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Sumário 
1. Crimes Contra a Pessoa ........................................................................................................................................... 2 
2. Crimes Contra a Honra ........................................................................................................................................ 111 
3. Crimes Contra o Patrimônio ................................................................................................................................ 176 
4. Crimes Contra a Dignidade Sexual ...................................................................................................................... 259 
5. Crimes Contra a Paz Pública ............................................................................................................................... 291 
6. Crimes Contra a Fé Pública ................................................................................................................................. 300 
7. Crimes Contra a Administração Pública .............................................................................................................. 329 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO PENAL II – PARTE ESPECIAL 
1. Crimes Contra a Pessoa 
HOMICÍDIO 
1. Conceito de Homicídio 
 
O homicídio é crime contra a vida. 
Nesse sentido, explica o prof. Cleber Masson “a vida constitui-se em direito fundamental do ser humano, 
consagrado no art. 5º da Constituição Federal. Trata-se de direito formal e materialmente constitucional, com 
caráter supraestatal. Não obstante, tem natureza relativa: pode sofrer limitações, desde que legítimas e 
sustentadas por interesses maiores do Estado. Nesse sentido, a admissão da pena de morte em tempo de guerra 
(CF, art. 5º, XLVII, a), a legítima defesa (CP, art. 25) e o aborto em determinadas situações legalmente previstas 
(CP, art. 128)”. 
Segundo o Professor Rogério Sanches, trata-se da injusta morte de uma pessoa praticada por outrem. 
Conforme proclama Nelson Hungria, homicídio é o tipo central dos crimes contra a vida. É o ponto culminante 
na orografia dos crimes. É o crime por excelência. 
 
Homicídio é a supressão da vida humana extrauterina praticada por outra pessoa. Se a 
vida humana for intrauterina estará caracterizado o delito de aborto. Se já iniciado o 
trabalho de parto, a morte do feto configura homicídio ou infanticídio (art. 123, CP).1 
 
2. Topografia do Homicídio 
Caput: homicídio doloso simples 
§ 1º: Homicídio doloso privilegiado 
§ 2º: Homicídio doloso qualificado 
§ 3º: Homicídio culposo 
§ 4º: Majorantes de pena 
§ 5º: Perdão judicial 
§ 6º: Majorante do grupo de extermínio ou milícia armada (Lei nº 12.720/12) 
§ 7º: Majorante para o feminicídio. 
 
 
2.1 Observações pontuais 
 Homicídio Preterdoloso 
 
1 Código Penal comentado / Cleber Masson. 
 
 
 
 
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O homicídio preterdoloso não está previsto ao teor do art. 121 do Código Penal, trata-se de uma espécie 
qualificada de lesão corporal, lesão corporal seguida de morte. In casu, o resultado morte ocorre a título de 
culpa. 
Configura lesão corporal seguida de morte, prevista ao teor do art. 129, §3º, do Código Penal, e não 
sendo crime doloso contra a vida, NÃO É JULGADO perante o Tribunal do Júri. 
 
Homicídio versus Genocídio 
 
O crime de GENOCÍDIO tutela a diversidade humana e, por isso, tem caráter coletivo ou 
transindividual, não atraindo, por si só a competência do Tribunal do Júri. Ocorre que uma das formas de praticar 
genocídio é por meio da morte de membros do grupo. A competência constitucional para o julgamento de 
crimes contra a vida é do júri. Sendo o delito de genocídio atraído pelo Tribunal do Júri. 
Corroborado ao exposto, Cleber Masson: 
Genocídio é a destruição total ou parcial de grupo nacional, étnico, racial ou religioso (art. 
2º da Convenção contra o Genocídio, ratificada pelo Decreto 30.822/1952 c.c. art. 1º, a, da 
Lei 2.889/1956). A competência é do juízo comum, e não do Tribunal do Júri. Trata-se de 
crime contra a humanidade, e não de crime doloso contra a vida, pois não foi catalogado 
no Capítulo I do Título I da Parte Especial do Código Penal.2 
STF, já decidiu que no caso de genocídio com morte, o agente responde por homicídio mais genocídio, 
em concurso formal impróprio. São bens jurídicos próprios/distintos. 
 
Lei nº 2889/56 – Genocídio 
“Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, 
como tal: 
a) matar membros do grupo; 
Será punido: 
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra “a”. 
 
2 Código Penal comentado / Cleber Masson. 
 
 
 
 
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Crimes contra a Segurança Nacional x Homicídio 
A tipificação do homicídio pode ser transferida do Código Penal para leis extravagantes em decorrência 
das características da vítima. Nesses termos, quem mata dolosamente e com motivação política o Presidente da 
República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal incide no crime 
definido pelo art. 29 da Lei 7.170/1983 – Crimes contra a Segurança Nacional. 
Assim, se a motivação for política contra os agentes mencionados restará afastado o delito de homicídio. 
 
3. Homicídio (art. 121 do Código Penal) 
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
3.1 Conduta 
Trata-se de crime de conduta livre. É classificado como crime de conduta livre porque não existe no 
art. 121 do CP um meio específico para se praticar o crime de homicídio. O homicídio pode ser praticado tanto 
por meio de ação quanto por omissão. No tocante a omissão, será praticado pelo denominado garantidor, isso 
porque ele devendo e podendo agir, nada o faz (art. 13, §2º do Código Penal). 
E em que momento acontece a morte? Se verifica com a cessação da atividade encefálica. 
Para a Sociedade Americana de Neurorradiologia, morte encefálica é o “estado irreversível de cessação 
de todo o encéfalo e funções neurais, resultante de edema e maciça destruição dos tecidos encefálicos, apesar 
da atividade cardiopulmonar poder ser mantida por avançados sistemas de suporte vital e mecanismos de 
ventilação”. 
Corroborando, Cleber Masson (Código Penal comentado): 
É o verbo matar. Trata-se de crime de forma livre. Pode ser praticado por ação ou por 
omissão, desde que presente o dever de agir (hipóteses previstas no art. 13, § 2º, do CP), de 
forma direta (meio de execução manuseado diretamente pelo agente) ou indireta (meio de 
execução manipulado indiretamente pelo homicida). Os meios de execução podem ser 
materiais (os que assolam a integridade física do ofendido) ou morais (a morte é produzida 
por um trauma psíquico na vítima como, por exemplo, a depressão que acarreta a morte em 
face do uso excessivo de medicamentos). 
 
 
 
 
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Cumpre destacarmos que o meio de execução do delito de homicídio é livre, conforme mencionado 
acima. Contudo o meio de execução empregado poderá caracterizar uma qualificadora, como se dá no 
emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo 
comum (CP, art. 121, § 2º, III). 
 
3.2 Sujeito 
3.2.1 Ativo 
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. Não se exige qualidade 
especial do agente. 
 
3.2.2 Passivo 
Qualquer pessoa viva pode ser sujeito passivo (vítima) do homicídio. É necessário que seja após o 
nascimento. 
O homicídio protege a vida humana extrauterina. Nessa vertente, Rogério Sanches (Código Penal para 
Concursos, 2019) “tutela-se a vida extrauterina, iniciada com o parto”. 
É necessário pelo menos o início do parto para que o crime de homicídio seja possível. Antes do início 
do parto a vida humana intrauterina não é protegida pelo art. 121 do CP, mas pelo crime de aborto, conforme 
será visto emsequência. 
Vejamos: 
ABORTO Homicídio (ou infanticídio) 
Protege a VIDA INTRAUTERINA VIDA EXTRAUTERINA 
 
Quanto ao início do parto, parte da doutrina afirma que ele se dá com a dilatação do colo do útero, 
enquanto outra parcela da doutrina defende que será com o início das contrações. Por fim, doutrina minoritária 
exige o início do desprendimento das entranhas maternas. 
Conforme Rogério Sanches, nas hipóteses em que o nascimento não se produzir espontaneamente, pelas 
contrações uterinas, como ocorre em se tratando de cesariana, por exemplo, o começo do nascimento é 
determinado pelo início da operação, ou seja, pela incisão abdominal. De semelhante, nas hipóteses em que as 
contrações expulsivas são induzidas por alguma técnica médica, o início do nascimento é sinalizado pela 
execução efetiva da referida técnica ou pela intervenção cirúrgica (cesárea). 
 
 
 
 
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Nesse sentido, o STJ – 5ª Turma já se manifestou no HC 228.998-MG, “iniciado o trabalho de parto, 
não há falar mais em aborto, mas em homicídio ou infanticídio, conforme o caso, pois não se mostra 
necessário que o nascituro tenha respirado para configurar o crime de homicídio, notadamente quando existem 
nos autos outros elementos para demonstrar a vida do ser nascente” – Informativo 507, STJ. 
 
3.3 Tipo Subjetivo 
 
É o dolo, denominado de animus necandi ou animus occidendi. Não se reclama nenhuma finalidade 
específica. 
O homicídio poderá ser praticado tanto de forma dolosa (simples, privilegiado e qualificado) quanto 
culposa (culposo). 
Obs.: Cabe suspensão condicional do processo unicamente no homicídio culposo, desde que presentes os 
demais requisitos exigidos pelo do art. 89 da Lei 9.099/1995. 
Obs.: O homicídio culposo que se dá na direção de veículo automotor encontra-se tipificado no art. 302 do CTB. 
Vejamos: 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão 
ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
3.4 Consumação 
Trata-se de crime material, consumando-se com o fim das atividades encefálicas, conforme 
determinado pela lei de transplante de órgãos. Assim, de acordo com a Lei nº 9.434, que trata sobre a remoção 
de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, a morte acontece com a morte 
encefálica (art. 3º, da Lei nº 9.434). 
É crime não transeunte – aquele que deixa vestígios, desafiando exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, nos termos do art. 158 e ss do CPP. 
A prova da materialidade realiza-se pelo exame necroscópico, que, além de atestar a morte, indica 
também suas causas. 
 
 
 
 
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Cuida-se de crime instantâneo, pois se consuma em um momento determinado, sem continuidade no 
tempo. Há quem sustente, porém, ser o homicídio um crime instantâneo de efeitos permanentes, pois, embora a 
consumação ocorra em um único momento, seus efeitos são imutáveis. 
 
3.5 Classificação doutrinária 
 
O homicídio é crime simples (atinge um único bem jurídico); comum (pode ser praticado por qualquer 
pessoa); material (o tipo contém conduta e resultado naturalístico, exigindo este último – morte – para a 
consumação); de dano (reclama a efetiva lesão do bem jurídico); de forma livre (admite qualquer meio de 
execução); comissivo (regra) ou omissivo (impróprio, espúrio ou comissivo por omissão, quando presente o 
dever de agir); instantâneo (consuma-se em momento determinado, sem continuidade no tempo), mas há 
também quem o considere instantâneo de efeitos permanentes; unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual 
(praticado por um só agente, mas admite concurso); em regra plurissubsistente (a conduta de matar pode ser 
fracionada em diversos atos); e progressivo (para alcançar o resultado final o agente passa, necessariamente, 
pela lesão corporal, crime menos grave rotulado nesse caso de “crime de ação de passagem”). 
 
3.6 Ação Penal e Competência 
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
A competência é do Tribunal do Júri para as modalidades dolosas e do juiz singular para o homicídio 
culposo. 
Lembre-se: homicídio culposo não é julgado perante o Tribunal do Júri. 
 
3.7 Observações (você não pode deixar de saber): 
 
• O homicídio contra o presidente da República, da Câmara, do Senado ou do STF que tem motivação 
política encontra-se regulamentado ao teor do art. 29 da Lei nº 7.170/83. A motivação política nessa 
conduta é essencial para a caracterização do delito em comento. 
• O crime de homicídio simples só será HEDIONDO quando praticado em atividade típica de grupo 
de extermínio. Para o Bitencourt, grupo de extermínio é aquele que mata generalizadamente 
indivíduos pertencentes a determinados grupos. 
 
 
 
 
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4. Homicídio Privilegiado 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a 
um terço. 
 
4.1 Natureza jurídica – causa de redução de pena 
 
Não obstante a nomenclatura de homicídio privilegiado, trata-se, em verdade, de hipótese de diminuição 
de pena. Assim, segundo ensina Rogério Sanches privilégio, nesse contexto, equivale a causa de diminuição de 
pena. 
Corroborando, Cleber Masson “a denominação homicídio privilegiado é fruto de criação doutrinária e 
jurisprudencial. Na verdade, não se trata de privilégio, mas de causa de diminuição da pena”. 
Uma vez presentes os requisitos, o juiz DEVE reduzir a pena. A discricionariedade do juiz recai apenas 
quanto ao quantum da diminuição, mas não quanto a sua aplicação. 
 
Incomunicabilidade do privilégio 
O prof. Cleber Masson explica que as hipóteses legais de privilégio apresentam caráter subjetivo. 
Relacionam-se ao agente, que atua imbuído por relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta 
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, e não ao fato. Por corolário, a causa de diminuição da 
pena não se comunica aos demais coautores ou partícipes, em consonância com a regra prevista no art. 30 do 
Código Penal. 
Vejamos um exemplo: “A”, ao chegar à sua casa, depara-se com sua filha chorando copiosamente. 
Pergunta-lhe o motivo da tristeza, vindo a saber que fora ela recentemente estuprada por “B”. Pede então a “C”, 
seu amigo, que mate o estuprador, no que é atendido. “A” responde por homicídio privilegiado (relevante valor 
moral), enquanto a “C” deve ser atribuído o crime de homicídio, simples ou qualificado (dependendo do caso 
concreto), mas nunca o privilegiado, pois o relevante valor moral a ele não se estende. 
 
4.2 Análise das Causas Privilegiadoras 
 
 
 
 
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a) Motivo de Relevante Valor Social 
 
Por valor social deve-se interpretar a situação em que o agente mata alguém para atender aos interesses 
da coletividade. Por exemplo: matar perigoso bandido que ronda a vizinhança/ indivíduo que mata o traidor da 
pátria. 
Corresponde assim, ao interesse de toda comunidade. O agente mata para preservar os interesses da 
comunidade. Corroborando, Cleber Masson: 
Motivo de relevante valor social é o pertinente a um interesse da coletividade. Não diz 
respeito ao agente individualmente considerado, mas à sociedade como um todo. Exemplo: 
matar um perigoso estuprador que aterroriza as mulheres e crianças de uma pacata cidade 
interiorana. 
 
É imprescindível que o motivo seja relevante! 
b) Motivo de Relevante Valor Moral 
 
O relevante valor moral está relacionado a existência de sentimentos nobres de natureza individual. 
Entende-se que há valor moral, quando o agente mata para atender interesses particulares, normalmente 
relacionados a sentimentos de piedade, misericórdia e compaixão. Exemplo: Eutanásia. 
A eutanásia pode ser ativa ou passiva. A ativa ocorre quando presentes atos positivoscom o fim de matar 
alguém, eliminando ou aliviando o sofrimento de alguém. Por outro lado, a passiva: se dá com a omissão de 
tratamento ou de qualquer meio capaz de prolongar a vida humana, irreversivelmente comprometida, acelerando 
a sua morte. 
Motivo de relevante valor moral é aquele que se relaciona a um interesse particular do 
responsável pela prática do homicídio, aprovado pela moralidade prática e considerado 
nobre e altruísta. Exemplo: matar aquele que estuprou sua filha ou esposa. E, como 
observado pelo item 39 da Exposição de Motivos da Parte Especial do Código Penal, é 
típico exemplo do homicídio privilegiado pelo motivo de relevante valor moral “a 
compaixão ante o irremediável sofrimento da vítima (caso do homicídio eutanásico)”.3 
 
3 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 
2018. 
 
 
 
 
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Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2013 Banca: FCC Órgão: TRT - 15ª Região (SP) Prova: FCC - 2013 - TRT - 15ª Região - Técnico Judiciário 
– Segurança. O autor de homicídio praticado com a intenção de livrar um doente, que padece de moléstia incurável, 
dos sofrimentos que o atormentam (eutanásia), perante a legislação brasileira, 
A. não cometeu infração penal. 
B. responderá por crime de homicídio privilegiado. 
C. responderá por homicídio qualificado pelo motivo torpe. 
D. responderá por homicídio simples. 
E. responderá por homicídio qualificado pelo motivo fútil. 
 
Gab. B. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2015 Banca: MPE-SP Órgão: MPE-SP Prova: MPE-SP - 2015 - MPE-SP - Promotor de Justiça. O agente que, 
para livrar sua esposa, deficiente física em fase terminal em razão de doença incurável, de graves sofrimentos físico 
e moral, pratica eutanásia com o consentimento da vítima, deve responder, em tese: 
A. por homicídio qualificado pelo feminicídio, pois o consentimento da ofendida nenhuma consequência gera. 
B. por homicídio qualificado pelo feminicídio, agravado pelo fato de ter sido praticado contra pessoa deficiente, já 
que o consentimento da ofendida é irrelevante para efeitos penais. 
C. por homicídio privilegiado, já que agiu por relevante valor social, que compreende também os interesses 
coletivos, entre eles os humanitários. 
D. por homicídio privilegiado, já que agiu por relevante valor moral, que compreende também seus interesses 
individuais, entre eles a piedade e a paixão. 
E. por homicídio privilegiado, pois o estado da vítima faz com que pratique o crime sob o domínio da violenta 
emoção. 
 
Gab. D. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2017 Banca: FAPEMS Órgão: PC-MS Prova: FAPEMS - 2017 - PC-MS - Delegado de Polícia. Segundo 
Busato (2014), "o homicídio é uma violação do bem jurídico vida como tal considerado a partir do nascimento". E 
para Hungria (1959), esse crime constitui "a mais chocante violação do senso moral médio da humanidade 
civilizada". 
BUSATO. Paulo César. Direito Penal: parte especial, l.ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 19. HUNGRIA, Nelson. 
Comentários ao código penal. 4.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1959, p. 25. 
 
 
 
 
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O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 121, apresenta três modalidades de tipos penais de ação homicida, em que 
os elementos que o compõem podem ou não aparecer conjugados. Acerca das modalidades do crime de homicídio, 
variantes e caracterização, assinale a alternativa correta. 
A. É caracterizada como homicídio a morte de feto atingido por disparo de arma de fogo, quando ainda no ventre 
da mãe. 
B. O infanticídio é modalidade do homicídio qualificado pelo resultado, quando a mãe mata o próprio filho logo 
após o parto, sob a influência do estado puerperal, cuja pena é agravada. 
C. O latrocínio, por se tratar de espécie complexa de homicídio qualificado previsto no artigo 121 do Código Penal, 
não é julgado pelo Tribunal do Júri por envolver questões patrimoniais. 
D. A eutanásia, ou o homicídio piedoso, é reconhecida como conduta praticada por relevante valor moral, 
caracterizadora do homicídio privilegiado. 
E. O homicídio pode ser considerado qualificado /privilegiado quando praticado por relevante valor moral motivado 
por vingança. 
 
Gab. D. 
 
c) Domínio de Violenta Emoção, causada por injusta provocação da vítima 
 
A última privilegiadora relaciona-se com o estado anímico do agente, conhecido por parte da doutrina 
como homicídio emocional. 
Da simples leitura do dispositivo legal, retiramos os seus requisitos, quais sejam: 
• Domínio de violenta emoção; 
• Reação imediata; 
• Injusta provocação da vítima. 
 
c.1) Domínio de violenta emoção: domínio não se confunde com mera influência de violenta emoção. A 
influência meramente é causa atenuante (art. 65, CP). Com isso quer dizer que a emoção não deve ser leve e 
passageira ou momentânea. 
O Código Penal filiou-se a uma concepção subjetivista. Leva-se em conta o aspecto psicológico do 
agente que, dominado pela emoção violenta, não se controla. Sua culpabilidade é reduzida, refletindo na 
diminuição da pena a ser cumprida. 
 
 
 
 
 
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#JÁCAIU esse assunto em prova de concurso do CESPE/2015 
Delegado de Polícia de Alagoas: Considere que José, penalmente imputável, horas após ter sido injustamente 
provocado por João, agindo sob a influência de violência emoção, tenha desferido uma facada em João, o que 
resultou em sua morte. Nessa situação, impõe-se em beneficio de José, o reconhecimento do homicídio privilegiado. 
Gab. ERRADO por duas circunstâncias. Primeiro, para que seja considerado o privilégio deve ocorrer LOGO EM 
SEGUIDA, e não horas depois, como afirma a questão. No mais, o sujeito estava apenas sob influência e nos termos 
da legislação é imprescindível que esteja sob o DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO. 
 
c.2) Reação imediata (logo em seguida a injusta provocação da vítima): para a configuração do privilégio se 
exige que o revide seja imediato, ou seja, sem intervalo temporal. A reação será considerada imediata, enquanto 
perdurar o domínio da violenta emoção. 
c.3) Injusta provocação da vítima: não significa necessariamente uma agressão, mas qualquer conduta 
desafiadora, mesmo que atípica. 
Exemplo1: Pai que mata o estuprador da filha. 
Exemplo2: Marido surpreende a esposa com outro ou (outra) na cama. 
Atenuante genérica X Causa de diminuição do homicídio 
A causa de diminuição de pena do homicídio não deve ser confundida com a atenuante genérica prevista 
ao teor do art. 65, III, C, 2ª parte do Código Penal. 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
 III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, 
ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; 
Vejamos: 
 Atenuante Genérica (art. 65, III, c, 2ª parte) Causa de Diminuição do Homicídio (art. 121, §1º) 
Sob a INFLUÊNCIA de violenta emoção, provocada 
por ato injusto da vítima. 
Sob o DOMÍNIO de violenta emoção, logo em 
seguida a injusta provocação da vítima. 
A intensidade é menor (influência). A intensidade é maior (domínio) 
Dispensa o requisito temporal Reação imediata (logo em seguida) 
Aplica-se a qualquer crime Aplica-se ao homicídio doloso 
 
 
 
 
 
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O Supremo Tribunal Federal assim se manifestou acerca do assunto: 
A causa especial de diminuição de pena do § 1.º do art. 121 não se confunde com a atenuante 
genérica da alínea “a” do inciso III do art. 65 do Código Penal. A incidência da causa 
especial de diminuição de pena do motivo de relevante valor moral depende da prova de 
que o agente atuou no calor dos fatos, impulsionado pela motivação relevante. A atenuante 
incide, residualmente, naqueles casos em que, comprovado o motivo de relevante valor 
moral, não se pode afirmar que a condutado agente seja fruto do instante dos 
acontecimentos. 
 
4.2.1 Observações pontuais: 
 
• A emoção deve ser capaz de retirar o autocontrole do agente. O DOMÍNIO de violenta emoção 
mencionado no §1º não se confunde com a mera influência do estado anímico do agente. 
• Não pode haver lapso temporal entre a provocação e o homicídio, a reação é imediata. O dolo 
necessariamente será de ímpeto. 
• A jurisprudência afirma ser obrigatória a aplicação da causa de diminuição de pena quando incidente 
uma das privilegiadoras, inobstante o artigo de lei mencione “pode”. Atenção para o caso que a 
questão exigir tão somente a literalidade da lei. 
 
5. Homicídio Qualificado 
Com base no tipo fundamental descrito no caput do art. 121 do Código Penal, o legislador a ele agrega 
circunstâncias que elevam em abstrato a pena do homicídio. 
O homicídio qualificado encontra previsão ao teor do art. 121, §2º, do Código Penal. A pena passará a 
ser de reclusão de 12 a 30 anos, contemplamos que a pena do homicídio simples (6 – 20 anos) é sensivelmente 
majorada. 
O homicídio qualificado diferementemente do simples, em que só será hediondo em uma situação 
específica, é sempre hediondo. Assim, todo homicídio qualificado é crime hediondo. 
O homicídio qualificado é crime hediondo, qualquer que seja a qualificadora. É o que consta 
do art. 1.º, inciso I, in fine, da Lei 8.072/1990. 
Vejamos as circunstâncias que qualificam o homicídio. 
 
 
 
 
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§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo futil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela 
Lei nº13.142, de 2015). 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2º - A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Em 2015 as hipóteses de homicídio qualificado foram alteradas pelo advento das leis nº 13.104 e 13.142, 
respectivamente. 
Atenção: Diferentemente do homicídio simples, o homicídio qualificado é sempre hediondo, não 
importando a qualificadora. Nesse sentido, a Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos). 
Art. 1º - Lei nº 8072/90 - São considerados hediondos os seguintes crimes: I - homicídio 
(art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido 
por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V, VI e VII). 
Observação 
 
 
 
 
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➢ O homicídio pode ser qualificado e privilegiado, quando a qualificadora for de natureza objetiva, ou seja, 
quando diz respeito ao meio através do qual o homicídio é praticado. 
 
#JáCaiuCESPE (CESPE - 2018 - MPU - Analista do MPU – Direito). 
 
Com relação aos crimes em espécie, julgue o item que se segue, considerando o entendimento firmado pelos 
tribunais superiores e a doutrina majoritária. 
Situação hipotética: João, penalmente imputável, dominado por violenta emoção após injusta provocação de 
José, ateou fogo nas vestes do provocador, que veio a falecer em decorrência das graves queimaduras 
sofridas. Assertiva: Nessa situação, João responderá por homicídio na forma privilegiada-qualificada, sendo 
possível a concorrência de circunstâncias que, ao mesmo tempo, atenuam e agravam a pena. 
É admissível a figura do chamado homicídio híbrido (privilegiado-qualificado), desde que a qualificadora seja 
objetiva, ou seja, relativa aos meios e modos de execução do crime. Assim, admite a compatibilidade entre o 
privilégio e as qualificadoras, desde que sejam de natureza objetiva. 
 
 
5.2 Análise das Qualificadoras 
O § 2.º do art. 121 do Código Penal contém sete incisos e, por corolário, sete qualificadoras. Os incisos 
I e II relacionam-se aos motivos do crime. Os incisos III e IV dizem respeito aos meios e modos de execução do 
homicídio. O inciso V refere-se à conexão, caracterizada por uma especial finalidade almejada pelo agente. Por 
sua vez, o inciso VI (feminicídio) vincula-se ao sexo da vítima, e também ao motivo do crime (“por razões da 
condição de sexo feminino”). Finalmente, o inc. VII liga-se ao delito cometido contra integrantes dos órgãos de 
segurança pública ou a pessoas a eles vinculadas pelo casamento, pela união estável ou pelo parentesco4. 
 
a) Mediante Paga ou Promessa de Recompensa, ou POR OUTRO MOTIVO TORPE (interpretação 
analógica) 
 
O homicídio realizado mediante paga ou promessa de recompensa é denominado de HOMICÍDIO 
MERCENÁRIO. 
Trata-se de crime de concurso necessário ou plurissubjetivo (número plural de agentes obrigatório), 
posto que deverá ter, necessariamente, a figura do mandante e do executor. 
 
4 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 
2018. 
 
 
 
 
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Nessa modalidade, o executor pratica o crime movido pela ganância do lucro, é dizer, em troca de alguma 
recompensa prévia ou expectativa do seu recebimento (matador profissional ou sicário). Trata-se de delito de 
concurso necessário (ou bilateral), no qual é indispensável a participação de, no mínimo, duas pessoas (mandante 
e executor: aquele paga ou promete futura recompensa; este aceita, praticando o combinado), conforme ensina 
Rogério Sanches. 
Na paga o recebimento é prévio. O executor recebe a vantagem e depois pratica o homicídio. Incide a 
qualificadora se o sujeito recebe somente parte do valor acertado com o mandante. Já na promessa de recompensa 
o pagamento é convencionado para momento posterior à execução do crime. 
 
 Interpretação Analógica 
 
O legislador fez uso da interpretação analógica. O dispositivo encerra uma fórmula casuística (“mediante 
paga ou promessa de recompensa”) seguida de uma fórmula genérica (“ou por outro motivo torpe”). Deixa 
nítido que a paga e a promessa de recompensa encaixam-se no conceito de motivo torpe, mas que outras 
circunstâncias de igual natureza, impossíveis de serem definidas taxativamente pela lei em abstrato, são de 
provável ocorrência prática. 
 
Qual a natureza da paga ou promessa de recompensa? Para parte da doutrina, a recompensa deve ser de 
natureza econômica, enquanto que outra parcela defende que esta pode ser de qualquer natureza, até mesmo 
sexual. Prevalece o entendimento que deve ser necessariamente de natureza econômica. 
 
Entende-se como motivo torpe, o motivo vil, ignóbil, repugnante, abjeto (quase sempre espelhando 
ganância). 
O legislador contemplou exemplos de torpeza, e encerrou elencando uma abertura, ou por outro motivo 
torpe, utilizando-se de interpretação analógica (formula casuística seguida de uma forma genérica). 
Desse modo, contemplamos que o inciso trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de 
encerramento genérico). Cumpre destacar que não fere o princípio da legalidade, mas novos casos devem guardar 
similitude com os exemplos dado pelo legislador. 
 
 
 
 
 
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A qualificadora da torpeza se aplica ao mandante, ao executor ou a ambos? 
A jurisprudência majoritária entende que a qualificadora é aplicada tanto ao mandantequanto ao 
executor, corrente minoritária defende que ela só deveria ser aplicada ao executor. 
1ª Corrente: entende que a qualificadora abrange somente o executor, salvo se o mandante também age 
com torpeza. 
2ª Corrente: a qualificadora se aplica ao executor e ao mandante. É a corrente que prevalece, segundo 
Sanches. Todavia, o STJ decidiu – Info. 575 que havendo essa comunicação (possibilidade), ela não será 
automática. Nesse sentido, vejamos o teor do Informativo. 
 
Incidência da qualificadora do motivo torpe em relação ao mandante de homicídio 
mercenário. 
O reconhecimento da qualificadora da "paga ou promessa de recompensa" (inciso I do § 2º 
do art. 121) em relação ao executor do crime de homicídio mercenário não qualifica 
automaticamente o delito em relação ao mandante, nada obstante este possa incidir no 
referido dispositivo caso o motivo que o tenha levado a empreitar o óbito alheio seja torpe. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1.209.852-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/12/2015 
(Info 575). 
 
O que decidiu o STJ? 
▪ "A paga ou a promessa de recompensa" é uma circunstância acidental do delito de homicídio, 
de caráter pessoal e, portanto, incomunicável automaticamente aos coautores do homicídio. 
▪ No entanto, não há proibição de que esta circunstância se comunique entre o mandante e o 
executor do crime, caso o motivo que levou o mandante a encomendar a morte tenha sido 
torpe, desprezível ou repugnante. 
▪ Em outras palavras, o mandante poderá responder pelo inciso I do § 2º do art. 121 do CP, 
desde que a sua motivação, ou seja, o que o levou a encomendar a morte da vítima seja algo 
torpe. Ex: encomendou a morte para ficar com a herança da vítima. 
▪ Por outro lado, o mandante, mesmo tendo encomendado a morte, não responderá pela 
qualificadora caso fique demonstrado que sua motivação não era torpe. Ex: homem que 
 
 
 
 
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contrata pistoleiro para matar o estuprador de sua filha. Neste caso, o executor responderá por 
homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I) e o mandante por homicídio simples, podendo até 
mesmo ser beneficiado com o privilégio do § 1º. 
• Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/03/info-575-stj2.pdf 
 
Motivo torpe e feminicídio: inexistência de bis in idem. 
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de 
feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência 
doméstica e familiar. Isso se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de ordem 
OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e 
familiar propriamente dita, enquanto que a torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continuará 
adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a praticar o delito. STJ. 6ª Turma. 
HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625). 
 
#JáCaiuDelta (CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia). 
- Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz, 
na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de 
seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois 
de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos 
fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida. 
Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item. 
 
Na situação considerada, em que Paula foi vitimada por Carlos por motivação torpe, caso haja vínculo familiar 
entre eles, o reconhecimento das qualificadoras da motivação torpe e de feminicídio não caracterizará bis in 
idem. 
 
CERTO. Conforme entendimento exarado no Informativo 625 do STJ. 
 
 
#Vingança e ciúme são motivos torpes? 
A verificação deve ser feita com base nas peculiaridades do caso concreto. 
Assim, a vingança pode ou não ser torpe, dependendo do caso concreto, embora seja um ato reprovável. 
Já se decidiu quem se vinga da morte do filho, matando o assassino, não age por motivo torpe. (Código Penal 
para Concursos, Rogério Sanches, 2016). Assim, não há uma prévia tipificação, dependendo valoração da causa. 
https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/03/info-575-stj2.pdf
 
 
 
 
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b) Por motivo fútil 
O motivo fútil é o motivo desproporcional, insignificante, caso em que o agente executa o crime por 
mesquinharia. Por exemplo, homicídio em decorrência de briga de trânsito ou discussão por cobrança de pequeno 
valor. É assim, aquele motivo pequeno demais para causar um homicídio. 
Nas lições do prof. Cleber Masson, motivo fútil é o insignificante, de pouca importância, completamente 
desproporcional à natureza do crime praticado. Exemplo: Age com motivo fútil o cliente que mata o dono do 
bar pelo fato de este ter lhe servido cerveja quente. Fundamenta-se a elevação da pena na resposta estatal em 
razão do egoísmo, da atitude mesquinha que alimenta a atuação do responsável pela infração penal. 
 
Ausência de motivo e não incidência da qualificadora (motivo fútil) 
Prevalece que a ausência de motivo não qualifica o homicídio, por constituir-se em analogia in malam 
partem, vedada pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
A ausência de motivo não deve ser equiparada ao motivo fútil, pois todo crime tem sua motivação. Na 
linha da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: 
Na hipótese em apreço, a incidência da qualificadora prevista no art. 121, § 2º, inciso II, 
do Código Penal, é manifestamente descabida, porquanto motivo fútil não se confunde com 
ausência de motivos, de tal sorte que se o crime for praticado sem nenhuma razão, o agente 
somente poderá ser denunciado por homicídio simples. 
Vejamos: 
Ausência de Motivo equipara-se ao motivo fútil qualificando o homicídio? 
1ª Corrente: a ausência de motivos, equipara-se 
ao motivo fútil. Para referida corrente, seria um 
contrassenso qualificar um homicídio quando 
presente o motivo pequeno, e não qualificar 
quando ausente qualquer motivo. 
2ª Corrente: A ausência de motivo, por falta de 
previsão legal, não se equipara ao motivo fútil. Sob 
os fundamentos de violação ao princípio da 
legalidade e proibição de analogia in malam partem. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Prova: FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - DPE-MG - Defensor Público. Sobre os crimes dolosos contra a 
vida, analise as afirmativas a seguir. 
(...) 
 
 
 
 
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III. De acordo com entendimento firmado no Superior Tribunal de Justiça, responde por homicídio simples aquele 
que pratica o delito sem motivo, não se admitindo a incidência da qualificadora do motivo fútil pelo simples fato de 
o delito ter sido praticado com ausência de motivos. 
A assertiva em comento encontra-se correta, em consonância com a explicação proposta logo acima. 
 
 Homicídio e motivo fútil 
 
Não há motivo fútil se o inicio da briga entre vítima e autor é fútil, mas ficar provado que o homicídio 
ocorreu realmente por conta de eventos posteriores que decorreram dessa briga inicial. 
Caso concreto julgado pelo STF: 
A vítima iniciou uma discussão com algumas outras pessoas por causa de uma mesa de 
bilhar. Tal discussão é boba, insignificante e, matar alguém por isso, é homicídio fútil. No 
entanto, segundo restou demonstrado nos autos, o crime não teria decorrido da discussão 
sobre a ocupação da mesa de bilhar, mas sim do comportamento agressivo da vítima. Isso 
porque a vítima, no início do desentendimento, poderia deixar o local, mas preferiu 
enfrentar os oponentes, ameaçando-os e inclusive, dizendo que chamaria terceiros para 
resolverem o problema. Logo, a partir daí os agentes mataram a vítima, não mais por causa 
da mesa de sinuca e sim por conta dos fatos que ocorreram em seguida. 
Segundo noticiado no Informativo, o STF entendeuque “o evento ‘morte’ decorreu de 
postura assumida pela vítima, de ameaça e de enfrentamento”. Logo, não houve motivo fútil. 
Info 716, STF. 
 
Se o fato surgiu por conta de uma bobagem, mas depois ocorreu uma briga e, no contexto desta, houve 
o homicídio, tal circunstância pode vir a descaracterizar o motivo fútil. Info 524, STJ. 
Cleber Masson fornece um exemplo: 
“Depois de discutirem futebol, “A” e “B” passam a proferir diversos palavrões, um contra o outro. Em 
seguida, “A” cospe na face de “B”, que, de imediato, saca um revólver e contra ele atira, matando-o. Nada 
 
 
 
 
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obstante o início do problema seja fútil (discussão sobre futebol), a razão que levou à prática da conduta homicida 
não apresenta essa característica.” (Direito Penal esquematizado. 3ª ed., São Paulo: Método, 2011, p. 31). 
Vale ressaltar, no entanto, que “a discussão anterior entre vítima e autor do homicídio, por si só, não 
afasta a qualificadora do motivo fútil” (AgRg no REsp 1113364/PE, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta 
Turma, julgado em 06/08/2013). Assim, é preciso verificar a situação no caso concreto. Info 524, STJ. 
 
Candidato, o dolo eventual e motivo fútil é compatível? 
A qualificadora do motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP) é compatível com o homicídio 
praticado com dolo eventual? SIM. O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o 
resultado morte (dolo eventual), não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por 
motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo 
que ensejou a conduta. STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 
06/03/2012. STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
13/06/2017. 
 
Motivo fútil em homicídio decorrente da prática de racha 
Hipótese de inexistência de motivo fútil em homicídio decorrente da prática de "racha" 
Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2°, II, do CP), na hipótese de homicídio 
supostamente praticado por agente que disputava "racha", quando o veículo por ele 
conduzido — em razão de choque com outro automóvel também participante do "racha" — 
tenha atingido o veículo da vítima, terceiro estranho à disputa automobilística. STJ. 6ª 
Turma. HC 307617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 19/4/2016 (Info 583). 
 
c) Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum. 
Veneno é a substância de origem química ou biológica capaz de provocar a morte quando introduzida 
no organismo humano. Cumpre destacarmos que determinadas substâncias, inócuas para as pessoas em geral, 
podem ser tratadas como veneno quando, em particular no organismo da vítima individualmente considerada, 
 
 
 
 
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sejam aptas a levar à morte, em razão de alguma doença ou como resultado de eventual reação alérgica. 
Exemplos: injetar glicose em diabético; ou ministrar anestésicos em alérgico de modo a nele provocar choque 
anafilático. 
Segundo Rogério Sanches, o veneno consiste em qualquer substancia biológica ou química, animal, 
mineral ou vegetal capaz de perturbar ou destruir funções vitais do organismo humano. O açúcar, por exemplo, 
empregado em face de um diabético, pode ser considerado um veneno. 
Cumpre observamos que para caracterizar a qualificadora do veneficio, é imprescindível que a vítima 
desconheça nela está sendo ministrada a substância letal. Dessa forma, prevalece o entendimento que o veneno 
só qualifica quando a vítima não sabe que está ingerindo-o. 
Quando empregado de forma sub-reptícia, isto é, sem o conhecimento do ofendido, o 
veneno representará meio insidioso. Exemplo: colocar veneno no chá da vítima. De outro 
lado, se for utilizado com violência, proporcionando ao ofendido um sofrimento exagerado, 
estará caracterizado o meio cruel. Exemplo: amarrar a vítima e injetar o veneno em seu 
sangue. 
O homicídio praticado por meio da ingestão de veneno é denominado de VENEFÍCIO. 
Fogo é o resultado da combustão de produtos inflamáveis, da qual decorrem calor e luz. Trata-se, em 
geral, de meio cruel. Exemplo: queimar a vítima até a morte. Todavia, se do seu emprego um número 
indeterminado de pessoas puder ser exposto a perigo de dano, o crime será qualificado pelo meio de que possa 
resultar perigo comum. Exemplo: matar uma pessoa mediante o incêndio de seu imóvel, situado ao lado de 
diversas outras moradias. 
Explosivo é o produto com capacidade de destruir objetos em geral, mediante detonação e estrondo. 
Asfixia é qualquer método para se impedir a respiração. 
Consiste na supressão da função respiratória, com origem mecânica ou tóxica. A asfixia mecânica pode 
ocorrer pelos seguintes meios: estrangulamento, esganadura, sufocação, enforcamento, afogamento, 
soterramento, impressamento (meânica). A tóxica, por sua vez, pode ocorrer por meio de uso de gás asfixiante 
ou inalação, confinamento. 
A tortura é a imposição de sofrimento desnecessário. Nas lições do prof. Cleber Masson, tortura é 
“qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma 
pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou 
 
 
 
 
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uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras 
pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza”. 
No homicídio qualificado pela tortura existe dolo de torturar e de matar, sendo a tortura utilizada como 
meio de execução. Enquanto que na tortura qualificada pela morte existe preterdolo, ou seja, dolo na tortura 
e culpa na morte. 
O homicídio qualificado pela tortura (CP, art. 121, § 2.º, inc. III) caracteriza-se pela morte dolosa. O agente 
utiliza a tortura (meio cruel) para provocar a morte da vítima, causando-lhe intenso e desnecessário 
sofrimento físico ou mental. Depende de dolo (direto ou eventual) no tocante ao resultado morte. Esse crime 
é de competência do Tribunal do Júri, e apenado com 12 (doze) a 30 (trinta) anos de reclusão. 
Já a tortura com resultado morte (Lei 9.455/1997, art. 1.º, § 3.º) é crime essencialmente preterdoloso. O 
sujeito tem o dolo de torturar a vítima, e da tortura resulta culposamente sua morte. Há dolo na conduta 
antecedente e culpa em relação ao resultado agravador. Essa conclusão decorre da pena cominada ao crime: 
8 (oito) a 16 (dezesseis) anos de reclusão. Com efeito, não seria adequada uma morte dolosa, advinda do 
emprego de tortura, com pena máxima inferior ao homicídio simples. Além disso, esse crime é da competência 
do juízo singular. 
A diferença consiste pois no elemento subjetivo (dolo do agente). 
Para melhor compreensão, vejamos o quadro abaixo: 
Homicídio Qualificado pela Tortura (Art. 121, § 
2º, III, CP) 
Tortura Qualificada pela Morte (Art. 1º, § 3º, Lei 
9.455/97) 
Crime Doloso Crime Preterdoloso 
O dolo é de Matar O dolo é de Torturar 
Há dolo de matar e a tortura é o meio de execução 
escolhido para matar. 
Há dolo de torturar e a morte é resultado culposo 
decorrente da tortura. 
Pena → Reclusão, de 12 a 30 anos. Pena → Reclusão, de 8 a 16 anos. 
Competência do Tribunal do Júri. Competência do Juízo singular. 
 
JáCaiuMP (2017 - MPE-RO - Promotor de Justiça Substituto). 
 
O emprego de tortura pode qualificar o crime de homicídio ou caracterizar crime autônomo, dependendo do 
dolo do agente e das circunstâncias do caso concreto. 
 
 
 
Homicídio qualificado pela tortura Tortura com resultado morte 
O agente tem dolo de matar e faz da tortura o meio 
de execução para obter o resultado desejado. 
O agente tem dolo de torturar e a morte é um 
resultado advindo a título de culpa (crime 
preterdoloso). 
 
 
 
 
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A qualificadora em estudo, utiliza-se também da técnica dainterpretação analógica, é o que podemos 
atestar da análise da expressão “ou outro meio insidioso...”. 
Este inciso também emprega a fórmula casuística inicial e, ao final, usa fórmula genérica, permitindo ao 
seu aplicador encontrar casos outros que denotem insídia, crueldade ou perigo comum advindo da conduta do 
agente (interpretação analógica). 
Trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de encerramentos genéricos). 
Nas lições do prof. Cleber Masson5, meio insidioso é o que consiste no uso de estratagema, de perfídia, 
de uma fraude para cometer um crime sem que a vítima o perceba. Exemplo: retirar o óleo de direção do 
automóvel para provocar um acidente fatal contra seu proprietário. 
Noutra banda, meio cruel é o que proporciona à vítima um intenso e desnecessário sofrimento físico ou 
mental, quando a morte poderia ser provocada de forma menos dolorosa. Exemplo: matar alguém lentamente 
com inúmeros golpes de faca, com produção inicial dos ferimentos em região não letal do seu corpo. 
Cumpre destacarmos que não incide a qualificadora quando o meio cruel é empregado após a morte 
da vítima, pois a crueldade que caracteriza a qualificadora é somente aquela utilizada para matar. O uso de meio 
cruel após a morte caracteriza, em regra, o crime de homicídio (simples ou com outra qualificadora, que não a 
do meio cruel), em concurso com o crime de destruição, total ou parcial, de cadáver (CP, art. 211). 
A reiteração de golpes, por sua vez, isoladamente considerada não configura a qualificadora do meio 
cruel. Depende da produção de intenso e desnecessário sofrimento à vítima. 
Por fim, meio de que possa resultar perigo comum é aquele que expõe não somente a vítima, mas 
também um número indeterminado de pessoas a uma situação de probabilidade de dano. 
 
d) A traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido 
Na presente hipótese, o homicídio será qualificado pelo modo de execução da prática da conduta 
delitiva. Não é demais ressaltarmos que mais uma vez o legislador empregou a interpretação analógica 
(exemplos seguidos de encerramentos genéricos). 
 
5 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 
2018. 
 
 
 
 
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Nessa linha, a Traição, Emboscada e Dissimulação são apenas exemplos de modos que dificultam a 
defesa do ofendido. 
a) Traição: é o ataque desleal, por exemplo, atirar na vítima pelas costas. A traição é marcada pela 
deslealdade. Nessa qualificadora, o agente se vale da confiança que o ofendido nele previamente depositava 
para o fim de matá-lo em momento em que ele se encontrava desprevenido e sem vigilância. 
O prof. Cleber Masson explica que na traição a relação de confiança preexiste ao crime e o sujeito dela 
se aproveita para executar o delito. De fato, se o agente, para se aproximar da vítima, faz nascer esse vínculo de 
confiança, a qualificadora será a da dissimulação. 
O homicídio qualificado pela traição é doutrinariamente conhecido como homicidium proditorium. 
 
b) Emboscada: pressupõe ocultamento do agente, que ataca a vítima com surpresa. 
Emboscada é a tocaia. O agente aguarda escondido, em determinado local, a passagem da 
vítima, para matá-la quando ali passar. A emboscada pode ser praticada tanto em área 
urbana como em área rural. O homicídio por ela qualificado é também conhecido como 
homicidium ex-insidiis (“agguato”, dos italianos, ou “guet-apens”, dos franceses6). 
c) Dissimulação: o agente oculta a sua real intenção. Segundo Masson, a dissimulação é a atuação 
disfarçada, hipócrita, que oculta a real intenção do agente. O agente aproxima-se da vítima para posteriormente 
matá-la, valendo-se das facilidades proporcionadas pelo seu modo de agir. 
 
d) Outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido (interpretação analógica) 
É uma fórmula genérica indicativa de meio análogo à traição, à emboscada e à dissimulação. 
No tocante a presente qualificadora, importante apontarmos que não se aplica esta qualificadora - recurso 
que torne impossível a defesa do ofendido - quando a vítima é criança ou pessoa enferma, pois o inciso IV diz 
respeito ao meio praticado para matar e não a característica inerente da vítima. 
A idade da vítima torna o crime qualificado? 
 
6 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 
2018. 
 
 
 
 
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Registramos que a idade da vítima (tenra ou avançada), por si só, não possibilita a aplicação da presente 
qualificadora, porquanto constitui uma característica da vítima, e não um recurso procurado pelo agente. A idade 
é uma característica, condição da vítima. 
Desse modo, o fato de a vítima ter 80 anos de idade ou 2 anos de idade não induz a aplicação da 
qualificadora do recurso que impossibilita ou torna dificultosa a defesa do ofendido, pois a idade da vítima não 
é recurso, mas sim uma condição desta. Então, a idade da vítima, por si só, não possibilita a aplicação da 
qualificadora, pois constitui característica da vítima, e não recurso utilizado pelo agente. 
d) Para assegurar a ocultação, vantagem ou impunidade de outro crime 
Trata-se do homicídio qualificado pela conexão, a qual poderá ser teleológica ou consequencial. 
Nesse sentido, a doutrina subdivide a conexão em teleológica (homicídio praticado para assegurar a 
execução de outro crime, futuro) e consequencial (quando o homicídio visa assegurar a ocultação, a impunidade 
ou vantagem de outro crime, passado). 
Na conexão teleológica o homicídio é praticado para assegurar a execução de outro crime. O sujeito 
primeiro mata alguém e depois pratica outro delito. Exemplo: Matar o segurança de um empresário para em 
seguida sequestrá-lo. Conexão consequencial, por sua vez, é a qualificadora em que o homicídio é cometido 
para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime. O sujeito comete um crime e só depois 
o homicídio. 
- Conexão teleológica: o agente mata para assegurar a execução de outro crime (futuro). 
Ex.1: A mata segurança para estuprar o artista “B”. 
Obs.1: o crime de homicídio será qualificado ainda que o crime futuro não aconteça. 
Obs.2: o crime futuro não precisa necessariamente ser praticado pelo homicida. 
- Conexão consequencial: o agente mata para assegurar a ocultação ou impunidade ou vantagem de 
outro crime que já aconteceu. 
Ex.2: “A” mata testemunha de crime passado em que figura como suspeito. 
Cumpre destacarmos que o crime passado não exige identidade de sujeito ativo com o homicídio. 
 
 Candidato, se o agente pratica o homicídio para assegurar a ocultação, vantagem ou impunidade de 
CONTRAVENÇÃO PENAL, o homicídio será qualificado? 
 
 
 
 
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Nesse ponto, importante salientar que não incide a qualificadora da conexão quando, por exemplo, 
o crime é praticado para ocultar, assegurar a impunidade ou a vantagem de uma contravenção penal. Pois o 
legislador se restringiu à expressão “outro crime”, sendo, assim, impossível aplicação da analogia in malam 
partem. 
Não se aplica esta qualificadora quando a outra infração for contravenção penal. Assim, matar para 
assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de contravenção penal não qualifica o homicídio pelo 
inciso V (mas pode caracterizar os demais incisos). 
Corroborrando, Cleber Masson não tem cabimento a qualificadora quando o homicida desejava 
assegurar a execução de uma contravenção penal, pois o dispositivo legal fala apenas em crime (princípio da 
taxatividade e vedação da analogia in malam partem). 
 
#JáCaiuDelta (UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de Polícia). 
 
De acordo com o Código Penal, há homicídio qualificado quando for cometido: para assegurar a impunidade 
de outro crime. 
 
Conexão ocasional: o homicídio é praticado por ocasiãode outro crime, sem vínculo finalístico. 
A doutrina aponta a conexão ocasional como sendo aquela em que o crime é praticado em virtude da facilidade, 
da ocasião proporcionada pela prática crime anterior. Essa conexão não qualificaria o homicídio também por 
ausência de previsão legal 
Ex.: O agente está estuprando uma pessoa, entra seu desafeto no local e o agente o mata (não há vínculo 
entre os crimes). 
e) Feminicídio 
 
Obs.: Prezado candidato, recentemente tivemos alteração legislativa sobre o tema, em específico, novas 
majorantes ao tipo penal foram inseridas. Dessa forma, chamo a atenção para o conteúdo a seguir exposto. 
 
O feminicídio foi incluído no art. 121, § 2.º, inciso VI, do Código Penal pela Lei 13.104/2015. Cuida-se 
de figura qualificada do homicídio doloso, de competência do Tribunal do Júri e expressamente rotulado 
como crime hediondo, a teor da regra contida no art. 1.º, inciso I, da Lei 8.072/1990. 
Nessa esteira, a Lei nº 13.104 de 2015 inseriu o inciso VI para incluir no art. 121 o feminícidio, entendido 
como a morte de mulher em razão da condição de sexo feminino, leia-se, violência de gênero quanto ao sexo. 
 
 
 
 
28 
28 
A presente lei e respectiva circunstância qualificadora entrou em vigor em 10 de Março de 2015. Dessa 
forma, em se tratando de uma lei que agrava a situação do réu, consagra uma nova hipótese qualificadora, não 
pode ser aplicada a conduta praticada antes da referida data. 
Trata-se de homicídio cometido por razões de gênero do sexo feminino (preconceito, descriminação, 
desprezo pela condição de mulher). 
O feminicídio não pode ser confundido com o femicídio. E qual a diferença entre eles? O prof. Cleber 
Masson explica que ambos caracterizam homicídio, mas, enquanto aquele se baseia em razões da condição de 
sexo feminino, este consiste em qualquer homicídio contra a mulher. Exemplificativamente, se uma mulher 
matar outra mulher no contexto de uma briga de trânsito, estará configurado o femicídio, mas não o feminicídio. 
Vejamos: 
Feminicídio X Femicídio 
Feminicídio Femicídio 
Praticar homicídio contra mulher por “razões da 
condição de sexo feminino” (por razões de gênero). 
Praticar homicídio contra mulher (matar mulher). 
 
Nesse sentido, o art. 121, § 2º, VI, do CP, trata sobre FEMINICÍDIO, ou seja, pune mais gravemente 
aquele que mata mulher por “razões da condição de sexo feminino” (por razões de gênero). Não basta a vítima 
ser mulher. 
E o que são “razões da condição de sexo feminino”? O § 2.º-A do art. 121 do Código Penal contém uma 
norma penal explicativa, assim redigida: 
§ 2.º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I – violência doméstica e familiar; 
II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Sujeito passivo 
Para a invocação do crime de feminicídio, há três correntes discutindo o termo mulher. 
Nesse sentido, para uma primeira corrente, mulher para fins de aplicação da qualificadora deve ser 
empregado em seu conceito jurídico, ou seja, aquela definida no registro civil (é a corrente que prevalece). 
Segundo Rogério Sanches (Código Penal para Concursos, Rogério Sanches, 2019) a mulher que trata a 
qualificadora é aquela assim reconhecida juridicamente. No caso de transexual, que formalmente obtém o direito 
 
 
 
 
29 
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de ser identificado civilmente como mulher, não há como negar a incidência da lei penal porque, para todos os 
efeitos, está pessoa será considerada mulher. 
Candidato, pode figurar como vítima do feminicídio pessoa transexual? 
No tocante a presente discussão, temos duas correntes opostas dissertando sobte a questão. 
Para uma primeira corrente, conservadora, entende que a transexual, geneticamente não é mulher. 
Apenas, no caso de cirurgia, passa a ter órgão genital de conformidade feminina. Portanto, fica descartada, para 
a hipotesem a incidência da qualificadora. Considera-e aqui apenas o aspecto biológico: a mulher é assim 
identificada pela constituição genética e suas implicações físicas evidentes. Assim, deve ser observado o 
conceito biológico de mulher, sob o argumento de que a lei penal demanda aplicação restritiva. Não se inclui, 
portanto, os transexuais mesmo que a mudança de registro tenha sido efetuada. 
A segunda corrente, mais moderna, leciona ser possível a transexual figurar como vítima de feinicídio, 
desde que transmute suas características sexuais por cirurgia e de modo irreversível, retificando ainda, seu 
registro civil. 7 
 
 Razões de condição de sexo feminino 
O mero homicídio da mulher é denominado de femicídio. Haverá feminicídio quando estiverem 
presentes as razões do sexo feminino como causa do delito. 
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Para parte da doutrina a violência doméstica deve ter sempre uma motivação de gênero, ou seja, é 
necessário o dolo de explorar situação de vulnerabilidade da vítima mulher. 
 
a) Violência doméstica 
A violência doméstica e familiar contra a mulher, indiscutivelmente uma violação dos direitos humanos, 
encontrasse definida no art. 5.º da Lei 11.340/2006: 
 
7 Código Penal Comentado para Concursos, Rogério Sanches Cunha, 2019. 
 
 
 
 
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30 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou 
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral 
ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015) 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou 
sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram 
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
 
O prof. Cleber Masson explica que o inciso I do § 2.º-A deve ser interpretado em sintonia com o inciso 
VI do § 2.º, ambos do art. 121 do Código Penal. Em outras palavras, o feminicídio reclama que a motivação do 
homicídio tenha sido as “razões da condição do sexo feminino”. 
 
b) Menosprezo ou discriminação à condição de mulher 
Aqui não se exige a violência doméstica ou familiar. As “razões de condição do sexo feminino” se 
contentam com o menosprezo ou discriminação à condição de mulher. A pessoa que mata a mulher nela enxerga 
um ser inferior, com menos direitos. Exemplo: o aluno de uma prestigiada universidade mata a colega de sala 
que está prestes a concluir o curso com as melhores notas da turma, por não aceitar ser superado por uma mulher. 
Por fim, cumpre ressaltarmos que o crime de feminicídio poderá ser praticado, inclusive, por outra 
mulher. Nesse sentido, expõe Rogério Sanches “a incidência da qualificadora reclama situação de violência 
praticada contra a mulher, em contexto caracterizado por relação de poder e submissão, praticado por homem 
ou por mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade”. 
 
#JáCaiuDefensoriaPública (CESPE - 2018 - DPE-PE - Defensor Público) 
 
Ocorre o feminicídio quando o homicídio é praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, 
como quando o crime envolve a violência doméstica e familiar ou o menosprezo ou a discriminação à condição 
de mulher. 
 
Causas de Aumento de Pena 
 
 
 
 
31 
31 
As causas de aumento da pena aplicáveis exclusivamente ao feminicídio estão previstas no art. 121, § 
7.º, do Código Penal. 
Nesse ponto, merece especial atenção o estudo daLei 13.771/2018, a qual alterou três majorantes do 
feminicídio. 
§ 7º A penado feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído 
pela Lei nº 13.104, de 2015); 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de 
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação 
dada pela Lei nº 13.771, de 2018); 
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 
13.771, de 2018); 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018) 
 
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (UM TERÇO) ATÉ A METADE se o crime for praticado: 
 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
A pena será aumentada no feminicídio quando praticado contra gestante ou nos três meses posteriores 
ao parte. Cumpre destacar que, o agente deve conhecer desta condição, sob pena de caracterizar responsabilidade 
objetiva, vedada pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
Segundo leciona Rogério Sanches, aplica-se a majorante desde o momento em que gerado o feto até três 
meses após o nascimento. O aumento da pena se justifica inclusive nas situações em que demonstrada a 
inviabilidade do feto, pois o objeto da proteção especial é a mulher em fase de gestação, não exatamente e de 
forma exclusiva o feto. 
Qual será a responsabilização penal do agente nessa situação? Por qual (quais) crime (s) responde? Nesse 
caso, e partindo da premissa de que o indivíduo conhece a gravidez, a ele serão imputados dois crimes: 
feminicídio circunstanciado (CP, art. 121, §§ 2.º, inc. VI, e 7.º, inc. I) e aborto sem o consentimento da gestante 
(CP, art. 125), com dolo direto ou eventual, em concurso formal impróprio ou imperfeito (CP, art. 70, caput, 
 
 
 
 
32 
32 
parte final), pois a pluralidade de resultados emana de desígnios autônomos. Todavia, se a gestação era ignorada 
pelo agente, não poderão ser reconhecidos nem o crime de aborto nem a majorante, em respeito à 
inadmissibilidade da responsabilidade penal objetiva. 
O prof. Cleber Masson explica que nos três meses após o parto o recém-nascido é extremamente 
dependente dos cuidados maternos: amamentação, segurança, afeto e conforto, entre tantos outros fatores. 
Depois de tanto tempo no ventre da mulher, a criança depende de tempo – cientificamente apontam-se os três 
primeiros meses – para adaptar-se ao ambiente externo. Com a morte da mãe, o normal desenvolvimento da 
criança torna-se muito mais complexo. Pelo exposto, resta justificado a incidência da majoração da pena quando 
acontece três meses posterior ao parto. 
 
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora 
de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; 
É possível ainda aplicar a majorante, quando a vítima é menor de 14, maior de 60 ou portadora de 
deficiência (tanto a deficiência física quanto mental, pode levar a incidência da causa de aumento). É 
imprescindível que o agente conheça dessa característica, caso contrário, não haverá a aplicação da majorante. 
• MENOR de 14 anos; 
• MAIOR de 60 anos. 
O legislador ao se referir à idade da vítima (menor de catorze ou maior de sessenta anos) o dispositivo 
repete o § 4º do art. 121. Ressalta-se, porém, que, nesta majorante, diferentemente daquela do § 4º, em que o 
aumento é fixo em um terço, o aumento é variável de um terço à metade. 
Outra figura da causa de aumento contempla a vítima com deficiência (física ou mental). 
Nessa linha, o conceito de pessoa portadora de deficiência é trazido pelo art. 2º da Lei nº 13.146, de 06 
de julho de 2015. E, com a alteração promovida pela Lei 13.771/18, majora- se também a pena se a vítima tem 
alguma doença degenerativa que provoque limitação ou vulnerabilidade física ou mental, como esclerose 
múltipla, esclerose lateral amiotrófica, Parkinson, Alzheimer, osteoporose, arteriosclerose, diabetes e alguns tipos 
de câncer. 
 
III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; 
 
 
 
 
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Expressa o texto legal que o comportamento criminoso ocorra na presença do ascendente ou do 
descendente da vítima. No tocante a presença, questiona-se: deve ser física ou pode ser também virtual? 
Com as alterações oriundas da Lei nº 13.771 de 2018, a divergência até então existente perde o 
sentido tendo em vista que a própria legislação passou a reconhecer que a presença poderá ser tanto FÍSICA 
quanto VIRTUAL. 
A pena imposta ao feminicídio será aumentada se o delito foi praticado na presença (física ou virtual) 
de descendente ou de ascendente da vítima. Aqui a razão do aumento está no intenso sofrimento que o autor 
provocou aos descendentes ou ascendentes da vítima que presenciaram o crime, fato que irá gerar graves 
transtornos psicológicos. 
Diante do atual estágio de interação humana, em que ambientes de presença virtual são capazes de tornar 
a comunicação por meio de áudio e vídeo muito próxima da realidade, já sustentávamos, quando o § 7º foi 
incluído pela Lei 13.104/15, a possibilidade de interpretação extensiva do vocábulo presença para nele abarcar 
outras formas de interação que não a física, como chamadas com vídeo pela internet (Skype, por exemplo). 
Nessa linha, com a modificação promovida pela Lei 13.771/18, a majoração pela presença virtual é 
expressa. 
 
IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do 
art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. 
Por meio da Lei 13.771/18, inseriu-se nova majorante para as situações em que o homicida comete o 
crime apesar da existência de medidas protetivas contra si decretadas nos termos da Lei Maria da Penha. O inciso 
I do art. 22 estabelece a medida de suspensão da posse ou restrição do porte de armas; o inciso II consiste no 
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; e no inciso III temos a proibição de 
determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando 
o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas 
por qualquer meio de comunicação; c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade 
física e psicológica da ofendida. 
Desde a entrada em vigor da Lei 13.641, em abril de 2018, o descumprimento de medidas protetivas é 
crime punido com detenção de três meses a dois anos, mas, se ocorre no mesmo contexto da prática do homicídio, 
incide apenas a causa de aumento, afastando- se a figura criminosa autônoma diante do bis in idem provocado 
pela imputação simultânea. 
 
 
 
 
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34 
Vamos entender melhor esse inciso com um exemplo: 
Carla decidiu se separar de Pedro. Este, contudo, continuou a procurá-la insistentemente e a fazer 
ameaças caso ela não reatasse o relacionamento. 
Diante disso, Carla procurou a Delegacia pedindo que fossem tomadas providências. 
A autoridade policial lavrou o boletim de ocorrência e enviou um expediente ao juiz com o pedido de 
Carla para que Pedro não se aproximasse mais dela (art. 12, III, da Lei nº 11.340/2006). 
O juiz deferiu o pedido da ofendida e determinou, como medidas protetivas de urgência, que Pedro 
mantivesse distância mínima de 500 metros de Maria e não tentasse nenhum contato com ela por qualquer meio 
de comunicação, conforme autoriza o art. 22, III, “a” e “b”, da Lei nº 11.340/2006: 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o 
juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente,as seguintes medidas protetivas de 
urgência, entre outras: 
(...) 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância 
entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; 
(...) 
Na decisão, o magistrado consignou ainda que, em caso de descumprimento de quaisquer das medidas 
impostas, seria aplicada ao requerido multa diária de R$ 100, conforme previsto no § 4º, do art. 22 da Lei nº 
11.340/2006. 
Quais as consequências caso o indivíduo descumpra as medidas protetivas de urgência? 
• é possível a execução da multa imposta; 
• é possível a decretação de sua prisão preventiva (art. 313, III, do CPP); 
• o agente responderá pelo crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha: 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 
 
 
 
 
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Continuando em nosso exemplo: 
Pedro foi regularmente intimado. Apesar disso, uma semana depois procurou Carla em sua casa pedindo 
para que ela retomasse o relacionamento. Como ela não aceitou, Pedro a matou com uma faca. 
Neste caso, Pedro responderá por feminicídio e incidirá a causa de aumento de pena prevista no art. 121, 
§ 7º, IV, do CP. 
Pergunta: responderá também pelo art. 24-A do CP? 
NÃO. Isso porque o delito do art. 24-A do CP é absorvido pela conduta mais grave, qual seja, a prática 
do art. 121, § 7º, IV, do CP. 
Fazer incidir o art. 24-A da Lei nº 11.340/2006 e também pelo inciso IV do § 7º do art. 121 do CP 
representaria punir duas vezes o agente pelo mesmo fato (bis in idem), o que é vedado. 
Fonte: https://www.dizerodireito.com.br/2018/12/comentarios-lei-137712018-altera-as.html 
A Lei nº 13.771/2018 alterou três causas de aumento de pena do feminicídio (art. 121, § 7º do 
Código Penal). Para melhor compreensão do tema, vejamos as hipóteses anteriores ao advento da lei e o cenário 
atual. 
Vejamos: 
Antes da Lei 13.771/2018 ATUALMENTE 
Art. 121 (...) 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 
(um terço) até a metade se o crime for 
praticado: 
Art. 121 (...) 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 
(um terço) até a metade se o crime for 
praticado: 
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses 
posteriores ao parto; 
Não foi alterado. Continua a mesma redação. 
II – contra pessoa menor de 14 (quatorze) anos, 
maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, 
maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou 
portadora de doenças degenerativas que 
acarretem condição limitante ou de 
vulnerabilidade física ou mental; 
III – na presença de descendente ou de 
ascendente da vítima. 
III – na presença física ou virtual de 
descendente ou de ascendente da vítima; 
Não havia inciso IV. IV – em descumprimento das medidas 
protetivas de urgência previstas nos incisos I, 
II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 
7 de agosto de 2006. 
 
 
 
https://www.dizerodireito.com.br/2018/12/comentarios-lei-137712018-altera-as.html
 
 
 
 
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#JáCaiuDefensoriaPública (CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Público) 
 
A circunstância do descumprimento de medida protetiva de urgência imposta ao agressor, consistente na 
proibição de aproximação da vítima, constitui causa de aumento de pena no delito de feminicídio. 
 
#JáCaiuInvestigador (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) 
 
Assinale, dentre as alternativas a seguir, a única que NÃO majora de 1/3 até a metade a pena para o autor do 
delito de feminicídio. 
 
A. Praticar o crime nos 5 meses posteriores ao parto. 
B. Praticar o crime contra pessoa menor de 14 anos. 
C. Praticar o crime contra pessoa com deficiência. 
D. Praticar o crime na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima. 
E. Praticar o crime contra pessoa maior de 60 anos. 
 
Alternativa A, é a única hipótese em que a pena não será majorada. Vamos revisar as causas de aumento do 
feminicídio o qual sofreu alterações no final do ano de 2018. 
#NovidadeLegislativa 
 
Art. 121. § 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de 
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação 
dada pela Lei nº 13.771, de 2018) 
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 
13.771, de 2018) 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018) 
 
 
Candiato, é possível que o agente seja condenado pelas qualificadoras do motivo torpe e também pelo 
feminicídio? É possível a incidência das duas qualificadoras em um caso concreto? 
SIM. 
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de 
homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar. STJ. 6ª Turma. HC 433.898-
RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625). 
 Isso se dá porque segundo o entendimento do STJ, o feminicídio é uma qualificadora de ordem objetiva - 
vai incidir sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita enquanto que 
a torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a 
praticar o delito. 
 
 
 
 
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f) Homicídio funcional 
O presente inciso foi incluído no Código Penal pela Lei 13.142/2015, com a finalidade de tornar mais 
severa a pena do homicídio, consumado ou tentado, praticado contra integrantes dos órgãos de segurança pública 
ou pessoas a estes ligadas pelo casamento, pela união estável ou pelo parentesco. 
O homicídio contra integrantes dos órgãos de segurança pública é uma qualificadora do homicídio 
doloso, de competência do Tribunal do Júri, razão pela qual deve ser submetida à votação pelos jurados. Além 
disso, esse delito tem natureza hedionda, a teor da regra contida no art. 1.º, inc. I, da Lei 8.072/1990. 
O fundamento da qualificadora repousa na maior gravidade da conduta criminosa, atentatória da 
estrutura do Estado Democrático de Direito e causadora de temor acentuado às pessoas em geral. De fato, o 
homicídio cometido contra funcionários públicos que atuam na linha de frente do combate à criminalidade 
provoca pânico na sociedade e nítida sensação de insegurança pública8. 
A Lei 13.142/15 alterou o art. 121, § 2º, do CP, nele acrescentando mais uma circunstância qualificadora 
(VII), assim redigida. Vejamos: 
 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau, em razão dessa condição. 
 
A Lei alterou, ainda, o art. 129 do Código Penal, acrescentando ao tipo um novo parágrafo (§12), 
majorando a pena da lesão corporal (dolosa, leve, grave, gravíssima ou seguida de morte) de um a dois terços 
quando praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes 
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, 
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º. grau, em razão dessa condição. 
Por fim, foi alterada a Lei 8.072/90. De modo que, o homicídio e a lesão corporal gravíssima ou seguida 
de morte, quando praticados contra autoridadeou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em 
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º. grau, em razão dessa 
condição passam a ser etiquetados como hediondos (inc. I-A). 
 
8 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 
2018. 
 
 
 
 
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38 
A justificativa apresentada pelo Congresso para aprovar a novel Lei pode assim ser resumida: tentar 
prevenir ou diminuir crimes contra pessoas que atuam na área de segurança pública, pessoas que atuam no 
“front” no combate à criminalidade. A mudança, de acordo com a Casa de Leis, é crucial para fortalecer o Estado 
Democrático de Direito e as instituições legalmente constituídas para combater o crime, em especial o 
organizado, o qual planeja criar pânico e o descontrole social, quando um ator do combate à criminalidade é 
vítima de homicídio. 
Além dos motivos expostos, a regulamentação do denominado homicídio funcional é resultado da 
valorização do funcionário público que trabalha com a segurança pública. 
Vejamos as circunstâncias que justificam a punição mais severa. 
 
a) contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal 
Trata-se de uma norma penal em branco de fundo constitucional, pois a descrição típica do art. 121, 
§2º, VII será complementado pela Constituição Federal. 
O art. 142 da CF/88 abrange as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela 
Aeronáutica, instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, 
sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes 
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. 
Já o art. 144 disciplina os órgãos de segurança pública: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia 
ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
 
Abrange os guardas civis (municipais ou metropolitanos)? 
Segundo o professor Rogério Sanches, entende-se que estariam englobados os guardas civis. (Art. 144, 
§8º, da Constituição Federal). Além disso, o Estatuto das guardas municipais enquadra os guardas civis como 
colaboradores dos órgãos de segurança pública. 
A guarda municipal encontra-se previsto ao teor do art. 144, §8º da CF, logo, o homicídio praticado em 
face deste por razões de sua função, será, igualmente, qualificado. 
Corroborando, Cleber Masson9: 
 
9 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 
2018. 
 
 
 
 
39 
39 
Se o homicídio for cometido contra um guarda municipal, no exercício da função ou em 
decorrência dela, deverá incidir a qualificadora em análise. Com efeito, as guardas 
municipais têm assento no art. 144, § 8.º, da Constituição Federal. O inc. VII do § 2.º do 
art. 121 do Código Penal refere-se ao art. 144 da Lei Suprema, abrangendo todo o seu 
corpo, e não apenas seu caput. 
 
b) integrantes do sistema prisional 
Nessa categoria ingressam todos aqueles que atuam na esfera administrativa da execução da pena 
privativa de liberdade e da medida de segurança detentiva, ou seja, na internação em hospital de custódia e 
tratamento psiquiátrico ou, à sua falta, em estabelecimento adequado. Como exemplos podem ser apontados os 
diretores de penitenciárias, os agentes penitenciários e os carcereiros, entre outros. 
Dessa forma, contemplamos que abrange não apenas os agentes presentes no dia-a-dia da execução penal 
(Diretor de Presídio, agentes penitenciários, etc), mas também aqueles que atuam em etapas determinadas, por 
exemplo, membros do Conselho Penitenciário, Membros da Comissão de Exame Criminológico. 
Nos integrantes do sistema prisional englobam-se, conforme entendimento da doutrina majoritária, tanto 
os agentes que atuam diretamente na execução (agentes penitenciários, diretor) quanto indiretamente no 
sistema prisional (membros do Conselho Penitenciário, Membros da Comissão de Exame Criminológico). 
 
c) integrantes da Força Nacional de Segurança Pública; 
A Força Nacional de Segurança Pública foi criada em 2004, com o propósito de atender às necessidades 
emergenciais dos Estados, em questões nas quais se fizer necessária a maior interferência do Poder Público, ou 
então quando for detectada a urgência de reforço na área de segurança. Ela é formada por policiais e bombeiros 
dos grupos de elite dos Estados, que se submetem a treinamento especial na Academia Nacional da Polícia 
Federal, em Brasília. 
O Departamento da Força Nacional de Segurança Pública ou Força Nacional de Segurança Pública 
(FNSP), criado em 2004, com sede em Brasília/DF, é um programa de cooperação de segurança pública 
brasileiro, coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), do Min. da Justiça. 
- Polícia da União. 
Nas situações propostas, a qualificadora pressupõe que o crime tenha sido cometido contra agente no 
exercício da função ou em razão dela. 
 
 
 
 
40 
40 
Policial Aposentado: o policial aposentado também pode ser vítima do homicídio funcional ? 
Segundo Rogério Greco, e compartilhando desse mesmo entendimento o professor Rogério Sanches, o 
policial aposentado também pode ser sujeito passivo do homicídio funcional, desde que a conduta que motivou 
o homicídio seja praticada quando este ainda se encontrava no exercício de suas funções. In casu, o homicídio 
terá sua aplicação em virtude da segunda modalidade possível de ser praticado do homicídio, qual seja, “em 
razão da função”. 
Exemplo: Policial realizou a prisão de determinado sujeito no último dia de seu exercício. Dois anos 
depois, após ser solto aquele procura o policial, e em virtude da prisão realizada a época, realiza o homicídio do 
policial. No exemplo, fica nítido que o homicídio foi em decorrência da função, ainda que praticado só mais 
adiante quando o sujeito livrou-se solto. 
Para uma segunda corrente, minoritária não compartilha desse entendimento, argumentando que o 
policial aposentado não é mais considerado autoridade, assim, não poderia ser vítima do homicídio funcional. 
Compartilha desse último entendimento o prof. Cleber Masson. 
 
d) contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º. grau. 
Os crimes de homicídio e lesão serão punidos mais severamente, de acordo com a Lei 13.142/15, quando 
cometidos contra o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau dos agentes descritos nas alíneas 
anteriores. 
O tipo penal também protege o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, da 
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, dos integrantes do sistema prisional e 
da Força Nacional de Segurança Pública. 
A palavra “cônjuge” pressupõe o casamento entre a vítima e a pessoa ocupante da função pública. O 
termo “companheiro”, por sua vez, envolve as relações tanto entre indivíduos de sexos diversos (heteroafetivas) 
quanto do mesmo sexo (homoafetivas). 
A expressão “parente consanguíneo até terceiro grau” engloba as relações em linha reta (ascendentes: 
pais, avós e bisavós; descendentes: filhos, netos e bisnetos) ou colateral (irmãos, tios e sobrinhos). 
É indispensável que o crime tenha sido praticado em razão daquela condição, por exemplo, matou para 
atingir indiretamente a figura da autoridade. 
 
 
 
 
 
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41 
Filho Adotivo: o filho adotivo está abrangido na proteção conferida por este inciso VII? Se um filho 
adotivo do policial é morto como retaliação por sua atuação funcional haverá homicídio qualificado com base 
no art. 121, § 2º, VII, do CP? 
Segundo o prof. Rogério Sanches os filhos adotivos não foram abrangidos pela referida lei,estando 
assim excluídos. 
Sobre o tema, o prof. Cleber Masson dispõe: 
O legislador não foi feliz ao utilizar a fórmula “parente consanguíneo”. Em verdade, ao 
limitar a qualificadora ao parentesco natural, decorrente do vínculo biológico (pessoas do 
mesmo sangue), o Código Penal excluiu da especial proteção as relações oriundas do 
parentesco civil, notadamente os filhos adotivos. Deveria ter falado somente em “parente até 
terceiro grau”, em respeito à regra contida no art. 227, § 6.º, da Constituição Federal: “Os 
filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e 
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”. 
Nada obstante o vacilo do legislador, essa falha não pode ser suprida pelo operador do 
Direito no plano prático. Em outras palavras, é vedada a aplicação da qualificadora 
quando o homicídio for cometido contra filho adotivo da autoridade ou agente descrito 
nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, dos integrantes do sistema prisional e da 
Força Nacional de Segurança Pública, pois o Direito Penal não admite a analogia in 
malam partem. 
 
#JáCaiuMP (FCC - 2018 - MPE-PB - Promotor de Justiça Substituto). 
 
O Código Penal qualifica o homicídio doloso quando praticado contra servidores públicos, no exercício de 
atividade de segurança pública. Podem, dentre outros, ser vítimas do crime: integrantes do sistema prisional, da 
Força Nacional de Segurança Pública e do corpo de bombeiros militares. 
 
Art. 121. §2º. VII - Contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da CF/88, integrantes do sistema 
prisional e da força nacional de segurança pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau, em razão dessa condição. 
 
A presente qualificadora foi acrescentada pela Lei 13.142/15. E tem como Sujeitos passivos: 
1) Membros das Forças Armadas (Marinha, Exército ou Aeronáutica); 
2) Polícia Federal; 
3) Polícia Rodoviária Federal; 
4) Polícia Ferroviária Federal; 
5) Polícia Civil; 
 
 
 
 
42 
42 
6) Polícia Militar e corpo de bombeiros militares; 
7) Integrantes do sistema prisional; 
8) Integrantes da Força Nacional de Segurança Pública; 
9) Cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até o 3º grau das autoridades ou agentes listados. Também 
podem ser vítimas os guardas municipais e os agentes de segurança viária, pois foram mencionados no art. 144 
da CF/88 (§8º e 10). 
 
Cumpre destacarmos que em qualquer caso, é imprescindível o nexo (no exercício da função ou em decorrência 
dela), razão pela qual devem ser excluídos os aposentados36. Parentes por afinidades também são excluídos 
por ausência de previsão legal. 
 
Homicídio híbrido (qualificado-privilegiado): é possível que um homicídio seja qualificado-privilegiado 
se a circunstância qualificadora for de natureza objetiva, lembrando que o privilégio tem sempre natureza 
subjetiva. Todo privilégio é de natureza subjetiva. 
Nesse sentido, a posição do STF. Vejamos: 
A jurisprudência do STF é assente no sentido da conciliação entre homicídio objetivamente 
qualificado e, ao mesmo tempo, subjetivamente privilegiado. Dessa forma, salientou que, 
tratando-se de circunstância qualificadora de caráter objetivo (meios e modos de execução 
do crime), seria possível o reconhecimento do privilégio, o qual é sempre de natureza 
subjetiva. 
Uma vez sendo admitiada a figura do homicídio privilegiado-qualificado, questiona-se: Esse crime é 
hediondo? Não, de acordo com o entendimento dominante. Fundamenta-se esse raciocínio na redação do art. 1.º, 
inciso I, da Lei 8.072/1990, que indicou como hediondos somente o homicídio simples, quando praticado em 
atividade típica de grupo de extermínio, ainda que por um só agente (caput), e o homicídio qualificado (§ 2.º), 
não fazendo referência alguma ao privilegiado (§ 1.º). Se não bastasse, as benesses do privilégio afastam a 
gravidade da hediondez. 
Assim, temos que o chamado homicídio hibrido não é hediondo. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: MPU Prova: CESPE - 2018 - MPU - Analista do MPU - Direito: João, penalmente 
imputável, dominado por violenta emoção após injusta provocação de José, ateou fogo nas vestes do provocador, 
que veio a falecer em decorrência das graves queimaduras sofridas. Nessa situação, João responderá por homicídio 
na forma privilegiada-qualificada, sendo possível a concorrência de circunstâncias que, ao mesmo tempo, atenuam 
e agravam a pena. 
 
 
 
 
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43 
Assertiva foi considerada correta. Nessa esteira, conforme a doutrina e jurisprudência majoritárias, é possível a 
configuração do homicídio privilegiado-qualificado, havendo, inclusive, doutrina que classifica essa hipótese como 
homicídio híbrido. Contudo, para que seja possível a conciliação entre a causa de diminuição de pena e a 
qualificadora, deve ser observado se a qualificadora possui caráter objetivo. Caso ela seja objetiva, será possível a 
conjugação. Por outro lado, caso seja subjetiva, não será possível, uma vez que o privilégio é sempre subjetivo, 
causando flagrante incompatibilidade. 
Observações: 
• Segundo posicionamento do STJ, com relação ao motivo torpe, a vingança pode ou não configurar a 
qualificadora, a depender da causa que a originou. 
• O STJ tem posicionamento de que a qualificadora da paga ou promessa de recompensa é elementar e, 
por isso, comunica-se ao mandante. AgRg no REsp 912491. 
• De acordo com o entendimento majoritário, a ausência de motivo não se confunde com o motivo fútil. 
• TJDFT – Decisão - Acordão 90.47181– divergindo da doutrina majoritária, discorreu que a qualificadora 
do homicídio pelo feminicídio seria de natureza objetiva. 
 
 Premeditação qualifica o homicídio? 
#JáCaiuDelta (CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia). 
Francisco, maior e capaz, em razão de desavenças decorrentes de disputa de terras, planeja matar seu desafeto 
Paulo, também maior e capaz. Após analisar detidamente a rotina de Paulo, Francisco aguarda pelo momento 
oportuno para efetivar seu plano. 
 
A partir dessa situação hipotética e de assuntos a ela correlatos, julgue o item seguinte. 
 
Caso o delito ocorra pouco tempo depois da motivação e do planejamento do crime, a premeditação poderá ser 
considerada uma qualificadora do delito de homicídio. 
 
Errado. O professor Cleber Masson explica que a premeditação “por si só” não qualifica o homicídio, por falta 
de amparo legal. Em qualquer hipótese, entretanto, deve funcionar como circunstância judicial para dosimetria 
da pena-base, nos termos do art. 59, caput, do Código Penal. 
 
 Premeditação 
NÃO qualifica o homicídio! Circunstância judicial a ser analisado na 
dosimetria da pena (art. 59, caput). 
 
 
#JáCaiuDefensoriaPública (FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - DPE-MG - Defensor Público) 
 
 
 
 
 
44 
44 
Sobre os crimes dolosos contra a vida, analise as afirmativas a seguir. 
 
I. De acordo com o STJ, a qualificadora do feminicídio pode coexistir com a qualificadora do motivo torpe, 
pois o feminicídio tem natureza objetiva, o que dispensa a análise do animus do agente, enquanto o motivo torpe 
tem natureza subjetiva, já que de caráter pessoal. 
 
II. O homicídio qualificado-privilegiado, nos termos da jurisprudência predominante do STJ, é considerado 
crime hediondo, porque a qualificadora prepondera sobre o privilégio, pois este é mera causa de diminuição da 
pena. 
 
III. De acordo com entendimento firmado no Superior Tribunal de Justiça, responde por homicídio simples 
aquele que pratica o delito sem motivo, não se admitindo a incidência da qualificadora do motivo fútil pelo 
simples fato de o delito ter sido praticado com ausência de motivos. 
 
IV. A qualificadora do chamado homicídio funcional, de acordo com o texto legal, só abrange o vínculo 
consanguíneo,de forma que ela não incide se a vítima for o filho adotivo do agente de segurança. 
 
V. É possível o homicídio qualificado-privilegiado desde que a qualificadora tenha natureza objetiva, já que 
todas as causas de privilégio são de natureza subjetiva. 
 
Está incorreto o que se afirma em 
 
A. III e IV, apenas. 
B. II e IV, apenas. 
C. II, apenas. 
D. I e V, apenas. 
 
Apenas a hipótese II encontra-se errada. 
Aceita a figura do homicídio privilegiado-qualificado, questiona-se: Esse crime é hediondo? Não, de acordo 
com o entendimento dominante. Fundamenta-se esse raciocínio na redação do art. 1.º, inciso I, da Lei 
8.072/1990, que indicou como hediondos somente o homicídio simples, quando praticado em atividade típica 
de grupo de extermínio, ainda que por um só agente (caput), e o homicídio qualificado (§ 2.º), não fazendo 
referência alguma ao privilegiado (§ 1.º). Se não bastasse, as benesses do privilégio afastam a gravidade da 
hediondez. 
 
Observações pontuais: 
 
 Qualificadora do feminicídio é de NATUREZA OBJETIVA: o feminicídio é uma qualificadora de 
ordem OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar 
propriamente dita, enquanto que a torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) 
 
 
 
 
45 
45 
que levaram um indivíduo a praticar o delito. STJ. 6ª Turma. HC 433898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado 
em 24/04/2018 (Info 625). 
 
 Ausência de motivo e Motivo fútil: a ausência de motivo equivale a motivo fútil? STF diz que não. E 
tem razão. HC 152.548. A ausência de motivo não é o mesmo que motivo fútil. A ausência de motivo não 
pode ser equiparado ao motivo fútil, querer abranger a ausência de motivos seria uma analogia em malan parten, 
ferindo o princípio da legalidade. 
 
Homicídio Funcional e Filho adotivo: o legislador, ao prever o novel inciso VII cometeu um grave 
equívoco ao restringir a proteção do dispositivo às vítimas que sejam parentes consanguíneas da autoridade ou 
agente de segurança pública, falhando, principalmente, por deixar de fora o parentesco civil. Tivesse o legislador 
utilizado apenas a expressão “parente”, sem qualquer outra designação, poderíamos incluir todas as modalidades 
de parentesco. Ocorre que ele, abraçando a classificação acima explicada, escolheu proteger apenas os parentes 
consanguíneos. Diante do exposto, temos que a qualificadora não incluiu o filho adotivo. 
Corroborando ao exposto, Cleber Masson “o Código Penal excluiu da especial proteção as relações 
oriundas do parentesco civil, notadamente os filhos adotivos. Deveria ter falado somente em “parente até 
terceiro grau”, em respeito à regra contida no art. 227, § 6.º, da Constituição Federal. Nada obstante o vacilo do 
legislador, essa falha não pode ser suprida pelo operador do Direito no plano prático. Em outras palavras, é 
vedada a aplicação da qualificadora quando o homicídio for cometido contra filho adotivo da autoridade ou 
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, dos integrantes do sistema prisional e da Força 
Nacional de Segurança Pública, pois o Direito Penal não admite a analogia in malam partem”. 
 
Pluralidades de Qualificadoras 
É comum ouvirmos em noticiários a expressão “crime duplamente qualificado”, o que isso significa e 
quais as consequências jurídicas? Na verdade, quando mencionam que o crime foi duplamente qualificado quer 
dizer que tivemos a incidência da pluralidade de qualificadoras. 
Na hipótese de estarem presentes duas ou mais qualificadoras (exemplo: homicídio qualificado pelo 
motivo torpe, pelo meio cruel e pelo recurso que dificultou a defesa do ofendido), o magistrado deve utilizar 
uma delas para qualificar o crime, e as demais como agravantes genéricas, na segunda fase, pois as 
qualificadoras do homicídio encontram correspondência no art. 61, inciso II, a, b, c e d, do Código Penal. É a 
posição do Supremo Tribunal Federal: 
 
 
 
 
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46 
As circunstâncias evidenciadas na espécie refletem o entendimento da Corte, preconizado 
no sentido de que, “na hipótese de concorrência de qualificadoras num mesmo tipo penal, 
uma delas deve ser utilizada para qualificar o crime e as demais serão consideradas como 
circunstâncias agravantes”. 
 
6. Homicídio Culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 
Configura-se o homicídio culposo quando o sujeito realiza uma conduta voluntária, com violação do 
dever objetivo de cuidado a todos imposto, por imprudência, negligência ou imperícia, e assim produz um 
resultado naturalístico (morte) involuntário, não previsto nem querido, mas objetivamente previsível, que podia 
com a devida atenção ter evitado. 
Trata-se de infração penal de médio potencial ofensivo, admite suspensão condicional do processo – 
art. 89 da Lei dos Juizados Especiais Criminais. 
Aumento de pena 
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra 
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura 
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo DOLOSO o homicídio, 
a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 
60 (sessenta) anos. 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração 
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
 
6.1 Conceito 
Segundo ensina Rogério Sanches, o homicídio culposo ocorre quando o agente, com manifesta 
imprudência, negligencia ou imperícia, deixa de aplicar a atenção ou diligência de que era capaz, provocando, 
com sua conduta, o resultado morte, previsto (culpa consciente) ou previsível (culpa inconsciente), jamais 
querido ou aceito. 
 
 
 
 
47 
47 
a) Imprudência: precipitação, afoiteza. A imprudência se manifesta concomitantemente ação, ou seja, está 
presente no decorrer da conduta que comina no resultado involuntário. Ex.: conduzir veículo em alta 
velocidade em dia de chuva. 
 
b) Negligência: ausência de precaução. Ao contrário da imprudência, a negligência revela-se ANTES de se 
iniciar a conduta. Ex.: conduzir veículo automotor com pneus gastos. 
 
c) Imperícia: falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou profissão. Ex.: condutor troca o pedal do 
freio por pedal da embreagem, não conseguindo parar o automóvel. 
 
Na denúncia, o Ministério Público deve apontar a forma de violação do dever de diligência, descrevendo 
no que consiste. 
Vamos ESQUEMATIZAR? 
Imprudência 
 
Negligência Imperícia 
É a precipitação, afoiteza, agindo o 
agente sem os cuidados que o caso 
requer. 
É a ausência de precaução. A 
negligência é negativa; omissão. 
É a falta de aptidão técnica para o 
exercício de arte ou profissão. Não 
tem conhecimento. Tem diploma, 
mas não sabe fazer. 
Afoiteza / Precipitação – conduta 
positiva praticada pelo agente que, 
por não observar o seu dever de 
cuidado, causa resultado lesivo 
que era previsível. 
Falta de precaução. É um deixar de 
fazer aquilo que a diligência 
normal impunha. 
Falta de aptidão técnica para o 
exercício de arte ou ofício de 
profissão. Ligada a aptidão 
profissional do agente. É o caso do 
agente que em um determinado 
momento apesar de ser capacitado 
para tal ato age em desacordo com 
o “natural” e causa o dano. 
 
Obs.1: A culpa concorrente da vítima não exime o agente de responsabilidade. O direito penal, diferentemente 
do direito civil, não admite compensação de culpas. 
Obs.2: A culpa exclusiva da vítima, não gera qualquer responsabilidade para o agente. 
 
6.2 Homicídio culposo do CP versus Homicídio culposo do CTB 
O homicídio culposo previsto no código penal não deve ser confundido com o homicídio culposo 
praticado na direção de veículoautomotor previsto ao teor do art. 302 do CTB. Na hipótese do art. 302 do CTB, 
a morte deverá ocorrer na CONDUÇÃO do veículo automotor. 
 
 
 
 
48 
48 
• O homicídio culposo do Código Penal admite, em face do quantum de sua pena, a suspensão 
condicional do processo (art. 89, Lei nº 9.099/95), ao passo que, o homicídio culposo do CTB não 
permite, posto que nos termos do art. 89 somente será aplicado quando a pena mínima não ultrapassa 
um ano, e o art. 302 do CTB possui pena mínima de 2 anos. 
• É imprescindível para a tipificação do homicídio culposo do CTB que o indivíduo esteja na condução 
do veículo automotor. 
 
6.3 Causa de aumento 
O art. 121, § 4.º, 1.ª parte, do Código Penal arrola quatro causas de aumento de pena aplicáveis somente 
ao homicídio culposo. 
Nos termos do §4º do Código Penal, no homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o 
crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar 
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão 
em flagrante. 
Vejamos: 
CAUSAS DE AUMENTO 
Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício; 
Deixar de prestar imediato socorro à vítima; 
Não procurar diminuir as consequências do seu ato; 
Fugir para evitar prisão em flagrante. 
 
a) Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício (negligência profissional) 
 
Negligência Profissional 
 
Imperícia 
O agente tem aptidão para o exercício do mister, mas 
não observa os conhecimentos que possui. 
O agente não tem aptidão para o exercício. Demonstra 
a falta de conhecimento técnico. 
 
 
A negligência profissional, que tipifica a conduta e majora a pena, caracteriza “bis in idem”? 
1ª Corrente: O STF, no HC 86.969/RS afastou a tese do bis in idem. 
Nessa situação, não há que se falar em bis in idem. Isso porque o legislador, ao estabelecer a 
circunstância especial de aumento de pena prevista no referido dispositivo legal, pretendeu reconhecer maior 
reprovabilidade à conduta do profissional que, embora tenha o necessário conhecimento para o exercício de 
 
 
 
 
49 
49 
sua ocupação, não o utilize adequadamente, produzindo o evento criminoso de forma culposa, sem a devida 
observância das regras técnicas de sua profissão. De fato, caso se entendesse caracterizado o bis in idem na 
situação, ter-se-ia que concluir que essa majorante somente poderia ser aplicada se o agente, ao cometer a 
infração, incidisse em pelo menos duas ações ou omissões imprudentes ou negligentes, uma para configurar a 
culpa e a outra para a majorante, o que não seria condizente com a pretensão legal. Informativo 520, STJ. 
 
2ª Corrente: O STF, no HC 95.078/RJ reconheceu bis in idem. 
 
b) Deixar de prestar imediato socorro à vítima (Omissão de Socorro); 
Esta causa de aumento da pena, fundada na solidariedade humana, relaciona-se unicamente às pessoas 
que por culpa contribuíram para a produção do resultado naturalístico, e não tenham prestado imediato socorro 
à vítima. 
“...ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências 
do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante”. 
Na hipótese da omissão de socorro servir como causa de aumento, não poderá também configurar o art. 
135 do Código Penal, evitando-se bis in idem. Trata-se de caso de crime culposo majorado dolosamente. O crime 
é culposo, mas esse é majorado por um crime doloso (omissão de socorro). 
Na hipótese da vítima ser socorrida imediatamente por terceiros, não incide a majorante. Salvo, se 
evidente a omissão por parte do agente. 
 
Morte instantânea da vítima 
Se a vítima tiver morte instantânea, tal circunstância, por si só, é suficiente para afastar a causa de aumento de 
pena prevista no § 4º do art. 121? NÃO. No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa 
de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º, do CP, a não ser que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por 
qualquer pessoa. STJ. 5ª Turma. HC 269.038-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 2/12/2014 (Info 554, 
STJ). 
 
 
 
 
50 
50 
Assim, temos que não tem cabimento a causa de aumento de pena na hipótese de morte instantânea 
incontestável. 
Cuidado! Se o autor do crime, apesar de reunir condições de socorrer a vítima, não o faz, concluindo 
pela inutilidade da ajuda em face da lesão provocada, não escapa do aumento de pena (STF HC 84.380/MG). 
 
c) Não procura diminuir as consequências do comportamento 
Trata-se de desdobramento normal da causa de aumento de pena anterior (deixar de prestar socorro 
imediato à vítima). Exemplo: O agente, ameaçado de linchamento, não prestou imediato socorro ao ofendido, o 
que era justificável. Entretanto, afastou-se do local do crime e não pediu auxílio da autoridade pública, 
abrindo espaço para o aumento da pena. 
 
d) Fuga para evitar a prisão em flagrante 
Segundo a doutrina, duas são as razões da referida causa de aumento: 1º) o agente que foge demonstra a 
sua ausência de escrúpulo; 2º) fica mais difícil investigação e incerta a punição. 
Corroborando com esse entendimento, o prof. Cleber Masson: 
O espírito da lei é aumentar a pena do criminoso que, fugindo para evitar a prisão em 
flagrante, visa a assegurar a impunidade do seu ato, dificultando a ação da justiça, e, por 
isso merece, também, punição mais severa do que o outro que dessa maneira não procede. 
Há doutrina argumentando que essa majorante é inconstitucional, isso porque obrigar o indivíduo a 
permanecer no local do crime é obriga-lo a produzir prova contra si mesmo, desrespeitando assim o princípio do 
nemo tenetur se detegere. 
Em consonância ao disposto, o STF no Informativo 923 se manifestou sobre a matéria porém no âmbito 
do CTB, mas que pode ser aplicado ao caso em comento.Vejamos: 
O art. 305 do CTB é constitucional e não viola o princípio da não autoincriminação 
A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é 
constitucional, posto não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao 
silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e da antijuridicidade. STF. 
Plenário. RE 971.959/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2018 (repercussão geral) 
(Info 923). 
 
 
 
 
 
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Em que consiste o crime? 
O agente se envolve em um acidente de trânsito e foge do local para não ser identificado e não ter que responder 
a um processo criminal ou uma ação de indenização. 
“(...) o condutor, uma vez verificado o acidente, simplesmente abandona o local, não aguardando a realização 
das providências de identificação dos veículos, dos condutores, e demais anotações, a cargo da autoridade de 
trânsito, e mesmo dos outros envolvidos.” (RIZZARDO, Arnaldo. Comentários ao Código de Trânsito brasileiro. 
9ª ed., São Paulo: RT, 2013, p. 627). 
Discussão quanto à constitucionalidade deste crime 
Os Tribunais de Justiça dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul 
possuíam entendimento no sentido de que este crime do art. 305 do CTB seria inconstitucional ou, pelo menos, 
inconvencional. Isso porque ele violaria o direito à não autoincriminação. 
O direito à não autoincriminação é uma decorrência da ampla defesa, prevista no art. 5º, LV e LXIII. 
Além disso, o Pacto de San José da Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos), que vige 
em nosso ordenamento jurídico com caráter supralegal, estabelece em seu artigo 8º, inciso II, alínea “g”, que 
“toda pessoa tem direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada”. 
Essa discussão chegou finalmente ao STF. O que decidiu o STF? O art. 305 do CTB é constitucional ou 
não? 
O art. 305 do CTB é constitucional. 
O STF, em repercussão geral, fixou a seguinte tese: A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de 
Trânsito Brasileiro (CTB) é constitucional,posto não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o 
direito ao silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e da antijuridicidade. STF. Plenário. RE 
971.959/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2018 (repercussão geral) (Info 923). 
 
6.4 Causa de Aumento no homicídio doloso 
 
Sendo doloso, por sua vez, o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado 
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
• Contra pessoa menor de 14 anos; 
• Maior de 60 anos. 
 
 
 
 
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6.5 Perdão judicial 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração 
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
 
O §5º do art. 121 do Código Penal consagra o perdão judicial, que será aplicado quando o homicídio 
culposo e o atinge o agente de forma tão grave que a pena torna-se desnecessária (bagatela impropria). O 
legislador prevê norma idêntica para a hipótese de lesão culposa. 
Trata-se de causa de extinção da punibilidade (CP, art. 107, inc. IX) aplicável nos casos 
em que o sujeito produz culposamente a morte de alguém, mas as consequências desse crime 
lhe são tão graves que a punição desponta como desnecessária. Em outras palavras, o 
próprio resultado naturalístico já exerceu a função retributiva da sanção penal. 
 
Exemplo: Pai que esquece o filho dentro do carro e este vem a falecer. 
Conforme ensina Rogério Sanches, o perdão judicial é o instituto pelo qual o juiz, não obstante a pratica 
de um fato típico e antijurídico por um sujeito comprovadamente culpado, deixa de lhe aplicar, nas hipóteses 
taxativamente previstas em lei, o preceito sancionador cabível, levando em consideração determinadas 
circunstâncias que concorrem para o evento. 
Ao conferir o perdão judicial, o Estado está demonstrando a sua ausência de interesse de punir, sendo 
causa extintiva da punibilidade. 
Observações pontuais: 
• O perdão judicial dispensa relação de parentesco ou amizade entre o agente e a vítima. 
• O art. 121, §5º do CP, permite o perdão judicial quando o agente sofre as consequências do 
homicídio culposo tornando a pena desnecessária. Permite-se, jurisprudencialmente a 
aplicação do perdão no crime do art. 302 do CTB (homicídio culposo no trânsito), pois o art. 
300 que tratava do perdão neste Código foi vetado por não ser abrangente o bastante. Assim, 
aplica-se por analogia o citado §5º do art. 121 do Código Penal. 
• A sentença que concede o perdão judicial é extintiva da punibilidade e não gera qualquer 
efeito penal ou extrapenal. Nesse sentido, a súmula 18 do STJ: 
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, 
não subsistindo qualquer efeito condenatório. 
 
 
 
 
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Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: STJ Prova: CESPE - 2015 - STJ - Analista Judiciário - Administrativa 
(Segurança): Situação hipotética: Lucas, descuidadamente, sem olhar para trás, deu marcha a ré em seu veículo, em 
sua garagem, e atropelou culposamente seu filho, que faleceu em consequência desse ato. Assertiva: Nessa situação, 
o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se verificar que as consequências da infração atingiram Lucas de forma tão 
grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
Assertiva foi considerada correta. Fundamento: Art. 121 § 5. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar 
de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal 
se torne desnecessária. 
 
6.6 Perdão Judicial versus Perdão do Ofendido 
O perdão judicial é conferido pelo juiz, constituindo-se em ato unilateral. Cabível somente nos casos 
expressamente previstos em lei. Trata-se de causa de extinção da punibilidade. 
Por outro lado, o perdão do ofendido é oferecido pelo mesmo, sendo bilateral, sendo necessário ser aceito 
para extinguir a punibilidade, cabível nos crimes de ação de iniciativa privada. 
 
6.7 Natureza Jurídica da sentença concessiva do perdão judicial 
1ª Corrente: Condenatória → argumenta que a sentença, primeiramente condena, para posteriormente 
conceder o perdão. Em sendo condenatória, geraria efeitos penais, interrompe a prescrição e serve de título 
executivo. 
2ª Corrente: Declaratória extintiva da punibilidade → a referida sentença apenas declara. Assim, não 
gera efeitos penais e extrapenais. Não interrompe a prescrição, bem como, não serve como título executivo. 
Capez ensina que, adotando-se a segunda corrente (Sentença Declaratória Extintiva da Punibilidade), o 
perdão judicial pode ser concedido na fase de IP. 
O prof. Rogério Sanches discorda da posição de Capez, sob o argumento de que o perdão judicial 
reconhece culpa. Logo, não se pode ser concedido na fase do Inquérito, procedimento inquisitivo. É 
imprescindível o devido processo legal. 
Corroborando com o entendimento do prof. Cleber MASSON: 
 
 
 
 
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Essa sentença é declaratória da extinção da punibilidade, em consonância com a Súmula 
18 do Superior Tribunal de Justiça, não subsistindo qualquer efeito condenatório. Destarte, 
não gera reincidência, não autoriza o lançamento do nome do réu no rol dos culpados e não 
configura a obrigação de reparar o dano provocado pelo crime. 
 
Prevalece a 2ª Corrente, nesse sentido, inclusive a Súmula 18 do STJ, “a sentença concessiva do perdão 
judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”. 
Por outro lado, o art. 120 do Código Penal dispõe “a sentença que conceder perdão judicial não será 
considerada para efeitos de reincidência”. 
Obs.: Segundo Rogério Sanches, o art. 120 do Código Penal só tem sentido para aqueles que defendem a natureza 
condenatória da sentença concessiva do perdão judicial. Caso fosse declaratória, não seria necessário um artigo 
dispondo que não subsistira efeitos penais, posto que se não fosse condenatória, não geraria qualquer efeito. 
 
7. Causa de Aumento do Homicídio Doloso 
A Lei 12.720, de 27 de setembro de 2012, acrescentou ao art. 121 mais um parágrafo (§ 6°), majorando 
a pena do homicídio doloso (simples, privilegiado ou qualificado) quando praticado por milícia privada, sob o 
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
Art. 121. § 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, 
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
 
 Dirigir alcoolizado na contramão: reconhecimento de dolo eventual 
 
Verifica-se a existência de dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a influência de álcool, além de 
fazê-lo na contramão. Esse é, portanto, um caso específico que evidencia a diferença entre a culpa consciente e o 
dolo eventual. O condutor assumiu o risco ou, no mínimo, não se preocupou com o risco de, eventualmente, 
causar lesões ou mesmo a morte de outrem. STF. 1ª Turma. HC 124687/MS, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o 
ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/5/2018 (Info 904). 
 
Vale ressaltar, no entanto, que o simples fato do condutor do veículo estar embriagado não gera a presunção de 
que tenha havido dolo eventual: 
 
A embriaguez do agente condutor do automóvel, por si só, não pode servir de premissa bastante para a afirmação 
do dolo eventual em acidente de trânsito com resultado morte. STJ. 6ª Turma. REsp 1.689.173-SC, Rel. Min. 
Rogério Schietti Cruz, julgado em 21/11/2017 (Info 623). 
 
 
 
 
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Dessa forma, haverá assunção do risco – apta a caracterizar o dolo eventual –, "quando o agente tenha tomado 
como séria a possibilidade de lesar ou colocar em perigo o bem jurídico e não se importa com isso, demonstrando, 
pois, que o resultado lhe era indiferente”( TAVARES, Juarez apud PRADO, Luiz Regis. Curso de DireitoPenal 
Brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 332). 
 
Assim, diante da existência de elementos concretos delineados no caso concreto – embriaguez ao volante, excesso 
de velocidade (120 km/h) e direção perigosa (ultrapassagens em movimentos de zigue-zague) –, entende-se haver 
o mínimo de evidências acerca do possível dolo eventual do réu, isto porque, em tese, demonstrou ao que tudo 
indica, sua indiferença com a vida e com a integridade física alheia. 
 
Embriaguez do agente condutor do automóvel 
“por si só” 
Dirigir veículo automotor sob a influência de 
álcool, além de fazê-lo na contramão 
Não caracteriza automaticamente Dolo Eventual. Caracterização do Dolo EVENTUAL. 
 
Juiz da 1ª fase do Júri deve examinar se o agente que conduzia o veículo embriagado praticou 
homicídio doloso ou culposo 
 
Na primeira fase do Tribunal do Júri, ao juiz togado cabe apreciar a existência de dolo eventual ou culpa 
consciente do condutor do veículo que, após a ingestão de bebida alcoólica, ocasiona acidente de trânsito com 
resultado morte. STJ. 6ª Turma. REsp 1689173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 21/11/2017 
(Info 623). 
 
Morte instantânea da vítima nem sempre irá afastar a majorante do § 4º do art. 121 do CP 
 
No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não 
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante (§ 4º do art. 121 do CP). 
Se a vítima tiver morte instantânea, tal circunstância, por si só, é suficiente para afastar a causa de aumento de 
pena prevista no § 4º do art. 121? NÃO. No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa 
de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º, do CP, a não ser que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por 
qualquer pessoa. STJ. 5ª Turma. HC 269038-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 2/12/2014 (Info 554). 
 
 
Induzimento , Instigação e Auxilio ao Suicídio 
 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
 Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: 
 Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa 
de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
 Parágrafo único - A pena é duplicada: 
 Aumento de pena 
 
 
 
 
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 I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
 II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
 
Inicialmente, cumpre destacarmos que no Ordenamento Jurídico Brasileiro, a conduta suicida não é 
criminosa, pois o Direito Penal só está autorizado a punir os comportamentos que transcendem a figura do seu 
autor (princípio da alteridade). 
Noutra banda, é crime o induzimento, a instigação ou auxílio a suicídio (participação em suicídio). 
Assim, vedou-se a conduta de concorrer para que outrem destrua voluntariamente sua própria vida. O 
consentimento da vítima é irrelevante, em face da indisponibilidade do bem jurídico penalmente tutelado. 
O objeto jurídico é a vida humana, direito fundamental tutelado constitucionalmente. 
A participação em suicídio pode ser moral, nos núcleos induzir e instigar alguém ao suicídio, ou material, 
na conduta de auxiliar outrem a suicidar-se. 
Vejamos as condutas puníveis no tipo penal em estudo: 
 
a) Conduta 
 
Conforme explica Cleber Masson10, induzir significa incutir na mente alheia a ideia do suicídio, até 
então inexistente. Exemplo: “A” procura “B”, perguntando-lhe como solucionar seus problemas financeiros, no 
que obtém a seguinte resposta: “Suicide-se e tudo estará resolvido”. 
Instigar, por sua vez, é reforçar o propósito suicida preexistente. A vontade suicida, que já habitava a 
mente da vítima, é estimulada pelo agente, por exemplo, “A” diz à “B” que, em face de problemas conjugais, 
pretende suicidar-se. Este, por sua vez, incentiva aquele a assim agir. 
Nessas duas espécies de participação moral exige-se seriedade na conduta do agente. Se em nítido tom 
de brincadeira alguém sugere a outrem o suicídio, que de fato ocorre, o fato é atípico por ausência de dolo. 
Por fim, auxiliar é concorrer materialmente para a prática do suicídio. Exemplo: Ciente de que “A” 
deseja suicidar-se, e querendo que isso se concretize, “B” lhe empresta uma arma de fogo municiada. Cumpre 
ressaltarmos que esse auxílio deve constituir-se em atividade acessória, secundária. O sujeito não pode, em 
hipótese alguma, realizar uma conduta apta a eliminar a vida da vítima. É o ofendido quem deve destruir sua 
própria vida. Destarte, se o agente, exemplificativamente, atendendo aos anseios de outra pessoa, aperta o gatilho 
da arma de fogo que ela apontava rumo à sua própria cabeça, provocando sua morte, responde por homicídio, e 
 
10 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
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não por participação em suicídio. De fato, realizou conduta capaz por si só de matar alguém, nada obstante o 
inválido consentimento do ofendido. 
Vamos ESQUEMATIZAR: 
 
Induzimento Instigação Auxílio 
É incutir na mente alheia a ideia de 
suicídio. 
É reforçar o próposito suicida 
preexistente. 
É a efetiva assistência material, 
emprestando objetos ou indicando 
meios, sem intervir nos atos 
executórios. 
 
Lembre-se, prezado candidato! No tocante ao auxílio, este deverá ser acessório. Deixa de haver 
participação em suicídio quando o auxílio intervém diretamente nos atos executórios, caso em que o agente 
colaborador responderá por homicídio. 
 
b) Sujeitos 
• Sujeito Ativo: trata-se de crime comum. Assim, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do referido 
crime. 
• Sujeito Passivo: qualquer pessoa que possua um mínimo de capacidade de resistência e de 
discernimento, pois, em caso contrário (resistência nula), estará caracterizado o crime de homicídio. 
Sujeito passivo incapaz: sendo o sujeito passivo incapaz, o crime praticado por quem induziu, instigou ou 
auxiliou será de homicídio. Corroborando Masson “caracteriza o crime tipificado pelo art. 121 do Código Penal 
a conduta de induzir uma criança de tenra idade ou um débil mental a pular do alto de um edifício, argumentando 
que assim agindo poderia voar”. 
 
c) Consumação e Tentativa 
O crime de participação em suicídio é crime condicionado. A consumação ocorre com a morte da vítima 
ou com a produção de lesão corporal de natureza grave (expressão que abrange a lesão grave e a lesão gravíssima 
– CP, art. 129, §§ 1º e 2º). 
Segundo ensina Cleber Masson, não é possível a tentativa, pois a lei só pune o crime se o suicídio se 
consuma, ou se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Cuida-se pois de crime 
condicionado, em que a punibilidade está sujeita à produção de qualquer dos resultados legalmente exigidos. 
 
 
 
 
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Candidato, em que consiste o chamado crime condicionado? Excelência, são aqueles crimes cuja 
punibilidade está sujeita à produção de um resultado legalmente exigido no tipo penal, por exemplo, a 
participação em suicídio, em que só há punição se resultar morte ou lesão corporal de natureza grave. 
#JÁCAIU esse assunto em prova de concurso do CESPE/2015 
Situação hipotética: Telma, sabendo que sua genitora, Júlia, apresentava sérios problemas mentais, que retiravam 
dela a capacidade de discernimento, e com o intuito de receber a herança decorrente de sua morte, induziu-a a 
cometer suicídio. Em decorrência da conduta de sua filha, Júlia cortou os próprios pulsos, mas, apesar das lesões 
corporais graves sofridas, ela não faleceu. Assertiva: Nessa situação, Telma cometeu o crime de induzimento, 
instigação ou auxílio a suicídio, na forma consumada. 
Gab. ERRADO, tendo em vista que a questão diz que “Júlia, apresentava sérios problemas mentais, que retiraram 
dela a capacidadede discernimento”, conclui-se que ela não tinha discernimento, logo a conduta da Telma se 
enquadra no tipo penal de homicídio, e não auxilio ao suicídio. Como não logrou êxito, na modalidade tentada. 
Ademais, levando-se em consideração o motivo que ensejou a pratica do crime, qual seja, receber a herança oriunda 
de sua morte, o mesmo configura-se como torpe. Pelo exposto, deverá responder por tentativa de homicídio 
qualificado (pelo motivo torpe). 
#JÁCAIU esse assunto em prova de concurso do CESPE 
Se um fanático religioso conclamar, em TV aberta, que todos os espectadores cometam suicídio para salvar-se do 
juízo final, e se, estimuladas pelo entusiasmo do orador, várias pessoas cometerem suicídio, ter-se-á, nessa hipótese, 
a tipificação da prática, pelo fanático orador, do crime de induzimento ou instigação ao suicídio. 
Gab. ERRADO, o crime de induzimento, instigação ou auxilio ao suicídio deve ser praticado em face de vítima 
determinada, e não, genericamente como no caso em questão. 
 
d) Causa de aumento de pena 
A pena será duplicada se o agente é movido por motivo egoístico, ou se a vítima é menor ou diminuída 
a capacidade de resistência. 
Dessa forma, temos que a pena será duplicada: 
a) se o crime for praticado por motivo egoístico; ou 
 
 
 
 
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b) se a vítima for menor ou tiver diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
Motivo egoístico é o que revela individualismo exagerado, excessivo apego próprio em 
detrimento dos interesses alheios. Vítima menor é a pessoa humana com idade entre 14 
anos e 18 anos. Possui capacidade de discernimento reduzida em face do incompleto 
desenvolvimento mental, podendo ser mais facilmente convencida a suicidar-se. Aplicam-se 
analogicamente os arts. 217-A, 218 e 218-A do CP. Se não houver qualquer capacidade de 
discernimento estará configurado crime de homicídio. No caso de vítima menor de 14 anos, 
o crime será de homicídio. Vítima que, por qualquer causa, tem diminuída a capacidade de 
resistência é a pessoa mais propensa a ser influenciada pela participação em suicídio11. 
 
e) Classificação doutrinária 
A participação em suicídio é crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa); de dano (depende 
da efetiva lesão ao bem jurídico); comissivo ou omissivo (com divergência doutrinária quanto à omissão); 
material (exige a produção do resultado naturalístico morte ou lesão corporal de natureza grave); condicionado 
(não admite tentativa); de forma livre (admite qualquer meio de execução); simples (ofende um único bem 
jurídico, a vida humana); instantâneo (consuma-se com a morte da vítima ou com a lesão corporal de natureza 
grave, em momento determinado, sem continuidade no tempo); unissubjetivo, unilateral ou de concurso 
eventual (cometido por uma só pessoa, mas admite o concurso); e, em regra, plurissubsistente (conduta divisível 
em diversos atos). 
 
#JáCaiuMagistratura (VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito Substituto) 
No que se refere aos crimes contra a pessoa, é correto afirmar que: a pena é duplicada para crime de induzimento, 
instigação ou auxílio ao suicídio praticado contra vítima menor ou com diminuição da capacidade de resistência. 
 
#JáCaiuMagistratura (VUNESP - 2018 - TJ-MT - Juiz Substituto) 
 
Em conversa reservada, José expõe a João o desejo de acabar com a própria vida, no que recebe o apoio e 
incentivo de João à empreitada. Posteriormente, José tenta se suicidar, mas é socorrido por sua mãe e sobrevive 
com lesões corporais leves. 
Considerando a situação hipotética, assinale a alternativa correta. 
 
A. João responderá por lesões corporais leves. 
B. João responderá por tentativa de instigação a suicídio. 
 
11 Código Penal comentado / Cleber Masson. 
 
 
 
 
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C. João responderá por tentativa de homicídio. 
D. João responderá por instigação a suicídio. 
E. João não responderá por crime por ser o fato atípico. 
 
Gabarito E, o fato será atípico pois não é possível a tentativa de crime de participação em suicídio. Conforme 
explica o professor Cleber Masson, não é possível a tentativa da participação em suicídio, pois a lei só pune o 
crime se o suicídio se consuma, ou se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Cuida-
se de crime condicionado, em que a punibilidade está sujeita à produção de um resultado legalmente exigido. 
 
Cuidado com duas coisas distintas: 
 
• tentativa de suicídio, que existe, pois a vítima tentou eliminar sua própria vida; e 
• tentativa de crime de participação em suicídio, vedada pelo Código Penal. 
 
 
f) Ação Penal 
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
Infanticídio 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
a) Conduta 
Constitui-se crime de Infanticídio, conforme prevê o art. 123, do Código Penal, na conduta de “matar, 
sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após”. 
Segundo Cleber Masson, o infanticídio constitui-se em forma privilegiada de homicídio em que o 
legislador previu uma pena menor pelo fato de ser praticado pela mãe contra seu filho, nascente ou recém-nascido, 
durante o parto ou logo após, influenciada pelo estado puerperal. Possui iguais elementares do crime de 
homicídio, mas também elementos especializantes atinentes aos sujeitos, ao tempo e à motivação do crime. 
Não se exige qualquer finalidade especial para favorecer a mãe com a figura típica privilegiada, bastando 
esteja ela influenciada pelo estado puerperal. É preciso identificar o momento em que o feto passa a ser 
considerado nascente, a fim de diferenciar o infanticídio durante o parto do crime de aborto. Assim, o parto tem 
início com a dilatação, seguida da expulsão e terminando com a expulsão da placenta. A morte do ofendido, em 
qualquer dessas fases, tipifica o crime de infanticídio. 
O critério adotado é o fisiopsicológico, levamos em consideração se a mãe está sob o estado puerperal 
(perturbação física e psicológica que a mulher sofre por desencadeio da gravidez/parto). 
 
 
 
 
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Mas o que é o estado puerperal? 
Conforme Cleber Masson, estado puerperal é o conjunto de alterações físicas e psíquicas que acometem 
a mulher em decorrência das circunstâncias relacionadas ao parto e que afetam sua saúde mental. É necessário 
um laudo médico pericial para averiguar se a mãe ainda estava sob o estado puerperal, visto que se não estiver, 
responderá pela delito de homicídio. 
Cumpre destacarmos que na dúvida, ou seja, se não houver conclusão no laudo pela existência do estado 
puerperal, responderá por infanticídio, por incidência do princípio do in dubio pro reu. 
 
 “Logo após o parto”: um lapso temporal breve após o parto. 
Nos moldes do art. 123 do CP, o crime é praticado durea ou logo após o parto, sendo essa elementar uma 
das características que diferenciam o crime de infanticídio do aborto. Vejamos: 
Aborto Infantícidio 
Vida intrauterina Vida extrauterina 
Praticado antes do parto Praticado durante o parto ou logo após 
 
b) Sujeitos 
No crime de infanticídio, o sujeito ativo é a mãe, o sujeito passivo, por sua vez, é o filho que acabou de 
nascer (o próprio filho, durante o parto ou logo após). Trata-se de crime bipróprio, exigindo-se qualidade especial 
tanto do sujeito ativo quanto do sujeito passivo. 
Cuida-se de crime próprio, pois somente pode ser praticado pela mãe. Admite, todavia, coautoria e 
participação. Como a mãe é detentora do dever legal de agir (CP, art. 13, § 2.º, a), é possível que cometa o crime 
por omissão. Exemplo: deixar de amamentar o recém-nascido para que morra desnutrido. 
 
Possibilidade de concurso de agentes 
Se alguém ajudar a mãe, sabendo da sua condição, responderá também pelo delito de infanticídio. 
A doutrina, em sua maioria, admite o concurso de agente! Participação e coautoria, 
concluindo que oestado puerperal é elementar subjetiva do tipo, comunicável, pois nos 
termos propostos pelo artigo 30 do Código Penal. 
 
 
 
 
 
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Erro quanto à pessoa e suas consequências jurídicas no crime de Infanticídio 
Na hipótese de erro quanto a pessoa, quando a mãe acreditando que vai matar seu próprio filho, acaba 
errando e mata outra criança, responderá ainda por infanticídio, visto que neste caso deverá se levar em 
consideração as características de quem deseja alcançar. 
 
Nos termos do que dispõe o artigo 20§3º do CP, o erro quanto a pessoa contra qual o crime é praticado não 
isenta o agente de pena. Contudo, neste caso, não se consideram as condições ou qualidades da vítima real, 
senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime (vítima virtual). Assim, se a mãe, sob 
influência do estado puerperal, logo após o parto, pensando ser seu filho – vitima virtual, acaba, por engano, 
matando filho alheio – vitima real, pratica o crime de infanticídio, posto que será considerado as qualidades 
daquele que deseja afetar. 
 
Assim, se a mãe, influenciada pelo estado puerperal e logo após o parto, mata outra criança, que 
acreditava ser seu filho, responde por infanticídio. É o chamado infanticídio putativo. 
 
c) Classificação doutrinária 
O infanticídio é crime próprio (deve ser praticado pela mãe, mas permite o concurso de pessoas); de 
forma livre (admite qualquer meio de execução); comissivo ou omissivo; material (somente se consuma com a 
morte); instantâneo (consuma-se em momento determinado, sem continuidade no tempo); de dano (o bem 
jurídico deve ser lesado); unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual (pode ser cometido por uma única 
pessoa, mas admite o concurso); plurissubsistente (conduta divisível em vários atos); e progressivo (antes de 
alcançar a morte, a vítima necessariamente suporta ferimentos). 
 
d) Ação Penal 
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
 
e) Competência 
Refere-se a crime contra a vida, assim sendo, é da competência do Tribunal do Júri. 
 
f) Inaplicabilidade dos institutos despenalizadores 
Trata-se de crime de maior potencial ofensivo, logo, não é cabível as medidas despenalizadoras da Lei 
dos Juizados Especiais Criminais. 
 
 
 
 
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#JÁCAIU esse assunto em prova de concurso do CESPE 
O infanticídio representa hipótese de homicídio privilegiado, contendo o tipo penal um elemento subjetivo 
personalíssimo, qual seja, a influência do estado puerperal. 
Gab. CORRETO. 
#JÁCAIU esse assunto em prova de concurso do CESPE 
Considere que uma mulher, logo após o parto, sob a influência do estado puerperal, estrangule seu próprio filho e 
acredite tê-lo matado. Entretanto, o laudo pericial constatou que, antes da ação da mãe, a criança já estava morta em 
decorrência de parada cardíaca. Nessa situação, a mãe responderá pelo crime de homicídio, com a atenuante de ter 
agido sob a influência do estado puerperal. 
Gab. ERRADO, nessa hipótese haverá a incidência do crime impossível por absoluta impropriedade do objeto. 
Nesse sentido, o Art. 17 do Código Penal - não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por 
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Noutra banda, caso a criança estivesse viva e 
mãe tivesse logrado êxito em sua conduta, não responderia por homicídio mas por infanticídio. 
Aborto 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54) 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aborto provocado por terceiro 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é 
alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência 
Forma qualificada 
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54
 
 
 
 
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Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência 
do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e 
são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) 
Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando 
incapaz, de seu representante legal. 
 
a) Conceito de Aborto 
Segundo ensina Rogério Sanches, o aborto é a interrupção da gravidez com a destruição do produto 
da concepção. 
Nas palavras do mestre Cleber Masson, aborto é a interrupção da gravidez, da qual resulta a morte do 
produto da concepção. Para Giuseppe Maggiore, “é a interrupção violenta e ilegítima da gravidez, mediante a 
ocisão de um feto imaturo, dentro ou fora do útero materno”. Fala-se também em abortamento, pois alguns 
sustentam que o aborto significa na verdade o produto morto ou expelido do interior da mulher. 
É pressuposto do crime de aborto a gravidez. Nesse contexto, questiona-se, qual o termo inicial da 
gravidez? 
Teria o seu início com a FECUNDAÇÃO ou com a NIDAÇÃO? Para o Ordenamento Jurídico em geral, 
prevalece que é com a nidação, implantação do óvulo fecundado ao endométrio, o que justifica a pílula do dia 
seguinte não ser considerado método abortivo. Embora seja esse o entendimento adotado, não é o único sobre o 
tema. Vejamos a explicação proposta pelo prof. Masson12: 
É com a fecundação que se inicia a gravidez. A partir de então já existe uma nova vida em 
desenvolvimento, merecedora da tutela do Direito Penal. Há aborto qualquer que seja o 
momento da evolução fetal. A proteção penal ocorre desde a fase em que as células germinais 
se fundem, com a constituição do ovo ou zigoto, até aquela em que se inicia o processo de 
parto, pois a partir de então o crime será de homicídio ou infanticídio. 
 
12 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54
 
 
 
 
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Há posições no sentido de que só há falar em gravidez após a nidação, isto é, implantação 
do óvulo fecundado no útero. Justificam esse entendimento no fato de algumas pílulas 
anticoncepcionais, e também do DIU (dispositivo intrauterino), admitidos no Brasil, agirem 
depois da fecundação, com a finalidade de impedir o alojamento do ovo no útero. Para os 
adeptos dessa corrente, se a gravidez tivesse início com a fecundação, mulheres que se valem 
desses métodos anticoncepcionais cometeriam o crime de aborto. 
Reiteramos, o entendimento adotado pelo OJ brasileiro é que só podemos falar em gravidez após a 
nidação. 
Não há crime de aborto quando a interrupção voluntária da gestação ocorre no 1º trimestre 
Inicialmente, cumpre esclarecermos que esse entendimento não consolida o que denominados de 
Jurisprudência, mas de um entendimento isolado de uma Turma do STF. 
A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, de forma polêmica, decidiu que não há crime de aborto 
quando a interrupção voluntária da gestação ocorre no 1º trimestre: 
“Reputou ser preciso conferir interpretação conforme à Constituição aos arts. 124 a 126 do CP, que 
tipificam o crime de aborto, para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da 
gestação efetivada no primeiro trimestre. A criminalização, nessa hipótese,viola diversos direitos 
fundamentais da mulher, bem como o princípio da proporcionalidade”. 
 
b) Abortamento x Aborto 
Abortamento é a conduta criminosa (interrupção da gravidez) e o aborto, por sua vez, é o resultado. 
Abortamento Aborto 
Trata-se da conduta criminosa; 
- interrupção da gravidez. 
Trata-se do resultado; 
- feto sem vida. 
 
 
c) Espécies de Aborto 
 
I. Aborto natural: interrupção espontânea da gravidez. Trata-se de indiferente penal. Esse evento não 
interessa para o mundo do direito penal. Logo, não há crime. Exemplo: organismo da mulher, por 
questões patológicas elimina o feto. Não há que se falar em conduta criminosa, o fato é atípico. 
 
 
 
 
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II. Aborto acidental: é a interrupção da gravidez provocada por traumatismos, tais como choques e 
quedas. Não caracteriza crime por ausência de dolo. Logo, não interessa para o direito penal. 
III. Aborto criminoso: aqueles tipificados pelo código penal como crime, estão tipificados ao teor dos 
arts. 124 a 127 do CP. 
IV. Aborto legal ou permitido: contempla as hipóteses excepcionais em que será admitido o aborto. Por 
exemplo, aborto para salvar a vida da gestante (aborto necessário, e ainda, o aborto sentimental – 
decorrente de gravidez ocasionado por estupro). Nessa esteira, o art. 128 do Código Penal admite o 
aborto em duas hipóteses: quando não há outro meio para salvar a vida da gestante (aborto 
necessário ou terapêutico) e quando a gravidez resulta de estupro (aborto sentimental ou 
humanitário). Não há crime por expressa previsão legal. 
V. Aborto miserável ou econômico-social: trata-se de aborto praticado por razões de miséria, 
incapacidade financeira para sustentar a vida futura. Segundo Cleber Masson, é a interrupção da 
gravidez fundada em razões econômicas ou sociais, quando a gestante ou sua família não possuem 
condições financeiras para cuidar da criança, ou até mesmo por políticas públicas baseadas no 
controle da natalidade. Há crime, pois o sistema jurídico em vigor não autoriza o aborto nessas 
situações. 
VI. Aborto eunenésico/eugênico: praticado em face dos comprovados riscos de vida de que o feto nasça 
com graves anomalias psíquicas ou físicas. Obs.: O STF, ao autorizar o aborto de feto anencefálico, 
relativizou a criminalização do aborto eugênico. 
VII. Aborto “honoris causa”: realizado com a finalidade de esconder gravidez proveniente de adultério. 
 
Candidato, qual infração penal pratica aquele que anuncia produtos ou métodos abortivos? Inicialmente, 
importante apontarmos que não pratica crime de aborto, mas sim contravenção penal prevista ao teor do art. 20 
da LCP. Vejamos: 
Anunciar processo, substancia ou objeto destinado a provocar aborto: Pena – multa de hum 
mil cruzeiros a dez mil cruzeiros. 
 
Não se esqueça! Constitui contravenção penal a conduta de anunciar processo, substância ou objeto 
destinado a provocar aborto (art. 20 do Decreto-lei 3.688/1941, LCP). 
 
 
 
 
 
 
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d) Estrutura do Crime 
 
Aborto Criminoso 
Art. 124 Art. 125 Art. 126 
Pune a gestante pelo autoaborto 
ou pelo consentimento para que 
terceiro lhe provoque. 
Pune o terceiro provocador, 
que pratica o aborto SEM o 
consentimento da gestante. 
Pune o terceiro provocador, 
que pratica o aborto COM o 
consentimento da gestante. 
Pena: Detenção, de 1 a 3 anos. Pena: Reclusão, de 3 a 10 anos. Pena: Reclusão, de 1 a 4 anos. 
Não cabe prisão preventiva para 
a gestante primária. 
Cabe prisão preventiva. Não cabe prisão preventiva 
Cabe suspensão condicional do 
processo. 
Não cabe suspensão condicional 
do processo. 
Cabe suspensão condicional do 
processo. 
Protege vida humana do feto. Protege vida humana do feto e da 
gestante. 
Protege vida humana do feto. 
 
e) Aborto Criminoso 
Aborto provocado pela gestante ou com consentimento da gestante 
Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena – detenção, de um a três 
anos. 
No delito do art. 124 (autoaborto ou consentimento para o aborto), o objeto jurídico tutelado é a vida 
humana no feto. Lembre-se, vida intrauterina. 
Trata-se de infração penal de médio potencial ofensivo (pena: de um a três anos), admite suspensão 
condicional do processo nos termos do art. 89 da Lei dos Juizados Especiais Criminais. 
a) Sujeitos 
Sujeito Ativo: Gestante. 
1ª corrente: defende que trata-se de crime de mão própria, só podendo ser praticado pela gestante. 
Admite-se participação, mas não coautoria. O terceiro, responde nas penas do art. 126 do Código Penal. 
(Prevalece nos Concursos Públicos). 
 
Nessa linha, corroborando ao exposto, ensina Cleber Masson, os crimes previstos no art. 124 do Código 
Penal são de mão própria (somente a gestante pode cometê-los). Admitem apenas participação, e são 
incompatíveis com a coautoria, salvo se adotada, no tocante à autoria, a teoria do domínio do fato. 
2ª Corrente: argumenta que trata-se de crime próprio. Assim, admite participação e coautoria. Todavia, 
o coautor responde pelo crime do art. 126. Trata-se de exceção pluralista a teoria monista. 
 
 
 
 
 
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Teorias sobre o Concurso de Pessoas 
Teoria monista → Todos que concorrem para a prática de um crime responderão por ele, independentemente de 
serem autores ou partícipes. A teoria monista defende que haverá um crime único para todos aqueles que 
praticaram o delito. 
Teoria pluralista → No pluralismo há múltiplas tipificações para cada um dos agentes que busca um mesmo 
resultado. Exemplo: Aborto – a gestante que autoriza responde pelo delito do art. 124 do CP e o médico que 
realiza o aborto pelo delito do art. 126 do CP. 
Sujeito passivo: 
1ª Corrente: aponta ser o Estado o titular de direitos, isso porque não sendo o feto titular de direito, salvo 
aqueles previstos na lei civil, o sujeito passivo é apenas o Estado. 
2ª Corrente: o feto é o sujeito passivo. É a corrente que prevalece. A referida discussão ganha relevância 
quando tratamos do aborto de gêmeos, posto que se o sujeito passivo for o feto, estaremos diante de concurso de 
crimes. 
É o feto, sempre. E, no aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante (CP, 
art. 125), há duas vítimas: o feto e a gestante. 
b) Conduta 
O tipo penal em estudo contempla duas formas de conduta. Na primeira parte, a mulher grávida, por 
intermédio de meios executivos químicos, físicos ou mecânicos, prática o abortamento (auto-aborto). Na segunda 
parte, consente para que outrem lhe provoque. 
Trata-se do autoaborto, em que a gestante efetua contra si própria o procedimento abortivo por qualquer 
modo capaz de levar à morte do feto (exemplos: golpes com instrumento contundente, quedas propositais, 
ingestão de medicamentos abortivos etc.) 
Cuida-se do consentimento para o aborto. A grávida não pratica em si mesma o aborto, mas autoriza 
um terceiro qualquer, que não precisa ser médico, a fazê-lo. O Código Penal abre uma exceção à teoria monista 
ou unitária adotada pelo art. 29, caput, no tocante ao concurso de pessoas: a gestante é autora do crime tipificado 
pelo art. 124, 2.ª parte, enquanto o terceiro que provoca o aborto é autor do crime definido pelo art. 126. 
Vejamos: 
• Autoaborto: a própria gestante provoca a interrupção da gravidez (valendo-se de qualquer meio). 
• Consentimento para que outrem lho provoque: a gestante apenas consente, ficando a execução a cargo 
de terceiro provocador (autor do art. 126 do CP). Cumpre recordarmos que, o terceiro responderá 
 
 
 
 
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pelo delito do art. 126, enquanto que a gestante responderá pelo delito do art. 124 do CP (exceção 
pluralista à teoria monista). 
 
c) Consumação 
O crime de aborto consuma-se com a morte do feto. Não importa se a morte do feto ocorreu dentro ou 
fora do ventre materno, desde que em decorrência das manobras abortivas. Trata-se de crime material. 
Dá-se com a morte do feto, resultante da interrupção dolosa da gravidez. Pouco importatenha a morte se produzido no útero materno ou depois da prematura expulsão provocada 
pelo agente. 
É plenamente possível a tentativa. 
 
Gestante realiza manobras abortivas 
Se em decorrência das manobras 
abortivas, o feto nasce sem vida. 
Conclusão: crime de aborto – art. 
124, CP 
Se o feto nasce com vida, mas 
morre logo após em razão das 
manobras abortivas. 
Conclusão: permanece sendo 
aborto – art. 124, CP. 
Se o feto nasce com vida e morre 
despois da gestante renovar a 
execução (vida extrauterina). 
Conclusão: homicídio – art. 121. 
Podendo ser também infanticídio, 
caso esteja no estado puerperal. 
 
Aborto provocado por terceiro 
Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena – reclusão, de três a dez anos. 
 
No aborto provocado por terceiro, sem o conhecimento da gestante, duas situações são possíveis: 
(a) não houve efetivamente o consentimento da gestante; ou 
(b) houve consentimento, mas sem efeitos jurídicos válidos, pois incide uma das situações indicadas 
pelo art. 126, parágrafo único, do Código Penal. 
É crime de dupla subjetividade passiva, pois existem duas vítimas: o feto e a gestante. Se a mulher 
estiver grávida de gêmeos (ou trigêmeos), e esta circunstância for do conhecimento do terceiro, haverá dois (ou 
três) crimes de aborto, em concurso formal impróprio ou imperfeito (CP, art. 70, caput, parte final) – se esse fato 
não for conhecido, responderá por um único crime, afastando-se a responsabilidade penal objetiva (Cleber 
Masson). 
 
 
 
 
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Trata-se de infração de maior potencial ofensivo, não admite qualquer medida despenalizadora da Lei 
dos Juizados Especiais Criminais. 
a) Sujeitos 
Sujeito ativo: é crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: gestante e o feto. Trata-se de delito de dupla subjetividade passiva, tem-se, 
obrigatoriamente dois sujeitos passivos. 
 
b) Conduta 
Provocar o aborto (interrupção da gravidez), com a peculiaridade de ser SEM o consentimento da gestante. 
Candidato, qual crime comete o sujeito que sabendo que a mulher está grávida mata a mesma? No que 
concerne a morte da mulher, responderá por homicídio (podendo ser feminicídio, se diante das razões de gênero 
com incidência da causa de aumento),e no que diz respeito a interrupção da gravidez, responde por aborto em 
concurso formal impróprio (uma só ação causando dois ou mais resultados). 
 
c) Consumação 
O crime se consuma com a morte do feto, e é plenamente admissível a tentativa, posto tratar-se de crime 
plurissubsistente. 
 
Aborto provocado por terceiro com consentimento da gestante 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou 
debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. 
 
Exceção à teoria unitária ou monista no concurso de pessoas 
Trata-se de verdadeira exceção pluralista a teoria monista. No crime em questão, o executor 
será punido em tipo diverso (art. 126) e com pena independente. Deste modo, a figura do 
provocador do aborto, responderá pelo delito do art. 126, enquanto que a gestante que lhe 
consentiu, responderá pelo delito do art. 124, ambos do Código Penal. 
 
 
 
 
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Candidato, e o partícipe, por qual crime responde? Depende da sua conduta. Se vinculada ao 
consentimento da gestante, ao partícipe será imputado o crime definido pelo art. 124 do Código Penal. É o que 
se dá com os familiares que auxiliam financeiramente a gestante para custear as despesas do aborto em uma 
clínica médica. Por outro lado, se o partícipe concorrer para a conduta do terceiro que provoca o aborto, 
responderá pelo crime tipificado pelo art. 126 do Código Penal, tal como na hipótese da enfermeira que auxilia 
o médico durante a cirurgia abortiva. 
 
O art. 126, caput, é crime de médio potencial ofensivo, admitindo-se a suspensão condicional do 
processo nos moldes do art. 89 da Lei dos Juizados Especiais Criminais. 
 
a) Conduta 
No aborto provocado por terceiro com consentimento da gestante, uma terceira pessoa, com a 
concordância da gestante, provoca aborto na mesma. No tocante ao consentimento, conforme ensina Cleber 
Masson, o consentimento da gestante deve subsistir até a consumação do aborto – se, durante o 
procedimento, ela solicitar ao terceiro a interrupção das manobras letais, mas não for obedecida, para ela o fato 
será atípico, e o terceiro responderá pelo crime delineado pelo art. 125 do Código Penal. 
O referido delito trata-se de exceção à teoria monista ou unitária no concurso de pessoas (art. 29, caput), 
respondendo a gestante pelo crime definido no art. 124, 2ª parte (consentimento para o aborto), e o terceiro pelo 
delito contido no art. 126 (aborto consentido ou consensual), ambos do Código Penal. 
No delito de aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante, a gestante responderá por 
um tipo penal, enquanto que o terceiro, por outro. 
Vejamos: 
Delito da Gestante Delito do Terceiro 
Art. 124, 2ª parte (consentimento para o aborto). Art. 126 (aborto consentido ou consensual). 
 
 
Art. 126 x Art. 125 do Código Penal 
 
Art. 126 do Código Penal Art. 125 do Código Penal 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da 
gestante: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da 
gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
 
 
 
 
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Pena: 1 a 4 anos – admite suspensão condicional do 
processo (infração de médio potencial ofensivo) 
Pena: 3 a 10 anos. Não admite a suspensão 
condicional do processo. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito ativo: qualquer pessoa 
Sujeito passivo: É APENAS O FETO, posto que a 
gestante consentiu. 
Sujeito passivo: feto + gestante (crime de dupla 
subjetividade passiva) 
Conduta: provocar aborto COM o consentimento da 
gestante. 
Conduta: provocar aborto SEM o consentimento da 
gestante. 
Voluntariedade: Dolo. Voluntariedade: Dolo. 
Consumação: morte do feto. Consumação: morte do feto. 
 
b) Dissenso Presumido 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada 
ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. 
Na hipótese da gestante ser menor de 14 anos ou alienada ou débil mental o seu consentimento em nada 
altera a tipificação do agente que irá praticar o aborto, visto que a gestante nesse caso não tem discernimento para 
o ato, assim responde o agente provocador pela modalidade prevista no art. 125, aborto provocado por terceiro 
sem o consentimento da vítima. 
Conforme disciplina Rogério Sanches (2019): 
O art. 126, paragrafo único, desconsidera a vontade positiva da gestante quando menor de 
14 anos, alienada ou débil mental, ou se o consentimento foi obtido mediante fraude, grave 
ameaça ou violência. Nessas hipóteses, aplica-se ao terceiro provocador a pena do art. 125 
CP (aborto sem consentimento da gestante), ficando a gestante isenta de sanção penal. 
Para incidir o parágrafo único é indispensável que o terceiro provocador saiba das condições pessoais 
da gestante ou das formas como o consentimento foi obtido, para evitar responsabilidade penal objetiva. 
 
c) Questões controversas 
 
Candidato, a gestante depois de consentir, se arrepende e manda o terceiro provocador interromper 
as manobras abortivas. O terceiro provocador não obedece, executando a morte do feto. Qual a consequência 
jurídica? Nesse caso, o terceiro provocador passa a responder pelo crime de aborto sem o consentimento da 
gestante. 
 
 
 
 
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Segundo Rogério Sanches, tratando-se o arrependimento da gestante de arrependimento ineficaz, 
responde pelo art. 124 do Código Penal. Masson, todavia, aduz ser o fato atípicopara a gestante. 
Conforme ensina Cleber Masson, o consentimento da gestante deve subsistir até a consumação do aborto 
– se, durante o procedimento, ela solicitar ao terceiro a interrupção das manobras letais, mas não for obedecida, 
para ela o fato será atípico, e o terceiro responderá pelo crime delineado pelo art. 125 do Código Penal. 
 
Candidato, se o namorado convence a namorada a interromper a gravidez. Conduz a namorada até 
“fulano”, médico para realizar o abortamento. Quais são os tipos penais praticados? 
a. Qual crime praticou a namorada? Art. 124, CP. 
b. Qual crime praticou o crime praticou o médico? Art. 126, CP – aborto c/ consentimento da gestante. 
c. Qual crime praticou o namorado? Art. 124, CP na condição de participe. 
 
O namorado convence a namorada a interromper a gravidez. Conduz a namorada até “fulado” médico, 
para realizar o abortamento. O namorado paga R$ 1.000,00 para “fulano” realizar o procedimento? 
d. Qual crime praticou a namorada? Art. 124, CP. 
e. Qual crime praticou o crime praticou o médico? Art. 126, CP – aborto c/ consentimento da gestante. 
f. Qual crime praticou o namorado? Responde como participe do art. 126, do crime mais grave, já que colaborou 
para a conduta da namorada e do médico. 
 
Forma Qualificada (Aborto Qualificado) 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência 
do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são 
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
 
O art. 127 do Código Penal previu duas hipóteses de crimes qualificados pelo resultado, de natureza 
preterdolosa. Pune-se o primeiro crime (aborto) na modalidade dolosa, e o resultado agravador, que pode ser 
morte ou lesão corporal de natureza grave, a título de culpa. O agente quer matar o feto, mas por culpa acaba 
produzindo lesão corporal de natureza grave ou mesmo a morte da gestante. 
Inicialmente, cumpre esclarecermos que não obstante o legislador tenha utilizado a expressão “formas 
qualificadas”, o art. 127 do Código Penal contém, em verdade, duas “causas de aumento de pena”. Não 
 
 
 
 
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foram modificados os limites das penas em abstrato, o que evidenciaria qualificadoras. Ao contrário, limitou-se 
o Código Penal a prever percentuais que majoram a pena, na terceira fase de sua dosimetria, caracterizando causas 
de aumento. 
Trata-se de causas de aumento de pena incidente, exclusivamente, aos arts. 125 e 126 do CP. Nesse 
sentido, Rogério Sanches destaca “as causas de aumento são aplicáveis aos arts. 125 e 126 do CP (terceiros 
provocadores e seus participes”. 
As majorantes do art. 127 do CP não incide no art. 124 do CP, pois o direito penal não pune a autolesão 
(princípio da alteridade). 
Corroborando ao exposto, ensina Cleber Masson: 
As “formas qualificadas” somente são aplicáveis ao aborto praticado por terceiro, sem ou 
com o consentimento da gestante (arts. 125 e 126), por expressa previsão legal: “as penas 
cominadas nos dois artigos anteriores...”. Nem poderia ser diferente, pois se a mulher, 
cometendo autoaborto, produz em si própria lesão corporal de natureza grave, ou então se 
mata, incide o princípio da alteridade, com a proibição da punição da autolesão no direito 
brasileiro. Portanto, as causas de aumento têm incidência apenas ao terceiro, mas nunca à 
gestante. 
Resultados qualificadores: 
Se resulta lesão corporal grave; 
Se resulta morte. 
Trata-se de figuras preterdolosa ou preterintencional (age com dolo no antecedente e culpa no 
consequente). 
Candidato, para incidir a causa de aumento previsto ao teor do art. 127 é imprescindível a efetiva 
interrupção da gravidez, ou será que seria possível incidir a causa de aumento mesmo que não sobrevenha a 
morte do feto, mas apenas o resultado culposos? 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do 
aborto (morte do feto) ou dos meios empregados para provocá-lo (não há morte do feto) a gestante sofre lesão 
corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
Segundo Sanches, a morte do feto é dispensável. 
 
 
 
 
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Nesse caso, a gestante, durante o processo de abortamento realizado por terceiro morre, mas o feto nasce 
com vida. Qual crime pratica o terceiro (sabendo que não quis nem aceitou a morte da gestante)? 
1ª Corrente: defendida por Capez, aduz que responde por aborto qualificado pela morte. 
- crime preterdoloso não admite tentativa; 
- aplica o mesmo raciocínio na Súmula 610 do STF. 
Há crime de latrocínio (aborto), quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a 
subtração de bens da vítima (o abortamento). 
- Pouco importa se houve interrupção da gravidez. 
1ª Corrente (prevalece) aborto tentado qualificado pela morte. 
Aborto (dolo – tentado) – morte (culpa – consumada). 
Atenção: para essa corrente, o preterdolo admite tentativa quando a parte frustrada da infração é a dolosa. 
 
Aborto Permitido/Legal 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) 
Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; (Forma especial de Estado de necessidade) 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de 
seu representante legal. (Forma de exercício regular do direito.) 
 
a) Conceito 
O dispositivo arrola duas causas especiais de exclusão da ilicitude – o aborto necessário e o aborto no 
caso de gravidez resultante de estupro. Fala-se em aborto legal ou permitido pois constitui-se exceções do 
ordenamento em que é possível o aborto, sem que constitua infração penal por incidência das causas de exclusão. 
Em que pese a utilização pelo legislador da fórmula “não se pune”, o art. 128 do Código Penal arrola 
duas causas especiais de exclusão da ilicitude. Embora o aborto praticado em tais situações constitua fato típico, 
não há crime pelo fato de serem hipóteses admitidas pelo ordenamento jurídico. 
 
 
 
 
 
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b) Natureza Jurídica do Art. 128, CP 
Não obstante o artigo mencionar “não se pune”, prevalece o entendimento de que trata-se de excludente 
de ilicitude. Trata-se de descriminantes especiais. São causas especiais de exclusão da ilicitude. 
 
c) Aborto Necessário 
O aborto necessário ocorre quando não há outro meio de salvar a vida da gestante. Não pressupõe 
consentimento da gestante ou autorização judicial, indispensável se faz o preenchimento das referidas condições: 
Requisitos 
a) Risco para a vida da gestante: deve haver risco para a vida da gestante e não um mero prejuízo a saúde. 
b) Impossibilidade de uso de outro meio para salvá-la: inevitabilidade do aborto. 
c) Praticado por médico. 
 
Questionamentos: 
• O consentimento da gestante é necessário? Na hipótese do inciso I ele é dispensável. 
• É imprescindível autorização judicial? É dispensável a autorização judicial. 
• Se o aborto necessário for praticado por outra pessoa, que não o médico, qual a consequência jurídica? 
Nesse caso, não será aplicado o art. 128,I, do CP, mas o do art. 24 do Código Penal (Estado de Necessidade 
– excludente de ilicitude) – estado de necessidade de terceiro. 
• E se esse aborto foi praticado por outra pessoa, por exemplo, enfermeiro? Se presente o perigo atual, o 
enfermeiro poderá alegar estado de necessidade de terceiro (art. 24, CP). Note que ele não poderá alegar a 
excludente de ilicitude prevista no art. 128, I, em virtude da exigência de ser realizado por médico. Ausente 
o perigo atual, subsistirá o crime de aborto, com ou sem o consentimento da gestante, dependendo do caso 
concreto. 
 
d) Aborto sentimental 
O art. 128, inciso II trata do caso de gravidez resultante de estupro, denominado de aborto sentimental. 
 Requisitosa) Ser praticado por médico; 
b) Gravidez resultante de estupro; 
c) Consentimento válido da gestante ou do seu representante legal, se for incapaz. 
 
 
 
 
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O aborto necessário deve ser praticado pelo médico. 
Nesse sentido, o aborto em caso de gravidez resultante de estupro (aborto sentimental, humanitário, ético 
ou piedoso) deve ser praticado por médico e exige-se o consentimento válido da gestante ou de seu responsável 
legal, se incapaz. 
É imprescindível o consentimento válido da gestante ou de seu representante legal, quando 
incapaz, pois somente ela tem conhecimento da dimensão da rejeição que possui contra o 
feto (Cleber Masson). 
É necessário autorização judicial? É dispensável. Há precedente exigindo, todavia, Boletim de 
Ocorrência. 
O STF tem decisões exigindo B.O. do estupro. Não necessita de processo crime contra o estuprador. Se, 
após o aborto, ficar provado que a gestante apresentou ao médico um boletim de ocorrência com conteúdo falso, 
o profissional da medicina não responderá por crime algum, pois presente uma descriminante putativa (CP, art. 
20, § 1.º). À mulher, por seu turno, serão imputados os crimes de aborto e de comunicação falsa de crime (CP, 
art. 340). 
Corroborando ao exposto, preleciona Masson13: 
É prescindível a condenação e até mesmo a ação penal pelo crime de estupro. Basta ao 
médico a presença de provas seguras acerca da existência do crime, tais como boletim de 
ocorrência, declaração da mulher e depoimentos de testemunhas, inquérito policial, etc. Em 
suma, não se exige autorização judicial para a exclusão da ilicitude. Tratando-se de norma 
favorável ao médico, deve ser interpretada restritivamente. O dispositivo legal não faz essa 
exigência, razão pela qual as condições do aborto não podem ser aumentadas. 
Lembre-se: NÃO HÁ exigência de autorização judicial para os casos de aborto terapêutico e 
sentimental. 
Questionamentos: 
Candidato, se praticado por outra pessoa que não seja médico, qual a consequência? Não se aplica o art. 128,II 
do Código Penal. Nessa hipótese, o terceiro responde pelo crime, não há discriminante que possa ser aplicado ao 
referido. Nesse caso, não se pode alegar estado de necessidade porque não há perigo de vida da gestante. Ademais, 
não se pode alegar legítima defesa, pois não há agressão atual e iminente. Também não se pode alegar exercício 
 
13 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
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regular do direito, pois não é direito do farmacêutico praticar esse aborto. Logo, o farmacêutico pratica crime 
aborto, se agir desse modo. 
Candidato, se a própria gestante interrompe a gravidez resultante de estupro? O fato é típico, ilícito, mas pode 
não ser culpável se presente a inexigibilidade de conduta diversa. 
 
Aborto de Feto Anencefálico 
e) Feto Anencefálico 
Anencefalia é a malformação rara do tubo neural acontecida entre o 16.º e o 26.º dia de 
gestação, caracterizada pela ausência total ou parcial do encéfalo e da calota craniana, 
proveniente de defeito de fechamento do tubo neural durante a formação embrionária. Um 
anencéfalo é assim visualizado pelos exames médicos. 
Trata-se de embrião, feto ou recém nascido que, por malformação congênita, não possui uma parte do 
sistema nervoso central, faltando-lhe os hemisférios cerebrais, possuindo uma parcela do tronco encefálico (Maria 
Helena Diniz). 
 
O Conselho Federal de Medicina (CFM) considera o anencéfalo umn atimorto cerebral, por não possuir 
os hemisférios cerebrais e o córtex cerebral, mas somente o tronco. Consequentemente, sua eliminação em 
intervenção cirúrgica constitui-se em fato atípico, pois o anencéfalo não possui vida humana que legitima a 
intervenção do Direito Penal. O raciocínio é o seguinte: o art. 3.º, caput, da Lei 9.434/1997 admite a retirada de 
tecidos, órgãos ou partes do corpo humano para fins de transplante ou tratamento somente após a morte 
encefálica. Em outras palavras, o ser humano morre quando cessam suas atividades cerebrais. E, no tocante ao 
anencéfalo, é razoável concluir que, se nunca teve atividade cerebral, nunca viveu. Não se trata, portanto, de 
aborto, e sim de antecipação de parto em razão da anencefalia ou de antecipação de parto de feto inviável. 
Refere-se a uma vida extrauterina inviável. 
É permitido o aborto do feto anencefálico? 
 
 
 
 
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O atual e vigente código penal não permite essa espécie de aborto. Por outro lado, o projeto do novo CP 
admite. A doutrina, por sua vez,, trabalhava com a hipótese como mais uma causa de inexigibilidade de conduta 
diversa. 
No julgamento da ADPF 54/DF, ajuizada pela CNTS – Confederação Nacional dos Trabalhadores na 
Saúde, o Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual 
a interrupção da gravidez de feto anencéfalo seria conduta tipificada nos arts. 124, 126 e 128, incs. I e II, do 
Código Penal. Desta forma, a Corte reconheceu o direito da gestante de submeter-se à antecipação terapêutica de 
parto na hipótese de anencefalia, previamente diagnosticada por profissional habilitado, sem estar compelida a 
apresentar autorização judicial ou qualquer outra forma de permissão do Estado. 
Desse modo, temos que a JURISPRUDÊNCIA, autoriza essa espécie de abortamento, desde que: 
1. Presente anomalia inviabilizando vida extrauterina; 
2. Anomalia atestada por perícia médica; 
3. Prova do Dano psicológico da gestante. 
Sugestão de Estudo Complementar: http://www.dizerodireito.com.br/2012/04/decisao-do-stf-na-adpf-54-nao-existe.html 
 
 Importante ainda ressaltarmos que, não se permite o aborto quando o feto apresentar graves anomalias 
físicas ou psíquicas, ou mesmo quando possuir características monstruosas (aborto eugênico ou eugenésico). 
Este raciocínio, entretanto, não impede a antecipação terapêutica do parto de feto comprovadamente anencéfalo, 
em face da impossibilidade de natural vida extrauterina, por ser inevitável a morte com o desligamento de 
aparelhos médicos ou com a libertação do ventre materno. 
 
Lesão Corporal 
1. Conceito de Lesão Corporal 
Segundo Cleber Masson, a lesão corporal é a ofensa humana direcionada à integridade corporal ou à 
saúde de outra pessoa. Depende da produção de algum dano no corpo da vítima, interno ou externo, englobando 
qualquer alteração prejudicial à sua saúde, inclusive problemas psíquicos. 
Por ofensa à integridade fisica, entende-se a modificação anatômica prejudicial do corpo humano, 
assim como as fraturas, as queimaduras, as equimoses e os hematomas. Em outro vértice, os eritemas, ou seja, as 
vermelhidões decorrentes de certos golpes (ex.: tapas), não são consideradas lesões corporais. 
http://www.dizerodireito.com.br/2012/04/decisao-do-stf-na-adpf-54-nao-existe.html
 
 
 
 
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A ofensa à saúde, por sua vez, é aquela que causa perturbação fisiológica (perturbação no tocante ao 
funcionamento de algum órgão do corpo humano) ou mental (perturbação da atividade cerebral). 
Embora as ofensas sejam distintas o cometimento de à integridade corporal e à saúde em um mesmo 
contexto fático caracteriza a ocorrência de apenas um crime de lesão corporal. No entanto, essa circunstância será 
levada em consideração pelo juiz no momento da dosimetria da pena. 
É desnecessário a produção de dores ou a irradiação de sangue do organismo do ofendido. E a dor, por 
si só, não caracteriza lesão corporal. Além disso, não se exige para a configuração do delito que o ofendido tenha 
saúde perfeita, sobretudo porque as lesões decorrem de ofensas que podem agravar problemas que, 
eventualmente, já acometam a vítima. 
O objeto jurídico tutelado é a incolumidade física em sentido amplo: a integridade corporal e a saúde da 
pessoa humana. 
O crime em estudo é de ação penal pública condicionada à representação (no caso de lesão leve e culposa, 
nosmoldes do art. 88 da Lei dos Juizados Especiais) e mediante ação penal pública incondicionada (em se 
tratando de lesão grave, gravíssima ou seguida de morte). Cumpre ressaltarmos que, se praticada no contexto de 
violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei 11.343/06) não terá incidência o disposto no art. 88 da Lei 
9.099/95. Aplica-se o entendimento da súmula 542 do STJ (veremos com mais detalhe em tópico específico). 
Lesão corporal 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2° Se resulta: 
 
 
 
 
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I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incuravel; 
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
Lesão corporal seguida de morte 
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de 
produzí-lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Diminuição de pena 
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um 
terço. 
Substituição da pena 
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil 
réis a dois contos de réis: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II - se as lesões são recíprocas. 
Lesão corporal culposa 
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
Aumento de pena 
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste 
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012) 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) 
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4611.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art129%C2%A77
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.886.htm#art1
 
 
 
 
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§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem 
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, 
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) 
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa 
portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em 
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015). 
2. Bem Jurídico Tutelado 
O crime de lesão corporal tutela a incolumidade pessoa do indivíduo, protegendo: 
• Saúde física; 
• Saúde fisiológica; e 
• Saúde mental. 
 
Autolesão 
Pela adoção do princípio da alteridade, o direito penal não pune a autolesão, sendo necessário atingir 
bem jurídico de outrem. Nessa linha, ensina Rogério Sanches, “a autolesão pode ser meio para cometer um crime, 
como por exemplo, fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro (art. 171, §2ºV do Código Penal), 
mas a autolesão, especificadamente, é fato atípico. 
Corroborando, o prof. Cleber Masson explica que em razão do princípio da alteridade, não se pune 
a autolesão. Mas esse fenômeno pode caracterizar crime autônomo quando violar outro bem jurídico. É o que 
ocorre no crime de fraude para recebimento do valor de seguro, tipificado pelo art. 171, § 2.º, inciso V, do Código 
Penal (exemplo: jogador de futebol quebra a própria perna para receber o valor do seguro) e também na criação 
ou simulação de incapacidade física, definida pelo art. 184 do Código Penal Militar (exemplo: cortar um braço 
para não ir à guerra depois de regularmente convocado). Nesses casos, obviamente, o sujeito passivo não é aquele 
que se feriu por vontade própria, mas a seguradora ou o Estado. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.886.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13142.htm#art2
 
 
 
 
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Candidato, e se o agente convencer um inimputável a se autolesionar? Aquele que o conduziu a 
autolesão responderá pelo crime na condição de autor mediato. O inimputável funciona como mero instrumento 
do crime na mão do agente. 
 
3. Topografia da Lesão Corporal 
 
Art. 129, caput CP: lesão dolosa leve; 
Art. 129, §1º CP: lesão dolosa grave; 
Art. 129, §2º CP: lesão dolosa gravíssima; 
Art. 129, §3º CP: lesão corporal seguida de morte; 
Art. 129, §4º e §5º: privilégio; 
Art. 129, §6º: lesão corporal culposa; 
Art. 129, §7º: majorante; 
Art. 129, §8º: perdão judicial; 
Art. 129, §§9º, 10 e 11 CP: violência doméstica e familiar; 
Art. 129, §12 CP: lesão corporal funcional. 
 
4. Sujeitos 
Trata-se de crime comum, ou seja, os sujeitos ativo e passivo do delito podem ser qualquer pessoa. Há, 
no entanto, de acordo com parte da doutrina, algumas hipóteses em que são exigidas características diferenciadas 
das vítimas (como são os casos, por exemplo, da violência doméstica e familiar, lesão contra integrantes do 
sistema de Segurança Pública e as qualificadoras que incidem na hipótese de aborto ou aceleração do parto, cuja 
vítima, logicamente, deve ser mulher). 
Logo: 
Sujeito Ativo: trata-se de crime comum. Assim, pode ser praticado por qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: em regra, trata-se de crime comum, contemplando porém, algumas exceções. Art. 129, 
§1º, IV (vítima é necessariamente gestante). Ademais disso, o art. 129, §12º (lesão funcional) tem, igualmente, 
vítimas com qualidades especiais. 
 
5. Conduta 
Provocar lesão corporal. Consiste em ofender a incolumidade pessoa do indivíduo, quer causando a lesão, 
quer agravando a lesão já existente. 
 
 
 
 
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Dor 
A dor é dispensável para configurar o crime. Corroborando ao exposto, Cleber Masson expõe “é 
prescindível a produção de dores ou a irradiação de sangue do organismo do ofendido. A dor, por si só, não 
caracteriza lesão corporal”. 
Pluralidade de ferimentos significa pluralidade de crimes? 
A pluralidade de ferimentos NÃO gera, por si só, pluralidade de crimes. Segundo Sanches, se a 
pluralidade de ferimentos advém do mesmo contexto fático, não desnatura a unidade do crime, continua sendo 
um só. A pluralidade de ferimentos será considerado apenas para fins de fixação da pena. 
Integridade física é consideradoum bem indisponível? O consentimento da vítima exclui o 
crime? Segundo Bitencourt, a integridade física é relativamente disponível, desde que estejamos diante de lesão 
leve e que não contrarie a moral e os bons costumes. 
Consentimento da vítima 
Trata-se a integridade física de bem relativamente disponível, deste modo, se não ferir os bons costumes, 
como por exemplo, a mera inserção de um piercing, é admissível o consentimento da vítima. Teoria da Adequação 
Social. 
 
A ação penal no crime de lesão corporal leve é pública condicionada, nos moldes do art. 88 da Lei dos 
Juizados Especiais Criminais. Vejamos: 
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de 
representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. 
Prezado candidato, muita atenção aqui. O entendimento acima proposta não se aplica nos casos de lesão 
corporal leve praticada no âmbito violência doméstica familiar. Nesse sentido, a Súmula 542, STJ. Vejamos: 
Súmula 542 – STJ. A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resutante de violência doméstica 
contra a mulher é pública incondicionada. 
Dessa forma, qualquer lesão corporal, mesmo que leve ou culposa, praticada contra mulher no âmbito 
das relações domésticas é crime de ação penal INCONDICIONADA, ou seja, o Ministério Público pode dar 
início à ação penal sem necessidade de representação da vítima. O art. 88 da Lei nº 9.099/95 NÃO se aplica para 
as lesões corporais praticadas contra a mulher no âmbito de violência doméstica. Isso por que a Lei nº 9.099/95 
NÃO se aplica aos crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
 
 
 
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A lesão leve e a culposa são crimes de ação penal pública condicionada à representação por força do que 
dispõe o art. 88 da L. 9099/90. No entanto, toda lesão corporal, mesmo que leve, quando diante de violência 
doméstica abarcada pela L. 11340/06 será de ação penal pública incondicionada e tipificada no art. 129, 9º do 
CP, conforme entendimento do STF e STJ (inclusive sumulado). 
 
Candidato, equimoses (manchas escuras ou azuladas fruto de infiltração difusas de sangue no tecido 
sebcutâneo) e Hematomas (acúmulo de sangue em um órgão ou tecido, normalmente causado por traumatismo) 
configura lesão? Sim, caracterizam lesão corporal. São exemplos de ofensa à integridade física as fraturas, 
fissuras, escoriações, queimaduras e luxações, a equimose e o hematoma (Cleber Masson). 
E os eritemas (mancha de cor avermelhada na pele causa pela dilatação dos vasos sanguíneos)? Os 
eritemas não constituem lesão corporal. Corroborando ao exposto, “os eritemas não ingressam no conceito do 
delito”, CLEBER MASSON. 
 
6. Voluntariedade 
 
O crime de lesão corporal pode ser punido tanto a título de dolo (art. 129, §1 e 2º, CP), quanto a título 
de culpa (art. 129, §6º, CP).e, ainda, de forma preterdolosa (art. 129, §3º, CP). 
Assim, temos: 
• Lesão corporal dolosa; 
• Lesão corporal culposa; 
• Lesão corporal preterdolosa. 
Alguns resultados qualificadores podem ser fruto de dolo ou culpa. 
 
7. Consumação 
Trata-se de crime material, consuma-se assim com a ofensa a incolumidade pessoal do individuo. 
Consuma-se com a efetiva lesão à integridade corporal ou à saúde da vítima (crime de dano). 
 
 
 
 
 
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O crime se consuma com a efetiva lesão à integridade corporal ou à saúde da vítima (crime 
material). A tentativa, por sua vez, será admitida na modalidade dolosa do crime, desde que 
seja provado que o agente objetivava lesionar a vítima e, por circunstâncias alheias à sua 
vontade, não conseguiu alcançar o resultado pretendido. 
Prova da materialidade 14 
Faz-se prova da materialidade do fato delituoso com o exame de corpo de delito, mas para o oferecimento 
da denúncia é suficiente o boletim médico ou prova equivalente, como se extrai do art. 77, § 1.º, da Lei 
9.099/1995. 
Para a condenação, entretanto, exige-se a perícia, sob pena de nulidade (CPP, art. 564, inc. III,b ). 
Somente será aceito o exame de corpo de delito indireto, em que a prova testemunhal supre o exame direto, 
quando os vestígios houverem desaparecido (CPP, art. 167). Ressalte-se que, quando a prova testemunhal puder 
substituir o exame de corpo de delito, em decorrência do desaparecimento dos vestígios, é indispensável sejam 
as testemunhas precisas sobre o local e a natureza das lesões. Com efeito, se o art. 160 do Código de Processo 
Penal exige da prova pericial a descrição minuciosa das lesões, não poderia o magistrado conformar-se com 
referências vagas e imprecisas de testemunhas. 
 
8. Lesão Corporal e suas Espécies 
Lesão Corporal Dolosa Leve 
Art. 129, caput, do Código Penal: Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena – detenção, de três 
meses a um ano. 
 
A lesão corporal leve, trazido no caput do artigo 129 do Código Penal, é crime de menor potencial 
ofensivo, sendo da competência do JECRIM. Na esfera policial, em regra, será o caso de instauração de Termo 
Circunstanciado (exceto nos casos envolvendo violência doméstica, prevista no §9º, que ensejam a instauração 
de inquérito policial). 
No tocante a sua definição, iremos alcança-lo através de um critério de eliminação, o que não por 
considerado lesão grave ou gravíssima, por exclusão, trata-se de lesão leve. 
 
14 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
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Veja que o Código Penal não estabeleceu as circunstâncias em que a lesão corporal será 
classificada como leve. Por esse motivo, entende-se que, sempre que a lesão não for grave, 
gravíssima ou seguida de morte, estar-se-á diante de uma lesão corporal leve. Portanto, o 
crime de lesão corporal leve será verificado por exclusão das demais hipóteses. 
 
Em 1995 foi editada a Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95). Essa Lei, com o objetivo de instituir 
medidas despenalizadoras, afirmou que os delitos de lesões corporais leves e de lesões corporais culposas 
deveriam ser crimes de ação penal pública condicionada. Dessa forma, nos termos do art. 88 da Lei 9.099/95, 
trata-se de crime de ação penal pública condicionada a representação da vítima. 
 
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal 
relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. 
 
Lesão Corporal Grave 
Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 
Trata-se de crime de médio potencial ofensivo, admitindo-se a suspenção condicional do processo nos 
termos do art. 89 da Lei dos Juizados Especiais Criminais. 
A classificação doutrinária no crime de lesão corporal grave e gravíssima levou em consideração as 
penas estabelecidas. No §1º, a pena varia de 1 a 5 anos de reclusão, a doutrina convencionou classificar como 
lesão corporal grave. Já nos casos previstos no §2º, a doutrina classificou como lesão corporal gravíssima, uma 
vez que a pena é a de reclusão de 2 a 8 anos. 
Conforme a previsão do §1º do art. 129 do CP, estaremos diante de uma lesão corporal grave se da 
conduta: incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; perigo de vida; debilidade permanente 
de membro, sentido ou função; ou aceleração do parto. 
 
 
 
 
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a) Incapacidade para ocupação habitual por mais de 30 dias 
 
Na presente hipótese, o ofendido, em decorrência da lesão sofrida, ficará incapacitado para o exercício 
de suas ocupações habituais pelo prazo de mais de trinta dias. 
Segundo Rogério Sanches, por ocupação habitual, entende-se qualquer atividade corporal costumeira, 
não necessariamente ligada ao trabalho ou atividadelucrativa, devendo ser licita, ainda que imoral. 
Corroborando ao exposto, Cleber MASSON15: 
A expressão “ocupação habitual” compreende qualquer atividade, física ou mental, do 
cotidiano da vítima (exemplos: andar, tomar banho, ler jornais, praticar esportes etc.), e 
não apenas seu trabalho. É suficiente tratar-se de ocupação concreta, pouco importando se 
lucrativa ou não. 
Candidato,uma prostituta pode ser vítima dessa espécie de lesão? Pode sim, ser vítima dessa espécie de 
lesão. 
Candidato, um bebê, de tenra idade, pode ser vítima de lesão grave, ou seja, pode ela ficar incapacitada 
para ocupação habitual? Pode, se a vítima, por exemplo, ficar sem condições de mamar por mais de 30 dias, foi 
vítima de lesão grave. 
Compartilha do mesmo entendimento o prof. Masson: 
“Para a caracterização da qualificadora é irrelevante a idade da vítima, que pode ser uma 
pessoa idosa (exemplo: incapacidade para realizar sua caminhada diária em decorrência de 
um golpe dolosamente proferido contra suas pernas), ou mesmo uma criança de pouca idade 
(exemplo: incapacidade para mamar no peito de sua mãe em razão dos ferimentos 
provocados por um soco desferido em sua boca)”. 
Noutra banda, a atividade, contudo, deve ser lícita, sendo indiferente se moral ou imoral. 
Destarte, uma prostituta impossibilitada de desempenhar programas sexuais pode ser 
vítima desse crime, ao contrário de um ladrão que teve seu braço quebrado e não pode por 
esse motivo empunhar armas de fogo durante assaltos. 
 
 
15 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
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Comprovação da incapacidade habitual 
A comprovação da incapacidade por mais de trinta dias será feito através de exame pericial. Nesse 
sentido, o art. 168 do Código de Processo Penal. Vejamos: 
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, 
proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, 
de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu 
defensor. 
§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1º, I, do Código 
Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. 
 
Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito do art. 129, §1º, I, do Código Penal, deverá 
ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contados da data do delito. 
1º exame: na data do fato. 
2° exame: chamado de exame complementar será feito logo que decorra o 30º dia, para fins de atestar 
a incapacidade para ocupações habituais. Esse prazo será contado no modo do art. 10 do CP, pois está relacionado 
com a tipicidade do delito, ou seja, é prazo penal. 
Candidato, o que é o denominado crime a prazo? Excelência, o crime a prazo é aquele em que se verifica a sua 
consumação/configuração somente depois do decurso do prazo estabelecido em lei, por exemplo, lesão corporal 
grave, são exigidos dois exames periciais: um inicial, realizado logo após o crime, para constatar a existência das 
lesões, e um complementar, efetuado após 30 dias, contados da data do crime, para comprovar a duração da 
incapacidade das ocupações habituais em razão dos ferimentos provocados pela conduta criminosa. 
 
Relutância por vergonha 
A relutância por vergonha de praticar as ocupações habituais, não qualifica o crime, como, por exemplo, 
pessoa que deixa de ir trabalhar porque sofreu lesão que deixou marcas em seu rosto, e não quer ser exposta aos 
colegas nessa situação (Jurisprudência). 
Dessa forma, conforme ensinamentos do Professor Rogério Sanches, o fato da vítima não querer ir 
trabalhar em virtude da vergonha da lesão não caracteriza o referido tipo penal. 
 
 
 
 
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b) Perigo de Vida 
Trata-se da probabilidade séria, concreta e imediata do êxito letal. 
Cumpre destacarmos que, a região da lesão, por si só, não permite presumir perigo de vida, sendo 
imprescindível perícia. 
A perícia deverá atestar que houve perigo concreto de vida: o perito deve concluir que o tipo de lesão 
efetivamente gera perigo de vida à vítima, devidamente fundamentado. Não se trata de um prognóstico de 
possível morte, mas sim um diagnóstico seguro de eminente possibilidade de morte em virtude do grau de lesão 
corporal sofrida pela vítima. 
Nessa linha, preceitua Cleber Masson: 
Trata-se de perigo concreto, comprovado por perícia médica, que deve indicar, de modo 
preciso e fundamentado, no que consistiu o perigo de vida proporcionado à vítima. Não se 
autoriza a presunção do perigo de vida pela sede ou pela extensão das lesões sofridas. 
 
Ademais, trata-se de qualificadora necessariamente preterdolosa (dolo na lesão, e culpa no perigo/risco 
para a vida). Se o agressor considerar matar a vítima, é tentativa de homicídio. No perigo a circunstância é 
essencialmente culposa, pois do contrário, se o agente tem a intenção de matar, o crime seria o do homicídio, na 
modalidade tentada. 
De acordo com a maioria, trata-se de qualificadora, necessariamente preterdosa (dolo na 
lesão e culpa no perigo para a vida). 
 
c) Debilidade permanente de membro, sentido ou função 
 
Debilidade significa enfraquecimento, redução da capacidade funcional. Além disso, deve ser 
permanente porque a recuperação é incerta e por tempo indeterminado, por exemplo, não ficou cego, mas teve a 
visão diminuída. 
A qualificadora persiste mesmo que o enfraquecimento possa ser atenuado por aparelhos ou próteses. 
• Membros são os braços, pernas, mãos e pés. Os dedos integram os membros, e a perda ou a 
diminuição funcional de um ou mais dedos acarreta na debilidade permanente das mãos ou dos 
pés. 
 
 
 
 
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• Sentidos são: visão, audição, tato, olfato e paladar. 
• Função é a atividade inerente a um órgão ou aparelho do corpo humano. Na hipótese de órgãos 
duplos a perda de um deles caracteriza lesão grave pela debilidade permanente e a perda de 
ambos configura lesão gravíssima pela perda ou inutilização. 
 
Obs.: A perda de um ou mais dentes pode ou não caracterizar lesão corporal grave, dependendo da 
comprovação pericial acerca da debilidade ou não da função mastigatória, e, indiretamente, também da função 
digestiva. 
Perda de dois dentes configura lesão grave (e não gravíssima). 
A lesão corporal que provoca na vítima a perda de dois dentes tem natureza grave (art. 129, 
§ 1º, III, do CP), e não gravíssima (art. 129, § 2º, IV, do CP). A perda de dois dentes pode 
até gerar uma debilidade permanente (§ 1º, III), ou seja, uma dificuldade maior da 
mastigação, mas não configura deformidade permanente (§ 2º, IV). § 1º Se resulta: III - 
debilidade permanente de membro, sentido ou função; § 2º Se resulta: IV - deformidade 
permanente; STJ. 6ª Turma. REsp 1.620.158-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado 
em 13/9/2016 (Info 590). 
 
Obs.: A recuperação do membro, sentido ou função por meio cirúrgico ou ortopédico não acarreta a 
exclusão da qualificadora, pois a vítima não é obrigada a submeter-se a tais procedimentos. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Provas: CESPE - 2018 - PC-MA - Médico Legista. Mário, ao envolver-
se em uma briga, lesionou Júlio. Nessa situação hipotética, Mário responderá por lesão corporal de natureza grave 
se tiver 
A. causado a morte de Júlio em circunstâncias que evidenciem que Mário assumiu o risco de produzir o resultado. 
B. provocado a incapacitação de Júlio para ocupações habituais, como, por exemplo, o trabalho e o estudo, por 
quinze dias. 
C. provocado em Júlio debilidade permanente de função, como, por exemplo, a redução da capacidade mastigatória 
pela perda dentária. 
D. ofendido a integridade corporal de Júlio, causando-lhe diversas escoriações no corpo. 
E. causado a morte de Júlio, ainda que em circunstânciasque evidenciem que Mário não queria matá-lo. 
 
 
 
 
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Gab. C. 
 
d) Aceleração do parto 
Trata-se do parto antecipado em virtude de agressão sofrida pela vítima. Este resultado somente é 
admitido a título preterdoloso, sob pena de caracterizar o crime aborto na modalidade tentada. 
Em virtude da lesão corporal o feto é expulso COM VIDA antes do tempo normal. 
A lesão causou uma expulsão prematura do feto. 
Muita atenção aqui, a expulsão do feto se dá com vida. Se o feto é expulso sem vida, pode configurar 
aborto (art. 125 do CP) ou lesão corporal gravíssima, conforme o §2º, II, dependendo do dolo do agente, pois se 
agiu com dolo na lesão e dolo no aborto, responderá por ambos os delitos, por outro lado, se agiu com dolo na 
lesão e culpa no aborto, responderá por lesão gravíssima. 
Dolo de lesionar + causar aborto: responde por lesão e aborto. 
Dolo de lesionar apenas, mas culpa no aborto: responde por lesão corporal gravíssima. Corroborando, 
Masson: 
O que se exige, em síntese, é uma antecipação do parto, ou seja, um nascimento prematuro. 
Essa qualificadora só é aplicável quando o feto nasce com vida, pois, quando ocorre o 
aborto, o agente responde por lesão gravíssima (CP, art. 129, § 2.º, V). 
 
Ademais, cumpre destacar que é imprescindível que o agente saiba que a vítima estava gestante, sob 
pena de haver responsabilidade penal objetiva, vedada pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
#JÁCAIU esse assunto em prova de concurso do CESPE 
Polícia Científica PE/2016: O crime de lesão corporal de natureza grave é caracterizado se da conduta do agente 
resulta incapacidade da vítima para as ocupações habituais por mais de trinta dias; perigo de vida; debilidade 
permanente de membro, sentido ou função; ou aceleração de parto. 
CORRETO, trata-se justamente das hipóteses de lesão corporal grave esculpidas ao teor do art. 129, §1º do Código 
Penal. 
#JÁCAIU esse assunto em prova de concurso do CESPE 
 
 
 
 
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Tendo em vista que cada uma das próximas opções apresenta uma situação hipotética sobre delitos praticados 
contra a pessoa, assinale a opção que apresenta situação característica de delito de lesão corporal de natureza grave. 
A. O médico Rodrigo, sob a justificativa de injetar um analgésico em Luíza, grávida de dois meses, aplicou-
lhe anestesia geral e, aproveitando-se da incapacidade de resistência da paciente, realizou, em comum acordo 
com o namorado da paciente, um procedimento abortivo sem que a gestante tivesse consentido. 
B. Pedro, após ter sido preterido em sua expectativa de promoção no emprego, desferiu socos no rosto e 
no estômago de seu chefe, Elias. Embora a agressão tenha provocado tontura e hematomas na pele de Elias, 
este não apresentou nenhuma lesão aparente. Em razão da conduta de Pedro, Elias teve de se afastar das 
suas atividades profissionais durante uma semana, retornando ao trabalho no fim desse período. 
C. Cláudio caminhava por uma via pública quando, inesperadamente, um desconhecido desferiu-lhe um soco 
no rosto. A agressão fez que os óculos da vítima se quebrassem e ferissem o seu rosto, fazendo-a sangrar. Em 
decorrência da agressão, Cláudio ficou com a vista turva e somente se restabeleceu duas semanas após a agressão. 
D. Paulo, após discussão com sua colega de trabalho Regina, que estava grávida, desferiu-lhe um chute com 
a intenção de apenas machucá-la. Entretanto, em decorrência da conduta de Paulo, Regina entrou 
antecipadamente em trabalho de parto. 
E. Manoel, após provocação, desferiu dois chutes, que não resultaram em lesões, contra seu irmão Isaac. Embora 
tenha sentido dores durante dois dias, Isaac voltou a exercer normalmente suas atividades habituais no dia 
seguinte à briga com seu irmão Manoel. 
Gab. Alternativa D correta, nos termos do art. 129, §1º, IV do Código Penal (a lesão corporal é grave se resulta em 
aceleração do parto). 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Prefeitura de Caruaru - PE Prova: FCC - 2018 - Prefeitura de Caruaru - PE - 
Procurador do Município. Lesão corporal de natureza grave é aquela da qual resulta 
A. deformidade permanente. 
B. incapacidade permanente para o trabalho. 
C. violência doméstica. 
D. feminicídio. 
E. aceleração de parto. 
 
 
 
 
 
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Gab. E. 
 
Lesão Corporal Gravíssima 
 
Inicialmente, cumpre destacarmos que a expressão “gravíssima” foi criação doutrinária, não vindo 
esculpida ao teor do Código Penal. Atualmente, já temos porém legislação acolhendo a referida nomenclatura. 
Nessa esteira, consoante se extrai do art. 129 §2º, do Código Penal, estaremos diante de lesão corporal 
gravíssima quando a lesão resultar em: incapacidade permamente para o trabalho; enfermidade incurável; 
perda ou inutilização de membro, sentido ou função; deformidade permamente; ou aborto. 
Vejamos: 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incuravel; 
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
Trata-se de uma infração penal de maior potencial ofensivo, não se admitindo as medidas 
despenalizadoras da Lei dos Juizados Especiais Criminais. A ação penal é pública incondicionada. 
a) Incapacidade permanente para o trabalho 
No que tange a primeira circunstância que qualifica o delito de lesão corporal como gravíssima – 
incapacidade permamente para o trabalho, importante destacar que a incapacidade deverá ser genérica, ou seja, 
a vítima deve ficar incapacitada permanentemente (incapacidade longa e duradoura) para o exercício de qualquer 
trabalho (atividade remunerada), não bastando que ela fique incapacitada somente para o trabalho que exercia 
antes dos fatos. 
Nessa esteira, o entendimento predominane na doutrina é que a qualificadora exige incapacidade para o 
exercício de qualquer espécie de trabalho. Noutra banda, a minoria entende que basta ficar incapacitado para o 
exercício da atividade que exercia anteriormente. 
A corrente adotada em nosso OJ prevê que para incidir a qualificadora é imprescindível que a vítima 
fique incapacitada para qualquer espécie de trabalho. É o entendimento que prevalece. Corroborando ao exposto, 
 
 
 
 
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Cleber Masson expõe trata-se de incapacidade genérica para o trabalho (a vítima fica impossibilitada de exercer 
qualquer tipo de atividade laborativa). 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: POLÍCIA CIENTÍFICA - PE Prova: CESPE - 2016 - POLÍCIA CIENTÍFICA - 
PE - Perito Criminal – Odontologia. De acordo com o Código Penal (CP), a lesão corporal será classificada como 
A. grave, caso resulte em enfermidade incurável. 
B. gravíssima, caso provoque debilidade permanente de membro, de sentido ou de função da vítima. 
C. grave, caso provoque dano estético definitivo na vítima. 
D. gravíssima, caso a vítima fique permanentemente incapacitada para o trabalho. 
E. gravíssima, caso provoque a aceleração do parto da vítima. 
 
Gab. D. 
 
b) Enfermidade incurável 
Segundo Masson, compreende como enfermidade incurável alteração prejudicial da saúde por processo 
patológico, físico ou psíquico, que não pode ser eficazmente combatida com os recursos da medicina à época do 
crime. Também é considerada incurável a enfermidade que somente pode ser enfrentada por procedimento 
cirúrgico complexo ou mediante tratamentos experimentais ou penosos, pois a vítima não pode ser obrigada a 
enfrentar tais situações 
Noutra banda, conforme Rogério Sanches, é o caso da transmissão intencional de uma doença para qual 
não existe cura no estágio atual da medicina. 
Conforme o STJ, inclui a transmissão da AIDS como lesão corporal gravíssima. 
Candidato, a cura arriscadapara a enfermidade, desconfigura a qualificadora? A vítima não estando obrigada 
a arriscar-se, pode recusar o procedimento, persistindo assim a qualificadora. Todavia, se a vitima se arriscar e 
ficar curada, desaparece a qualificadora, cabendo, inclusive revisão criminal para afastar a qualificadora 
(entendimento do prof. Rogério Sanches). Para o prof. Cleber Masson, não se admite revisão criminal se, 
posteriormente à condenação definitiva por esse crime, surge na medicina um meio eficaz para curar a 
enfermidade. Esse instrumento processual somente pode ser utilizado se à época do delito existia tratamento 
eficaz para a enfermidade e o magistrado não se atentou a esse fato. 
 
 
 
 
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Vejamos: 
 
Cura Arriscada Cura não arriscada 
A recusa da vítima em se submeter ao procedimento, 
não exclui a qualificadora. 
A recusa injustificada da vítima exclui a 
qualificadora. 
Submetendo-se ao procedimento e revertendo a 
doença, desaparece a qualificadora. 
A recusa injustificada não exclui a qualificadora. 
Tem-se admitido recusa por razoes de crença. 
 
c) Perda ou inutilização do membro, sentido ou função 
Em razão da lesão, a vítima perde ou tem inutilizado de membro, sentido ou função. 
Conforme ensinamentos do prof. Cleber Masson, perda é a ablação, a destruição ou privação de 
membro, sentido ou função. Pode concretizar-se por mutilação (eliminação direta pela conduta criminosa) ou por 
amputação (resulta da intervenção médico-cirúrgica realizada pela necessidade de salvar a vida do ofendido ou 
impedir consequências ainda mais danosas). 
Noutra banda, inutilização, por sua vez, é a falta de aptidão do órgão para desempenhar sua função 
específica. O membro ou órgão continua ligado ao corpo da vítima, mas incapacitado para desempenhar as 
atividades que lhe são inerentes. A perda de parte do movimento de um membro caracteriza lesão grave pela 
debilidade; a perda de todo o movimento tipifica lesão corporal gravíssima pela inutilização. 
Tratando-se no caso de órgãos duplos a lesão para ser qualificada como gravíssima, deve atingir ambos 
os órgãos, pois, se atinge apenas um existirá um enfraquecimento. Corroborando ao exposto, MASSON: 
Na hipótese de órgãos duplos (rins, olhos etc.), a afetação de apenas um deles tipifica lesão 
corporal grave pela debilidade de sentido ou função. Exemplo: surdez em um ouvido. Por 
sua vez, haverá lesão corporal gravíssima quando os dois órgãos forem prejudicados, 
caracterizando perda ou inutilização. Exemplo: surdez nos dois ouvidos, pois só assim a 
vítima perde sua audição. 
Em relação aos sentidos do corpo humano, cumpre lembrarmos que a sua perda ou inutilização ocorrerá 
no caso de a vítima deixar de perceber, completamente, o mundo exterior no que tange ao sentido afetado. Caso, 
por exemplo, a vítima perca um dos seus olhos, estar-se-á diante de lesão corporal grave, pois o sentido da visão 
não foi completamente afetado. Por outro lado, caso ocorra cegueira dos dois olhos, caracteriza-se a lesão corporal 
gravíssima. 
No que concerne às funções, rememore-se que elas dizem respeito a um aparelho ou sistema do corpo 
humano, como é o caso, por exemplo, da função reprodutora que, caso inutilizada pela lesão, fará com que incida 
 
 
 
 
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essa hipótese qualificada. Por outro lado, saliente-se que algumas funções do corpo humano (ex.: função 
respiratória), caso inutilizadas, ensejam a morte da vítima, não respondendo o autor pela lesão corporal 
gravíssima. 
Procedimento de esterilização sexual 
Não há crime na conduta do médico que efetua cirurgia de esterilização sexual (vasectomia, ligadura de 
trompas etc.) com a autorização do paciente, nada obstante a eliminação da função reprodutora. De fato, a Lei 
9.263/1996 regulamentou o art. 226, § 7.º, da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, 
autorizando a cirurgia desde que presentes os requisitos exigidos em lei. 
 
d) Deformidade permanente 
Por deformidade permanente deve-se entender dano estético aparente, considerável, irreparável pela 
própria força da natureza e capaz de causar impressão vexatória (desconforto para quem olha e humilhação para 
quem ostenta). 
Segundo ensina Hungria, a idade, sexo e condição social da vítima podem interferir nessa qualificadora. 
Candidato, e se a deformidade permanente for corrigida por cirurgia estética? Subsiste ou não a 
qualificadora? 
Existem duas posições sobre o assunto: 
Temos doutrina afastando a qualificadora. Porém o STJ, recentemente decidiu em sentido contrário, ou 
seja, a qualificadora da deformidade permanente do crime de lesão corporal não é afastada por posterio cirurgia 
estética reparadora que elimine ou minimize a deformidade da vítima. 
Qualificadora da deformidade permanente e posterior cirurgia plástica reparadora 
A qualificadora “deformidade permanente” do crime de lesão corporal (art. 129, § 2º, IV, do 
CP) não é afastada por posterior cirurgia estética reparadora que elimine ou minimize a 
deformidade na vítima. Isso porque, o fato criminoso é valorado no momento de sua 
consumação, não o afetando providências posteriores, notadamente quando não usuais (pelo 
risco ou pelo custo, como cirurgia plástica ou de tratamentos prolongados, dolorosos ou 
geradores do risco de vida) e promovidas a critério exclusivo da vítima. STJ. 6ª Turma. HC 
306677-RJ, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ-SP), Rel. para 
acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/5/2015 (Info 562). 
 
 
 
 
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Prezado candidato, muita atenção aqui! A grande maioria dos livros defendem a posição contrária ao 
que foi decidido pelo STJ. Assim, muita atenção para o tipo de pergunta que será feita na hora da prova para não 
se lembrar do que leu no livro e errar a questão, especialmente em concursos realizados pela banca examinadora 
CEBRASPE, a qual corriqueiramente exige o conhecimento da Jurisprudência. 
Esquematizando: 
Se a deformidade permanente for corrigida por cirurgia estética? Subsiste ou não a qualificadora? 
SIM, pois a deformidade deixou de existir. Contudo, 
como a vítima não pode ser coagida a enfrentar 
procedimentos cirúrgicos, nem a auxiliar o criminoso, 
subsiste a qualificadora na hipótese em que a 
reparação é possível, mas ela se recusa a realizá-la. 
NÃO, porque a qualificadora deve ser analisada no 
momento do crime, em compasso com a teoria da 
atividade, adotada pelo art. 4.º do Código Penal. O 
Superior Tribunal de Justiça já decidiu nesse 
sentido. 
 
Dessa forma, temos que a realização de cirurgia estética que repare os efeitos da lesão não afasta a 
qualificadora da deformidade permanente, pois o fato criminosa é valorado no momento da sua consumação 
(entendimento da Jurisprudência). 
O que é vitriolagem? é a deformidade permanente pelo emprego de ácidos. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto. 
De acordo com o Artigo 129 do Código Penal Brasileiro, trata-se de lesão corporal de natureza gravíssima: 
 
 
 
 
 
 
A. Aceleração de parto. 
B. Debilidade permanente de membro, sentido ou função. 
C. Deformidade permanente. 
D. Perigo de vida. 
 
Gab. C. 
 
e) Aborto 
Trata-se de mais uma hipótese exclusivamente preterdolosa que qualifica o delito de lesões corporais. O 
agente deve ter atuado dolosamente no que se refere à lesão e culposamente no que concerne ao aborto, sendo 
exigível, ainda, que ele tenha ciência da gravidez da vítima, a fim de evitar a responsabilidade penal objetiva. 
Nesse sentido, Cleber Masson: 
A interrupção da gravidez, com a consequente morte do feto, deve ter sido provocada 
culposamente (crime preterdoloso); se a morte do feto foi proposital, o sujeito deve 
responder por lesão corporal leve (ou grave ou gravíssima), em concurso formal impróprio 
 
 
 
 
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ou imperfeito com aborto sem o consentimento da gestante(CP, art. 125). É obrigatório o 
conhecimento do sujeito acerca da gravidez da vítima, sob pena de responsabilidade penal 
objetiva. 
Trata-se de qualificadora necessariamente preterdolosa. 
Prezado candidato, muita atenção e cuidado para não confundir os tipos penais do art. 127 do Código 
Penal com o art. 129 §2º, V, do Código Penal. 
Vejamos: 
Art. 127, CP 
Aborto majorado pela lesão corporal grave 
Art. 129 §2º, V, CP 
Lesão gravíssima qualificada pelo aborto 
Aborto doloso majorado pela lesão grave na gestante 
culposa. 
Lesão dolosa na gestante qualificada pelo aborto 
culposo. 
Dolo quanto ao aborto. 
Resultado (lesão grave) causado culposamente. 
Dolo quanto à lesão corporal. 
Resultado (aborto) causado culposamente. 
 
Por fim, é imprescindível que o agente saiba ou tenha condições de saber que a vitima é gestante, para 
evitar responsabilidade penal objetiva. 
Coexistência de qualificadoras 
É possível a coexistência de qualificadoras entre o §1º e o §2º, por exemplo, a vítima em razão das lesões 
ficou incapacitada para as ocupações habituais por mais de 30 dias, bem, como apresenta deformidade 
permanente? É possível sim. Exemplo: a vítima em razão da lesão fica incapacitada para as ocupações habituais 
por mais de 30 dias e apresenta deformidade permanente. 
Por fim, para melhor distinção das causas que ensejam lesão grave e gravíssima, vejamos o quadro 
abaixo: 
GRAVE - § 1° GRAVÍSSIMA - § 2° 
 
Incapacidade para as ocupações habituais, por mais 
de trinta dias; 
Perigo de vida; 
Debilidade permanente de membro, sentido ou 
função; 
Aceleração de parto. 
Incapacidade permanente para o trabalho; 
Enfermidade incurável; 
Perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
Deformidade permanente; 
Aborto. 
Pena: Reclusão, de 1 a 5 anos. Pena: Reclusão, de 2 a 8 anos. 
Cabe Suspensão Condicional do Processo Não Cabe Suspensão Condicional do Processo 
 
 
 
 
 
100 
100 
As bancas examinadoras corriqueiramente cobram o conhecimento das hipóteses, fazendo trocadilhos. 
#MuitaAtenção. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2013 - Polícia Federal - Perito Criminal Federal 
- Cargo 10. Tendo em vista que o médico-legista deve descrever, em seu laudo, as lesões que eventualmente 
encontrar, e cuja natureza jurídica pode ser leve, grave e gravíssima, ou, ainda, lesão corporal seguida de morte, em 
conformidade com o art. 129 do Código Penal, julgue o item que se segue. 
A incapacidade para ocupações habituais por mais de trinta dias, a deformidade permanente e a aceleração de parto 
caracterizam lesões corporais de natureza grave 
Gab. ERRADO. Entre as hipóteses mencionadas, temos que a deformidade permanente é lesão corporal gravíssima. 
As demais, tratam-se de lesão grave. 
 
Lesão Corporal seguida de Morte 
Lesão corporal seguida de morte 
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de 
produzí-lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
De acordo com o que estabelece o §3º do art. 129 do Código Penal, haverá o crime de lesão corporal 
seguida de morte na hipótese que, em decorrência das lesões, “se resulta morte e as circunstâncias evidenciam 
que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo”. 
A lesão corporal seguida de morte trata-se de crime exclusivamente preterdoloso, onde reside dolo na 
conduta de lesar e culpa no evento morte. 
Corroborando ao exposto, Cleber Masson16: 
Cuida-se de crime exclusivamente preterdoloso. Não sem razão esse delito é também 
chamado de homicídio preterintencional ou homicídio preterdoloso. Aliás, é o único crime 
 
16 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
101 
101 
autenticamente preterdoloso tipificado pelo Código Penal, pois o legislador foi explícito ao 
exigir dolo no crime antecedente (lesão corporal) e culpa no resultado agravador (“não quis 
o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo”). Com efeito, se presente o dolo eventual 
quanto ao resultado morte, o sujeito deve responder por homicídio doloso. 
 
Elementos do Crimes: 
a) conduta dolosa dirigida à ofensa à incolumidade pessoal da vítima; 
b) resultado morte culposo; 
c) nexo entre a conduta e o resultado. 
 
Candidato, na situação em que o agente dá um empurrão, a vítima cai, bate a cabeça e morre. Qual a tipificação? 
O empurrão é contravenção de vias de fato. Assim, o caso proposto não é de lesão seguida de morte, mas sim vias 
de fato seguida de morte. Nessa situação, o agente responde por homicídio culposo, ficando a contravenção 
absorvida. 
#JÁCAIU esse assunto em prova de concurso do CESPE 
Considere a seguinte situação hipotética. Alex agrediu fisicamente seu desafeto Lúcio, causando-lhe vários 
ferimentos, e, durante a briga, decidiu matá-lo, efetuando um disparo com sua arma de fogo, sem, contudo, acertá-
lo. Nessa situação hipotética, Alex responderá pelos crimes de lesão corporal em concurso material com tentativa 
de homicídio. 
Gab. ERRADO, aplicando-se o princípio da consunção, Alex deverá responder pela tentativa de homicídio, que 
tornou-se o seu dolo final, não consumando-se tão somete por circunstâncias alheias, “contudo, sem acertá-lo”. 
#JÁCAIU esse assunto em prova de concurso do CESPE 
Considere que Antônio, com a intenção de provocar lesões corporais, tenha agredido José com uma barra de ferro, 
sendo comprovado que José veio a falecer em consequência das lesões provocadas pelo agressor. Nesse caso, 
Antônio responderá pelo delito de homicídio, ainda que não tenha desejado a morte de José nem assumido o risco 
de produzi-la. 
Gab. ERRADO, Antônio não tina intenção de causar a morte, mas de lesioná-lo. Nesse caso, deve responder por 
crime de lesão corporal seguida de morte, que tem essência de ser um crime preterdoloso. 
 
 
 
 
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Causa de Redução de Pena 
Diminuição de pena 
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um 
terço. 
 
Trata-se da aplicação do privilégio à lesão corporal dolosa. 
Nos termos do art. 129, § 4.º, do Código Penal, “se o agente comete o crime impelido por motivo de 
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da 
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço”. 
Essa causa de diminuição da pena incide unicamente no tocante às lesões dolosas, qualquer que seja 
sua modalidade: leve, grave, gravíssima ou seguida de morte. Não é cabível na lesão corporal culposa. Extrai-se 
essa conclusão tanto da interpretação topográfica do dispositivo legal – pois o legislador, ao inserir o privilégio 
no § 4.º, deixou claro que o benefício não se aplica ao crime tipificado pelo § 6.º – quanto da própria natureza do 
instituto. Em verdade, é impossível conceber um crime simultaneamente culposo e cometido sob o domínio de 
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da 
vítima. 
 
Lesão corporal dolosa e substituição da pena 
Substituição da pena 
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil 
réis a dois contos de réis: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II - se as lesões são recíprocas. 
Inicialmente, cumpre destacarmos que o benefício da substituição da pena privativa de liberdade por 
multa só tem cabimento na lesão dolosa leve. 
Em conformidade com o art. 129, § 5.º, do Código Penal, o juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda 
substituir a pena de detenção pela de multa em duas situações: 
I – se ocorre qualquerdas hipóteses do parágrafo anterior; (lesão privilegiada) e 
 
 
 
 
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No caso de lesão corporal leve, e uma vez comprovado o privilégio, o magistrado pode optar entre dois 
caminhos a seguir. Pode reduzir a pena de um sexto a um terço (§ 4.º), ou então substituí-la por multa. 
II – se as lesões são recíprocas. 
Lesões recíprocas são as que ocorrem quando duas pessoas injustamente se agridem. O agressor ataca 
a vítima, e é simultaneamente por ela agredido. É o que ocorre, por exemplo, quando dois colegas de trabalho 
começam a lutar após uma leviana discussão. 
Também incide a substituição da pena quando uma pessoa agride outra, e depois, já cessada a agressão, 
ocorre a retorsão. Exemplo: “A” desfere pontapés em “B”. Quando a situação já estava normalizada, inclusive 
com a intervenção de terceiros, “B” dirige-se contra “A” e lhe golpeia com socos. 
A substituição da pena não incide nos §1º, 2º e 3º. A substituição pressupõe: lesão leve privilegiada ou 
lesões recíprocas. 
 
Lesão corporal culposa 
Lesão corporal culposa 
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
Trata-se de tipo penal aberto, pois, ao contrário das lesões corporais dolosas, não há uma descrição 
minuciosa da conduta criminosa. 
Nesse sentido, a lesão culposa nada mais é do que a lesão corporal cometida contra alguém em 
decorrência de um comportamento imprudente, negligente ou imperito. A modalidade de culpa deve ser 
motivadamente descrita na inicial acusatória, sob pena de inépcia. 
A lesão corporal culposa é crime de ação penal pública condicionada à representação da vítima. 
O STF já se posicionou no sentido de que a ação penal é incondicionada, ainda que a seja lesão leve, em 
tendo como vitima a mulher, ou seja, a lesão praticada no âmbito da violência doméstica e familiar. Nesse mesmo 
sentido, a Súmula 542 do STJ. 
A natureza da lesão, isto é, se leve, grave ou gravíssima não interfere no tipo, mas somente na pena (na 
lesão culposa não há distinção). 
Vejamos: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4611.htm#art1
 
 
 
 
104 
104 
 
Lesão Dolosa Lesão Culposa 
Leve – art. 129, caput do CP Leve – art. 129, §6º 
Grave – art. 129 §2º do CP Grave – art. 129, §6º 
Gravíssima – art. 129, §3 do CP Gravíssima – art. 129, §6º 
 
E, ao reverso do que se dá nas lesões corporais dolosas, na lesão culposa não há distinção 
com base na gravidade dos ferimentos. A lesão culposa é única e exclusivamente lesão 
culposa, ou seja, não se fala em lesão culposa “leve”, “grave” ou “gravíssima”. Ainda que 
a vítima tenha restado incapacitada para as ocupações habituais por mais de 30 (trinta) 
dias, ou então tenha resultado aborto, em qualquer caso a lesão será culposa, com pena de 
detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano. 
A lesão culposa, não importa se leve, grave ou gravíssima, é crime de menor potencial ofensivo. 
 
Aumento de Pena 
Aumento de pena 
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste 
Código. 
Dispõe o art. 129, § 7.º, do Código Penal que a pena da lesão corporal culposa é aumentada de 1/3 (um 
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de 
prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão 
em flagrante (CP, art. 121, § 4.º, 1.ª parte). 
Vejamos: 
 
CAUSAS ESPECIAIS DE AUMENTO DE PENA 
Lesão culposa resultante de 
inoberservância de regra técnica 
de profissão, arte ou ofício (CP, 
art. 121, § 4.º, 1.ª parte). 
Lesão culposa em que o agente 
deixa de prestar imediato 
socorro à vítima ou não procura 
diminuir as consequências do seu 
ato (CP, art. 121, § 4.º, 1.ª parte). 
Lesão culposa em que o agente 
foge para evitar prisão em 
flagrante (CP, art. 121, § 4.º, 1.ª 
parte). 
 
Na lesão corporal, o aumento em decorrência da milícia é de 1/3 e não 1/3 até a metade, conforme regra 
esculpida no art. 121, §6º do CP, muita atenção para não confundir as hipóteses. 
. 
 
 
 
 
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105 
Aumento no homicídio Aumento na Lesão 
Art. 121 do CP – o aumento é de 1/3 até a metade da 
pena. 
Art. 121 do CP – aumento é de apenas 1/3. 
 
Perdão Judicial 
Art. 129, § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
 
Art. 121, § 5º - Na hipótese de homicídio culposo (aqui leia-se LESÃO CORPORAL 
CULPOSA), o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração 
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
 
 
O art. 129, § 8.º, do Código Penal determina a incidência do perdão judicial ao crime de lesão corporal 
culposa. 
Os requisitos são os mesmos do homicídio. O juiz pode deixar de aplicar a pena quando as consequências 
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
O crime de lesão corporal só admite perdão judicial, na hipótese desta ser culposa. Não se aplica o perdão 
judicial nas demais figuras, ainda que preterdosas. Só cabe nos casos expressamente previstos em lei (princípio 
da tipicidade). 
 
Lesão no âmbito da violência doméstica e familiar 
 
Até 1990, a violência doméstica era tratada de modo comum, quando então se iniciou no Ordenamento 
Jurídico Brasileiro um procedimento de especialização da violência. 
Nesse contexto, em 1990 surge então o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), legislação 
especial. Em sequência, o advento da Lei 8.072/90, especializando também os crimes hediondos e equiparados. 
Foi nesse espírito de especialização ainda, que surge a Lei nº 8.078/90 (CDC), Lei nº 8.137/90 e depois 
a Lei nº 9.099/95 – especializando as infrações de menor potencial ofensivo. 
 
Fase de Especialização da Violência 
• Lei nº 8.069/90 – especializou a violência contra criança; 
• Lei nº 8.072/90 – especializou os crimes hediondos; 
 
 
 
 
106 
106 
• Lei nº 8.078/90 – especializou c/ o Código de Defesa do Consumidor; 
• Lei nº 8.137/90 – lei dos crimes contra ordem tributária; 
• Lei nº 9.099/95 – especializou a violência de menor potencial ofensivo; 
• Lei nº 9.455/97 – Tortura; 
• Lei nº 9.503/97 – CTB; 
• Lei nº 9.605/98 – Crimes ambientais; 
• Lei nº 10.741/2003; 
• Lei nº 11.340/2006 – Especializou a violência doméstica contra a mulher. 
Todas as referidas leis surgem com espírito de especialização da violência. 
Nesse contexto, evidenciamos que a Lei Maria da Penha foi mais uma legislação que integrou esse 
cenário que passou a prever a especialização das condutas criminosas. 
Nesse cenário, cumpre recordarmos ainda que a Lei n° 11.340/2006 (Lei de Violência Doméstica) 
conhecida como Lei Maria da Penha é uma homenagem à Sra. Maria da Penha Maia Fernandes que, durante anos, 
foi vítima de violências domésticas e lutou bastante para a aprovação deste diploma. 
Trata-se de uma lei multidisciplinar, isto porque do próprio artigo inaugural, o qual expõe suas 
finalidades, deixa nítido que nenhuma das suas finalidades possuem relação direta e imediata com o direito penal. 
Desse modo, temos que a Lei Maria da Penha é uma: Lei extrapenal; Lei Multidisciplinar. 
Não se esqueça! A Lei Maria da Penha não criou crimes e penas, mas sim mecanismos processuais de 
proteção à mulher vítima de violência doméstica e familiar. 
 
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) 
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem 
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadasno § 9o deste artigo, 
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) 
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa 
portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.886.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.886.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44
 
 
 
 
107 
107 
Violência doméstica e familiar no Código Penal 
 
Art. 129, §9º do CP Art. 129, §10º do CP Art. 129, §11 do CP 
Qualificadora da lesão corporal 
dolosa greve 
Causa de aumento para lesão 
corporal grave, gravíssima e 
seguida de morte. Incidência de 
aumento da pena de 1/3 
Trata-se de uma casa de aumento 
para o art. 129, §9º do CP. 
§ 9o Se a lesão for praticada contra 
ascendente, descendente, irmão, 
cônjuge ou companheiro, ou com 
quem conviva ou tenha convivido, 
ou, ainda, prevalecendo-se o 
agente das relações domésticas, de 
coabitação ou de hospitalidade. 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o 
a 3o deste artigo, se as 
circunstâncias são as indicadas no 
§ 9o deste artigo, aumenta-se a 
pena em 1/3 (um terço). 
§ 11. Na hipótese do § 9º deste 
artigo, a pena será AUMENTADA 
de um terço se o crime for 
cometido contra pessoa portadora 
de deficiência. 
Deixa de ser infração de menor 
potencial ofensivo – pena de 3 
meses a 3 anos. 
A lesão grave, com pena de 1 a 5 
anos, deixa de admitir suspensão 
condicional do processo. 
Aumenta-se a pena em 1/3 quando 
a vítima portadora de 
deficiência. 
 
São situações em que caracterizam a lesão corporal no ambiente doméstico e familiar. 
O crime deve ser praticado: 
a) contra ascendente, descendente ou irmão: nessa situação é dispensável a coabitação entre autor e 
vítima. 
b) Contra cônjuge ou companheiro: prevalece incidir a incidência do §9º mesmo na hipótese de 
separação de fato. 
c) Contra pessoa com quem conviva ou tenha convivido: ainda que não tenha relação de parentesco, se 
convive ou tenha convivido, haverá a incidência do §9º. 
De acordo com Nucci, a expressão “com quem conviva ou tenha convivido o agente” deve ser analisada 
em conjunto com as situações anteriores apresentadas, exigindo que o agente e vítima convivam ou tenham 
convivido. 
d) Prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. 
 
Observações finais: 
Obs.1: para caracterizar as qualificadoras do §§9º, 10 e 11, a vítima não precisa ser necessariamente mulher. 
Obs.2: em sendo a vítima mulher, além do código penal, terá na sua proteção a incidência da Lei 11.340/2006. 
Obs.3: Mesmo quando homem, se a vítima for vulnerável, é possível aplicar as medidas protetivas da Lei Maria 
da Penha. 
 
 
 
 
108 
108 
Ação penal 
Para as hipóteses de lesão corporal praticada com violência doméstica ou familiar contra a mulher não 
se aplicam as disposições da Lei dos Juizados Especiais Criminais, pois o art. 41 da Lei 11.340/2006 estabelece 
que “aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena 
prevista, não se aplica a Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995”. Logo, não se aplica art. 88 que prevê que a ação 
penal seria publica condicionada à representação (lesão leve e culposa). 
No caso de lesão corporal praticada no âmbito da violência doméstica contra a mulher, independentemente da 
espécie de lesão (leve, grave ou gravíssima), a ação penal é pública incondicionada. 
Este entendimento encontra-se consolidado na Súmula 542 do Superior Tribunal de Justiça: “A ação 
penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública 
incondicionada”. 
#JÁCAIU esse assunto em prova de concurso do CESPE/2015/ Juiz. 
O crime de lesão corporal praticado por um indivíduo contra seu irmão, no âmbito doméstico, configura apenas o 
crime de lesão corporal simples, dada a inaplicabilidade da Lei Maria da Penha em casos em que a vítima seja do 
sexo masculino. 
Gab. ERRADO, configura o crime de lesão corporal do art. 129, §9º do Código Penal, posto que o referido sujeito, 
embora homem, pode ser vítima da violência doméstica nos moldes do Código Penal, o que diferencia é a incidência 
(ou melhor, não incidência) da Lei 11.340/2006. 
A qualificadora prevista no § 9º do art. 129 do CP aplica-se também às lesões corporais 
cometidas contra HOMEM no âmbito das relações domésticas. STJ. 5ª Turma. RHC 27.622-
RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 7/8/2012. 
Lesão Funcional 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência 
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a 
pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015). 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13142.htm#art2
 
 
 
 
109 
109 
O § 12 do art. 129 do Código Penal foi incluído pela Lei 13.142/2015, com a seguinte redação: “Se a lesão 
for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu 
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de 
um a dois terços”. 
Cuida-se de causa de aumento da pena, a ser utilizada pelo magistrado na terceira e derradeira etapa da 
dosimetria da pena privativa de liberdade, e aplicável exclusivamente à lesão corporal dolosa, em qualquer das suas 
modalidades (leve, grave, gravíssima ou seguida de morte). 
De fato, a majorante vincula-se à motivação do agente. Ele tem o dolo de cometer a lesão corporal contra 
integrante de órgão de segurança pública ou contra cônjuge, companheiro ou parente deste. Portanto, o § 12 do art. 
129 do Código Penal não pode ser aplicado à lesão culposa. 
A causa de aumento prevista no novo § 12 do art. 129 do CP aplica-se para todas as espécies de lesão 
corporal DOLOSA, incluindo: 
• Lesão corporal leve (art. 129, caput); 
• Lesão corporal grave (art. 129, § 1º); 
• Lesão corporal gravíssima (art. 129, § 2º); 
• Lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º). 
Fica de fora, portanto, a lesão corporal culposa (art. 129, § 6º do CP). 
Vejamos as qualificadoras de forma esquematizada: 
 
 
 
 
 
 
 
 
O homicídio será QUALIFICADO 
se tiver sido cometido contra... 
Requisito 1: condição da vítima Requisito 2: relação com a função 
1) autoridade, agente ou integrante 
da(o)(s): 
• Forças Armadas; 
• Polícia Federal; 
• Polícia Rodoviária Federal; 
• Polícia Ferroviária Federal; 
• Polícias Civis; 
• Polícias Militares; 
• Corpos de Bombeiros Militares; 
• Guardas Municipais*; 
• Agentes de segurança viária*; 
• Sistema Prisional 
• Força Nacional de Segurança 
Pública. 
 
 
 
 
 
 
...desde que o homicídio tenha sido 
praticado no exercício das funções 
ao lado listadas ou em decorrência 
dela. 
 
 
 
 
110 
110 
2) cônjuge, companheiro ou 
parente consanguíneo até 3º grau 
de algumas das pessoas acima 
listadas. 
 
 
Sendo a lesão gravíssima ou seguida de morte, o crime passa a ser hediondo, nos moldes do art. 1º, I-A. 
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de 
dezembrode 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: 
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 
3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em 
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição; 
Sugestão de Estudo Complementar: http://www.dizerodireito.com.br/2015/07/comentarios-sobre-lei-
131422015-que.html (principalmente para quem presta provas para Delegado de Polícia). 
 
#JÁCAIU esse assunto em prova de concurso do CESPE 
PC-GO/2016 - Não constitui causa especial de aumento de pena a prática de lesões corporais contra cônjuge ou 
companheiro(a) de policial civil ou militar em razão dessa condição. 
Gab. ERRADO, com o advento da Lei nº 13.142/2015, a referida hipótese constitui-se em causa de aumento de 
pena, nos moldes do art. 129, §12 do Código Penal. Pena aumentada de 1 a 2/3. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.dizerodireito.com.br/2015/07/comentarios-sobre-lei-131422015-que.html
http://www.dizerodireito.com.br/2015/07/comentarios-sobre-lei-131422015-que.html
 
 
 
 
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL 
2. Crimes Contra a Honra 
 
1. Noções Introdutórias 
Inicialmente, cumpre destacarmos que três são os crimes contra a honra definidos no Código Penal: 
calúnia (art. 138), difamação (art. 139) e injúria (art. 140). Cada um desses delitos possui um significado próprio, 
razão pela qual não podem ser confundidos entre si. 
 
Calúnia Difamação Injúria 
Art. 138 - Caluniar alguém, 
imputando-lhe falsamente fato 
definido como crime: 
Pena - detenção, de seis meses a 
dois anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre 
quem, sabendo falsa a imputação, a 
propala ou divulga. 
§ 2º - É punível a calúnia contra os 
mortos. 
 Art. 139 - Difamar alguém, 
imputando-lhe fato ofensivo à sua 
reputação: 
Pena - detenção, de três meses a um 
ano, e multa. 
Parágrafo único - A exceção da 
verdade somente se admite se o 
ofendido é funcionário público e a 
ofensa é relativa ao exercício de 
suas funções. 
Art. 140 - Injuriar alguém, 
ofendendo-lhe a dignidade ou o 
decoro: 
Pena - detenção, de um a seis 
meses, ou multa. 
 
 
 
 
 
Nessa esteira, além de estarem previstos no Código Penal, encontram-se também tipificados por lei 
especiais, tais como o Código Penal Militar (Decreto-lei 1.001/1969), a Lei de Segurança Nacional (Lei 
7.170/1983) e o Código Eleitoral (Lei 4.737/1965). É possível, por esse motivo, concluir que os crimes contra 
a honra arrolados pelo Código Penal têm natureza subsidiária ou residual, ou seja, somente serão aplicados 
quando não se verificar nenhuma das hipóteses excepcionalmente elencadas pela legislação extravagante. Com 
efeito, se o fato cometido no caso concreto ostentar os elementos especializantes contidos na lei especial, ele terá 
preferência sobre a lei geral (princípio da especialidade). 
Conforme ensina Cleber Masson (Código Penal Comentado) a honra é o conjunto das qualidades 
físicas, morais e intelectuais de um ser humano, que o fazem merecedor de respeito no meio social e promovem 
sua autoestima. É um sentimento natural, inerente a todo homem e cuja ofensa produz uma dor psíquica, um 
abalo moral, acompanhados de atos de repulsão ao ofensor. Representa o valor social do indivíduo, pois está 
ligada à sua aceitação ou aversão dentro de um dos círculos sociais em que vive, integrando seu patrimônio. 
Trata-se de patrimônio moral que encontra proteção como direito fundamental do homem no art. 5º, inciso X, da 
Constituição Federal (fundamento constitucional dos crimes contra a honra). 
 
 
 
 
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A honra, pode ser de duas espécies objetiva e subjetiva. Vejamos: 
 
Honra Objetiva Honra Subjetiva 
É a visão que as demais pessoas da coletividade têm 
acerca das qualidades físicas, morais e intelectuais de 
alguém, ou seja, é a reputação de cada indivíduo no 
meio social em que está imerso; em suma, é o 
julgamento que as pessoas fazem de alguém (Cleber 
Masson) 
É o sentimento que cada pessoa possui acerca das suas 
próprias qualidades físicas, morais e intelectuais, o 
juízo que cada um faz de si mesmo (autoestima). 
Subdivide-se em honra-dignidade (conjunto de 
qualidades morais do indivíduo) e honra-decoro 
(conjunto de qualidades físicas e intelectuais).(Cleber 
Masson) 
Protegida pelos tipos peais de calúnia e difamação. 
 
Protegida pelo delito de injúria. 
 
Nos denominados crimes contra a honra, a intenção do agente é prejudicar a vítima de qualquer forma: 
em sua fama, em seu nome, em sua honra. Em termos de crimes contra a honra, o Código Penal reveste-se de 
uma norma geral. Inobstante a regulamentação no CP, conforme destacado já acima, há no Ordenamento Jurídico 
normas penais especiais regulamentando, por exemplo, no Código Penal Militar, no Código Eleitoral (ocasião 
em que os crimes contra a honra são de ação penal pública INCONDICIONADA), no Estatuto do Idoso, no 
Estatuto da Pessoa com Deficiência. 
Código Penal compõe as normas gerais. São normas especiais: 
• CPM; 
• Código Eleitoral; 
• Estatuto do Idoso; 
• Estatuto da Pessoa com Deficiência. 
 
2. Diferença entre Calúnia, Injúria e Difamação 
 
Crime Conduta típica Honra Ofendida 
 
Calúnia 
 
Imputar determinado fato previsto como crime, 
sabidamente falso. 
 
Honra objetiva 
 
Difamação 
 
Imputar determinado fato não criminoso, porém 
desonroso, não importando se verdadeiro ou falso. 
 
Honra objetiva 
 
Injúria 
 
Atribuir qualidade negativa. 
 
Honra subjetiva 
 
 
 
 
 
 
113 
113 
Assim: 
 
 
Art. 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. 
Segundo ensina Cleber Masson, caluniar consiste na atividade de atribuir falsamente a alguém a prática 
de fato definido como crime. 
No tocante ao crime de calúnia, o Código Penal é expresso no senti=do de que deve ser a imputação de 
fato definido como crime. Nesse contexto, indaga-se, se o agente atribui ao sujeito a prática de jogo do bicho, é 
calúnia? Não, drs. Isso porque o jogo do bicho é contravenção penal, e não crime, logo não é calúnia. Nesse caso, 
o crime é difamação (fato determinado não criminoso). 
 
Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. 
A difamação, trata-se de crime que ofende a honra objetiva e, da mesma forma que na calúnia, depende 
da imputação de algum fato a alguém. Esse fato, todavia, não precisa ser criminoso. 
Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade ou o decoro. 
Caracteriza-se o delito de injúria com a simples ofensa à dignidade ou ao decoro da vítima, mediante 
xingamento ou atribuição de qualidade negativa (Cleber Masson). 
 
Candidato, é possível a práica simultânea dos crimes de calúnia, difamação e injúria? 
O STJ entendeu ser possível que se impute, de forma concomitante, a prática dos crimes de calúnia, de 
difamação e de injúria ao agente que divulga, em uma única carta, dizeres aptos a configurar os referidos delitos, 
sobretudo no caso em que os trechos utilizados para caracterizar o crime de calúnia forem diversos dos 
empregados para demonstrar a prática do crime de difamação. A situação não caracteriza ofensa ao princípio que 
proíbe o bis in idem, já que os crimes previstos nos arts. 138, 139 e 140 do CP tutelam. Vejamos o informativo 
557 do STJ. 
 
 
 
 
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Prática de calúnia, difamação e injúria por meio de uma única carta 
É possível que se impute,de forma concomitante, a prática dos crimes de calúnia, de 
difamação e de injúria ao agente que divulga, em uma única carta, dizeres aptos a configurar 
os referidos delitos, sobretudo no caso em que os trechos utilizados para caracterizar o crime 
de calúnia forem diversos dos empregados para demonstrar a prática do crime de difamação. 
Ex: João, síndico do prédio, brigou com Pedro em virtude de desavenças quanto à prestação 
de contas. Pedro escreveu, então, uma carta, distribuída a todos os demais condôminos, na 
qual dizia que João, no mês de 09/2014, desviou R$ 10 mil da conta do condomínio em 
proveito próprio (calúnia); que, no dia da assembleia ocorrida em 22/10/2014, estava tão 
bêbado que não conseguia parar em pé (difamação) e que ele era um gordo, feioso e burro 
(injúria). STJ. 5ª Turma. RHC 41527-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 3/3/2015 (Info 
557). 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
(Ano: 2016. Banca: FUNCAB. Órgão: PC-PA. Prova: Delegado de Polícia Civil). Ao realizar a manutenção da rede 
elétrica na casa de um cliente, o eletricista Servílio inadvertidamente entra em um quarto que pensava ser o banheiro. 
Lá encontra fotos do dono da casa fantasiado de Adolf Hitler, além de um diário. Ao folhear o diário, Servílio 
descobre vários escritos nos quais o dono da casa manifesta seu desprezo por um vizinho, por ele denominado “judeu 
sujo". Servílio, então, leva o fato ao conhecimento do vizinho, que, sentindo-se ofendido, noticia o fato em uma 
delegacia policial. Ouvido o dono da casa, este revela ser simpatizante do nazismo, usando o referido cômodo para 
dar secretamente vazão à sua ideologia. Outrossim, o diário seria uma forma de extravasar suas inquietações sem 
ser descoberto por terceiros. Considerando o caso concreto, é possível afirmar que a conduta do dono da casa: 
a) Configura crime de difamação. 
b) Configura crime de injuria por preconceito. 
c) Configura crime de injuria. 
d) Configura crime previsto em lei especial. 
e) É atípica. 
Gab. E. Os crimes contra a honra exigem dolo específico, sendo que, no caso, o agente não tinha animus injuriandi. 
Analisando o enunciado, fica claro que nunca foi intenção do agente fazer com que a ofensa chegasse ao 
conhecimento do ofendido. Dessa forma, não havendo dolo e inexistindo injúria na modalidade culposa, não há falar 
em crime, a conduta é portanto atípica. 
 
 
 
 
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3. Calúnia 
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. 
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. 
Exceção da verdade 
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença 
irrecorrível; 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 
De início, cumpre observarmos que a pena do crime de calúnia é de seis meses a dois anos. Trata-se 
portanto de infração penal de menor potencial ofensivo, sendo da competência do JECRIM. 
3.1 Sujeitos 
 
Sujeito Ativo: é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. 
Devemos ter atenção com relação aos detentores de inviolabilidades, os quais possuem imunidade 
material – pelas opiniões, palavras e votos. 
A Constituição confere uma tolerância maior com o uso da liberdade de expressão quando proveniente 
de parlamentar no exercício de seu respectivo mandato. Trata-se da imunidade material. Essa imunidade se 
justifica com o objetivo de assegurar um bem maior, qual seja, a própria democracia. Entre um parlamentar 
acuado pelo medo de sofrer um processo criminal e um parlamentar livre para expor as suspeitas que pairam 
sobre outros homens públicos, o caminho trilhado pela Constituição foi o de conferir liberdade ao congressista 
(Márcio André). 
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas 
opiniões, palavras e votos. 
 
 
 
 
 
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Determinados agentes são invioláveis nas suas opiniões e palavras, não praticando crime contra honra, 
se presente o nexo funcional (conexão), por exemplo, os parlamentares. 
Nessa esteira, cumpre destacarmos a imprescindibilidade da conexão das palavras opiniões e votos com 
o exercício da profissão, sob pena de ausente, configurar-se-á um dos delitos contra a honra. Nesse sentido, o 
Info 810 do STF. Vejamos: 
 
Imunidade Material 
A imunidade parlamentar é uma proteção adicional ao direito fundamental de todas as 
pessoas à liberdade de expressão, previsto no art. 5º, IV e IX, da CF/88. Assim, mesmo 
quando desbordem e se enquadrem em tipos penais, as palavras dos congressistas, desde que 
guardem alguma pertinência com suas funções parlamentares, estarão cobertas pela 
imunidade material do art. 53, “caput”, da CF/88. STF. 1ª Turma. Inq 4088/DF e Inq 
4097/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 1º/12/2015 (Info 810). 
 
Corroborando com a premissa da necessidade de conexão entre as palavras e o exercício da profissão, 
vejamos o teor do Informativo 831 do STF. 
 
 
A imunidade parlamentar material (art. 53 da CF/88) protege os Deputados Federais e 
Senadores, qualquer que seja o âmbito espacial (local) em que exerçam a liberdade de 
opinião. 
No entanto, para isso é necessário que as suas declarações tenham conexão (relação) com o 
desempenho da função legislativa ou tenham sido proferidas em razão dela. Para que as 
afirmações feitas pelo parlamentar possam ser consideradas como "relacionadas ao exercício 
do mandato", elas devem ter, ainda de forma mínima, um teor político. 
Exemplos de afirmações relacionadas com o mandato: declarações sobre fatos que estejam 
sendo debatidos pela sociedade; discursos sobre fatos que estão sendo investigados por CPI 
ou pelos órgãos de persecução penal (Polícia, MP); opiniões sobre temas que sejam de 
 
 
 
 
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interesse de setores da sociedade, do eleitorado, de organizações ou grupos representados no 
parlamento etc. 
Palavras e opiniões meramente pessoais, sem relação com o debate democrático de fatos ou 
ideias não possuem vínculo com o exercício das funções de um parlamentar e, portanto, não 
estão protegidos pela imunidade material. 
No caso concreto, as palavras do Deputado Federal dizendo que a parlamentar não merecia 
ser estuprada porque seria muito feia não são declarações que possuem relação com o 
exercício do mandato e, por essa razão, não estão amparadas pela imunidade material. STF. 
1ª Turma. Inq 3932/DF e Pet 5243/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 21/6/2016 (Info 
831). 
Diante do consignado, temos que a imunidade material protege o parlamentar em suas opiniões, palavras 
e votos, desde que relacionadas às suas funções, não abrangendo manifestações desarrazoadas e desprovidas 
de conexão com seus deveres constitucionais (Cleber Masson). 
E o advogado no exercício da profissão? Não tem imunidade quanto ao delito de calúnia (porém, tem 
imunidade na difamação ou na injúria. 
De acordo com o art. 7º, § 2º, da Lei 8.906/1994, “o 983/3065 advogado tem imunidade profissional, 
não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua 
atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que 
cometer”. O Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.127-8, declarou a 
inconstitucionalidade da expressão “ou desacato” constante deste dispositivo legal. A imunidade profissional do 
advogado não se estende ao crime de calúnia (Cleber Masson). 
Sujeito Passivo: qualquer pessoa pode ser vítima. É espécie de crime comum (não exige qualidade 
especial do agente). 
Candidato, os menores de18 anos podem ser vítimas? Sabendo que menor não pratica crime, mas ato 
infracional, é possível a imputação a esse de fato criminoso ao ponto de caracterizar o crie de calúnia por parte 
daquele que o faz? 
1ª Corrente: aduz que sabendo que o menor de 18 anos não prática crime, mas ato infracional, não pode 
ser vítima de calúnia, será vítima de difamação. 
2ª Corrente: argumenta que caluniar é imputar fato definido como crime. O menor de 18 anos pode 
praticar fato definido como crime, denominado de ato infracional. Logo, pode ser vítima de calúnia. 
 
 
 
 
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118 
 
Candidato, pessoa jurídica pode ser vítima de calúnia? De acordo com o STF e STJ, a pessoa jurídica 
não pode ser vítima de calúnia, pois o ente coletivo não prática crime! Entendimento já ultrapassado. 
Segundo Rogério Sanches, essa jurisprudência demanda ser atualizada conforme a Lei nº 9.605 (crimes 
ambientais). STF e STJ entendem que a pessoa jurídica de crime ambientais. Dessa forma, temos que, se essa 
pode ser sujeito ativo de crimes ambientais, pode, consequentemente ser sujeito passivo no crime de calúnia, na 
situação, por exemplo, em que lhe é imputado falsamente a prática de crime ambiental. 
Por fim, apenas relembrando, cumpre recordarmos que recentemente O STF entendeu que é admissível 
a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas 
ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão responsável pela prática criminosa. 1ª Turma. RE 
548181/PR, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (Info 714). Desnecessidade da dupla imputação 
obrigatória. 
Segundo Mirabete, a pessoa jurídica não pode ser vítima de qualquer crime contra a honra, pois o Código 
Penal só protegeria a honra da pessoa física. Não admite pessoa jurídica como vítima de crime contra honra. 
Assim, no tocante a pessoa jurídica, vamos lembrar, pode ser vítima (sujeito passivo) de difamação, 
pois o que se tutela é a honra objetiva (reputação). Não pode ser vítima de injúria, pois o que se tutela na 
injúria é a honra subjetiva (o que a pessoa pensa de si mesma). Em regra, não pode ser vítima de calúnia, 
pois não comete crime, salvo calúnia de crime ambiental. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil. Leia as 
alternativas a seguir e assinale a correta. 
A. A pessoa jurídica só pode ser sujeito passivo em crimes patrimoniais. 
B. A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo em crime de difamação. 
C. A pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo de crime contra a administração pública previsto no Código 
Penal. 
D. Os inimputáveis não podem ser vítimas de crimes contra a honra. 
E. O inimputável por embriaguez proveniente de caso fortuito não pode figurar como sujeito passivo. 
Gab. B. 
 
 
 
 
 
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Candidato, o morto pode ser vítima do crime de calúnia? No referido delito, quem figura como vítima 
é a família do morto. O morto não é mais sujeito de direitos, tendo extinguido com a sua morte. Corroborando ao 
exposto, ensina Cleber Masson: 
A lei tutela a honra das pessoas mortas relativamente à memória da boa reputação, bem 
como o interesse dos familiares em preservar a dignidade do falecido. Vítimas do crime são 
o cônjuge e os familiares do morto, pois este último não tem mais direitos a serem 
penalmente protegidos. (#Calúnia contra mortos). 
 
Candidato, autocalúnia é crime? Pode caracterizar o delito do art. 341 do Código Penal. Vejamos: 
Auto-acusação falsa 
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 
 
3.2 Conduta 
O crime de calúnia tipifica a conduta de imputar determinado fato previsto como crime, sabidamente 
falso. Trata-se de delito de execução livre: pode ser praticado de várias formas, palavras, gestos, escritos. 
Segundo Cleber Masson, a conduta consiste em atribuir a alguém a prática de determinado fato definido 
como crime. Esse fato, entretanto, deve ser previsto em lei como criminoso. A imputação falsa de contravenção 
penal atinge a honra, configurando crime de difamação, mas não calúnia. 
Temos o crime de calúnia quando: 
• O fato imputado jamais ocorreu: a falsidade recai sobre o fato. 
• Quando real o fato, não foi a pessoa apontada seu autor: a falsidade recai sobre a autoria do fato. O 
fato aconteceu, porém não foi aquela pessoa X. 
 
Elemento normativo do tipo “falsamente” 
Conforme explica o prof. Cleber Masson, deve ser falsa a imputação do fato definido como crime. 
Por óbvio, não há calúnia quando se atribui a determinada pessoa um delito que ela realmente cometeu. A 
finalidade do Código Penal é proteger a honra das pessoas de bem, e não acobertar criminosos. 
Essa falsidade pode recair: 
 
 
 
 
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• sobre o fato: o crime atribuído à vítima não ocorreu; ou 
• sobre o envolvimento no fato: o crime foi praticado, mas a vítima não tem nenhum tipo de 
responsabilidade em relação a ele. 
Formas de Calúnia17 
Inequívoca ou explicíta Equívoca ou implícita Reflexa 
A ofensa é direta, manifesta. Não 
deixa dúvida nenhuma acerca da 
vontade do sujeito de atacar a 
honra alheia. Exemplo: “A” 
ingressou ontem na casa de “B”, no 
período noturno, e, ameaçando-a 
de morte, estuprou-a. 
A ofensa é velada, discreta. O 
sujeito, sub-repticiamente, passa o 
recado no sentido de que a vítima 
teria praticado um delito. Exemplo: 
Em uma conversa em que falavam 
sobre a fortuna de “A”, que fora 
Prefeito, “B” diz que também seria 
rico se tivesse se apropriado 
durante anos de verbas públicas. 
O sujeito, desejando caluniar uma 
pessoa, acaba na descrição do fato 
atribuindo falsamente a prática de 
um crime também a pessoa diversa. 
Exemplo: “A”, policial militar, 
recebeu de “B” elevada quantia em 
dinheiro para não prendê-lo em 
flagrante. Atribuiu ao funcionário 
público o crime de corrupção 
passiva (CP, art. 317), e o delito de 
corrupção ativa (CP, art. 333), ao 
particular. 
 
3.3 Figura equiparada 
 
Segundo o Professor Cleber Masson, verifica-se essa espécie de calúnia quando alguém, depois de 
tomar conhecimento da imputação falsa de um crime à vítima, leva adiante a ofensa, transmitindo-a a outras 
pessoas. Propalar é relatar verbalmente, enquanto divulgar consiste em relatar por qualquer outro meio 
(exemplos: panfletos, outdoors, gestos etc.). 
Art. 138, §1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou a divulga. 
 
Propalar é relatar verbalmente, enquanto divulgar consiste em relatar por qualquer outro meio 
(exemplos: panfletos, outdoors, gestos etc.). A propalação e a divulgação são condutas do sujeito, e não resultado 
do crime. Essa modalidade do crime de calúnia é incompatível com o dolo eventual. A lei é clara nesse sentido 
ao estatuir a expressão “sabendo falsa a imputação”, indicativa de conhecimento efetivo da falsidade da 
imputação (dolo direto). Também não admite tentativa, pois ou sujeito relata o que ouviu, e o crime estará 
consumado, ou não conta, e inexiste crime. Essa é a posição dominante. Entendemos, contudo, ser admissível o 
 
17 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
121 
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conatus na conduta de “divulgar” (exemplo: o agente coloca um cartaz em uma árvore, mas, antes de ser lido por 
outras pessoas, um raio o destrói). 
A imputação falsa de crime propalada ou divulgada para um só indivíduo caracteriza o delito. A lei não 
condiciona a tipicidade da conduta ao relato a diversas pessoas. Além disso, uma única pessoa já é capaz de 
transmitir a informação falsa a diversas outras. 
Vejamos: 
 Art. 138, caput, do CP Art. 138, §1º do CP 
Cria a calúnia O agente DIVULGA a calúnia que foi criada por 
outrem. 
Dolo direto e dolo eventual.Não abrange dolo eventual. Só dolo direto. 
 
3.4 Voluntariedade 
 
Para a prática do crime de calúnia é indispensável a vontade de ofender a honra objetiva da vítima, dolo. 
Assim, se o agente atua com a intenção de brincar (animus jocandi), aconselhar (animus consulendi), narrar fato 
como testemunha (animus narrandi), intenção de criticar (animus criticandi) ou defender (animus defendendi), 
não há crime por ausência de dolo. 
O art. 138, §1º não admite a modalidade de dolo eventual. 
 
3.5 Consumação 
 
Crimes que violam a honra objetiva, a consumação depende do que foi dito chegue ao conhecimento de 
terceiros. Já os crimes que violam honra subjetiva, a consumação depende de que o que fora dito chegue ao 
conhecimento da própria vítima. 
Corroborando ao exposto, Cleber Masson18: 
O crime de calúnia ofende a honra objetiva. Consuma-se, portanto, quando a imputação 
falsa de crime chega ao conhecimento de terceira pessoa, sendo irrelevante se a vítima 
tomou ou não ciência do fato. Não é necessário que um número indeterminado ou elevado 
 
18 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
122 
122 
de pessoas tome conhecimento do fato, sendo suficiente que uma única pessoa saiba da 
atribuição falsa. 
Assim: 
• O crime de calúnia ofende a honra objetiva. Logo, consumação ocorre no momento em que terceiro 
toma conhecimento da imputação falsa. 
• Tentativa é admitida na forma escrita (pois na forma escrita é crime plurissubsistente: a execução na 
forma escrita pode ser fracionada em vários atos). 
• Trata-se de CRIME FORMAL sendo dispensável o efetivo dano a reputação da vítima. 
 
3.6 Calúnia contra os mortos 
 
Art. 138, §2º É punível a calúnia contra os mortos. 
 
É punível a calúnia contra os mortos (CP, art. 138, § 2.º). 
Somente se admite a calúnia contra os mortos por expressa previsão legal. A imputação que caracteriza 
o crime, obviamente, deve referir-se a fato correspondente ao período em que o ofendido estava vivo. Não há 
regra semelhante no tocante aos demais crimes contra a honra. 
A lei tutela a honra das pessoas mortas relativamente à memória da boa reputação, bem como o interesse 
dos familiares em preservar a dignidade do falecido. Vítimas do crime são o cônjuge e os familiares do morto, 
pois este último não tem mais direitos a serem penalmente protegidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.7 Exceção da Verdade 
 
A descrição típica da calúnia reclama a imputação falsa de fato definido como crime. Portanto, somente 
há calúnia quando a imputação é falsa (elemento normativo do tipo). Se a imputação é verdadeira, o fato é atípico. 
Dessa forma, questiona-se: pode o réu fazer prova da verdade do fato que imputou? Sim, admite-se através da 
exceção da verdade (meios de defesa). 
Conforme ensina Cleber Masson, a exceção da verdade constitui-se em instrumento adequado para 
viabilizar aquele a quem se atribui a responsabilidade pela calúnia a prova da veracidade do fato criminoso por 
ele imputado a outrem, e se fundamenta no interesse público em apurar a efetiva responsabilidade pelo crime 
para posteriormente punir seu autor, coautor ou partícipe. 
 
 
 
 
123 
123 
Corroborando, Rogério Sanches declina que é forma de defesa indireta, através da qual o acusado 
pretende provar a veracidade do que alegou. Assim, a procedência da exceção da verdade gera absolvição por 
atipicidade. 
Se o réu (querelado) conseguir comprovar a verdade do fato que imputou, estamos diante de um 
indiferente penal. Lembrando que a falsidade é elementar do tipo, de modo que, desaparecendo a elementar, ou 
seja, que o fato imputado não é falso, o réu deve ser absolvido por atipicidade. 
 
Exceção da “exceção da verdade” 
A regra é a admissibilidade da exceção da verdade. Entretanto, a exceção da verdade não poderá ser 
utilizada em três situações expressamente previstas pelo § 3º do art. 138 do Código Penal, a saber: 
I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença 
irrecorrível; 
II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no n. I do art. 141; e 
III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 
Esse rol é taxativo e não pode ser ampliado pelo intérprete da lei. 
 
Exceção da verdade 
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, SALVO (não se admite): 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença 
irrecorrível; 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141 (presidente da república ou chefe 
de governo estrangeiro); 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 
 
a. Se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por 
sentença irrecorrível 
 
Nos crimes de ação penal privada somente a vítima (ou seu representante legal, dependendo do caso) 
pode iniciar o processo penal, mediante o ajuizamento de queixa-crime. Orientou-se o legislador pelo critério do 
 
 
 
 
124 
124 
strepitus fori (escândalo do foro), pois nessas hipóteses a publicidade da ação penal pode ser mais prejudicial ao 
ofendido do que suportar a impunidade do delito contra ele cometido. A decisão sobre exercitar ou não a 
persecução penal, portanto, pertence única e exclusivamente à vítima. 
Destarte, a utilização da exceção da verdade para provar a veracidade da imputação, quando a vítima do 
crime imputado não desejou processar seu responsável, importaria em nítida violação da sua vontade, tornando 
público um assunto que ela preferiu manter em segredo. Esse é o fundamento da vedação desse meio de prova. 
Exemplo: André contou para terceiros que Marcos teria praticado o crime de exercício arbitrário das 
próprias razões contra Diego. Nessa situação, pode André fazer prova da verdade do exercício arbitrário das 
próprias razões que, em tese, vitimou Diego? Inicialmente, cumpre destacar que trata-se de crime de ação penal 
privada (exercício arbitrário das próprias razões). Assim, não é possível e a justificativa da razão de impedir a 
prova da verdade consiste em não admitir que terceiro prove a verdade de um crime do qual a própria vítima 
preferiu o silêncio (evitando o strepitus judicii). 
Rogério Greco defende a inconstitucionalidade dessa vedação ao uso da prova da verdade, pois violaria 
o princípio da ampla defesa e presunção de inocência. O acusado injustamente de calúnia ficaria ceifado do 
direito de provar a atipicidade de sua conduta. 
Se não bastasse, ainda que o ofendido tenha inaugurado a ação penal privada, considera-se o réu inocente 
até o trânsito em julgado da condenação (CF, art. 5.º, inc. LVII), razão pela qual também se proíbe a exceção da 
verdade. É o que dispõe a parte final da regra em análise: “o ofendido não foi condenado por sentença 
irrecorrível”. 
 
b. Se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141 (presidente da 
república ou chefe de governo estrangeiro) 
 
Por razões de políticas, não é possível provar a verdade do fato que foi imputado ao presidente da 
República, impedindo-se assim a exceção da verdade. No caso de calúnia contra chefe de Governo estrangeiro, a 
proibição está fundamentada em motivos diplomáticos. 
 
c. Se o crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença 
irrecorrível. 
 
 
 
 
 
125 
125 
Na hipótese de o Poder Judiciário, depois de cumprido o devido processo legal, já decidiu pela 
improcedência da acusação, recaindo sobre essa sentença a autoridade e a eficácia da coisa julgada, não pode o 
responsável pela calúnia querer provar, em um incidente processual, que o ofendido pela calúnia deveria ter sido 
punido pelo crime a ele imputado. 
Exemplo: André imputou a Marcosa autoria de um crime de roubo. Marcos, porém, já foi absolvido 
definitivamente pelo crime imputado. Nessa situação, Marcos, sentindo-se caluniado, ajuízo queixa crime contra 
André. Pode André fazer prova da verdade do roubo, em tese, praticado por Marcos? 
Uma vez proclamada a absolvição de Marcos, deve ser reconhecida a autoridade da coisa julgada, 
presumindo-se absolutamente a falsidade da imputação. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2009 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC-DF Prova: FUNIVERSA - 2009 - PC-DF - Agente de Polícia. 
Relativamente aos crimes contra a pessoa, o Código Penal dispõe de um capítulo específico sobre os crimes contra 
a honra, cujos tipos penais previstos são a calúnia, a difamação e a injúria. A respeito desse tema, assinale a 
alternativa correta. 
A. No crime de difamação, exige-se que o agente tenha consciência da falsidade da imputação. 
B. A exceção da verdade, na injúria, somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao 
exercício de suas funções. 
C. A calúnia protege a honra subjetiva, enquanto a difamação e a injúria protegem a honra objetiva. 
D. Não constituem calúnia, difamação ou injúria a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou 
por seu procurador. 
E. Na calúnia, não se admite a exceção da verdade se, do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi 
absolvido por sentença irrecorrível. 
Gab. E. 
 
Vejamos de forma esquematizada: 
Exceção da Verdade 
 
 
 
Calúnia 
Regra 
 
Admissibilidade 
 
 
Exceções 
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo (não se admite): 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não 
foi condenado por sentença irrecorrível; 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido 
por sentença irrecorrível. 
 
 
 
 
126 
126 
Exceção de Notoriedade (art. 523, CPP) 
CPP, Art. 523. Quando for oferecida a exceção da verdade ou da notoriedade do fato 
imputado, o querelante poderá contestar a exceção no prazo de dois dias, podendo ser 
inquiridas as testemunhas arroladas na queixa, ou outras indicadas naquele prazo, em 
substituição às primeiras, ou para completar o máximo legal. 
 
Segundo Rogério Sanches, aqui, busca-se provar que o fato, verdadeiro ou falso, é público e notório. A 
procedência dessa exceção gera absolvição por crime impossível (atipicidade). Não é possível macular a honra 
que já está notoriamente maculada. 
Vejamos: 
Exceção da Verdade Exceção de Notoriedade 
Finalidade: provar a veracidade da imputação. Finalidade: provar que o fato é de domínio público. 
Procedência da ação: o fato é atípico. Procedência da ação: crime impossível. 
Quais crimes contra honra admitem a exceção da verdade? 
Exceção da Verdade 
 
 
 
Calúnia 
Regra 
 
Admissibilidade 
 
 
Exceções 
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo (não se admite): 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não 
foi condenado por sentença irrecorrível; 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido 
por sentença irrecorrível. 
 
 
Difamação 
Regra Não admite 
Exceções Só será admitida se o ofendido é funcionário públio e a ofensa é relativa ao 
exercício de suas funções. 
 
Injuría NÃO admite exceção da verdade por imcompatibilidade. 
 
3.8 Calúnia Versus Denunciação Caluniosa 
 
 
 
 
 
127 
127 
O prof. Cleber Masson 19 aponta as principais diferenças entre os crimes (calúnia e denunciação 
caluniosa). 
Na calúnia o sujeito se limita a imputar a alguém, falsamente e perante terceira pessoa, a prática de um 
fato definido como crime. Na denunciação caluniosa (CP, art. 339), ele vai mais longe. Não apenas atribui à 
vítima, falsamente, a prática de um delito. Leva essa imputação ao conhecimento da autoridade pública, 
movimentando a máquina estatal mediante a instauração de investigação policial, de processo judicial, 
instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém 
que sabe inocente. 
A calúnia é crime contra a honra, e em regra se processa por ação penal privada (CP, art. 145, caput), 
enquanto a denunciação caluniosa é crime contra a Administração da Justiça e de ação penal pública 
incondicionada. 
Finalmente, não se admite calúnia com a imputação falsa de contravenção penal, ao contrário do que 
ocorre na denunciação caluniosa, circunstância que importa na diminuição da pena pela metade (CP, art. 339, § 
2.º). 
Vejamos as diferenças entre os crimes de denunciação caluniosa e calúnia de forma esquematiza. 
 
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA CALÚNIA 
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação 
policial, de processo judicial, instauração de 
investigação administrativa, inquérito civil ou ação 
de improbidade administrativa contra alguém, 
imputando-lhe crime de que o sabe inocente: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe 
falsamente fato definido como crime: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
Crime contra administração da Justiça Crime contra a honra 
Abrange crime ou contravenção penal Abrange apenas crime 
Atingi a honra e movimenta o Estado Atingi a honra apenas 
NÃO admite exceção da verdade Admite exceção da verdade 
FINALIDADE: Dar causa a instauração de 
procedimento oficial, caluniando alguém. Nesse tipo, 
a calúnia é meio para praticar o crime. 
FINALIDADE: Ofender a honra objetiva 
 
A denunciação caluniosa é crime contra a administração da justiça, ao passo que a calúnia é crime 
contra a honra. Ademais, a denunciação caluniosa abrange crime ou contravenção penal (sendo que esta implica 
na redução da pena pela metade), enquanto que a calúnia somente inclui crime. 
 
19 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
128 
128 
Na denunciação caluniosa o agente além de atingir a honra, tem a intenção de movimentar a máquina 
judiciária, ao passo que na calúnia a intenção do agente é só atingir a honra da vítima; 
A denunciação caluniosa não admite a exceção da verdade, ao passo que a calúnia, em regra geral, 
admite a exceção da verdade, SALVO nas exceções dos arts. 138, §3º, CP, como, quando o ofendido for 
Presidente da República ou Chefe de Governo Estrangeiro. 
A denunciação caluniosa pode ser praticada por qualquer pessoa, inclusive, pelo promotor, juiz, 
policial, etc. O advogado pode praticar denunciação caluniosa, como qualquer pessoa. Assim, para se proteger 
pega uma procuração com poderes específicos. 
Dessa forma, sobre o tipo penal da denunciação caluniosa: 
• Tipo objetivo – dar causa, provocar, originar, iniciar, causar, etc. 
• Instauração de investigação policial (não necessariamente precisa ser inquérito, pois qualquer tipo de 
investigação policial, pode dar ensejo ao crime. 
• Processo judicial – pode ser processo penal, civil, trabalhista, etc. 
• Investigação Administrativa – sindicância, processo administrativo. 
• Inquérito civil, ação de improbidade administrativa. 
O crime é de forma livre, ou seja, pode ser praticado de qualquer maneira, verbal, por escrito. 
Utilizando-se de anonimato ou de nome suposto a pena é aumentada de 1/6. 
***Contra alguém – a denunciação caluniosa tem que ter um sujeito determinado, caso contrário, 
configura o crime do artigo 340 do Código Penal, que se chama de comunicação falsa de crime ou de contravenção. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil. Aquele 
que der causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauraçãode investigação 
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que 
o sabe inocente, comete o crime de: 
A. denunciação caluniosa. 
B. falso testemunho. 
C. injúria. 
D. comunicação falsa de crime. 
E. difamação. 
 
 
 
 
129 
129 
Gab. A. 
 
4. Difamação 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Exceção da verdade 
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é 
relativa ao exercício de suas funções. 
O cime de difamação possui pena de três meses a um ano, e multa. Trata-se de infração penal de menor 
potencial ofensivo (pena de três meses a um ano), sendo a competência do JECRIM. 
 O tipo penal em estudo protege a honra objetiva. 
No crime de difamação o advogado tem imunidade profissional (art. 7º, §2º do Estatuto da OAB), 
diferentemente da calúnia. 
Art. 7º. § 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou 
desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em 
juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos 
que cometer. 
 
4.1 Conduta 
 
Difamar nas liçõees do mestre Masson, é imputar a alguém um fato ofensivo à sua reputação. Consiste, 
pois, em desacreditar publicamente uma pessoa, maculando os atributos que a tornam merecedora de respeito no 
convívio social. E, na linha da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a ocorrência do delito de difamação 
“dá-se a partir da imputação deliberada de fato ofensivo à reputação da vítima, não sendo suficiente a descrição 
de situações meramente inconvenientes ou negativas”. 
Veja-se que, ao contrário do que ocorre na calúnia, não existe o elemento normativo do tipo 
“falsamente”. Portanto, subsiste o crime de difamação ainda que seja verdadeira a imputação (salvo quando o 
ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções), desde que dirigida a ofender a 
honra alheia. 
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=1127&processo=1127
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=1127&processo=1127
 
 
 
 
130 
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Buscou o legislador deixar nítido que as pessoas não devem fazer comentários desairosos sobre a vida 
alheia. 
O crime de difamação, assim como a calúnia, atinge a honra objetiva da pessoa (o crime consuma-se 
quando a imputação chega ao conhecimento de terceira pessoa). 
A imputação deve versar sobre fato (verdadeiro ou falso) ofensivo à reputação. Se versar sobre fato 
definido como contravenção penal, haverá difamação, isso porque observando-se a estrita legalidade, só haverá 
crime de calúnia se a imputação for de crime (exclui-se a contravenção, a qual poderá caracterizar o crime de 
difamação). 
Dessa forma, temos que a conduta criminosa é ATRIBUIR DEFETERMINADO FATO NÃO 
CRIMINOSO. Trata-se de crime de execução livre. 
Nessa linha, corroborando ao exposto, explica Cleber Masson20: 
Trata-se de crime que ofende a honra objetiva e, da mesma forma que na calúnia, depende 
da imputação de algum fato a alguém. Esse fato, todavia, não precisa ser criminoso. Basta 
tenha capacidade para macular a reputação da vítima, isto é, o bom conceito que ela 
desfruta na coletividade, pouco importando se verdadeiro ou falso. A imputação de fato 
definido como contravenção penal tipifica o crime de difamação, pois a calúnia depende da 
imputação falsa de crime. 
 
Imputar fato determinado definido como contravenção penal configura DIFAMAÇÃO e não calúnia. 
Na calúnia, o fato determinado deve ser crime. 
 
4.2 Sujeitos 
Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
Obs.: O advogado tem imunidade profissional. 
Sujeito Passivo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. 
 
20 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
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Indaga-se, pessoa jurídica pode ser sujeito passivo do crime de difamação? Conforme entendimento do 
STF e do STJ, pessoa jurídica pode ser vítima de difamação, pois tem honra objetiva perante a sociedade a ser 
preservada. 
O professor Mirabete, por sua vez, aduz que pessoa jurídica não poderia ser vítima de qualquer crime 
contra a honra, pois o Código Penal só protegeria a honra da pessoa física. 
 
4.3 Existe uma Figura equiparada? 
Qual crime pratica o agente que cria a difamação? E o agente que propala a difamação criada por outrem? 
 
Calúnia Difamação 
Quem crime: art. 138, caput, do Código Penal Quem crime: art. 139, do Código Penal 
Quem propala? Art. 138, §1º do Código Penal Quem propala? Entende a doutrina que responde 
também pelo artigo 139 do Código Penal, pois, 
propalar não deixa de ser forma de difamar. 
 
4.4 Voluntariedade 
O crime de difamação é punido à título de dolo, sendo imprescindível a intenção do agente em ofender 
a honra objetiva. Assim, se o agente atua com intenção de brincar, de aconselhar, narrar fato como testemunha 
ou defender-se, não há crime por ausência de dolo. 
 
4.5 Consumação e Tentativa 
 
O crime se consuma quando terceira pessoa toma conhecimento da ofensa dirigida à vítima. Segundo 
ensina Rogério Sanches, o crime ofende a honra objetiva, em assim sendo, consuma-se no momento em que 
terceiro toma conhecimento da imputação desonrosa. 
A tentativa pode ou não pode ser admitida, dependendo do meio de execução do crime (delito 
unissubsistente – exemplo: ofensa oral, ou plurissubsistente – exemplo: difamação por escrito, como na carta 
ofensiva que se extravia). 
Trata-se de crime FORMAL, sendo dispensável o efeito dano a reputação da vítima. 
Tentativa é admitida na forma escrita. 
 
 
 
 
132 
132 
Corroborando ao exposto, preleciona Cleber Masson 21: 
A difamação atinge a honra objetiva. Consuma-se, portanto, quando terceira pessoa toma 
conhecimento da ofensa dirigida à vítima. 
A tentativa pode ou não pode ser admitida, dependendo do meio de execução do crime. A 
difamação verbal é incompatível com a tentativa. Em razão de seu caráter unissubsistente, 
ou o agente atribui à vítima a prática de um fato ofensivo à sua reputação, e o crime estará 
consumado, ou não o faz, e o fato é atípico. Na forma escrita, contudo, é possível o conatus. 
Exemplo: bilhete contendo imputação ofensiva à honra alheia que se extravia. 
 
4.6 Exceção da verdade 
Candidato, é possível exceção da verdade na Difamação? 
No crime de calúnia é imprescindível que o fato seja sabidamente falso, porém, na difamação o fato 
imputado pode ser verdadeiro ou falso. Assim, em regra não se admite a exceção da verdade no crime de 
difamação, pois pouco importa se a falsidade da imputação não funciona como elementar típica. 
Excepcionalmente, entretanto, o legislador autoriza nos casos em que o ofendido é funcionário público e a 
ofensa é relativa ao exercício de suas funções (Cleber Masson). 
Vejamos o que prevê a legislação: 
Exceção da verdade 
Art. 139. Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a 
ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 
 
Diante do exposto, contemplamos que somente se admite a exceção da verdade no crime de 
difamação no caso de funcionário público e a ofensa tenha pertinência com o exercício da função. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-SC Prova: CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto. Com relação a crimes 
contra a honra, assinale a opção correta. 
A. O crime de calúnia se consuma no momento em que o ofendido toma conhecimento da imputação falsa contra si. 
 
21 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
133 
133 
B. Calúnia contra indivíduo falecido não se enquadra como crime contra a honra. 
C. A exceção da verdade é admitida em caso de delito de difamação contra funcionário público no exercício de suas 
funções. 
D. A retratação cabal do agente da calúnia ou da difamação após o recebimento da ação penal é causa de diminuição 
de pena. 
E. O delito de injúria racial se processa mediante ação penal pública incondicionada. 
Gab. C. A exceção da verdade, é admitida de forma excepcional no crime de difamação se o ofendido é funcionário 
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil. Tendo em 
conta os artigos 138 a 145 do Código Penal, que tratam dos crimes contra a honra, assinale a alternativa correta. 
A. Nos crimes de calunia e difamação, procede-se mediante queixa. Já no crime de injúria, em qualquer de suas 
modalidades, procede-se mediante representação do ofendido. 
B. No crime de calúnia, praticado em detrimento de chefe de governo estrangeiro, admite-se exceção da verdade. 
C. No crime de difamação, praticado em detrimento de funcionário público, admite-se a exceção da verdade, desde 
que a ofensa seja relativa ao exercício de suas funções. 
D. A retratação da ofensa, que isenta o querelado de pena, desde que feita antes da sentença, aplica-se aos crimes de 
calúnia, difamação e injúria. 
E. Não constituem injúria ou difamação punível a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por 
seu procurador, estendendo a exclusão do crime a quem der publicidade à ofensa. 
Gab. C. 
 
Obs.: Prova para Magistratura e para Escrivão (cargos com grau de dificuldade diferentes) exigindo do candidato o 
conhecimento da mesma informação. Questão com fundamento na Lei Seca. #Atenção. Foi cobrado também na 
prova de Delegado. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
(Ano: 2018. Banca: NUCEPE. Órgão: PC-PI. Prova: Delegado de Polícia Civil). No que diz respeito aos crimes 
contra a honra, marque a alternativa INCORRETA. 
a) Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime, sendo também punível a calúnia contra os 
mortos. 
b) É crime difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. Em relação ao crime de difamação não 
cabe exceção da verdade. 
 
 
 
 
134 
134 
c) O autor da calúnia pode interpor a exceção da verdade, mas esta não será aceita, caso em algumas situações, entre 
elas se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível. 
d) É crime injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, mas o legislador pátrio entendeu que o juiz pode 
deixar de aplicar a pena, quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria ou no caso de 
retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
e) Caso o crime contra a honra tenha como vítima um funcionário público, em razão de suas funções, a pena será 
aumentada. 
Gab. B. 
 
Qual a consequência da procedência da exceção da verdade no crime de difamação? 
 
Calúnia Difamação 
A falsidade da imputação é elementar do tipo. A falsidade da imputação não é elementar do tipo. 
Procedência: gera atipicidade. Procedência: gera absolvição por ausência de ilicitude 
do comportamento, forma especial de exercício 
regular de direito. 
 
 
Embora não se admita a exceção da verdade, é possível na difamação a exceção de notoriedade, art. 523 
do CPP 22. 
Nesse sentido, Cleber Masson: 
O art. 523 do Código de Processo Penal, dispondo sobre o processo e julgamento dos crimes 
de calúnia e injúria, de competência do juiz singular, fala em “exceção de notoriedade”. Esse 
dispositivo, na prática, é utilizado principalmente para o crime de difamação, pois não 
haveria motivos legítimos para permitir a exceção da notoriedade do fato imputado à calúnia 
e à injúria, e negá-lo para remanescente delito contra a honra. 
 
5. Injúria 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
 
22 Art. 523. Quando for oferecida a exceção da verdade ou da notoriedade do fato imputado, o querelante poderá contestar a exceção 
no prazo de dois dias, podendo ser inquiridas as testemunhas arroladas na queixa, ou outras indicadas naquele prazo, em substituição às 
primeiras, ou para completar o máximo legal. 
 
 
 
 
135 
135 
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; 
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se 
considerem aviltantes: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a 
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 
Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo (de um a seis meses ou multa), sendo a 
competência do JECRIM. 
O crime de injúria caracteriza-se o delito com a simples ofensa à dignidade ou ao decoro 
da vítima, mediante xingamento ou atribuição de qualidade negativa. Diferentemente do 
crime de calúnia e difamação, a injúria tutela a honra subjetiva, e tem como objetivo 
material a pessoa cuja honra subjetiva é atacada pela conduta criminosa (Cleber Masson). 
 
5.1 Estrutura do tipo penal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INJÚRIA 
Simples (caput) Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade 
ou o decoro: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Perdão judicial (§1º) § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou 
diretamente a injúria; 
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra 
injúria. 
Real (§2º) § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, 
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se 
considerem aviltantes: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além 
da pena correspondente à violência. 
Qualificada ou racial 
(§3º) 
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos 
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a 
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: 
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 
Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art140%C2%A73
 
 
 
 
136 
136 
5.2 Conduta 
 
Conforme Rogério Sanches, o verbo típico é injuriar, isto é, ofender (insultar), por ação (palavras 
ofensivas) ou omissão (ignorar cumprimento), pessoa determinada, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. 
Ao contrário da calúnia e da difamação, não há, em regra, imputação de fatos, mas emissão de conceitos negativos 
sobre a vítima (fatos vagos, genéricos, difusos também configuram injúria). Quanto ao modo de execução, aplica-
se o que estudado nos delitos anteriores (palavras, gestos, escritos etc.). (Manual de Direito Penal Parte Especial, 
2019). 
Noutra banda, conceitua Cleber Masson: 
Injuriar equivale a ofender, insultar ou falar mal, de modo a abalar o conceito que a vítima 
tem de si própria. Basta a atribuição de qualidade negativa, prescindindo-se da imputação de 
fato determinado. Para o Supremo Tribunal Federal: “A difamação pressupõe atribuir a 
outrem fato determinado ofensivo à reputação. Na injúria, tem-se veiculação capaz de, sem 
especificidade maior, implicar ofensa à dignidade ou ao decoro” 
Conduta: atribuir qualidade negativa. 
Art. 138 do CP Art. 139 do CP Art. 140 do CP 
Imputação de DETERMINADO 
FATO previsto como CRIME 
Imputação de DETERMINADO 
FATOdesonroso. 
Atribuir QUALDIADE 
NEGATIVA 
 
5.3 Sujeitos 
 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. Devemos ter atenção em relação aos detentores 
de imunidade absoluta. 
Imunidade profissional, quais crimes contra a honra admitem? 
Art. 138 – Calúnia Art. 139 – Difamação Art. 140 – Injúria 
Não tem TEM imunidade profissional TEM imunidade profissional 
 
 Em regra, o advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria ou difamação puníveis a sua 
manifestação, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, ainda que contra magistrado (Informativo 491, 
STJ). 
 Vejamos: 
 
 
 
 
137 
137 
• STJ: As expressões utilizadas pelo advogado no exercício de suas funções não constituem injúria ou 
difamação, já que abarcados pela imunidade prevista no artigo 7º, § 2º, da Lei n. 8.906/94, sendo 
certo que eventuais excessos estão sujeitos a sanções disciplinares a serem aplicadas pela Ordem dos 
Advogados do Brasil (HC 99.789/RJ). 
• STF: Os atos praticados pelo Advogado no patrocínio técnico da causa, respeitados os limites 
deontológicos que regem a sua atuação como profissional do Direito e que guardem relação de estrita 
pertinência com o objeto do litígio, ainda que expressem críticas duras, veementes e severas, mesmo 
se dirigidas ao Magistrado, não podem ser qualificados como transgressões ao patrimônio moral de 
qualquer dos sujeitos processuais, eis que o "animus defendendi" importa em descaracterização do 
elemento subjetivo inerente aos crimes contra a honra (HC 98237). 
 
Nessa linha ainda, quanto a imunidade do Advogado, o Informativo 539 do STJ “a manifestação do 
advogado em juízo para defender seu cliente não configura crime de calúnia se emitida sem intecao de ofender a 
honra”. 
A autoinjúria em regra, não é crime, salvo quando a expressão ultrapassar a órbita daquele individuo, 
por exemplo, “eu sou um filho da puta”. Nesse caso, ultrapassa a órbita da personalidade, assim como, na 
expressão “eu sou um corno”, pois atinge a sua companheira (pressupõe a relação com outros homens). 
 
Sujeito Passivo: é qualquer pessoa capaz de entender o sentido da ofensa, pois na injúria a ofensa é dirigida 
à honra subjetiva. Exemplo: criança de tenra idade, ébrios, loucos não podem ser vitimas de injúria, posto que 
não possuem essa compreensão do caráter ofensivo. 
Candidato, pessoa jurídica pode ser vítima do crime de injúria? NÃO, pois pessoa jurídica não tem honra 
subjetiva (dignidade/decoro/autoestima). 
Vejamos: 
 
Art. 138 – Calúnia Art. 139 – Difamação Art. 140 – Injúria 
STF e STJ entendem que não. Pode ser vítima de difamação, pois 
o crime tutela a honra objetiva e a 
pessoa jurídica possui a referida. 
Não pode ser vítima de injúria pois 
a pessoa jurídica não possui honra 
subjetiva. 
 
 
 
 
 
 
138 
138 
5.4 Variações da Língua Portuguesa – a língua portuguesa pode sofrer variações interferindo no crime de 
injúria 
• Variação diatópica: é uma variação geográfica. 
• Variação diastrática: variação sócio-cultural. 
• Variação diafásica: variação quanto ao modo. 
 
A língua portuguesa pode sofrer variações interferindo no crime de injúria. 
• Injúria absoluta – a expressão tem por si mesma e para qualquer um, significado ofensivo, 
constante e unívoco. 
• Injúria relativa: a expressa assume caráter ofensivo se proferida em determinadas 
circunstâncias ou formas. 
 
5.5 Consumação 
 
Na injúria a ofensa é a honra subjetiva. Assim, o crime consuma-se quando o fato chega ao 
conhecimento da própria vítima. Trata-se de crime formal, consumando-se independentemente do efetivo dano 
a vítima. 
No momento em que a ofensa à dignidade ou ao decoro chega ao conhecimento da vítima. Nessa linha, 
preceitua Cleber Masson23: 
Como esse crime atinge a honra subjetiva, dá-se sua consumação quando a ofensa à 
dignidade ou ao decoro chega ao conhecimento da vítima. É irrelevante tenha sido a injúria 
proferida na presença da vítima (injúria imediata) ou que tenha chegado ao seu 
conhecimento por intermédio de terceira pessoa (injúria mediata). 
 
É possível tentativa? 
1ª Corrente: aduz que o delito de injúria não admite tentativa, nem mesmo na modalidade escrita. Essa 
corrente ensina que sendo a vítima titular da ação, inevitavelmente toma conhecimento do fato para ajuizar a 
queixa, ficando inviável a tentativa. 
 
23 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
139 
139 
2ª Corrente: é perfeitamente possível a tentativa, por exemplo, a situação em que o injuriado que morre 
antes de tomar conhecimento da ofensa. A família oferece a queixa por injúria tentada (porque a vítima não 
tomou conhecimento). 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2013 Banca: UEG Órgão: PC-GO Prova: UEG - 2013 - PC-GO - Escrivão de Polícia Civil – Anulada. No 
que respeita ao crime de injúria, verifica-se que: 
A. a consumação ocorre quando a emissão do conceito negativo chega ao conhecimento da vítima. 
B. a retorsão imediata é causa de diminuição de pena, de observância obrigatória pelo magistrado quando da prolação 
da sentença. 
C. é admitida a exceção da verdade, quando ocorrer ofensa à dignidade e ao decoro da vítima. 
D. a pessoa jurídica pode ser vítima do crime de injúria, tendo em conta gozar de reputação perante o mercado. 
Gab. A. 
 
5.6 Exceção da verdade 
No crime de injúria, diferentemente dos demais já estudados, não se admite a exceção da verdade sequer 
de forma excepcional. 
O prof. Cleber Masson explica que o crime de injúria é incompatível com a exceção da verdade por duas 
circunstância. Primeiro, pela ausência de previsão legal: o legislador, diferentemente do que fez com a calúnia e 
difamação, não tratou à respeito. Além disso, como não há imputação de fato, mas atribuição de qualidade 
negativa, é impossível provar a veracidade dessa ofensa, sob pena de provocar à vítima um dano ainda maior do 
que aquele proporcionado pela conduta criminosa. Imagine o prejuízo que seria causado se a lei permitisse que, 
depois de o agente ter chamado alguém de “pessoa monstruosa”, provasse ele a adequação da sua assertiva. 
Diante do exposto, em relação ao cabimento da exceção da verdade, temos o seguinte cenário: 
 Art. 138 – Calúnia Art. 139 – Difamação Art. 140 – Injúria 
Em regra, é possível, 
excepcionalmente, não se admite 
(art. 138, §3º) 
Em regra, não se admite. 
EXCEPCIONALMENTE é que 
se admite. 
NÃO ADMITE EXCEÇÃO DA 
VERDADE E NEM EXCECAO 
DE NOTORIEDADE. 
NÃO SE ADMITE: 
I - se, constituindo o fato imputado 
crime de ação privada, o ofendido 
não foi condenado por sentença 
irrecorrível; 
 
Diferentemente do crime de 
calúnia, em que a exceção é em 
regra admissível, na difamação é 
o oposto, em regra não se admite. 
Porém, no caso de OFENSA 
PROFERIDA CONTRA 
(A exceção de notoriedade 
pressupõe a imputação de 
determinado fato e na injúria a 
imputação é de qualidade). 
 
 
 
 
140 
140 
II - se o fato é imputado a qualquer 
das pessoas indicadas no nº I do art. 
141; 
 
III - se do crime imputado, embora 
de ação pública, o ofendido foi 
absolvido por sentença irrecorrível. 
FUNCIONÁRIO PÚBLICO EM 
RAZÃO DA FUNÇÃO é 
possível. 
 
 
5.7 Perdão Judicial 
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; 
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
 
Segundo ensina Cleber Masson, o perdão judicial trata-se de causa de extinção da punibilidade (CP, art. 
107, inc. IX), cabível quando o ofendido, de forma, reprovável, provocou diretamente a injúria ou no caso de 
retorsão imediata. 
Fundamenta-se nas circunstâncias do caso concreto, nas quais o Estado reputa que, embora presente um 
fato típico e ilícito cometido por agente culpável, não seja necessário puni-lo.A sentença que o concede não é 
condenatória nem absolutória, mas declaratória da extinção da punibilidade (Súmula 18 do STJ). 
Vamos a análise das circunstâncias separadamente, que admitem o juiz aplicar o perdão. 
 
• Ofendido (injuriado) provocou a injúria: aproveita apenas aquele que revidou. 
No perdão judicial conferido em razão da provocação da injúria, a finalidade do dispositivo é permitir a 
isenção de pena quando o juiz perceber que um xingamento foi proferido em momento de irritação decorrente de 
provocação da vítima, que fez com que o agente perdesse momentaneamente o controle emocional. 
Sobre o tema, o prof. Cleber Masson 24 expõe: 
 
Não há razão legítima para o Estado punir quem injuriou a pessoa que o provocou. Mas 
não se trata de qualquer provocação. Há de ser reprovável, elemento normativo do tipo a 
 
24 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
141 
141 
ser aferido em concreto, levando-se em conta as condições dos envolvidos e as demais 
circunstâncias correlatas ao crime. Exemplo: Mulher a quem se dirige gracejo indecoroso 
chama o homem de “vagabundo” e “sem-vergonha”. A palavra “diretamente” indica que 
a provocação deve ter sido perpetrada na presença da vítima, isto é, ofensor e ofendido 
devem encontrar-se no mesmo local. Essa hipótese se assemelha ao crime cometido sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima. Quem 
provoca outra pessoa, ilegalmente, até retirar seu equilíbrio emocional, pode ser vitimizado 
pela injúria. 
 
• No caso de retorsão imediata, em que consista outra injúria 
Retorsão significa revide, isto é, trata-se de hipótese em que uma pessoa ofende outra imediatamente 
após ter sido ofendida por esta. Ambas praticaram crimes de injúria. O fato de alguém ter feito xingamento não 
torna lícito o revide. O juiz, porém, pode conceder o perdão a ambos. 
Corroborando, Cleber Masson: 
 
A retorsão é a injúria proferida pelo ofendido contra quem antes o injuriou. É o revide: tão 
logo ofendida, a vítima também ataca a honra do seu agressor. Deve ser imediata, ou seja, 
efetuada tão logo o injuriado tiver conhecimento da ofensa. Assim, tratando-se de injúrias 
verbais, a retorsão deve se verificar na mesma ocasião em que o ofendido suportar a ofensa. 
 
Para melhor compreensão, vejamos o quadro esquematizado abaixo: 
Provocação Retorsão Imediata 
Exemplo: tapa no rosto, revida com uma injúria. Exemplo: xingamento consistente em injúria revidou 
com outra injúria 
O perdão nessa hipótese só beneficia o que foi 
provocado (e revidou com uma injúria) 
O perdão beneficia os dois, posto que foram injurias 
“reciprocas”. 
 
5.8 Injúria do Código Penal e Injúria do Código Eleitoral 
 
Injúria no Código Penal Injúria no Código Eleitoral 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade 
ou o decoro: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou 
visando a fins de propaganda, ofendendo-lhe a 
dignidade ou o decôro: 
 
 
 
 
142 
142 
Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 
60 dias-multa. 
Na injúria comum, tutela-se a honra subjetiva, sob o 
viés da dignidade ou decoro individual e, na injúria 
eleitoral, protegem-se esses atributos ante o interesse 
social que se extrai do direito subjetivo dos eleitores à 
lisura da competição eleitoral (Márcio André Lopes 
Cavalcante) 
A caracterização do crime de injúria previsto no 
Código Eleitoral exige, como elementar do tipo, que a 
ofensa seja perpetrada na propaganda eleitoral ou vise 
fins de propaganda (TSE, HC 187.635-MG, DJe de 
16/2/2011), sob pena de incorrer-se no crime de 
injúria comum. No caso concreto, a injúria foi 
praticada no ambiente doméstico e desvinculada, 
direta ou indiretamente, de propaganda eleitoral, 
embora motivada por divergência política às vésperas 
da eleição. (Márcio André Lopes Cavalcante) 
 
 
Diferença entre a injúria comum (art. 140 do CP e a injúria prevista no art. 326 do CE 
Compete à Justiça Comum Estadual e não à Eleitoral, processar e julgar injúria cometida no 
âmbito doméstico e desvinculada, direta ou indiretamente, de propaganda eleitoral, embora 
motivada por divergência política às vésperas da eleição. STJ. 3ª Seção. CC 134005-PR, Rel. 
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/6/2014 (Infos 543 e 545). 
5.9 Injúria Real 
 
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se 
considerem aviltantes: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
O art. 140, §2º do Código Penal contempla a chamada “injúria real”. 
A injúria real é infração penal de menor potencial ofensivo, aplicando-se as disposições compatíveis 
da Lei 9.099/1995. 
Trata-se da injúria em que o sujeito escolhe como meio para ofender a honra da vítima, não uma palavra, 
um xingamento, e sim uma agressão física capaz de envergonhá-la. Com efeito, o meio de execução é a violência 
ou então vias de fato. 
a) Violência: é sinônimo de lesão corporal. Nesse caso, a lei impõe o concurso material obrigatório 
entre as penas dos crimes de injúria real e do resultante da violência (homicídio, lesão corporal 
 
 
 
 
143 
143 
etc.). Destaque-se que deve ser aplicada de forma autônoma e cumulativa a pena da lesão 
corporal, qualquer que seja sua natureza (leve, grave ou gravíssima). Essa acumulação é possível 
pelo fato do dispositivo legal ter deixado expresso que seria aplicado a pena de detenção, de três 
meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
b) Vias de fato (contravenção penal): consiste na agressão física sem intenção de produzir lesão 
corporal (exemplo: tapa desferido no rosto da vítima). De fato, se o sujeito queria lesionar a 
vítima, mas não conseguiu fazê-lo, a infração penal deverá ser capitulada como tentativa de lesão 
corporal dolosa, e não como vias de fato. Aqui, contudo, as vias de fato são absorvidas pela 
injúria real, pois o Código Penal prevê autonomia (soma de penas) exclusivamente para as lesões 
corporais. 
 
 A contravenção penal de vias de fato é absorvida pela injúria real, uma vez que o Código Penal prevê a 
soma das penas exclusivamente para as lesões corporais. 
 
 O prof. Cleber Masson explica que não é qualquer agressão física que caracteriza a injúria real. A 
agressão deve ser aviltante, é dizer, humilhante. Esse elemento normativo do tipo pode ser concretizado pela 
natureza do ato (exemplos: arrancar o fio do bigode de um homem com intenção ultrajante, rasgar a saia de uma 
mulher etc.) ou pelo meio empregado (exemplos: atirar fezes na vítima, molhar seu cabelo com cerveja em um 
bar etc.). 
Segundo Nelson Hungria, na injúria real, para além do corpo, o sujeito deseja ofender a alma (Mais que 
o corpo, é atingida a alma). 
Cuida-se de figura qualificada do crime de injúria, em que o agente ofende a vítima por meio de uma 
agressão física (violência ou vias de fato). Para a configuração da injúria real, é preciso que a agressão perpetrada 
se considere aviltante (humilhante) em razão: 
a) Da natureza do ato: por exemplo, raspar o cabelo da vítima, esbofeteá-la em público, cuspir em seu 
rosto, cavalgar a vítima, jogá-la em uma fonte de água no meio de uma festa etc. 
b) Do meio empregado: atirar tomate podre ou ovo em pessoa que está fazendo um discurso; atirar 
cerveja ou bolo no rosto de alguém em uma festa etc. 
 
 
 
 
 
144 
144 
Conclusões: 
1. A contravenção de vias de fato fica absorvida. 
2. Haverá concurso entre a injúria real e a violência: 
1ª Corrente: Concurso material. 
2ª Corrente: Concurso formal impróprio (foi praticado uma só conduta gerando dois resultados). 
Segundo Rogério Sanches: 
 
Ensina a doutrina que o concurso é o material (art. 69 do CP),tanto que a lei determina a 
cumulação de penas. Contudo, ousamos discordar. Evidentemente não se trata de um 
concurso material de crimes, hipótese em que teríamos duas condutas distintas produzindo 
pluralidade de resultados (injúria e lesão corporal). Não se pode falar, também, em 
concurso formal propriamente dito, considerando que o sistema a ser aplicado não é o da 
exasperação (e sim cumulação) de penas. Assim, pensamos que o sistema melhor se subsume 
no concurso formal impróprio (art. 70, caput,. segunda parte, do CP), caso em que o agente, 
mediante uma só conduta, porém com desígnios autônomos, provoca dois ou mais 
resultados, cumulando-se as reprimendas (Manual de Direito Penal Parte Especial, 2019). 
5.10 Injúria qualificada pelo preconceito 
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição 
de pessoa idosa ou portadora de deficiência: 
Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
Pune-se com reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, sem prejuízo de multa, o crime de injúria que consiste 
na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem, ou a condição de pessoa idosa ou 
portadora de deficiência. Essa pena, embora sensivelmente superior àquela cominada no caput no tocante à injúria 
simples, é constitucional, e encontra seu fundamento de validade na dignidade da pessoa humana, assegurada 
pelo art. 1.º, III, da Constituição Federal. 
Trata-se de infração de médio potencial ofensivo, admitindo a suspensão condicional do processo, 
porém, não é da competência do JECRIM. 
Não devemos confundir o crime de injúria qualificada pelo preconceito com o crime de racismo. Nessa 
esteira, vejamos o quadro abaixo: 
 
 
 
 
 
145 
145 
INJÚRIA QUALIFICADA PELO 
PRECONCEITO 
RACISMO 
Art. 140, §3º do CP Lei 7.716/89 
Atribuir qualidade negativa Segregação ou incentivo a segregação 
Afiançável Inafiançável 
Prescritível Imprescritível 
Ação penal pública CONDICIONADA a 
representação 
Ação penal pública INCONDICIONADA. 
Ex.: argentino que chamou jogador de macaquito Ex. Não jogo se tiver negro no campo. 
 
Prescritibilidade ou imprescritibilidade: o Superior Tribunal de Justiça, entretanto, já decidiu pela 
imprescritibilidade da pena cominada à injúria racial: “(...) com o advento da Lei n. 9.459/1997, introduzindo a 
denominada injúria racial, criou-se mais um delito no cenário do racismo, portanto, imprescritível, inafiançável 
e sujeito à pena de reclusão.”Não concordamos com o teor do julgado, que contempla entendimento isolado e 
não foi acolhido pelo Supremo Tribunal Federal nem reiterado pelo Superior Tribunal de Justiça (Cleber Masson 
25). Dessa forma, muita atenção a forma como o examinador exigirá de vocês essa informação, pois se 
conforme a jurisprudência, a assertiva poderá ser considerada correta. 
 Corroborando, Masson: 
Em síntese, a injúria qualificada é delito afiançável prescritível, e de ação penal pública 
condicionada à representação do ofendido (CP, art. 145, parágrafo único, com a redação 
dada pela Lei 12.033/2009), enquanto o racismo, de ação penal pública incondicionada, por 
mandamento constitucional expresso, constitui-se em crime inafiançável e imprescritível 
(CF, art. 5.º, XLII). 
#JÁCAIU esse assunto em prova de concurso do CESPE/2014 
O crime de injúria qualificada consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem 
ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência para ofender a dignidade ou o decoro de alguém. 
Diferentemente do que ocorre no caso de crime de racismo, a injúria qualificada processa-se por ação penal pública 
condicionada a representação. 
CORRETO. 
 
25 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
146 
146 
#JÁCAIU esse assunto em prova de concurso do CESPE/2012 
A respeito dos delitos resultantes de preconceito (Lei n.º 7.716/1989) e das disposições da parte especial do Código 
Penal, julgue os itens seguintes. Aquele que imputar a outrem termos pejorativos referentes à sua raça, com o nítido 
intuito de lesão à sua honra, deverá responder pelo crime de racismo. 
ERRADO, nesse caso o sujeito responde pelo delito de injúria qualificada. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
(Ano: 2017. Banca: CESPE. Órgão: DPE-AC. Prova: Defensor Público). De acordo com a legislação vigente e o 
entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção correta, com relação ao crime de injúria. 
a) A ação penal no caso de injúria discriminatória é pública incondicionada, uma vez que o bem jurídico tutelado 
ultrapassa os limites subjetivos. 
b) A injúria racial é crime instantâneo, ao passo que a consumação ocorre no momento em que terceiros tomam 
conhecimento do teor da ofensa. 
c) A exceção da verdade é admitida apenas para alguns dos elementos tutelados pela norma penal e exclui a 
tipicidade quando a ofensa é irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador. 
d) A injúria racial é um delito inserido no panorama constitucional do crime de racismo, sendo considerado 
imprescritível, inafiançável e sujeito à pena de reclusão. 
e) No crime de injúria, admite-se a retratação desde que se faça antes da sentença, por escrito, de forma completa, 
abrangendo tudo o que o ofensor disse. 
Gab. D. 
 
Candidato, cabe perdão judicial na injúria qualificada pelo preconceito? Prevalece na doutrina o entendimento 
que não, uma vez que o preconceito manifestado não se reveste de simples injúria, tratando-se de violação muito 
mais séria a honra e a uma das metas fundamentais do Estado Democrático que almeja erradicar o preconceito. 
 
 Discriminação dos portadores do vírus HIV e dos doentes de AIDS 
A discriminação de portadores de vírus HIV, fundamentada na condição de portador ou doente, 
configura crime específico, previsto ao teor do art. 1º da Lei 12.984/2014. Vejamos: 
Art. 1o Constitui crime punível com reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, as 
seguintes condutas discriminatórias contra o portador do HIV e o doente de aids, em razão 
da sua condição de portador ou de doente: 
 
 
 
 
147 
147 
V - divulgar a condição do portador do HIV ou de doente de aids, com intuito de ofender-
lhe a dignidade; 
VI - recusar ou retardar atendimento de saúde. 
Estatuto do Idoso 
A conduta de desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo, 
caracteriza o crime tipificado pelo art. 96, § 1.º, da Lei 10.741/2003 – Estatuto do Idoso, punida com reclusão, de 
6 (seis meses a 1 (um) ano, e multa. Destarte, quando o comportamento do agente não se enquadrar no art. 140, 
§ 3.º, do Código Penal, restará a figura subsidiária definida pelo art. 96, § 1.º, do Estatuto do Idoso. 
 
Lei 13.146/2016 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) 
Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
§ 1o Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a vítima encontrar-se sob cuidado e 
responsabilidade do agente. 
§ 2o Se qualquer dos crimes previstos no caput deste artigo é cometido por intermédio de 
meios de comunicação social ou de publicação de qualquer natureza: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 3o Na hipótese do § 2o deste artigo, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério 
Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: 
I - recolhimento ou busca e apreensão dos exemplares do material discriminatório; 
II - interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na internet. 
§ 4o Na hipótese do § 2o deste artigo, constitui efeito da condenação, após o trânsito em 
julgado da decisão, a destruição do material apreendido. 
 
 Pena da Injúria Qualificada148 
148 
A pena prevista para o crime de injúria qualificada (art. 140, § 3º do CP) NÃO é 
desproporcional, sendo compatível com a CF/88, considerando que tem por objetivo 
proteger a dignidade da pessoa humana. STF. 1ª Turma. HC 109676/RJ, rel. Min. Luiz Fux, 
julgado em 11/6/2013 (Info 710). 
 
 Para a 1ª Turma do STF, a pena prevista no § 3º do art. 140 do CP não é desproporcional, considerando 
que este tipo qualificado de injúria tem como escopo a proteção do princípio da dignidade da pessoa humana 
como postulado essencial da ordem constitucional. 
 
Injúria praticada pela internet e competência 
Os crimes de injúria cometidos pela internet são de competência da Justiça Estadual, mesmo se forem 
utilizadas redes sociais sediadas no exterior. 
 
6. Disposições geais sobre Calúnia, Difamação e Injúria 
Art. 138 – Calúnia Art. 139 – Difamação Art. 140 – Injúria 
Constitui crime de calúnia a 
conduta de imputar determinado 
FATO previsto como CRIME, 
sabidamente falso. 
Constitui crime de difamação, 
imputar determinado FATO não 
criminoso, porém, DESONROSO, 
não importando se verdadeiro ou 
falso. 
Atribuir qualidade negativa. 
Ofensa a honra objetiva Ofensa a honra objetiva Ofensa a honra SUBJETIVA. 
 
6.1. Delitos formais ( consumação antecipada ) 
 
Os crimes contra a honra pertencem à seara dos delitos formais, de consumação antecipada ou de 
resultado cortado. O tipo penal contém conduta e resultado naturalístico, mas dispensa este último para a 
consumação. Basta a prática da conduta criminosa para a realização integral do tipo penal. Em síntese, a honra 
objetiva ou subjetiva da vítima pode ser arranhada pela imputação falsa de crime (calúnia) ou simplesmente 
ofensiva (difamação), ou ainda pela atribuição de qualidade negativa (injúria), mas isso é prescindível para fins 
de consumação. 
 
 
 
 
149 
149 
Exemplificativamente, o sujeito que chama outra pessoa de “burra” quer ofendê-la, indiscutivelmente. 
Pode ser que a vítima sinta-se ofendida e menosprezada, como também pode acontecer de ela não se deixar abalar 
pela injúria. Em qualquer caso, entretanto, o crime estará consumado. 
 
6.2. Classificação doutrinária 
Os crimes contra a honra são comuns (podem ser praticados por qualquer pessoa); de forma livre 
(admitem qualquer meio de execução); unissubsistentes ou plurissubsistentes; instantâneos (consumam-se no 
instante em que terceira pessoa toma conhecimento da ofensa, na calúnia e na difamação, ou quando a vítima fica 
ciente da atribuição contra si de qualidade negativa, na injúria); unissubjetivos, unilaterais ou de concurso 
eventual (cometidos em regra por uma única pessoa, mas admitem o concurso); comissivos (calúnia, difamação 
e injúria), ou omissivo (unicamente na injúria); de dano (o agente quer afetar negativamente a honra da vítima); 
e, finalmente, formais, de consumação antecipada ou de resultado cortado (a honra da vítima pode ser 
lesionada, mas não é fundamental, para fins de consumação, que isso realmente ocorra). 
 
6.3. Majorantes de Penas 
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: 
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; 
II - contra funcionário público, em razão de suas funções; 
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. 
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído 
pela Lei nº 10.741, de 2003) 
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. 
As referidas causas de aumento incidem sobre quaisquer dos crimes contra honra (calúnia, difamação e 
injúria). 
O art. 141, IV não incide sobre a injúria, pois já configura uma qualificadora. 
No mais, calúnia majorada pelo art. 141 do CP deixa de ser infração penal de menor potencial ofensivo, 
sai da competência do juizado especial criminal, posto que a majorante eleva a pena-base máxima. 
Por outro lado, na difamação e na injúria, mesmo com o aumento continuam sendo infrações penais de 
menor potencial ofensivo. 
 
 
 
 
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O art. 141 do Código Penal contempla cinco causas de aumento da pena aplicáveis a todos os crimes 
contra a honra. Vejamos cada uma delas. 
I – Contra o Presidente da República, ou contra o Chefe de Governo Estrangeiro 
A pena é aumentada de um terço, em razão da importância das funções desempenhadas pelo Presidente 
da República e pelo chefe de governo estrangeiro. A conduta criminosa, além de atentar contra a honra de uma 
pessoa, ofende também os interesses da nação. 
De acordo com a doutrina, macular a honra do Presidente, é macular indiretamente a honra dos cidadãos. 
Na eventual hipótese de se ter motivação política, passa a ser delito contra a segurança nacional, nos 
termos da Lei 7.170/83. Corroborando ao exposto, Cleber Masson26: 
Tratando-se, porém, de calúnia ou de difamação contra o Presidente da República, e se 
presentes motivação e objetivos políticos e lesão real ou potencial aos bens jurídicos 
inerentes à Segurança Nacional, estará caracterizado crime contra a Segurança Nacional 
(Lei 7.170/1983, arts. 1.º, 2.º e 26). No tocante à injúria contra o Chefe do Poder Executivo 
Federal, com ou sem motivação política, o crime será sempre o previsto no Código Penal, 
com o aumento da pena. O ataque à honra de chefe de governo estrangeiro, com ou sem 
motivação política, caracteriza crime comum, com aumento da pena. 
 
 Segundo Rogério Sanches, ofender a honra de chefe de governo estrangeiro pode prejudicar relações 
diplomáticas celebradas pelo Brasil, o que justifica a causa de aumento em comento. De acordo com a maioria, 
abrange também Chefe de Estado Estrangeiro, o prof. Masson não compartilha desse entendimento. 
 Nesse caso, a AÇÃO PENAL É PÚBLICA CONDICIONADA A REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA 
JUSTIÇA, conforme art. 145 do Código Penal. Vejamos: 
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo 
quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. 
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do 
inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso 
do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. 
 
26 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
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 II – Contra funcionário público, em razão de suas funções. 
 A ofensa nesse caso, prejudica o regular andamento da vida funcional da administração pública. Só 
incidirá o aumento se a ofensa for em razão de suas funções, ou seja, deve haver conexão/nexo. 
Fundamenta-se o aumento da pena em um terço no interesse supremo da Administração 
Pública, ofendida pelo ataque à honra dos seus agentes. É imprescindível a relação de 
causalidade entre a ofensa e o exercício da função pública. Pouco import seja o crime 
cometido quando o funcionário público estava em serviço ou não: incide o aumento desde 
que o fato se relacione ao exercício de suas funções. Não se aplica o aumento da pena 
quando a conduta se refere à vida privada do funcionário público27. 
Crime contra honra versus Desacato 
Não se pode confundir o crime contra a honra do funcionário público do delito de desacato. 
 Crime contra honra de funcionário público Desacato 
É crime praticado na ausência do servidor. É crime praticado na presença do servidor. No desacato, 
o servidor está no local ouvindo a ofensa. 
 Art. 331 do Código Penal. 
Exemplo: se ofensa for feita por telefone, ou ainda, 
em petição, é considerado crime contra honra, pois 
no momento que ler ou ouvir, não estaria o 
funcionário público no local em que está sendo feito 
a ofensa. 
Art.331 - Desacatar funcionário público no exercício 
da função ou em razão dela: Pena - detenção, de seis 
meses a dois anos, ou multa. 
 
III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação 
ou da injúria. 
• 1ª PARTE: Na presença de várias pessoas. De acordo com a maioria, pressupõe ao menos três pessoas 
ouvindo/presenciando as ofensas. 
Cumpre destacar que, não se computa no número mínimo de pessoas, autores, participes e indivíduos 
que não possua capacidade de entender o caráter desonroso da comunicação/ofensa. 
Nesse mesmo sentido, ensina Cleber Masson (Código Penal Comentado) devem existir no mínimo três 
(não se incluem nesse número a vítima, o autor da conduta criminosa, nem eventuais coautores ou partícipes). 
 
27 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
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• 2ª PARTE: incidirá ainda a majorante na hipótese da ofensa ter sido feita por meio que facilite a 
divulgação. 
Conforme Cleber Masson, a majorante em comento diz respeito a instrumentos e objetos que facilitem 
a propagação da ofensa, ainda que não se esteja na presença de várias pessoas. 
O crime contra a honra que antes era disciplinado pela Lei de Imprensa agora configura forma 
qualificada do Código Penal. 
 
Obs.: ADPF 130 
Com o julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental 130-7/DF, decidindo pela não recepção da Lei 5.250/1967 (Lei de 
Imprensa) pela Constituição Federal de 1988, aos crimes contra a honra praticados por meio da imprensa (oral 
ou escrita) incidirão as disposições previstas nos arts. 138 a 145 do Código Penal. 
 
Antes da ADPF Depois da ADPF 
Ofensa por meio da imprensa não incidia a majorante, 
pois o crime era previsto em lei especial. 
A Lei de Imprensa foi declarada não recepcionada. 
Assim, o crime praticado na presença de várias 
pessoas incidirá a causa de aumento. 
 
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de 
injúria 
O referido inciso foi inserido no Código Penal pela Lei 10.741/2003 – Estatuto do Idoso, e somente se 
aplica quando o sujeito tinha conhecimento da idade ou da peculiar condição da vítima. A ressalva final – “exceto 
no caso de injúria” – visa evitar o bis in idem, posto que no caso do crime de injúria, nos moldes do art. 140, §3º 
do CP o delito será qualificado. 
V – se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa (parágrafo único, art. 141, 
CP) 
Por fim, e não menos importante, o parágrafo único do artigo 141 prevê que “se o crime é cometido 
mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro”. 
Trata-se da chamada ofensa mercenária. 
 
 
 
 
153 
153 
Nessa linha, Cleber Masson (Código Penal Comentado), a paga e promessa de recompensa 
caracterizam o crime mercenário ou crime por mandato remunerado, motivado pela cupidez, isto é, pela 
ambição desmedida, pelo desejo imoderado de riquezas. 
Paga e promessa de recompensa caracterizam o crime mercenário ou crime por mandato remunerado, 
motivado pela cupidez, isto é, pela ambição desmedida, pelo desejo imoderado de riquezas. 
Na paga o recebimento é prévio. O executor recebe a vantagem e depois pratica o crime contra a honra. 
Incide a causa de aumento de pena se o sujeito recebe somente parte do valor acertado com o mandante. Já na 
promessa de recompensa o pagamento é convencionado para momento posterior à execução do delito. Nesse 
caso, não é necessário que o sujeito efetivamente receba a recompensa. É suficiente a sua promessa. E também 
não se exige tenha sido a recompensa previamente definida, podendo ficar à escolha do mandante. 
O pagamento, em ambos os casos, pode ser em dinheiro ou qualquer outra espécie de bem, tal como uma 
joia ou um automóvel. E, por se tratar de crime contra a honra, e não contra o patrimônio, a vantagem não precisa 
obrigatoriamente ser econômica, como é o caso da prestação de favores sexuais, promessa de casamento etc. 
Cuida-se de crime plurissubjetivo ou de concurso necessário. Devem existir pelo menos duas pessoas: 
o mandante (quem paga ou promete a recompensa) e o executor. 
Aplica-se a causa de aumento de pena, imediatamente, ao executor, pois é ele quem atua movido pela 
paga ou pela promessa de recompensa. Mas não incide a majorante ao mandante. Por se tratar de circunstância 
manifestamente subjetiva, não se comunica ao partícipe (como o mandante) nem a eventual coautor. É o que se 
extrai do art. 30 do Código Penal. 
Para o Bitencourt, ambos (mandante e executor) devem responder com a pena majorada. Por outro lado, 
Rogério Greco entende que somente o executor deve ter a pena majorada, até porque nada impede que o 
mandante haja impelido por algum motivo relevante, o que se tornaria totalmente incompatível com a torpeza 
do crime mercenário. 
 
6.4. Exclusão do Crime 
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: 
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; 
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar 
ou difamar; 
 
 
 
 
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III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no 
cumprimento de dever do ofício. 
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. 
 
O art. 142 do Código Penal consagra hipóteses de exclusão da ilicitude, para além das esculpidas ao 
teor do art. 23, do mesmo diploma legal. Assim, são causas especiais de exclusão da ilicitude e tem aplicação aos 
crimes de INJÚRIA e DIFAMAÇÃO. 
Vejamos as causas de exclusão de forma esquematiza: 
 Não constituem injúria ou difamação punível: 
 
 
I - a ofensa irrogada em juízo, na 
discussão da causa, pela parte ou 
por seu procurador; 
II - a opinião desfavorável da crítica 
literária, artística ou científica, salvo 
quando inequívoca a intenção de 
injuriar ou difamar; 
III - o conceito desfavorável emitido 
por funcionário público, em 
apreciação ou informação que 
preste no cumprimento de dever do 
ofício. 
Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. 
 
 
Nessa linha, passamos a análise pontual de cada circunstância excludente da ilicitude. 
a) Ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador 
Nas lições de Cleber Masson, trata-se da imunidade judiciária, que alcança tanto a ofensa oral (exemplos: 
alegações em audiência, debates no plenário do júri etc.) como também a ofensa escrita (exemplos: petições em 
geral, memoriais, razões e contrarrazões de recursos etc.). 
A expressão “ofensa irrogada em juízo” reclama uma relação processual instaurada, ligada ao exercício 
da jurisdição, inerente ao Poder Judiciário, afastando-se as demais espécies de processos e procedimentos, tais 
como os policiais e administrativos. 
Por partes compreendemos incluir o autor e o réu, bem como seus assistentes e as demais pessoas 
admitidas de qualquer modo na relação processual, tais como o chamado à autoria e o terceiro prejudicado que 
recorre. Procuradores, por sua vez, são os advogados, constituídos ou dativos. 
De acordo com Rogério Sanches, trata-se da denominada Imunidade Judiciária. 
• A presente imunidade alcança a parte (qualquer dos sujeitos da relação processual) ou seu procurador 
(aquele que tem procuração para defender os interesses da parte em juízo). 
 
 
 
 
155 
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• A imunidade do Advogado, por sua vez, tem base normativa prevista ao teor do Estatuto da OAB 
(Imunidade profissional, art. 7º, §2º do Estatuto da OAB). 
• O Ministério Público, tem imunidade, Art. 41, V, Da Lei 8.625/93. 
• A Defensoria, por sua vez, também possui imunidade,com previsão na sua Lei Orgânica. 
E o juiz? 
Conforme Sanches, o juiz pode alegar, eventualmente, o art. 23, III do Código Penal. 
Prevalece o entendimento de que essas imunidades (parte/procurador/advogado/MP/Defensoria) que são 
relativas, o que significa que elas desaparecem quando inequívoca a intenção de ofender. 
 
b) a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a 
intenção de injuriar ou difamar 
 Segundo Rogério Sanches, trata-se da imunidade literária, artística ou científica. 
A crítica honesta e moderada de cunho literário, artístico ou científico é lícita, pois se 
coaduna com a liberdade de expressão, direito fundamental assegurado pelo art. 5º, inciso 
IV, da Constituição Federal. Caracteriza, todavia, o crime de injúria ou de difamação 
quando evidente a intenção de ofender a honra alheia (Cleber Masson). 
 
A imunidade literária, igualmente, é relativa. 
No julgamento da ADI 4815, ajuizada para questionar os artigos 20 e 21 do Código Civil, 
o STF considerou inconstitucional a exigência de consentimento da pessoa biografada (ou 
de seus familiares, em caso de falecimento) relativamente a obras biográficas (literárias ou 
audiovisuais), assim como considerou inexigível a autorização de indivíduos retratados 
como coadjuvantes. Isso não significa, todavia, que o tribunal abriu espaço para a 
publicação impune de conteúdo desonroso, mas, ao contrário, do julgamento se extrai que 
embora vigore plenamente a liberdade de expressão e de manifestação do pensamento, o 
autor não pode macular a honra do indivíduo a pretexto de narrar sua trajetória de vida. A 
publicação dolosa de fato ofensivo à reputação ou mesmo a ofensa à dignidade ou ao decoro 
pode ensejar tanto indenização na seara civil quanto a punição na esfera criminal. Rogério 
Sanches, Manual de Direito Penal Parte Especial, 2019. 
 
 
 
 
 
156 
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Nesse sentido, vejamos o teor do Informativo 789, STF. 
 
 
Biografias: não é necessária autorização prévia do biografado 
 
Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduo 
biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia 
seria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada 
pela CF/88. As exatas palavras do STF foram as seguintes: 
“É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas 
literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas 
como coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes”. 
Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus direitos 
foram violados pela publicação, terá direito à reparação, que poderá ser feita não apenas por 
meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação de 
ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc. 
STF. Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/6/2015 (Info 789). 
 
 
c) o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que 
preste no cumprimento de dever do ofício 
Trata-se a presente hipótese da denominada “Imunidade funcional”.Segundo o professor Cleber Masson, 
essa causa de exclusão da ilicitude é necessária para assegurar a independência e tranquilidade dos servidores 
públicos, para o perfeito desempenho das suas funções, no interesse da coisa pública. 
De acordo com a maioria, é imunidade relativa, de modo que desaparece com a demonstração da vontade 
inequívoca de ofender. 
Nos casos dos incisos I e III, responde pela injúria pela difamação quem lhe dá publicidade. Assim, 
apenas a crítica literária, critica ou científica pode ser propalada por terceiros. 
 
6.5. Retratação 
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de 
pena. 
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios 
de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a 
ofensa. 
 
 
 
 
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Prevê o art. 143 do CP que o querelado pode, em momento anterior a sentença, retratar-se da calúnia ou 
difamação, ocasião em que ficará isento de pena. 
Retratar-se significa retirar o que foi dito, desdizer-se, assumir que errou. Não se confunde com a 
confissão do crime. Dessa forma, temos que retratar-se é desdizer-se, retirar o que disse, trazer a verdade 
novamente à tona. 
Nessa esteira, trata-se a presente circunstância de causa de extinção da punibilidade. 
Como se extrai do art. 107, inciso VI, do Código Penal: “Extingue-se a punibilidade: (...) pela retratação 
do agente, nos casos em que a lei a admite”. O art. 143 do Código Penal é um desses casos admitidos em lei. 
 
Quem pode retratar-se? Em que momento? Em quais crimes? Qual a consequência? 
QUERELADO ANTES da sentença Calúnia e Difamação Isenção de Pena 
 
 A retratação é cabível apenas nos crimes de calúnia e difamação, não se aplica ao delito de injúria. 
Nesse sentido, preleciona Cleber Masson: 
 
É cabível unicamente na calúnia e na difamação, pois nesses delitos há, pelo ofensor, a 
imputação de um fato ao ofendido, que pode ser definido como crime (calúnia) ou ofensivo 
à sua reputação (difamação). Consequentemente, interessa à vítima que o sujeito se retrate, 
negando ter ela praticado o fato imputado. 
Na injúria, por sua vez, a retratação do agente não leva à extinção da punibilidade por dois 
motivos: lei não a admite; e não há imputação de fato, mas atribuição de qualidade negativa 
e atentatória à honra subjetiva da vítima, razão pela qual pouco importa dizer que errou, 
pois tal conduta pode denegrir ainda mais a honra do ofendido. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de São José do Rio Preto - SP Prova: VUNESP - 2019 - Prefeitura 
de São José do Rio Preto - SP - Procurador do Município. No que concerne à retratação nos crimes contra a honra, 
tema tratado no art. 143 do CP, assinale a alternativa correta. 
A. Apenas a injúria admite-a. 
B. Apenas a calúnia e a injúria admitem-na. 
C. Apenas a calúnia e a difamação admitem-na. 
D. Todos os crimes contra a honra admitem-na, mas apenas até o oferecimento da denúncia. 
 
 
 
 
158 
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E. Nenhum dos crimes contra a honra admitem-na. 
Gab. C. Nos moldes do art. 143 do CP, a retratação é cabível apenas nos crimes de calúnia e difamação. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PC-BA Provas: CESPE - 2013 - PC-BA - Investigador de Polícia. Julgue o item 
subsecutivo, acerca de crimes contra a pessoa. 
Nos crimes contra a honra — calúnia, difamação e injúria —, o Código Penal admite a retratação como causa 
extintiva de punibilidade, desde que ocorra antes da sentença penal, seja cabal e abarque tudo o que o agente imputou 
à vítima. 
Certo 
Errado 
ERRADO. Não cabe retratação na injúria (art. 143, CP). 
 
 
 
Trata-se de uma causa de extinção da punibilidade, declarada pelo juiz, independentemente de 
aquiescência do querelante, sendo posto ato unilateral, conforme expõe Rogério Sanches. 
A retratação, em regra, dispensa a concordância do ofendido (ato unilateral). Contudo, o 
artigo em comento foi alterado pela Lei 13.188/15, nele acrescentando parágrafo único, 
anunciando que, nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação 
utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, 
pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. Nessa hipótese, portanto o ofendido deve 
ser ouvido para manifestar se deseja (ou não) que a retratação se dê pelos mesmos meios 
em que foi praticado o crime. Rogério Sanches, Manual de Direito Penal Parte Especial, 
2019. 
 
Quanto a sua naturezajurídica, ensina Cleber Masson: 
 
Trata-se de causa de extinção da punibilidade conforme se extrai do art. 107, inciso VI, do 
Código Penal. Tem natureza subjetiva: não se comunica aos demais querelados que não se 
retrataram. 
 
• A retratação extingue a punibilidade, contudo não isenta o querelado de responsabilidade civil. 
• A retratação como causa de isenção de pena só é cabível na calúnia e na difamação, não sendo 
admissível na injúria,conforme explicamos acima. 
• A retratação só é cabível nos crimes contra a honra processados por ação penal privada (o dispositivo 
é claro ao mencionar QUERELADO). Como veremos a seguir, existem casos excepcionais onde o 
crime de processa por ação penal pública condicionada. 
 
 
 
 
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• No tocante ao momento, prevalece o entendimento de que a retratação deve ser realizada até a 
publicação da sentença (decisão de 1º grau). Assim, temos que o momento da retratação é até a 
decisão de 1º grau. Por outro lado, a retratação em grau de recurso gera no máximo a atenuante do 
art. 65, III, ‘b’ do CP. 
• A retratação do caluniador não se estende aos concorrentes, pois o artigo fala em QUERELADO é 
isento de pena. É uma circunstância subjetiva incomunicável. 
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, 
fica isento de pena. 
Sendo de caráter subjetivo, a retratação de um dos querelados não se estende aos demais que não se 
retratarem. 
• Lei nº 13.188/2015, que regulamenta o chamado DIREITO DE RESPOSTA. A Lei nº 13.188/2015 
alterou o Código Penal, acrescentando um parágrafo logo em seguida ao art. 143. Vejamos: 
Art. 143. (...) 
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação 
utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, 
pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. 
 
Assim, contemplamos que, a Lei nº 13.188/2015 acrescenta mais um requisito para que a retratação 
tenha efeitos penais: exige-se agora, de forma expressa, que a retratação ocorra, se assim desejar o ofendido, 
pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. 
6.6. Pedido de explicações 
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido 
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, 
responde pela ofensa. 
O pedido de explicações apresenta-se como uma medida preparatória e facultativa para o oferecimento 
da queixa quando, em virtude dos termos empregados, não se mostra evidente a intenção de ofender a honra, 
gerando dúvidas. 
Cumpre destacarmos que, o referido pedido não tem o condão de interromper ou suspender o prazo 
decadencial, tampouco o prazo prescricional. 
 
 
 
 
160 
160 
A resposta ao pedido de explicações tem cunho facultativo, o que significa que a ausência de resposta 
não implica em presunção de culpa do suposto ofensor, tampouco em condenação antecipada. 
Se a parte ofendida deseja perseguir a pena do ofensor deverá ingressar com a ação penal, que deverá 
seguir todo o devido processo, até que o juiz decida se houve ou não a ofensa à honra. 
O juiz do rito das explicações sequer aprecia ou julga as explicações dadas. Somente o juiz da eventual 
ação penal poderá valorar as explicações, caso no qual poderá rejeitar a peça acusatória por inépcia (falta de justa 
causa) se entender que as explicações foram suficientemente esclarecedoras no sentido de afastar a tipicidade da 
conduta. 
Rito do pedido de explicações em juízo: Conforme Bitencourt, na ausência de rito específico, deve-se 
seguir o rito das notificações e interpelações judiciais previsto nos arts. 726 a 729 do CPC/2015. 
O pedido de explicações deve ser formulado no juízo competente para processar a autoridade detentora 
de foro especial. 
Nessa esteira, conforme Cleber Masson, o pedido de explicações é dotado das seguintes características: 
• É medida facultativa, pois a pessoa ofendida não precisa dele se valer para o oferecimento da ação 
penal; 
• Somente pode ser utilizado antes do ajuizamento da ação penal; 
• Não há procedimento específico. Obedece, portanto, ao rito das notificações avulsas: o ofendido 
formula o pedido em juízo, em seguida o magistrado determina a notificação do autor do suposto 
crime contra a honra para se manifestar sobre a imputação de fato (calúnia ou difamação) ou 
atribuição de qualidade negativa (injúria), e, finalmente, com ou sem resposta, os autos são entregues 
ao requerente. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
(Ano: 2018. Banca: UEG. Órgão: PC-GO. Prova: Delegado de Polícia Civil). Sobre o crimes contra a honra, 
previstos no Código Penal, tem-se o seguinte: 
a) Não constitui calúnia, difamação ou injúria punível a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte 
ou por seu procurador. 
b) O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia, difamação ou injúria, fica isento de pena. 
c) As penas aos crimes de calúnia, difamação ou injúria aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido 
contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência. 
 
 
 
 
161 
161 
d) Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir 
explicações em juízo. 
e) Nos crimes de calúnia, difamação ou injúria, admite-se a exceção da verdade. 
Gab. D. 
 
6.7. Ação Penal 
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 
140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. 
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 
deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 
3o do art. 140 deste Código. 
Inicialmente, cumpre apontarmos que os crimes contra a honra, em regra, são de ação penal privada. 
Contudo, a referida regra comporta variadas exceções. 
Ação Penal nos Crimes contra Honra 
 
Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante QUEIXA, salvo 
quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. 
 
Parágrafo único. PROCEDE-SE mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do 
caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do nciso 
II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. 
 
 
Dessa forma, temos o seguinte cenário: 
Regra Exceções 
Ação Penal Privada Ação penal pública incondicionada: na injúria real, se da 
violência resulta lesão corporal; 
 
Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da 
Justiça: crime contra a honra do Presidente da República ou do 
Chefe Estrangeiro; 
 
Ação penal pública condicionada à representação do ofendido: 
crime contra a honra do servidor público, em razão de suas 
funções; 
 
Ação penal pública condicionada à representação do ofendido: 
injúria qualificada pela utilização de elementos referentes à raça, 
cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou 
portadora de deficiência (art. 140, §3, CP). 
É crime de ação penal privada, é o que 
podemos extrair da redação legal: 
 
“Somente se procede mediante queixa”. 
Contudo, o próprio legislador elencou as 
situações excepcionais. 
 
 
 
 
162 
162 
Análise das Exceções 
a) Ação penal pública incondicionada: na injúria real, se da violência resulta lesão corporal (art. 145, 
caput, parte final). 
De acordo com o texto legal, a ação penal será pública incondicionada qualquer que seja a lesão corporal: 
leve, grave ou gravíssima. 
Noutra banda, a injúria real praticada com emprego de vias de fato é crime de ação penal privada. Como 
não há ressalva expressa, segue a regra geral prevista na primeira parte do caput do art. 145 do Código Penal. 
Assim,injúria real com violência resultando lesão corporal – será ação penal pública 
INCONDICIONADA. 
Conforme estudamos, a injúria real pode ser praticada com vias de fato ou lesão, somente a injúria real 
com violência gerando lesão é que a ação penal é incondicionada. A ação será pública incondicionada na injúria 
real, se da violência resulta lesão corporal (art. 145, caput, parte final). A injúria real praticada com emprego de 
vias de fato é crime de ação penal privada. 
Vejamos: 
Ação pública incondicionada Ação penal privada 
 
Na injúria real, se da violência resulta lesão corporal Na injúria real praticada com emprego de vias de fato 
 
b) Ação pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça: crime contra o Presidente da 
República, ou contra chefe de governo estrangeiro (CP, art. 145, p. único, 1.ª parte). 
Na hipótese do crime ser contra a honra do Presidente da República ou do Chefe Estrangeiro a ação 
penal é PÚBLICA CONDICIONADA a requisição do Ministro da JUSTIÇA. 
c) Ação penal pública condicionada à representação do ofendido: calúnia, difamação ou injúria 
contra funcionário público, em razão de suas funções (CP, art. 145, p. único, 2.ª figura). 
No caso de crime contra a honra do servidor público, relacionado ao exercício da função a ação penal é 
PÚBLICA CONDICIONADA a representação da vítima. 
Atenção para o teor da Súmula 714 do STF. (Direito de Opção)* 
É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação 
do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. 
SÚMULA 714, STF. 
 
 
 
 
163 
163 
Obs.: a Súmula 714 do STF já foi cobrada reiteradas vezes pela banca examinadora CEBRASPE, merece 
nossa total atenção (#FicaDica). 
Segundo Rogério Sanches, trata-se de verdadeiro direito de opção, pois o servidor pode optar pela 
Queixa ou pela Representação. Atenção, pois a opção por uma em detrimento da outra gera repercussão prática. 
Vejamos. 
Queixa Representação 
Admite o perdão do ofendido. Não admite o perdão do ofendido. 
Cabe perempção. Não cabe perempção. 
Admite retratação extintiva da punibilidade. Não admite retratação do agente. 
 
Uma vez feita a opção, ocorrerá a preclusão da outra via. É o que denomina-se de preclusão consumativa. 
 
d) Ação penal pública condicionada à representação do ofendido: injúria qualificada pela utilização 
de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência 
(art. 140, §3, CP). 
Com o advento da Lei 12.033/2009, passou a ser de ação penal pública condicionada a representação da 
vítima. 
 
7. Observações pontuais e finais (#importante) 28 
 
a) Calúnia, Difamação e Injúria: principais diferenças 
 
 CALÚNIA 
(Art. 138, CP) 
DIFAMAÇÃO 
(Art. 139, CP) 
INJURIA 
(Art. 140, CP) 
Bem Jurídico Honra Objetiva Honra Objetiva Honra Subjetiva 
Sujeito Ativo 
Qualquer Pessoa 
(crime comum) 
Qualquer Pessoa 
(crime comum) 
Qualquer Pessoa 
(crime comum) 
Sujeito Passivo 
Qualquer Pessoa 
(Admite PJ) 
Qualquer Pessoa 
(Admite PJ - majoritária) 
Qualquer Pessoa 
(Não admite PJ) 
 
Conduta 
 
Imputação de fato 
determinado criminoso, falso. 
Imputação de fato 
determinado ofensivo à 
reputação, verdadeiro ou falso. 
 
Juízo de valor depreciativo. 
Imputação Falsa Falsa ou Verdadeira Não há 
 
28 As tabelas abaixo foram extraídas da Legislação Bizurada – Código Penal @deltacaveira10. 
 
 
 
 
164 
164 
Elemento 
Subjetivo 
Dolo específico Dolo específico Dolo específico 
Consumação 
Quando a ofensa chega ao 
conhecido de terceiro. 
Quando a ofensa chega ao 
conhecido de terceiro. 
Quando a ofensa chega ao 
conhecido da vítima. 
Tentativa 
Regra: Não; 
Exceção: forma escrita. 
Regra: Não; 
Exceção: forma escrita. 
Regra: Não; 
Exceção: forma escrita. 
 
Exceção da 
Verdade 
 
Regra: Admite; 
Exceção: art. 138, § 3º, do CP. 
Regra: Não admite; 
 
Exceção: se a contuda for 
dirigida contra funcionário 
público no exercício da função. 
 
 
Não admite 
Retratação 
Cabível 
(antes da sentença) 
Cabível 
(antes da sentença) 
Não é cabível 
Exclusão do Crime 
– Art. 142 
Não se aplica Aplica-se Aplica-se 
Punível contra os 
Mortos 
Punível Não punível Não punível 
 
 
 b) Ação Penal nos crimes contra honra 
 
 
AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA 
Privada Regra 
Cond. Representação do Ofendido 
- Funcionário público, em razão de suas funções; 
Injúria preconceituosa. 
Cond. Requisição do MJ 
- PR; ou 
- Chefe de governo estrangeiro. 
 
 
 c) Diferença entre injúria preconceituosa e racismo 
 INJÚRIA PRECONCEITUOSA RACISMO 
Previsão Legal Art. 140, § 3º, do CP Art. 20, da Lei 7.716/89 
Conduta 
O agente atribui à vítima qualidade 
negativa 
O agente segrega ou incentiva a 
segregação 
Vítimas Número de vítimas determinadas Número de vítimas indeterminadas 
Preconceito 
Raça, cor, etnia, religião, condição de pessoa 
idosa ou portadora de deficiência 
Raça, cor, etnia, religião ou procedência 
nacional 
Bem 
Jurídico 
Honra subjetiva Dignidade humana 
Fiança Afiançável Inafiançável 
Prescrição Prescritível Imprescritível 
Ação Penal Pública condicionada à representação Pública incondicionada 
 
 
 
 
 
165 
165 
 d) Diferenças entre o crime de Calúnia e denunciação caluniosa 
CALÚNIA (Art. 138) DENUCIAÇÃO CALUNIOSA (Art. 339) 
Crime contra a honra Crime contra a Administração da Justiça 
O agente faz imputação falsa de crime 
unicamente para ofender a honra objetiva da 
vítima 
O agente faz imputação falsa de crime ou de 
contravenção penal para movimentar o aparelho 
estatal 
Imputação falsa de crime Imputação falsa de crime ou de contravenção penal 
Ação penal privada (em regra) Ação penal pública incondicionada 
 
 e) Não pode esquecer! 
 Obs.1: Pessoas jurídicas pode ser sujeito passivo de calúnia, relativamente aos crimes ambientais. De 
igual modo, também pode ser sujeito passivo no crime de difamação, já que é possível ter a sua honra objetiva 
violada. CONTUDO, pessoas jurídicas não pode ser sujeito passivo do crime de injúria. 
 Obs.2: No crime de calúnia contra os mortos, as vítimas do crime são seus familiares, e não o 
morto/falecido. 
 Obs.3: Em regra, os crimes contra a honra são infraces de menor potencial ofensivo, aplicando-se, 
consequemente, a Lei n. 9.099/95. Contudo, a injúria qualificada (art. 140, 3 do CP) constitui exceção. 
 Obs.4: 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2009 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2009 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil. 
Maria, ex-namorada de Vitor, por estar com muito ciúme do mesmo, por este ter arranjado uma nova namorada, 
resolve ir à Delegacia de Polícia e inventar uma história dizendo ter sido agredida por Vitor. Maria, que em momento 
algum sofreu qualquer agressão por parte de Vitor, dirige-se à Delegacia de Polícia e comunica ao Delegado que 
teria sofrido agressão por parte de Vitor e mostra algumas marcas que possuía. Essas na verdade, foram em razão 
de uma queda de bicicleta. O Delegado, diante dos fatos, toma as seguintes providências: registra o fato, encaminha 
Maria para exame de corpo de delito e, logo em seguida, instaura o Inquérito Policial para apurar melhor os fatos. 
Diante do quadro acima descrito, Maria praticou a seguinte infração penal: 
A. falso testemunho. 
B. calúnia. 
C. comunicação falsa de crime. 
D. injúria. 
 
 
 
 
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166 
E. denunciação caluniosa. 
Gab. E. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
(Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: VUNESP – 2018 - PC-SP . Delegado de Polícia). Policial 
Militar que forja situação de flagrância, a fim de increpar indivíduo que sabe inocente e, com isso, dá causa à 
instauração de inquérito policial, comete crime de 
a) falso testemunho (CP, art. 342). 
b) calúnia qualificada(CP, art. 138, § 3º). 
c) exercício arbitrário (CP, art. 350). 
d) denunciação caluniosa (CP, art. 339). 
e) comunicação falsa de crime (CP, art. 340). 
Gab. D. Obs.: A distinção entre o crime contra a honra e o de denunciação caluniosa foi cobrada tanto para prova 
de Escrivão quanto para Delegado. #Atenção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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167 
CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL 
 
→Atenção! Inovação legislativa recente. 
 
No dia 07/10/2016, foi publicada a Lei nº 13.344/2016 que dispõe sobre prevenção e repressão ao tráfico 
interno e internacional de pessoas e sobre medidas de atenção às vítimas; altera a Lei nº 6.815, de 19 de 
agosto de 1980, o Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e o Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); e revoga dispositivos do Decreto-Lei no 2.848, de 
7 de dezembro de 1940 (Código Penal). 
 
1. Tráfico de Pessoas 
 
A Lei nº 13.344/2016, que dispõe sobre a prevenção e a repressão ao tráfico interno e internacional de pessoas. A 
nova Lei altera o Estatuto do Estrangeiro, o Código Penal e o Código de Processo Penal. Possui vigência a partir do 
dia 21 de Novembro de 2016. 
No presente manual, limitaremos a análise dos aspectos da disciplina de direito penal material. 
A expressão "tráfico de pessoas" significa o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o 
acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao 
engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou 
benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração. A 
exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o 
trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos. 
1.1 Topografia do Delito 
➢ Art. 149-A, caput, modalidade simples; 
➢ Art. 149-A, §1º. – majorante de pena. 
➢ Art. 149-A, §2º. – minorante de pena. 
Tráfico de Pessoas 
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave 
ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: 
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; 
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; 
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art149a
 
 
 
 
168 
168 
IV - adoção ilegal; ou 
V - exploração sexual. 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: 
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; 
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência; 
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência 
econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou 
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. 
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa. 
- Art. 149, caput, do Código Penal 
1.1 Bem jurídico tutelado 
Conforme ensina Rogério Sanches, o tráfico de pessoas, antes da nova Lei, estava localizado nos arts. 231 e 231-A, 
ambos do Código Penal, restrito à finalidade de exploração sexual. No entanto, percebendo que os documentos 
internacionais assinados pelo Brasil dão ao delito um alcance bem maior, abrangendo outros tipos de exploração, e 
não apenas a sexual, a Lei 13.334/16 remove o crime do capítulo dos crimes contra a dignidade sexual, migrando 
para o título dos crimes contra a liberdade individual, eis o bem jurídico tutelado no delito em comento. 
→Liberdade individual. 
Obs.: bens outros aparecem no espectro de proteção, como, por exemplo, a dignidade corporal, dignidade sexual e 
o poder familiar. 
Diante do exposto, contemplamos que até o advento da referida lei, o tráfico de pessoas, no Brasil, estava relacionado 
à exploração sexual, apenas e tão somente, previsto no art. 231 do CP (tráfico internacional de pessoal) e art. 231-A 
do CP (tráfico interno de pessoas). 
1.2 Sujeitos do Crime 
a. Sujeito ativo: qualquer pessoa pode figurar como autor do crime do art. 149-A, do Código Penal, seja como 
consumidor do produto traficado ou o próprio beneficiado. 
 
 
 
 
169 
169 
b. Sujeito passivo: homem ou mulher, pode figurar como ofendido. O tipo não exige qualidade ou condição especial 
a vítima. 
Obs.: A depender das condições especiais dos envolvidos, a pena pode ser majorada. 
1.3 Conduta 
O tipo penal, ora em estudo, é de conduta mista, constituído de oito verbos nucleares (alguns, inclusive, sinônimos), 
punindo-se o agente que agenciar (negociar, comerciar, servir de agente ou intermediário), aliciar (atrair, persuadir), 
recrutar (chamar pessoas), transportar (levar de um lugar para outro), comprar, (adquirir a preço de dinheiro), alojar 
(acomodar) ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de 
remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo, submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo, submetê-
la a qualquer tipo de servidão, adoção ilegal ou exploração sexual. 
Desse modo, temos que o delito em comento protege a liberdade individual, punindo-se as condutas de agenciar, 
aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, coação, fraude 
e abuso, com a finalidade de: 
 Remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo 
 Submetê-la a trabalho em condições análogas a de escravo 
 Submetê-la a qualquer tipo de servidão 
 Adoção ilegal 
 Exploração sexual. 
→O consentimento do ofendido exclui o crime? 
Lei nº 13.334/16 
Antes do advento da Lei DEPOIS do advento da Lei 
Art. 231 e art. 231-A (crime contra a dignidade 
sexual) 
Art. 149-A do CP (crime contra a liberdade 
individual). 
O emprego da violência ou grave ameaça servia 
como aumento de pena. 
A doutrina lecionada, que o consentimento do 
ofendido era irrelevante. 
A violência e fraude passa a ser elementares, 
meio de execução do crime. 
 
 
 
 
 
170 
170 
Diante desse novo cenário, o consentimento válido da pessoa, exclui a tipicidade, seguindo, nesse ponto, o Protocolo 
Adicional à Convenção das Nações Unidas, contra o Crime Organizado Transnacional relativo à Prevenção, 
Repressão e Punição do Tráfico d pessoas, que no art. 3º, a e b, alerta: 
Para efeitos do presente Protocolo: 
a) A expressão "tráfico de pessoas" significa o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o 
acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao 
engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou 
benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração. A 
exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o 
trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos; 
b) O consentimento dado pela vítima de tráfico de pessoas tendo em vista qualquer tipo de exploração descrito na 
alínea a) do presente Artigo será considerado irrelevante se tiver sido utilizado qualquer um dos meios referidos na 
alínea a); 
c) O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de uma criança para fins de 
exploração serão considerados "tráfico de pessoas" mesmo que não envolvam nenhum dos meios referidos da alínea 
a) do presenteArtigo; 
d) O termo "criança" significa qualquer pessoa com idade inferior a dezoito anos. 
Diante dessa situação, o operador do direito, portanto, deve aquilatar a validade do consentimento do ofendido com 
base nas circunstâncias do caso concreto, sendo presumido o dissenso (sendo presumido o não consentimento): 
I. se obtido o consentimento mediante o emprego de ameaça, uso da força, coação, rapto (sequestro ou cárcere 
privado), fraude e engano. 
II. se o traficante abusou da autoridade para conquistar o assentimento da vítima. 
III. se o ofendido que aprovou o seu consentimento é vulnerável. Desconsidera-se o consentimento se o agente for 
vulnerável. 
Cuidado. Segundo Rogério Sanches, no conceito de vulnerável, não devemos nos contentar com o conteúdo do art. 
217-A do Código Penal (pessoa menor de 14 anos, enferma ou com deficiência mental, ou sem poder de oferecer 
resistência). É que no art. 218-B (favorecimento a prostituição), o menor de 18 anos também é alcançado pelo tipo. 
Deve-se preferir trabalhar no conceito de vulnerável, para fins do art. 149-A do CP, com o art. 225, I e II do Código 
Penal. 
 
 
 
 
171 
171 
IV. se o ofendido aquiesceu em troca de benefício. 
1.4 Voluntariedade: DOLO 
O crime do art. 149-A é punido a título de dolo, consistente na vontade consciente de praticar qualquer dos núcleos 
do tipo. É imprescindível, ainda, a finalidade especial (alternativa) de traficar a pessoa visando: 
 Remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo 
 Submetê-la a trabalho em condições análogas a de escravo 
 Submetê-la a qualquer tipo de servidão 
 Adoção ilegal 
 Exploração sexual. 
 
1.5 Consumação e Tentativa 
Consuma-se o crime com a realização de qualquer das ações previstas, independentemente da finalidade que motivou 
o agente. 
Em algumas modalidades, o crime é permanente. 
A tentativa é admitida. 
Atenção! Se o agente além de traficar pessoas, concretiza a finalidade que o levou a praticar o delito, estaremos 
diante do concurso de crimes. 
O crime se consuma, independentemente, de o agente efetivar a retirada de órgãos, de 
submeter a vítima a condição análoga de escravos, a servidão, a adoção ilegal ou a 
exploração sexual. 
1.6 Causa de Aumento 
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: 
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; 
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência; 
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de 
dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo 
ou função; ou 
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. 
a) o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las 
 
 
 
 
172 
172 
Emprega-se o conceito de funcionário público previsto ao teor do art. 327 caput do Código Penal. 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem 
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
b) o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência; 
A definição de criança e adolescente é retirado do ECA. 
 
Quem é criança? Quem é adolescente? 
A pessoa com 12 anos incompletos, ou seja, 
aquela que ainda não completou seus doze anos. 
É aquele que conta com 12 anos completos e 18 
anos incompletos. Ao completar 18 anos, a pessoa 
deixa de ser considerada adolescente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esquematizando 
 
Por fim, a pessoa idosa é moldado nos termos do art. 1º do Estatuto do Idoso. 
Quem é IDOSO? 
Considera-se idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade. 
 
 
 
 
 
173 
173 
 
c) Pessoa com deficiência 
Quem é pessoa com deficiência? 
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, 
mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua 
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
 
d) se o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de 
dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, 
cargo ou função. 
e) a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. 
Temos aqui tipificado o tráfico transnacional de pessoas, lembrando que na ordem anterior, lembrando que na ordem 
anterior este crime estava previsto num tipo autônomo (art. 231), com pena independente do tráfico interno (art. 
231-A). 
Antes Depois 
Art. 231 e art. 231-A 
Tráfico transnacional de pessoa e o tráfico 
interno. 
Art. 149-A: tráfico interno e tráfico internacional 
deixou de ser crime autônomo e passou a ser 
considerado causa de aumento de pena. 
 
Obs.: o legislador lembrou da exportação de vítimas e esqueceu da importação! 
 
 
 
 
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Segundo Rogério Sanches, o legislador errou ao aumentar a pena apenas no caso de exportação da pessoa, pois 
deixou de aumentar a pena no caso de importação internacional de vítima. Trata-se de erro grasso, tratando de 
maneira desigual duas situações iguais. 
 
1.7 Causa de Diminuição 
§ 2º A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa. 
A referida minorante assemelha-se a causa de diminuição prevista ao teor da Lei de Drogas. 
Quantum da pena: de 1 a 2/3. 
Requisitos: 
a) ser o agente primário; + 
b) não integrar organização criminosa. 
Qual o parâmetro será utilizado para fixação da redução? 
Segundo Sanches, o legislador teria dado pouca opção para decidir o quantum da redução. Nessa esteira, sugere que 
podem ser considerado: 
- o maior ou menor grau de submissão da vítima (tempo de submissão); 
- maior ou menor colaboração do agente na apuração do crime e libertação da vítima. 
Lembre-se! Como não houve a fixação de patamar para a diminuição, Rogério Sanches afirma que o juiz deve 
considerar o grau de submissão da vítima ou a maior ou menor colaboração do agente na apuração do crime, com a 
efetiva libertação da vítima. 
Obs.: percebam que a ordem anterior não previa a minorante de um a dois terços de o agente era primário e não 
integrava organização criminosa. Essa novidade retroage? Não retroage, sendo vedada a combinação de leis. 
1.8 Ação Penal e Competência 
A ação penal será pública incondicionada. 
A competência, por sua vez, para o processo e julgamento é, em regra, da Justiça Estadual, salvo no caso do tráfico 
transnacional, da competência da Justiça Federal. 
1.9 Livramento Condicional 
A lei alterou o art. 83 do Código Penal, dando ao referido a exigência do cumprimento dos mesmos requisitos do 
tráfico de drogas para a concessão do livramento condicional. 
 
 
 
 
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V – cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico 
de entorpecente e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes 
dessa natureza. 
Dessa forma, temos que o livramento condicional, quando se tratar de tráfico de pessoas, deve seguir os requisitos 
dos crimes hediondos ou equiparados, qual seja, o cumprimento de 2/3 da pena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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176 
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL 
 
3. Crimes Contra o Patrimônio 
 
Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
 a) Fundamento Constitucional dos Crimes contra o Patrimônio 29 
O fundamento dos crimes contra o patrimônio, no âmbito de uma visão constitucional do Direito Penal, 
encontrasse no art. 5.º,caput, da Constituição Federal: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, 
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. 
O direito à propriedade é inviolável. Situa-se no rol dos direitos fundamentais do ser humano e legitima 
a incriminação pelo legislador ordinário das condutas atentatórias ao patrimônio alheio. 
Nada obstante, ao contrário do Código Penal de 1890, que se referia a “crimes contra a propriedade”, o 
atual Código Penal, de 1940, preferiu dispor sobre os “crimes contra o patrimônio”. Esta opção foi acertada, 
uma vez que os crimes disciplinados pelos arts. 155 a 180 do Código Penal não têm por objetividade jurídica 
somente a propriedade, que, regulada pelo Direito Civil, significa o domínio pleno ou limitado sobre as coisas 
(direitos reais), mas também todo e qualquer interesse de valor econômico, isto é, avaliável em dinheiro. 
 
 b) Noções introdutórias 
Segundo o professor Cleber Masson, o patrimônio corresponde complexo de bens ou interesses de valor 
econômico em relação de pertinência com uma pessoa. 
Nessa esteira, consequentemente, os crimes contra o patrimônio podem ser definidos como espécies de 
ilícito penal que ofendem ou expõem a perigo de lesão qualquer bem, interesse ou direito economicamente 
relevante, privado ou público. A nota predominante do elemento patrimonial é o seu caráter econômico, o seu 
 
29 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018. 
 
 
 
 
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valor traduzível em pecúnia; por extensão, também aquelas coisas que, embora sem valor venal, representam 
uma utilidade, ainda que simplesmente moral (valor de afeição), para o seu proprietário (Cleber Masson). 
 
c) Sujeito do Tipo Penal 
 c.1) Sujeito ativo: o crime de furto pode ser praticado por qualquer pessoa, não exige nenhuma 
qualidade especial do agente, sendo o referido crime comum. A única ressalva incide sobre o proprietário e o 
detentor da coisa, que não poderá subtrair coisa própria. Dessa forma, temos que é crime comum (não exige 
qualidade especial do agente, em regra). Corroborando ao exposto, vejamos as explicações proposta pelo prof. 
Cleber Masson 
Pode ser qualquer pessoa (crime comum), com exceção do proprietário da coisa móvel, pois 
ela há de ser “alheia”. Veja-se, porém, que na figura qualificada relativa ao abuso de 
confiança a lei prevê um crime próprio ou especial, pois somente pode ser praticado pela 
pessoa em quem a vítima depositava uma especial confiança. 
 
Obs.1: Ladrão que rouba ladrão tem mesmo 100 anos de perdão? O fato seria atípico? Não, a conduta do 
segundo ladrão é crime. Vejamos as lições do prof. Cleber Masson: 
O ladrão que furta ladrão, relativamente à coisa por este subtraída, comete crime de furto. O 
bem cada vez mais se distancia da vítima, tornando ainda mais improvável sua recuperação. 
O sujeito passivo, porém, não será o primeiro larápio, e sim o proprietário ou possuidor da 
coisa, vítima do delito inicial. 
 
Obs.2: Funcionário Público que “subtrai” 
O funcionário público que subtrai ou concorre para que seja subtraído bem público ou particular que se 
encontra sob a guarda ou custódia da Administração Pública, valendo-se da facilidade que seu cargo lhe 
proporciona, pratica o crime de peculato furto (CP, art. 312, § 1.º 30), também conhecido como peculato 
impróprio. 
 
30 Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a 
posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para 
que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionár 
 
 
 
 
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Obs.3: Famulato 
Denomina-se famulato o furto cometido por pessoas que têm a detenção da coisa alheia móvel, 
especialmente os empregados domésticos, razão pela qual este crime é também rotulado de furto doméstico.
 
 c.2) Sujeito passivo: 
 c.2.1) Sujeito passivo direto/ imedito/eventual: é o titular do bem jurídico tutelado. Todo crime 
possui bem jurídico a ser tutelado. No crime de furto, o sujeito passivo direto é a vítima do furto, proprietário 
ou possuidor. 
 Corroborando ao exposto, Cleber Masson 31: 
 
(...) apenas o proprietário e o possuidor legítimos da coisa móvel podem ser vítimas do furto, pois funcionam 
como titulares do bem jurídico atingido pela conduta criminosa. Pouco importa que se trate de pessoa física ou 
jurídica. O detentor (exemplo: frentista de um posto de combustíveis cujo uniforme utilizado diariamente é 
furtado) não pode figurar como sujeito passivo do furto, uma vez que o crime não lhe prejudica. Como sabido, 
quem desfruta da detenção de um bem o usa em nome alheio, e não em nome próprio. 
Vale destacar que a não identificação do sujeito passivo não afasta a tipicidade do furto. Exemplo: “A” é 
filmado pelo sistema de monitoramento do metrô subtraindo a bolsa de uma mulher, que não vem a ser 
individualizada na multidão. Como o furto é crime de ação penal pública incondicionada, é suficiente para a 
condenação a existência de provas de que “A” atingiu coisa alheia móvel, independentemente da 
individualização da vítima. 
 
Obs.: O proprietário da coisa não pode praticar o crime de furto, ainda que na situação de retirar de terceiros a 
coisa a que emprestou, por exemplo. Nessa situação, parte da doutrina entende tratar-se de crime de exercício 
arbitrário das próprias razões (art. 345 do Código Penal). 
 
c.2.2) Sujeito passivo indireto/mediato/constante: é o Estado. Denomina de constante porque em 
todos os crimes, será ele sujeito passivo, por ver suas regras de conduta violada. 
 
d) Objeto jurídico e material 
 d.1) Objeto jurídico: patrimônio. Todo crime possui objeto jurídico. 
 
31 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2018 
 
 
 
 
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1ª Corrente ao se falar em patrimônio, abarcaria apenas a dimensão propriedade. 
2ª Corrente defende que o patrimônio abarcaria a propriedade, a posse e inclusive a detenção. 
3ª Corrente entende que o patrimônio abarca a propriedade e a posse. Segundo Fábio Roque, essa 
seria a posição prevalecente. 
 
 d.2) Objeto material: é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. Nem todo crime possui 
objeto material. No delito de furto, o objeto material é a coisa alheia móvel. 
 
A coisa deve ser alheia. A palavra “alheia” funciona como elemento normativo do tipo: 
sua compreensão reclama um juízo de valor, de índole jurídica, relacionada com a 
propriedade da coisa. É alheia a coisa que não pertence àquele que pratica a subtração 
(Cleber Masson). 
Cumpre destacarmos que a coisa alheia móvel em direito penal, aplica-se o conceito natural de mobilidade, 
diferentemente do Direito Civil. Assim, coisa móvel, para fins penais, é qualquer coisa passível de remoção. 
 
 Enérgia Elétrica 
 
Nos termos do §3º do art. 155 do Código Penal, equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer 
outra que tenha valor econômico. Assim, a lei equiparou a energia elétrica a coisa móvel. Engloba-se ainda a 
energia nuclear. 
 
Ligação clandestina de TV a cabo equipara-se à energia elétrica? 
 
STJ entende que na ideia de sinal de TV a cabo é coisa móvel e portanto, a sua subtração caracteriza 
crime de furto. Em sentido oposto, é o entendimento do STF, defende que não há amparo legal para tal tipificação. 
Consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal, “o sinal de TV a cabo não éenergia, e assim, 
não pode ser objeto material do delito previsto no art. 155, §3º, do Código Penal” (HC 97.261/RS, Rel. Min. 
Joaquim Barbosa). 
Nessa linha, vejamos os entendimentos dos Tribunais: 
 
 
 
 
 
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O Supremo Tribunal Federal, entretanto, já decidiu pela inexistência de furto na ligação 
clandestina de TV a cabo, com o argumento de que este objeto não seria “energia” (HC 
97.261/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 2.ª Turma, j. 12.04.2011, noticiado no Informativo 
623). O Superior Tribunal de Justiça, a nosso ver com razão, possui entendimento em 
sentido diverso: “(...) o sinal de TV a cabo pode ser equiparado à energia elétrica para fins 
de incidência do artigo 155, § 3º, do Código Penal” (RHC 30.847/RJ, rel. Min. Jorge Mussi, 
5ª Turma, j. 20.08.2013). 
 
Em síntese: 
STJ STF 
Entende que na ideia de sinal de TV à cabo é coisa 
móvel e portanto, a sua subtração caracteriza crime 
de furto 
STF, defende que não há amparo legal para tal 
tipificação. Assim, o furto de sinal de TV a cabo é 
fato atípico, tendo repercussões extrapenais. 
 
Assim, segundo o STF, não se aplica, conforme analogia in mallam partem. Segundo o STJ, aplica-se a 
equiparação. 
 
 
Em relação a coisa alheia, exclui a coisa própria, assim como, a coisa de ninguém (coisa de ninguém – res 
nullus). A coisa abandonada também não é objeto material do crime de furto. 
A coisa comum a todos, também não pode ser objeto do crime de furto. Ex.: ar/luz do sol. Nesse sentido, 
descreve Cleber Masson (Direito Penal Esquematizado): 
Igualmente, não se caracteriza o crime de furto em relação às coisas de uso comum 
(pertencentes a todos), tais como o ar e a água dos rios e oceanos. Caracteriza-se o delito, 
contudo, quando tais coisas foram destacadas do local de origem e sejam exploradas por 
alguém (exemplos: água engarrafada e gás liquefeito). 
 
Furto famélico 
 
É a denominação utilizada pela doutrina e pela jurisprudência relativamente ao furto 
cometido por quem subtrai alimentos em geral para saciar a fome e preservar a saúde ou a 
vida própria ou de terceiro, quando comprovada uma situação de extrema penúria. Pode-
se citar o exemplo da mãe, enferma e desempregada, que subtrai um pacote de fubá para 
 
 
 
 
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alimentar sua filha, de pequena idade e faminta. Não há crime em face da exclusão da 
ilicitude pelo estado de necessidade 32.”. 
 
e) Núcleo do tipo penal: Subtrair. 
f) Elemento subjetivo do tipo: O elemento subjetivo é o dolo específico de subtrair a coisa para si ou para 
outrem (dolo específico). Trata-se, portanto, de ânimo de assenhoramento definitivo da coisa. À vista disto, 
podemos concluir que é atípico a conduta consistente no “furto de uso”. 
Neste caso, a pessoa subtrai a coisa para utilizar e a devolve integralmente ao proprietário (ex.: subtrai 
o relógio da vítima para utilizar em algum evento e o restitui integralmente no dia seguinte). No “furto de uso”, 
o agente não quer subtrair a coisa para si (não pretende o apossamento definitivo) nem para outrem, mas, apenas, 
para utilizar e devolver. 
Dessa forma, temos que o furto de uso não configura crime, pois há a restituição do bem. 
É possível o furto culposo? Não se admite a modalidade culposa, por ausência de previsão legal. Nessa esteira, 
cumpre recordarmos que os crimes culposos se submetem ao chamado princípio da taxatividade, leia-se, 
depende de previsão legal para a sua admissão. Nessa linha, cumpre destacarmos que o único crime (dos crimes 
contra o patrimônio) que admite a modalidade culposa é a receptação (art. 180, §3º do CP). 
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser 
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - reclusão, de um a 
quatro anos, e multa. 
(...) 
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela 
condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: 
g) Consumação 
Candidato, em que momento se consuma o furto? Existem quatro teorias sobre o tema, vejamos: 
1ª Contrectacio: segundo esta teoria, a consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a coisa 
alheia. Se tocou, já consumou. 
2ª Apprehensio (amotio): a consumação ocorre no momento em que a coisa subtraída passa para o 
poder do agente, ainda que por breve espaço de tempo, mesmo que o sujeito seja logo perseguido 
pela polícia ou pela vítima. Quando se diz que a coisa passou para o poder do agente, isso significa 
 
32 Art. 24, caput, do Código Penal: “Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não 
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável 
exigir-se 
 
 
 
 
182 
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que houve a inversão da posse. Por isso, ela é também conhecida como teoria da inversão da posse. 
Vale ressaltar que, para esta corrente, o furto se consuma mesmo que o agente não fique com a posse 
mansa e pacífica. A coisa é retirada da esfera de disponibilidade da vítima (inversão da posse), mas 
não é necessário que saia da esfera de vigilância da vítima (não se exige que o agente tenha posse 
desvigiada do bem). 
3ª Ablatio: a consumação ocorre quando a coisa, além de apreendida, é transportada de um lugar para 
outro. 
4ª Ilatio: a consumação só ocorre quando a coisa é levada ao local desejado pelo ladrão para tê-la a 
salvo. 
 
Qual foi a teoria adotada pelo STF e STJ? A teoria da APPREHENSIO (AMOTIO), segundo a qual 
se considera consumado o delito de furto quando, cessada a clandestinidade, o agente detenha a posse de fato 
sobre o bem, ainda que seja possível à vítima retomá-lo, por ato seu ou de terceiro, em virtude de perseguição 
imediata. 
Assim, o crime estará caracterizado quando o agente possui a posse do bem, ainda que não seja a posse 
pacifica. Nesse sentido, inclusive, fora editado a Súmula 582 do STJ, a qual poderá ser aplicada o mesmo 
entendimento ao crime de furto, vejamos. 
Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de 
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e 
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. 
Sendo o crime de furto um delito plurissubsistente, é plenamente possível a tentativa. Nesse mesmo 
sentido, o Informativo 572 do STJ. Vejamos. 
 
Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço 
de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica 
ou desvigiada. STJ. 3ª Seção. REsp 1524450-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 
14/10/2015 (recurso repetitivo) (Info 572). 
 
Outras expressões similares que você pode encontrar na sua prova: 
A consumação do crime de furto se dá no momento em que a coisa é retirada da esfera de disponibilidade 
da vítima e passa para o poder do agente, ainda que por breve período, sendo prescindível a posse pacífica da 
res pelo sujeito ativo do delito (STJ. 6ª Turma. HC 220.084/MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
04/12/2014). 
 
 
 
 
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Considera-se consumado o crime de furto no momento em que o agente se torna possuidor da res furtiva, 
ainda que haja perseguição policial e não obtenha a posse tranquila do bem, sendo prescindível (dispensável) 
que o objeto do crime saia da esfera de vigilância da vítima (STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1346113/SP, Rel. 
Min. Laurita Vaz, julgado em 22/4/2014). 
Para a consumação do furto, basta que ocorra a inversão da posse, ainda que a coisa subtraída venha a 
ser retomada em momento imediatamente posterior (STF. 1ª Turma. HC 114329, Rel. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 1/10/2013). 
 
Furto de estabelecimento comercial equipado commecanismo de vigilância e de segurança 
Por muito tempo, se discutiu à respeito da impossibilidade do crime de furto quando diante de sistema 
de vigilância realizada por monitoramento, constituindo-se, em verdade hipótese de crime impossível, todavia, 
a questão restou solucionada, conforme se pode verificar do entendimento sumulado pelo STJ. Vejamos: 
Súmula 567 do STJ – Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de 
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de 
furto. 
Corroborando com o entendimento da Súmula 567, vejamos o Informativo 563 do STJ. 
 
O simples fato de o estabelecimento contar com sistema de segurança ou vigilância 
eletrônica (câmera) já é suficiente para caracterizar o crime impossível? 
NÃO. A existência de sistema de segurança ou de vigilância eletrônica não torna impossível, 
por si só, o crime de furto cometido no interior de estabelecimento comercial. 
No caso de furto praticado no interior de estabelecimento comercial (supermercado, p. ex.) 
equipado com câmeras e segurança, o STJ entende que, embora esses mecanismos de 
vigilância tenham por objetivo evitar a ocorrência de furtos, sua eficiência apenas 
MINIMIZA as perdas dos comerciantes, visto que não impedem, de modo absoluto (por 
completo), a ocorrência de furtos nestes locais. 
Existem muitas variáveis que podem fazer com que, mesmo havendo o equipamento, ainda 
assim o agente tenha êxito na conduta. Exs.: o equipamento pode falhar, o vigilante pode 
 
 
 
 
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estar desatento e não ter visto a câmera no momento da subtração, o agente pode sair 
rapidamente da loja sem que haja tempo de ser parado etc. 
É certo que, na maioria dos casos, o agente não conseguirá consumar a subtração do produto 
por causa das câmeras; no entanto, sempre haverá o risco de que, mesmo com todos esses 
cuidados, o crime aconteça. 
Desse modo, concluindo: na hipótese aqui analisada, não podemos falar em ABSOLUTA 
ineficácia do meio. O que se tem, no caso, é a inidoneidade RELATIVA do meio. Em outras 
palavras, o meio escolhido pelo agente é relativamente ineficaz, visto que existe sim uma 
possibilidade (ainda que pequena) de o delito se consumar. 
Sendo assim, se a ineficácia do meio deu-se apenas de forma relativa, não é possível o 
reconhecimento do instituto do crime impossível previsto no art. 17 do CP. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.385.621-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/5/2015 
(recurso repetitivo) (Info 563). 
 
h) Espécies de Furto 
 Inicialmente, cumpre destacarmos que o crime de furto é um delito necessiariamente doloso, não se 
admite a figura do furto culposo por ausencia de previsao legal. 
 No tocante a estrutura topográfica do delito, temos o seguinte: 
Art. 155, caput Furto simples 
§1º causa de aumento 
(furto 
majorado/circunstanciado) 
causa de aumento de pena para os casos em que furto é praticado durante o 
repouso noturno. 
§2º causa de diminuição 
(furto privilegado) 
causa de diminuição de pena, chamada pela doutrina de “furto privilegiado”. 
Se o bem é de pequeno valor e o agente é primário. 
§3º Equiparação a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico é equiparada 
à coisa móvel para fins de configurar o crime de furto. 
§4º Furto qualificado A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - 
com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com 
abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com 
emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
§4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego 
de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. #novidade2018 
§5 Furto qualificado qualificadora para as hipóteses em que a subtração for de veículo automotor 
que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
 
 
 
 
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§6º Furto qualificado A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de 
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em 
partes no local da subtração. #novidade2016 
§7º Furto qualificado A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for 
de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, 
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. #novidade2018 
 
 
• Furto de uso: não configura crime. 
• Furto famélico: furto de alimentos, porque está passando fome. Causa de exclusão da ilicitude por 
estado de necessidade. 
• Ladrão que furta ladrão: configura crime; o segundo ladrão comete furto, mas o passivo é a vítima do 
primeiro furto, não o primeiro ladrão. 
• Cadáver como objeto do crime de furto: se pertencer a instituições, configura-se furto; se não 
pertencer a ninguem, não caracteriza furto, mas outro ilícito penal. Da mesma forma, se retirado do 
cemitério (art. 211, CP33). 
• Sujeito passivo não identificado: a ausência de identificação de quem seja a vítima do crime, não 
descaracteriza o delito. 
 
h.1) Furto Simples 
O furto simples é, por exclusão, o furto que não for privilegiado e nem qualificado. Encontra previsão 
legal ao teor do art. 155, caput. 
 
h.2) Furto durante o repouso noturno 
O furto praticado durante o repouso noturno, ou simplesmente furto noturno ou furto circunstanciado, 
está previsto no art. 155, § 1.°, do Código Penal “a pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante 
o repouso noturno”. 
Tem natureza jurídica de causa de aumento de pena. 
 
33 Destruição, subtração ou ocultação de cadáver 
 Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele: 
 Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
 
 
 
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Trata-se de causa de aumento de pena (aplicável na 3.a fase da dosimetria da pena privativa 
de liberdade), e não de qualificadora. Em razão disso, é também denominado de furto 
circunstanciado. De fato, o Código Penal prevê o furto noturno como um meio-termo entre 
o furto simples (art. 155, caput) e o furto qualificado (CP, art. 155, §§ 4.° e 5.°). A pena é a 
mesma cominada ao furto simples, mas aumentada de um terço (Cleber Masson). 
O que se entende por repouso noturno? É variável conforme os costumes locais, o que se entende por 
período de repouso nortuno em SP não será o mesmo intervalo de tempo de uma pequena cidade do interior. 
Corroborando ainda com a compreensão da causa de aumento em análise, o Professor Cleber Masson: 
 
Repouso noturno é o intervalo que medeia dois períodos: aquele em que as pessoas se 
recolhem, e, posteriormente, o outro no qual despertam para a vida cotidiana. É o tempo em 
que desaparece a vida das cidades e dos campos, em que os seus habitantes se retiram, as 
luzes se apagam, as ruas e estradas se despovoam, facilitando a prática do crime. O critério 
para definir o repouso noturno é variável e deve considerar, necessariamente, os costumes 
de uma determinada localidade. Não há dúvida que tal conceito é diverso quando analisado 
em grandes metrópoles e em pacatas cidades do interior. 
 
Diante do exposto, resta nítido, portanto, que repouso noturno não se confunde com noite. Pode ser noite 
e não estar caracterizado o repouso noturno (exemplo: É noite na Avenida Paulista, em São Paulo, às 21h00, 
mas não se pode falar em repouso noturno). Por outro lado, não se exige para o repouso noturno que estejam as 
pessoas efetivamente dormindo. No caso em que, ilustrativamente, um furto é cometido em uma residência 
durante a madrugada, mas a vítima, com insônia, assistia a um filme, deve incidir a causa de aumento da pena. 
Indaga-se, o furto nortuno aplica-se a estabelecimentos comerciais? aplica-se sim, posto que a 
incidência da causa de aumento de pena deriva da diminuição da esfera de vigilância da vítima. 
 
Causa de aumento do § 1º pode ser aplicada tanto para

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