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Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - GOLD 2023 1 🫁 Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - GOLD 2023 Especialidade Pneumologia Assunto DPOC Date Materials https://www.tadeclinicagem.com.br/guia/86/doenca-pulmonar- obstrutiva-cronica-gold-2023/ Reviewed Tipo Revisão Definição Terceira causa mais comum de morte no mundo Definida como condição pulmonar heterogênea caracterizada por sintomas crônicos em consequência de anormalidades na via aérea e/ou alvéolos, levando a obstrução persistente e comumente progressiva no fluxo aéreo. Diferencia-se da asma por: obstrução persistente do fluxo aéreo (asma: obstrução variável) e anormalidades alveolares (asma: alterações tender a se restringir a via aérea). Pode ser causada por uma perda acelerada da função pulmonar induzida por fatores de risco, como tabagismo, em pessoas predispostas → algumas pessoas não tiveram o crescimento pulmonar normal e tem um pico de função pulmonar menor, ocorrendo por problemas nos primeiros anos de vida (exposição intrauterina a agentes nocivos, baixo peso ao nascer, prematuridade, infecções respiratórias…) → nesses casos, mesmo perdendo função na velocidade habitual, podem acabar desenvolvendo @December 19, 2022 https://www.tadeclinicagem.com.br/guia/86/doenca-pulmonar-obstrutiva-cronica-gold-2023/ Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - GOLD 2023 2 DPOC → explica por que muitos pacientes desenvolvem DPOC sem nunca terem sido tabagistas. Diagnóstico Espirometria é mandatória para o diagnóstico de DPOC. Tosse crônica é indicativo de DPOC, mesmo sem secreção → secreção excessiva levanta suspeita de bronquiectasia → crises de tosse pode causar síncope ou fraturas de arcos costais. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - GOLD 2023 3 Pacientes sem diagnósticos podem se apresentar em uma exacerbação → hipótese de DPOC levantada na presença de fatores de risco → relatos de resfriados/gripes prolongadas e mais intensas também é suspeito de DPOC em pessoas de risco. DPOC presumido, assumindo o diagnóstico com base em dados clínicos, é perigoso e deve ser temporário → história e exame físico não são bons preditores de obstrução ao fluxo de ar na espirometria → muitos não tem obstrução de fluxo de ar ao realizar o exame. Exame físico ajuda pouco no diagnóstico → sinais de obstrução ao fluxo estão presentes apenas em casos avançados. O principal diagnóstico diferencial é a amas, que pode estar presente junto da DPOC. Espirometria Usa-se resultados da velocidade expiratória forçada no 1º segundo (VEF1) e capacidade vital forçada (CVF) na relação VEF1/CVF → valores usados devem ser obtidos após uso de broncodilatador. Critério espirométrico permanece o mesmo → relação VEF1/CVF pós- broncodilatador < 0,7é diagnóstica de obstrução ao fluxo não totalmente reversível → não é específico de DPOC, podendo ocorrer na asma e outros doenças pulmonares. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - GOLD 2023 4 Pré-DPOC: pessoas com sintomas respiratórios e/ou alterações estruturais pulmonares (ex: enfisema em TC) e/ou alterações fisiológicas (ex: VEF1 reduzido), mas relação VEF1/CVF preservadas. PRISm: pessoas com espirometria alterada, mas VEF1/CVF normal. Ambas tem risco de evoluírem com DPOC, mas nem todas evoluem. DPOC Estável: Avaliação e Classificação Após o diagnóstico, deve-se avaliar: (1) gravidade da obstrução; (2) risco de exacerbações; (3) intensidade dos sintomas. Obstrução é avaliada pela VEF1 após broncodilatador em porcentagem em relação ao predito → espirometria deve ser repetida anualmente. Se o paciente for de alto risco (pelo menos 1 exacerbação com hospitalização ou 2 idas ao PS), ela está na categoria E. Se risco for baixo, avalia-se a intensidade dos sintomas → se alta (questionário mMRC ≥2 ou CAT > 10), o paciente está na categoria B → se intensidade baixa, categoria A. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - GOLD 2023 5 A SatO2 deve ser aferida em toda consulta → se < 92%, solicitar uma gasometria arterial. TC de tórax deve ser considerada se: (1) exacerbações frequentes, com tosse intensa e produção excessiva de secreção (DD com bronquiectasia); (2) sintomas desproporcionais ao achados na prova de função pulmonar; (3) VEF1 <45% do predito e candidatos a intervenção cirúrgica (cirurgia redutora de volume pulmonar: opção se hiperinsuflação e enfisema predominando nos lobos superiores); (4) se entram no critério de rastreio de câncer de pulmão. Todos devem ser rastreados uma vez para deficiência de alfa-1-antitripsina. DPOC Estável: Terapia Não Farmacológica Principais intervenções são: (1) cessa tabagismo, (2) vacinas, (3) reabilitação pulmonar, (4) O2 domiciliar, (5) VNI, (6) cirurgias. https://www.instagram.com/p/COd-h5yFB5Q/ Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - GOLD 2023 6 Todo tabagista com DPOC deve ser aconselhado a cessa o tabagismo → programa de cessação com disponibilidade de medicações deve ser oferecido → outros fatores como fogão a lenha, ambientes mal ventilados e poluição devem ser abordados e afastados, se possível. GOLD recomenda vacinais para: influenza, Sars-CoV-2, pneumococo, coqueluche (dTPa para os não vacinados na infância), zoster (se > 50 anos). Reabilitação pulmonar é uma intervenção ampla que envolve treinamento com exercícios, educação e auto-manejo → reduz desfechos significativos como mortalidade e hospitalizações → mais benefícios em pacientes com exacerbações → indicada para GOLD B e E. Oxigenoterapia domiciliar é capaz de reduzir mortalidade → reavalição em 60-90 duas é necessária, pois muitos pacientes saem do critério após algumas semanas. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - GOLD 2023 7 VNI, sempre lembrada nas exacerbações, pode ser usada em casos selecionados de DPOC estável → os que se beneficiam são aqueles com hospitalização recente e hipercapnia persistente (pCO2 > 53 mmHg). Intervenções cirúrgicas são opções para alguns pacientes → a mais respaldada é a de redução dos volumes pulmonares, indicada se predomínio do enfisema em lobo superior e pode reduzir mortalidade → colocação de válvulas endobrônquicas unidirecionais são alternativas em pacientes com enfisema grave → Tx de pulmão pode ser realizado na DPOC avançada, pesando risco de complicações e disponibilidade de órgãos. DPOC Estável: Medicações Iniciais O início da terapia é guiado pela classificação A, B e E. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - GOLD 2023 8 Grupo A: poucos sintomas e baixo risco de exacerbações → broncodilatador, seja beta agonista ou antimuscarínico → pode ser curta ou longa ação, mas de longa são preferíveis. Grupo B: muitos sintomas e baixo risco de exacerbações → beta agonista de longa ação (LABA) + antimuscarínico de longa ação (LAMA) → se combinação inviável, LABA ou LAMA podem ser usados isoladamente, sem superioridade entre eles. Grupo E: alto risco de exacerbações, independente de sintomas → combinação de LABA+LAMA, que garante maior redução de exacerbações → se eosinófilos > 300 cel/mcL, deve-se considerar iniciar com terapia tripla contendo corticoide inalatório (ICS), que não reduzem sintomas, mas reduz exacerbações. Se o paciente tem asma e DPOC ao mesmo tempo, deve-se seguir primariamente a linha de tratamento da asma → sempre deve conter ICS. DPOC Estável: Medicações Adicionais Ajustes depende do componente que está persistindo apesar do tratamento (sintomas ou exacerbações) → o primeiro passo sempre é checar aderência, técnica de uso e presença de comorbidades. Se persiste com dispneia, deve-se associar LABA+LAMA → se continuar persistindo: (1) combinar as medicações em um único dispositivo; (2) trocar dispositivo inalatório; (3) instituir ou escalonar tratamentos não farmacológicos; ou (4) investigar outras causas de dispneia. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - GOLD 2023 9 Se persiste exacerbações, deve-se checar a contagem de eosinófilos → se > 300, prescrever ICS+LABA+LAMA → se < 300, associar LABA+LAMA → se persistir após associação, tentar ICS+LABA+LAMAse eosinófilos > 100. Alguns continuam exacerbando mesmo com tripla terapia ou com dupla e eosinófilos < 100 → existem duas opções: (1) VEF1< 50% do predito e bronquite crônica (tosse produtiva por pelo menos 3 meses/ano em 2 anos consecutivos) está indicada adicção de inibidor de fosfodiesterase-4 como roflumilaste; (2) DPOC com tabagismo, acrescentar azitromicina 500mg 3x/semana. ICS reduzem exacerbações, mas aumentam o risco de pneumonia → se após introdução do ICS começarem a ocorre pneumonias, deve-se suspender o ICS → se eosinófilos > 300, existe maior risco de exacerbações após retirada do ICS. DPOC Exacerbado: Avaliação Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - GOLD 2023 10 Exacerbação: piora da dispneia e/ou tosse com secreção que ocorre em < 14 dias que pode ser acompanhada por taquipneia e/ou taquicardia comumente associada a aumento da inflamação local e sistêmica causada por infecção, poluição ou outros insultos. Quadro de exacerbação é inespecífico → DD mais comuns são pneumonia, IC e embolia pulmonar, que devem ser procurados ativamente. Muitos pacientes com TEP tem clínica similar a exacerbação de DPOC → podem ter queixas respiratórias, hipoxemia e imagem pulmonar sem sugestão de pneumonia → suspeitar d eTEP em exacerbações com pouca secreção, hipoxemia e ausência de melhora. GOLD recomenda dosar PCR em pacientes com suspeita de exacerbação de DPOC → ajuda na decisão de iniciar ATB e, quando está < 10 mg/L se associa com exacerbações mais leves. Sintomas mais intensos de exacerbações duram 7-10 dias → em 8 semanas, 20% dos pacientes ainda não se recuperaram completamente. DPOC Exacerbado: Tratamento Primeira medida para todas as exacerbações é o uso de broncodilatadores de curta ação → beta agonistas (SABA), com ou sem antimuscarínicos (SAMA), devem ser usados → não se deve suspender os agentes de longa ação caso o paciente já faça uso → se não usada agentes de longa ação, estes devem ser adicionados sempre antes da alta hospitalar. Corticoides sistêmicos podem reduzir tempo de recuperação, abreviar internação, diminuir chance de recorrência e melhorar oxigenação → principalmente em pacientes tratados dentro do hospital → dose de 40mg de prednisona por 5 dias. GOLD recomenda uso de ATB se: (1) purulência do escorre e pelo menos um critério, seja dispneia ou aumento do volume do escarro; (2) necessidade de VNI ou invasiva. Tempo de ATB é de 5-7 dias, preferindo 5 em pacientes fora do hospital → escolha evolve amoxicilina/clavulanato ou macrolídeo → deve-se coletar cultura do escarro em pacientes com exacerbações frequentes, limitação grave ao fluxo de ar ou necessidade de ventilação mecânica, pois há maior chance de bactérias resistentes. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - GOLD 2023 11 VNI é a estratégia ventilatória preferencial em DPOC exacerbada → reduz a mortalidade → se paciente tolera 4h sem VNI, já pode suspender sem necessidade de desmame. Além de condição clínica em deterioração, o GOLD recomenda admissão em UTI para pacientes com pO2 <40 e acidose respiratória com pH < 7,25. Após alta, orienta-se retorno entre 1 semana e 1 mês e um segundo retorno entre 3-4 mees.