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ARTETERAPIA-E-SAÚDE-MENTAL-PSICOPATOLOGIA-PSICOSOMÁTICA

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Prévia do material em texto

2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 ARTETERAPIA E SAÚDE MENTAL ........................................................... 4 
2.1 Arteterapia ............................................................................................ 8 
3 REFORMA PSIQUIÁTRICA ...................................................................... 10 
3.1 Arte e Psiquiatria ................................................................................ 13 
3.2 Saúde mental e políticas públicas ...................................................... 17 
4 TANSTORNOS PSIQUICOS .................................................................... 19 
4.1 Psicopatologia e psicossomáticas ...................................................... 21 
5 ARTETERAPIA COMO PRÁTICA INTEGRATIVA COMPLEMENTAR EM 
SAÚDE 24 
6 O SINTOMA COMO FORMA DE EXPRESSÃO ....................................... 27 
7 A ARTE COMO ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA ....................................... 28 
7.1 A influência da arte como terapia: Métodos e práticas ....................... 32 
7.2 A dança como aspecto terapêutico no tratamento da depressão ....... 35 
7.3 Arteterapia e reabilitação .................................................................... 39 
8 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 ARTETERAPIA E SAÚDE MENTAL 
Fonte: revistasaberesaude.com 
No Brasil a história da arteterapia teve sua origem na primeira metade do século 
XIX, intimamente ligada a psiquiatria e influenciada pelas tendências teóricas 
Junguianas e Psicanalíticas. Osório Cesar (1895-1979 apud SOARES M; 2017) e Nise 
da Silveira (1905-1999 apud SOARES M; 2017) foram os psiquiatras pioneiros no 
trabalho artístico com pacientes em centros e instituições de saúde mental. (Vasques, 
2009 apud SOARES M; 2017). 
A arteterapia é um instrumento terapêutico que incorpora diferentes áreas e se 
firma como prática transdisciplinar, ela propõe a libertação do indivíduo por inteiro 
resgatando a integralidade do mesmo, por meio das transformações e do 
autoconhecimento. As técnicas da arteterapia são baseadas em recursos artísticos, 
utilizando pintura, desenho, relaxamento, dança, modelagem. (Coqueiro, 2010 apud 
SOARES M; 2017). 
De acordo com a visão de Jung, a arteterapia tem como objetivo apoiar e criar 
ferramenta adequada, para que a função psíquica desenvolva símbolos em diversas 
produções, e dessa maneira leva a acionar a comunicação entre o consciente e o 
inconsciente. (Aguiar e Macri, 2010 apud SOARES M; 2017). As expressões artísticas 
têm o poder de proporcionar a cura, no sentido de possibilitar a expressão de 
 
5 
 
sentimentos, sensações e percepções, libertar-se da rigidez e do aprisionamento 
oferecidos como doenças. (Ciornai, 2004 apud SOARES M; 2017). 
A arteterapia ajuda as pessoas a escolherem livremente entre os inúmeros 
materiais oferecidos, a escolher o material que mais lhes convém, a mesma faz com 
que o indivíduo mostre a si mesmo e ao mundo exterior seu verdadeiro estado 
psicológico. Isso esclarece a singularidade que serve como instrumento de 
transmissão e desbloqueio da consciência, instruções e informações, tanto para 
despertar e desencadear a criatividade do inconsciente, como também para despertar 
e desencadear a criatividade. (Cardoso e Munhoz, 2013 apud SOARES M; 2017). 
A expressão da emoção e da sensação através da arte é a própria expressão 
do inconsciente, pois ao produzir o indivíduo pode estabelecer uma 
linguagem com o meio. Através da produção artística poderá haver uma 
reinvenção do cotidiano e a aproximação do indivíduo doente ao mundo 
social. (Valladares, 2004 apud SOARES M; 2017). 
De modo geral, a arteterapia ensina o indivíduo a buscar o respeito por si 
próprio, o aumento da autoestima, autoconsciência, autoconhecimento, como parte 
de uma relação individual e social, aumento da alegria de se sentir bem e de ver as 
situações do dia a dia sob novas perspectivas. Com a arteterapia é possível obter um 
melhor acesso à dinâmica psicológica e à memória. (Cardoso e Munhoz, 2013 apud 
SOARES M; 2017). 
Para SOARES M; (2017) a arteterapia é uma forma de intervenção amplamente 
utilizada na assistência psiquiátrica no cuidado da saúde mental. As oficinas 
descrevem a relevância dessa abordagem no processo de tratamento, que visa 
aprimorar o tema de forma holística, buscar a sua reintegração, o alívio dos sintomas 
e também a promoção da autonomia durante todo o processo de tratamento. 
Em meados do século XX deu-se início uma crise do Paradigma da Ciência 
Moderna, no qual a mesma passou a ser questionada (FERREIRA, 
CALVOSO, GONZALES, 2002 apud PINANGÉ D; 2018). É nesse contexto 
de rupturas e mudanças que o campo da saúde mental passa por 
transformações e que se dá o surgimento da Psiquiatria. A loucura era 
assunto dos filósofos e a influência da religião em sua concepção era forte, 
visto que se entendia que a pessoa acometida pela loucura era alguém 
possuído por demônios. Ou seja, a loucura pertencia ao âmbito do 
sobrenatural (PAIN, 2009 apud PINANGÉ D; 2018). 
Conforme TERRA C; (2008) o conceito de loucura geralmente se refere a algo 
inadequado, diferente, como comportamento inaceitável e dificuldade de adaptação 
ao ambiente. Já em relação a obra artística, apesar de muitas vezes sem lógica e 
 
6 
 
também desviada das normas sociais, tende a ter seu lugar garantido na sociedade 
porque tem o destaque de arte, ela se legitimiza, enquanto os loucos tendem a ser 
excluídos da vida social. Podemos analisar e observar isso na história da arte, 
especialmente quando se trata de artistas como MOZART, ARTAUD e VAN GOGH, 
cujo comportamento foi julgado impróprio, portanto, foram desqualificados e julgados 
pela sua época. No entanto, suas obras são preservadas e eles têm o respeito que 
merecem, embora o reconhecimento tenha ocorrido séculos depois. 
Se a arte é a expressão humana da criação de sensações ou de estados de 
espírito de caráter estético carregados de vivência pessoal e profunda, como 
define a língua portuguesa, então ela está próxima da vivência da loucura, 
pois se relaciona com os sentimentos, emoções, vivência de caráter 
eminentemente pessoal, desprovida de uma lógica comum, de uma estética 
única, mas como representação de uma experiência singular. (MUNARI, 
2004, p.73 apud TERRA C; 2008). 
Segundo Wahba (2005 apud TERRA C; 2008), o próprio desenvolvimento de 
criação aproxima o artista das linhas da loucura, e nesse sentido quando o sujeito cria, 
entra em contato com elementos de sombra no seu inconsciente e este momento pode 
correr o risco de ser atacado por complexos e arquétipos reprimidos e inconsciente. 
Se caso não consentir os elementos da sombraadaptando-os à sua realidade, o 
artista pode não conseguir executar o caminho de volta e, como consequência, acabar 
levando o sujeito à loucura. 
Como afirma Silveira (1992 apud TERRA C; 2008), as funções criadoras 
surgem devido à repressão de instintos, a emoções intensas que ameaçam 
arrebentar a estrutura do ego. O artista consegue integrá-las às normas de 
seu ego. Esta segunda etapa é mais difícil para o esquizofrênico. Embora 
também se esforce para restaurar o ego, ele se inclina para o não-
convencional, para o insólito, o antinatural. (p. 91). 
Como caracteriza TERRA C; (2008) quando reconhece o poder mobilizador da 
arteterapia que está entrelaçada com a atividade criativa e artística, a mesma irá 
objetivar a conquistar este momento de contato profundo com os elementos do 
inconsciente e vai permitir o reconhecimento e a inserção deste conteúdo a partir do 
desenvolvimento do processo expressivo, levando ao sujeito ter uma vida plena e 
satisfatória, vivendo a vida conforme com quem ele realmente é, e não com o que a 
cultura da sociedade espera que ele seja. 
 
 
7 
 
Nas palavras de TERRA C; (2008) desde o início da história das instituições 
psiquiátricas, a arte tem sido utilizada por pacientes que sofrem por algum tipo de 
transtorno mental, embora tenha sido utilizada apenas como meio para acalmar e 
apaziguar os pacientes, a mesma também pode mantê-los atarefados como forma de 
ocupação. Em relação à utilização terapêutica da arte, isso aconteceu tempos mais 
tarde. 
Assim, o lugar do adoecimento mental na sociedade, a lógica biomédica do 
adoecimento mental e o tratamento das crises estão se transformando em uma 
complexidade de fatores e atores que fazem parte da experiência e da história do 
paciente. Dessa maneira, é essencial que faça um serviço de atenção psicossocial 
para que dê conta de tal complexidade. A partir desse tipo de serviço, os médicos 
criam outro tipo de relação e deixa de ser médico-doença e passa a voltar a atenção 
para uma rede de relações entre indivíduos (AMARANTE, 2007 apud PINANGÉ D; 
2018). 
Segundo Valladares (2004 apud TERRA C; 2008), a Reforma Psiquiátrica é 
um processo contínuo de reflexões e transformações das maneiras de se lidar 
com a loucura, com a diferença e com o sofrimento mental, mudanças estas 
que ocorrem ao mesmo tempo nas áreas assistenciais, culturais e 
conceituais. Referem-se, sobretudo, às transformações nas relações que a 
sociedade, os sujeitos e as instituições estabelecem para a superação do 
estigma, da segregação e desqualificação do doente mental, tentando assim 
construir um novo “imaginário social”, diferentemente do que existiu ao longo 
dos anos, que enfocava a periculosidade, a irrecuperabilidade e a 
incompreensão da pessoa portadora de doença mental. (p.12). 
Com a autorização do Ministério da saúde criou a Política Nacional de Práticas 
Integrativas e Complementares (PNIPIC) como mais um processo de implementação 
do SUS. A PNIPIC colabora com a questão do princípio da integralidade e tem como 
objetivo de relacionar e intensificar ações e serviços do SUS, bem como amplificar, 
em espaços públicos, a acessibilidade aos serviços que até o momento vem se 
restringindo ao âmbito privado (BRASIL, 2006 apud PINANGÉ D; 2018). A respeito do 
uso de recursos artísticos, estes passam a ser utilizados nos Serviços de Saúde 
Mental, ancorados nas diretrizes propostas pela lei nº 10.216/2001, que trata dos 
direitos de pessoas acometidas por sofrimento mental e os tipos de assistência a elas 
prestadas (BRASIL, 2001 apud PINANGÉ D; 2018). 
Pereira e Firmino (2010 apud PINANGÉ D; 2018) sinalizam a potência das 
oficinas e da utilização de arte como terapia, situando-os enquanto 
dispositivos que podem vir a somar ao acompanhamento medicamentoso e 
 
8 
 
possibilitar ruptura com práticas de cuidados tradicionais, na medida em que 
tais oficinas buscam promover e acolher o sujeito em sua integralidade, 
considerando aspectos psíquicos e sociais. 
É considerável ressaltar, aqui, que os (a) autores (a) que citaram a respeito do 
que estão chamando de arte como terapia: concerne a arte como recurso que 
possibilita ao sujeito estabelecer a reflexão e a construção de sentidos. Lopes (2012 
apud PINANGÉ D; 2018) realiza trabalhos relevantes sobre o papel da arte no cuidado 
e apoio a pessoas com sofrimento mental. 
A tarefa de situar historicamente e epistemologicamente a Arteterapia traz 
consigo a necessidade de se voltar para a história da Arte, bem como a sua 
relação com a loucura durante os tempos. A arte aparece, na história da 
humanidade, há cerca de 25 mil anos, na pré-história, onde já se tem registros 
de pinturas nas paredes das cavernas (BARREIRA, BRASIL, 2012). É 
importante ressaltar que as expressões artísticas, durante todo o tempo e 
história da humanidade, denunciam o contexto social, político e ideológico de 
cada época e cultura (OSTROWER, 1977 apud PINANGÉ D; 2018). 
O Código de Ética do (a) profissional Psicologia afirma que essa área de 
conhecimento não pode ser vista como imutável, necessitando estar sempre em 
reflexão, aprimoramento e diálogo com diversas áreas de conhecimento, a fim de 
olhar o sujeito em sua integralidade. Assim, a aproximação e diálogo entre a 
Arteterapia e a Psicologia aponta para um terreno fecundo (CONSELHO FEDERAL 
DE PSICOLOGIA, 2005 apud PINANGÉ D; 2018). 
2.1 Arteterapia 
Arteterapia é uma área de atuação profissional que utiliza recursos artísticos 
com finalidade terapêutica de forma predominantemente não verbal. A Associação 
Brasileira de Arteterapia define essa prática como sendo “um modo de trabalhar 
utilizando a linguagem artística como base da comunicação cliente-profissional. Sua 
essência é a criação estética e a elaboração artística em prol da saúde” (Silva, 
Carvalho & Lima, 2013 apud BONATTI G; et al., 2014). 
A aplicação da arteterapia pode ser feita em diferentes contextos como na 
avaliação, prevenção, tratamento e reabilitação voltados para a saúde assim como 
instrumento pedagógico na educação e como meio para o desenvolvimento (inter) 
pessoal (Sei, 2011 apud BONATTI G; et al., 2014). Partindo das considerações acerca 
 
9 
 
da arteterapia, vemos que a mesma pode ser um recurso de suma importância no 
contexto da saúde para auxiliar no trabalho com as demandas subjetivas dos usuários. 
O recurso da arte aplicado à psicopatologia originou-se quando Carl Jung 
passou a trabalhar com o fazer artístico, em forma de atividade criativa e integradora 
da personalidade: "Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do 
inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é 
vida" (Jung, 1920 apud GIAGIO D; 2010). 
Sendo assim a Arteterapia visa a promoção da qualidade de vida através de 
recursos vindos das artes, utilizando-se da atividade artística como instrumento de 
intervenção profissional para a promoção da saúde e a qualidade de vida. As 
linguagens utilizadas são em geral plástica, sonora, literária, dramática e corporal 
tendo como base técnicas expressivas: desenho, pintura, modelagem, música, 
poesia, dramatização e dança (Reis, 2014 apud GIAGIO D; 2010). 
A arte é uma área do conhecimento que abrange diferentes linguagens e 
práticas, como as artes visuais, a literatura, a música, a dança, o cinema, o teatro, 
entre outros. Se apresenta como uma forma diferenciada de constituição do sujeito. 
“Seu domínio é o do não racional, do indizível, da sensibilidade: domínio sem 
fronteiras nítidas, muito diferente do mundo da ciência, da lógica da teoria” (COLI, 
2004, p. 109 apud ROCHA F; 2016). 
Ainda para este autor (2004 apud ROCHA F; 2016), a arte transforma, desperta 
emoções e reações culturalmente ricas. Além disso, é uma questão que sempre será 
envolta de dúvidas, questionamentos e discussões e é nesse sentido que a arteterapia 
se desenvolve, pois, é despida de preconceitos e normas. 
Segundo Maciel eCarneiro (2012 apud ROCHA F; 2016), o termo terapia, do 
grego thaerapia, no sentido original, é o ato de render culto ou servir à Deus. 
Na contemporaneidade, terapia significa tratamento, cura, restabelecimento 
da qualidade de vida. A arteterapia está profundamente ligada à História da 
Arte, à Psicanalise e à Psiquiatria. Mesmo assim, não se pode restringi-la a 
estas áreas, uma vez que está conectada a diversos campos do 
conhecimento. Ela nasce, então, na tentativa de acessar conteúdos 
inconscientes por meio da expressão artística para, então, colaborar no 
processo de cura do paciente. 
Para Paín (2009, p. 21 apud ROCHA F; 2016), “a utilização da arte com fins 
terapêuticos só pode ser concebida no momento em que a clínica psicoterapêutica 
mudou fundamentalmente”. Essa transformação se deu na medida em que a 
sociedade modificou a visão a respeito da doença mental. Caterina (2005 apud 
 
10 
 
ROCHA F; 2016) postula que há relatos da união entre arte e saúde nos trabalhos do 
psiquiatra alemão Reil, discípulo de Pinel. Este desenvolveu, no início do século XIX, 
estágios que pretendiam a cura psiquiátrica. Dentre eles, estava a realização de 
atividades artísticas, por meio de estímulos físicos, intelectuais e sensoriais que 
estimulavam a expressão do mundo interno de cada paciente. 
Esta prática terapêutica propicia mudanças psíquicas como a expansão da 
consciência, reconciliação de conflitos emocionais, autoconhecimento e 
desenvolvimento pessoal (SOUZA, s/d). Por ser uma modalidade que permite 
liberdade de escolha de métodos e materiais, pode ser realizada por crianças, adultos 
e idosos. A Arteterapia, enfim, promove, preserva e recupera a saúde dos pacientes. 
Possibilita a transformação do ser humano, desenvolvendo-o em uma dimensão 
holística. Além disso, reaproxima esses indivíduos da sua própria essência, com base 
em um maior autoconhecimento, fazendo com que adquira um encantamento por si 
mesmo e pelo mundo novamente (GELAIN, 2013 apud ROCHA F; 2016). 
 De acordo com GIAGIO D; (2010) Partindo do princípio de que muitas vezes 
não é possível falar de conflitos pessoais, a Arteterapia oferece recursos artísticos 
para que todos esses processos sejam concebidos e analisados, para que obtenham 
uma melhor compreensão de si e possam ser trabalhados em prol da liberação 
emocional. Podemos dizer que através da arteterapia, o indivíduo consegue ampliar 
o seu conhecimento em relação a si e aos outros, pode também aumentar a 
autoestima, e aprende a lidar melhor com os sintomas, o estresse e as experiências 
traumáticas, desenvolver recursos físicos, cognitivos e emocionais. 
3 REFORMA PSIQUIÁTRICA 
A Reforma Psiquiátrica é um processo de rupturas discursivas que refletem na 
forma de pensar e praticar o cuidado nos territórios e serviços de saúde. Falar de sua 
história não é tarefa fácil, pois esta é constituída a partir de várias narrativas e diversas 
dimensões que esbarram no campo da ética e da epistemologia, se aproximando e 
distanciando de acordo com os moldes do solo em que germina (BAGNOLI, 2016 
apud MACÊDO D; et al., 2020). 
 
 
11 
 
Segundo Goulart e Durães (2010 apud BARROSO S; 2011), a garantia dos 
direitos das pessoas com transtornos mentais passa pelo constante estudo crítico do 
processo de reforma psiquiátrica, seus êxitos e fracassos, pois a reforma psiquiátrica 
ainda é um processo em construção. Visando contribuir para o contínuo repensar, 
retoma-se nesse trabalho fatos selecionados desde a década de 1970, considerando 
sua relevância histórica como agentes antecedentes para a alteração da política 
pública para o atendimento psiquiátrico no país. 
De origem política, social e econômica, a mencionada Reforma foi influenciada 
pela ideologia de profissionais de saúde mental para reformular a atenção prestada 
aos pacientes com transtornos mentais em todas as esferas do governo, garantindo a 
integralidade de suas ações (BRASIL, 2005; GONÇALVES; SENA, 2001. 49). A práxis 
da reforma psiquiátrica, dessa forma, passou a fazer parte do cotidiano de um número 
considerável de profissionais de saúde mental e familiares de pessoas com 
transtornos mentais (GONÇALVES; SENA, 2001 apud PEREIRA E; 2017). 
No entanto, já nas décadas de 1980 e 1990, o Brasil passou por uma grande 
transformação na assistência psiquiátrica, resultante da organização do 
Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, o qual tinha na sua proposta 
principal substituir os hospitais psiquiátricos, tidos como segregadores e 
iatrogênicos, por serviços mais estruturados em promover a ressocialização 
dos usuários (SANTOS, OLIVEIRA, YAMAMOTO, 2009 apud PEREIRA E; 
2017). Estes princípios nortearam a Reforma Psiquiátrica Brasileira, 
propondo ir além das mudanças técnicas até a desconstrução do conceito da 
loucura dentro da própria sociedade, por meio de um processo chamado 
“desinstitucionalização” (TENÓRIO, 2002 apud PEREIRA E; 2017). 
Nos anos 90, a Reforma Psiquiátrica Brasileira passa a ser finalmente 
encampada pelo Ministério da Saúde e os hospitais psiquiátricos passam a ser 
substituídos pelos centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Centros de Convivência, 
Residências Terapêuticas e ambulatórios). Nesse contexto, embora regulamentado 
pela portaria 224/1992, os ambulatórios passam a existir segundo dois modelos, o 
tradicional e o da Reforma; o primeiro dispondo essencialmente de cuidados curativos, 
o segundo oferecendo atendimentos individual e em grupo, visitas em domicílio e 
atividades terapêuticas psicossociais, sempre acompanhados por equipe 
multiprofissional (SANTOS, OLIVEIRA, YAMAMOTO, 2009 apud PEREIRA E; 2017). 
 
 
 
12 
 
A partir daí, pretendeu-se estimular a visão da pessoa com transtorno mental 
como alguém detentor de direitos, estabelecendo uma nova forma de relação 
fundamentada na possibilidade de “autonomia e liberdade, a fim de se estipular 
relações de solidariedade, confiança e acolhimento” conforme SANTOS, Oliveira, e 
Yamamoto, (2009 apud PEREIRA E; 2017). 
Em 2002, o Ministério da Saúde definiu e regulamentou os serviços oferecidos 
pelos Centros de Atenção Psicossocial. Em 2005, a Portaria Interministerial 353/2005 
instituiu o Grupo de Trabalho de Saúde Mental e Economia Solidária, com objetivo de 
“[...] construir um efetivo lugar social para os portadores de transtornos mentais, por 
intermédio de ações que ampliem sua autonomia e melhora das condições concretas 
de vida”. (BRASIL, 2005 apud GONÇALVES E; et al., 2018). 
Em 2011, o Ministério da Saúde, por meio da Portaria n° 3.088/2011 instituiu e 
regulamentou a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), definindo no seu Art. 1º por 
sua finalidade “[...] a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde 
para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes 
do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 
” (BRASIL, 2011 apud GONÇALVES E; et al., 2018). 
A Rede de Atenção Psicossocial é constituída pela Atenção Básica em Saúde, 
pela Atenção de Urgência e Emergência, Atenção Residencial de Caráter Transitório, 
em Comunidades Terapêuticas ou em Unidades de Acolhimento, Atenção Hospitalar, 
oferecida por meio de leitos em Hospitais Gerais; Residências Terapêuticas e, por fim, 
promoção da Reabilitação Psicossocial. (BRASIL, 2011 apud GONÇALVES E; et al., 
2018). 
Apesar de mais atual que a Reforma Sanitária a Reforma psiquiátrica brasileira 
tem uma história própria, num contexto de mudanças pelas superações da violência 
asilar. Consiste em um processo político complexo, que acontece em diversos 
territórios, nos governos federais, estaduais e municipais, nas associações de 
pessoas com transtornos mentais e da sua família, nas universidades, nos serviços 
de saúde, nos conselhos profissionais, entre outros (BRASIL, 2005 apud ESPINDOLA 
A; et al., 2018). 
 
 
 
13 
 
Envolvida como conjunto de transformações de práticas, valoresculturais e 
sociais, saberes. No cotidiano das instituições, das relações interpessoal e nos 
serviços é que a reforma psiquiátrica progride, marcado por crises, conflitos, tensões 
e desafios (BRASIL, 2005 apud ESPINDOLA A; et al., 2018). 
A desinstitucionalização coloca em evidência, a nosso ver, a articulação entre 
as práticas institucionais e as não-institucionais, ou as ações coletivas que devem ser 
esclarecidas, mas sem perder à vista de que e a quem se pode atribuir o 
empreendimento de autoconstrução ou reinvenção societária. Entendemos que os 
processos de mudança mobilizam esforços de participação, por longos períodos de 
tempo, não sendo, simplesmente, tributário ou resultante de tensões ou contradições 
estruturais e conjunturais, genericamente, entendidas como forças instituintes 
(VASCONCELOS, 2000 apud MARTINES R; et al., 2007). 
A reforma psiquiátrica foi construída com a sociedade incluída no debate, 
diferente das recentes políticas verticais que estão surgindo. O Brasil tem uma das 
políticas de saúde mental mais respeitadas no mundo. A criação do CAPS, enquanto 
serviço comunitário, deveria ser valorizado e ampliado cada vez mais, no entanto, 
temos um retrocesso em curso (CAVALCANTI, 2019 apud BARBOSA A; 2019). 
Trazer à luz o cenário atual é relevante na manutenção da luta pela reforma 
psiquiátrica e da democracia. A sociedade deve se mobilizar em defesa do SUS, pois 
defender o SUS é defender a vida. A partir da conscientização, a resistência pode 
partir dos vários setores e atores, formando um grande movimento com o propósito 
de combater aos retrocessos que atualmente se impõem em nosso país (DELGADO, 
2019 apud BARBOSA A; 2019). 
3.1 Arte e Psiquiatria 
De acordo com ARÊAS D; (2011) este tópico esclarece algumas questões 
sobre a relação entre arte e psiquiatria. Desde o final do século XIX, a ciência 
enquanto psiquiátrica tem buscado um tratamento mais humano para pessoas com 
transtornos mentais. 
Desde muito antigamente a arte teve um papel importante na saúde, a 
expressão simbólica presente na arte foi, como sugere Machioldi (2007 apud ROMAN 
J; 2013), uma importante parte dos antigos rituais de cura realizados por civilizações 
 
14 
 
como egípcia, suméria, maia e chinesa, e consequentemente a arte foi vista enquanto 
atividade terapêutica, pois a humanidade acreditava que ela poderia ser mágica, 
efetuar mudanças ou transformar as pessoas e as circunstâncias. 
O grande problema para psiquiatria enquadrada nos modelos das ciências 
naturais era, e ainda hoje é, a questão da determinação das causas das 
doenças mentais. As neuroses, em particular a histeria, e a demência 
precoce, hoje reclassificada e nomeada de esquizofrenia, desafiavam o 
modelo cientifico. É nesse contexto, como cientistas típicos do século XIX, 
preocupados com a determinação das causas das doenças mentais, que se 
inserem primeiramente Freud e depois Jung. (REVISTA MENTE E 
CÉREBRO, v.2, p.18 apud ARÊAS D; 2011). 
Para ARÊAS D; (2011) cabe destacar que a experiência psicanalítica 
inaugurada por Sigmund Freud no final do século XIX, levantou a questão do 
inconsciente e marcou o encontro da loucura com a linguagem. De acordo com Freud 
a psicanálise tem sua a intervenção terapêutica voltada para a associação livre, onde 
o terapeuta não direciona a questão a ser trabalhada, ou seja, essa intervenção deixa 
que o próprio paciente coloque seu inconsciente em analise e traga seus conteúdos. 
Dessa maneira, os conteúdos inconscientes que são manifestados pelo sujeito no “ 
setting” clínico se configuram e são estruturado durante o processo terapêutico. 
Conforme ARÊAS D; (2011) a tentativa de renovação da Arte e da cultura 
ocidental foi marcada no início do século XX na Europa. Em busca de uma nova 
maneira de criar, artistas. Os pensadores da época tentaram fugir dos esquemas e 
moldes acadêmicos e passaram a se interessar pela produção de pessoas 
consideradas “doentes mentais” ou marginalizadas em relação sociedade. O Brasil 
estava passando por um período de turbulência e revitalização da arte, ele tentou se 
libertar dos moldes europeus e tentou destacar os traços característicos de sua 
própria cultura. 
Como caracteriza ARÊAS D; (2011) o meio artístico europeu e o brasileiro 
passaram a valorizar o simples e o primitivo, e isso aconteceu através do 
questionamento dos parâmetros e regras que eram impostos pela sociedade e pela 
tradição cultural, bem como tudo aquilo que fugisse dos moldes acadêmicos. A partir 
dessa questão os médicos pensavam que havia uma possibilidade de detectar 
sintomas de degeneração através da análise da criatividade de produção plástica dos 
alienados, eram próximos da subversão estética que era buscada pelas vanguardas 
artísticas e distantes da tradição plástica europeia. 
 
15 
 
A sistemática reconstrução histórica desse processo de mudança estética, essa 
inesperada disposição na transformação de percepção e influência, para Mcgregor 
(1992 apud ROMAN J; 2013) é necessária pelo fato de que nesses atos de reavaliação 
está a evidência de que essa mudança de concepção da natureza e função do 
processo criativo e seus produtos, os quais tiveram um pronunciado efeito na forma e 
conteúdo das imagens visuais, nasceu nesse novo contexto. Para os interessados, 
esses objetos e imagens grosseiras contêm uma intensidade surpreendente e um 
latente senso de trabalhar mudanças no meio. Para os artistas da virada desse século, 
essas novas imagens parecem ter satisfeito uma profunda necessidade de contato, e 
o cultivo delas, uma radical e diferente estética. 
Para ARÊAS D; (2011) foi neste momento que surgiu a arte contemporânea, 
que não pretende agradar ou despertar as sensações agradáveis que acompanham 
a beleza, porque muitas vezes são imagens confusas, desordenadas, em decorrência 
da passagem de pura emoção na tela ou em qualquer outro meio. Vemos isso nas 
obras de movimentos de vanguarda, como o surrealismo, que se interessaram pela 
maneira de pensar das pessoas com transtornos mentais, o que deu origem a obras 
que coincidiam com o que procuravam, ou seja, uma arte que era a produto de um 
processo criativo, no qual os conteúdos do inconsciente emergiram. É neste período 
que se realizam grandes reflexões sobre o que é Arte e é neste ajustamento sobre o 
sentido e a intenção da Arte que Arteterappia se beneficia. 
A contribuição do doente mental para esse novo campo de estudo e resposta 
estética, embora óbvia, merece ser enfatizada. As raras imagens cujo poder tornou 
atrativa e visualmente fascinante, estavam sendo criadas por pessoas reais e 
sensíveis. Conforme Mcgregor (1992 apud ROMAN J; 2013) essas imagens são a 
expressão de seus conflitos mentais, insights, confusão e dor; e, como na maioria das 
artes, elas representam um acidental, contudo profundo presente da humanidade. 
(...) a atividade que realiza em nome da arte não é, em absoluto, arte. Na 
arteterapia, a arte é concebida como uma metáfora, ou melhor, algo que se 
assemelha à arte, indicada por sua dupla condição: por um lado, aquele que 
frequenta o ateliê não se compromete com um aprendizado sistemático das 
regras do oficio, nem com a criação de ideias plásticas cuja coerência estética 
seja completa e socialmente reconhecida; por outro lado a arteterapia 
demanda da arte um serviço útil. Este serviço terapêutico constitui a própria 
definição de arte, projetando simultaneamente sobre o paciente a tensão 
contraditória inerente à possibilidade de cura. A atividade artística transforma-
se assim em representação dramática da intenção criativa do sujeito. É nessa 
duplicidade que encontramos a eficácia terapêutica dessa modalidade 
clínica. (PAIN, 2009, p.12 apud ARÊAS D; 2011). 
 
16 
 
Segundo ARÊAS D; (2011) em relação ao que foi contextualizado sobre a 
reflexão dos artistas e médicos no cenário social da Arte e loucura, pode-se dizer que 
é nesse momento que a Arteterapia começaseu trabalho dando início ao contexto 
psiquiátrico. Nesse sentido pergunta-se, que lugar a Arte tem na psiquiatria? 
Na instituição psiquiátrica, ela apresenta-se como um lugar “a parte”, com um 
enquadramento e uma disciplina contratual. O sujeito vem ao ateliê porque 
quer passar o tempo, para se divertir, ou porque gosta de pintar. A questão 
não é essa, pois todas essas motivações são pertinentes e sujeitas a 
contradições. É através da própria atividade que o sujeito pode descobrir 
possibilidades das quais nunca suspeitaria. O essencial é que, louco ou não, 
ele descubra o papel do artista a quem é tudo permitido, dentro das restrições 
materiais e da relação com os outros participantes. O poder do arteterapeuta 
lhe é conferido não somente pela instituição, mas também pelos pacientes 
quando sentem necessidade de ser orientados. Essa delegação de poder é 
uma astúcia da doença que visa manter alguns sintomas e deixar o sujeito 
em estado de dependência. É justamente mediante a utilização da arte que a 
utopia antipsiquiátrica encontra um terreno onde atuar e modificar o olhar dos 
outros sobre o sujeito. (PAIN, 2009, p.31 apud ARÊAS D; 2011). 
Osório Cesar e Nise da Silveira, de acordo com Calacchio (2007 apud ROMAN 
J; 2013), ao introduzirem a possibilidade de construção de um novo modo de olhar e 
lidar com o sofrimento mental, não mais como déficit ou desvio, e sim, como expressão 
e reconhecimento do direito à diversidade e à diferença, se tornaram nos dias de hoje, 
ícones da reforma psiquiátrica brasileira. 
Valladares (2004 apud ROMAN J; 2013) aponta que com a perspectiva da 
reinserção e reabilitação psicossocial presentes na atualidade, as práticas artísticas 
em saúde mental possuem finalidades e propósitos bem definidos, como a 
reintegração do indivíduo na sociedade, onde são geradas ações inclusivas que 
proporcionam heterogeneidade, além de fazer com que usuário mantenha contato e 
comunicação com o mundo real. 
Como aponta ARÊAS D; (2011) é nessa perspectiva que a nova política de 
Saúde Mental implementa o CAPS, na qual é uma instituição aberta ideal para dar 
aos pacientes a oportunidade desse encontro com a Arte, promovendo a 
ressocialização do sujeito e o desenvolvimento de sua autonomia como cidadão. O 
indivíduo com maior desenvolvimento de sua personalidade. 
A Arteterapia, aplicada à psiquiatria e de acordo com os novos paradigmas 
de atenção em Saúde Mental, é um processo terapêutico predominantemente 
não-verbal, por meio das artes plásticas acolhe o ser humano com toda 
complexidade, dinamicidade, objetivando a reinserção e inclusão social do 
doente mental. (VALLADARES, 2008, p.98 apud ARÊAS D; 2011). 
 
17 
 
De acordo ARÊAS D; (2011) a Arte tem como objetivo permitir ao sujeito 
expressar seu potencial como pessoa, dando-lhe o direito de interagir e conviver com 
a sociedade. A única maneira de quebrar o estigma é mostrar que as pessoas com 
sofrimento psicológico ou problemas mais severos de saúde mental ainda são 
pessoas produtivas e ativa, e a arte desempenha um excelente papel nesse processo. 
3.2 Saúde mental e políticas públicas 
Conforme FERNANDES A; (2017) o processo histórico da saúde mental 
apresenta grandes desafios políticos e sociais, o seu progresso foi acompanhado por 
mudanças em destinadas a assegurar os direitos de cidadãos com problemas de 
saúde mental. A atenção torna-se um desafio para o governo, pois tem que 
redimensionar novas propostas com modelos mais eficazes, introduzindo novos 
recursos metodológicos e técnicos. 
Para FERNANDES A; (2017) a partir do modelo assistencial dos hospitais 
psiquiátricos da década de 1960, houve a necessidade de mudança no modelo de 
atenção à saúde mental. De acordo com os movimentos de trabalhadores em saúde 
mental (MTSM), passaram a denunciar as violências nos ditos manicômios onde as 
modificações passaram a ser exigidas. E isso se deu através da formação de 
sindicalistas, membros de associações, integrante do movimento sanitário e por 
pessoas com internações psiquiátricas. 
A política de saúde mental no Brasil evoluiu de um modelo "hospitalocêntrico" 
para um modelo de assistência comunitária em direção a um acompanhamento 
psicossocial (Pacheco, 2005 apud PONTES S; et al., 2014). A ideia de uma rede de 
atenção à saúde mental, acompanhada da reabilitação psicossocial, é um dos pilares 
da nova política de saúde mental brasileira. Desse modo, reuniremos os principais 
atos legais que orientam esse processo. 
De acordo com FERNANDES A; (2017) os cuidados à saúde mental ocorriam 
através da divisão nacional de saúde mental, por meio desta a função exercida era de 
planejamento de campanhas e manutenções em hospitais públicos psiquiátricos. 
Contudo, a criação da Coordenação Geral de Saúde Mental (CGSM), juntamente com 
o departamento de Atenção Básica (DAB), do Ministério da Saúde (MS), naquele 
momento eram cientes que havia uma necessidade da implantação de ações de 
 
18 
 
saúde mental na atenção básica, decidiram efetivar o Plano Nacional de Incorporação 
de Ações de Saúde Mental no âmbito da Atenção Básica, dentro do conjunto de ações 
que compõem o cuidado integral à saúde, com ações de impacto no sistema público 
no que se refere as políticas de saúde mental, que surgiram a partir do Sistema Único 
de Saúde (SUS). 
De acordo com a legislação, a Rede de Atenção Psicossocial nesse modelo 
tem como diretrizes: a defesa dos direitos humanos, garantindo a autonomia, a 
liberdade e o exercício da cidadania; a promoção da equidade; a garantia do acesso 
e da qualidade dos serviços; a ênfase nos serviços de base territorial e comunitária, 
diversificando as estratégias de cuidado com controle social dos usuários e de seus 
familiares; as organizações de serviços em rede e de ações intersetoriais; e 
desenvolvimento da lógica do cuidado centrado nas necessidades das pessoas com 
transtornos mentais. (BRASIL, 2011 apud TAURO D; et al., 2018). A Reforma 
Psiquiátrica, como vem sendo proposta, configurou-se então como um processo 
político e social complexo, composto de diversos atores e instituições, é um 
movimento que incide nos diversos setores da sociedade, como governos federal, 
estadual e municipal, universidades, serviços de saúde, conselhos profissionais, 
movimentos sociais. Sobretudo, esse movimento deve ser compreendido como um 
conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais, e que só 
pode avançar no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações 
interpessoais. 
Segundo Brasil (2005, p.45 apud FARIA E; et al., 2016) “um dos principais 
desafios para o processo de consolidação da reforma psiquiátrica brasileira é a 
formação de recursos humanos capazes de superar o paradigma da tutela do louco e 
da loucura. ” Brasil (2005) ainda alerta que o processo da reforma psiquiátrica exige 
cada vez mais da formação técnica e teórica dos trabalhadores, muitas vezes 
desmotivados por baixas remunerações ou contratos precários de trabalho. 
Schranke Olschowsky (2008 apud FARIA E; et al., 2016) afirmam que é 
prudente a inserção dos familiares das pessoas com transtornos mentais no dia a dia 
da rede de atenção à saúde mental e na sua militância, na luta por uma sociedade 
sem manicômios, nos movimentos sociais. Para eles, são essas medidas que estão 
conseguindo garantir os direitos, provocando mudanças nas políticas públicas e na 
 
19 
 
cultura de exclusão do louco na sociedade. Assim, o grande desafio da Reforma 
Psiquiátrica é construir um novo lugar social para os loucos. 
Diante desse quadro Hirdes (2009 apud FARIA E; et al., 2016) afirma sobre a 
necessidade de formação de profissionais devidamente capacitados, em todos os 
níveis, desde a graduação até a especialização. Brasil (2005, p.4 apud FARIA E; 2016) 
afirma que o “Ministério da Saúde convoca os grandes centros brasileiros de alto nível 
acadêmico para que tomem também para si a tarefade produzir análises sobre os 
novos serviços e novo modelo de atenção. ”, ou seja, construir espaços de reflexões, 
bem como de novas propostas a serem implementadas. (BRASIL, 2005, p. 47 apud 
FARIA E; 2016). 
4 TANSTORNOS PSIQUICOS 
 
Fonte: citocenter.com.br 
Os transtornos mentais são entendidos como alterações psicológicas e 
comportamentais em que ocorrem em estados significativos que se caracterizam por 
mudanças na forma de pensar sobre o humor e as emoções ou por comportamentos 
relacionados ao estresse pessoal e / ou funcionamento prejudicado, explica – se os 
transtornos por causas biológicas e sociais, onde é necessário um atendimento com 
a assistência adequada e humanizada com o objetivo de ressocializar o paciente com 
transtorno mental junto com a família, onde as pesquisas mostram que a grade maioria 
 
20 
 
dos pacientes demonstram seus sintomas durante a infância (BRASIL, 2001 apud 
QUEIROZ T; 2016). 
Rodriguez et al. (2012 apud QUEIROZ T; 2016) apontam que os transtornos 
mentais são reconhecidos como doenças crônicas de alta prevalência em todo mundo 
e contribuem para a morbidade precoce, podendo levar a incapacidade e a 
mortalidade. Estima-se que 25% da população geral sofrerá de um ou mais 
transtornos mentais ao longo da vida, os mesmos são descritos e caracterizados por 
sintomas e sinais que são específicos para cada transtorno existente, acarretando em 
consideráveis impactos e prejuízos na funcionalidade e diminuição da qualidade de 
vida do sujeito, juntamente com a família. 
Menezes (1996 apud QUEIROZ T; 2016) afirma que estudos mostram que 
milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de algum tipo de transtorno mental e 
esse número tem aumentado gradativamente, apresentando uma alta prevalência na 
população. De acordo com essa afirmação, os transtornos mentais foram 
reconhecidos como um grave problema de saúde pública com custos econômicos, 
sociais e humanos na década de 1990. Estudos mostram que cinco entre dez doenças 
diagnosticadas estavam relacionadas à depressão, transtorno bipolar, uso de álcool, 
esquizofrenia e transtorno obsessivo-compulsivo (FORTES, 2010; SANTOS; 
SIQUEIRA, 2010 apud QUEIROZ T; 2016). 
Murray e Lopez (1998 apud QUEIROZ T; 2016), afirma que a compreensão de 
que os transtornos mentais configuram um problema de saúde pública é um tanto 
recente, ocorrendo a partir de pesquisas e estudo publicados, sobretudo realizados 
pela Organização Mundial de Saúde (OMS), assim também como pelos 
pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. 
Rosa (2005 apud QUEIROZ T; 2016), diz que durante a fase inicial dos 
transtornos psíquicos apresentado pelos indivíduos, a família tem um papel, 
sobretudo fundamental na construção da nova trajetória de vida que será 
enfrentada pelo familiar dentre elas, ajudar na dificuldade para lidarem com 
situações de crises que irá enfrentar, com o pessimismo de que não 
consegue ver uma saída para o problema enfrentado e sua expectativa 
frustrada de cura, assim como o aceitamento da doença. 
Waidman (2001 apud QUEIROZ T; 2016) ressalta em relação ao 
acompanhamento da família que é de grande importância, para que a família entenda 
sobre o transtorno que está acometendo o seu familiar, é muito importante que as 
famílias conheçam os sinais e sintomas que serão desencadeados, dessa forma são 
 
21 
 
orientados sobre o tratamento medicamentoso e auxilio psicossocial, as famílias vão 
recebendo as orientações conforme a evolução da doença, contudo para que a família 
entenda esse longo processo em que seu familiar se encontra é necessário que a 
mesma faça a terapia familiar para que consiga melhorar a relação entre ambos, 
evitando recaídas e sobrecarga. 
4.1 Psicopatologia e psicossomáticas 
Compreende – se a psicopatologia a um termo que se refere ao estudo dos 
estados mentais patológicos quanto as experiências a manifestações de 
comportamentos que podem resultar em um estado mental ou psicológico anormal. 
Esse termo é de procedência grega; psykhé e tem seu significado relacionado ao 
espírito e na patologia, que são os estudos das doenças e sintomas. Isso seria 
totalmente uma patologia de espírito (TEIXEIRA, 2011 apud CARVALHO F; 2011). 
De acordo Giovanetti, (20022011 apud CARVALHO F; 2011), é possível 
identificar três tipos de situações relacionado a problemas psicopatológicos, como por 
exemplo, perda da unidade psicológica, perda do sentido da vida e transformação da 
intimidade. Segundo Menezes (20052011 apud CARVALHO F; 2011), através das 
formas em que acontece o sofrimento psíquico podem ser consideradas como 
psicopatologias da atualidade, e tem o sentindo nas expressões dos modos de 
subjetivação que são reconhecidos pela sociedade contemporânea, conforme os 
autores abaixo citados: 
Há um estilo de sociedade em pauta que gera condições e possibilidades 
para produção de determinadas psicopatologias como típicas de sua época. 
Isso não quer dizer, necessariamente, que são psicopatologias inéditas, mas 
são novas formas de padecimento expressas por meio do pânico, da bulimia, 
da anorexia, das disposições depressivas, das toxicomanias, das 
psicossomatizações, dentre outras, que ganham espaço progressivo na cena 
social atual (GIOVANETTI, 2002, p.32 apud CARVALHO F; 2011 apud 
CARVALHO F; 2011). "... psicopatologia da pós-modernidade se caracteriza 
por certas modalidades privilegiadas de funcionamento psicopatológico, nas 
quais é sempre o fracasso do indivíduo em realizar a glorificação do eu e a 
estetização da existência que está em pauta. Esta é justamente a questão da 
atualidade. (...) quando se encontra deprimido e panicado, o sujeito não 
consegue exercer o fascínio de estetização de sua existência, sendo 
considerado, pois, um fracassado segundo os valores axiais dessa visão de 
mundo." (BIRMAN, 2001, p.168-9 apud CARVALHO F; 2011). 
 
 
22 
 
De acordo com RIBEIRO M; (2000) a psicopatologia aborda uma serie de 
conhecimentos que são referentes ao adoecimento mental do indivíduo, que se 
esforça por ser sistemático, elucidativo e desmistificante. O mesmo não inclui critérios 
como valores e nem aceita dogmas ou verdades a priori, tendo em vista que a 
psicopatologia rejeita o fato de orientar- se a partir de julgamentos morais. Porém, 
através dela é possível identificar e compreender os diversos elementos da doença 
mental. 
Pra RIBEIRO M; (2000) a psicopatogia é dona de um domínio em que se 
estende-se a “ A tudo que se possa apreender em relação a diferentes tipos de 
conceitos de significados constantes e com a possibilidade de comunicação”, estamos 
falando em uma ciência que é considerada autônoma, sem prolongamentos da 
neurologia ou na psicologia. 
Já o Psicossomático provém do grego, psyque: alma e somatikos: do corpo, 
corporal. Segundo dicionário de filosofia (RUSS, 1994, p.237 apud PEREZ M; 2008) 
1-Substantivo: medicina que estuda a alma e o corpo, o psiquismo e a física na sua 
unidade indissolúvel e enquanto se condicionam uma ao outro. 2-Adjetivo: qualifica 
os fenômenos em que a unidade do psiquismo e do corpo de manifestam. Diferente 
da hipocondria que consiste numa fixação na ideia de doenças e da simulação, 
quando de fato o paciente finge estar doente, o termo psicossomático se aplica apenas 
para designar doenças que apresentam sintomas reais no corpo físico, mas cuja 
origem está no psiquismo. 
De acordo com Barbosa, Duarte e Santos (2012 apud DIAS P; et al., 2016), a 
psicossomática busca um entendimento da relação mente-corpo e dos processos de 
adoecimento sendo que o processo de somatização consiste na manifestação de 
conflitos e angústias por meio de sintomas físicos, ou seja, para eles o termo 
psicossomático é entendido como toda perturbação física resultante de um conteúdo 
psicológico. 
Os autores completam afirmando que toda doença humana é psicossomática 
pois incide em um ser constituído de soma e psique, inseparáveis anatômicae 
funcionalmente. Para Mello-Filho et. al. (2010 apud DIAS P; et al., 2016) a 
psicossomática possibilita a compreensão do complexo jogo de causa e efeito 
presente na evolução das enfermidades de modo muito mais rico e completo. Ainda 
para eles, a psicossomática, em síntese, é uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e 
 
23 
 
sobre as práticas de saúde, é um campo de pesquisas sobre estes fatos e, ao mesmo 
tempo, uma prática de uma Medicina integral. 
A compreensão da relação mente-corpo, até então, era baseada numa visão 
dualista, tanto em relação ao princípio como em relação à função desses dois 
aspectos. O funcionamento de ambos era considerado quase que independente um 
do outro e a interação ocorreria numa via dupla de forma psicossomática ou somato-
psíquica. A compreensão da interação mente e corpo ganha novas perspectivas a 
partir da Psicanálise, quando ambas as dimensões são pensadas de forma conjunta 
e dinâmica, possibilitando a criação de um campo de saber denominado 
Psicossomática (VALENTE e RODRIGUES, 2010 apud CRUZ M; 2011). 
A psicossomática categoriza fenômenos psicossomáticos ou somatopsíquicos, 
apontando para a gênese do transtorno ora no corpo, ora na psique e estabelece as 
relações de causa e efeito entre as duas instâncias, ditas como dicotômicas. Essa 
relação de causa e efeito, na prática, requer a atuação de dois profissionais: o médico, 
cabendo o tratamento do somático e o psicólogo, respondendo pelo tratamento dos 
efeitos psicológicos decorrentes da doença, como a depressão, a ansiedade, o medo 
dos tratamentos, o medo da morte. Assim, a compreensão das enfermidades passa a 
ser tomada em uma dualidade soma e psique (MATTAR et. al., 2016 apud DIAS P; et 
al., 2016). 
 
24 
 
5 ARTETERAPIA COMO PRÁTICA INTEGRATIVA COMPLEMENTAR EM 
SAÚDE 
 
Fonte: clinicadearteterapia.com.br 
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - 
PNPIC, é uma política pública que se estabeleceu a partir de demandas sociais 
recorrentes manifestadas nas diversas Conferências Nacionais de Saúde, e das 
diretrizes da Organização Mundial Saúde - OMS. (BRASIL, 2006 apud AMADO D; et 
al., 2020). 
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde - PICS, como são 
conhecidas no Brasil, fazem parte das práticas denominadas pela OMS de Medicinas 
Tradicionais, Complementares e Integrativas - MTCI. As MTCI se referem a um amplo 
conjunto de práticas de cuidado em saúde que podem variar de país a país e das 
práticas instituídas no sistema convencional de saúde. As Medicinas Tradicionais, de 
alguns países, são adotados por outros como Medicinas Complementares ou 
Integrativas, como exemplo da Medicina Tradicional Chinesa ou o Ayurveda, que são 
amplamente utilizadas fora de seus países de origem. (WHO, 2019 apud AMADO D; 
et al., 2020). 
Nesta perspectiva, a PNPIC é transversal em suas ações no SUS e está 
presente em todos os níveis de atenção, em especial na Atenção Primária à Saúde 
(APS), e com grande potencial de atuação nas Redes de Atenção à Saúde (RAS). 
 
25 
 
(BRASIL, 2006 apud AMADO D; et al., 2020). Dados do ano de 2018, mostram que 
as PICS estiveram presentes em 16.007 serviços de saúde do SUS, sendo 14.508 
(90%) da Atenção Primária à Saúde (APS), distribuídos em 4.159 municípios (74%) – 
APS e média e alta complexidade – e em todas das capitais (100%). 
Foram ofertados 989.704 atendimentos individuais, 81.518 atividades 
coletivas com 665.853 participantes e 357.155 procedimentos em PICS. Já 
parciais para o ano de 2019, as PICS estiveram presentes em 17.335 
serviços de saúde do SUS, sendo 15.601 (90%) da Atenção Primária à Saúde 
(APS), distribuídos em 4.296 municípios (77%) – APS e média e alta 
complexidade – e em todas das capitais (100%).Foram ofertados 693.650 
atendimentos individuais, 104.531 atividades coletivas com 942.970 
participantes e 628.239 procedimentos em PICS. (Fonte: SISAB/DATASUS 
para o ano de 2018 e parciais para o ano de 2019 apud AMADO D; et al., 
2020). 
A Arteterapia é conceituada pelo Ministério da Saúde como uma atividade 
milenar, como um procedimento terapêutico que funciona como um recurso que busca 
interligar os universos interno e externo de um indivíduo, por meio da sua simbologia, 
[...]uma arte livre, conectada a um processo terapêutico, transformando-se numa 
técnica especial, não meramente artística, [...]uma forma de usar a arte como meio de 
comunicação entre o profissional e um paciente, [...] um processo terapêutico 
individual ou de grupo buscando uma produção artística a favor da saúde (BRASIL, 
2006 apud GODOY J; et al., 2018). 
A arteterapia é definida por Espindola e Dittrich (2015, p. 20 apud NÓBREGA 
A; et al., 2014) como uma prática de terapia que tem como foco principal as 
expressões artísticas, nas suas diversas linguagens (pictória, musical, 
cênica, etc.) fundamentadas pelas várias áreas do conhecimento humano, 
como a filosofia, a arte, a psicologia, a pedagogia, a medicina, entre outras. 
Considerando a arte como uma forma de expressão da subjetividade, a mesma 
pode ser adaptada a diferentes objetivos, inclusive na psicologia, abrangendo uma 
diversidade de temas como gênero, sexualidade, transtornos mentais, traumas e/ou 
conflitos emocionais, estejam os participantes em grupo ou de forma individual (REIS, 
2014 apud NÓBREGA A; et al., 2014). Desta maneira, a arteterapia também permite 
ser compreendida como uma área de conhecimento interdisciplinar, atuando em 
diversos campos como a clínica, a escola, o social e o comunitário (REIS, 2014 apud 
NÓBREGA A; et al., 2014). 
 
 
26 
 
Segundo Araújo et al (2012 apud NÓBREGA A; et al., 2014), a arte como forma 
de cuidado, aliado ao processo de desinstitucionalização, aproxima o 
desenvolvimento criativo do sujeito, promovendo a saúde deste e reforçando as 
relações sociais da comunidade. 
De acordo com Soares et al. (2009, p. 54 apud NÓBREGA A; et al., 2014), a 
arteterapia é o uso da arte como instrumento terapêutico. Consiste na criação 
de material sem preocupação estética, mas para expressar sentimentos, 
desejos e temores, além de ser ótimo recurso para desenvolver a 
espontaneidade e a criatividade. 
O processo arteterapêutico será acompanhado e orientado por um (a) 
arteterapeuta que fará a reflexão sobre a simbologia materializada na expressão 
artística. Essa leitura reflexiva e crítica, dentro de uma maiêutica socrática ou de uma 
hermenêutica fenomenológica, terá como ponto de partida a leitura pessoal e 
individual do criador da expressão, para depois ser relacionada aos conteúdos 
simbólicos coletivos encontrados nas diversas culturas. (ESPÍNDOLA, DITTRICH 
2015, p. 21 apud NÓBREGA A; et al., 2014). 
Infere ainda a referida entidade que, cabe aos arteterapeutas criarem, 
conservarem, ativarem e ampliarem espaços de autonomia criativa, liberdade 
de expressão, estimulando, assim, alternativas socialmente inovadoras e 
contributivas ao desenvolvimento sustentável de comunidades (UBAAT, 
2017, p. 11 apud NÓBREGA A; et al., 2014). Afirmam Espindola e Dittrich 
(2015) que: A prática arteterapêutica é um instrumento eficaz de educação 
em saúde, pois desencadeia a reflexão crítica e a criatividade para o sentido 
de viver no mundo – importante no processo de saúde integral, 
materializando nas expressões artísticas sentimentos e emoções, os quais 
compreendidos e “ressignificados” poderão resultar em maior qualidade de 
vida e bem-estar a quem participa. (ESPINDOLA e DITTRICH, 2015, p. 21-
22 apud NÓBREGA A; et al., 2014). 
As oficinas de arteterapia desenvolvidas nos CAPS podem ser consideradas 
como um importante instrumento para conduzir e centralizar as reflexões e projeções 
do sujeito em sofrimento mental à produção de algo útil para si e para a coletividade. 
Com isso, através da arteterapia nos CAPS, pode ser possível a concretização da 
inclusão social desses usuários, sendo esse um dos objetivos da Política Nacional de 
SaúdeMental (FARIAS et. al, 2016 apud SANTOS L; et al., 2017). 
A arteterpia nos CAPS vem a ser um dispositivo terapêutico apto a 
proporcionar, além da saúde mental, um local de convivência, fortalecimento de 
vínculos e integração de usuários com a sociedade e família (CAMARGO et. al, 2011 
apud NÓBREGA A; et al., 2014). Portanto, a arteterapia, consiste em um instrumento 
 
27 
 
capaz de canalizar, positivamente, as variáveis do adoecimento psíquico em si, assim 
como os conflitos individuais e com familiares (COQUEIRO; VIEIRA; FREITAS, 2010 
apud NÓBREGA A; et al., 2014). 
O Ministério da Saúde ao incluir a Arteterapia oficialmente nas Práticas 
Integrativas e Complementares em Saúde no SUS, possibilitou a inserção da mesma 
nos programas de referência: Saúde da Família, Rede Cegonha, Saúde da Criança, 
Saúde dos Adolescentes e Programa de Saúde Escolar (PSE), Saúde da Mulher, 
Saúde do Homem, Saúde e Atenção Integral ao Idoso, Rede de Atenção Psicossocial, 
Âmbito Hospitalar, Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalho, passando 
assim a ter diretrizes para formação, implantação e pesquisa dentro da Política 
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares - PNPIC. (UBAAT, 2017, p.5-10 
apud NÓBREGA A; et al., 2014). 
6 O SINTOMA COMO FORMA DE EXPRESSÃO 
Na busca de elaborar uma definição sobre o sintoma, vê-se necessário 
visualizá-lo em primeiro momento através da visão clássica da medicina, como um 
indício de que algo está acontecendo a saúde do paciente. Sobre esta ótica teremos 
o sintoma como a sinalização de um problema a saúde da pessoa, sendo que este 
refere-se à percepção pessoal do indivíduo sobre o que está sentindo, desta forma, 
descreve uma percepção subjetiva (MARCOS; OLIVEIRA JUNIOR, 2013 apud 
BUENO A; et al., 2019). 
Dentro da psicologia, o sintoma pode ser entendido como uma forma de 
expressão de um conflito psíquico, como percepção subjetiva pode ocorrer variações 
nas formas em que será apresentado (SILVA; RUDGE, 2017 apud BUENO A; et al., 
2019). É através dos sintomas que o sujeito consegue em muitas vezes se expressar, 
desta forma o analista deverá manter sua atenção e criar um espaço de escuta onde 
será permitido ao paciente a elaboração e entendimento sobre esta expressão 
sintomática. 
Como forma de expressão o sintoma, apesar do sofrimento causado ao 
paciente, trata-se de um processo de defesa, onde sua estrutura psicológica busca 
uma forma mais saudável de sustentação deste conflito. O terapeuta, neste sentido, 
terá o sintoma como se fosse uma mensagem a ser decifrada, desta forma, a partir 
 
28 
 
do relato do seu paciente, buscará uma significação para o que se apresenta dentro 
do setting (SILVA; LOPES; CANELLO, 2012 apud BUENO A; et al., 2019). Para o 
entendimento desta expressão sintomática o analista tem em seu auxílio todo 
conhecimento teórico adquirido durante a sua formação, assim como a sua base 
teórica que lhe proporciona a utilização de diversas técnicas. A arteterapia, como um 
dos instrumentos que o terapeuta tem em seu auxílio, permite o acesso aos materiais 
inconscientes que causam sofrimento ao paciente, proporcionando uma diminuição 
dos sintomas apresentados. 
7 A ARTE COMO ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA 
 
Fonte: vlpo.cl.com 
De acordo com Cedraz e Dimenstein (2004 apud PESSOA I; 2016), vários 
autores são a favor da arte como estratégia terapêutica produtiva e defendem essa 
ideia. Rocha (1997 apud PESSOA I; 2016), diz que a arte apresenta um cenário de 
uma possível fonte de revigoração. 
Para BARROS M; et al., (2016) arte e psicoterapia constituem conhecimentos 
que se vinculam na medida em que abordam discursos e saberes sobre as pessoas 
e a experiência de existência. Dada a autenticidade da arte como manifestação 
libertadora, que é uma ação combinada entre conhecimento e sentimento, utilizando 
sensibilidade, imaginação e técnica, as mesmas mostram a realidade social e cultural, 
observada e sentida com sensibilidade. 
Como descrito por BARROS M; et al., (2016) quando a arte é utilizada no 
processo psicoterapêutico como ferramenta de intervenção para promoção da saúde 
e qualidade de vida das pessoas em sofrimento psíquico, existe uma correlação que 
decorre de vários elementos, um dos quais é a criatividade. 
 
29 
 
A criatividade manifesta nas produções artísticas traz características 
simbólicas, as quais viabiliza meios de pesquisas apropriados à integração dos 
aspectos qualitativo e valorativo presente na atuação humana (URRUTIGARAY, 
2008). Um simples rabisco ou, mesmo, um ponto formado por um pingo de tinta, pode 
ser a origem de todo um trabalho (URRUTIGARAY, 2008 apud MATOS M; et al., 
2008). 
A Arteterapia é uma ferramenta utilizada em saúde mental com o fim de facilitar 
a produção de imagens, a autonomia criativa, o desenvolvimento da comunicação, a 
valorização da subjetividade, a liberdade de expressão e a função catártica 
(VALLADARES, 2008 apud MATOS M; et al., 2008). 
Arteterapia é um processo terapêutico decorrente da utilização de várias 
modalidades expressivas artísticas, que expressam e representam níveis profundos e 
inconscientes da psique, permitindo o confronto, no espaço interno, destas 
informações, e posterior transformação e expansão da consciência (PHILIPPINI, 2005 
apud MATOS M; et al., 2008). 
 Conforme Varella (1997 apud PESSOA I; 2016) a arte ainda pode ser uma 
mediação com o meio onde se opera as grandes transformações de si e do mundo. 
Já Assis (2004 apud PESSOA I; 2016) tem a visão de que a arte está instaurada como 
forma de dar vazão à loucura, o mesmo acredita que a atividade artística pode retirar 
o indivíduo do lugar de desconhecido ou desacreditado social que o louco 
normalmente ocupa. 
A arte, como ferramenta de transformação e modificação do mundo 
(FRANCISQUETTI, 2004 apud FRANCISCO R; 2019), pode ser um dispositivo 
interessante somado à cidade na produção de saúde, pois, aliada à cidade, a arte 
mobiliza uma rede de múltiplos atores (a música, a literatura, o cinema, o desenho, a 
pintura, a escrita) e amplia as nossas conexões com elementos inusitados, causando 
estranhamentos, reflexões, problematizações e, por conseguinte, transformações 
individuais e coletivas. Com uma possibilidade de adentrar em contextos históricos, 
como também fazer parte deles, a arte é responsável pela construção cultural da 
sociedade, pela crítica a determinados modelos sócio-políticos, pelo desenvolvimento 
de outros modos de existência. 
 
 
30 
 
Por essa perspectiva, a arte vincula o sujeito à criação a si mesmo e do mundo. 
Ela expressa a reinvenção e produz a novidade, isto é, a arte é em si mesmo clínica, 
terapêutica. Saviani (2004 apud FRANCISCO R; 2019) atribui à arte um status de 
criação inventiva, onde “toda a capacidade de ser é acionada no ato de criar”, de modo 
que o poder criador transborda a própria criação, o homem, a natureza e afeta toda a 
vida em sua dimensão multifacetada. 
“Arte é linguagem; é um meio de expressão e comunicação” uma “techne”, 
isto é, uma interface entre a capacidade de construir um objeto com 
habilidade, astúcia, artimanha e artifício, como pensavam os gregos, e a 
agressividade criadora e aventureira que media a vida e a morte das coisas, 
o nascer o renascer, a metamorfose (FERNANDES, 2015). Frayze- Pereira 
(2005 apud FRANCISCO R; 2019), a partir dos estudos de Pareyson, conclui 
que a arte é um fazer inventivo, específico, na qual a ação do fazer (o 
executar) é indissociável da invenção. 
Rauter (1997, p. 109 apud PESSOA I; 2016), coloca que de acordo com as 
mutações das clínicas no campo da subjetividade, a mesma deve-se aproximar- se 
da arte, talvez deva mesmo tornar – se arte. Pode-se dizer que a arte tem sido usada 
para fins terapêuticos há séculos. Na literatura, há relatos sobre o trabalho 
desenvolvido pelo psiquiatra alemão Johann Christian Reil sobre a interação entre 
arte e saúde. 
Segundo Sei (2010apud PESSOA I; 2016), Reil foi contemporâneo de Pinel, 
que no início do século XIX criou um protocolo terapêutico com o objetivo de uma cura 
psiquiátrica. Este protocolo consistiu em três fases que procuraram estimular o 
interesse de um indivíduo pelo mundo exterior e criar uma ligação mais forte entre ele 
e o ambiente que o rodeia. 
Florance Cane é uma importante educadora da educação artística (1983 apud 
PESSOA I; 2016), a mesma tem uma visão de que o arteterapeuta norteia a crença 
de que todo o indivíduo enquanto ser humano nasce com o poder criativo. E a sua 
maior estratégia de ensino em relação a Arte era instaurada nas seguintes funções: 
movimento, sentimento e pensamento e o processo de cura era por meio da catarse 
do desenvolvimento artístico que é acompanhado de um profissional que reconheça 
os sentidos do que é expressado e que ajude o indivíduo a se reconhecer (CANE, 
1983 apud SEI, 2010 apud PESSOA I; 2016). 
 
 
31 
 
É por meio das oficinas terapêuticas que o indivíduo com transtorno mental 
vive, expressa o que existe no seu íntimo, expõe suas mazelas cotidianas, como o 
próprio estigma relacionado à doença mental, na qual a sociedade acaba por 
minimizá-lo. Por isso, o espaço da oficina é onde os usuários narram suas histórias, 
suas vidas, interagindo entre eles (MACIEL; LIMA, 2012 apud FERREIRA G; 2013). 
Nesse sentido, percebe-se que as atividades artísticas elucidam o processo 
construtivo e a produção do novo, por meio da criação, exposição de acontecimentos, 
experiências, ações, elementos, reinventando o ser humano e o mundo. Assim, as 
oficinas passam a ser entendidas como um instrumento de enriquecimento e 
desenvolvimento dos indivíduos em sofrimento psíquico, pois instigam a expressão, a 
descoberta e ampliam as possibilidades singulares e de acesso aos benefícios 
culturais (MENDONÇA, 2005 apud FERREIRA G; 2013). 
Por conseguinte, Meneses et al. (2010 apud FERREIRA G; 2013) enfatiza que 
as oficinas terapêuticas não visam à produção de obras de arte, não desejam formar 
artistas, também não procuram ocupar o tempo dos participantes. Estas atividades 
pretendem explorar os potenciais de criação, inspiração e expressão dos indivíduos 
com transtornos mentais, cada oficina é exclusiva e transforma modelos culturais em 
atividades singulares. 
As Oficinas Terapêuticas de Arteterapia utilizam como tratamento, variadas 
formas de expressão, como pintura, música, modelagem, fantoches, contos e os 
adornos se fazem presentes como instrumentos terapêuticos. Esta prática cultiva o 
resgate dos sentimentos, emoções e sensações através das práticas de expressão, 
em busca de um ressignificado para aquilo que estava escondido no indivíduo por 
muito tempo (PUFFAL; WOSIACK; BECKER, 2010 apud AZEVEDO E; et al., 2014). 
A arteterapia é uma prática terapêutica que trabalha com a transdisciplinaridade 
de vários saberes, como a educação, a saúde e a arte, buscando resgatar a dimensão 
integral do homem, neste processo de autoconhecimento e transformação pessoal. 
Através da arteterapia, o indivíduo pode buscar autonomia criativa, o desenvolvimento 
da comunicação, a valorização da subjetividade, a liberdade de expressão, o 
reconciliar de problemas emocionais, dentre outros aspectos positivos (PHILLIPPINI, 
2004; VALADARES; CARVALHO, 2005 apud AZEVEDO E; et al., 2014). 
 
 
32 
 
É sabido que o desenvolvimento de oficinas focadas na arteterapia vem a cada 
dia ganhando espaço considerável no setor saúde, principalmente, se tratando do 
campo da saúde mental, levando em consideração a necessidade de minimizar os 
efeitos negativos produzidos pela doença mental (COQUEIRO; VIEIRA; FREITAS, 
2010 apud AZEVEDO E; et al., 2014). 
Por fim, o que se pretende, por meio do espaço das oficinas terapêuticas, é a 
livre circulação de expressões, de afetos, de criações artísticas. Ao mesmo tempo, é 
importante que estas atividades ocorram nos diferentes territórios, objetivando a 
transformação da visão da sociedade relacionada a pessoas com transtornos mentais 
e à promoção da desinstitucionalização. Portanto, ao consentir experimentações nos 
campos da arte e da cidadania, abrem-se possibilidades para a expansão de 
sensações e emoção por outros universos, bem como a produção e expressão de 
novas subjetividades. (PÁDUA; MORAIS, 2010 apud FERREIRA G; 2013). 
7.1 A influência da arte como terapia: Métodos e práticas 
São inúmeras as possibilidades que o ser humano tem diante si para exercitar 
sua expressão criativa. A mente tem sido privilegiada ao longo do tempo, mas todos 
sabemos que podemos trabalhar com as mãos, com o corpo, com a voz. São 
atividades equilibradoras, especialmente para os indivíduos que se encontram 
imersos em uma sociedade tão mental e, ao mesmo tempo, tão superficial. [...] é muito 
importante destacar que a Arteterapia não é a simples utilização de técnicas 
expressivas no ambiente terapêutico; ela é um processo do qual as imagens são o 
guia e em que as técnicas são facilitadoras do surgimento dos símbolos pessoais. 
(CHRISTO e Silva, 2006, p.12 apud MASCHIO A; 2012). 
 
 
33 
 
 
Fonte: idtech.org.br 
A Arteterapia pode ser compreendida enquanto qualquer tratamento 
psicoterapêutico que utilize como mediação a expressão artística (dança, teatro, 
música, contação de histórias, etc.) ou as representações plásticas (pintura, desenho, 
gravura, modelagem, máscaras, marionetes, entre outras). A expressão artística 
caracteriza-se pela objetivação da representação visual do domínio figurativo a partir 
da transformação da matéria. Assim, por meio da interação das histórias contadas, 
existirão diferentes códigos de significação nos quais as produções individuais podem 
encontrar seu sentido. Por isso a abordagem artística supõe uma atitude estética e 
levanta hipóteses sobre a função da existência, isto é, sobre a comunicação simbólica 
na vida humana (BARBOSA; SANTOS; LEITÃO, 2007 apud GOMES E; et al., 2014). 
Nesse sentido, essa ação artística desenvolve um mecanismo de comunicação 
e de muita aproximação, capaz de, durante a sua execução, abrir para o paciente o 
espaço necessário para verbalizar seus sentimentos, anseios, medos e frustrações, 
talvez nunca antes relatados à equipe de saúde. Essa experiência divertida, mágica e 
encantadora pode estabelecer uma comunicação diferenciada com o paciente, já que, 
em muitas situações, a argumentação lógica, racional e técnica pode não ser a melhor 
 
34 
 
forma de comunicação durante a estadia do paciente no hospital (LIMA et al., 2009 
apud GOMES E; et al., 2014). 
A arte é um instrumento que impulsiona o homem a experimentar e definir 
seus pensamentos, sentimentos e condutas, os quais em momentos 
transitórios de inspiração, transpassam os limites da expressão verbal 
consciente precisando de um meio de expressão menos cognitivo, mais 
vivencial, ou seja, mais primário. O artista, como um técnico de seus meios 
de expressão, torna estético o produto de seus pensamentos e sentimentos. 
Essa experiência transcendental, seja na forma de explosão de atividade 
criativa ou na forma de perspectiva de beleza, é sentida como uma intensa 
experiência emocional, cujo efeito muda o mundo da pessoa que a 
experimenta. Nesse sentido, dessa expressão emocional, a arte foi estudada 
e investigada como uma modalidade terapêutica, utilizando os conceitos de 
comunicação e criatividade (Panhofer, 2005, p. s/n apud OLIVARES A; et al, 
2017). 
Ainda, neste sentido, vale compreender, enquanto terapia, um mecanismo 
auxiliar no tratamento de doenças e dependências. Assim, “Define-se tratamento 
como o conjunto de meios (terapias) empregados visando a debelar uma doença ou 
proporcionar ao doente cuidados paliativos”. (REZENDE, 2010, p. 14 apud VICIOLI A; 
et al., 2016) 
Segundo Fortunato (2005, p.17 apud MASCHIO A; 2012) o uso da arte como 
terapia ajuda a reconciliar conflitos emocionais, além de auxiliar na auto percepçãoe 
no desenvolvimento do indivíduo. De forma que os recursos mais utilizados acerca 
são Artes Plásticas: Pintura, Desenho, Modelagem; Artes corporais: Dança e Teatro; 
Música: com instrumentos musicais, voz/ canto ou audição musical, entre outros. Em 
consonância, Fabietti (2004, p.17 apud MASCHIO A; 2012) aborda que a Arte é um 
processo de reconstrução da vida, seja através do desenho, da pintura, da escultura 
e de tantos outros. 
Christo e Silva (2006, p.14 apud MASCHIO A; 2012) abordam que a arteterapia 
pode e deve usar uma variada gama de ferramentas artísticas, como papéis, tintas, 
lápis de cor, tesoura, tecidos, fios, madeira, plásticos, argila, massa, entre outros. 
Também pode utilizar técnicas como desenhos, pinturas, colagem e modelagem etc. 
A autora ressalta a importância de o profissional desta área ter uma vivência 
diversificada em sua expressão plástica, mesmo que seja para o seu próprio processo. 
Visto que para se aplicar determinada técnica, deve considerar que o suporte possa 
propiciar a concretização de símbolos, os quais surgiram em sonhos, na imaginação 
ativa do indivíduo ou a partir de contos ou mitos. 
 
35 
 
Evidencia-se que determinadas técnicas de atividades artísticas têm a 
possibilidade de influenciar o indivíduo de formas diferentes. Christo e Silva 
(2006, p.17 apud MASCHIO A; 2012) especificam que cada uma dessas 
atividades tem sua própria característica de benefício. Sendo assim, os 
autores apresentam em seu livro exemplos de atividades artísticas, as quais 
podem ser aplicadas em ateliês terapêuticos, destacando as técnicas de 
desenho, pintura e colagem. 
Por fim, analisando as informações sobre a arteterapia, é evidente apontar que 
a abordagem é de suma importância para toda sociedade, influenciando o contexto 
da vida de todo indivíduo, podendo, assim, acrescentar mais expressividade às 
pessoas com transtornos mentais e consequentemente um maior equilíbrio 
emocional, explorando sua autoestima e valores diante da sociedade. Portanto, pode 
ser considerada lúdica, versátil, promotora da criatividade e do desenvolvimento da 
personalidade, além de integradora e extremamente reveladora (PITTON, 2005, p.04 
apud MASCHIO A; 2012). 
De acordo com Philippini (2004 apud VICIOLI A; et al., 2016) a arteterapia 
consiste em um dispositivo terapêutico que reúne conhecimentos de diversas áreas, 
constituindo como uma prática trans disciplinar, propondo resgatar o homem em sua 
totalidade por meio de métodos de autoconhecimento e transformação. 
7.2 A dança como aspecto terapêutico no tratamento da depressão 
Depressão, dor e angústia referem-se a estados mentais que parecem tão 
familiares a ponto de muitas pessoas questionarem se seria legítimo dizer que 
compõem quadros psicopatológicos. Pois a depressão, assim como a dor e angústia, 
denota o estado afetivo particular, que priva o sujeito justamente das qualidades e 
figuras singulares que o animam” (DELOUYA, 2008, p.46 apud PEREIRA M; 2009). A 
depressão, considerada uma condição exclusivamente humana, é um transtorno do 
humor, clinicamente caracterizado por sintomas básicos que comprometem, rebaixam 
o humor vital do indivíduo, prejudicando – lhes as funções afetivas, cognitivas e 
intelectuais. 
Os distúrbios depressivos são contemporaneamente percebidos como 
decorrentes dos sofrimentos humanos e das desordens psíquicas, sendo capazes de 
afetar qualquer idade, gênero, classe cultural e social. O número de pessoas com 
melancolia5 ou depressão vem crescendo nos últimos anos: segundo a Organização 
Mundial da Saúde (OMS), somente no Brasil, em 2015, havia 11.548.577 casos, o 
 
36 
 
quarto país no mundo em número de doentes (OMS, 2017, p. 18 apud SANTOS F; et 
al., 2020) 
Analisar as depressões como uma das expressões do sintoma social 
contemporâneo significa supor que os depressivos constituam, em seu 
silêncio e em seu recolhimento, um grupo tão ruidoso quanto foram as 
histéricas no século XIX. A depressão é a expressão de mal-estar que faz 
água e ameaça afundar a nau dos bem-adaptados ao século da velocidade, 
da euforia prêt-àporter, da saúde, do exibicionismo e, como já se tornou 
chavão, do consumo generalizado (KEHL, 2009, p. 22 apud SANTOS F; et 
al., 2020). 
A arte ao longo dos anos trouxe uma série de contribuições para a sociedade, 
e na atualidade, mostrou a sua capacidade de reconstruir a concepção social, 
direcionada a imagem do indivíduo em sofrimento mental (AMARANTE, 2012 apud 
CAETANO I; 2019). 
Em um dos ramos da arte educação se encontra a dança. A expressão do corpo 
foi a primeira forma de arte. Reconhecida como uma arte de execução, a dança é 
caracterizada pela habilidade de se utilizar o movimento de forma simbólica, gerando, 
assim, significados, e desenvolvendo a capacidade intelectual do homem (FREIRE, 
2001 apud VASCONCELOS C; et al., 2019). 
O corpo não é algo que esta dissociado da mente, trata-se de uma unidade que 
está estruturada e organizada de forma singular, constituindo assim uma forma 
integral, não sendo possível uma separação de corpo e alma (FERNANDES, 2015 
apud CAETANO I; 2019). Através da terapia, as artes deram voz, ao que dela 
participou como expressão e comunicação, num processo de interação social, 
emocional e cognitiva (GOODILL, 2010 apud CAETANO I; 2019). 
 
 
Fonte: portalsplishsplash.com 
 
37 
 
A dança enquanto arte tem o potencial de trabalhar a capacidade de criação, 
imaginação, sensação e percepção, integrando o conhecimento corporal ao intelectual 
(MARQUES, 2010 apud CAETANO I; 2019). Sendo o movimento, algo presente em 
todas as nossas atividades, à medida que se conhece os conteúdos corporais que 
compõe esses movimentos (força, estrutura e dinâmicas: leve, pesado, forte, suave, 
rápido, lento, grande, pequeno e outros) pode-se redimensionar atitudes, reconhecer 
necessidades, explorar novas percepções e transformar a qualidade da própria vida, 
fornecendo novos níveis de sensibilidade e consciência para o cotidiano. 
A dança surge então como manifestação artística, na qual o homem apropria-
se neste contexto como terapia, através da forma com que as pessoas dançam, na 
utilização da coordenação motora, do espaço, sua forma de caminhar e tensões 
musculares, é capaz de comunicar conflitos internos (WOLBERG, 1988 apud 
CAETANO I; 2019). Esta constitui-se num tipo de prática que é desenvolvida em 
clínicas, hospitais, centros de correção ou escolas, e utilizada em grupos ou em 
sessões terapêuticas individuais (LIMA; NETO 2011 apud CAETANO I; 2019). 
Os benefícios da prática de atividades físicas para a saúde são amplamente 
conhecidos, com dados gerais de pesquisas que indicam efeitos físicos como redução 
da pressão sanguínea, elevação da capacidade cardiovascular, perda de peso e 
prevenção de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, obesidade, osteoporose 
etc. (MIKKELSEN et al., 2017 apud FREITAS F; 2019). 
A relação entre exercícios físicos e bem-estar psicológico também tem sido 
assumida em muitas pesquisas, que apontam sua prática regular como um fator 
preventivo em saúde psicológica e também com potenciais terapêuticos sobre estados 
de humor, autoestima e sintomas de ansiedade e depressão (ROT et al., 2009; 
MIKKELSEN et al., 2017 apud FREITAS F; 2019). 
Danças de improvisação, com frequência, mostram gestos e movimentos de 
partes especiais do corpo. Características como as hesitações ou a forma 
agressiva nos movimentos e sequências de expressões corporais têm um 
significado para o dançarino. Neste contexto, a dança pode ocasionar, não 
somente uma forma segura de soltar a emoção, mas também, traz à tona 
atitudes e conflitos pessoais (WOLBERG, 1988; FUX, 1983 apud CAETANO 
I; 2019). 
Uma teórica de bastante relevância para a pesquisa em dança como terapia e 
a pioneira na relação entre dança e terapia é Maria Fux (1988 apud CAETANO I; 
2019). Ela desenvolveu um método intitulado como dançaterapia, no qual

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