Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Anatomia do Pulmão Os pulmões são os órgãos vitais da respiração, cuja principal função é oxigenar o sangue colocando o ar inspirado bem próximo do sangue venoso nos capilares pulmonares, ou seja, trocando o gás carbônico (sangue venoso) por moléculas de oxigênio (sangue arterial). Este processo de trocas gasosas recebe o nome de hematose. Os pulmões ficam localizados na cavidade torácica (mais especificamente nas cavidades pulmonares) e são separados um do outro pelo mediastino. Cavidade torácica Trata-se de uma região, cujo espaço transversal é ovoide que se divide em: Cavidades pulmonares Espaço duplo (direito e esquerdo), bilateral, que contém os pulmões e as pleuras. Ocupam quase todo o tórax. Mediastino Região única, central, interposto entre as duas cavidades pulmonares, responsável por abrigar todas as demais estruturas torácicas – coração, grandes vasos, traqueia, esôfago, timo e linfonodos torácicos. Anatomia dos pulmões Os pulmões saudáveis em pessoas vivas são normalmente leves, macios e esponjosos, e ocupam totalmente as cavidades pulmonares. Possuem uma capacidade elástica e complacente consideráveis e retraem-se a aproximadamente um terço do tamanho original quando a cavidade torácica é aberta. Cada pulmão apresenta: Um ápice: extremidade superior, arredondada, que ascende acima do nível da primeira costela até a raiz do pescoço; geralmente, é recoberto pela cúpula da pleura; Uma base: face inferior côncava do pulmão, oposta ao ápice, que acomoda a cúpula ipsilateral do diafragma e se apoia nela; Dois ou três lobos, criados por uma ou duas fissuras; Três faces: costal, mediastinal e diafragmática; Três margens: anterior, inferior e posterior; Pulmão direito O pulmão direito apresenta duas fissuras: a obliqua e a horizontal, que o dividem em três lobos direitos: superior, médio e inferior. O pulmão direito é maior e mais pesado do que o esquerdo, porém é mais curto e mais largo, porque a cúpula direita do diafragma é mais alta (devido a localização hipocondrial do fígado) e o coração e o pericárdio estão mais voltados para a esquerda. A margem anterior do pulmão direito é relativamente reta. Pulmão esquerdo O pulmão esquerdo tem uma única fissura: a oblíqua, que o divide em dois lobos esquerdos: superior e inferior. A margem anterior do pulmão esquerdo tem uma incisura cardíaca profunda, uma impressão deixada pelo desvio do ápice do coração para o lado esquerdo. Essa impressão situa-se principalmente na face ântero-inferior do lobo superior. Ela molda, com frequência, a parte mais inferior e anterior do lobo superior, transformando-a em um prolongamento estreito e linguiforme, a língula, que se estende abaixo da incisura cardíaca e desliza para dentro e para fora do recesso costomediastinal durante a inspiração e a expiração. Impressões anatômicas dos pulmões Os pulmões de um cadáver para estudo anatômico, geralmente são endurecidos e firmes ao toque, com as impressões que são deixadas pelas estruturas adjacentes a eles, como as costelas, o coração e os grandes vasos. Essas impressões nos fornecem indicações sobre as relações anatômicas circunvizinhas aos pulmões na autópsia, entretanto, no estudo in vivo (como, em uma cirurgia torácica) ou em peças frescas de cadáver ou post mortem, apenas as impressões cardíacas são visíveis. Faces pulmonares Os pulmões possuem três faces. São elas: A face costal do pulmão: trata-se de uma grande face, lisa e convexa. Está intimamente relacionada à parte costal da pleura, que a separa das costelas, cartilagens costais e dos músculos intercostais íntimos. A porção posterior está relacionada aos corpos das vértebras torácicas e às vezes é denominada parte vertebral da face costal. A face mediastinal do pulmão: consiste em uma porção côncava porque está relacionada com o mediastino médio (como diz o próprio nome), que contém o pericárdio e o coração. Ela compreende o hilo, que recebe a raiz do pulmão (falados adiante). No cadáver, há um sulco do esôfago e uma impressão cardíaca na face mediastinal do pulmão direito. A impressão cardíaca na face mediastinal do pulmão esquerdo é muito maior, uma vez que dois terços do coração estão à esquerda da linha mediana. Essa face do pulmão esquerdo também apresenta um sulco contínuo e proeminente para o arco da aorta e a parte descendente da aorta, além de uma área menor para o esôfago. A face diafragmática do pulmão: também é côncava e forma a base do pulmão, que repousa e se apoia sobre a cúpula do diafragma (faixa muscular que separa a cavidade torácica do abdome). A concavidade é mais profunda no pulmão direito devido a posição mais alta da cúpula direita do diafragma, que fica sobre o fígado. Nas porções lateral e posterior, a face diafragmática é limitada por uma margem fina e aguda (margem inferior) que se projeta para o recesso costodiafragmático da pleura. As impressões pulmonares, o hilo e a face mediastinal (com mais achados anatômicos), podem ser vistos na imagem abaixo. Margens pulmonares O pulmão possui três margens: 1. A margem anterior do pulmão: marca o ponto de encontro entre as faces costal e mediastinal, que recobre o coração. A incisura cardíaca deixa uma impressão nessa margem do pulmão esquerdo. 2. A margem inferior do pulmão: circunscreve a face diafragmática do pulmão, separando-a das faces costal e mediastinal. 3. A margem posterior do pulmão: marca o ponto de encontro posterior das faces costal e mediastinal; é larga e arredondada e situa-se no espaço ao lado da parte torácica da coluna vertebral. Raízes dos pulmões Os pulmões, localizados nas cavidades pulmonares esquerda e direita, estão fixados ao mediastino pelas raízes dos pulmões, isto é, os brônquios (e bronquíolos associados), artérias pulmonares, veias pulmonares superior e inferior, plexos pulmonares de nervos (fibras aferentes simpáticas, parassimpáticas e viscerais) e vasos linfáticos. Hilo pulmonar O hilo do pulmão consiste em uma região cuneiforme na face mediastinal de cada pulmão através da qual entram ou saem do pulmão as estruturas que formam sua raiz. O hilo pode ser comparado à área da terra na qual as raízes de uma planta penetram o solo. Na região medial, a raiz está encerrada na área de continuidade entre as lâminas parietal e visceral de pleura – a bainha pleural. Anatomia da Pleura A pleura é a serosa que envolve o pulmão e é constituída por dois folhetos, o parietal e o visceral, que são contínuos na região do hilo do pulmão. A pleura é uma membrana escorregadia que reveste os pulmões e o interior da parede torácica. Ela permite que os pulmões se movam suavemente durante a respiração e quando a pessoa se movimenta. Normalmente, existe apenas uma pequena quantidade de líquido lubrificante entre as duas camadas da pleura. Essas duas camadas deslizam suavemente uma sobre a outra quando os pulmões sofrem alterações de tamanho e forma. A cavidade pleural é um espaço virtual limitado pelas pleuras visceral, parietal, mediastinal e diafragmática, ocupado por uma fina lâmina líquida que permite o deslizamento entre elas durante o ciclo respiratório. A pressão negativa em seu interior garante o funcionamento normal dos órgãos contidos no tórax, principalmente pulmões e coração. Em situações patológicas, esse espaço pode ser ocupado por conteúdo líquido ou gasoso de variado volume, determinando alterações na fisiologia respiratória que, se não adequadamente tratadas, podem determinar a morte do doente. Empiema O empiema é definido como a presença de pus franco no espaço pleural. Os derrames parapneumônicos são causados por uma pneumonia subjacente. Um derrame parapneumônico simples não é infectado. Já um derrame parapneumônico complicado evolui assim que ocorre a disseminação da infecção para o espaço pleural. Essas três condições representam um espectrode inflamação pleural em resposta à infecção, variando de um derrame parapneumônico simples a empiema. O empiema é mais comum em homens, com uma razão de homens/mulheres de cerca de 2:1. Também é mais comum em idosos e crianças pequenas. Nos adultos, a doença tende a manifestar-se na sexta ou na sétima década de vida. Etiologia O empiema representa o extremo mais grave do espectro de inflamação pleural como resposta à infecção. Inicialmente, a inflamação do espaço pleural causa um derrame parapneumônico simples e de fluxo livre. Na maioria dos casos, a resolução ocorre com o tratamento com antibióticos. Contudo, cerca de 10% se tornam infectados, evoluindo para um derrame parapneumônico complicado. Se for subtratado, um empiema pode se formar. A maioria (70%) das infecções pleurais ocorre após uma pneumonia. A inflamação pleural evolui para um derrame parapneumônico e invasão do espaço pleural por bactérias. Dessa forma, os fatores de risco de pneumonia, inclusive aspiração, imunocomprometimente, abuso de álcool e dependência química também são fatores de risco de empiema. Outras causas de empiema incluem etiologias iatrogênicas (≤20%) e trauma (3%), pois os hemotórax não drenados podem ser infectados secundariamente. Podem surgir empiemas após uma intervenção iatrogênica no espaço pleural, como cirurgia torácica (12%) ou procedimentos médicos, como inserção de drenagem torácica (4%), toracocentese (aspiração pleural), toracotomia com tubo (inserção de drenagem torácica) e aspiração de pneumotórax ou derrames pleurais. Causas menos comuns incluem abscessos subfrênicos, extensões de infecções da parede torácica ou do mediastino e bacteremia. Embora o empiema geralmente surja após uma pneumonia, sua microbiologia difere da presente na pneumonia. Geralmente, o empiema é polimicrobiano, e um organismo só é identificado em cerca de 60% das infecções pleurais. Os organismos cultivados no empiema após uma pneumonia adquirida na comunidade são significativamente diferentes dos organismos que se desenvolvem após uma pneumonia hospitalar ou etiologias iatrogênicas. Fisiopatologia O empiema representa o estágio terminal de um processo progressivo que se estabelece a partir de uma pequena quantidade de líquido pleural não infectado e de fluxo livre para uma grande quantidade de pus franco, que pode ser loculado e resultar em descamação pleural espessa. A formação do empiema é dividida classicamente em 3 estágios: exsudativo, fibrinopurulento e organizacional. Durante o estágio exsudativo (Estágio 1), o líquido pleural estéril acumula-se no espaço pleural https://www.infoescola.com/histologia/serosa/ https://www.infoescola.com/anatomia-humana/pulmoes/ https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/03/pleura.jpg secundariamente à inflamação e há maior permeabilidade da pleura visceral. O estágio fibrinopurulento (Estágio 2) inicia-se com a invasão bacteriana do espaço pleural e caracteriza-se por depósitos fibrinosos nas membranas pleurais visceral e parietal e pela formação de septos fibrinosos, loculações e aderências. A atividade metabólica elevada causa uma diminuição da concentração de glicose e do pH do líquido pleural, e a lise de neutrófilos resulta no aumento dos níveis de lactato desidrogenase (LDH). Se a infecção evoluir, o empiema se organizará (Estágio 3), com a formação de descamação pleural espessa e não elástica e de septações fibrinosas densas que inibem a expansão pulmonar como resultado da proliferação de fibroblastos, resultando em uma condição conhecida como encarceramento pulmonar. Fatores de risco Fortes Pneumonia: A maioria (70%) dos empiemas surge após uma pneumonia. A inflamação pleural evolui para um derrame parapneumônico e invasão do espaço pleural por bactérias. Os pacientes que não respondem ao tratamento para pneumonia com antibióticos devem ser reavaliados quanto ao desenvolvimento de um empiema. Intervenções iatrogênicas no espaço pleural: Até 20% dos empiemas são iatrogênicos, surgindo após uma intervenção iatrogênica no espaço pleural, como cirurgia torácica (12%) ou procedimentos médicos, como inserção de drenagem torácica (4%), toracocentese (aspiração pleural), toracotomia com tubo (inserção de drenagem torácica) e aspiração de pneumotórax ou derrames pleurais. Trauma torácico: Até 5% dos pacientes com trauma torácico desenvolvem empiema. Os hemotórax não drenados podem se tornar secundariamente infectados, resultando em empiema. Pacientes imunocomprometidos: Há aumento do risco de evoluir para empiema em pacientes imunocomprometidos em decorrência de uma doença hematológica, quimioterapia, infecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou desnutrição. Comorbidade pulmonar: Doenças pulmonares preexistentes, como bronquiectasia, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e câncer pulmonar aumentam o risco de evoluir para empiema, pois contribuem para a redução da depuração pulmonar. Pacientes com comorbidades também apresentam um aumento do risco de morrer em decorrência de um empiema. Fracos Sexo masculino: A razão de homens/mulheres de pacientes com empiema é de cerca de 2:1. Idosos ou muito jovens: O empiema é mais comum em idosos e em crianças pequenas. Nos adultos, a doença tende a manifestar-se na sexta ou na sétima década de vida. A incidência de derrame parapneumônico e empiema é de cerca de 3.3 casos por 100,000 crianças por ano, e há evidências de que esse número está aumentando. Classificação American College of Chest Physicians Os derrames parapneumônicos são subdivididos em 4 categorias. - Categoria 1: derrame parapneumônico simples • Pequeno derrame pleural, de fluxo livre. - Categoria 2: derrame parapneumônico simples • Derrame de fluxo livre pequeno a moderado (isto é, menos da metade do hemitórax) • Coloração de Gram e cultura do líquido pleural negativas, pH do líquido pleural >7.2 e glicose >3.3 mmol/L (60 mg/dL). - Categoria 3: derrame parapneumônico complicado (deve ter pelo menos uma das seguintes características) • Tamanho do derrame: mais da metade do hemitórax, loculado ou associado a uma pleura parietal espessa • Cultura ou coloração de Gram positiva • pH do líquido pleural <7.2 ou glicose <3.3 mmol/L (60 mg/dL). - Categoria 4: empiema • Presença de pus no espaço pleural. Classificação de Light dos derrames pleurais - Classe 1 - não significativo: Espessura do líquido na radiografia torácica em decúbito <10 mm. - Classe 2 - parapneumônico típico: Espessura do líquido na radiografia torácica em decúbito >10 mm, pH do líquido pleural >7.2 e glicose >2.2 mmol/L (40 mg/dL). - Classe 3 - complicado limítrofe: pH do líquido pleural 7.0 a 7.2 ou LDH (lactato desidrogenase) >1000 UI/L, coloração de Gram e cultura negativas. - Classe 4 - complicado simples: pH do líquido pleural <7.0, coloração de Gram ou cultura positiva, não loculado, sem pus franco presente. - Classe 5 - complicado complexo: pH do líquido pleural <7.0, coloração de Gram ou cultura positiva, loculado múltiplo. - Classe 6 - empiema simples: Presença de pus franco, derrame de lóculo único ou de fluxo livre. - Classe 7 - empiema complexo: Presença de pus franco e múltiplas loculações. Empiema adquirido no hospital versus adquirido na comunidade - Empiema adquirido na comunidade: Empiema que surge após pneumonia adquirida na comunidade. - Empiema adquirido no hospital: Empiema que surge após pneumonia hospitalar, cirurgia ou intervenção iatrogênica História clínica Sintomas manifestos • Os principais sintomas manifestos de empiema são dispneia (secundária ao derrame pleural grande ou pneumonia), febre e dor torácica pleurítica (dor piorada por respiração profunda, tosse, espirros e movimentos torácicos). Outros sintomas associados incluem os presentes na pneumonia (tosse produtiva, escarro verde ou com cor de ferrugem, dispneia) e infecção sistêmica(anorexia, mal-estar, fadiga, calafrios). • Os pacientes tendem a ter uma história subaguda de doença, com uma duração média de 2 semanas dos sintomas antes da internação. A ausência de resposta de pacientes com pneumonia ao tratamento com antibióticos ou a deterioração do quadro clínico sugere o desenvolvimento de um derrame parapneumônico complicado ou um empiema. • A ausência de sinais clínicos característicos pode atrasar o diagnóstico. Pacientes imunocomprometidos ou que já estejam tomando antibióticos podem apresentar poucos sinais clínicos de infecção. Pacientes com empiemas anaeróbios podem apresentar uma doença mais indolente caracterizada por perda de peso, mal-estar geral e fadiga. História médica pregressa • A maioria dos pacientes que desenvolvem empiema tem uma história recente de pneumonia, trauma torácico ou intervenção iatrogênica no espaço pleural, como cirurgia torácica ou procedimentos médicos, como inserção de drenagem torácica (4%), toracocentese (aspiração pleural), toracotomia com tubo (inserção de drenagem torácica) e aspiração de pneumotórax ou derrames pleurais. • Os pacientes podem ter uma história de condição clínica que os predisponha ao desenvolvimento de pneumonia, e, por conseguinte, empiema, como doenças pulmonares preexistentes ou condições associadas a um aumento do risco de aspiração. Em pacientes imunocomprometidos, também há um aumento do risco de a doença evoluir para empiema. História social • Abuso de álcool e dependência química são fatores de risco adicionais para o desenvolvimento de empiema. Exame físico clínico O exame físico revela evidências de um derrame pleural com ou sem sinais de infecção sistêmica. • Derrames pleurais grandes são caracterizados por macicez à percussão (classicamente descrita como de qualidade "empedrada") e murmúrios vesiculares diminuídos com ressonância vocal reduzida no lado afetado. Derrames pleurais menores podem não ser detectados no exame físico clínico. • O choque séptico manifesta-se com pirexia, taquipneia, taquicardia e hipotensão (pressão arterial [PA] <90/60). Esses pacientes requerem ressuscitação urgente. Exames de sangue É necessário realizar um hemograma completo, proteína C-reativa e hemoculturas em todos os pacientes com suspeita de empiema na apresentação. No empiema, a contagem leucocitária e a proteína C- reativa estarão elevadas como parte de uma resposta sistêmica à infecção. As hemoculturas podem ser positivas para patógenos específicos, mesmo quando a cultura do líquido pleural é negativa. As hemoculturas devem ser realizadas antes do início da administração de antibióticos se o estado clínico do paciente permitir. Exames de imagem iniciais As investigações iniciais de escolha são radiografia e ultrassonografia torácicas, e elas devem ser obtidas em todos os pacientes com suspeita de empiema na apresentação. A TC do tórax deve ser reservada para casos complicados. Deve-se providenciar uma radiografia torácica urgente em todos os pacientes que se apresentam com sintomas respiratórios e evidências de sepse, pois esse exame pode demonstrar a presença de um derrame pleural. Para a detecção de um derrame, a radiografia torácica em decúbito lateral é mais sensível que uma visão póstero-anterior. A presença de um derrame loculado sugere um empiema. Os empiemas podem ter uma aparência com formato de "D" com base na pleura, o que pode ser confundido com uma massa pulmonar. Pode haver condensação pulmonar associada em decorrência de pneumonia e, em pacientes ventilados em posição supina, um derrame pleural terá a aparência de um aumento unilateral difuso na opacificação. Um derrame com >10 mm em uma radiografia torácica em decúbito lateral, associado a evidências de infecção, requer toracocentese (aspiração pleural). A ultrassonografia torácica é mais sensível que a radiografia torácica para a detecção de derrames pleurais. As características sugestivas de um empiema na ultrassonografia torácica incluem a presença de líquido ecogênico, loculações e septações. Toracocentese Todos os pacientes com evidências de infecção e derrame pleural significativo devem ser submetidos a uma toracocentese (aspiração pleural). A aspiração de pus franco é suficiente para estabelecer o diagnóstico de empiema, não sendo necessária nenhuma outra investigação para estabelecê-lo, com exceção da microbiologia do líquido pleural para guiar a antibioticoterapia. Se o aspirado não revelar pus franco, será necessária uma análise adicional para avaliar se o derrame parapneumônico é complicado ou não. Isso envolve medição do pH do líquido pleural, concentração de proteínas totais, nível de lactato desidrogenase (LDH), concentração de glicose e diferencial de leucócitos. Todas as amostras devem ser enviadas para microscopia, cultura e teste de sensibilidade. Pode-se usar citologia em casos em que o diagnóstico seja incerto. • Aparência do líquido pleural: o empiema é caracterizado por pus franco. Os derrames parapneumônicos complicados podem ser serosos ou turvos. • Odor do líquido pleural: o odor pútrido é sugestivo de uma infecção anaeróbia. • pH do líquido pleural: as amostras devem ser armazenadas de forma anaeróbia. Os anestésicos locais podem baixar falsamente o pH. Os médicos devem ter acesso a um analisador de gases sanguíneos para que as amostras possam ser testadas imediatamente, a fim de permitir a inserção imediata de uma drenagem torácica, se for indicada. Se a amostra for de pus franco, o pH não deverá ser testado, pois poderá danificar o analisador. • Concentração de proteínas totais no líquido pleural: se for aspirado pus franco, a concentração de proteínas não exigirá análise. • Nível de LDH no líquido pleural: se for aspirado pus franco, o nível de LDH não exigirá análise. • Concentração de glicose no líquido pleural: Se for aspirado pus franco, a glicose não exigirá análise. Se o pH preciso do líquido pleural não estiver disponível, poderão ser usados baixos níveis de glicose como um preditor alternativo de um derrame parapneumônico complicado que exige a inserção urgente de uma drenagem torácica. A glicose no líquido pleural tem se demonstrado um preditor robusto nessa circunstância. • Diferencial de leucócitos no líquido pleural: os leucócitos polimorfonucleares são o tipo de célula predominante (>90%). A predominância de linfócitos no exsudato levanta a suspeita de tuberculose ou malignidade. • Microscopia do líquido pleural, cultura e sensibilidade: em 60% a 70% das amostras, é obtida uma coloração de Gram ou uma cultura positiva. Isso pode ser usado para guiar o tratamento com antibióticos. Exames de imagem adicionais São realizados exames de imagem adicionais quando há dúvidas sobre o diagnóstico ou para confirmar a correta posição da drenagem torácica. A TC torácica com contraste pode ajudar a distinguir o empiema de outros derrames pleurais e abscessos pulmonares, devendo ser realizada com contraste de fase em tecido. A captação de contraste pela pleura é característica de empiema. O sinal de pleura dividida representa a captação de contraste pelas pleuras visceral e parietal com líquido interposto. O espessamento pleural pode estar visível, mas isso também é observado na malignidade. A TC torácica com contraste é especialmente útil para confirmação do posicionamento correto da drenagem torácica e pode ajudar no planejamento da cirurgia. A ressonância nuclear magnética (RNM) não é capaz de diagnosticar um empiema com precisão e, portanto, geralmente é reservada para pacientes que não podem ser submetidos à TC com contraste. Pode mostrar septações, líquido pleural loculado ou invasão da parede torácica. Tratamento Adulto Tratamento inicial com antibióticos • Inicialmente, todos os pacientes adultos devem receber antibioticoterapia empírica intravenosa com base nas diretrizes locaisde microbiologia para cobrir os prováveis organismos causadores, tanto aeróbios quanto anaeróbios. • Penicilinas, penicilinas combinadas com betalactamase, cefalosporinas e metronidazol penetram bem no espaço pleural. Os aminoglicosídeos devem ser evitados devido à sua penetração inadequada no espaço pleural e à eficácia reduzida em ambientes ácidos. A clindamicina pode ser usada como uma alternativa ao metronidazol. • A administração intrapleural de antibióticos não é recomendada. • Se possível, a escolha do antibiótico deve se basear na cultura bacteriana do líquido pleural. • Mesmo quando as culturas anaeróbias são negativas, a continuação dos antibióticos empíricos cobrindo a patógenos comuns adquiridos na comunidade e organismos anaeróbios deve ser considerada, pois os anaeróbios frequentemente infectam os empiemas e nem sempre são cultivados com sucesso. • Para pacientes com empiemas adquiridos na comunidade nos quais o risco de Staphylococcus aureus resistente à meticilina e infecção gram negativa altamente resistente é baixo, o tratamento recomendado é com uma cefalosporina de segunda ou terceira geração (por exemplo, cefuroxima, ceftriaxona) ou uma aminopenicilina com um inibidor de beta-lactamase (por exemplo, amoxicilina/ ácido clavulânico). A amoxicilina/ácido clavulânico é ativa contra uma gama de anaeróbios, mas a ceftriaxona requer a adição de um antibiótico com cobertura anaeróbia, como o metronidazol. A clindamicina pode ser usada como uma alternativa ao metronidazol. • A antibioticoterapia empírica para empiema adquirido no hospital deve incluir antibióticos ativos contra Staphylococcus aureus resistente à meticilina e Pseudomonas aeruginosa (por exemplo, vancomicina associada à cefepima e metronidazol; ou vancomicina associada à piperacilina/ tazobactam). A vancomicina associada ao meropeném pode ser indicada se houver uma história ou suspeita de organismos produtores de beta-lactamases de espectro estendido. Antibioticoterapia subsequente • Assim que os resultados da cultura do líquido pleural estão disponíveis, os antibióticos podem ser ajustados às sensibilidades da cultura produzida. Os antibióticos não devem ser descontinuados após um resultado negativo de uma cultura, pois as culturas de líquido pleural produzem resultados negativos em 40% dos casos. Nesses pacientes, pode ser necessária antibioticoterapia empírica prolongada. • Se o paciente respondeu ao tratamento intravenoso, a fonte da infecção foi controlada, o organismo é susceptível a antibióticos orais e a ingestão oral do paciente é aceitável, então pode ser feita uma transição para o tratamento oral. • Embora a duração ideal do tratamento seja desconhecida, geralmente, a continuação do tratamento com antibioticoterapia ocorre por, pelo menos, 3 semanas. Os marcadores inflamatórios (contagem leucocitária e proteína C-reativa) são úteis como guias para a duração necessária da antibioticoterapia. • Podem ser necessários ciclos prolongados de antibióticos, e eles podem ser administrados após a alta. Cuidados de suporte • Deve-se administrar antipiréticos e analgésicos conforme indicado. Os agentes devem ser usados de acordo com os protocolos locais. Cuidados de enfermagem adequados são essenciais, garantindo a manutenção de dieta adequada com suplementos nutricionais, se necessário. A mobilização precoce também é essencial. Drenagem com dreno torácico • A inserção urgente de uma drenagem torácica é essencial em todos os adultos com empiema ou derrame parapneumônico complicado. • Os drenos torácicos devem ser inseridos por pessoal qualificado, guiados por ultrassonografia, a fim de reduzir o risco de complicações que incluem danos a órgãos, hemorragias, enfisema subcutâneo e morte. • Não há consenso quanto ao tamanho de dreno torácico ideal para drenagem, embora seja provável que drenagens torácicas de diâmetros menores (10F- 14F) sejam tão eficazes quanto os de diâmetros maiores (20F-28F). São recomendadas lavagens regulares com soro fisiológico para drenagens torácicas de diâmetro pequeno e no caso de bloqueio do dispositivo. • A drenagem torácica deve permanecer colocada até que o derrame remita e a drenagem pare. Cirurgia • Os pacientes que não responderem aos antibióticos e à toracotomia com tubo (inserção de uma drenagem torácica) deverão ser encaminhados para um cirurgião torácico para que a intervenção cirúrgica seja considerada. O fracasso na resposta é um julgamento clínico baseado em sinais como febre contínua, fracasso na drenagem do líquido pleural e marcadores inflamatórios persistentemente elevados. Cerca de 30% dos pacientes necessitarão de cirurgia. • O tempo ideal para se encaminhar um paciente para cirurgia não está claro. Algumas autoridades defendem a cirurgia imediata para todos os pacientes. • A opção cirúrgica de primeira linha é a cirurgia toracoscópica videoassistida CTVA, pois é um procedimento menos invasivo, com menos dor pós- operatória, menor tempo de internação hospitalar, menos sangramento, menos comprometimento respiratório, menos complicações pós-operatórias e menor custo em comparação com a toracotomia aberta. • A toracoscopia sob anestesia local pode ser útil no tratamento de empiema, permitindo a divisão de septações e aderências e facilitando a colocação precisa do tubo e drenagem, mas não é utilizada de forma rotineira. • Um cirurgião torácico deve estar envolvido na avaliação do paciente, mesmo para anestesia. Intervenções cirúrgicas menos radicais, dependendo do acesso e da competência cirúrgica, como ressecção de costela e colocação de um dreno de diâmetro grande, podem ser consideradas em pacientes instáveis, podendo, em alguns casos, ser realizadas sob anestesia epidural ou local. • Em pacientes com drenagem ineficaz do derrame e sepse persistente, que não toleram anestesia geral, é possível considerar a reavaliação com exames de imagem repetidos do tórax e, após discussão com um cirurgião torácico, a colocação de outro cateter de diâmetro pequeno guiado por imagem ou um dreno torácico de diâmetro maior ou um fibrinolítico intrapleural podem ser considerados. • Se a cirurgia toracoscópica videoassistida (CTVA) não estiver disponível, medicamentos fibrinolíticos intrapleurais deverão ser considerados, e se estes não resultarem na resolução adequada do empiema, deverão ser discutidas opções cirúrgicas adicionais com um cirurgião torácico. Essas opções incluem minitoracotomia, decorticação (uma operação torácica importante envolvendo a evacuação de pus e resíduos do espaço pleural e a remoção de tecido fibroso da pleura visceral e parietal) e drenagem torácica aberta. Os medicamentos fibrinolíticos intrapleurais devem ser considerados para pacientes que não sejam candidatos a cirurgia. Medicamentos fibrinolíticos intrapleurais • Fibrinolíticos intrapleurais podem ser indicados para a descompressão de derrames pleurais resistentes à drenagem com dreno e multiloculados, que são responsáveis por dispneia ou insuficiência respiratória, caso um cirurgião torácico determine que a cirurgia é inviável no momento (por comorbidade do paciente ou outras razões clínicas ou logísticas). • Os fibrinolíticos intrapleurais (como estreptoquinase ou uroquinase) devem ser considerados em pacientes idosos e hemodinamicamente instáveis, pacientes que não sejam candidatos a cirurgia, em pacientes com um derrame grande não aliviado por drenagem com dreno torácico e que cause comprometimento respiratório e em instituições onde a CTVA não esteja disponível • A estreptoquinase intrapleural não reduz a mortalidade nem a necessidade de cirurgia em adultos com derrames parapneumônicos complicados e empiema. Ela também não aumenta o risco de hemorragia, embora, em casos raros, possam ocorrer reações alérgicas à estreptoquinase intrapleural. A uroquinase também pode ser usada. Se a estreptoquinasee a uroquinase não estiverem disponíveis, a alteplase, um t-PA recombinante, será uma alternativa adequada que proporciona atividade fibrinolítica sem a antigenicidade da estreptoquinase Cateteres pleurais de demora • Raramente, eles têm um papel na manutenção da drenagem de um espaço pleural cronicamente infectado que não seja prontamente tratado de outras formas, como cirurgia. Crianças Antibioticoterapia • Todas as crianças com empiema adquirido na comunidade devem ser hospitalizadas e tratadas com antibioticoterapia empírica intravenosa que forneça cobertura para Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus aureus, com base em diretrizes microbiológicas locais. Os antibióticos devem ser administrados por via intravenosa em altas doses inicialmente a fim de garantir a penetração pleural adequada. Assim que os resultados da cultura do líquido pleural estão disponíveis, os antibióticos podem ser ajustados às sensibilidades da cultura produzida. Os antibióticos não devem ser descontinuados após um resultado negativo de uma cultura, pois as culturas de líquido pleural produzem resultados negativos em 40% dos casos. Nesses pacientes, pode ser necessária antibioticoterapia empírica prolongada. • A seleção de antibióticos para empiemas adquiridos na comunidade varia e deve se basear nas diretrizes locais de microbiologia; no entanto, são escolhas adequadas cefuroxima ou amoxicilina, dependendo das diretrizes locais ou antibiogramas. A adição de vancomicina ou linezolida geralmente é reservada para infecção por MRSA comprovada por cultura ou suspeita grave. • Uma vez completada a drenagem e com o paciente melhorando clinicamente sem necessidade do oxigênio, a via de administração de antibióticos poderá ser alterada para oral. Os marcadores inflamatórios (contagem leucocitária e proteína C- reativa) são úteis como guias para a duração necessária da antibioticoterapia. Cuidados de suporte • É necessário fornecer oxigênio suplementar a crianças com SaO2 <93%. Deve-se administrar antipiréticos e analgésicos conforme indicado. Cuidados de enfermagem adequados são essenciais, garantindo a manutenção de dieta adequada com suplementos nutricionais, se necessário. A mobilização precoce também é essencial. Drenagem com dreno torácico • A inserção urgente de um dreno torácico é essencial em todas as crianças com empiema ou derrame parapneumônico complicado. • As drenagens torácicas devem ser inseridas por pessoal qualificado, guiados por ultrassonografia, a fim de reduzir o risco de complicações que incluem danos a órgãos, hemorragias, enfisema subcutâneo e morte. • Drenos pequenos devem ser usados sempre que possível, para minimizar o desconforto do paciente. • A drenagem torácica deve permanecer colocada até que o derrame remita e a drenagem pare. Medicamentos fibrinolíticos intrapleurais • Se antibióticos e drenagem com dreno torácico não proporcionarem uma resolução adequada do empiema, deverá ser considerada a administração de um fibrinolítico intrapleural. • A uroquinase é o único medicamento fibrinolítico que foi estudado e recomendado para uso em crianças. Cirurgia • As crianças que não responderem aos antibióticos e à toracotomia com tubo (inserção de um dreno torácico) deverão ser encaminhadas para um cirurgião torácico para que a CTVA seja considerada. O fracasso na resposta é um julgamento clínico baseado em sinais como febre contínua, fracasso na drenagem do líquido pleural e marcadores inflamatórios persistentemente elevados. • O controle de empiema em crianças com CTVA é um método seguro e eficaz, mas o controle não cirúrgico com toracotomia com tubo e fibrinolíticos mostrou ser igualmente eficaz. Crianças com empiema devem receber qualquer um dos tratamentos, com base na especialização do local e nos índices de sucesso. • Se a CTVA não estiver disponível ou não proporcionar a resolução adequada do empiema, deverão ser discutidas opções cirúrgicas adicionais com um cirurgião torácico. O desbridamento por CTVA é preferido em relação à toracotomia aberta. A minitoracotomia é a primeira escolha entre os outros procedimentos cirúrgicos. Pneumotórax espontâneo O pneumotórax ocorre quando o ar penetra e se acumula no espaço pleural. O tabagismo aumenta a probabilidade de pneumotórax espontâneo em 22 vezes para o homens e em 8 vezes para as mulheres. A incidência está relacionada diretamente à quantidade fumada. O pneumotórax perde apenas para as fraturas de costela como a manifestação mais comum de lesão torácica significativa. Pneumotórax é observado em 40% a 50% das vítimas de trauma torácico. Etiologia O pneumotórax espontâneo primário ocorre na ausência de trauma precedente ou evento precipitante, e desenvolve-se em uma pessoa sem doença pulmonar clinicamente aparente. Os pacientes que correm mais risco são aqueles com história de tabagismo, síndrome de Marfan, homocistinúria ou história familiar de pneumotórax. Pacientes com pneumotórax espontâneo primário tendem a ser homens altos, magros e jovens. O pneumotórax espontâneo secundário ocorre como uma complicação de uma doença pulmonar subjacente. A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) decorrente do tabagismo é o fator predisponente mais comum nos EUA e é responsável por aproximadamente 70% desses casos de pneumotórax. A gravidade da disfunção pulmonar do paciente está correlacionada à probabilidade de desenvolver pneumotórax espontâneo secundário. Pneumotórax catamenial ocorre secundário à endometriose torácica. Fisiopatologia Pneumotórax refere-se a gás dentro do espaço pleural. Normalmente, a pressão alveolar é maior que a pressão intrapleural, enquanto que a pressão intrapleural é menor que a pressão atmosférica. Caso se desenvolva uma comunicação entre um alvéolo e o espaço pleural ou entre a atmosfera e o espaço pleural, os gases seguirão o gradiente de pressão e fluirão em direção ao espaço pleural. Esse fluxo continuará até que o gradiente de pressão não exista mais ou que a comunicação anormal seja interrompida. Como a cavidade torácica normalmente fica abaixo do volume de reserva e o pulmão fica acima desse volume, a cavidade torácica é ampliada e o pulmão decresce quando se desenvolve um pneumotórax. O pneumotórax hipertensivo é uma emergência médica que ocorre quando a pressão intrapleural fica maior que a pressão atmosférica, sobretudo durante a expiração, e é resultado de um mecanismo de válvula que promove o acúmulo inspiratório de gases pleurais. O acúmulo da pressão dentro do espaço pleural resulta em hipoxemia e insuficiência respiratória por causa da compressão do pulmão. A fisiopatologia do pneumotórax catamenial não é conhecida. Tem sido sugerido que o ar ganha acesso à cavidade peritoneal durante a menstruação e, depois, ao espaço pleural por meio de defeitos diafragmáticos. Fatores de risco Fortes Tabagismo: O risco estimado de desenvolvimento de pneumotórax ao longo da vida em homens fumantes é 12% maior que em não fumantes. A inflamação das vias aéreas de pequeno calibre decorrente do hábito de fumar pode contribuir para o desenvolvimento de vesículas subpleurais enfisematosas. História familiar de pneumotórax: Parece existir uma tendência familiar para o pneumotórax espontâneo primário. Pode ser autossômica dominante com penetrância incompleta ou herança recessiva ligada ao cromossomo X. Estrutura corporal alta e magra: Os pacientes com pneumotórax espontâneo primário geralmente são mais altos e mais magros que os pacientes de controle. Os alvéolos no ápice do pulmão estão sujeitos a uma pressão de distensão média maior em pacientes mais altos, causando o desenvolvimento de vesículas subpleurais enfisematosas e outras anormalidades como porose pleural. Idade <40 anos: A idade máxima para o pneumotórax espontâneo primário manifestar-se é de 20 anos no primeiro episódio. O pneumotóraxespontâneo primário raramente ocorre depois dos 40 anos. Procedimento médico invasivo recente: Procedimentos invasivos como aspiração de lesões pulmonares com agulha transcutânea, toracocentese, biópsia transbrônquica endoscópica e a colocação de cateter venoso central estão associados ao pneumotórax iatrogênico. Trauma torácico: Pneumotórax é observado em 40% a 50% das vítimas de trauma torácico. Asma aguda grave: O aprisionamento de ar associado à inflamação das vias aéreas durante uma crise asmática pode causar a ruptura dos sacos alveolares, levando ao desenvolvimento de um pneumotórax. Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): É a principal causa de pneumotórax espontâneo secundário e ocorre por causa da ruptura das vesículas subpleurais enfisematosas. Tuberculose: O pneumotórax espontâneo secundário ocorre em 1.5% dos casos de tuberculose pulmonar ativa. Acredita-se que a ruptura dos cistos tuberculosos subpleurais seja responsável por isso. Infecção por Pneumocystis jirovecii relacionada à síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS): O cisto subpleural necrótico de Pneumocystis jirovecii pode causar pneumotórax em pacientes com história de infecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV) e SIDA. Cerca de 2% a 5% dos pacientes com AIDS desenvolvem pneumotórax espontâneo secundário. Fibrose cística: O pneumotórax espontâneo secundário é uma ocorrência frequente em fibrose cística e está associado à doença mais grave. Cerca de 16% a 20% dos pacientes com fibrose cística e com >18 anos terão um pneumotórax em algum momento da vida. Pneumotórax contralateral recorrente ocorre em 40% dos pacientes. Linfangioleiomiomatose: Uma doença multissistêmica das mulheres, caracterizada pela destruição do pulmão cístico que pode resultar em pneumotórax recorrente. Síndrome de Birt-Hogg-Dube: Uma doença de herança autossômica dominante caracterizada por cistos pulmonares, pneumotórax espontâneo, lesões cutâneas benignas e cânceres renais. As mutações do gene que codifica a foliculina foram identificadas em pessoas com esse pneumotórax espontâneo familiar. Histiocitose pulmonar das células de Langerhans: Doença pulmonar intersticial relacionada ao tabagismo, caracterizada pelo desenvolvimento de alterações císticas no pulmão que predispõem ao pneumotórax. Fracos Síndrome de Marfan: Existem relatos de famílias afetadas pela síndrome de Marfan cujos membros sofreram vários episódios bilaterais de pneumotórax espontâneo primário. Nessa população, o pneumotórax espontâneo primário é atribuído à fragilidade do tecido pulmonar relacionada com a fibrilina com defeito. Homocistinúria: Têm sido relatados alguns casos clínicos de pneumotórax espontâneo primário em pacientes com homocistinúria. A fisiopatologia dessa associação é desconhecida. Câncer de pulmão primário e câncer metastático nos pulmões: Pneumotórax pode ocorrer em carcinomas broncogênicos e em diversos tipos de câncer com metástase nos pulmões. O pneumotórax pode desenvolver-se depois da quimioterapia. Foi constatado que a necrose do câncer localizado na periferia causa a ruptura do tumor no espaço pleural, resultando em um pneumotórax. Classificação Classificação clínica Pneumotórax espontâneo: ocorre na ausência de trauma precedente ou evento precipitante. Esse tipo de pneumotórax é ainda subdividido em: • Pneumotórax primário: ocorre sem doença pulmonar clinicamente aparente • Pneumotórax secundário: ocorre como complicação de uma doença pulmonar subjacente, incluindo pneumotórax catamenial secundário à endometriose torácica. Pneumotórax traumático: resultado de uma lesão penetrante ou contusa no tórax. Podem resultar de lesão acidental ou não acidental. O pneumotórax iatrogênico é uma forma de pneumotórax traumático acidental e ocorre como resultado de complicações relacionadas às intervenções médicas. Elas incluem: • Procedimentos invasivos como aspiração de lesões pulmonares com agulha transcutânea, toracocentese, biópsia transbrônquica endoscópica e a colocação de cateter venoso central, bem como barotrauma decorrente de ventilação mecânica. Pneumotórax hipertensivo: ocorre quando a pressão intrapleural excede a pressão atmosférica na expiração e com frequência durante a inspiração. É uma emergência médica que requer intervenção imediata. Quadro clínico Pneumotórax hipertensivo • Os pacientes queixam-se de agravamento da dispneia e apresentam respiração curta e rápida, cianose, sudorese profusa e taquicardia. • A intervenção imediata é necessária para descomprimir (agulha ou aberta) o hemitórax comprometido. Pneumotórax espontâneo primário • Os pacientes geralmente se queixam de um início súbito de dispneia e dor torácica ipsilateral. A gravidade da dispneia está relacionada ao volume de ar no espaço pleural. • A maioria dos casos de pneumotórax espontâneo primário ocorre em repouso. Desse modo, o paciente geralmente pode se lembrar do momento exato em que o pneumotórax se desenvolveu. • Em alguns casos os sintomas típicos de dor torácica e dispneia podem ser menores ou até mesmo ausentes, significando que é necessário um alto índice de suspeição. Pneumotórax espontâneo secundário • Os pacientes queixam-se de dispneia e dor torácica ipsilateral. Devido à doença pulmonar subjacente, os sintomas normalmente são mais graves que os associados ao pneumotórax espontâneo primário. • O pneumotórax catamenial geralmente está do lado direito. O diagnóstico não é difícil quando a possibilidade é considerada. Exame físico Pneumotórax hipertensivo • Os achados são semelhantes aos observados em um grande pneumotórax espontâneo; entretanto, o hemitórax envolvido é maior com aumento do espaço intercostal, hiper-ressonância é observada com percussão e a traqueia se desloca em direção ao hemitórax contralateral. • O desenvolvimento de um pneumotórax hipertensivo geralmente é caracterizado pela deterioração súbita do estado cardiopulmonar do paciente. Perda da consciência pode ocorrer rapidamente, pois o fluxo sanguíneo para o cérebro é comprometido. Pneumotórax espontâneo primário • Os achados incluem diminuição da excursão torácica, hiperinsuflação ipsilateral do hemitórax com murmúrios vesiculares diminuídos e hiper- ressonância/timpanismo à percussão. Pneumotórax espontâneo secundário • Os achados são os mesmos do pneumotórax espontâneo primário; no entanto, devido ao distúrbio respiratório subjacente do paciente, os achados físicos são menos confiáveis. O exame também pode revelar achados relacionados à condição respiratória subjacente. • O pneumotórax catamenial geralmente está do lado direito. O diagnóstico não é difícil quando a possibilidade é considerada. Exames por imagem O pneumotórax hipertensivo é considerado uma emergência médica. Se houver suspeita clínica de pneumotórax hipertensivo, o hemitórax envolvido deverá ser descomprimido (agulha ou aberta) imediatamente. Não se deve esperar muito tempo pela confirmação radiográfica. Um atraso na intervenção pode resultar na morte do paciente. Uma radiografia torácica geralmente é recomendada como exame de primeira linha, e mostra uma linha pleural visceral.Radiografias expiratórias não são recomendadas para o diagnóstico de rotina. No pneumotórax espontâneo secundário, pode ser difícil visualizar a linha pleural porque o pulmão doente adjacente pode estar hipertransparente (por exemplo, em pacientes com alterações enfisematosas). Além disso, pode ser difícil distinguir uma bolha grande com parede fina de um pneumotórax. Nesse caso, talvez seja necessário realizar uma tomografia computadorizada (TC) do tórax para confirmar o diagnóstico. Critérios Tamanho do pneumotórax A radiografia torácica posteroanterior (PA) é usada para quantificar o tamanho do pneumotórax. Um pneumotórax com uma borda visível de 2 cm entre a margem do pulmãoe a parede torácica, quando medida no nível do hilo, aproxima-se de 50% do pneumotórax. A British Thoracic Society recomenda o seguinte como diretriz de tamanho do pneumotórax: • Pneumotórax pequeno - uma borda visível de <2 cm entre a margem do pulmão e a parede torácica no nível do hilo nas radiografias torácicas AP • Pneumotórax grande - uma borda visível de pelo menos 2 cm entre a margem do pulmão e a parede torácica no nível do hilo nas radiografias torácicas AP. A escolha de um pneumotórax de 2 cm como parâmetro para determinar se o pneumotórax é pequeno ou grande é um comprometimento entre o risco teórico da punção pulmonar com agulha de um pneumotórax menor, versus o volume e o tempo decorrido significativos para a resolução espontânea de um pneumotórax maior. O colapso do pulmão nem sempre é uniforme, sobretudo em pacientes com pulmões doentes. Assim, é mais difícil estimar o tamanho desses pneumotórax localizados. Embora a tomografia computadorizada possa ser utilizada como um meio para estimar o tamanho de um pneumotórax, nem todas as instalações clínicas adquirem o software necessário para fazer essa avaliação. Rastreamento Não há nenhum exame de rastreamento para o pneumotórax. Se houver suspeita clínica de pneumotórax, deverão ser realizadas radiografias torácicas. As vítimas de trauma com lesões torácicas significativas sempre devem ser avaliadas quanto ao pneumotórax. Devido ao risco de lesão em outras estruturas intratorácicas, a tomografia computadorizada (TC) geralmente é considerada o exame preferido nesses pacientes. No entanto, se houver suspeita de pneumotórax hipertensivo em uma vítima de trauma torácico instável, a confirmação radiográfica não deve atrasar o tratamento. Tratamento Pneumotórax hipertensivo O pneumotórax hipertensivo é uma emergência médica. A descompressão de um pneumotórax hipertensivo não secundário a trauma é realizada pela inserção imediata de uma cânula de grande calibre no espaço pleural através do segundo espaço intercostal na linha hemiclavicular ou do quarto ou quinto espaço intercostal na linha axilar média. Um "chiado" de ar confirma o diagnóstico. A intervenção não deve ser protelada aguardando a confirmação radiográfica do pneumotórax hipertensivo. Se o pneumotórax hipertensivo for secundário a trauma, toracostomia aberta para descompressão é recomendada se houver experiência disponível. As diretrizes do Suporte Avançado de Vida no Trauma recomendam usar o quarto ou quinto espaço intercostal na linha axilar média como tratamento de primeira linha, caso a descompressão com agulha seja necessária. Pneumotórax espontâneo primário Pacientes clinicamente estáveis com um pneumotórax espontâneo primário pequeno podem ser observados e tratados de modo conservador com alto fluxo de oxigênio suplementar (10 L/minuto) e conduta expectante (observação sem intervenção invasiva). O acréscimo do oxigênio em sistema de alto fluxo aumenta em 4 vezes a taxa de reabsorção do pneumotórax durante os períodos de suplementação de oxigênio. Se o pneumotórax for grande, deve-se proceder à aspiração por agulha percutânea. Isso é feito com a colocação de um cateter intravenoso no espaço pleural na interseção da linha médio-clavicular e o segundo ou terceiro espaço intercostal. Uma seringa grande pode ser usada para retirar o ar do espaço pleural. Deve-se tomar cuidado para não permitir que o ar tenha acesso ao espaço pleural pela cânula. Instruir o paciente a expirar enquanto a seringa é retirada do cateter pode evitar que isso ocorra. Uma válvula reguladora acoplada ao cateter oferece a vantagem de vedar o espaço pleural contra a atmosfera quando a seringa é desconectada da válvula. Assim que nenhum ar adicional possa ser aspirado, deve- se remover a cânula e obter uma radiografia torácica. A aspiração por agulha do pneumotórax espontâneo primário geralmente é segura e eficaz. Geralmente, o procedimento pode ser realizado no pronto-socorro sem hospitalização. A drenagem com dreno intercostal pode ser superior à aspiração por agulha em relação à resolução imediata (evidências de qualidade baixa a moderada), mas os dados não indicam nenhuma diferença na recorrência após 1 ano. A aspiração por agulha continua sendo a opção de tratamento de primeira linha para pneumotórax espontâneo primário devido à simplicidade do procedimento e ao menor tempo de internação hospitalar. No entanto, o manejo conservador pode ser considerado se os pacientes forem assintomáticos com observações normais. Em pacientes com mais de 50 anos de idade, a aspiração com agulha tem menos chance de ser bemsucedida. Acredita-se amplamente que seja o resultado de uma doença pulmonar subjacente não reconhecida nessa faixa etária. Portanto, recomenda- se que os pacientes acima de 50 anos de idade ou aqueles com história de tabagismo importante devam ser tratados com o pressuposto de uma doença respiratória subjacente (ou seja, tratados como um pneumotórax espontâneo secundário). Se a aspiração fracassar, deve-se inserir um dreno torácico ou cateter de calibre pequeno no espaço pleural. Cateteres de calibre pequeno podem ser acoplados a uma válvula de flutter unidirecional em vez de sucção com pressão negativa. Se houver um vazamento de ar persistente e o dreno continuar a borbulhar após 48 horas, os pacientes podem ser considerados para a sucção com pressão negativa (sistemas de alto volume e baixa pressão) para resolver o pneumotórax. A maioria dos aparelhos de sucção tem um reservatório cheio de água pelo qual o ar é removido das bolhas do espaço pleural. Um vazamento de ar persistente é identificado pelas bolhas de ar observadas no dreno. Uma nova intervenção só será necessária se o extravasamento de ar persistir ou se o paciente tiver um pneumotórax ipsilateral recorrente. A toracoscopia assistida por vídeo com grampeamento do escape de ar, em conjunto com a pleurodese, é o procedimento preferido na maioria dos casos. Em comparação com a pleurectomia aberta para pneumotórax espontâneo primário, a toracoscopia assistida por vídeo resulta em reduções na duração da hospitalização e nas necessidades de analgésicos para o controle da dor. As taxas de recorrência são maiores após toracoscopia assistida por vídeo que após pleurectomia aberta. A ressecção toracoscópica em cunha é um procedimento alternativo para conter o vazamento de ar, caso ele persista. Muitas vezes isso é feito junto com a pleurodese mecânica para prevenir a recorrência do pneumotórax. Pneumotórax espontâneo secundário O tamanho de um pneumotórax espontâneo secundário pode não se correlacionar bem com as manifestações clínicas, já que elas dependem do grau da doença subjacente e da reserva respiratória do paciente. Em geral, os sintomas clínicos associados ao pneumotórax espontâneo secundário são mais graves que os associados ao pneumotórax espontâneo primário; portanto, esses pacientes necessitam de hospitalização. A taxa de recorrência em pacientes com doenças pulmonares é um pouco maior que a de pneumotórax espontâneo primário. Em pacientes clinicamente estáveis com um pneumotórax espontâneo secundário pequeno demais para a colocação segura de um dreno torácico (<1 cm), o tratamento deve incluir oxigênio suplementar de alto fluxo (10 L/minuto) e conduta expectante. O oxigênio deve ser usado com precaução em pacientes com doença pulmonar crônica e insuficiência respiratória hipercápnica (por exemplo, DPOC). Em pacientes com pneumotórax de tamanho moderado (de 1 cm a 2 cm), pode ser tentada uma aspiração por agulha. A taxa de êxito dessa técnica é reduzida no pneumotórax espontâneo secundário. Portanto, se a aspiração fracassar e o tamanho do pneumotórax não diminuir significativamente (<1 cm), então um dreno torácico ou cateter de calibre pequeno deverá ser usado. Se o pneumotórax for grande (>2 cm), o paciente precisaque um dreno torácico ou cateter de calibre pequeno seja inserido no espaço pleural para drenar o pneumotórax. A maioria dos pacientes com pneumotórax secundário vai precisar de um dreno torácico ou cateter de calibre pequeno. Do mesmo modo que no pneumotórax primário, se houver um vazamento de ar persistente e o dreno continuar a borbulhar após 48 horas, os pacientes podem ser considerados para a sucção com pressão negativa (sistemas de alto volume e baixa pressão) para resolver o pneumotórax. Se o pneumotórax não se resolver apesar do tratamento acima, o paciente pode precisar de toracoscopia assistida por vídeo com grampeamento do escape de ar e pleurodese. Isso é mais eficaz do que a pleurodese química. No entanto, a morbidade e a mortalidade perioperatórias da toracoscopia assistida por vídeo em pacientes com pneumotórax espontâneo secundário podem ser proibitivamente altas. Nos casos de pacientes que não serão operados, deve ser realizada a pleurodese química ou com talco. As intervenções subsequentes visam evitar as recorrências. Em geral, o dreno torácico deve permanecer no local até que seja realizado um procedimento para evitar o pneumotórax recorrente. Embora todos os pacientes com pneumotórax espontâneo secundário devam ser considerados para uma intervenção preventiva, os pacientes que são possíveis candidatos ao transplante de pulmão exigem consideração especial. A pleurodese difusa com toracoscopia assistida por vídeo ou instilação química intrapleural devem ser evitadas em pacientes com fibrose cística ou com deficiência de alfa 1- antitripsina, e em pacientes mais jovens com DPOC relacionada ao tabagismo e que estejam sendo considerados para transplante de pulmão. A pleurodese difusa prévia resulta em uma dissecção mais difícil e hemorrágica durante o procedimento de transplante de pulmão. Medidas conservadoras e observação, ou toracoscopia assistida por vídeo com ou sem abrasão mecânica direcionada, são preferidas nesse subgrupo de pacientes. A pleurodese química pode desempenhar um papel na redução da recidiva de pneumotórax espontâneo após uma intervenção cirúrgica inicial. Derrame Pleural Um derrame pleural acontece quando líquido se acumula entre as superfícies pleurais parietal e visceral do tórax. Uma camada fina de líquido está sempre presente nesse espaço para lubrificação e para facilitar o movimento do pulmão durante a inspiração e a expiração. Se o fluxo normal do líquido for interrompido, com excesso de produção ou remoção insuficiente de líquido, este será acumulado, resultado em derrame pleural. Epidemiologia Cerca de 1.5 milhão de pessoas desenvolvem derrame pleural nos EUA todos os anos. A principal causa de derrame pleural nos EUA é a insuficiência cardíaca congestiva (ICC), com incidência anual estimada de 500,000 casos. Aproximadamente 40% dos pacientes hospitalizados com pneumonia têm um derrame parapneumônico associado. Embolia pulmonar, doença viral, cirurgia de revascularização da artéria coronariana e cirrose também são causas comuns de derrame. A tuberculose (TB) é uma causa importante do derrame pleural no mundo em desenvolvimento e também deve ser considerada em áreas de alta incidência, em viajantes que voltam de áreas endêmicas e em pessoas imunocomprometidas. Etiologia Um derrame pleural se desenvolve quando a taxa de formação de líquido no espaço pleural é maior que a da remoção de líquido. Um derrame pode ser exsudativo ou transudativo. Um derrame exsudativo ocorre quando estão alterados fatores locais , como inflamação do pulmão ou da pleura que causa o extravasamento capilar do líquido para o espaço pleural. Um derrame transudativo é mediado por fatores sistêmicos. Esses incluem pressão portal elevada por cirrose, pressão capilar pulmonar visceral elevada por insuficiência cardíaca do lado esquerdo, pressão capilar pleural parietal elevada por insuficiência cardíaca do lado direito ou pressão oncótica baixa em decorrência de hipoalbuminemia (com ou sem sobrecarga hídrica). O derrame pleural é relativamente comum após cirurgia torácica, com diversos fatores implicados, incluindo resfriamento cardíaco tópico, interrupção cirúrgica da drenagem linfática mediastinal, pleurite e possível pericardite subjacente. Medicamentos são uma causa mais rara de derrame pleural e reação de hipersensibilidade podem ocorrer com medicamentos como nitrofurantoína e dantroleno. Os mecanismos são diversos e geralmente pouco entendidos. A síndrome de hiperestimulação ovariana (SHEO) induzida por gonadotrofina é uma causa incomum de derrame pleural. Fisiopatologia A causa primária de um derrame pleural é simplesmente um desequilíbrio entre a produção e a remoção de líquido no espaço pleural. Em circunstâncias normais, o espaço pleural deve ter uma pequena quantidade e líquido lubrificante presente para permitir que a superfície do pulmão deslize no tórax durante o ciclo respiratório. Normalmente, cerca de 15 mL/dia de líquido entram nesse espaço potencial, principalmentedos capilares da pleura parietal. Esse líquido é removido pelo sistema linfático na pleura parietal. A qualquer momento, há cerca de 20 mL de líquido em cada hemitórax, e a camada de líquido tem de 2 a 10 micrômetros de espessura. Esse equilíbrio hídrico regulado é interrompido quando ocorrem desequilíbrios locais ou sistêmicos. Quando fatores locais estão alterados, o líquido fica rico em proteína e lactato desidrogenase (LDH) e chama-se exsudato. Fatores locais incluem capilares com extravasamento decorrente de inflamação devida a infecção, infarto ou tumor. Quando fatores sistêmicos são alterados, produzindo um derrame pleural, o líquido tende a ter baixos níveis de proteína e LDH e é chamado de transudato. Isso pode ser causado por pressão capilar pulmonar elevada com insuficiência cardíaca, ascite em excesso com cirrose ou baixa pressão oncótica devido à hipoalbuminemia. Na prática clínica, transudatos geralmente são multifatoriais, sendo uma causa comum a insuficiência renal mais insuficiência cardíaca mais desnutrição. Fatores de risco Fortes Insuficiência cardíaca congestiva • Causa mais comum de derrame pleural e frequentemente recorrente com descompensações da insuficiência cardíaca. Pneumonia • Derrames decorrentes de pneumonia são chamados de derrames parapneumônicos. • Segunda causa mais comum de derrame pleural e ocorre em até 40% dos pacientes hospitalizados com pneumonia. Neoplasia maligna • Terceira causa mais comum de derrame pleural em geral. Mais comum em pacientes com >50 anos. Cirurgia de revascularização miocárdica recente • Até 10% dos pacientes pós-cirurgia de revascularização miocárdica desenvolverão um derrame pleural ocupando >25% do hemitórax. Fracos Embolia pulmonar; Infarto do miocárdio recente; Doença pulmonar ocupacional; Artrite reumatoide; Lúpus eritematoso sistêmico; Insuficiência renal; Derrame pleural induzido por medicamento; Tratamento recente de estimulação ovariana. Classificação Critérios de Light para diferenciação de transudato/exsudato Os critérios de Light são usados para diferenciar um derrame transudativo de um derrame exsudato. Um exsudato é definido como a presença de um dos seguintes itens: • Proporção entre proteína pleural e proteína sérica >0.5 • Proporção entre lactato desidrogenase (LDH) pleural e LDH sérico >0.6 • LDH pleural maior que dois terços do limite superior do normal para o soro. No entanto, 7.8% a 15% dos derrames podem ser classificados erroneamente como exsudatos usando esse critério. História e exame físico Sintomas de dispneia, tosse e dor torácica pleurítica com achados no exame típicos de ausência de murmúrios vesiculares, macicez à percussão, diminuição ou ausência do frêmito tátil e diminuição da transmissão vocal na base do pulmão sugerem fortemente uma coleção de fluidos. Históriae exame físico adicionais podem revelar a causa subjacente. Uma história médica pregressa de insuficiência cardíaca congestiva (ICC), insuficiência renal, cirrose, malignidade prévia, pleurite lúpica ou artrite reumatoide pode estar associada a derrames pleurais. A história ocupacional completa com relevância específica para exposição a asbestos é fundamental. A história medicamentosa completa também é importante. Os medicamentos mais comuns envolvidos incluem nitrofurantoína, dantroleno, alcaloides de ergot, valproato, propiltiouracil, isotretinoína e inibidores de tirosina quinase. O uso de gonadotrofinas exógenas para estimulação ovariana, como na fertilização in vitro, pode causar derrame pleural. A presença de fatores de risco para o tromboembolismo, como história familiar, viagem de longa distância recente, trauma nas pernas, lúpus eritematoso sistêmico (LES) ou imobilização pode estar presente nos casos de embolia pulmonar. Febre e tosse produtiva de escarro purulento sugerempneumonia. Idade >50 anos, associada a uma história de tabagismo e perda de peso não explicada podem indicar uma malignidade subjacente. Investigações iniciais Uma radiografia torácica póstero-anterior e vista lateral (atualmente realizada com menos frequência) é o primeiro exame para verificar esta condição. Ela pode confirmar a suspeita clínica ou revelar incidentalmente um derrame pleural, mas geralmente deve justificar uma ultrassonografia pleural imediata. Exames de sangue de rotina, hemocultura e coloração de Gram e cultura do escarro são indicados se o quadro clínico e a radiografia torácica sugerirem pneumonia. Exceto para pacientes com evidência clara de insuficiência cardíaca, a toracocentese é indicada para identificar e diagnosticar a causa subjacente. O procedimento pode ser realizado rápida e facilmente à beira do leito, mas deve ser orientado por ultrassonografia para melhorar o rendimento e a segurança. A radiografia torácica depois da toracocentese não é recomendada rotineiramente, a menos que ar seja retirado durante o procedimento ou o paciente desenvolva sintomas, como aumento de dispneia, tosse ou dor torácica. Estabeleça se o derrame é um transudato ou um exsudato. Os níveis pleurais de proteína e de lactato desidrogenase (LDH) e os níveis séricos de LDH e proteína devem ser medidos para determinar se o derrame é um transudato ou exsudato usando os critérios de Light (onde um ou mais dos seguintes itens sugerem um exsudato: proteína do líquido pleural dividida por proteína sérica >0.5; LDH do líquido pleural dividido por LDH sérico >0.6; e LDH do líquido pleural >dois terços do limite superior da faixa laboratorial normal para LDH sérico). Um transudato provavelmente é causado por ICC, cirrose ou nefrose. Um derrame exsudativo exigirá mais estudos. Na insuficiência cardíaca congestiva, a terapia diurética, que é a base do tratamento, pode causar níveis elevados de proteína e LDH no líquido pleural, resultando em uma classificação incorreta dos derrames pleurais como exsudativos em até 25% dos casos. Evidências sugerem que níveis elevados de pró-peptídeo natriurético do tipo B N-terminal (NT-proPNB) no líquido pleural podem diagnosticar com precisão derrames pleurais relacionados à ICC. Quilotórax Às vezes, é difícil diferenciar quilo (um líquido estéril, inodoro, alcalino, leitoso) de empiema, mas, se houver suspeita de quilotórax, a análise lipídica do líquido pleural deve ser realizada. A presença de quilomícrons na microscopia confirma um quilotórax e um alto nível de triglicerídeos, geralmente >1.24 mmol/L (110 mg/dL), é diagnóstica. O quilotórax geralmente pode ser excluído se o nível de triglicerídeos for <0.56 mmol/L (50 mg/dL). Exames de sangue e culturas Recomenda-se contagem total e diferencial de células, glicose, pH e citologia; culturas de rotina não são úteis nem custo-efetivas, mas, se houver suspeita de derrame parapneumônico ou pus franco, esse exame é valioso. Líquido pleural com pH <7.20 é extremamente sugestivo de infecção pleural; o líquido pleural claro para medição de pH pode ser coletado de modo anaeróbio com heparina e medido em um analisador de gases sanguíneos. Se a celularidade demonstrar predominância de linfócitos, deve-se solicitar um exame dos marcadores de tuberculose (TB) no líquido pleural, como adenosina desaminase. Derrames pleurais eosinofílicos (definidos como >10% dos leucócitos pleurais) são responsáveis por 10% dos exsudatos e são inespecíficos. Estudos de imagem subsequentes A tomografia computadorizada (TC) torácica é útil para definir o tamanho e a localização do derrame, mostrar loculações e identificar patologia adicional que exija investigação adicional. A ressonância nuclear magnética (RNM), que fornece uma melhor imagem dos tecidos moles do que a TC, pode revelar invasão tumoral da parede torácica ou do diafragma e pode distinguir entre derrames benignos e malignos. Broncoscopia, toracoscopia e biópsia de tecido Broncoscopia não é indicada rotineiramente na investigação do derrame pleural. No entanto, se não for possível estabelecer a causa de um derrame exsudativo, a broncoscopia pode ser usada para excluir pequenas lesões endobrônquicas malignas. A broncoscopia deve ser realizada após drenagem do líquido pleural para garantir condições diagnósticas ideais. Toracoscopia para fins diagnósticos é indicada se o paciente não estiver melhorando, se a causa do derrame for desconhecida, se houver suspeita de TB ou se a citologia for negativa quando houver suspeita de malignidade pleural. Biópsia pleural fechada é usada após exame de ultrassonografia nos derrames exsudativos não diagnosticados para avaliação de suspeita de TB ou malignidade quando a toracoscopia não está disponível. Diagnósticos diferenciais Espessamento pleural Sinais e sintomas: O paciente tem história de doença pleural prévia, como tuberculose ou empiema, ou exposição a agentes ambientais. Exames: A pleura espessada pela fibrose pleural resultante de inflamação pleural prévia ou exposições ambientais prévias, como asbestos, berílio ou sílica, pode parecer um derrame pleural na radiografia torácica. Ultrassonografia e tomografia computadorizada (TC) diferenciam líquido de espessamento isolado. Colapso e condensação pulmonares Sinais e sintomas:História para dar suporte a uma possível causa subjacente, como hemoptise e perda de peso no câncer de pulmão. Exames: Podem ocorrer junto com o derrame pleural devido à compressão ou podem ser confundidos com um derrame pleural na radiografia torácica. O uso de TC ou ultrassonografia pode ajudar a definir a diferença entre colapso pulmonar, condensação e lesões com efeito de massa de derrames. Cúpula diafragmática elevada Sinais e Sintomas: Pode resultar da paralisia do nervo frênico. Movimento torácico paradoxal durante o ciclo respiratório pode ser uma pista para o diagnóstico. Exames: Um exame fluoroscópico ou uma ultrassonografia para analisar o movimento diafragmático com respiração rápida (normalmente chamado de "sniff test") pode avaliar a paralisia do diafragma. Tumores pleurais/gordura extrapleural Sinais e sintomas: A gordura extrapleural é assintomática. Exames: A densidade da gordura é muito menor que a do líquido na TC e deve ser diferenciada imediatamente. • Tumores pleurais também podem ser facilmente demonstrados na TC. • A presença de modularidade costuma ser um aspecto chave de processos malignos. Doença do coronavírus 2019 (COVID-19) Sinais e sintomas: Residência/viagem paraum país/área ou território com transmissão local ou contato próximo com um caso confirmado, ou provável de COVID-19 nos 14 dias anteriores ao início dos sintomas. Exames: A situação está evoluindo com rapidez; consulte nosso tópico sobre COVID-19 para obter mais informações. • Reação em cadeia da polimerase via transcriptasereversa (RT-PCR) em tempo real: positiva para RNA do SARS-CoV-2. Abordagem Terapêutica O tratamento de um derrame pleural é orientado pela causa subjacente. Pacientes com grandes derrames sintomáticos podem se beneficiar de oxigenoterapia. Não é necessário obter uma radiografia torácica após a aspiração de um derrame, a menos que haja suspeita clínica de pneumotórax, como aspiração de ar. Recomenda-se radiografia torácica após a drenagem com dreno torácico. Insuficiência cardíaca congestiva Derrames pleurais decorrentes de insuficiência cardíaca são tratados com terapia diurética. O tratamento inicial é feito com diuréticos de alça. Furosemida ou bumetanida são administradas por via oral ou intravenosa, ajustadas em resposta aos sinais clínicos, pesos diários e função renal para evitar a depleção de volume em excesso. Em pacientes com sobrecarga de volume refratária, diuréticos não de alça, como hidroclorotiazida ou metolazona, podem ser usados em combinação com diuréticos de alça para melhorar a diurese. Toracocentese terapêutica deve ser considerada se o derrame pleural for grande e estiver causando sintomas significativos. Geralmente, é seguro remover 1.5 litro de líquido de um hemitórax sem o risco de nova expansão do edema pulmonar. Infecciosa Uma proporção considerável dos pacientes com pneumonia desenvolve derrame parapneumônico, se a antibioticoterapia apropriada for prescrita o mais cedo possível, o líquido desaparecerá. Todos os pacientes devem receber antibioticoterapia empírica intravenosa com base nas diretrizes locais de microbiologia para cobrir os prováveis organismos causadores, tanto aeróbios como anaeróbios. Os resultados da cultura do líquido pleural orientarão o uso dos antibióticos. Antibióticos à base de penicilina, incluindo os combinados com inibidores das betalactamases, metronidazol e cefalosporinas, penetram bem no espaço pleural, mas os aminoglicosídeos devem ser evitados. O MRSA deve ser coberto em caso de suspeita de infecção hospitalar. Se o estado clínico do paciente piorar e o derrame evoluir para um derrame complicado ou empiema, recomenda-se a remoção imediata do líquido. Septações podem se desenvolver em uma questão de 12 a 24 horas. Toracocentese terapêutica provavelmente será definitiva na maioria dos pacientes. Se o líquido obtido for pus franco, o esfregaço ou a cultura bacteriana for positiva, a glicose for <3.3 mmol/L (60 mg/dL), o pH for <7.20, lactato desidrogenase >1000 U/L ou o líquido for septado, uma abordagem mais agressiva deverá ser tomada com uma toracotomia com tubo. Quando os drenos torácicos falham, toracoscopia com lise de aderências, decorticação e drenagem aberta são opções cirúrgicas. O uso de fibrinolíticos intrapleurais para derrames loculados é controverso. Não existe nenhum benefício adicional com a administração de terapia fibrinolítica intrapleural isolada no tratamento de derrames parapneumônicos ou empiema. Neoplásica Derrames malignos são difíceis de tratar, pois geralmente se reacumulam após a drenagem. As preferências do paciente devem ser levadas em consideração. A toracocentese terapêutica é eficaz em fornecer alívio dos sintomas. No entanto, a toracocentese simples não é recomendada como tratamento de primeira escolha para pacientes com boa capacidade funcional. Isso ocorre porque a toracocentese repetida representa risco de pneumotórax e empiema, e reduz as chances de sucesso dos procedimentos de drenagem subsequentes ou toracoscopia devido a adesões pleurais. Toracocenteses terapêuticas repetidas podem ser consideradas para tratamento de derrame pleural maligno recorrente e sintomático caso a expectativa de vida do paciente seja muito curta (ou seja, dias a semanas). Em pacientes com expectativa de vida mais longa e/ou boa capacidade funcional, as opções primárias de tratamento são: inserção de um dreno torácico temporário, com introdução de talco em suspensão quando todo o líquido pleural do paciente tiver sido drenado; inserção de um cateter pleural de demora tunelizado; ou uma aplicação de talco no momento da toracoscopia clínica ou cirúrgica. Pacientes que não desejam usar um cateter pleural de demora devem ser tratados com agentes esclerosantes para criar uma reação inflamatória que basicamente juntará a pleura parietal e visceral. Talco, bleomicina e tetraciclina são os agentes geralmente usados. O talco estéril de partículas grandes, pulverizado com orientação toracoscópica é o agente mais efetivo para pleurodese. Benigno recorrente Derrames pleurais benignos recorrentes não são comuns, mas podem ocorrer em diversas condições, como doenças inflamatórias, infecciosas ou outras doenças sistêmicas (por exemplo, insuficiência cardíaca congestiva, hidrotórax hepático, pós- transplante pulmonar, pós-cirurgia de revascularização miocárdica e pleurisia exsudativa crônica). Deve-se considerar toracoscopia para fins diagnósticos se o paciente não estiver melhorando, se a causa do derrame for desconhecida, se houver suspeita de tuberculose ou se a citologia for negativa quando houver suspeita de malignidade pleural. Prevenção primária Medidas para prevenir causas primárias de derrame pleural incluem: imunização contra pneumonia pneumocócica; anticoagulação para pacientes com risco de embolia pulmonar; reduzindo o risco de cardiopatia. A colchicina pode ajudar a evitar derrames pleurais e pericárdicos pós-operatórios depois de cirurgia cardíaca. Prevenção secundária A recorrência do derrame pleural pode ser evitada com o tratamento adequado da causa primária (por exemplo, insuficiência cardíaca, malignidade ou cirrose). A pleurodese tem o objetivo de evitar definitivamente o reacúmulo de derrames. Drenagem de toráx Indicação para a Drenagem Torácica A indicação de drenagem torácica no caso de conteúdo líquido está na dependência do tipo e do volume de líquido acumulado no espaço pleural. Em determinadas situações não traumáticas, a punção pleural com agulha precede a drenagem, pois permite a caracterização macroscópica desse conteúdo, bem como sua análise laboratorial. Líquidos estéreis podem ser esvaziados por punção pleural sem a necessidade de drenagem tubular. Entretanto, coleções purulentas, líquidos contaminados, sangue e linfa devem ser sempre drenados independentemente do volume. Segue abaixo as principais indicações de drenagem torácica: Pneumotórax Presença de ar entre as duas camadas da pleura, resultando em colapso parcial ou total do pulmão. O pneumotórax pode ser espontâneo, ou seja, sem causa aparente, em pessoas sem doença pulmonar conhecida, como uma ruptura de uma pequena área debilitada do pulmão (bolha), ou traumático, que como o nome já diz, pode ser consequência de uma lesão penetrante ou fechado. O pneumotórax aberto ou ferida torácica aspirativa é uma lesão com solução de continuidade (ferida) na parede torácica, o que permite que o ar atmosférico ganhe a cavidade pleural provocando o pneumotórax. O pneumotórax hipertensivo, onde ocorre um vazamento de ar tanto do pulmão quanto da parede torácica para espaço pleural, é caracterizado por um deslocamento do mediastino para lado oposto e possível choque obstrutivo decorrente da diminuição do retorno venoso e do débito cardíaco Hemotórax Fruto de um trauma torácico, seja ele contuso ou penetrante, pós-operatório de cirurgia torácica ou abdominal superior ou condições cardíacas ou aórticas não traumáticas, como infarto agudo do miocárdio e dissecção aguda de aorta. Casos em que ocorre um rápido acúmulo com mais de 1500ml ou 1/3 do volume de sangue do doente na cavidade torácica são considerados como hemotórax maciço, sendo capazes de promover compressão pulmonar suficiente para gerar importante desconforto respiratório, hipotensão e choque. Condições como essa são comuns em casos de ferimento penetrante que atinge vasos
Compartilhar