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Jean Piaget Temas: Cognição, Psicologia Infantil, Psicologia do desenvolvimento, Epistemologia/Filosofia, Inteligência, Pensamento, Desenvolvimento Intelectual Infantil, Estruturas, Operações, Estágios, Epistemologia genética. Anotações feitas através das aulas de Psicologia do Desenvolvimento, do Professor Júlio Neto, e dos textos e provas repassados Sobre Jean Piaget: (Aula 24/03): Piaget era um jovem religioso, depois estuda psicanálise mas sai da área → Freud x Piaget: estado narcísico da criança (a criança se ver como única e principal indivíduo do mundo, o centro do universo) → Freud acredita que, ao nascer, a criança é um ser narcísico → Piaget concorda com a percepção da criança de ser o centro do universo, mas difere ao dizer que o estado narcísico ocorre sem o Narciso, ou seja, ele exclui a questão do ego pois a criança não tem noção de si mesma; Piaget foi o primeiro a afirmar que devemos olhar para as crianças no próprio olhar delas sobre a vida, isto é, se colocar no lugar da criança em busca de compreender e explicar os processos de desenvolvimento. Ele se interessa sobre a questão de como a criança desenvolve a inteligência (um fator comum a todas as crianças). Como essa inteligência é formada? Paradigma Piagetiano: as teses epistemológicas, a construção da psicologia genética e a construção do conhecimento. Objetivo Fundamental: estudar empiricamente o funcionamento cognitivo e seu papel enquanto propulsor do desenvolvimento. Ressaltando o "empírico", Piaget cria uma ciência de métodos próprios para explicar os processos, que seriam situações-problemas às crianças de várias faixas etárias, resolução e dificuldades dos problemas. Piaget também fez estudos de observação com os próprios filhos de 0 a 2 anos de idade, o qual escreveu a respeito em seus livros. Foco: desenvolvimento qualitativo das estruturas intelectuais, através de uma análise ontogenética (análise individual: como a mesma criança se desenvolve?; diferente de filogenia, em que o foco é em como a espécie se desenvolve). Ou, investigação teórica e experimental do desenvolvimento qualitativo de estruturas intelectuais. (Obs.: o "qualitativo" na teoria de Piaget não é subjetivo, é a qualidade do pensamento, uma observação empírica) Características: inteligência é o conceito fundamental e possui o sentido de organização e direção. O principal interesse de Piaget é a gênese do conhecimento (formação da inteligência), sua origem e natureza. Epistemologia Genética de Piaget: Foi elaborada para explicar como se constrói o conhecimento e se desenvolve a inteligência. Epistemologia (teoria do conhecimento) + genética (gênese, origem); Tem o objetivo de explicar os processos cognitivos para o desenvolvimento da inteligência. Investiga os processos e etapas por meio das quais as crianças constroem o conhecimento. Definição de Inteligência para Piaget: para Piaget, a inteligência é Adaptação, organização e assimilação; Uma forma de equilíbrio para a qual tendem todas as estruturas cognitivas; Um sistema de operações ativas; Um ajuste harmonioso entre as estruturas cognitivas de uma pessoa e os fatores ambientais que a cercam → Piaget é interacionista (diz que o conhecimento ocorre ao longo da interação entre sujeito e objeto; as dimensões afetivas e cognitivas estão presentes na obra de Piaget, apesar de sua maior ênfase nos processos cognitivos que ocorrem ao longo da construção do conhecimento); A capacidade de coordenar os meios para atingir uma finalidade que se expressa através da resolução de novos problemas (assimilação, acomodação e adaptação); Conceitos Fundamentais da Teoria de Piaget: Conteúdo, estrutura e função. Conteúdo: refere-se aos dados comportamentais, ou seja, aquilo que o indivíduo está pensando, seus interesses, ou como ele resolve um problema. (No texto de Biaggio, cap. 3, pág. 58) Estrutura: caráter biológico. O desenvolvimento é afetado por fatores biológicos. Uma estrutura é composta de uma série de esquemas integrados. (Idem) Função: Piaget afirma que todas as espécies herdam duas tendências básicas ou "funções invariantes": adaptação (envolve dois processos complementares: acomodação e assimilação) e organização. (No texto de Biaggio, pág. 59 e 60) A criança é um sujeito epistêmico: em busca de conhecimento. Inteligência possui função e estrutura, organização e direção, funções invariantes e conteúdos comportamentais. Adaptação, assimilação e acomodação são conceitos que formam a inteligência e são processos complementares, ou seja, um precisa do outro. 2° Acomodação: é um processo que exige modificações nas estruturas cognitivas do organismo para que o indivíduo consiga incorporar uma nova informação. 1° Assimilação: é um processo que ocorre quando uma nova informação é incorporada às estruturas cognitivas já existentes. Conflito cognitivo: ocorre quando os esquemas cognitivos existentes não conseguem elaborar uma resposta adequada a um problema. Se expressa quando há falhas na ação ou na execução de tarefas e/ou atividades. Equilíbrio cognitivo: representa um ajuste harmonioso entre as estruturas cognitivas de uma criança e suas ações no ambiente. Esquemas: são unidades básicas do funcionamento cognitivo, todo esquema é uma ação. Existe diferentes tipos de esquemas: esquemas reflexos (espontâneas e automáticas diante de certos estímulos, ex.: esquema de sugar, esquema de preensão), esquemas de ação (ao se coordenarem, favorecem a construção de um outro esquema, ex.: mamar, sugar, puxar, prender) e esquemas representativos (são esquemas de ações interiorizadas). A coordenação de esquemas variados conduz a deduções práticas que são conservadas (noção de conservação) e reversíveis (noção de reversibilidade), deduzimos logo que a reversibilidade constitui o próprio critério de equilíbrio. A evolução da inteligência está orientada sempre no sentido da reversibilidade e a evolução da noção de inteligência pode ser acompanhada através da construção que, segundo Piaget, caracterizam as etapas do desenvolvimento humano: ritmos (assegura as interações do sujeito no começo da vida; conduta rítmica, a exemplo da sucção e locomoção), regulações (modificações das ações, quando de sua retomada, seja por reforço ou correção (feedback positivo ou negativo)) e operações (para Piaget, as operações são coordenadas por ações, interiorizáveis, reversíveis, coordenadas por sistemas, comuns a todos, presente nos raciocínios individuais e sociais). (No texto "As Estruturas da Inteligência Segundo Piaget", pág. 2 e 3) Os estágios de desenvolvimento cognitivo: Estágio sensório-motor (0 a 2 anos): esse período se estende do nascimento ao aparecimento da linguagem e é dividido em seis subestágios (informações a seguir retirados do texto de Biaggio, pág. 62 adiante, e texto "Estágios", pág. 4 em diante) Primeiros reflexos (0 a 1 mês): aqui a criança limita-se a exercitar seu equipamento reflexo; 1. Reações circulares primárias (1 a 4 meses e meio): começo dos condicionamentos estáveis, primeiros hábitos, relativas ao próprio corpo; quando um comportamento da criança casualmente leva a um resultado interessante ela tende a repeti-lo, ex.: chupar o polegar. 2. Reações circulares secundárias (4 meses e meio a 8-9 meses): relativas aos corpos/objetos manipulados externos; adaptações intencionais. Coordenação da visão e da apreensão. 3. Coordenação de esquemas secundários (8-9 a 11-12 meses): utilização de meios conhecidos a atingir um novo objetivo. Começo da pesquisa do objeto desaparecido mas sem coordenação dos deslocamentos (e localizações) sucessivos (erros AB). 4. Reações circulares terciárias (12-19 meses): neste ponto a criança começa a experimentar ativamente novos comportamentos, descoberta de meios novos. Capaz de imitar ações novas. 5. Início do simbolismo (18 a 2 anos): representa uma transição para o período pré-operacional e traz grande realização do início da linguagem. É o começo da interiorizaçãodos esquemas e solução de alguns problemas com parada de ação e compreensão brusca. 6. Estágio pré-operacional (2 a 6 anos): Desenvolvimento da capacidade simbólica; Nesta fase a criança já não depende unicamente de suas sensações de seus movimentos, mas já distingue um signficador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa (o objeto ausente), o significado. Crianças bilíngues desenvolvem essa distinção mais rapidamente. Explosão linguísitica; Características: Egocentrismo: incapacidade de se colocar no lugar dos outros. Centralização: focaliza apenas uma dimensão do estímulo. Estados e transformações: pensamento estático e rígido; fixa impressões de estados momentâneos e não consegue juntar uma totalidade que considere as transformações. Desequilíbrio: as acomodações predominam sobre as assimilações; a maioria dos estímulos exigem mudanças radicais na maneira de lidar com o mundo da criança. Irreversibilidade: incapacidade de entender que certo fenômenos são reversíveis, que transformações podem ser desfeitas. Raciocínio transdutivo: chega a conclusões partindo do particular para o particular. Realismo, animismo e antroporfismo. Estágio de operações concretas (7 a 11 anos): Centralização e descentralização; Reversibilidade (e invariância); Ação internalizada; Grupos, reticulados e agrupamentos (pg. 72, Biaggio). Estágio de operações formais (12 anos em diante): Raciocínio dedutivo (do geral para o particular) e indutivo (do particular para o geral); Lógica das proporções; Capacidade de raciocinar sobre enunciados, sobre hipóteses e não mais somente sobre objetos postos sobre a mesa ou imediatamente representados; Egocentrismo na adolescência: ocorre um deslocamento da realidade onde o jovem se apaixona pelo seu próprio pensamento, aplicando o mesmo até em realidades futuras, desprovidas do contexto da realidade atual. Ocorre na adolescência durante uma fase de transformação hormonal. As estruturas finais do pensamento precisam se adequar a perturbações na vida afetiva. A função é encontrar um equilíbrio entre novas estruturas lógicas no pensamento e a afetividade. Diferente das crianças, que pensam concretamente sobre cada problema, o jovem adolescente passa a ter capacidades de construir sistemas, teorias, filosofias, novas estéticas etc. e refletir abstratamente sobre elas. Ocorre um deslocamento da realidade onde o jovem se apaixona pelo seu próprio pensamento aplicando o mesmo até em realidades futuras, desprovidas do contexto da realidade atual. O adolescente é capaz de aplicar as operações mentais (agrupamentos) a partir de enunciados verbais e testar hipóteses descoladas de sua manipulação concreta.
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