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ANÁLISE QUALITATIVA DE RISCOS ASSOCIADOS À SEGURANÇA NO TRABALHO EM OBRAS COM ESTRUTURAS PROVISÓRIAS Paulo Antonio Maldonado Silveira Alonso Munhoz Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Profº. Eduardo Linhares Qualharini RIO DE JANEIRO Fevereiro de 2018 ii ANÁLISE QUALITATIVA DE RISCOS ASSOCIADOS À SEGURANÇA NO TRABALHO EM OBRAS COM ESTRUTURAS PROVISÓRIAS Paulo Antonio Maldonado Silveira Alonso Munhoz PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL. Examinada por: ______________________________________________ Prof. Eduardo Linhares Qualharini (orientador). ______________________________________________ Prof. Elaine Garrido Vazquez. D. Sc ______________________________________________ Prof. Osvaldo Ribeiro da Cruz Filho. D. Sc. RIO DE JANEIRO Fevereiro de 2018 iii Munhoz, Paulo Antonio Maldonado Silveira Alonso Análise qualitativa de riscos associados à segurança no trabalho em obras com estruturas provisórias / Paulo Antonio Maldonado Silveira Alonso Munhoz – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2018. XII, 64 p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Eduardo Linhares Qualharini Projeto de graduação – UFRJ/ Escola Politécnica / Curso de Engenharia Civil, 2017. Referências bibliográficas: p. 61-63. 1. Introdução 2. Estruturas Provisórias e Segurança no Trabalho 3. Gerenciamento de Riscos 4. Exemplo de Aplicação 5. Considerações Finais I. Eduardo Linhares Qualharini. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Engenheiro Civil. iv AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu orientador Eduardo Linhares Qualharini pelas instruções e ensinamentos dados durante toda a graduação e a todos os professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio de Janeiro que contribuíram para minha formação profissional. Agradeço a minha família, em especial meus pais e irmãos, que deram base para todo o meu desenvolvimento pessoal, acadêmico e me incentivaram em todas as etapas da minha vida. v Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. ANÁLISE QUALITATIVA DE RISCOS ASSOCIADOS À SEGURANÇA NO TRABALHO EM OBRAS COM ESTRUTURAS PROVISÓRIAS Paulo Antonio Maldonado Silveira Alonso Munhoz Fevereiro/2018 Orientador: Eduardo Linhares Qualharini Curso: Engenharia Civil Esta pesquisa tem como objetivo analisar os riscos à segurança humana associados aos envolvidos diretamente em obras civis, que se utilizam de estruturas tubulares provisórias. O gerenciamento de riscos visa obter um maior entendimento sobre os processos para conquistar melhorias na execução dos serviços e, no caso do estudo, resguardar a segurança dos trabalhadores envolvidos neste tipo de empreendimento. A pesquisa visa analisar as possíveis causas de riscos e acidentes que afetem diretamente a integridade física dos trabalhadores e, com os processos de gerenciamento de riscos, estabelecer estratégias de ação. Para isso, conta-se com um exemplo de aplicação real das boas práticas de gerenciamento de riscos que resulta em resultados em termos de selecionar os riscos mais temerários ao projeto e estabelecer condutas baseadas nas normativas para mitigá-los ou preveni-los. Palavras-chave: Riscos, Estruturas provisórias, Segurança. vi Abstract of Monograph present to Poli/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for degree of Civil Engineer. RISK QUALITATIVE ANALISYS ASSOCIATED WITH SAFETY IN WORK IN CONSTRUCTIONS WITH PROVISIONAL STRUCTURES Paulo Antonio Maldonado Silveira Alonso Munhoz February/2018 Advisor: Eduardo Linhares Qualharini Course: Civil Engineering This research analyzes the risks associated with those directly involved in civil works, which use tubular structures. Risk management aims to obtain a better understanding of the processes to achieve improvements in the execution of services and, in the case of the study, to safeguard the safety of workers involved in this type of enterprise. This paper aims to evaluate the practices used in the case study comparing best practices with the light of the literature, to point out improvements and to obtain gains to the companies and employees. An example of the actual application of good risk management practices results in results in terms of selecting the most risky risks to the project and establishing policy-based behavior to mitigate or prevent them. Keywords: Risks, Provisional Structures, Safety. vii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................... 1 1.2 OBJETIVO ................................................................................................ 3 1.3 JUSTIFICATIVA...............................................................................................3 1.4 METODOLOGIA ...................................................................................... 4 1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ........................................................ 4 2. ESTRUTURAS PROVISÓRIAS E SEGURANÇA NO TRABALHO.............. 6 2.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO ............................................................ 6 2.2 SISTEMAS DE ESTRUTURAS TUBULARES ......................................... 8 2.2.1 ESTRUTURA TUBULAR CONVENCIONAL..........................................8 2.2.2 ESTRUTURAS COM PEÇAS SOLDADAS.............................................14 2.2.3 ESTRUTURA CONCOPO.........................................................................16 2.2.4 ESTRUTURA COM SISTEMA MULTIDIRECIONAL...........................17 2.3 ARMAZENAGEM E TRANSPORTE ...................................................... 19 2.4 MONTAGEM E MÃO-DE-OBRA...........................................................21 2.5 NORMAS RELATIVAS À SEGURANÇA NO TRABALHO .................. 22 2.5.1 NR-18: CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO.................................................................................23 2.5.2 NORMA TÉCNICA PETROBRAS - MONTAGEM E DESMONTAGEM DE ANDAIMES..............................................................................................................24 2.5.3 NBR 6494: SEGURANÇA NOS ANDAIMES..........................................26 2.5.4 NR-35: TRABALHO EM ALTURA.........................................................28 2.5.5 NR-6: EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI..............30 3. GERENCIAMENTO DE RISCOS ................................................................ 34 3.1 DEFINIÇÃO DE RISCOS... .................................................................... 34 3.2 PROCESSOS PARA GERENCIAMENTO DE RISCOS.......................... 34 3.3 PLANEJAMENTO DO GERENCIAMENTO DE RISCOS ...................... 35 3.4 IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS ............................................................ 36 viii 3.5 ANÁLISE QUALITATIVA ..................................................................... 38 3.6 ANÁLISE QUANTITATIVA ..................................................................41 3.7 RESPOSTAS AOS RISCOS .................................................................... 43 3.8 CONTROLE E MONITORAMENTO ...................................................... 44 4. EXEMPLO DE APLICAÇÃO.. .................................................................... 47 4.1 EVENTO, EMPRESA E CONTEXTO… ................................................. 47 4.2 RISCOS ENVOLVIDOS E PLANEJAMENTO.............................................52 4.3 CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS.......................................................58 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................60 5.1 COMENTÁRIOS ..................................................................................... 60 5.2 SUGESTÕES ........................................................................................... 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 61 INDICAÇÕES ELETRÔNICAS ............................................................................ 62 ix LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Representação de andaime simplesmente apoiado ........................................ 7 Figura 2 – Andaime fachadeiro ....................................................................................... 7 Figura 3 – Modelos de utilização das braçadeiras ............................................................ 8 Figura 4 – Tipos de braçadeiras...................................................................................... 9 Figura 5 – Informações técnicas tubos e braçadeiras ....................................................... 9 Figura 6 – Chave de catraca............................................................................................10 Figura 7 – Andaime com as nomenclaturas.................................................................... 13 Figura 8 – Escada com guarda-corpo ............................................................................. 13 Figura 9 – Quadros modulares ....................................................................................... 14 Figura 10 – Encaixe concopo ......................................................................................... 16 Figura 11 – Sequência de montagem concopo ............................................................... 17 Figura 12 – Andaime multidirecional e roseta ............................................................... 18 Figura 13 – Garras encaixadas em roseta ....................................................................... 18 Figura 14 – Reações nas ligações garra e roseta ............................................................ 19 Figura 15 – Cinto de segurança e talabarte..................................................................... 31 Figura 16 – Linha de vida em andaimes multidirecionais...............................................32 Figura 17 – Planejar o gerenciamento dos riscos: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas ........................................................................................................................................ 36 Figura 18 – Riscos durante o projeto .............................................................................. 37 Figura 19 – Realizar a análise qualitativa dos riscos: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas. ........................................................................................................................................ 39 Figura 20 – Escalas para análise qualitativa dos riscos .................................................. 39 Figura 21 – Matriz de probabilidade e impacto .............................................................. 40 Figura 22 – Realizar a análise quantitativa dos riscos: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas...............................................................................................................................41 Figura 23 – Elementos de uma árvore de decisão...........................................................42 Figura 24 – Controlar os riscos: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas....................45 Figura 25 – Processos de Monitoramento ..................................................................... 45 x Figura 26 – Homens trabalhando no andaime ............................................................... 49 Figura 27 – Etapa final da construção da primeira torre ............................................... 49 Figura 28 – Torres na lateral esquerda do palco principal ............................................ 50 Figura 29 – Detalhe de pisos, escada e estrutura multidirecional .................................. 50 Figura 30 – Torre com propaganda colocada ................................................................ 51 Figura 31 – Torre com painel de LED ........................................................................... 51 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Equipamentos e funções...............................................................................11 Quadro 2 – Equipamentos andaimes modulares .............................................................15 Quadro 3 – Rendimento de Montagem por homem hora...............................................22 Quadro 4 – Riscos envolvidos.........................................................................................53 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Escala de riscos ............................................................................................ 54 Tabela 2 – Matriz probabilidade x impacto ................................................................... 55 GLOSSÁRIO ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR – Norma Brasileira NR – Norma Regulamentadora PMI – Project Management Institute SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 1 1. INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS As estruturas de andaimes são utilizadas pelos homens há mais de cinco milênios. Na cidade de Tebas, no Egito, foram encontradas pinturas em um túmulo que remetem a utilizam de andaimes para facilitar a construção de obeliscos. Segundo o historiador Herótodo, a primeira pirâmide foi construída em degraus, como uma escada. As pedras que foram utilizadas na construção das pirâmides foram levantadas por meio de um pequeno andaime de madeira. Desta forma, elas foram erguidas da terra para o primeiro “degrau da escada”; lá elas foram colocadas em outro andaime, com o qual foram levantadas para o segundo degrau, e assim por diante. O acabamento foi iniciado na direção inversa, do topo até o nível mais baixo. Enquanto isso, em torno de 200 a.C, foi realizada a obra da muralha da China e os trabalhadores se utilizaram de andaimes de bambu para alcançar locais de difícil acesso. O bambu é um material leve, porém, suficientemente forte para suportar o peso dos trabalhadores e dos seus equipamentos. Devido seu peso e durabilidade, os trabalhadores conseguiam realizar a montagem dos andaimes sem necessidade de nenhum maquinário o que conferia maior grau de autonomia aos serviços. Apesar de os andaimes de metal serem comuns atualmente no país, os andaimes de bambu ainda são amplamente utilizados em algumas regiões. (CREA-SC, 2017) No século XX, os andaimes sofreram mudanças nos materiais utilizados pois, viu-se no aço uma melhor solução para as estruturas. No ano de 1906, os irmãos Daniel Palmer-Jones e David Henry-Jones criaram uma empresa especializada na fabricação de andaimes. Em 1919, eles introduziram o scaffixer – um conjunto de fixações que servia para segurar pedaços de madeira ou de metal, de uma maneira mais segura do que as tradicionais fixações com corda. Após alguns serviços prestados eles receberam a oportunidade de trabalhar nareconstrução do Palácio de Buckingham em 1913, o que garantiu a consolidação do sucesso de sua invenção. Na Europa, algumas empresas continuaram com sucesso a história das estruturas tubulares em aço como, por exemplo, a Echafaudages Tubulaires Mills. Em 1939, os engenheiros Théodore Coppel e Jacques Coulon criaram em sociedade a empresa que viria a ser referência mundial na área. Em 1946, a empresa participou na reconstrução do pós-guerra utilizando somente seus tubos e braçadeiras. No ano de 1958, a empresa realizou uma obra que utilizou duzentos e oitenta quilômetros de estrutura tubular para escorar o cofre do Congresso Nacional de Informação Turística (CNIT) e, se posicionou como uma das maiores empresas 2 do mercado. Alguns anos depois, em 1961, os engenheiros fundadores da empresa uniram esforços para elaborar e publicar o livro “Echafaudages Tubulaires” que, até os dias de hoje, é referência para os cálculos de andaimes e escoramentos. Com o passar dos anos e a grandeza da empresa na França, majoritariamente as grandes obras públicas de engenharia civil, contavam com o apoio das estruturas da Mills e, em 1968, as obras para a Olimpíada de Inverno de Grenoble tiveram suas instalações esportivas construídas com a participação da empresa. Nos anos subsequentes, a empresa realizou algumas obras de destaque e expandiu suas atuações para outros países como Brasil e Japão. (MILLS, 2015) Com o passar dos anos as soluções criadas pelos irmãos Jones chegaram ao Brasil por meio do estabelecimento de grandes empresas. Dentre elas, destaca-se a Mills, que tem grande força no território brasileiro desde 1952 quando, o romeno José Nacht, começa a importar os equipamentos tubulares da Echafaudages Tubulaires Mills na França. Antes do surgimento desta empresa as obras se utilizavam de andaimes em madeira, o que resultava em desmatamento e falta de segurança para os trabalhadores envolvidos. Pelo fato de ser a primeira empresa a utilizar no Brasil as estruturas tubulares de aço, a Mills conseguiu no ano de sua inauguração fechar contrato para realizar a obra da cúpula da Igreja da Sé em São Paulo. Ainda na década 1950, algumas obras de destaque foram realizadas pela empresa como a construção da Avenida Perimetral e o reparo do relógio da Central do Brasil, ambas no Rio de Janeiro, e as obras de infraestrutura da cidade de Brasília. Nos anos 60, a empresa conseguiu ganhar ainda mais força no mercado da construção civil brasileira e realizou obras em todo território nacional como a reconstrução dos Arcos da Lapa, obra do Maracanãzinho, Barragem de Jupiá e da Ponte Fronteira Santa Catarina. Ao final desta década, Cristian Nacht, filho do fundador, passa a atuar na equipe de administração da empresa e exerce função de liderança como Presidente do Conselho de Administração até os dias de hoje. Com o passar dos anos a empresa foi escrevendo sua história com obras de suma importância para os cidadãos como a construção da Ponte Rio-Niterói, Usina de Itaipú e Rodoanel Metropolitano de São Paulo e, também, de grandes eventos como a construção do palco do Rock in Rio II. Ao longo das décadas foram surgindo outras empresas no mesmo ramo que merecem destaque pelas obras de qualidade, inovação tecnológica e melhorias na infraestrutura das cidades como a Rohr S.A. Estruturas Tubulares, a Estub Estruturas Tubulares do Brasil S.A. e a Servicon Hunnebeck (SH). (MILLS, 2015) Por outro lado, é sabido que as obras com estes materiais representam, atualmente, parcela significativa dos acidentes na construção civil (HEMBECKER, 2008). As obras que se utilizam desses equipamentos podem apresentar durações muito curtas devido à necessidade 3 de, por exemplo, um palco ou torre para um evento com data marcada. A necessidade de trabalhar rápido para entregar a obra na data estabelecida pode influenciar na atenção e organização dos trabalhadores e, com isso, acidentes podem acontecer. Além disso, quase majoritariamente as obras são realizadas em alturas elevadas, com riscos elevados, devendo- se sempre estar utilizando todos os equipamentos de segurança estabelecidos por norma para realização dos trabalhos. A queda de nível e de objetos podem causar sequelas aos operários que, dependendo da gravidade podem levar à morte e a responsabilidade para evitar tais acidentes é atribuída aos operários, aos engenheiros responsáveis por gerenciar a obra e à empresa como instituição. Portanto, os problemas relacionados à segurança física dos funcionários em obra são inúmeros e suas causas podem ser das mais variadas devendo a empresa estabelecer meios de minimizar as intercorrências durante o período do projeto. Atualmente, a segurança e gestão de riscos em projetos são temas muito discutidos e tratados pelas equipes de gerenciamento de obras civis das empresas pelo fato de, segundo Gherardi et al. (1998), todos os planos, projetos e ideias humanas envolverem riscos e segurança. As literaturas de gestão de risco associada à segurança dos trabalhadores envolvem uma carga alta de planejamento e antecipação das empresas para evitar acidente e isso já é bastante realizado, majoritariamente em empresas de grande porte, por apresentarem maior maturidade em gestão de projetos. Porém, em tempos com grande competitividade no mercado de construção e vastas legislações associadas à segurança todas as empresas devem procurar se alinhar e se antever aos problemas para conseguir estabelecer seu espaço entre as concorrentes. 1.2 OBJETIVO O presente trabalho tem como objetivo pontuar os riscos associados à segurança do trabalhador em obras civis com estruturas tubulares provisórias utilizando as metodologias e boas práticas de gestão e gerenciamento de riscos. 1.3 JUSTIFICATIVA O estudo dos riscos em relação à segurança dos trabalhadores é de grande valia para a integridade física dos funcionários e consequente sucesso dos empreendimentos. A análise mostra-se essencial para as empresas e funcionários que lidam diretamente com estas 4 estruturas e, que serão beneficiados através da utilização destas boas práticas em obras futuras. 1.4 METODOLOGIA A fim de alcançar os objetivos propostos o presente trabalho utiliza-se da pesquisa bibliográfica e de um exemplo de aplicação. A pesquisa bibliográfica será o embasamento teórico para a estruturação do trabalho e, dará suporte para a análise que será realizada ao final do presente trabalho. O exemplo de aplicação será construído em cima dos processos da gestão de riscos estabelecidos pelo Project Management Institute e se baseará nas legislações vigentes de segurança no trabalho e de andaimes. Esta análise será de relevante importância por tratar de obras com elevado grau de risco associado ao trabalhador. O desenvolvimento do estudo de caso tratará de todas as etapas de um evento que conta com estas estruturas, ou seja, desde a saída dos materiais da empresa até o término do evento e consequente volta dos materiais. 1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO Este trabalho é composto de cinco capítulos desenvolvidos de forma a promover o estudo sobre estruturas provisórias e seus possíveis riscos relacionados à segurança humana. Serão apresentadas boas práticas que poderão ser aplicadas em empresas que se utilizam destas estruturas. O primeiro capítulo trata do objetivo e metodologia empregada para a estruturação do trabalho. A escolha do tema em questão foi baseada na necessidade de se antecipar as incertezas de projetos com estruturas tubulares que apresentam diversos riscos para o trabalhador durante o ciclo do projeto. O segundo capítulo tem como objeto de estudo as estruturas provisórias e suas mais diversas utilizações. Este capítulo visa discorrer sobre as tecnologias que vem sendo empregadas no mercado de construção civil apresentando de forma técnica seus benefícios e possíveisdificuldades encontradas no emprego de estruturas provisórias. Além disso, serão apresentadas as normas de segurança que se aplicam à estas estruturas e aos trabalhadores. O terceiro capítulo discorre sobre as metodologias e boas práticas da gestão de riscos em projetos. As informações são consolidadas em revisão bibliográfica de órgãos internacionalmente reconhecidos como o PMI. 5 O quarto capítulo apresenta o exemplo de aplicação de gerenciamento de riscos associados à segurança no trabalho em obras com a utilização de estruturas provisórias. A análise será do projeto com um todo, ou seja, serão analisados os processos de retirada dos materiais do galpão para levar ao local da obra, execução de toda a obra com a estrutura provisória, desmontagem e a volta do material para o galpão. O quinto e último capítulo expõe as considerações finais do trabalho, as conclusões tiradas sobre o estudo e sugestões para trabalho futuros. Após isso, serão apresentados os anexos e as referências bibliográficas utilizadas para a construção desta pesquisa. 6 2. ESTRUTURAS PROVISÓRIAS E SEGURANÇA NO TRABALHO As estruturas provisórias apresentam caráter transitório, sendo preferencialmente removidas quando cessada sua necessidade. Na construção civil usam-se as estruturas tubulares para a montagem de andaimes e estruturas de cimbramento. No presente estudo será tratado apenas das estruturas de andaimes devido sua utilização particular e com grande importância no apoio de obras e eventos. 2.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO Os andaimes são estruturas provisórias auxiliares que, utilizam plataformas horizontais elevadas, suportadas por elementos estruturais de seção reduzida que viabilizam suporte às obras de engenharia, trabalhos em locais de difícil acesso e estruturalmente servem também de apoio para necessidades em eventos de curta duração. Segundo a norma NBR-6494:1990, os andaimes são “plataformas necessárias à execução de trabalhos em lugares elevados, onde não possam ser executados em condições de segurança a partir do piso. São utilizados em serviços de construção, reforma, demolição, pintura, limpeza e manutenção”. Segundo a norma de segurança nos andaimes NBR-6494:1990, estas estruturas podem ser classificadas em três esquemas estruturais baseados nos seus apoios e grau de liberdade que são: a) Andaimes suspensos mecânicos: estes andaimes são subdivididos em pesados ou leves conforme as solicitações resistivas da estrutura. A sustentação dos estrados é realizada por travessas metálicas ou madeira e suportado por cabos de aço que, com o auxílio de guinchos, se movimentam no sentido vertical. b) Andaimes em balanço: são andaimes que apresentam uma projeção para o lado externo da edificação e são suportados por vigamentos ou estruturas calculadas para resistir os esforços solicitantes do balanço a partir de engastamentos ou contrabalançamentos executados no interior da edificação. c) Andaimes simplesmente apoiados: a estrutura trabalha simplesmente apoiada, ou seja, independe da edificação para sua estabilidade. Estes andaimes são subdivididos em leves e pesados conforme sua necessidade e a sua sapata pode ser fixa ou deslocável. Os andaimes são escolhidos conforme a necessidade da obra e devem estar atendendo as cargas de serviço e conforto para mobilidade da área de trabalho que será utilizada pelos trabalhadores. A imagem a seguir é um exemplo de um andaime simplesmente apoiado que 7 apresenta estrutura leve, ou seja, tem baixa capacidade de receber esforços e apresenta a sua sapata fixa ao solo: Figura 1 – Representação de andaime simplesmente apoiado www.aluga.com (2017) Além destas classificações, a Norma técnica da Petrobras, ainda inclui uma quarta classificação de andaime quanto a sua utilização. O andaime fachadeiro é bastante semelhante ao simplesmente apoiado, porém, o fato de ser apoiado e ancorado na fachada de uma edificação ou equipamento permite a sua separação em uma categoria única por se tratar de um andaime bastante específico e utilizado com frequência em obras de engenharia civil. A figura a seguir mostra um andaime fachadeiro construído para realizar a manutenção da fachada de uma fábrica: Figura 2 – Andaime fachadeiro www.aluga.com (2017) 8 2.2 SISTEMAS DE ESTRUTURAS TUBULARES As estruturas tubulares foram com o passar dos anos, sofrendo alterações significativas nos modos de encaixe dos seus componentes e algumas gerações marcaram o mercado de produção destas peças. As estruturas podem ser divididas em estrutura tubular convencional, estruturas com peças soldadas, estrutura concopo e estrutura multidirecional. 2.2.1 ESTRUTURA TUBULAR CONVENCIONAL Este sistema de estrutura tubular padrão é extremamente adaptável e prático, pois a construção é realizada com tubos de aço ou alumínio unidos por conexões e sua desmontagem é ágil e simples possibilitando a reutilização do equipamento para os mais diferentes usos. As uniões entre tubos são executadas por equipamentos conhecidos como braçadeiras que, conectam os tubos em qualquer ponto da estrutura. Conforme as explanações do manual técnico SH, a utilização das braçadeiras permite o apoio dos tubos em três situações que são: engastado, articulado e nó de três braçadeiras conforme a figura a seguir: Figura 3 – Modelos de utilização das braçadeiras Manual SH (2012) Estas utilizações de braçadeiras são estabelecidas no projeto conforme a necessidade de estabelecer resistência às solicitações nos nós. O engastamento representa uma situação em que os tubos estão fixos de forma a resistir tanto aos esforços cortante e normal quanto aos momentos, enquanto isso, ao estabelecer um nó articulado o tubo preso à braçadeira está sujeito a rotações. A execução de um nó de três braçadeiras tem como objetivo reforçar os nós mais solicitados da estrutura para estabelecer solicitações resistivas maiores e evitar complicações no uso da estrutura. 9 A estrutura tubular padrão apresenta braçadeiras que, segundo o Manual SH de fôrmas para concreto e escoramentos metálicos, podem ser fixas, móveis ou de perfil conforme a necessidade do projeto. A braçadeira fixa é utilizada para unir dois tubos perpendiculares entre si enquanto a móveis permite variações em relação ao ângulo de colocação, apresentando maior flexibilidade. Já a braçadeira de perfil é uma peça para fixar os tubos em uma estrutura de perfis metálicos. As imagens a seguir representam estes modelos utilizados em ampla escala no mercado da construção civil: Figura 4 – Tipos de braçadeiras Catálogo SH (2015) A utilização do emprego dos tubos com o perfil circular se dá por motivos estruturais. Este perfil de tubo tem a capacidade de receber esforços de compressão e transmitir as cargas para a base da estrutura e posteriormente ao solo por ser uma estrutura circular e admitir melhor os esforços de compressão. Além disso, este perfil de tubos, padronizado pela norma regulamentadora NBR-8261:2010, é interessante para o trabalho em estruturas desmontáveis por se tratar de um perfil universal e aplicável em qualquer tipo de necessidade. É possível salientar também que o armazenamento, projeto, montagem e desmontagem são facilitados nas estruturas tubulares convencionais. Sendo assim, as empresas conseguem materiais padronizados e com suas informações técnicas muito semelhantes conforme a figura a seguir: Figura 5 – Informações técnicas tubos e braçadeiras Manual SH (2012) A padronização dos equipamentos é essencial para o modelo de estrutura tubular padrão devido à uniformidade do diâmetro das braçadeiras, ou seja, como todos os tubos apresentam 10 o diâmetro externo idêntico, salvo pequenas irregularidades, não há necessidade de utilização de braçadeirascom diâmetros específicos. Esta padronização dos equipamentos e consequente simplicidade acarretam em ganhos de agilidade, praticidade e evita erros técnicos durante a montagem das estruturas. Pode-se dizer então que a estrutura tubular padrão utiliza tubos de diâmetro nominal 1 1 2"⁄ e externo de 48,3mm com parede 3,0mm. A fixação da estrutura tubular convencional é realizada por meio de parafusos e porcas que são apertados com o auxílio de uma chave de catraca especialmente elaborada para esta finalidade. Esta ferramenta é utilizada na montagem e desmontagem das estruturas tubulares e, por não necessitar realizar o reposicionamento da chave ao final do movimento, confere um maior grau de produtividade e ganhos de agilidade na obra. Além disso, esta ferramenta é construída com dimensões específicas de modo a garantir um torque ideal para fixação dos parafusos da braçadeira, função do tamanho do cabo da chave e um esforço normal do braço de um homem. A figura a seguir representa a chave de catraca utilizada pelos montadores de andaimes: Figura 6 – Chave de catraca Catálogo Mills (2015) Além destes equipamentos primordiais, as estruturas tubulares padrão contam com outros equipamentos que desempenham diversos papéis nas estruturas conforme o explicado no quadro a seguir: 11 Quadro 1 –Equipamentos e funções Autor (2018) Equipamentos Funções Base ajustável (macaco) É uma placa metálica de assentamento que transmite as cargas da estrutura para o terreno na qual está apoiada. Estas peças permitem a montagem do andaime em desníveis graças à sua base regulável. Rodízio É um equipamento utilizado em andaimes com pouca altura e com necessidade de realizar movimentações da estrutura durante a obra. Luvas A emenda com luvas tem como função unir tubos de topo a topo. As luvas trabalham para a transmissão axial dos esforços e normalmente são utilizadas nos elementos verticais da estrutura. Forcado Tem como função o apoio de outras peças que serão utilizadas como vigas principais. Pisos Os pisos são apoiados nas estruturas dos tubos e tem como função estabelecer patamares de trabalho nas estruturas tubulares. 12 Para a melhor comunicação na elaboração dos projetos de estruturas tubulares e, até mesmo, na execução dos serviços viu-se necessária a atribuição de nomenclaturas para os tubos conforme a função desempenhada estruturalmente. Portanto, conforme o manual técnico SH, temos as seguintes denominações em um andaime tubular: a) Postes: são os tubos que ficam nas posições verticais. b) Longarinas: são os tubos que estão na posição horizontal no sentido da maior distância entre postes. Também são conhecidas como travessas longitudinais. c) Transversinas: são tubos horizontais no sentido da menor distância entre os postes do andaime. Podem ser chamadas de travessas transversais. d) Travessa intermediária: tubos colocados entre duas travessas com o intuito de reduzir os vãos da estrutura aumentando a estabilidade. e) Diagonal: tubos inclinados entre dois níveis do andaime que podem ser unidos aos elementos horizontais com braçadeiras fixas ou aos postes com braçadeiras móveis f) Diagonal horizontal: é caracterizado por um tubo na posição horizontal colocado na diagonal entre dois postes. g) Guarda-corpo: é um tubo colocado com a finalidade de fornecer proteção contra queda e garantir o espaçamento no primeiro nível no andaime. A NR-18:1990 exige colocação de guarda-corpo em todos os níveis do trabalho. h) Mão francesa: é uma escora inclinada destinada a apoiar extremidades do andaime para realizar um reforço estrutural. A figura a seguir representa um andaime com as suas nomenclaturas para facilitar o entendimento das peças da estrutura: 13 Figura 7 – Andaime com as nomenclaturas Manual SH (2012) Além da classificação das partes do andaime pelos tubos apresentados na sua composição é necessária a instalação de acessos para estas estruturas. As escadas de marinheiro possibilitam o acesso a todos os níveis da estrutura e são equipadas com guarda- corpo para a segurança dos trabalhadores envolvidos na obra. A figura a seguir mostra uma escada de marinheiro do catálogo da empresa Mills: Figura 8 – Escada com guarda-corpo Catálogo Mills (2015) Sendo assim, as estruturas tubulares convencionais apresentam diversas peças e equipamentos para sua composição e execução de andaimes. A quantidade excessiva de peças e encaixes realizados durante a obra foram os pontos principais para a elaboração das gerações 14 subsequentes que passaram a usar peças soldadas para determinado tipo de obra. Por outro lado, as soluções improvisadas e diferentes encontradas com as estruturas tubulares convencionais são pontos positivos da tecnologia de encaixe que permite a realização de qualquer tipo de encaixe e de saídas para resolução de problemas. 2.2.2 ESTRUTURAS COM PEÇAS SOLDADAS Esta geração de estrutura tubular é marcada pela modulação de grandes peças para conferir agilidade aos processos de montagem e desmontagem, ou seja, foram criados quadros compostos de, por exemplo, dois postes, duas travessas e de mão francesa para ajudar na estabilidade, unidos por soldas. Estes equipamentos variam muito de empresa para empresa, porém, muitos deles já apresentam soldados nos quadros escadas de marinheiro e cruzetas para estabilidade. A figura do catálogo de equipamentos da empresa SH mostra alguns exemplos de quadros: Figura 9 – Quadros modulares Catálogo SH (2015) Com o intuito de agilizar a montagem e desmontagem das estruturas estes equipamentos apresentam um sistema de encaixe do tipo macho e fêmea que além de facilitar este serviço, diminui consideravelmente os erros de montagem. Os andaimes com peças soldadas são muito utilizados para obras com grande esforços solicitantes devido sua grande capacidade de cargas. Estas estruturas apresentam algumas 15 particularidades e peças elaboradas especificamente para seu bom funcionamento conforme o apresentado no quadro a seguir: Quadro 2 – Equipamentos andaimes modulares Autor (2018) Equipamentos Funções Base regulável ou base dupla As bases apresentam as mesmas funções da estrutura tubular convencional, porém, devido as maiores cargas de utilização, pode ser necessária uma base dupla que transmita melhor os esforços. Conector Os conectores realizam as conexões dos quadros com as estruturas verticais. Console ou trapézio Elemento rígido de encaixe macho e fêmea que tem como objetivo evitar a flambagem do poste. Ao realizar o encaixe a carga admissível do poste é reduzida pela metade. Cruzeta Tem como função primordial a transmissão de forças de dois eixos em diferentes ângulos. Pino trava Elemento de segurança que é aplicado em todos os encaixes de cruzetas e consoles. 2.2.3 ESTRUTURAS CONCOPO 16 O sistema de encaixe concopo foi elaborado para realizar conexões rápidas entre os tubos verticais e horizontais presentes na estrutura. Em relação ao sistema convencional de tubos e braçadeiras eram visíveis os ganhos de agilidade nos processos de montagem e desmontagem dos andaimes. Este sistema de estrutura tubular é caracterizado pela presença de dois copos juntos aos elementos verticais. Os copos visam unir os postes às travessas dos andaimes, porém têm particularidades próprias; um dos copos é soldado no próprio poste e fica fixo para o recebimento das travessas enquanto o outro é um copo móvel que vem por cima das travessas para garantir o engastamento do nó. A imagem a seguir exemplifica como funciona este sistema de encaixe com a presença de dois copos: Figura 10 – Encaixe concopo Catálogo Mills (2015) Neste modelo de encaixe os tubos utilizados na direção horizontal sofreram uma pequenamudança para se adaptar aos copos e, nas suas extremidades, passaram a apresentar patas soldadas que são facilmente acopladas aos postes sem a necessidade de chaves de catraca. A montagem deste sistema é realizada por montadores de andaimes devido a algumas limitações do sistema da estrutura. Para a colocação de tubos com alguma angulação diferente do ângulo reto é necessária a presença de braçadeiras fixas ou móveis para complementar o sistema; caracterizando um sistema misto entre o tubular convencional e o concopo. Porém, as vantagens de colocação de todos os tubos verticais acoplados aos horizontais através do encaixe concopo são muito relevantes na montagem e justificam seu emprego. Para executar esta tarefa basta colocar a pata das travessas no copo fixo e acoplar o copo móvel na parte 17 superior da pata realizando uma rotação do copo, no sentido anti-horário, para a fixação e engastamento dos tubos conforme o exemplificado na figura a seguir: Figura 11 – Sequência de montagem concopo Catálogo Contub (2017) 2.2.4 ESTRUTURAS COM SISTEMA MULTIDIRECIONAL Segundo o manual SH, o sistema de encaixe multidirecional proporciona ganhos de velocidade e produtividade em relação aos outros modelos de andaimes além de, dispensar a necessidade de mão de obra especializada para realizar a montagem e desmontagem das estruturas. Os andaimes são compostos por torres com diagonais e travessas unidas por rosetas, fixadas nos elementos verticais da estrutura a cada 50 cm (cinquenta centímetros). A presença das rosetas com oito furos, confere versatilidade para a montagem da torre em formas circulares e poligonais e a sua utilização em qualquer modulação facilita a distribuição de carga. Portanto, a presença das rosetas com alto grau de liberdade para executar qualquer tipo de projeto é o ponto de destaque deste modelo de andaime. Esta geração de andaimes é a mais evoluída por permitir os encaixes de elementos verticais, horizontais e diagonais. A figura a seguir exemplifica o andaime multidirecional montado com seus elementos verticais, horizontais e diagonais, como também a roseta de encaixe utilizada por algumas empresas especializadas: 18 Figura 12 – Andaime multidirecional e roseta Autor (2018) As travessas e diagonais se unem aos postes através de garras e cunhas sem a necessidade do uso de uma ferramenta específica como a chave de catraca; somente é necessária uma marreta ou martelo para realizar o pleno encaixe. A inexistência do uso de porcas e parafusos na montagem facilita o trabalho do operário e o controle de materiais utilizados nas obras com estas estruturas. A única diferença entre estes componentes da estrutura tubular padrão para o multidirecional é a presença destas garras para a fixação dispensando-se o uso das braçadeiras, conforme o exemplificado na figura abaixo: Figura 13 – Garras encaixadas em roseta www.emef.com.br (2017) A roseta permite que sejam realizados ângulos entre 30 e 60°, além dos ângulos retos conferindo maior liberdade para o projeto destes andaimes. Os pontos de encaixe na roseta 19 quando são utilizados conferem cargas axiais, verticais e momentos que devem ser considerados nos cálculos estruturais. Sendo assim, a figura abaixo apresenta as cargas existentes na região do encaixe, para facilitar o entendimento, ao se fazer uso destes modelos multidirecionais. Figura 14 – Reações nas ligações garra e roseta www.emef.com.br (2017) O sistema de encaixe multidirecional é o mais recente no mercado da construção civil e vem ganhando espaço frente aos outros modelos por sua engenharia mais simplificada. Os andaimes que são executados com esta tecnologia apresentam diversas vantagens como: a) Dispensa o uso de mão de obra qualificada. b) Não utiliza chaves de catraca; somente martelo. c) Total travamento nas regiões de nós (rígidos), garantindo o perfeito engastamento dos elementos da estrutura, dando assim a ela maior estabilidade. d) Peças parametrizadas evitam erros de montagem e viabilizam projetos de maior qualidade. e) Ganhos de agilidade na montagem e desmontagem do sistema, chegando a ter um rendimento de até 3 vezes maior que o tubular convencional. f) Menor uso de peças para garantir a estabilidade do andaime, devido ao perfeito engastamento dos elementos. g) Vence com facilidade desafios geométricos (andaimes com formatos dos mais variados). 2.3 ARMAZENAGEM E TRANSPORTE As estruturas tubulares apresentam seu armazenamento facilitado devido ao formato tubular e aos comprimentos padronizados. As empresas que possuem estes equipamentos 20 costumam empilhar os tubos de mesmo comprimento um sobre o outro para distinguir as pilhas por comprimento de tubo. Em relação às braçadeiras a forma de estocagem é bastante parecida dividindo-se as braçadeiras por funcionalidade e amontoando-as uma sobre a outra. As empresas se utilizam de estruturas de pallets ou empilham os materiais diretamente no chão dos galpões para estocagem. Segundo Doughty (1986), sempre que possível os tubos e braçadeiras devem ser separados por tamanho ou funcionalidade e estocados em prateleiras. Porém, se não for possível esta forma de estocagem, eles devem ser colocados em forma de pirâmides. Além disso, os outros materiais como pisos, forcados e sapatas são comumente armazenados em pilhas em cima de pallets de madeira. Para Doughty (1986), a empresa deve realizar vistorias no material e nos galpões para verificar se os equipamentos estão sendo guardados em condições que não comprometam a qualidade das peças. A fim de evitar maiores avarias nos equipamentos, a equipe responsável pelos materiais em estoque deve tomar alguns cuidados como escovar os tubos que se encontram com algum ponto de corrosão ou, até mesmo, descartar o equipamento caso a corrosão seja grande o suficiente para atrapalhar a funcionalidade estrutural da peça. Além disso, os responsáveis devem evitar que o empilhamento de material alcance grandes alturas a ponto da sua base não suportar o peso próprio dos tubos acima colocados. A inspeção dos materiais deve ser realizada pela equipe de engenheiros da empresa antes de carregar os caminhões para o transporte. Dessa forma os equipamentos fora dos padrões são identificados e destinados a reparos antes de sair da empresa. Segundo Doughty (1986), para garantir a estabilidade do andaime os tubos devem ser inspecionados antes da utilização e os pontos verificados são: a) Os tubos devem estar retos e alinhados por todo seu comprimento. b) As extremidades dos tubos devem ser verificadas em relação à sua perpendicularidade ao resto do tubo. c) Os tubos devem estar livres de corrosão, falhas, divisões, amassados ou outros danos visíveis. d) Os tubos devem apresentar uma camada protetora (galvanização) principalmente se forem utilizados em áreas molhadas ou com umidade. As braçadeiras também são de grande importância e devem ser inspecionadas antes do envio para a obra. Os pontos que podem afetar a segurança do andaime caso as braçadeiras não estejam em conformidade , segundo Doughty (1986), são as distorções, ferrugens ou corrosões e parafusos espanados. Para realizar o envio destas peças para a obra é importante 21 banhá-las em uma tina com óleo para lubrificação das peças, visando a consequente melhoria e conservação das mesmas para a sua utilização durante a montagem e desmontagem. Todos os equipamentos têm suas peculiaridades e pontos a serem conferidos para realizar o envio dos materiais à obra, apresentando importância significativa para a boa execução dos serviços. Os pisos podem ser de madeira, aço galvanizado ou alumínio. Os responsáveis devem analisar pontos específicos, como por exemplo, para a utilização de pisos de madeira, os mesmos devem ser livres de apodrecimento, fendas e cortes na madeira.Porém, caso o piso seja de outro material, pontos como empenamentos e amassados na estrutura são cruciais, pois podem comprometer a estabilidade. Sendo assim, os responsáveis devem estar atentos para problemas nos equipamentos antes do material sair do galpão e, também, antes do início da montagem para evitar comprometimento na resistência da estrutura. Para realizar o transporte das estruturas e equipamentos do galpão até o local da obra são requisitados caminhões com alta capacidade de carga. As empresas podem contar com estes caminhões ou contratá-los de empresas especializadas neste tipo de frete. Para realizar a movimentação dos tubos armazenados para o caminhão é necessária à presença de um operário que retira manualmente os equipamentos e os coloca no caminhão. Enquanto isso, um encarregado realiza a contagem e conferência das peças que estão saindo da empresa. Além deste modo manual, é possível realizar de maneira mecanizada com a presença de um operário operando um carro hidráulico específico para o manuseio de pallets. O carro permite retirar e levantar o pallet, com os tubos devidamente presos com cintas metálicas, para colocação dentro do caminhão. Com todo o equipamento devidamente colocado os operários podem prender os tubos ou qualquer equipamento que possa se movimentar durante o transporte com cordas evitando avarias e prejuízos para a empresa. Depois de realizado o transporte dos equipamentos, os operários descarregam o caminhão do mesmo modo que fizeram no galpão e alocam os materiais no canteiro de obras conforme o solicitado pelos engenheiros responsáveis. 2.4 MONTAGEM E MÃO -DE-OBRA A montagem de estruturas tubulares depende de fatores que afetam diretamente a produtividade dos funcionários envolvidos como a altura da estrutura, condições meteorológicas e o local onde a obra será realizada. A altura da estrutura influencia nos riscos associados à montagem e no rendimento do trabalhador que se sente mais confortável e consegue realizar os trabalhos com mais agilidade em obras com menores alturas. Da mesma forma, o local da obra pode influenciar a 22 produtividade dos funcionários, pois nestes modelos de obra rápidas raramente são construídos barracões obrigando com que os trabalhadores tenham grandes deslocamentos entre a moradia e o local de trabalho. Além disso, a condição do tempo é essencial para a boa produção dos funcionários que tendem a render menos em situações adversas com muito sol, neve, chuva ou frio. (MUNHOZ, 2005) Para quantificar o rendimento das montagens com estruturas tubulares, estas foram dividias conforme o grau de dificuldade de execução. O quadro a seguir exemplifica o rendimento médio dos trabalhadores em função da colocação de braçadeiras para execução de estruturas tubulares convencionais: Quadro 3 – Rendimento de Montagem por homem hora MUNHOZ (2005) Classificação Rendimento Obras difíceis 2 braçadeiras / homem / hora Obras normais 4 braçadeiras / homem / hora Obras fáceis 8 braçadeiras / homem / hora A mão-de-obra primordial para a execução de obras com estruturas tubulares é o montador de andaime. A formação destes profissionais se dá por muitos anos de formação e prática dentro das empresas que se utilizam destes materiais, porém, órgãos como o SENAI também passaram a oferecer cursos profissionalizantes para esta atividade. A experiência nestes modelos de obras é bastante importante devido os riscos envolvidos nas montagens e, as empresas devem buscar mão-de-obra qualificada mesmo sendo esta escassa. Os montadores de andaimes tem a responsabilidade de executar as montagens conforme especificações do projeto, verificar os equipamentos que estão sendo colocados, realizar e conferir o aperto das braçadeiras e outros encaixes. Sendo assim, o montador de andaimes apresenta função essencial e deve realizar seu trabalho de forma a evitar acidentes e problemas com a estrutura do andaime e, suas atividades devem ser monitoradas e controladas por engenheiros e técnicos responsáveis. 2.5 NORMAS RELATIVAS À SEGURANÇA NO TRABALHO A segurança no trabalho é uma área de conhecimento que pode ser considerada conjuntural nas organizações, pois cria ações e procedimentos para proteção no ambiente de trabalho. As empresas visam uma constante diminuição da probabilidade de ocorrência dos 23 riscos aos quais estão expostos os trabalhadores, pois, apesar dos avanços tecnológicos, qualquer atividade envolve certo grau de insegurança (BOZZA, 2010). 2.5.1 NR-18: CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO A norma regulamentadora 18 estabelece diretrizes para as atividades de construção civil no campo da administração, planejamento e organização para que as empresas estabeleçam estratégias e sistemas de prevenção para garantir a saúde e integridade física dos trabalhadores da indústria da construção civil. A norma aborda os aspectos relacionados ao bem estar e condições necessárias para a atuação dos profissionais envolvidos em obras civis e coloca requisitos em relação à alojamentos, vestiários, chuveiros, lavatórios, entre outros. Por ser uma norma bastante extensa, trata de diversas atividades na construção, porém, reserva um tópico para a análise de andaimes e plataformas de trabalho. Segundo a norma NR-18:2015, o projeto e dimensionamento de andaimes deve ser realizado por profissional habilitado e sua estrutura deve suportar, com segurança, todas as solicitações ao qual está submetido. As empresas que executam obras devem ser credenciadas pelos órgãos responsáveis, como o CREA, e cada projeto executado deve apresentar um documento de responsabilidade técnica (ART – Anotação de Responsabilidade Técnica), indicando o profissional responsável, o local do empreendimento, tempo de duração com a indicação do início e término da obra. Em termos da estabilidade da estrutura que acarreta na garantia da segurança dos usuários e trabalhadores é previsto na norma que os equipamentos devem possuir travamentos ao serem conectados que impossibilitem a movimentação das peças ou desencaixes. Conforme o especificado na norma, os funcionários que realizam as montagens e desmontagens devem ser capacitados, realizar treinamentos específicos para aperfeiçoar suas funções, e estar com os exames médicos em dia e; quando estiverem em atividade é obrigatório o uso de cintos paraquedistas com duplo talabarte que evitem quedas. Além do trabalhador, a norma prevê a utilização de ferramentas com amarração para evitar quedas acidentais de equipamentos de trabalho (NORMA REGULAMENTADORA 18, 2015). 24 Para a boa utilização dos andaimes é necessário que os materiais sejam de boa qualidade e dimensionados por profissionais legalmente habilitados. Em relação aos pisos, a norma, estabelece que estes possam ser metálicos ou mistos, com a forração comumente em madeira e, para garantir a segurança dos usuários é necessários que estes sejam antiderrapantes e fixados de maneira segura. Os materiais utilizados devem ser previamente analisados pelos responsáveis para que os pisos estejam em boas condições, ou seja, a madeira deve ser de boa qualidade, estar seca e sem nós ou rachaduras para garantir a resistência do projeto. Outra estrutura dos andaimes bastante abordada pela normativa é a escada que pode ser de do tipo marinheiro ou de uso coletivo. A escada de marinheiro é normalmente utilizada pelos trabalhadores para acessar os níveis enquanto a de uso coletivo é utilizada, normalmente, pelo público e, portanto, deve apresentar os pisos com sistemas antiderrapantes. A norma subdivide as recomendações pela classificação de andaimes e, em relação aos andaimes simplesmente apoiados, deve-se reiterar as seguintes disposições: a) Os andaimes com os pisos de trabalho localizados acima de um metro devem contar com escadas. b) As torresnão podem exceder mais do que quatro vezes a menor dimensão da base de apoio. c) As sapatas devem ser niveladas e capazes de resistir aos esforços solicitantes dos montantes. Por se tratar de uma norma bastante extensa e com diversas recomendações para os mais diversos serviços de construção civil é perceptível que as exigências da norma se tornam bastante abrangentes e sem grande especificidade. Portanto, esta norma não apresenta tanta rigidez como as normas que serão apresentadas posteriormente no trabalho. 2.5.2 NORMA TÉCNICA PETROBRAS – MONTAGEM E DESMONTAGEM DE ANDAIMES A norma técnica da empresa Petrobras é bastante completa e rígida em relação aos padrões de segurança em obras com estruturas tubulares. A norma apresenta pontos que não são considerados nas outras normativas brasileiras como a divisão das funções desempenhadas pelos trabalhadores. A norma estabelece que os recursos humanos tenham as seguintes funções: a) Engenheiro b) Técnico de Montagem e/ou Supervisor c) Mestre de Montagem d) Montador de andaime 25 e) Profissional de Segurança no Trabalho Para a realização de obras com andaimes na Petrobras faz-se necessária a presença de todos estes profissionais que devem ser devidamente capacitados para exercer as funções. A empresa exige que os funcionários antes do início das atividades tenham um treinamento técnico e psicológico para aprofundar os conhecimentos de montagem, desmontagem, materiais e técnicas, regras do trabalho em altura, utilização de equipamentos de proteção individual, análise de riscos, entre outros. O alto nível de exigência em relação aos profissionais envolvidos também é aplicado aos materiais utilizados. A norma técnica da Petrobras exige que as ferramentas e equipamentos utilizados na obra sejam disponibilizados pela contratada de forma racional que permite altos índices de produtividade da equipe e que os mesmo estejam com suas certificações válidas e em conformidade com os padrões de qualidade exigidos na contratação dos serviços. A normativa estabelece uma divisão dos andaimes quanto sua utilização e, vale ressaltar que os andaimes simplesmente apoiados são considerados aqueles cujos montantes estão apoiados nas bases fixas ou móveis diretamente ao solo ou mesmo com algum elemento para distribuição de cargas. A empresa permite que a montagem dos andaimes se utilize do sistema de encaixe multidirecional, do sistema tradicional, com a aplicação de tubos metálicos unidos por braçadeiras ou luvas de união, ou mesmo através de um sistema de engates e encaixe. Em relação ao projeto dos andaimes a Norma Petrobras estabelece que profissionais legalmente habilitados elaborem projetos que atendam com segurança as solicitações e estejam em conformidade com os requisitos legais e normas brasileiras. As cargas consideradas nos cálculos são as permanentes, variáveis e excepcionais de forma que os requisitos de segurança sejam amplamente considerados. Em termos dos dispositivos de segurança, o projeto deve detalhar quais serão necessários e apropriados para o caso. Após o projeto a equipe deve receber os equipamentos e, para isso, a norma estabelece alguns parâmetros para o recebimento e armazenamento das estruturas. Ao receber dos contratados a equipe de funcionários da Petrobras deve verificar a integridade das peças que, devem estar em perfeitas condições de uso e apresentem alta qualidade. Em termos do andaime multidirecional, a norma, exige que o andaime seja constituído apenas deste tipo de encaixe e sem peças de fabricantes variados. Após isso, a equipe deve armazenar as peças em local iluminado, nivelado, não escorregadio, protegido de intempéries e de forma segura para a colocação e retirada dos funcionários. A armazenagem dos equipamentos deve garantir que a retirada ocorra de forma simplificada garantindo uma sequência de utilização planejada e, também, permitir que a circulação dos trabalhadores e materiais seja facilitada. 26 A empresa estabelece que os tubos sejam armazenados por tamanho em estantes com identificação da modulação para facilitar a retirada e aumentar a agilidade dos trabalhadores. O mesmo é feitos com os rodapés e pisos de madeira ou metal, porém, com as braçadeiras ou outros materiais que necessitam de lubrificação a armazenagem é feita em baias ou caixas em locais adequados e cobertos. Para liberar o início dos serviços a normativa estabelece que sejam realizados algumas verificações e estudos para garantir que a execução venha ser bem sucedida. É necessário planejar as atividades, realizar análise dos riscos, estabelecer contato diário com os funcionários alertando sobre os riscos, realizar o isolamento da área, atentar para evitar simultaneidade de tarefas, entre outros. Após estas verificações é iniciada a obra e são estabelecidos os cuidados necessários para o trabalhador durante a montagem e desmontagem que são listados a seguir: a) Utilização dos equipamentos e ancoragens individuais. b) Não deixar materiais soltos nas plataformas do andaime. c) Travar os materiais a serem transportados. d) Utilização de braçadeiras com qualidade e lubrificadas. e) Colocar guarda-corpo a uma altura de 1,20m para o travessão superior e 0,70m para o travessão inferior (andaime padrão). Para o multidirecional as alturas são 1,00m e 0,50m respectivamente. f) Peças que possam sofrer deslocamentos com o vento devem ser travadas. g) Não exceder 2,00m de altura entre os travamentos horizontais. h) Colocar contraventamentos para eliminar oscilações. i) Colocar placas vermelhas com os dizeres “ANDAIMES NÃO LIBERADOS” caso a montagem ainda esteja em curso. j) Proibido retirada de dispositivos de segurança em qualquer caso. Todos os processos durante a montagem devem ser monitorados por profissionais especializados em segurança no trabalho e inspeções diárias na qualidade dos materiais devem ser realizadas a fim de alcançar parâmetros de alta qualidade nos serviços da empresa. 2.5.3 NBR 6494: SEGURANÇA NOS ANDAIMES Esta normativa visa fixar as condições necessárias para a segurança de andaimes quanto à sua condição estrutural, bem como de segurança das pessoas que neles trabalham e transitam, porém, não se aplica para a segurança de terceiros devendo ser regida pela legislação específica dos órgãos públicos responsáveis. 27 Em relação ao projeto e construção dos andaimes é essencial que a resistência de projeto esteja em concordância com as solicitações de utilização e, para isso acontecer, os materiais devem ser de qualidade, estar em bom estado e com suas propriedades de resistência inalteradas conforme as normas brasileiras de estruturas tubulares. Os andaimes devem apresentar alguns dispositivos de segurança para o trabalhador previstos em projeto e algumas particularidades, principalmente em relação aos pisos, que devem apresentar rugosidade o suficiente para não permitir escorregamentos e deve ser bem fixado na horizontal para evitar quedas provocadas por ventos fortes. Sendo assim, em projeto já são consideradas medidas de segurança. No parágrafo disposto para análise propriamente dita da segurança e proteção nos andaimes a norma estabelece estratégias para minimizar os acidentes com o uso da estrutura tubular. Em relação aos guarda-corpos é obrigatória a presença em todas as faces externas e internas quando houver riscos de queda e, é exigido que os mesmos não se movimentassem em qualquer direção, sob hipótese alguma. O posicionamento dos tubos que servirão como guarda-corpo é de 0,5 e 1,0 metros a partir do estrado e os rodapés devem ser instalados à 0,15 metros do nível de trabalho. Além disso, a norma estabelece que a carga máxima por guarda corpo é de 350N considerando a aplicação na parte mais desfavorável. A proteção e sinalização do andaime contra fatores externos como, por exemplo, carros e equipamentosdevem ser previstas pela empresa responsável que, também, deve tomar precauções especiais em relação à movimentação do andaime e dos funcionários em obras muito próximas a redes elétricas. As redes elétricas e, até mesmo, as fiações utilizadas em conjunto com o andaime podem ser bastante perigosos para os usuários e por isso devem estar com os cabos devidamente isolados, além de se dever fazer o aterramento das estruturas. A utilização propriamente dita dos andaimes é bastante abordada pela norma regulamentador NBR-6494:1990, que, em termos de segurança, reitera que o risco de queda de ferramentas e materiais dos andaimes são altos e para evitar isso não é recomendado realizar empilhamentos nos níveis e as sobras devem ser descartadas por dutos. Para realizar a movimentação de equipamentos durante a montagem ou desmontagem os trabalhadores devem se utilizar de cordas para içar o que é necessário na direção vertical. A queda de materiais pode ser prevenida com a instalação de telas por todo o exterior do andaime e, assim, garantir a segurança dos funcionários nos níveis inferiores. Além disso, o trabalho em andaimes sob intempéries, como ventos fortes e chuva, é vedado pela normativa, porém, cabe aos responsáveis pelo acompanhamento da obra entender quando é necessária a paralisação para evitar incidentes. As condições climáticas afetam 28 diretamente a saúde e condição do trabalhador e cabe aos responsáveis fornecer boas condições de trabalho. Ao final da normativa são abordados aspectos da utilização de equipamentos de proteção individual de forma bastante semelhante ao apresentado na norma regulamentadora NR-6. Segundo a normativa NBR-6494:1990, os trabalhadores devem estar equipados com cinturões de segurança e trava-quedas com sua extremidade fixada na estrutura da edificação independente do andaime e o trabalho não pode ser realizado somente por um funcionário para, em casos de emergência, os mesmos terem auxílio se necessário. 2.5.4 NR-35: TRABALHO EM ALTURA É comprovado por estudos estatísticos que os acidentes advindos do trabalho em altura são representativos e, na maioria das vezes citadas como as principais causas de lesões ocupacionais com morte do indivíduo (HEMBECKER, 2008). Sendo assim, a norma regulamentadora NR-35:2014 visa estabelecer padrões de segurança a serem seguidos para reduzir estes dados estatísticos. De acordo com a norma regulamentadora NR-35:2014 as atividades executadas acima de 2,00m (dois metros) do nível da base da estrutura e com algum risco de queda são consideradas trabalho em altura. Além disso, a norma define as responsabilidades do empregador, dos trabalhadores, as definições sobre capacitação, planejamento de obras e análises de risco. Sendo assim, majoritariamente as montagens de estruturas tubulares devem se enquadrar nas exigências desta normativa. A norma estabelece que as responsabilidades do empregador começam antes do início das atividades quando se faz necessário o planejamento dos procedimentos operacionais que serão realizados durante o serviço e a realização de uma análise de risco e, quando aplicável, emissão da permissão de trabalho. Para que os trabalhos em altura se iniciem é necessário que todas as medidas definidas pela norma sejam aplicadas e os trabalhadores tenham informações atualizadas sobre os riscos e como controlá-los. Durante a realização dos trabalhos em altura, é imprescindível que a empresa responsável disponibilize um funcionário com experiência para realizar a supervisão da equipe e, caso venha a ocorrer uma situação de risco não prevista, é necessário que a empresa pare os trabalhos imediatamente visto que o risco não pode ser neutralizado ou eliminado. As responsabilidades e deveres dos trabalhadores para o cumprimento das exigências da norma são mais simples, porém, de suma importância para o atendimento dos objetivos da normativa. Os funcionários que estão trabalhando em altura devem colaborar com o 29 empregador para a implementação das disposições desta norma e cumprir com as exigências previstas. Além disso, durante a execução dos serviços o trabalhador deve zelar pela saúde e integridade física dos que estão no mesmo ambiente de trabalho e, principalmente por sua saúde analisando as situações de risco e interrompendo o seu trabalho caso constate-se evidências de que riscos graves possam ocorrer. Para a boa execução dos trabalhos e a garantia da segurança dos envolvidos é estabelecido que as etapas de planejamento tivessem grande representatividade dentro do projeto. A equipe de planejamento deve ser capacitada e selecionar trabalhadores autorizados e com a saúde avaliada para exercício de tais atividades. Em relação aos exames médicos exigidos, cabe ao empregador garantir que o funcionário faça avaliações periódicas e estes sejam pertencentes ao Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, no qual, as patologias que originam mal súbito e queda de altura são avaliadas para garantir que o funcionário esteja apto para exercer suas funções. Além disso, o planejamento deve estabelecer medidas para evitar as quedas de funcionários e, também, implantar estratégias que minimizem as consequências de uma possível queda. Segundo a normativa, todo o trabalho em altura deve ser precedido de uma Análise de Risco. Esta análise contém todos os riscos inerentes ao trabalho e, também, é de grande importância o local em que se está realizando o serviço em altura para consideração das influências externas e, assim, realizar o isolamento e sinalização do entorno. As considerações desta análise são baseadas nas exigências de outras normativas, como por exemplo, a NR-6 e os equipamentos utilizados pelos trabalhadores que devem estar em concordância com as mesmas, mas, particularmente a análise de riscos prevê a obrigatoriedade de pontos de ancoragem para o complemento do uso dos equipamentos de proteção individual. Além destes pontos, a análise de riscos deve antecipar o risco de quedas de materiais e ferramentas, as condições impeditivas e, principalmente estabelecer estratégias para casos de emergência e planos de primeiros socorros ágeis. Sendo assim, esta análise é um documento de grande valia para a empresa que permite a antecipação de situações e diminuição de incertezas em relação ao trabalho em altura. Em termos da organização das atividades e das funções de cada funcionário, a normativa prega que a empresa estabeleça um plano operacional para facilitar o entendimento dos funcionários e dos supervisores em relação ao trabalho em altura. É essencial para os funcionários que as atividades sejam detalhadas, funções e responsabilidades sejam definidas e os equipamentos de proteção coletiva e individual sejam fornecidos. Além disso, o plano operacional abrange as orientações administrativas da empresa e requisitos das tarefas para que os objetivos em relação ao trabalho sejam alcançados. 30 A norma regulamentadora NR-35:2014 se complementa com a norma de EPI’s principalmente no que trata aos sistemas de proteção de quedas. A norma regulamentadora, afirma ser obrigatória a presença destes sistemas quando não se pode evitar o trabalho em altura e exige que os sistemas de proteção sejam adequados exatamente para o serviço prestado pelo funcionário previamente selecionado na Análise de Riscos. Para a implementação destes sistemas é imprescindível a presença de um profissional especializado em segurança do trabalho que verificará se os equipamentos estão em conformidade com as normativas nacionais ou, caso seja aplicável, às internacionais e, também, verificar se a resistência dos equipamentos suporta forças máximas em caso de quedas. Com o passar do tempo, todos os equipamentos que previnem quedas do trabalhador devem ser vistoriados periodicamente para identificar possíveis defeitos ou deformações e, se necessário,descartar as peças não conformes. A vistoria antes da utilização das peças é tida como essencial para prevenir acidentes. Além disso, a norma que regulamenta o trabalho em altura prevê algumas definições entre análise de riscos, proteção contra quedas e equipamentos de proteção coletiva e individuais, porém, a norma se torna bastante similar ao apresentado na NR-6:2017. A NR-35:2014, ainda estabelece critérios para emergência e salvamento que devem ser seguidas pelo empregador e trabalhador. O empregador deve fornecer os recursos necessários para que a equipe tenha respostas rápidas às ameaças e disponibilizar uma equipe para ajudar no caso de emergências. A equipe de salvamento ou ajuda pode ser própria ou terceirizada, mas deve ser apta a executar o resgate e realizar os primeiros socorros. Sendo assim, esta norma é bastante extensa e envolve fases de planejamento de riscos e operacional, execução do serviço e resposta aos possíveis problemas encontrados durante a realização do serviço. Portanto, as empresas que seguem a norma com fidelidade não devem encontrar problemas em suas atividades por se tratar de uma norma extensa e que abrange outras normas de segurança no trabalho. 2.5.5 NR-6: EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI Para minimizar os acidentes e entrar em concordância com as legislações vigentes as empresas fornecem equipamentos para a proteção dos funcionários no ambiente de trabalho. Conforme o descrito na norma regulamentadora NR-6:2017, considera-se Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual, destinado à proteção do trabalhador em relação às ameaças à saúde advindas do trabalho. O equipamento de segurança deve apresentar o Certificado de Aprovação – CA, expedido pelo órgão 31 responsável associado ao Ministério do Trabalho e deve ser fornecido gratuitamente para todos os trabalhadores em estado de conservação e funcionamento adequados. Os principais equipamentos utilizados pelos funcionários em relação aos andaimes e trabalho em altura são: a) Cinto de segurança: a função primordial é a união do trabalhador à corda, porém, alguns requisitos como a liberdade de movimentos e o ajuste adequado ao funcionário são essenciais para o bom funcionamento e adaptação ao EPI. O cinto de segurança modelo paraquedista é o utilizado pelas empresas de construção civil para a proteção dos trabalhadores e, atualmente, conta com diversos dispositivos de segurança e prevenção de falhas. O ponto de ancoragem deve ser robusto e, dependendo da necessidade, deve-se apresentar mais de um ponto de ancoragem; menor número de costuras possível e um sistema de regulagem fácil e prático. b) Talabarte: é um dispositivo de união no sistema do cinto de segurança com a função de conectar o trabalhador à estrutura ou se tornar um elo entre o cinturão e o dispositivo de ancoragem utilizado pelo trabalhador. A figura a seguir exemplifica um modelo do cinto de segurança mais popular do mercado com a presença de um talabarte: Figura 15 – Cinto de segurança e talabarte www.superepi.com.br (2017) c) Trava quedas: é um dispositivo para ser acoplado com o cinto de segurança e à estrutura de trabalho e evitar acidentes no trabalho em altura com movimentações verticais ou horizontais. O trava quedas é, geralmente, associado à linhas de vida e, caso venha a ocorrer uma queda, o trabalhador tende a cair menos metros do que com o uso do talabarte. d) Linha de vida: este equipamento depende de mão-de-obra qualificada para que funcione corretamente e facilite os trabalhos em altura. As linhas de vida são cordas 32 ou fitas com boa resistência que são acopladas aos cintos e trava quedas para aumentar a mobilidade do funcionário. A linha de vida pode ser temporária ou fixa, dependendo da sua necessidade na obra. A figura a seguir representa um trabalhador com uma linha de vida no alto de um andaime: Figura 16 – Linha de vida em andaimes multidirecionais www.epituiuti.com.br (2017) e) Calçado: os funcionários devem utilizar botinas de segurança para proteger os pés do trabalhador contra impactos, danos térmicos, umidade e produtos químicos. O material empregado nas botinas é reforçado e oferece segurança contra “topadas” e quedas de objetos e, além disso, possui tecnologia que evita que os pés fiquem extremamente quentes ou frios oferecendo conforto para o trabalhador. A norma NR-6:2017 regulamenta as proteções necessárias para os calçados dos trabalhadores para que os fornecedores ofereçam produtos com alta confiabilidade e eficácia. f) Capacete: conforme a norma regulamentadora NR-6:2017, os capacetes podem ser para proteção contra o impacto da queda de objetos sobre o crânio do funcionário, para proteção contra choques elétricos ou mesmo proteção da face e rosto contra agentes térmicos. A necessidade de cada tipo de capacete é analisada conforme o projeto porém, o capacete mais simples que alivia o impacto de objetos se torna o mais utilizado em obras de andaimes. g) Luvas: a utilização desta proteção individual é dada para evitar que agentes cortantes ou perfurantes entrem em contato direto com as mãos do trabalhador no caso de andaimes. Entretanto, a norma regulamentadora estabelece que a utilização de luvas é 33 necessária caso haja possibilidade de choques elétricos, vibrações, contra umidade em trabalhos com água, entre outros. Além destes equipamentos de proteção, a norma regulamentadora NR-6:2017 estabelece alguns outros itens que como óculos, protetor facial, máscara para solda, protetor auditivo e vestimentas que podem ser utilizados pelos trabalhadores dependendo da obra. A utilização das máscaras de soldas, por exemplo, é utilizada por profissionais especializados que realizam a manutenção das estruturas tubulares dentro do galpão das empresas e se torna essencial para a proteção dos olhos. Em relação à utilização dos equipamentos de proteção individual a norma estabelece as funções do funcionário e do empregador para o bom cumprimento das normas e, principalmente, para resguardar a integridade física dos envolvidos. Sendo assim, cabe ao empregador: a) Adquirir os equipamentos necessários para cada tipo de atividade exercida. b) Exigir que o trabalhador faça uso dos EPI’s. c) Fornecer somente produtos certificados pelos órgãos responsáveis. d) Orientar e treinar o trabalhador para que o uso dos equipamentos seja correto. e) Substituir, em imediato, todos os equipamentos não conformes. f) Higienizar e realizar manutenção preventiva nos EPI’s. As exigências da norma NR-6:2017 em relação ao trabalhador são tão importantes se comparado ao empregador, sendo assim, o funcionário deve fazer uso dos equipamentos no local de trabalho e realizar a conservação e guarda das peças. Além disso, cabe ao funcionário seguir as recomendações dadas pelos profissionais da empresa e, também, relatar alguma não conformidade ou alteração no comportamento dos equipamentos para que o empregador tome as providências necessárias. 34 3. GERENCIAMENTO DE RISCOS Segundo Kezner (2009), o gerenciamento de riscos é o ato ou prática de lidar com as incertezas. Para garantir maiores probabilidades de êxito no projeto as atitudes da equipe devem ser proativas e positivas para antecipar as situações e gerenciar os riscos de forma apropriada. Para Freitas (2009, p.1): “O gerenciamento de risco é o meio pelo qual estas incertezas são sistematicamente gerenciadas para garantir que os objetivos (prazo, custo e qualidade) do projeto sejam alcançados”. Alencar et al. (2010), afirma que a gerência de riscos define uma modelo previsível para atuar em cenários imprevistos tornando as situações futuras mais palpáveis e dentro de uma faixa de controle no projeto. 3.1 DEFINIÇÃO DE RISCOS O risco para um projeto é uma condição de
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