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Plantas medicinais utilizadas no tratamento de gripes e resfriados Recife, 2021 Corpo Editorial José Guilherme Crespo de Farias Rafaela Cavalcante de Barros Coordenadora do Projeto Lourinalda Luiza Dantas da Silva Autoras e Autores: Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen Claudeonora Ana Alves Neidjane dos Santos Cordeiro Kézia Oliveira dos Santos Júlia Martins Figueiredo José Rogério Silva da Fonseca Junior Brenda Suelany Oliveira Maranhão Luciana Valois Pereira de Castro @redearoeirasaude SUMÁRIO Apresentação ...................................................................1 Bibliografias das mulheres curandeiras ......................2 Introdução ......................................................................6 Rede Aroeira ...................................................................8 Capítulo 1- Quina-quina .............................................10 Capítulo 2 - Ipê-Roxo ..................................................19 Capítulo 3 - Alho ..........................................................27 Capítulo 4 - Espinho-de-Cigano ................................35 Capítulo 5 - Angico ......................................................40 Capítulo 6 - Imburana-de-Cheiro .............................50 Capítulo 7 - Jatobá ......................................................62 Capítulo 8 - Murta da Chapada do Araripe..............84 Capítulo 9 - Marmeleiro do Mato ..............................86 Glossário ........................................................................92 APRESENTAÇÃO Esta Cartilha é uma costura dos saberes e práticas sobre saúde de mulheres que fazem parte da Rede Aroeira de Saúde da Mulher no Campo e na Cidade. As comunidades onde estas rendeiras estão localizadas situam-se em vários municípios do Estado de Pernambuco. A preocupação com a chegada da pandemia e a falta do acesso a saúde de qualidade para as populações vulneráveis no campo e na cidade no nosso estado, fez com que as rendeiras se articulassem na promoção de saúde, através dos saberes e práticas das benzedeiras e das raizeiras. Tecendo assim os conhecimentos das principais plantas medicinais e alimentos que estivessem prevenindo e tratando as gripes e resfriados nos seus territórios. Estas reflexões compartilhadas em rede formam esta cartilha que agora é apresentada. Profª Lourinalda Silva 1 Biografias das Mulheres Curandeiras Claudeonoura Ana Alves Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen 2 Neidjane dos Santos Cordeiro Mulher do Sertão do Moxotó Me chamo Claudeonoura Ana Alves e tenho 42 anos. Sou Índia do território Kambiwá, lugar mais conhecido como Baixa da Alexandra. Nasci aqui mesmo na aldeia, onde vivo até hoje. Tenho uma filha chamada Hellem Maria, nós participamos de todos os rituais da aldeia e vivemos da agricultura e da arte. As plantas medicinais são nossos remédios, elas sempre fizeram parte da minha vida, sendo utilizadas em vários tipos de doenças. Eu obtive resultados positivos com elas dentro do nosso território. Por isto, protejo nossas plantas medicinais, pois é delas que buscamos á cura e construímos a nossa saúde. 3 Sou agricultora, benzedeira, raizeira, educadora popular, orientadora em saúde comunitária, pesquisadora/ praticante dos saberes e vivências dos povos e Graduanda no Curso de Ciências Humanas. Me chamo Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen e tenho 46 anos e sou associada da Agrodóia, participo ativamente do Fórum de Mulheres do Araripe, da Rede Aroeiras de Saúde da Mulher do Campo e da Cidade e faço parte também da Rede de Apoio a Mulheres Agroflorestoras (Rama), com atuação em todo o país. Mãe de quatro filhos (Jefferson, 22 anos; Pedro, 17 anos; Fernanda 13 anos e Débora, 07 anos) e esposa de Vilmar. Em casa ensino que todos devem colaborar, segundo suas idades e habilidades, transmitindo a nova geração os valores e princípios de vida como opção para viver no campo. Mulher do Sertão do Araripe 4 Me chamo Neidjane Cordeiro, tenho 32 anos e sou Camponesa, educadora popular, mãe do Samuel e da Alicy. Nasci e cresci em Santa Cruz no Sertão do Araripe. Atualmente moro em Afogados da Ingazera no Sertão do Pajeú. A minha família sempre cultivou muitas plantas para uso medicinal tanto no quintal como no roçado. Apesar de ter vivido em duas regiões do sertão, cada uma apresenta costumes diferentes e usam as plantas medicinais para finalidades diferentes. Mulher do Sertão do Pajeú 5 INTRODUÇÃO Na Região Metropolitana do Recife temos uma associação que há mais de 20 anos contribui através da agricultura urbana, as Farmácias Vivas, no beneficiamento, produção e comercialização de produtos tradicionais fitoterápicos nas feiras agroecológicas, contribuindo na prevenção e tratamento de saúde das populações, sendo que esta prática é política ( Politica Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos) no nosso país mas que nunca alcançou as ações que a AMARFTSA (Associação dos Manipuladores de Remédios Fitoterápicos tradicionais Semiartesanal do Estado de Pernambuco) já alcançou no mesmo período de existência. A Rede Aroeira de Saúde da Mulher no Campo e na Cidade, compõe com articuladoras, rendeiras que fazem parte da AMARFTSA. No auge da pandemia em 2020 realizamos uma vakinha pra conseguir recurso para produzir lambedores que atuam em gripes e resfriados e distribuir frente as populações vulneráveis no Campo e na Cidade. Foi a primeira ação emergencial da rede no Estado. Os fitoterápicos foram distribuídos através das antenas de cada comunidade presente na Rede. A comunidade do Poço da Cruz, Ibimirim-PE, Comunidade Quilombola Sítio Teixeira, Comunidade de Pescadores Tradicionais Ilha de Deus, Recife – PE, Comunidade de Marisquieras, Maracaipe – PE, foram as primeiras a receberem os lambedores devido alta ocorrência de casos de COVID-19. 6 Tivemos a oportunidade de fortalecer e interiorizar as ações da rede através do projeto: Ação Fitoterápicos nas Comunidades tradicionais do Campo e da Cidade no enfretamento a COVID-19 que além de receberem os fitoterápicos, foram implantadas as farmácias vivas, laboratórios de campana e realização de oficinais de tinturas e lambedores com a utilização do recurso emergencial do Fundo Casa. As comunidades assistidas foram o Povo Kambiwa, Inaja-PE, Comunidade Varzinha dos Quilombolas, Iguaracy-PE, Sitio Malokambo, Tracunhaem-PE, Comunidade do Chapéu do Papa, Recife - PE e as comunidade que já foram mencionadas. Com estas ações articuladas com os territórios e as comunidades foi possível prevenir e tratar os casos de Covid-19 através da utilização das plantas medicinais, produtos fitoterápicos tradicionais e as práticas de saúde integral. As atividades desse projeto foram desdobradas dentro dos cursos de graduação dos cursos de Biologia e Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural de Pernambuco, através das disciplinas de química orgânica ministradas pela Profa Lourinalda Silva, tendo como trabalho de pesquisação junto as mulheres protagonistas da saúde em suas comunidades e territórios, Silvanete Lernen, Lalinha Kambiwa e Neidjane Cordeiro. O produto gerado foi esta cartilha com a contribuição das mulheres e estudantes da graduação. Um processo muito rico, cheio de encantamento, amorosidade, saberes, práticas e muita ciência e que esta sendo socializada com toda a comunidade. 7 A Rede Aroeira de Saúde da Mulher no Campo e na Cidade foi criada através de uma articulação realiza pelo Laboratório de Química Aplicada à Fitoterápicos e o Núcleo de Agroecologia e Campesinatos ambos localizados na Universidade Federal Rural de Pernambuco, em 23 de outubro de 2019. Mulheres do campo e da cidade que trabalham com práticas de saúde tradicionais e populares que fazem parte dos seus territórios para socializarem e fortalecerem em rede. Desde sua criação a Rede Aroeira tem realizado atividades em vários territórios para que outras mulheres possam conhecer,socializar e fortalecer seus saberes e fazeres dentro dos seus territórios. A Rede Aroeira é uma articulação destes saberes e práticas sem esquecer de cuidar e olhar para a saúde das mulheres. Dentro da Rede tem mulheres que são especializadas com a saúde da mulher. A Rede também é uma escuta desses saberes e práticas que cuida de preservar os conhecimentos ancestrais, tradicionais e populares e por é importante construir as atividades de forma coletiva. Produzir material de divulgação de acordo com as demandas dos territórios também faz parte da articulação da Rede Aroeira de Saúde. REDE AROEIRA SAUDE DA MULHER NO CAMPO E NA CIDADE 8 O mais importante de tudo é que as mulheres se apropriem e empoderem-se e saibam que ela que são as protagonistas das articulações. E que as demandas virão de acordo cm a realidade dos territórios. A valorização, preservação e conservação dos biomas localizados nos territórios também faz parte da articulação da Rede Aroeira de Saúde, as plantas medicinais, alimentícias hoje estão ameaçadas e por isso que também fazemos esta atividade. Se as plantas forem extintas e com ela irão todo o poder de cura da Caatinga, da Mata Atlântica, das futuras raizeiras e parteiras. Atualmente a Rede Aroeira conta com aproximadamente 50 pessoas dentre elas nos temos: 1. Mulheres do LaQAF/UFRPE, 2 .Mulheres Apicultoras, 3. Mulheres Indígenas, 4. Mulheres do Pajeú, 5. Mulheres Boninas, 6. Mulheres Quilombolas, 7. Mulheres do Cuidado Ginecológico, 8. Mulheres da Agricultura Urbana, 9. Mulheres da Saúde do MST, 10. Mulheres do Flor do Mulungu, 11. Mulheres da Agrodoia. São mulheres que são articuladores e multiplicadoras de ações nos seus territórios. 9 Autoras: Aline Kassandra Alves Carvalho; Bruna Monaiza Silva de Oliveira; Camila Teixeira Araújo; Gabrielle Caroline Rodrigues Costa. Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen; Claudeonora Ana Alves Quina-quina (Coutarea hexandra) CAPÍTULO 1 10 Recentemente houve uma grande busca por remédios devido a pandemia do COVID-19, entretanto, existem algumas plantas, como a Quina-quina, que possuem teor fitoterápico muito eficiente contra os sintomas dessa e de outras doenças. As plantas medicinais, usadas da maneira correta, oferecem inúmeros benefícios e são indicadas para o tratamento de incontáveis doenças. Por isso, é necessário que haja a preservação e o uso consciente dessas espécies, sendo assim, é possível usufruir de seus benefícios ao mesmo tempo que se mantém o seu crescimento e permanência na natureza. Introdução 11 Nome Popular: Quina; Quina-branca; Quina- de-pernambuco; Quina-do-pará; Quina-do- piauí; Quina-quina; Quineira; Quina-brava e Quina-de-dom-diogo. Nome Científico: Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum Família: Rubiaceae Quina-quina (Coutarea hexandra) Fonte: Viveiro Ciprest - Plantas Nativas e Exóticas 12 Morfologia: Possui copa globosa e troncos baixos e tortuosos, com flores que variam de tons mais claros ao rosa. Seus frutos amadurecem nos meses de junho e julho e servem de alimentos para os pássaros. Árvore ornamental, ocasionalmente usada no paisagismo, mas que também é rara como resultado do extrativismo predatório. Fonte: Viveiro Ciprest - Plantas Nativas e Exóticas Fruto aberto Fonte: Flora Digital 13 Distribuição: Nativa do Brasil, a Quina-quina tem ampla distribuição por todo país, sendo encontrada principalmente em partes úmidas da Mata Atlântica e Floresta Amazônica, e é conhecida em cada região de uma forma diferente. Conservação e Preservação: Resultante do extrativismo predatório, a Quina-quina é hoje uma árvore rara. Segundo Maria Silvanete, camponesa do Sertão do Araripe – CE, no lugar onde vive, é feito o incentivo de plantação dessa planta através da coleta de sementes no local de origem e a plantação nos arredores do território, criando assim, as farmácias vivas. Uso Geral: Por suas propriedades, a Quina-quina é mais conhecida e usada para fins medicinais. Mas, por seu porte arbóreo e belas flores, muitas vezes, também é utilizada de modo ornamental. 14 Uso Medicinal: Compostos presentes na Coutarea hexandra como flavonóides, cumarinas, alcalóides, quinina e taninos fazem a planta apresentar efeitos anti-inflamatório, antinociceptivo, cicatrizante e tonificante. A Quinina, por exemplo, traz as funções antitérmicas, antimaláricas e analgésicas. Enquanto os flavonóides são capazes de retardar o envelhecimento das células, além das ações antimicrobiana, vasodilatadora, anticancerígena e anti-hepatotóxica. Uso Tradicional e Popular: O chá da Quina é popularmente usado para tratar dores de cabeça, enxaquecas, dores de barriga e infecções. Segundo Claudenora, no território Kambiwá, a planta é utilizada para tratar sinusite e dores de cabeças isoladas, porém não é usada para febre, nem gripe. Enquanto no Sertão do Araripe, é bastante usada para enxaquecas e no combate de piolhos, conta Maria Silvanete. Ainda é utilizada para sinusite aplicando-se um cozido na área do nariz e em casos mais fortes, é feito um extrato da planta que é usado para aplicar uma gota em cada narina uma vez por dia. Também pode ser empregado em casos onde se tem problemas intestinais. Em relação aos sintomas da COVID-19, é utilizado o chá da quina-quina, além de dar um banho no indivíduo com a água bem morna em um quarto fechado para que o vapor da planta permaneça no ambiente. 15 É necessário atentar para a quantidade a ser usada, pois a ingestão em excesso pode ser tóxica e trazer mais malefícios que benefícios; Não é indicado o uso da Quina-quina para gestantes, pois pode ter efeito abortivo. Fonte: Mercadinho Piratininga Fonte: Flora Digital Fonte: Flora Digital A Quina-quina indicada para reduzir dores de cabeça e no corpo, no combate a inflamações e no alívio de febre; 16 Fitoterápicos: • Chá: 1. É utilizada a casca da Quina-quina; 2. 2 Colheres de sopa da casca para 1L de água; 3. Como fazer: Deixar ferver por cerca de 10 minutos; retirar do fogo e deixar descansar tampada por mais 10 minutos; coar e está pronto para beber. 4. Tomar de 2 a 3 xícaras por dia. • Aplicação direta: 1. São usadas raspas da casca da planta em pequenas quantidades para serem colocadas em contato com o local da dor. (Território Kambiwá) 2. Outro processo é feito da seguinte maneira: embebedam o cabelo com o cozido da folha da planta, em seguida amarram-no e colocam um saco plástico na cabeça. (Sertão do Araripe) 17 Referências GIACON, Gustavo. Quina ou Quina-quina (Coutarea hexandra). Viveiro Ciprest, 2020. Disponível em: <https://ciprest.blogspot.com/2020/05/quina-ou-quina-quina-coutarea- hexandra.html>. SIGRIST, Sergio. Quina-quina. PPMAC, 2020. Disponível em: <http://www.ppmac.org/content/quina-quina>. MOURET, Stefanie. Quina. Benefício das plantas, 2021. Disponível em: <https://www.beneficiosdasplantas.com.br/quina/>. Quina-quina. Florien, [s.d.]. Disponível em: <https://florien.com.br/wp-content/uploads/2016/06/QUINA-QUINA.pdf>. OLIVEIRA, Alfredo Ricardo Marques de; SZCZERBOWSKI, Daiane. Quinina: 470 anos de historia, controvérsias e desenvolvimento. Química Nova, São Paulo, vol.32 no.7, 2009. LIRA, Júlio César Lima. Estereoquímica. Infoescola, 2010. Disponível em: <https://www.infoescola.com/quimica/estereoquimica/>. CARVALHO, I. Avaliação da atividade antihepatotóxica de duas espécies vegetais popularmente conhecidas como "quina": Strychnos pseudoquina A. ST.-Hil. E Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum. Dissertação (Pós- Graduação em Bioquímica Agrícola) - Universidade Federal de Viçosa. Minas Gerais, p.94. 2009. LIMA, S. Constituintes químicos e avaliação das atividades antioxidantes, anticolinesterásica e antiinflamatória cutânea de Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum. (Rubiaceae). Tese (Pós-Graduação em Química e Biotecnologia) - Universidade Federal de Alagoas. Alagoas, p.162, 2015. 18 https://ciprest.blogspot.com/2020/05/quina-ou-quina-quina-coutarea-hexandra.htmlhttp://www.ppmac.org/content/quina-quina https://www.beneficiosdasplantas.com.br/quina/ https://florien.com.br/wp-content/uploads/2016/06/QUINA-QUINA.pdf https://www.infoescola.com/quimica/estereoquimica/ IPÊ ROXO (Tabebuia impetiginosa) Autoras: Ana Beatriz de Andrade Souza; Esther de Souza Silva; Emilay Natalia Silva do Nascimento; Mariane Cassia da Silva; Claudenora Ana Alves; Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen; Neidjane dos Santos Cordeiro. CAPÍTULO 2 19 Introdução A etnobotânica estuda a interação entre o ser humano e mundo vegetal em contexto cultural, social e científico, como a antropologia e a toxicologia, por exemplo. Sendo de grande importância para a ciência moderna, pois ao entrar em contato com os conhecimentos tradicionais torna-se possível o melhor entendimento da biodiversidade da região, seu manejo e conservação. Esses conhecimentos são passados oralmente de geração em geração, perpetuando o vínculo com a natureza. Segundo o ISA em 2001 o Brasil já classificou mais de 55 mil espécies de plantas, sendo muitas dessas plantas medicinais e usadas pelos povos tradicionais. Uma dessas plantas é o Ipê Roxo que vem ganhando notoriedade e, com a pandemia do COVID-19, está sendo utilizada por algumas comunidades nos sintomas da doença. Devido a todo o contexto socioambiental é preciso conservar as comunidades tradicionais bem como a biodiversidade e os saberes do território, sendo de grande importância a troca de saberes tradicionais e os conhecimentos científicos, com respeito mutuo. 20 Nome popular Ipê roxo; Pau-d'arco-roxo; Lapacho Nome científico Tabebuia impetiginosa (Mart. Ex DC.) Mattos (sin. Handroanthus impetiginosus, Bignoniaceae). Família Bignoniaceae O Ipê roxo tem em média 8 à 13 metros de altura, chegando a 30 metros dentro da floresta, possui folhas compostas, de sabor amargo, os frutos são vagens que guardam as sementes aladas e ocorrem de forma anual. No verão as folhas apresentam cor verde, enquanto que no outono e inverno, antes de cair, possuem coloração castanho-alaranjado. Na primavera surge a floração rosa-arroxeada. Fonte: University of Hawaii Botany Department Figura 1: Folhas e flor 21 Fonte: Mundo das Sementes Figura 2: Vagem, folhas e sementes. Distribuição geográfica Originária do Brasil, ocorrendo em quase todo o país (Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Goiás Santa Catarina, Rio Grande do Sul). Ocorre em florestas ombrófilas densas e mistas, na estacional semidecidual, matas ciliares e, ocasionalmente, no cerrado e caatinga tanto no interior da floresta primária densa, como nas formações abertas e secundárias. 22 Fonte: Merck KGaA Figura 3: Estrutura química do lapachou Composição química A partir de extratos da folha, caule e raiz do Ipê roxo, foram isolados diversos fitoquímicos, dentre eles, destacasse o Lapachou (figura 3), devido a atividade antitumoral e por ser um potencial antimetastático. A literatura relata que, em diferentes concentrações, o extrato do Ipê roxo apresenta atividades antibacteriana, antioxidante, antifúngica, antinociceptiva, antidiabética, anti edema, anti-inflamatória e antitumoral. Uso geral A madeira do Ipê roxo é considerada como o "novo mogno", fazendo com que seja a segunda madeira mais cara e a espécie mais explorada no Brasil, exportada em grande parte para a América do Norte. A alta pressão da extração madeireira e do comércio ilegal dessa espécie, com notável status ecológico fundamental, exige esforços de conservação das populações existentes. 23 O Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (LAFEPE), produz cápsulas gelatinosas contendo 250mg do lapachol, seu uso é indicado no tratamento de neoplasias malignas, em alguns casos de adenocarcinoma e carcinomas escamosos do aparelho digestivo, podendo ser indicado ainda no carcinoma epidermóide do colo de útero e do assoalho da boca, ou como auxiliar na quimioterapia. Uma das suas principais propriedades, é a diminuição das dores em pacientes com neoplasias malignas. Uso medicinal Figura 4: Ipê roxo bola, Tabebuia impetiginosa Fonte: Mundo das Sementes 24 Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen (Benzedeira, Agrofloresteira e orientadora em Saúde Comunitária) - Sertão do Araripe - PE. "Nós utilizamos o chá da casca do Ipê roxo para úlcera, gastrite e, após o parto, é indicado que as mulheres façam banho de assento com água morna e a raiz. O pó da raiz também é indicado para cicatrização de feridas. Como não houveram casos de COVID-19 na comunidade, o Ipê roxo não foi utilizado na comunidade para esta finalidade, apenas foi indicado o uso do chá para as pessoas que estavam com covid nas regiões próximas, para fazer o chá, partes da casca são deixadas à sombra para desidratar e em seguida são maceradas até formar um pó. Ferve-se 1L de água e são adicionadas 2 colheres do pó e é indicado beber durante todo o dia. Não há necessidade de coar, pois quanto mais o pó permanecer na água, mais a madeira irá liberar suas propriedades." Retirar a casca da árvore*; Deixar as cascas secar à sombra; Depois de secas, macerar as cascas até obter um pó; 1L de água fervida; Adicionar 2 colheres de sopa do pó na água e deixar esfriar. Chá da casca do tronco de Ipê Roxo *Ao tirar a casca é preciso ter cuidado em não cortar o tronco em forma de anel para não interromper o fluxo da seiva que nutri a planta. Uso tradicional Fitoterápicos 25 AGOSTINHO, A. B. Etnobotânica: Conhecimentos Tradicional e Científico. Revista Biodiversidade, v. 15, n. 1, 2016. Departamento de Ciências Biológicas, do Instituto de Ciências Exatas e Naturais de Rondonópolis, da Universidade Federal do Mato Grosso. Ipê-roxo: informações gerais. Projeto caatinga – UFERSA, 2020. Disponível em: <https://projetocaatinga.ufersa.edu.br/informacoes- gerais-ipe-roxo/>. Acesso em 26 jun 2021. LAFEPE lapachol. Medic. Disponível em: <https://noticias.4medic.com.br/bula/lafepe-lapachol/>. Acesso em 26 jun. 2021. Orzenil Bonfim Silva-Junior, Dario Grattapaglia, Evandro Novaes, Rosane G Collevatti, Montagem do genoma do Ipê Rosa (Handroanthus impetiginosus, Bignoniaceae), uma árvore florestal neotropical ecologicamente importante e ecologicamente fundamental, GigaScience, Volume 7, Edição 1, janeiro de 2018, gix125, https://doi.org/10.1093/gigascience/gix125. SANTOS, L. S. et al. Saberes tradicionais sobre plantas medicinais na conservação da biodiversidade amazônica. Ciências em Foco, v. 12, n. 1, p. 86-95, 2019. Sementes de ipê roxo bola – Tabebuia impetiginosa. Mundo das sementes. Disponível em: <https://www.mundodassementes.com.br/arvores/sementes- de-ipe-roxo-de-bola-tabebuia-impetiginosa-mundo-das- sementes>. Acesso em 26 jun. 2021. ZHANG, J. et al. Tabebuia impetiginosa: A Comprehensive Review on Traditional Uses, Phytochemistry, and Immunopharmacological Properties. Molecules 2020, 25, 4294; doi:10.3390/molecules25184294 Referências 26 https://www.mundodassementes.com.br/arvores/sementes-de-ipe-roxo-de-bola-tabebuia-impetiginosa-mundo-das-sementes Alho (Allium sativum) Autoras e Autores: Bruna Maria Correia dos Santos, Bruna Serpa Caitano, Danilo Nunes Lemos Santos de Sousa, Joyce Nayara Gomes da Silva (estudantes) Claudeonoura Ana Alves Maria Silvanete Benedito de Sousa e Neidjane Santos Cordeiro. (mulheres que foram entrevistadas) CAPÍTULO 3 27 O alho é uma especiaria herbácea anual aromática e uma das mais antigas ervas autenticadas e mais importantes, que foram usadas desde os tempos antigos na medicina tradicional. Possui gosto e odor bastante característico e é amplamente utilizado como condimento na culinária mundial. No entanto, muitas culturas diferentes também reconheceram o potencial do alho para prevenção e tratamento de diferentes doenças. Em medicamentos tradicionais, relata-se várias propriedades biológicas,incluindo atividades anti-inflamatória, antiviral, imunomoduladora, antimicrobiana, antioxidante e anti-hipertensiva. Esses efeitos benéficos do alho são atribuídos, em particular, a seus compostos contendo enxofre, alguns polifenóis e flavonoides. Devido a suas propriedades biológicas e consequentemente sua alta adesão medicinal, o alho constitui diversos produtos fitoterápicos que são tradicionalmente consumidos e repassados a gerações. No contexto da COVID-19, esses produtos podem ser utilizados para melhorar o bem-estar geral do paciente e oferecer a oportunidade de personalizar as abordagens terapêuticas. Introdução 28 Nome Popular: Alho-comum, Alho-hortense, Alho- ordinário, Alho-vulgar, Alho-manso. Nome Científico: Allium sativum L. Família: Amaryllidaceae Morfologia: O alho é uma planta herbácea, com folhas alongadas, estreitas e cerosas, podendo atingir até 70 cm de altura. As bainhas das folhas formam um pseudocaule curto, em cuja parte inferior origina-se o bulbo. O caule verdadeiro é um disco comprimido sendo o ponto de partida das folhas e das raízes. O bulbo, de formato redondo ou ovalado é dividido em bulbilhos (dentes) que podem variar em número de 5 a 56. Os bulbilhos são compridos, ovoides e de forma arqueada, é envolto por várias túnicas esbranquiçadas que são facilmente destacáveis. Distribuição: Amplamente distribuído pelo mundo. No brasil, os estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás e Bahia respondem por cerca de 90% da produção. Uso geral: O alho costuma ser utilizado diariamente como condimento culinário, em temperos, sopas e saladas e também como planta medicinal, auxiliando o combate ao sintomas de diversas doenças. 29 https://www.google.com/search?sa=X&biw=1920&bih=937&q=Amaryllidaceae&stick=H4sIAAAAAAAAAONgVuLUz9U3MCozLjd5xGjCLfDyxz1hKe1Ja05eY1Tl4grOyC93zSvJLKkUEudig7J4pbi5ELp4FrHyOeYmFlXm5GSmJCanJqYCAHwqIvZVAAAA Claudeonoura Alves (Indígena Kambiwá e Agente Popular de Saúde) - Sertão do Moxotó - PE Uso Medicinal: Compostos como alina, alicina, ajoenes, vinilditiínas e flavonóides, que estão presentes no bulbo do alho, especialmente quando esmagado, possuem propriedades imunomoduladoras, antimicrobianas, anti-inflamatórias, antivirais, entre outras, que permite a indicação da planta para o tratamento de sintomas como febre, tosse, gripe e resfriados. Além disso, pode ser usado para tratar indigestão, infecções do trato respiratório e urinário, sendo ainda um aliado na luta contra o colesterol. Uso Tradicional: Devido a reputação em diferentes tradições como planta medicinal profilática e terapêutica, inúmeros são os produtos fitoterápicos provindos do alho, dentre eles as diversas formas de chá, o óleo essencial de alho, xarope e tintura. "O alho vai em tudo, principalmente na parte de cozinha e alimentação. Ele é aquele "serzinho eficaz''. Usamos ele pra tosse, febre, gripe e resfriados. Eu penso que o alho traz vários benéficos pra gente. Aqui dentro da aldeia utilizamos ele pra fazer chá junto a casca do pau-d'alho, mas não utilizamos o alho cru para fazer chá, primeiro descasca ele, e coloca para assar levemente, sem deixar queimar, até ele virar uma "carninha". Depois você pega e põe ele num prato e vai amassando, ai coloca água pra ferver e coloca o alho, se tiver com a febre alta, você toma e já percebe o resultado na hora." 30 Neidjane Cordeiro (Agente Popular de Saúde) - Afogados - Sertão do Pajeú - PE Maria Silvanete Lermen de Sousa (Benzedeira, agrofloresteira e orientadora em Saúde comunitária) - Sertão do Araripe - PE "A gente utiliza o alho pra quase tudo, costumamos fazer o chá do alho sempre junto com outra erva, geralmente, alecrim e limão para tratar resfriados e problemas respiratórios, mas também temos o costume de tomar pra fortalecer a imunidade, então a gente coloca ele de molho a noite pra no dia seguinte ingerir o líquido em jejum." "Aqui em casa todo mundo come alho, a gente corta ele bem pequeninho e mistura na salada. O alho está presente no nosso dia a dia tranquilamente. As vezes a gente da só uma torradinha nele e joga para acompanhar os pratos. Geralmente quem chega na minha casa come o alho que nem percebe, porque a ideia é justamente quebrar esse tabu em relação ao alho. As pessoas tem uma certa repulsa por causa do gosto e do cheiro, então as vezes a gente mistura com outras comidas e fica bem gostoso, assim as pessoas aprendem a olhar para o alho de um outro formato... O alho está na vivência e no cotidiano do povo. Quando se está com uma tosse muito forte, por exemplo, se faz um lambedor reforçado com alho, a tintura do alho também é muita utilizada para purificar e fortalecer o organismo, então o alho é muito completo, é por isso que ele termina sendo um remédio milenar, porque seu uso é muito diverso." 31 Chá 1 Chá 2 Xarope (Lambedor) Fitoterápicos: Composição: Bulbo do alho e casca do pau-d'alho Preparo: Infusão de 2 bulbilhos (dentes), assados previamente, junto a pedaços pequenos da casca do pau-d'alho, para 100ml de água fervida. Modo de uso: Tomar o chá duas vezes ao dia. Indicação: Febre Composição: Bulbo do alho, alecrim e limão Preparo: Decocção de 1 bulbilho, junto a uma banda de limão e pequenos pedaços de alecrim para 100 ml de água. Modo de uso: Tomar duas vezes ao dia. Indicação: Gripe e resfriados Composição: Bulbilhos de alho, cebola roxa e mel. Preparo: Bater no liquidificador 4 dentes de alho, meia cebola roxa, 200g de mel. Modo de uso: Tomar uma colher de sopa, três vezes ao dia. Indicação: Tosse 32 Maceração com água Óleo de alho Tintura Composição: 1 bulbilho de alho Preparo: Um dente de alho descascado e partido para um copo com 200 ml de água. Deixar descansar a noite toda. Modo de uso: Ingerir o líquido em jejum pela manhã. Indicação: Fortalecer a imunidade Composição: Bulbilhos de alho e óléo de gergelim. Preparo: Deixar macerar 100g de alho junto a 100ml de óleo de gergelim por 15 dias. Modo de uso: Ingerir 10 gotas uma vez ao dia. Indicação: Fortalecer a imunidade e infecções respiratórias. Composição: Bulbilhos de alho e bebida alcoólica. Preparo: Misturar 100g de alho para 300ml de cachaça ou álcool de cereal. Deixe por 15 dias em um local escuro e seco. Modo de uso: Ingerir 25 gotas diluídas duas vezes ao dia. Indicação: ajuda a limpar o corpo de toxinas e ativar os processos metabólicos. Observações: A ingestão de alho cru em altas doses com o estômago vazio pode induzir alterações na flora intestinal, flatulência e distúrbios gastrointestinais. Durante a gravidez, o consumo exagerado pode levar a alguns efeitos adversos, como afinamento do sangue e aborto espontâneo. 33 Referências Ayaz E., Alposy HC Alho ( Allium sativum ) e medicina tradicional. Turkiye Parazitolojii Derg. 2007; 31 : 145–149. Badal DS, Dwivedi AK, Kumar V., Singh S., Prakash A., Verma S., Kumar J. Efeito de adubos orgânicos e fertilizantes inorgânicos no crescimento, rendimento e suas características de atribuição no alho ( Allium sativum L.) J. Pharmacogn. Phytochem. 2019; 8 : 587–590. Bayan L., Koulivand PH, Gorji A. Alho: Uma revisão dos efeitos terapêuticos potenciais. Avicenna Journal of Phytomedicine. 2014; 4 (1): 1–14. Moutia M, Habti N, Badou A. Atividades imunomoduladoras in vitro e in vivo de Allium sativum L. Medicina alternativa e complementar baseada em evidências (2018) 2018:4984659. 10.1155/2018/4984659 Resende, F., et al,. Alho. Embrapa. Disponível em . Acesso em: 26 de Jun 21. Shang A, Cao SY, Xu XY, Gan RY, Tang GY, Corke H, et al. . Compostos bioativos e funções biológicas do alho ( Allium sativum L.) Alimentos (2019) 8(7):246. 10.3390/foods8070246 Subramanian MS, Nandagopal MS G., Amin Nordin S., Thilakavathy K., Joseph N. Conhecimento predominante sobre a biodisponibilidade e atividades biológicas de compostos de enxofre de Alliums: um candidato a medicamento potencial. Moléculas. 2020; 25 : 4111.doi: 10.3390 / moléculas25184111. 34 Espinho de cigano tirado da Aldeia de Serra Negra-PE. - Foto: Claudeonoura Alves Autoras e Autores: Afonso Luiz de Oliveira; Anderson Eduardo Medeiros; João Ômega da Silva; Luciana Valois; Claudenora Ana Alves; Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen; Neidjane dos Santos Cordeiro. CAPÍTULO 4 Espinho de Cigano (Acanthospermum hispidum) 35 Nos territórios Indígenas, quilombos e no Sertão Pernambucano, o Espinho de cigano (ou Carrapicho de carneiro) é uma das plantas mais utilizadas para o tratamento de enfermidades virais (gripes e resfriados). Sendo altamente eficaz contra seus sintomas respiratórios. Esse tesouro da Natureza tem cuidado da população por gerações, remediando aqueles que vivem da terra. Costuma aparecer em épocas chuvosas nos terrenos comuns, não pode ser cultivado. Achanthospermum hispidum Parte utilizada: Nome científico: Raiz Eficiência para COVID: Altíssima Indicado também para os seguintes sintomas:Cansaço respiratório, Broncodilatadora e asma. Introdução: Glossário: Espinho de cigano, Covid-19, tratamento, fitoterápicos, Achanthospermum hispidum 36 - 100 g de raiz seca, 100 g de Hortelã graúda, 17g de cravo da Índia para 1 L de água. - Ferve a raiz, adicionar o cravo e mexer por 7 min. - adicionar o Hortelã e cozinhar por 3 min. Quando frio, adicionar 1,7 kg de açúcar mascavo ou rapadura . Modo de usar: 5 ml 3 vezes ao dia para crianças | 10 ml 3 vezes ao dia para adultos . - 200g de raiz seca para 1 L de cachaça, deixa de molho 15 dias em um vidro antes de usar. - Se o uso for urgente, deixar somente 3 dias. Modo de usar: 5 ml em 10 ml de água 4 vezes ao dia para crianças | 10 ml em qualquer quantidade de água para adultos. Modos de preparo: Chá: Tintura: Lambedor: - 2g de raiz para 100 ml de água - Ferver e infusionar Modo de usar: 1/2 xíc de chá 4 vezes ao dia para crianças | 1 xíc de Chá 4 vezes ao dia para adultos. 37 Referências AGRA Maria de Fátima; FREITAS Patrícia; BARBOSA-FILHO, José Maria, Sinopse das plantas conhecidas como medicinais e venenosas no Nordeste do Brasil Rev. bras. farmacogn. vol.17 no.1 João Pessoa Jan./Mar. 2007. doi.org/10.1590/S0102-695X2007000100021 . Agra, M.D., Silva, K.N., Basilio, I.J.L.D., de Freitas, P.F., Barbosa, J.M., 2008. Survey of medicinal plants used in the region Northeast of Brazil. Rev. Bras. Farmacogn. 18, 472-508. doi.org/10.1590/S0102-695X2008000300023 . AKBAŞ1, Melike Nur & AKÇAKAYA, Adem, COVID-19 and Phytotherapy, Bezmialem Science 2020;8(4):428-437. . ARAÚJO, Evani de Lemos.Acanthospermum hispidum DC (Asteraceae): validação para fins farmacêuticos. 2007. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/3 152 . DI STASI Luiz Claudio & HIRUMA-LIMA Clélia, Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica – 2ª edição, 2002. . Habibi, Ganfon. Joanne, Bero. Alembert T. Tchinda. et. al. Antiparasitic activities of two sesquiterpenic lactones isolated from Acanthospermum hispidum D.C. Journal of Ethnopharmacology Volume 141, Issue 1, 7 May 2012, Pages 411- 417. doi.org/10.1016/j.jep.2012.03.002 . 38 https://www.sciencedirect.com/science/journal/03788741 Referências .Lemonica, I. P., & Alvarenga, C. M. D. (1994). Abortive and teratogenic effect of Acanthospermum hispidum DC. and Cajanus cajan (L.) Millps. in pregnant rats. Journal of Ethnopharmacology, 43(1), 39– 44. doi:10.1016/0378-8741(94)90114-7 . NUNES, P. A. ‘Herdeiras as freiras’ contam segredos adquiridos na produção demedicamentos. Jornal A Crítica on line. Saúde Popular. Publicado em 23/04/2017. Jornal online OLIVEIRA Elton Henrique, Coronavírus: prospecção científica e tecnológica dos fármacos em estudo para tratamento da Covid-19. 2020. doi.org/10.9771/cp.v13i2%20COVID-19.36153 . REDE Aroeiras , Espinho de Cigano. Instagram, publicado em 04/06/2020 SUMMERFIELD, Artur; GUNTER, M Keilb, Antiviral activity of an extract from leaves of the tropical plant Acanthospermum hispidum, Volume 36, Issue 1, October 1997, Pages 55-62. doi.org/10.1016/S0166-3542(97)00035-1 39 http://dx.doi.org/10.9771/cp.v13i2%20COVID-19.36153 https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0166354297000351?casa_token=SCj7KOhogvwAAAAA:Wod_F3g-DliTOgWTXL-9T0uS8-9vPishgwbskezfZXwKR6yPaQqeebw4voxbb7bvevCAl-8-Qv4%20.#! https://www.sciencedirect.com/science/journal/01663542/36/1 Autoras e Autores: José Rogério Silva da Fonseca Junior; Luiz Miguel Gonçalves dos Santos; Alejandro Anthony Castro da Silva; Claudenora Ana Alves; Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen; Neidjane dos Santos Cordeiro. CAPÍTULO 5 Angico (Anadenanthera macrocarpa) 40 O angico é uma espécie de árvore bastante utilizada há muito tempo já que sua madeira possui muito valor na produção de móveis. Existem 3 tipos dessa árvore que ocorre em território brasileiro: Angico-do-Cerrado, Angico Branco e o Angico Vermelho. Contundo, na pandemia do Covid-19 a espécie conhecida como Anadenanthera colubrina (angico-vermelho) vem Sendo usada por raizeiras e curandeiras em povos locais e indígenas, como medicamentos para auxiliar no combate aos sintomas da Covid-19. Introdução (Angico do Cerrado)Anadenanthera falcata, (Angico Vermelho) Anadenanthera macrocarpa, Angico Branco (Anadenanthera colubrina.) 41 Nome Popular: Angico Vermelho também conhecido como Angico de Caroço, Angico Branco também conhacido como Angico Manjola Nomes Científicos: Anadenanthera falcata, Anadenanthera macrocarpa, Anadenanthera colubrina. Família: Fabaceae Morfologia: Angico vermelho: O angico de caroço, como é conhecido pelo povo do território dos sertões do Araripe, Moxotó e Pajeú, é uma árvore decídua, nativa, pioneira de médio à grande porte, mede cerca de 13 metros de altura podendo chegar a 20 metros. Apresenta o tronco cilíndrico ou tortuoso com 40-60 cm de diâmetro, sua casca tem aspecto quase liso e claro até rugosa ou muito fissurada e escura. As folhas são compostas bipinadas (10-25 folíolos) e apresentam uma coloração verde escuro.Possui a superfície áspera de cor marrom. Amadurecem de agosto a novembro. 42 Angico branco: Arvoreta perenifólia também conhecida como Angico Manjola conta com 2,2 a 15 m de altura e 20 a 40 cm de diâmetro, a árvore com até 25 m de altura e 60 cm de diâmetro. Folhas com folíolos coriáceos, nítidos, frequentemente falados. As flores são reunidas em inflorescências e os frutos são de coloração marrom, com 10 a 25 cm de comprimento e 17 a 25 mm de largura,contendo entre 10 e 15 sementes. Não é usada para fins fitoterápicos medicinais. Angico do cerrado: É uma árvore com muitos galhos, porém pouco frondosa e com aspecto de mato. Tem caule reto, galhos muito reforçados e ramificados. Suas flores são brancas, muito numerosas, sem cheiro e o fruto, em vagens pequenas, chatas, compridas e de sementes pequenas; ocorre naturalmente no Cerrado por ser uma espécie pioneira, rústica e adaptada a terrenos secos, podendo atingir alturas de 8 a 16 m, com tronco revestido por grossa casca suberosa, de 30-50 cm de diâmetro. 43 Fonte: UFMG - Univaersidade Federal De Minas Gerais Fonte: Viveiro Ipê Fonte: Instituto Brasileiro de Florestas Fonte: Institurto Brasileiro de Florestas 44 Distribuição: Angico vermelho: Região Nordeste; Centro-Oeste; Minas Gerais, Pernambuco( Mais precisamente no Sertão do Pajeú, Sertão do Moxotó, Sertão do Araripe) Angico branco: No Rio Grande do Sul ocorre na floresta do Alto Uruguai e ocasionalmente no Planalto Médio, Pernambuco (Mais precisamente no Sertão do Pajeú, Sertão do Moxotó, Sertão do Araripe) Angico do cerrado: São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, no cerrado,Pernambuco (Mais precisamente no Sertão do Pajeú, Sertão do Moxotó, Sertão do Araripe), principalmente em áreas de solos arenosos Uso Geral:Angico Vermelho: Sua madeira é muito utilizada em construções civil e naval. A casca possui propriedades que permitem ser utilizada por curtumes no tratamento de peles e couro. Angico do cerrado: é muito utilizada para marcenaria, carpintaria, construções rurais e civis, estaca, mourão, móveis, postes, cercas, assoalho, carroças, lenha e carvão. 45 Uso Medicinal: Deve ser observado com atenção, a única espécie que tem Propriedades Medicinais é o Angico vermelho ou de Caroço, sendo utilizado com muito cuidado e moderação. As rezadeiras responsáveis por passar esses conhecimentos para agregar o artigo são: Claudeonora Ana Alves, Neidjane Santos Cordeiro e Silvanete de Sousa Lermen. Angico Branco: Tem várias aplicações como fornecimento de madeira para tabuado, tacos, marcenaria, desdobro, obras internas, ripas, implementos, embalagens, construção civil e naval. Gera lenha e carvão de boa qualidade. Através do xarope da casca, é possível tratar diarreias e anginas; Com banhos de assento de chá de casca, ele pode tratar gonorreia e leucorreia, também usado para estancar hemorragias em caso de aborto Com o uso da goma dissolvida, pode-se tratar doenças respiratórias, como é o caso da asma e da bronquite; 46 O chá da casca é indicado para resfriados, gripes, catarro de peito, faringite, infecções pulmonares, debilidade orgânica e raquitismo; A tintura feita a partir de sua casca é utilizada no tratamento de reumatismo; Goma para tratar anemia, faz o fortalecimento do sangue, também usado como estancador de hemorragia. Chá do Angico- Ingredientes 1 colher de sopa de casca de angico; 1 litro de água; Açúcar mascavo ou mel para adoçar; Modo de Preparo Ferva a água e acrescente as cascas despedaçadas, deixando ferver por mais 5 minutos. Após esse tempo, retire do fogo, abafe e aguarde mais 5 minutos. Por fim, coe a mistura. Adoçar é opcional. 47 Goma do Angico - Dica de uso utilizada por Silvanete de Sousa Lermen. Usado junto ao fubá de milho, uma colher de farinha para um quilo de fubá, por ter tanino, ele faz a limpeza e a purificação da corrente sanguínea, fortalecendo o sangue e evitando a anemia. Óleo do Angico - Modo de Preparo Não é o óleo essencial pois os Angicos não são ervas aromáticas – mas sim, a extração dos princípios ativos da casca do angico por maceração em óleo vegetal ou azeite. Deixa-se ao sol 5 a 10 dias, em um vidro fechado, um punhado de casca de angico (quanto mais picada ou lascada, melhor, pois aumenta a superfície de contato desta com o óleo), coberta por um óleo vegetal (amêndoa, outro de sua preferência). 48 Referências Angico: ÂNGELO, Tamara; RIBEIRO, Charlis Chaves. Utilização de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos para idosos. Ciência & Desenvolvimento-Revista Eletrônica da FAINOR, v. 7, n. 1, 2014. DA ROCHA BRITO, Andréa Gomes et al. Fitoterapia: uma alternativa terapêutica para o cuidado em Enfermagem-relato de experiência. Biota Amazônia (Biote Amazonie, Biota Amazonia, Amazonian Biota), v. 4, n. 4, p. 15-20, 2014. BRITO, Kalline Silva; BARRETO, Romildo Alves Paes; DE LYRA, Magaly Andreza Marques. Estudo de Estabilidade de Acompanhamento do Fitoterápico Sanativo. Revista Eletrônica da Estácio Recife, v. 2, n. 1, 2016. Rede Aroeira Saude. (12 de 05 de 2021). Rede Aroeira Saude. Fonte: Instagram: https://www.instagram.com/redearoeirasaude/ ÂNGELO, Tamara; RIBEIRO, Charlis Chaves. Utilização de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos por idosos. Ciência & Desenvolvimento-Revista Eletrônica da FAINOR, v. 7, n. 1, 2014. Plantas úteis do Nordeste do Brasil/ Sidclay Cordeiro Pereira, Cintia Ferreira Lima Gamarra- Rojas, Guillermo Gamarra-Rojas, Marcelino Lima, Fernando Antônio Távora Gallindo. - Recife: Centro Nordestino de Informações sobre Plantas - CNIP; Associação Plantas do Nordeste APNE, 2003 Caatinga : árvores e arbustos e suas utilidades/ Gerda Nickel Maia. - -1.ed. -- São Paulo : D&Z Computação Gráfica e Editora, 2004. Espécies da flora nordestina de importância econômica potencial, por Everardo V.S.B. Sampaio, Frans Germain Corneel Pareyn, Joselma Maria de Figueirôa e Alcioli G. Santos Junior, eds. Recife: Associação Plantas do Nordeste, 2005. Florestas, I. B. (12 de 05 de 2021). Angico Branco do Morro. Disponível em: https://www.ibflorestas.org.br/lista-de-especies- nativas/angico-branco-d o-morro 49 https://www.instagram.com/redearoeirasaude/ CAPÍTULO 6 Imburana-de-cheiro (Amburana cearensis) Autoras e Autores: Kézia Oliveira dos Santos; Pedro Henrique de Lima Silva; Alexandre César da Silva Alves; Maria Augusta da Costa Luna; Claudenora Ana Alves; Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen; Neidjane dos Santos Cordeiro. o Fonte: (Editada) Costa,M. 50 As plantas medicinais são utilizadas desde os primórdios para o tratamento de enfermidades. Durante a pandemia decorrente do COVID-19 as buscas por medicamentos para o combate dos sintomas cresceram, porém, o que nem todo mundo sabe é que muitas plantas possuem um grande teor fitoterápico, sendo uma grande aliada contra essa e outras doenças, sendo uma dessas plantas a Imburana-de- Cheiro. Introdução Nome Popular: Amburana, amburana-de-cheiro, cerejeira, cerejeira-rajada, cumaru-do-ceará, cumarú-de-cheiro, cumarú-das-caatingas, umburana, umburana-de-cheiro e imburana. Nome Científico: Amburana cearensis A.C Smith Família: Fabaceae Imburana-de-cheiro (Amburana cearensis) 51 Morfologia: Possui porte arbóreo com altura de até 6-12m, caule geralmente ereto e cascas de cor castanho- escuro que se encontram desprendendo-se em lâminas. Folhas compostas e alternas com inflorescência axilares ou terminais, são miúdas e aromáticas, apresentando cor branco-amarelada. Os frutos são em forma de vagem de cor escura, contendo uma semente. As sementes apresentam coloração preta, são rugosas e com cerca de 1cm de largura e 2cm de comprimento. Fonte: Instituto Brasileiro de Florestas Fonte: Ervas londrina Produtos Naturais 52 Distribuição: Ocorre em todos os estados do Nordeste brasileiro, estando também presente em regiões como: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, chegando até a Argentina, Peru, Paraguai e Bolívia. Estado: Segundo a Embrapa, com o levantamento feito pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) a Amburana cearensis corre o risco de ser extinta, devido ao extrativismo. Estando também em perigo a outra espécie do mesmo gênero, a Amburana Acreana. Uso Geral: Possui uso múltiplo, tendo sua madeira que é considerada nobre e resistente a ataques de insetos utilizada para a fabricação de móveis finos, construção civil, carpintaria e etc. Suas folhas, cascas e sementes são utilizadas pela indústria para a extração de óleos essenciais e 53 Cumarina, substância usada na fabricação de fitoterápicos, doces, biscoitos, cigarros, tabacos, sabões, sabonetes e como fixador de perfumes. Sendo utilizada também contra diversos males, já que possui propriedades medicinais. Uso Medicinal: Compostos como a Cumarina, o Isocampferídio, Amburosídio A e os Flavonóides, que existem nas sementes e cascas da Imburana, possuem efeitos anti-inflamatórios, antioxidante e broncodilatador, que a faz indicada para tratar inúmeras doenças, especialmente as do aparelho respiratório. Podendo ser usada para tratar afecções pulmonares, asma, fraqueza física, bronquites, cólicas intestinais e uterinas, febre, gripe, hemorragias, inflamação, resfriado, tosse e também como vermífugo natural para animais domésticos. 54 Usos tradicionais: Neidjane Cordeiro (Agente Popular de Saúde) - Afogados - Sertão do Pajeú - PE “Aqui no Sertão do Pajeú a população não conhece como Imburana-de-cheiro, conhecem como Cumaru. Eles utilizam mais as cascas para banho (cozinhando a cascae dando um banho “de cabeça”) quando estão gripados e também para lambedor. Já no Sertão do Araripe, a minha família sempre usou a semente para problemas gástricos como constipação e má digestão, torrando, pilando e fazendo a infusão. Mas tem que ter muito cuidado, eles dizem que a semente da Imburana-de-cheiro é abortiva, a orientação é que gestantes não tomem o chá da Imburana. Aqui utilizam o chá da semente, usamos duas sementes no máximo, torramos e pilamos para fazer a infusão com meia xícara de água fervendo, ai colocamos sobre a semente já torrada e pilada, geralmente bebe 1x ao dia, frio ou morno. Não costumamos ferver a semente.” 55 Claudeonoura Alves (Indígena Kambiwá e Agente Popular de Saúde) - Sertão do Moxotó - PE “Aqui nós temos a Imburana-de-cheiro e a Imburana- de-cambão. A Imburana-de-cambão é usada para fazer cercas e chupamos o caroço para combater a tosse. A Imburana-de-cambão é fácil de encontrar, ela é encontrada em qualquer Caatinga, já a Imburana-de- cheiro não, nós temos que andar para encontrar ela lá nas serras, ela gosta mais de lá. Utilizamos a imburana-de-cheiro para fazer lambedores e a semente no cachimbo, como defumação, mas também para fazer chá para má digestão, nós torramos na brasa e pilamos, usando o mesmo processo que Neidjane, só que com 3 sementes ou com a casca. Porém eu tive problemas com minha filha, que na época tinha 5 anos, ela estava com a febre muito alta e eu fiz um chá, porque ele é ótimo para febre, e quando eu dei para ela a febre aumentou e os batimentos cardíacos ficaram apressados, altíssimos, ai eu levei para o médico e ele disse que eu não poderia ter dado o chá com a febre que ela estava, que eu coloquei a vida dela em risco. Eu aconselho que quem tiver problemas no coração não utilizar, pois ele acelera os batimentos cardíacos.” 56 Maria Silvanete Lermen (Benzedeira, agrofloresteira e orientadora em Saúde comunitária) - Sertão do Araripe - PE “Aqui o chá da Imburana-de-cheiro é usado para prevenir a má digestão, quando se come a comida e não está fazendo a digestão, você pega 3 sementes de imburana, torra, pila, faz o chá e serve quente, é você tomar, você arrota. Os povos perceberam que quando ele está quente, ele acelera o organismo para funcionar mais rápido. Ele também é bebido quando estamos com intoxicação alimentar ou diarreia, usando a mesma receita. Pode fazer com 100 ml de água, mas se você esmagar a semente, você pode colocar até 300 ml de água e deixar aquela semente lá dentro, então você pode tomar por mais tempo, é um sabor muito potente. É como se para cada semente fosse 100 ml de água, tanto criança quanto adulto toma. Quando é criança muito pequena a gente dá em colher”. 57 Já sobre o Lambedor ela diz que: “O lambedor vai muito para o que você quer, se eu quero que o lambedor também sirva para comida que ofende eu tenho que colocar a semente torrada e pilada. Eu uso a semente torrada e pilada e ela cozinhada, se ela for somente para servir como expectorante, ela pode ir só cozida. É uma colher para 1 litro, só pilamos, não torramos. O lambedor não é feito somente com uma planta, é uma mistura com outras ervas, um coquetel de plantas. Eu aconselho a tomar com algo quente, como um chá, porque a absorção e a ação vai ser mais rápida”. Observação: Não é recomendado o uso dessa planta por gestantes, pois pode causar abortos; em doses elevadas o uso da semente pode levar a algum tipo de intoxicação e pode facilitar o desenvolvimento de mutação genética; Para pessoas que possuem algum tipo de anemia, não é recomendado o uso da casca da Imburana em doses elevadas. 58 Fitoterápicos: ·Chá: Composição: Casca da Imburana. Preparo: Decocção de 2g de casca para 100ml de água fervendo. Modo de uso: Tomar chá quatro vezes ao dia. As crianças devem ingerir ½ xícara e os adultos 1 xícara de chá. ·Chá utilizando a semente: Composição: Semente de Imburana Preparo: Torrar na brasa uma e no máximo duas sementes de Imburana e depois pilar e fazer a infusão com ½ xícara de água fervendo, ter cuidado para não tomar o chá muito forte. Modo de uso: Beber uma vez ao dia, estando o chá frio ou morno. Indicações: problemas gástricos; constipação, mal digestão. Contraindicação: É recomendável que gestantes não consumam o chá, pois pode provocar aborto. 59 • Lambedor: Composição: Casca da Imburana e ervas como; hortelã graúda e cravo-da-índia, mais açúcar. Preparo: 100g de casca seca de Imburana, 100g de hortelã graúda, 17g de cravo-da-índia e 1L de água. - Insira 1L de água em um recipiente e acrescente a casca da Imburana. - Assim que levantar fervura, acrescente ao recipiente os cravos-da-índia e espere cozinhar por 7 minutos. -Após os 7 minutos; acrescente a hortelã e deixe cozinhar por 3 minutos. - Após os 3 minutos; desligue e espere esfriar e só depois acrescente 1,7kg de açúcar mascavo. Modo de uso: 5ml e 10ml do lambedor, respectivamente, para crianças e adultos, três vezes ao dia. 60 Referências Imburana-de-cheiro: AMBURANA, Instituto Brasileiro de Florestas. Disponível em: <https://www.ibflorestas.org.br/lista-de-especies-nativas/amburana> . Acesso em: 21 de abril, 2021. AMBURANA, Instituto Brasileiro de Florestas. Disponível: <https://www.ibflorestas.org.br/lista-de-especies-nativas/amburana> Acesso em: 21 de abril de 2021. AMBURANA DE CHEIRO, Os Produtos Florestais Não Madeireiros. Disponível em: <http://www.cnip.org.br/PFNMs/amburana.html#:~:text=Caracter%C3%ADsti cas%20da%20planta%3A%20%C3%81rvore%20dec%C3%ADdua,%2C%2010%2D15cm%20d e%20comprimento>. Acesso em: 21 de abril de 2021. BIROLA, Fernanda. Umburana ou cumaru: Embrapa estuda técnica para conter ameaça de extinção. Embrapa, 2012. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/1805946/umburana- ou-cumaru-embrapa-estuda-tecnica-para-conter-ameaca-de-extincao>. Acesso em: 21 de abril de 2021. IMBURANA DE CHEIRO É UMA FORTE ALIADA NO COMBATE DE DOENÇAS PULMONARES, Portal do Holanda, 2017. Disponível em: <https://www.portaldoholanda.com.br/cura-pela-natureza/imburana-de- cheiro-e-uma-forte-aliada-no-combate-de-doencas- pulmonares#:~:text=Contra%20febre%20alta%20em%20crian%C3%A7as,e%20p%C 3%B3%20das%20sementes%20amassadas>. Acesso em: 21 de abril de 2021. FORJAS, Daniel. Autor da Própria Saúde - Emburana [Asma, leishmaniose, alzheimer, câncer]. Autor da Própria Saúde. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=IaioCaoFIuY (Autor da Própria Saúde)>. Acesso em: 21 de abril de 2021. IMBURANA DE CHEIRO, Rede Aroeira, 2020. Disponível em: <https://www.instagram.com/p/B-66rAMFgaz/(@redearoeirasaúde)> Acesso em: 21 de abril de 2021. 61 https://www.ibflorestas.org.br/lista-de-especies-nativas/amburana https://www.ibflorestas.org.br/lista-de-especies-nativas/amburana http://www.cnip.org.br/PFNMs/amburana.html#:~:text=Caracter%C3%ADsticas%20da%20planta%3A%20%C3%81rvore%20dec%C3%ADdua,%2C%2010%2D15cm%20de%20comprimento. https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/1805946/umburana-ou-cumaru-embrapa-estuda-tecnica-para-conter-ameaca-de-extincao https://www.portaldoholanda.com.br/cura-pela-natureza/imburana-de-cheiro-e-uma-forte-aliada-no-combate-de-doencas-pulmonares https://www.portaldoholanda.com.br/cura-pela-natureza/imburana-de-cheiro-e-uma-forte-aliada-no-combate-de-doencas-pulmonares#:~:text=Contra%20febre%20alta%20em%20crian%C3%A7as,e%20p%C3%B3%20das%20sementes%20amassadas https://www.youtube.com/watch?v=IaioCaoFIuY https://www.instagram.com/p/B-66rAMFgaz/ Hymenea Courbaril L. CAPÍTULO 7 Jatobá Fonte: Nedjane Santos JATOBÁ Autoras e Autores Ana Carolina Santos Barbosa; Ana Fernanda Rodrigues Miranda; Brenda Maryana Menezes Lima da Silva; Eduardo Antonio Ramos da Silva; Ellen Gomes Bezerra; Gabriel Matos Valverde; Pedro Henrique da Silva Paiva Batista; Vitória das Dores da Silva Nascimento. Claudeonoura Ana Alves; Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen; NeidjaneSantos Cordeiro. 62 O Jatobá (Hymenaea courbaril) é uma planta medicinal de alto destaque, pela sua diversa utilização. Inúmeras partes da planta podem ser amplamente utilizadas no tratamento de saúde, a casca, entrecasca, folha, fruto e resina. Podendo ser utilizadas na forma de chá, lambedor, farinha e etc. Esta planta tem uma vasta utilização na medicina popular, pode ser utilizada no tratamento de problemas de saúde, como relata o saber popular. Diante dos relatos das mulheres dos territórios foi possível analisar que o jatobá é uma árvore que pode vir a entrar em extinção, pelo desmatamento e pela forma que foi retirada sua casca criando danos em algumas árvores. Espécies florestais de valor econômico como o jatobá possuem poucos exemplares da espécie nos territórios. Por tanto espécies como esta devem ser preservadas para servir como árvores matrizes, para dessa forma ser possível a perpetuação da espécie no local. Introdução 63 Nomes populares: jatobá, jatobá-verdadeiro, jatobazeiro, jatobá-da-catinga, jatobá-miúdo, jataúba, jataí, jataí-amarelo, jataí-peba, jataí-vermelho, jutaí, jutaí-açu, jutaí-bravo, jutaí-grande, jutaí-peba, jutaí-ubá, jutaí- uva,jitaí, farinheira, jataíba, burandã, imbiúva, jari, entre outros. Nome científico: Hymenaea courbaril (há também várias subespécies). Família: Fabaceae Morfologia O jatobá é uma planta arbórea, seu tronco é predominantemente reto, cilíndrico e liso com tom avermelhado. Sua altura pode variar de 15 a 40 metros e seu diâmetro pode chegar até 2 metros. Suas folhas têm de 6 a 12 cm (elas caem em tal período). Suas flores são pequenas de cor branca ou creme-alaranjado. Os frutos são do tipo vagem, lenhosa, apresenta cor verde e formato achatado quando imaturo, cor marrom-escuro e formato cilíndrico quando maduro. O fruto mede aproximadamente 20 cm, sua casca é dura e dentro dele pode conter 2 a 4 sementes que ficam envoltas em um pó. A sua polpa tem aspecto de farinha, que é comestível, levemente doce e tem cor amarela-claro. A semente é grande, oval e tem cor marrom-avermelhada. 64 Sementes do jatobá. Foto: Luis Echeverri Urrea Flor do jatobá, Foto: Dalmo Arraes 65 Apesar de ser uma espécie reconhecida como típica do cerrado, a hymenaea sp.é encontrada em diversas regiões do país e também fora dele. No Brasil ocorre no norte: Pará e Amazonas; Nordeste: Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia; Centro-Oeste: Mato Grosso, Goiás, Distrito federal, Mato Grosso do sul; Sudeste: Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro; Sul: Paraná. É originário do México e das Antilhas, também é encontrado na Bolívia, e está sendo introduzida em outros países. - Sobre a distribuição: Neidjane Santos: “No sertão do pajeú não tem tanto pé de jatobá por conta do desmatamento, porque ele é muito utilizado na fabricação de móveis, está se tentando fazer o plantio do jatobá em comunidades.” Claudenoura Ana: “Devido à extração do jatobá e a retirada da caatinga e da mata atlântica, tem poucas plantas nativas onde a aldeia se encontra, tem que se fazer um percurso de mais ou menos 8 km para chegar no jatobá.” Distribuição 66 Preservação e conservação O jatobá (hymenaea sp.) é uma espécie arbórea muito procurada em razão da exploração de madeira, e na maioria das vezes não chegam a se tornar indivíduos de grande porte. Porém, segundo a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) a Hymenaea sp. é classificada como pouco preocupante, pela sua ampla distribuição geográfica. Jatobá, Foto: Nedjane Santos 67 Uso do Jatobá • Geral: O jatobá é uma planta bastante versátil, podendo ser utilizado na alimentação, como geléia, licor, farinha ou o próprio fruto. Essa planta possui um potencial enérgico, sendo transformado em lenha e carvão de boa qualidade,sua madeira também tem utilidade no comércio de móveis e construção civil e naval. • Tradicional: Claudeonoura Alves: “É bastante utilizada em lambedores, apesar de ser um pouquinho difícil de achar. A quantidade de colheres é de acordo com a idade do paciente. Você observa que, com mais ou menos 2 dias a coriza e a tosse vão piorando, mas esse é um aviso de que o lambedor está “jogando para fora” e limpando o corpo da doença.” A casca do jatobá é uma das principais partes para fazer os fitoterápicos, mas também são utilizadas a farinha que pode ser retirada do fruto dessa planta. Que além de ser usado como ingredientes para alimentação também pode ser utilizada para tratar problemas estomacais, principalmente para intestino preso. 68 Maria Silvanete: “O jatobá fortalece o sangue; fortalece os ossos; fortalece a nossa memória; fazendo todo um equilíbrio e fortalecendo a imunidade, fazendo um trabalho de equilíbrio em quem tem problema de diabetes; problema de pressão alta; ele entra por ter uma série de requisitos que vai preenchendo em simultâneo, em que é um antiviral, sendo uma das plantas fortíssimas que já se utilizava antes para quem tinha problemas com ferimentos, servindo para você tomar ou então lavar o ferimento, por exemplo, pessoas que tem feridas que demoram demais para curar, então a gente indica muito fazer essa lavagem, sendo utilizado também em cachorros abandonados com ferimentos.” Neidjane Santos: “Não há o costume de usar a resina, é utilizada mais a casca (usa o jatobá para tratar a anemia, tanto chá como lambedor). No sertão do pajeú não tem tanto pé de jatobá por conta do desmatamento, porque ele é muito utilizado na fabricação de móveis, está se tentando fazer o plantio do jatobá em comunidades.” 69 • Medicinal: O Jatobá é uma planta bastante utilizada na medicina popular, tendo eficácia contra muitas enfermidades. Ele possui um propriedade miorrelaxante, que auxilia no tratamento de doenças do trato respiratório, como tosse, coriza e até bronquite.O jatobá também é bastante nutritivo, sendo rico em ferro e também pode ser utilizado em doenças estomacais tendo um efeito adstringente no trato gastrointestinal, o que os torna úteis para o tratamento de diarréia e outras patologias estomacais. Também tendo ação antioxidante, anti inflamatória e antimicrobiana, podendo ser utilizada no tratamento de: - Problemas estomacais, como intestino preso (farinha); - Hematomas (resina); - Ferimentos (lavagem); - Anemia (chá e lambedor); - Sintomas da covid-19 (chá e tintura). 70 Existem várias formas de utilização do Jatobá: Batido com leite, Xarope, Curtido no Vinho Branco,chá ,farinha da casca do fruto,tintura, sendo a mais comum o chá da casca do jatobá e o xarope, muitas vezes associados com outras plantas medicinais. • Chá: Ingredientes: - 500 ml de água - 1 colher de sopa de casca de jatobá - Mel para adoçar (opcional) Modo de preparo: Coloque a água e a casca de jatobá em uma panela. Deixe no fogo médio, quando começar a borbulhar, apague o fogo, tampe o recipiente e espere 10 minutos. Para finalizar, basta coar a bebida e adicionar mel a gosto para adoçar. Prontinho! Modo de utilização: A quantidade de xícaras de chá diárias e por quanto tempo deve ser consumido é medido de acordo com a enfermidade que se quer tratar, mas em média o ideal é três xícaras por dia! Fitoterápicos 71 Referências CNCFlora. Hymenaea courbaril in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt- br/profile/Hymenaea courbaril>. Acesso em 29 junho 2021. Conquiste sua vida. Fruta e casca de jatobá têm benefícios! Saiba para que serve cada uma, Disponível em: Fruta e casca de jatobá têm benefícios! Saiba para que serve cada uma (conquistesuavida.com.br). Acesso em: 29 de jun. 2021 COSTA, C.; CASTELLANI, D.; SOUZA, A.; SILVA, A. Boas práticas de manejo para o extrativismo sustentável do jatobá. Brasília: Instituto Sociedade, População e Natureza, 2015. 76p. EMBRAPA 2004 Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária. JATOBÁ, Hymenaea courbaril. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de- publicacoes/-/publicacao/408645/jatoba-hymenaea- courbaril>. Acesso em: 28/04/2021. FERNANDES, J. Revista Educação Ambiental em ação 2006. Jatobá (Hymenaea courbaril L. – Leguminosae, caesalpinioideae): Uso medicinal, cultivo e contribuições para a espécie. Disponível em: <https://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=424>. Acesso em: 01/05/2021. Hymenaea courbaril in Ficha de Espécies do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Disponível em: <https://ferramentas.sibbr.gov.br/ficha/bin/view/especie/ hymenaea_courbaril>. Acesso em 29-06-2021 72 Hymenaea aurea Y.T.Lee & Langenh. in GBIF Secretariat (2021). GBIF Backbone Taxonomy. DIspinível em : <https://www.gbif.org/pt/species/2950772> Acesso via GBIF.org on 29-06-2021 Info Escola. Jatobá. Disponível em::https://www.infoescola.com/plantas/jatoba/. Acesso em: 29 de jun. 2021 LIMA, H.C. DE. Hymenaea in Lista de Espécies da Flora do Brasil, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB022972> Acesso em 29-06-2021 MARQUES, SULAMITA. Planta Jatobá Como Uso Medicina. ValeVerdejante . Disponivel em: <https://valeverdejante.org.br/planta-jatoba-como-uso- medicinal/>. Acesso em: 30/04/2021. Nativas Digitais. Jatobá. Disponível em: <https://www.unitins.br/nativasdigitais/especie/jatoba> Acesso em 29-06-2021 Natureza Bela. Jatobá. Disponível em: https://www.naturezabela.com.br/2011/06/jatoba-hymenaea- stigonocarpa-mart.html Acesso em: 29 de jun. 2021 73 CAPÍTULO 8CAPÍTULO 8 Murta da Chapada do AraripeMurta da Chapada do Araripe (Eugenia gracillima Kiaersk)(Eugenia gracillima Kiaersk) Autoras e Autores: Edilson Lucas da Silva de Almeida; Emanoela Pereira de Siqueira; Marcela Francini dos Santos de Oliveira; Ryan Luciano Cordeiro da Silva. Claudeonoura Ana Alves; Maria Silvanete Benedito de Sousa Neidjane Santos Cordeiro. 74 A Murta da Chapada do Araripe (Eugenia gracillima Kiaersk.) é uma planta silvestre, comumente encontrada na região da Chapada do Araripe. É uma planta que, apesar de ser pouco conhecida por essa característica, é medicinal e fitoterápica, usada para fazer chás, garrafadas, xaropes, que podem ser usados para aumentar a imunidade, além de ter ação regenerativa e antiviral. E por ser uma fruta saborosa e rica em ferro, é utilizada para o consumo, na preparação de doces, licores e geleias. Foi descoberta e catalogada em 2012, no sertão do Araripe. Entretanto a planta já era utilizada por moradores da região desde muito tempo atrás. Introdução 75 Murta da Chapada do Araripe Nomes Comuns: Murta, Cambuí Nome Científico: Eugenia gracillima Kiaersk. Sinônimos: Eugenia klappenbachiana; Eugenia leptomischa; Eugenia multipunctata; Eugenia neomultipunctata. Família: Myrtaceae Morfologia A Planta da Murta é um arbusto, tendo entre 1 metro e meio a 5 metros de altura. A fruta é pequena, alongada quando verde, e quando amadurece tem um formato mais arredondado. A cor da casca muda do verde para uma cor 100% violeta no amadurecimento. A Murta lembra um pouco a pitanga, porém ela é escura como uma azeitona roxa. Sua espécie se propaga pelas sementes. Cada fruta da Murta possui cerca de duas sementes com um revestimento. Fonte: RessearchGate 76 Distribuição A espécie é distribuída de forma ampla do Nordeste ao Sul do Brasil nas áreas da Caatinga e na Mata Atlântica. Há registros de coleta, boa parte por comunidade indígenas, quilombolas ou ribeirinhas. Fonte: Centro Nacional de Conservação da Flora 77 Uso Geral A murta possui alta eficiência contra os sintomas da Covid-19. Em usos medicinais, são utilizados a casca e as folhas da planta, a fim de criar produtos naturais como lambedor, chá ou tintura. Suas folhas possuem propriedades de ação expectorante e anti séptica do aparelho respiratório. A planta também tem sua utilidade no tratamento de problemas do aparelho urinário como cistite, corrimentos vaginais e uretrites. Em uso externo, como banhos ou a fins, pode ser utilizado para tratar problemas de pele como psoríase, acne, infecção das gengivas ou hemorróidas. O óleo essencial é muito utilizado na fabricação de sabonetes e outros produtos de cosmética. 78 Tendo suas indicações principais para enfermos, digestivos, hipotensora, anti-diarréica, antileucorréica, antiespasmódica, indicada para o tratamento de cistites e uretrites. Amenizando náuseas, para uso interno é indicado para uma infusão com uma colher de sopa de folhas frescas ou secas picadas em uma xícara de água. Os constituintes químicos e dados farmacológicos flavonóides (chalconas), tantos, óleos essenciais ricos em monoterpenos (Limoneno, mirceno, A-pineno, B-ocimeno, cineol, linalol, terpineol, terpin-4-ol) e sesquiterpenos (B- cariofileno, A-humuleno, óxido de cariofileno). Especificações Químicas 79 Fitoterápicos 100 g da casca seca; 100 g de hortelã graúda; 17 g de cravo-da-índia; 1,7 kg (1 kg e 700 g) de açúcar mascavo (ou 4 tabletes de rapadura) Cerca de 1 L de água; Panela qualquer Lambedor Primeiro coloca-se as cascas secas em uma panela com a água. Assim que levantar fervura, coloque o cravo-da-índia pilado (esmagado em um pilão) e deixe cozinhar por 7 minutos. Depois, coloque a hortelã graúda e deixe cozinhar por mais 3 minutos. Desligue o fogo e espere esfriar, e então acrescente o açúcar (ou os tabletes de rapadura). Modo de uso: Para crianças, 5 ml, 3 vezes ao dia. Para adultos, 10 ml 3 vezes ao dia. 80 2 g de cascas ou folhas frescas para 100 g de água. 200 g de cascas para 1 L de cachaça. Chá Coloca-se a casca em uma panela com a água, fazendo uma infusão. Assim que a panela ferver, deixe mais 5 minutos e então desligue o fogo. Modo de uso: Para crianças, ½ (meia) xícara de chá, 3 a 4 vezes ao dia. Para adultos, 1 (uma) xícara de chá, 3 a 4 vezes ao dia. Tintura Deixar as cascas por 15 dias ou mais em um vidro antes de usar. Se for de uso urgente, deixe as cascas por 3 dias descansando antes de usar. Modo de uso: Para crianças, 5 ml em 10 ml de água, 3 a 4 vezes ao dia. Para adultos, 10 ml, em quantidade de água que desejar, 3 a 4 vezes ao dia. 81 Banho com murta O banho com folhas frescas de murta é excelente na anemia, contra reumatismos e elefantíase. Além de adstringente, a murta possui propriedades anti bacterianas, antidiarréica, antileucorréica, antisséptica, antiespasmódica, digestiva e expectorante. Coquetel (Água de Planta) Para preparar o coquetel utiliza-se as folhas das plantas, para o tratamento da COVID, é utilizado em maior quantidade as folhas de Araçá-Boi, do Cambuí e da Murta (20g + 20g + 20g /1L). As folhas são cozinhadas junto com a água, coloca-se todas na panela e espera a água ferver por um tempo, cerca de 5 minutos após começar a ferver pode desligar e retirar as folhas antes de tomar o coquetel, já o chá é diferente, após ferver mantém as folhas dentro da água com a panela bem fechada para apurar melhor os nutrientes. 82 Relato de Uso Tradicional Maria Silvanete Benedito de Souza Lermen - Chapada do Araripe, Exu-PE "Existem vários tipos de murta, A murta utilizada lembra um pouco a pitanga mas ela é pretinha, só que a murta da chapada do araripe, em 2012, quando a professora iniciou um trabalho de doutorado fazendo a catalogação dessa planta mais pra fins medicinais foi quando foi descoberto que a murta ainda não era registrada, ela foi registrada pela primeira vez durante essa pesquisa. Por isso é conhecida como a murta da chapada do araripe, pois foi encontrada pela primeira vez no sertão do Araripe, não significa que só é encontrada somente lá. Nisso se inicia um processo de estudo mais científico, porém já era utilizada pela população da região, dizia-se que é um fruto é rico em ferro então tem que ter cuidado, não pode comer muito durante a manhãpois pode causar gastura (desconforto estomacal), também comentam que muda a cor dos dentes e da língua por ingerir muito, isso também é causado pela grande quantidade de ferro da fruta. Há muitos relatos de pessoas que consomem a fruta in natura, mas nós, quando nos organizamos como uma associação é que passamos para um processo de beneficiamento, com ela passamos a trabalhar o licor, o doce, a geleia e depois passamos a trabalhar os extratos da murta quando nas vivências vamos percebendo relatos de mulheres elas utilizam essa planta para banhos e assento, caso houvesse um incômodo muito grande, como coceira, ou irritação da vagina, também utilizava se o chá, e esse processo trazia uma resposta muito rápida aos incômodos, servindo assim de tratamento." 83 "Tanto a casca quanto a folha, a folha é geralmente utilizada para o chá, mas quando se prepara o banho de assento também é feito de forma que se pode tomar, mas geralmente se usa a folha. Mas para banho de assento, ela larga a casca, a murta é uma planta que libera a casca, só que ela não libera a casca todos os anos, tem ano que ela libera muita semente, e tem ano que é mais liberado a casca." "O chá da murta pode ser utilizado para problemas intestinais, mas principalmente usado na saúde do corpo da mulher, "a dona do corpo”, na parte reprodutiva da mulher, mas também há relatos dela também cuidar do cabelo, é outra forma de utilizá-la. Dentro de todos esses relatos percebe-se que a murta é muito rica em flavonoides, e quando fez a pesquisa indicando que ela muito boa para quando se está com problemas na parte reprodutiva da mulher, aí se faz o banho de assento, quando investigamos pensamos que podia ser a candidíase, e realmente foi como pensamos, a semente da murta nos testes serviu melhor do que o creme que é oferecido pelos serviços públicos, por ser uma doença recorrente, o chá da murta foi excelente por causa dos flavonóides que ajuda também na imunidade. Outra coisa que também identificamos nela é que ela é rica em ferro, cálcio, potássio." "Nós fazemos um coquetel aqui, e chamamos de água de planta, que é o hidrolato, é composto por angico, araçá-boi, mororó, murta, cambuí, velame, pitanga, paldóia, algumas outras plantas comuns na Chapada do Araripe, todas essas plantas são postas dentro do extrator, e fizemos a extração justamente por causa da capacidade de cada planta, queríamos aproveitar a capacidade que cada planta tem pois o vírus age de forma diferente em cada organismo, ele pode atacar de várias formas e tendo, esse coquetel, vários benefícios, beneficiaria uma maior quantidade de pessoas, independente da forma que o vírus atacasse em cada organismo." 84 Referências REDE AROEIRAS DE SAÚDE. MURTA. 27 jul. 2020. Instagram: @redearoeirasaude. Disponível em: https://www.instagram.com/p/CB9PS5NHMov/. Acesso em: 30 abr. 2021. PROPRIEDADES do chá de Murta Cultivada (comum): tonifica o organismo, é estimulante, excelente na anemia e mais! Disponível em: https://quimicalimentar.com.br/propriedades-do- cha-de-murta-cultivada-comum-tonifica-o-o ganismo-e- estimulante-excelente-na-anemia-e-mais/. Acesso em: 30 abr. 2021. AS PROPRIEDADES terapêuticas das folhas de murta. Disponível em: https://lifestyle.sapo.pt/saude/saude-e- medicina/artigos/murta. Acesso em: 30 abr. 2021. ARAUJO, Dyalla Ribeiro de; LUCENA, Eliseu Marlônio Pereira de; GOMES, Josivanda Palmeira; FIGUEIRÊDO, Rossana Maria Feitosa de; SILVA, Clarisse Pontes da. CHARACTERIZATION OF RIPENING STAGES OF MYRTLE FRUIT. Revista Brasileira de Fruticultura, [S.L.], v. 38, n. 2, p. 01-10, abr. 2016. Trimestral. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0100- 29452016712. CNCFlora. Eugenia gracillima in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt- br/profile/Eugenia gracillima>. Acesso em 29 junho 2021. Araujo, Dyalla & Lucena, Eliseu & Gomes, Josivanda & Maria Feitosa de Figueirêdo, Rossana & Silva, Érllens. (2015). Características físicas, químicas e físico-químicas dos frutos da murta. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável. 10. 11. 10.18378/rvads.v10i3.3115. 85 https://www.instagram.com/p/CB9PS5NHMov/ https://quimicalimentar.com.br/propriedades-do-cha-de-murta-cultivada-comum-tonifica-o-o https://lifestyle.sapo.pt/saude/saude-e-medicina/artigos/murta http://dx.doi.org/10.1590/0100-29452016712 Autoras e Autores: Aline Andreia Macedo de Oliveira; Franciele Vitória Barros da Silva; Gabriel Brandão de Mello Netto; Gabriela Lima de Barros Lucena; Maria Silvanete Benedito de Sousa Lermen; Neidjane Santos Cordeiro, Claudeonoura Ana Alves. CAPÍTULO 9 Marmeleiro do mato (Croton sonderianus müell) 86 Introdução O marmeleiro do mato é uma planta do gênero Croton, da família Euphorbiaceae. Possui hábitos arbustivos nas capoeiras do sertão, onde é facilmente encontrado, e arbóreos quando cresce na Mata Atlântica. Apresenta propriedades químicas diversas, as quais são utilizadas para tratar inúmeras enfermidades com técnicas de povos nativos. Os sintomas geralmente tratados pelo marmeleiro são: desconfortos abdominais, vômitos, dores no estômago, tosse, entre outros. Utilizado principalmente através de chás e lambedores, além de se juntar a outras ervas em outras preparações. O cultivo do marmeleiro do mato é feito sob muita atenção dos povos tradicionais, cujo relacionamento com as plantas medicinais é íntimo e ancestral. O conhecimento empírico e técnico desses povos tradicionais contribuem significativamente para melhor manipulação da planta, além de preservar a espécie em seus devidos locais de subsistência. Marmeleiro do mato (Croton sonderianus müell) Nome Popular: Marmeleiro do mato Nome Científico: Croton Sonderianus Müell Família: Euphorbiaceae Morfologia: Possui hábitos arbustivos, pode chegar até quatro metros de altura, suas folhas são verdes escuras e possuem flor. Suas flores são brancas e pequenas (imagem 1), com grande produção de néctar e pólen, tendo grande importância para a apicultura. Imagem 1:Flor do marmeleiro 87 Distribuição: Encontrada predominantemente na Caatinga, Mata Atlântica e Sertão Uso Geral: As folhas e inflorescência do marmeleiro são utilizadas para fabricação de óleos essenciais. Uso Medicinal: Graças a compostos químicos presentes na sua composição, o marmeleiro possui propriedades cicatrizante, adstringente, coagulante e anti inflamatória. É muito utilizado no tratamento de diversas doenças, principalmente as do sistema digestório, como desconfortos abdominais, vômito e diarréia. Também é usado para tratamento de tosse, cãibras, dores de garganta, e também são utilizadas para alívio de estresse. Uso tradicional e popular: Claudeonoura Alves (Indígena Kambiwá e Agente Popular de Saúde) - Sertão do Moxotó - PE É muito utilizada a raspa da casca do marmeleiro que serve para tratar de desarranjo intestinal, onde inicialmente é retirada a primeira camada, a parte mais escura da casca, e então tira-se raspas da segunda camada da casca. Essa raspa pode ser colocada em um copo de água e deixada por três minutos até a água ficar amarelada, recomendado que tome três vezes no dia, até que deixe de sentir o desconforto. Ela diz também que algumas pessoas preferem mastigar a raspa, pois surte efeito imediato, e que é usada para tratar cãibras. Neidjane Cordeiro (Agente Popular de Saúde) - Afogados da Ingazeira - Sertão do Pajeú - PE “É uma planta muito comum, de fácil cultivo e de fácil manuseio. É em suma utilizada no tratamento para diarréias, e às vezes usada no tratamento de dores de garganta. É administrada na forma de chá, feito das raspas da casca do marmeleiro, e ministrado de três a quatro vezes ao dia até os sintomas passarem. É uma planta muito cobiçada na região, pelos seus benefícios e pelo seu sabor, sabor esse que agrada, e muito, ao paladar dos nativos.” 88 Maria Silvanete Lermen (Benzedeira, agrofloresteira e orientadora em Saúde comunitária) - Sertão do
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