaia.
Resposta:	“D”.
QUESTÃO	121
O	cruzamento	de	duas	espécies	da	 família	das	Anonáceas,	a	 cherimoia
(Annona	 cherimola)	 com	 a	 fruta-pinha	 (Annona	 squamosa),	 resultou	 em
uma	 planta	 híbrida	 denominada	 de	 atemoia.	 Recomenda-se	 que	 o	 seu
plantio	seja	por	meio	de	enxertia.
Um	dos	benefícios	dessa	forma	de	plantio	é	a
a)					ampliação	da	variabilidade	genética.b)				produção	de	frutos	das	duas	espécies.
c)					manutenção	do	genótipo	da	planta	híbrida.
d)				reprodução	de	clones	das	plantas	parentais.
e)					modificação	do	genoma	decorrente	da	transgenia.
Aqui	 seria	 necessário	 certo	 conhecimento	 sobre	 enxertia.	 É	 basicamente	 a
ideia	de	“encaixar”	um	pedaço	de	uma	planta	em	outra	(de	um	jeito	mais	chique,
é	a	união	dos	tecidos	de	duas	plantas).	Forma-se	uma	planta	híbrida,	mas	não	há
combinação	dos	DNAs	das	plantas	originais.	A	carga	genética	é	mantida,	então,
como	a	planta	de	interesse	é	exatamente	a	atemoia,	não	seria	interessante	arriscar
uma	reprodução	sexuada	que	poderia	resultar	em	uma	planta	com	propriedades
diferentes.
Lembre-se:	a	principal	característica	da	reprodução	sexuada	é	a	variabilidade
genética.	 Mas	 variabilidade	 genética	 é	 a	 última	 coisa	 que	 a	 gente	 quer	 aqui,
porque	nós	queremos	exatamente	a	atemoia,	não	outra	planta.	E	a	enxertia	 faz
com	que	as	gerações	seguintes	tenham	exatamente	a	mesma	carga	genética	que	a
atemoia	 original	 (desconsiderando	 mutações,	 claro,	 mas	 mutações	 são	 raras	 e
aleatórias).
Resposta:	“C”.
QUESTÃO	122
Alguns	materiais	sólidos	são	compostos	por	átomos	que	interagem	entre
si	 formando	 ligações	 que	 podem	 ser	 covalentes,	 iônicas	 ou	 metálicas.	 A
figura	 apresenta	 a	 energia	 potencial	 de	 ligação	 em	 função	 da	 distância
interatômica	 em	 um	 sólido	 cristalino.	 Analisando	 essa	 figura,	 observa-se
que,	 na	 temperatura	 de	 zero	 kelvin,	 a	 distância	 de	 equilíbrio	 da	 ligação
entre	 os	 átomos	 (R0)	 corresponde	 ao	 valor	 mínimo	 de	 energia	 potencial.
Acima	dessa	temperatura,	a	energia	térmica	fornecida	aos	átomos	aumenta
sua	energia	cinética	e	faz	com	que	eles	oscilem	em	torno	de	uma	posição	de
equilíbrio	média	(círculos	cheios),	que	é	diferente	para	cada	temperatura.	A
distância	 de	 ligação	 pode	 variar	 sobre	 toda	 a	 extensão	 das	 linhas
horizontais,	 identificadas	 com	 o	 valor	 da	 temperatura,	 de	 T1	 a	 T4,
(temperaturas	crescentes).
O	deslocamento	observado	na	distância	média	revela	o	fenômeno	da
a)					ionização
b)				dilatação
c)					dissociação
d)				quebra	de	ligações	covalentes
e)					formação	de	ligações	metálicas.
Essa	 foi	 a	questão	que	eu	 falei	 sobre	não	 se	 intimidar	 com	nomes	difíceis.
Convenhamos	 que	 um	gráfico	 de	 distância	 interatômica	 vs.	 energia	 de	 ligação
assustaria	 até	 o	 mais	 tranquilo	 dos	 monges	 budistas.	 Mas	 o	 que	 é	 distância
interatômica?	Ora...	a	distância	entre	os	átomos.	E	o	que	acontece	quando	todas
as	distâncias	 entre	os	 átomos	 aumentam?	O	objeto	 em	 si	 aumenta	de	 tamanho
porque	todos	os	seus	átomos	ficaram	mais	distantes	entre	si.
E	 qual	 o	 fenômeno	 que	 explica	 o	 aumento	 de	 tamanho	 de	 um	 objeto	 pelo
aumento	da	temperatura?	A	dilatação.	Logo,	resposta:	“B”.
“Ah,	 Umberto,	 mas	 você	 já	 sabia	 desse	 gráfico,	 então	 para	 você	 foi	 mais
fácil	resolver”.	E	não.	Eu	não	fazia	a	mínima	ideia	de	que	a	dilatação	acontecia
por	causa	disso.	Aprendi	no	dia	do	ENEM.	Resolvi	por	interpretação	mesmo,	e	é
como	 você	 deve	 fazer	 sempre	 que	 vir	 algum	 nome,	 gráfico	 ou	 teoria	 difícil.
Respire	fundo	e	tente	contornar	o	problema.	Funciona	quase	sempre.
QUESTÃO	123
A	 utilização	 de	 extratos	 de	 origem	 natural	 tem	 recebido	 a	 atenção	 de
pesquisadores	 em	 todo	 o	 mundo,	 principalmente	 nos	 países	 em
desenvolvimento	 que	 são	 altamente	 acometidos	 por	 doenças	 infecciosas	 e
parasitárias.	Um	bom	exemplo	dessa	utilização	 são	os	produtos	de	origem
botânica	que	combatem	insetos.
O	uso	desses	produtos	pode	auxiliar	no	controle	da
a)					esquistossomose.
b)				leptospirose.
c)					leishmaniose.
d)				hanseníase.
e)					aids.
Essa	foi	a	questão	que	eu	errei	porque	não	tinha	decorado	nomes	de	doenças.
A	 resposta	 é	 bem	 direta:	 “C”,	 porque	 o	 vetor	 da	 leishmaniose	 é	 o	 mosquito
palha,	um	inseto.
QUESTÃO	124
Nos	 manuais	 de	 instalação	 de	 equipamentos	 de	 som	 há	 o	 alerta	 aos
usuários	para	que	observem	a	correta	polaridade	dos	fios	ao	realizarem	as
conexões	das	caixas	de	som.	As	figuras	ilustram	o	esquema	de	conexão	das
caixas	 de	 som	de	 um	 equipamento	 de	 som	mono,	 no	 qual	 os	 alto-falantes
emitem	 as	 mesmas	 ondas.	 No	 primeiro	 caso,	 a	 ligação	 obedece	 às
especificações	 do	 fabricante	 e	 no	 segundo	 mostra	 uma	 ligação	 na	 qual	 a
polaridade	está	invertida.
O	que	ocorre	com	os	alto-falantes	E	e	D	se	forem	conectados	de	acordo
com	o	segundo	esquema?
a)					O	alto-falante	E	funciona	normalmente	e	o	D	entra	em	curto-circuito
e	não	emite	som.
b)	 	 	 	O	alto-falante	E	emite	ondas	sonoras	com	frequências	ligeiramente
diferentes	do	alto-falante	D	provocando	o	fenômeno	de	batimento.
c)	 	 	 	 	 O	 alto-falante	 E	 emite	 ondas	 sonoras	 com	 frequências	 e	 fases
diferentes	do	alto-falante	D	provocando	o	fenômeno	conhecido	como	ruído.
d)	 	 	 	O	alto-falante	E	emite	ondas	sonoras	que	apresentam	um	lapso	de
tempo	em	relação	às	emitidas	pelo	alto-falante	D	provocando	o	fenômeno	de
reverberação.
e)					O	alto-falante	E	emite	ondas	sonoras	em	oposição	de	fase	às	emitidas
pelo	alto-falante	D	provocando	o	fenômeno	de	 interferência	destrutiva	nos
pontos	equidistantes	aos	alto-falantes.
Quando	eu	li	essa	questão,	lembrei	na	hora	de	Doctor	Who.	Porque	o	que	o
Doutor	mais	faz	é	inverter	a	polaridade	da	chave	de	fenda	sônica	para	fazer
as	coisas	mais	absurdas	do	mundo.	Criou	um	buraco	negro	acidental?	Inverta	a
polaridade	e	atire	no	buraco	negro.	Problema	resolvido.
Enfim...
A	polaridade	 invertida	faz	o	 tecido	da	caixa	vibrar	“ao	contrário”:	ao	 invés
de	ir	para	frente	e	para	trás,	ele	vai	para	trás	e	para	frente,	gerando	ondas	sonoras
em	oposição	de	fase	à	outra	caixa.	Em	pontos	equidistantes	das	duas	caixas,	os
picos	de	uma	onda	encontram	os	vales	da	outra,	gerando	interferência	destrutiva.
Resposta:	“E”.
QUESTÃO	125
Em	 1938	 o	 arqueólogo	 alemão	 WIlhelm	 Kõnlg,	 diretor	 do	 Museu
Nacional	 do	 Iraque,	 encontrou	 um	 objeto	 estranho	 na	 coleção	 da
Instituição,	que	poderia	ter	sido	usado	como	uma	pilha,	similar	às	utilizadas
em	nossos	dias.	A	suposta	pilha,	datada	de	cerca	de	200	a.C.,	é	constituída
de	um	pequeno	vaso	de	barro	(argila)	no	qual	foram	instalados	um	tubo	de
cobre,	uma	barra	de	ferro	(aparentemente	corroída	por	ácido)	e	uma	tampa
de	betume	(asfalto),	conforme	ilustrado.	Considere	os	potenciais-padrão	de
redução:	E0	(Fe+|Fe)	=	-0,4:	4	V;	E0	(H+|H)	=	0,00	V;	e	E0	(Cu+|Cu)	=	+0,34
V.
Nessa	suposta	pilha,	qual	dos	componentes	atuaria	como	cátodo?
a)					A	tampa	de	betume
b)				O	vestígio	de	ácido.
c)					A	barra	de	ferro.
d)				O	tubo	de	cobre.
e)					O	vaso	de	barro.
Mais	uma	questão	que	destoou	das	últimas	provas	do	ENEM.	Ao	 invés	de
pedir	 cálculos,	 pediram	 apenas	 conceitos.	 Para	 saber	 qual	 é	 o	 cátodo	 você
poderia	 lembrar	 da	 DONA	 PORCA:	 DONA:	 doa,	 oxida,	 negativo,	 ânodo;
PORCA:	positivo,	recebe,	reduz,	cátodo	O	cátodo	é	o	polo	positivo,	que	recebe
elétrons.	É	o	que	tem	potencial	de	redução	positivo,	ou	seja,	o	cobre.	Letra	“D”.
Mas,	 tecnicamente	 falando,	 o	 que	 vai	 reduzir	mesmo	 é	 o	 hidrogênio	 (2H+	→
H2),	 não	o	 cobre.	O	 cobre	vai	 ser	 apenas	 a	 superfície	 condutora.	Para	o	 cobre
reduzir,	teria	que	haver	solução	líquida	com	íons	Cu2+	para	receberem	elétrons	e
virarem	cobre	sólido.	De	qualquer	jeito,	o	tubo	de	cobre	vai	ser	o	ponto	aonde	os
elétrons	vão,	então	ele	atua	como	cátodo.
A	reação	global	de	oxirredução	vai	ser	a	seguinte:	Fe0	→	Fe2+	+	2e-								Eoxi
=	+0,44	V
2H+	+	2e-	→	H2(g)									Ered	=	0	V
Fe0	+	2H+	→	Fe2+	+	H2(g)				DDP	=	0,44	V
Por	 isso	 a	 barra	 de	 ferro	 estava	 corroída:	 porque	 ele	 foi	 sendo	 oxidado	 ao
longo	do	tempo.
QUESTÃO	126
Anabolismo	e	catabolismo	são	processos	celulares	antagônicos,	que	são
controlados	principalmente	pela	ação	hormonal.	Por	exemplo,	no	 fígado	a
insulina	atua	como	um	hormônio	com	ação	anabólica,	enquanto	o	glucagon
tem	ação	catabólica	e	ambos	são	secretados	em	resposta	ao	nível	de	glicose
sanguínea.Em	caso	de	um	indivíduo	com	hipoglicemia,	o	hormônio	citado	que	atua
no	catabolismo	induzirá	o	organismo	a
a)					realizar	a	fermentação	lática.
b)				metabolizar	aerobicamente	a	glicose.
c)					produzir	aminoácidos	a	partir	de	ácidos	graxos.
d)				transformar	ácidos	graxos	em	glicogênio.
e)					estimular	a	utilização	do	glicogênio.
Questão	que	eu	errei	por	bobagem.	Sabia	do	mecanismo	insulina/glucagon,
mas	me	desconcentrei	e	errei.	Basicamente	um	compensa	o	outro:	a	insulina	tira
a	glicose	do	 sangue	e	a	 transforma	em	glicogênio	 (basta	pensar	nos	diabéticos
para	 lembrar	 disso,	 porque	 se	 eles	 não	 tomam	 insulina	 o	 nível	 de	 glicose	 no
sangue	sobe	muito);	o	glucagon	faz	o	inverso:	transforma	o	glicogênio	estocado
no	fígado	em	glicose	para	elevar	os	níveis	do	sangue.	Letra	“E”.
A	 insulina	 transforma	glicose	 em	glicogênio,	 e	o	glucagon	 faz	o	 contrário.
Não	 precisa	 decorar.	 Lembre	 que	 diabéticos	 precisam	 de	 insulina	 e	 que	 o
glucagon	 faz	 o	 contrário	 da	 insulina,	 e	 todo	 o	 raciocínio	 para	 entender	 o
mecanismo	vem	junto.
QUESTÃO	127
Usando	um	densímetro	cuja	menor	divisão	da	escala,	isto	é,	a	diferença
entre	 duas	 marcações	 consecutivas,	 é	 de	 5,0x10-2	 g.cm-3,	 um	 estudante
realizou	 um	 teste	 de	 densidade:	 colocou	 este	 instrumento	 na	 água	 pura	 e
observou	que	ele	atingiu	o	repouso	na	posição	mostrada.
Em	 dois	 outros	 recipientes	 A	 e	 B	 contendo	 2	 litros	 de	 água	 pura,	 em
cada	um,	ele	adicionou	100	g	e	200	g	de	NaCl,	respectivamente.	Quando	o
cloreto	de	sódio	é	adicionado	à	água	pura	ocorre	sua	dissociação	formando
os	 íons	 Na+	 e	 Cl-.	 Considere	 que	 esses	 íons	 ocupam	 os	 espaços
intermoleculares	na	 solução.	Nestes	 recipientes,	 a	posição	de	 equilíbrio	do
densímetro	está	representada	em:
Antes	 de	 tudo,	 vamos	 entender	 a	 diferença	 entre	 duas	 marcações
consecutivas.	Todo	aparelho	que	mensura	alguma	grandeza	tem	certa	precisão.
Ou	seja,	 tem	um	limite	de	mensuração	que	define	até	que	quantidade	ele	pode
medir.	Uma	régua,	por	exemplo,	tem	o	limite	de	1mm.	Significa	que	não	dá	para
discernir	 um	 objeto	 de	 2,1mm	 e	 2,2mm	 com	 uma	 régua	 convencional.	 Por
olhômetro	você	até	consegue	perceber	que	o	objeto	de	2,2mm	é	maior,	mas	sem
um	 aparelho	 mais	 preciso	 você	 não	 pode	 definir	 quão	 maior	 ele	 é.	 Porque	 a
régua	só	mede	de	milímetro	em	milímetro.
Então	 agora	 ficou	 mais	 claro	 o	 que	 quer	 dizer	 a	 diferença	 entre	 as	 2
marcações	consecutivas	do	densímetro.	Significa	que,	se	a	densidade	do	líquido
em	 que	 ele	 estiver	 imerso	 variar	 em	 menos	 de	 5x10-2,	 ele	 não	 vai	 acusar
mudança.	 Importante	 saber	 isso	 porque,	 caso	 a	 diferença	 de	 densidade	 entre	 o
recipiente	A	e	B	 seja	menor	que	5x10-2g/cm³,	o	densímetro	não	vai	para	cima
nem	para	baixo.
Agora	 vamos	 aos	 cálculos.	 Se	 no	 recipiente	A	 foram	 adicionados	 100g	 de
sal,	 temos	 uma	 densidade	 de	 100g	 em	 2L	 de	 água.	 Ou	 seja,	 50g/L.	 E	 no
recipiente	 B	 temos	 o	 dobro	 da	 densidade:	 100g/L.	 Mas,	 como	 o	 limite	 do
densímetro	está	em	grama	por	centímetro	cúbico,	vamos	converter	o	litro	para
centímetro	cúbico.
Nesta	aula	(minuto	34)	eu	ensino	melhor	como	fazer	essa	conversão:
https://www.youtube.com/watch?v=rX1GZZXhXAc&t=2220s
Temos	 que	 a	 densidade	 em	 A	 é	 50g	 em	 1000cm³,	 ou	 seja,	 0,05g/cm³.	 E,
analogamente,	 em	 B	 a	 densidade	 é	 0,1g/cm³.	 A	 diferença	 de	 densidade	 é
justamente	 o	 limite	 de	mensuração	 do	 densímetro.	 Significa	 que	 em	B	 ele	 vai
subir	uma	marcação	(porque	em	um	líquido	mais	denso	é	mais	fácil	de	boiar...
lembre-se	do	Mar	Morto).
A	resposta	“D”	é	a	única	que	ilustra	isso.	Logo,	é	essa	a	resposta.
https://www.youtube.com/watch?v=rX1GZZXhXAc&t=2220s
QUESTÃO	128
A	 figura	 representa	 um	 prisma	 óptico,	 constituído	 de	 um	 material
transparente,	 cujo	 índice	de	 refração	 é	 crescente	 com	a	 frequência	da	 luz
que	sobre	ele	incide.	Um	feixe	luminoso,	composto	por	luzes	vermelha,	azul
e	 verde,	 incide	 na	 face	 A,	 emerge	 na	 face	 B	 e,	 após	 ser	 refletido	 por	 um
espelho.	Incide	num	filme	para	fotografia	colorida,	revelando	três	pontos.
Observando	os	pontos	luminosos	revelados	no	filme,	de	baixo	para	cima,
constatam-se	as	seguintes	cores:
a)					Vermelha,	verde,	azul
b)				Verde,	vermelha,	azul
c)					Azul,	verde,	vermelha.
d)				Verde,	azul,	vermelha
e)					Azul,	vermelha,	verde.
Essa	 foi	 a	 questão	que	 eu	 tenho	vergonha	de	 admitir	 que	 errei.	Eu	 sabia	 a
resposta,	e	juro	que	acompanhei	os	feixes	de	luz	direitinho	com	a	ponta	da
caneta,	mas	alguma	coisa	me	fez	inverter	no	meio	do	caminho...	acabei	errando
à	toa.	Eu	até	percebi	a	pegadinha	de	“de	baixo	para	cima”,	porque	de	cima	para
baixo	a	resposta	é	o	inverso.	Mas	mesmo	assim	acabei	errando.	Fazer	o	quê,	né?
Enfim,	é	o	princípio	básico	de	funcionamento	do	prisma.	A	luz	com	menor
comprimento	 de	 onda	 (violeta)	 refrata	 mais	 porque	 é	 como	 se	 tivesse	 mais
“superfície	de	contato”	com	o	vidro	do	prisma.	A	componente	vermelha	desvia
menos.	Dentro	do	desenho	do	prisma,	a	componente	vermelha	é	a	de	cima,	e	a
azul	é	a	de	baixo.
É	só	questão	de	acompanhar	os	feixes	para	ver	que	a	vermelha	vai	marcar	o
filme	 embaixo,	 e	 a	 azul	 em	 cima.	 O	 verde	 fica	 no	 meio	 porque	 tem	 um
comprimento	de	onda	intermediário	entre	os	dois.
Resposta:	“A”.
QUESTÃO	129
Tensoativos	 são	 compostos	 orgânicos	 que	 possuem	 comportamento
anfifílico.	Isto	é,	possuem	duas	regiões,	uma	hidrofóbica	e	outra	hidrofílica.
O	 principal	 tensoativo	 aniônico	 sintético	 surgiu	 na	 década	 de	 1940	 e	 teve
grande	 aceitação	 no	 mercado	 de	 detergentes	 em	 razão	 do	 melhor
desempenho	 comparado	 ao	 do	 sabão.	 No	 entanto,	 o	 uso	 desse	 produto
provocou	 grandes	 problemas	 ambientais,	 dentre	 eles	 a	 resistência	 ã
degradação	biológica,	por	causa	dos	diversos	carbonos	terciários	na	cadela
que	compõe	a	porção	hidrofóbica	desse	tensoativo	aniônico.	As	ramificações
na	 cadela	 dificultam	 sua	 degradação,	 levando	 ã	 persistência	 no	 melo
ambiente	por	longos	períodos.	Isso	levou	a	sua	substituição	na	maioria	dos
países	 por	 tensoativos	 biodegradáveis,	 ou	 seja,	 com	 cadeias	 alquílicas
lineares.
PENTEADO,	J.	C.	P.;	EL	SEOUD,	O.	A.;	CARVALHO,	L.	R.	F.	[…]:	uma	abordagem	ambiental	e	analítica.	Química
Nova,	n.	5,	2006	(adaptado).
Qual	 a	 fórmula	 estrutural	 do	 tensoativo	 persistente	 no	 ambiente
mencionado	no	texto?
Uma	 segunda	 questão	 sobre	 substâncias	 anfipáticas,	 mas	 nesta	 aqui	 eles
foram	mais	diretos.	Descreveram	uma	molécula	e	pediram	para	identificá-la.	O
enunciado	diz	que	a	molécula	 tem	muitos	carbonos	 terciários	 e	ramificações
na	cadeia.	Carbonos	 terciários	 são	aqueles	que	 se	 ligam	a	3	outros	 átomos	de
carbono,	 o	 que	 nos	 deixa	 com	 as	 opções	 “B”	 e	 “E”.	 Mas	 “E”	 não	 tem
ramificações	tão	grandes	quanto	as	de	“B”,	então	a	resposta	é	“B”.
QUESTÃO	130
Considere,	em	um	fragmento	ambiental,	uma	árvore	matriz	com	frutos
(M)	e	outras	cinco	que	produziram	 flores	 e	 são	apenas	doadoras	de	pólen
(DP1,	DP2,	DP3,	DP4	e	DP5).	Foi	excluída	a	capacidade	de	autopolinização
das	árvores.	Os	genótipos	da	matriz,	da	semente	(S1)	e	das	prováveis	fontes
de	 pólen	 foram	 obtidos	 pela	 análise	 de	 dois	 locos	 (loco	 A	 e	 loco	 B)	 de
marcadores	de	DNA,	conforme	a	figura.
A	progênie	S1	recebeu	o	pólen	de	qual	doadora?
a)					DP1
b)				DP2
c)					DP3
d)				DP4
e)					DP5
Pergunta	 bem	 confusa,	 mas	 em	 outras	 palavras:	 S1	 é	 oriunda	 da
combinação	 de	 M	 com	 qual	 DP?	 Porque	 as	 DPs	 doam	 o	 pólen	 que	 vai
polinizar	a	árvore	matriz,	e	a	semente	é	fruto	dessa	polinização.
Precisamos	 encontrar	 uma	 DP	 cujas	 bandas	 (retângulos	 pretos/brancos)
sejam	 compatíveis	 com	 a	 semente.	 Primeiro	 vamos	 olhar	 para	 o	 loco	A:	 Se	 a
semente	tem	os	alelos	1	e	2,	esses	alelos	têm	que	ter	vindo	de	algum	lugar,	então
das	duas,	uma:
	
1.	 M	e	DP	têm	esses	alelos;
2.	 Só	M	ou	só	DP	tem	esses	alelos.
Se	a	semente	não	tem	os	alelos	3	e	4,	então	das	duas,	uma:

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