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Caro aluno Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção: De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo o território nacional. INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu- ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. TEORIA No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui- dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa- cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. MULTIMÍDIA Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co- nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina. Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive. CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi- culta a compreensão de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas para além da superficial me- morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi- venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo- cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em seu dia a dia. VIVENVIANDO Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa- zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re- solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica- ções dadas em sala de aula. APLICAÇÃO DO CONTEÚDO Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-las com tranquilidade. ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte- údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos estudos e até a resolução dos exercícios. DIAGRAMA DE IDEIAS © Hexag SiStema de enSino, 2018 Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2022 Todos os direitos reservados. Coordenador-geral Raphael de Souza Motta reSponSabilidade editorial, programação viSual, reviSão e peSquiSa iConográfiCa Hexag Sistema de Ensino editoração eletrôniCa Felipe Lopes Santos Letícia de Brito Ferreira Matheus Franco da Silveira projeto gráfiCo e Capa Raphael de Souza Motta imagenS Freepik (https://www.freepik.com) Shutterstock (https://www.shutterstock.com) Pixabay (https://www.pixabay.com) ISBN: 978-85-9542-191-2 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusi- vo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis- posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre- sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2022 Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino. Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP CEP: 04043-300 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br SUMÁRIO ENTRE SOCIDADES SOCIOLOGIA AULA 1: SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA: AUGUSTE COMTE 6 AULA 2: SOCIOLOGIA CLÁSSICA: ÉMILE DURKHEIM I 12 AULA 3: SOCIOLOGIA CLÁSSICA: ÉMILE DURKHEIM II 18 AULA 4: SOCIOLOGIA CLÁSSICA: MAX WEBER 24 AULA 5: SOCIOLOGIA CLÁSSICA: KARL MARX I 31 AULA 6: SOCIOLOGIA CLÁSSICA: KARL MARX II 38 AULA 7: SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA: PIERRE BOURDIEU 45 AULA 8: O PROCESSO CIVILIZADOR: NORBERT ELIAS 53 AULA 9: ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL E SUAS FORMAS 61 AULA 10: CULTURA E PATRIMÔNIO CULTURAL 67 AULA 11: ETNOCENTRISMO E RELATIVISMO CULTURAL 75 AULA 12: INDÚSTRIA CULTURAL E SOCIEDADE DO ESPETÁCULO 82 AULA 13: MICHEL FOUCAULT 88 AULA 14: O PROBLEMA DA VIOLÊNCIA 95 AULA 15: A QUESTÃO DE GÊNERO 103 AULA 16: MOVIMENTOS SOCIAIS 110 AULA 17: IDENTIDADE 117 AULA 18: SOCIOLOGIA BRASILEIRA: GILBERTO FREYRE 123 AULA 19: SOCIOLOGIA BRASILEIRA: CAIO PRADO JR. E SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA 128 AULA 20: SOCIOLOGIA BRASILEIRA: FLORESTAN FERNANDES 135 AULA 21: SOCIOLOGIA BRASILEIRA: DARCY RIBEIRO E HERBERT DE SOUZA 142 AULA 22: SOCIOLOGIA BRASILEIRA: ROBERTO DAMATTA 150 AULA 23: MODERNIDADE LÍQUIDA: ZYGMUNT BAUMAN 156 AULA 24: O MEIO AMBIENTE COMO PROBLEMA SOCIAL 163 AULA 25: AS NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA: PIERRY LÉVY 171 AULA 26: ASNOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA: MANUEL CASTELLS 178 Co m pe tê n Ci a 1 Compreender os elementos culturais que constituem as identidades H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura. H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas. H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos. H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspectoda cultura. H5 - Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades. Co m pe tê n Ci a 2 Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos. H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações. H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social. H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial. H10 Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica. Co m pe tê n Ci a 3 Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, con- flitos e movimentos sociais. H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço. H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades. H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder. H14 Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. Co m pe tê n Ci a 4 Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social. H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção. H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais. H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano. H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho. Co m pe tê n Ci a 5 Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção. H21 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político. H22 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construçãodo texto literário. H23 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional. H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades. H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social. Co m pe tê n Ci a 6 Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e(ou) geográficos. H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos. H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas. H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas. MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM 5 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS UFMG A prova contém interdisciplinaridade nas Ciências Humanas, com poucas questões diretas na área da Sociologia, tendo pre- ferência por questões temáticas. A abordagem do vestibular da USP é in- terdisciplinar, de forma que a Sociologia é tratada mais como um alicerce para a compreensão da realidade e suas trans- formações. A prova apresenta uma relação da So- ciologia com a Geografia. Diante disso, o candidato precisa relacionar as transfor- mações do espaço e do próprio homem em conjunto com as teorias sociológicas. A prova apresenta uma temática socioló- gica relacionada com literatura, exigindo do candidato a interpretação do assunto abordado. A prova trata a Sociologia com um olhar independente, não relacionando com História. O seu enfoque é relacionar te- orias e correntes filosóficas associadas ou contrárias. A prova cobra a disciplina de Sociolo- gia de forma indireta nas temáticas de redação. A prova é direcionada para a prática da Medicina. Assim, a Sociologia é cobrada de maneira indireta, principalmente nos temas de redação, que podem auxiliar os candidatos a elaborarem melhor os seus argumentos. A prova cobra a disciplina de Sociolo- gia de forma indireta nas temáticas de redação. A prova direciona diretamente para a Sociologia, com conceitos sociológicos, e é abordada de forma indiretamente nas temáticas de redação.. Na A prova trata a Sociologia com um olhar específico, possuindo um edital di- ferenciado com autores específicos. A prova é apresentada conforme seu edital específico, na qual são relaciona- dos alguns livros ou trechos de obras de sociólogos e antropólogos. A prova cobra a disciplina de Sociolo- gia de forma indireta nas temáticas de redação. A prova apresenta a Sociologia de forma sutil, apontando alguns aspectos cultu- rais e étnicos. A prova segue diretamente a disciplina de Sociologia, com questões específicas, podendo também fazer uma abordagem nas temáticas de redação. A prova não aborda a Sociologia. 6 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s O surgimento da ciência Sociologia se deu em meio a um contexto de diversas transformações da sociedade euro- peia na passagem do século XVIII para o XIX, período de difusão da Revolução Industrial e dos desdobramentos da Revolução Francesa (1789). A partir do desenvolvimento da razão, da ciência e da sociedade industrial, era neces- sário desenvolver um conjunto de explicações racionais e científicas oriundo da investigação empírica metódica que conseguisse analisar os novos fenômenos sociais que apontavam para a formação de uma nova sociedade. 1. Auguste Comte (1798-1857) Auguste Comte nasceu em 1798, na França, onde viveu toda a sua vida. Dedicou seus estudos ao que foi definido como filosofia positivista. Comte foi o primeiro a utilizar o termo Sociologia, considerando-a como a ciência mais complexa e profunda. Sua principal obra ficou conhecida como Curso de filosofia positiva (1842). O que é Sociologia Para alguns ela representa uma poderosa arma a serviço dos interesses dominantes; para outros é a expressão teó- rica dos movimentos revolucionários. Como compreender as diferentes avaliações que a Sociologia recebe? Deba- tendo a dimensão política dessa ciência, o autor reflete emque medida as teorias sociológicas contribuem para manter ou alterar as relações de poder da sociedade. multimídia: livro Os primeiros teóricos que desenvolveram um método e definiram um objeto próprio da Sociologia foram os posi- tivistas. Essa corrente de pensamento, denominada de “fí- sica social”, surgiu com Auguste Comte, que se dedicava a estudar a sociedade a partir de métodos científicos das Ciências Naturais. Observando as transformações da sociedade pós-Revolução Industrial, Auguste Comte contribuiu para a formação dessa nova ciência, que, seguindo as diretrizes da racionalidade, seria a mais elevada de todas as ciências. O positivismo, corrente filosófica que buscava uma reorga- nização intelectual, moral e política da ordem social, nasceu com fins práticos de criar uma ordem social estável. O seu pensamento consistia em três estágios, contidos em seu Cur- so de filosofia positiva: teológico, metafísico e positivo. § Estado teológico: corresponde à infância da humani- dade, pois a mente humana se baseia em um conhe- cimento provisório e ilusório, ou seja, tenta explicações da realidade por meio de entidades sobrenaturais. Se- gundo Comte, a religião se encaixa nesse estado, pois ela inicia o processo do conhecimento; porém, é um tipo de conhecimento não muito confiável. § Estado metafísico: as explicações dos fenômenos da re- alidade são feitas por entidades abstratas, mas contêm traços de elementos teológicos. Trata-se de um estado intermediário para o conhecimento definitivo. § Estado positivo: representa a realidade, sendo a forma definitiva. Aqui a ciência predomina, de modo que se buscam os fatos e não as causas ou princípios; preocu- pa-se com o processo do conhecimento, e não com os motivos dessas causas. SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA: AUGUSTE COMTE COMPETÊNCIA(s) 1, 2, 3, 4 e 5 HABILIDADE(s) 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 20, 22, 23, 24 e 25 CH AULA 1 7 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s Fonte: Youtube Comte – As leis dos três Estados multimídia: vídeo 1.1. Positivismo O pensamento científico e experimental é o único guia para o ser humano, de forma que a ciência é a base dessa doutrina, com o intuito de organizar todos os elementos da sociedade, inclusive a área religiosa. Em sua obra Sistema de política positiva (1854), Comte cria a religião da humanidade ou a religião positivista, que tem como diretrizes: "O amor por princípio, a ordem por base; e o progresso por fim". Acreditando fielmente na ciência, Comte defende um processo de progresso contínuo e evo- lutivo da humanidade. Positivismo: reabrindo o debate - Hermas Gonçalves Arana. Campinas: Autores Associados, 2007. Questionando chavões e invocando textos de pouca cir- culação entre nós, o autor busca determinar o núcleo teórico das principais doutrinas positivistas, em sua mul- tiformidade, tomando como fio condutor o conceito de dado empírico. multimídia: livro Esse processo evolutivo também recairia entre as ciências positivas – Matemática, Física, Astronomia, Química, Biolo- gia – e teria como a maior entre essas ciências uma nova ciência – a Sociologia –, que englobaria todas elas. Pensando no controle da sociedade, Comte estruturou que todos os elementos deveriam ter a razão científica como norteador dessas ações. Esse pensamento ganhou força na Europa durante o século XIX, entre governos monárquicos e republicanos. Uma nação que seguiu com toda ênfase no pensamento positivista foi o Império Austro-Húngaro, que difundiu esse pensamento. Fonte: Youtube O positivismo de Auguste Comte multimídia: vídeo 1.2. Positivismo no Brasil Com o início da República, no século XIX, o positivismo ganhou força, principalmente na cidade do Rio de Janeiro. Com suas características de que existe uma hierarquia, a qual deve seguir uma ordenação científica, o positivismo ganhou muitos adeptos do alto oficialato do Exército e en- tre a camada burguesa. Diante disso, a nova bandeira do Brasil ganhou um lema positivista. bandira do império brasileiro bandeira da república Federativa do brasil 8 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s DIAGRAMA DE IDEIAS Entre aqueles que receberam influência do pensamento positivista, podemos destacar os primeiros presidentes da República, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, os mi- litares Benjamin Constant e Cândido Rondon e o escritor Euclides da Cunha. templo positivista e detalhe do altar, com a imagem da deusa humanidade, inspirada em traços de clotilde de vaux, musa inspiradora de auguste comte, na igreja positivista do brasil, localizada no rio de janeiro Acerca da expansão do positivismo no continente america- no, Comte destacou que: “Originadas da mesma civilização ocidental, mas sem os obstáculos retrógrados que no velho mundo protelam a vitória da nova fé [...] essas nações apre- sentam, tanto no temporal como no espiritual, as melhores disposições para aceitarem a doutrina regeneradora”. DOMINAÇÃO SOCIAL O AMOR POR PRINCÍPIO POSITIVISMO A ORDEM POR BASE O PROGRESSO POR FIM 3 ESTÁGIOS PELO USO CIENTÍFICO COMTE • ESTADO POSITIVO • ESTADO METAFÍSICO • ESTADO TEOLÓGICO REVOLUÇÃO INDUSTRIAL TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS SURGE A SOCIOLOGIA 9 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s AplicAndo pArA Aprender (A.P.A.) 1. (UFF) O positivismo foi um sistema filosófico criado no século XIX por Augusto Comte e que exerceu gran- de influência no Brasil, especialmente entre militares, médicos, cientistas e em algumas correntes de republi- canos que participaram diretamente da proclamação da República e ocuparam postos de governo no início do novo regime. Dentre as inovações adotadas no início do regime republi- cano brasileiro, sob influência de ideias positivistas, estão: a) sufrágio universal, direito de voto do analfabeto e das mulheres. b) estatização das fábricas, coletivização da agricultu- ra e partido único. c) liberdade sindical, leis trabalhistas e salário mínimo. d) separação da igreja e do estado, liberdade religiosa e casamento civil. e) indenização aos proprietários de escravos, desestímu- lo à pequena propriedade e abolição de impostos rurais. 2. (UEG 2020) A sociologia nasce no contexto da con- solidação da ciência enquanto forma de pensamento dominante. Com o desenvolvimento do capitalismo e a progressiva urbanização, alguns pensadores come- çaram a refletir sobre os problemas da sociedade em transformação, como a fome, o saneamento básico, as longas e fatigantes jornadas de trabalho etc. A partir desse momento, emerge a sociologia, como uma ciên- cia com objeto e método específicos, e surgem os pri- meiros sociólogos. Um destes sociólogos foi Auguste Comte, que fundamentou a sociologia a partir do méto- do positivista. O positivismo de Comte defende a) que as ideias são desenvolvidas por seres humanos reais e históricos. b) o estudo dos fatos sociais enquanto coisas exterio- res aos indivíduos. c) a unidade metodológica entre ciências naturais e ciências sociais. d) que o conjunto das ações individuais constitui a sociedade. e) a formulação de tipos ideais vazios de conteúdo histórico. 3. (UEL) A ordem e o progresso constituem partes fun- damentais da Sociologia de Auguste Comte. Com base nas ideias comteanas, assinale a alternativa correta. a) A ordem social total se estabelece de acordo com as leis da natureza, e as possíveis deficiências exis- tentes podem ser retificadas mediante a intervenção racional dos seres humanos. b) A liberdade de opinião e a diferença entre os indiví- duos são fundamentos da solidariedade na formação da estática social; essa diversidade produz vantagens para a evolução, em comparação com a homogeneidade. c) O desenvolvimento das forças produtivas é a base para o progresso e segue uma linha reta, sem oscila- ções e, portanto, a interferênciahumana é incapaz de alterar sua direção ou velocidade. d) O progresso da sociedade, em conformidade com as leis naturais, é resultado da competição entre os indivíduos, com base no princípio de justiça de que os mais aptos recebem as maiores recompensas. e) O progresso da sociedade é a lei natural da dinâmica social e, considerado em sua fase intelectual, é expres- so pela evolução de três estados básicos e sucessivos: o doméstico, o coletivo e o universal. 4. (Unimontes) O positivismo foi uma corrente de pen- samento filosófico predominante no século XIX e iní- cio do século XX. Seu mais eminente representante foi Auguste Comte (1798-1857), que é considerado o pre- cursor da Sociologia. No que tange às características fundamentais do positivismo, pode-se afirmar, exceto: a) Para o positivismo, o conhecimento científico é a “bússola da sociedade”. Nesse sentido, é imprescin- dível que se tenha o conhecimento acerca dos fenô- menos sociais, para que se consiga prever os mesmos e agir com eficácia. b) O positivismo persegue um objetivo principal: des- cobrir as leis gerais que regem os fenômenos sociais. c) O positivismo é uma doutrina filosófica que enfatiza a busca pelo conhecimento das singularidades sociais, dando ênfase ao estudo interpretativo das ações de indivíduos em uma determinada coletividade. d) O positivismo preza pela regularidade, estabilidade e bom funcionamento das instituições sociais. 5. (UEL) O lema da bandeira do Brasil, “Ordem e Pro- gresso”, indica a forte influência do positivismo na for- mação política do Estado brasileiro. Assinale a alterna- tiva que apresenta ideias contidas nesse lema. a) Crença na resolução dos conflitos sociais por meio do estímulo à coesão social e à evolução natural da nação. b) Ideais de movimentos juvenis, que visam superar os valores das gerações adultas. c) Denúncia dos laços de funcionalidade que unem as instituições sociais e garantem os privilégios dos ricos. d) Ideal de superação da sociedade burguesa através da revolução das classes populares. e) Negação da instituição estatal e da harmonia cole- tiva baseada na hierarquia social. 6. (UEL) Até o século XVIII, a maioria dos campos de co- nhecimento, hoje enquadrados sob o rótulo de ciências, era ainda, como na antiguidade clássica, parte integral dos grandes sistemas filosóficos. A constituição de sa- beres autônomos, organizados em disciplinas específi- cas, como a Biologia ou a própria Sociologia, envolverá, de uma forma ou de outra, a progressiva reflexão filo- sófica, como a liberdade e a razão. Quintaneiro, t.; barbosa, m.l.o.; oliveira, m.g.m. um toQue de clássicos: marx, durkheim e Weber. belo horizonte: uFmg, 2002, p. 12. Com base nos conhecimentos sobre o surgimento da Sociologia, assinale a alternativa que apresenta, corre- tamente, a relação entre conhecimento sociológico de Auguste Comte e as ideias iluministas. 10 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s a) A ideia de desenvolvimento pela revolução social foi defendida pelo iluminismo, que influenciou o positivismo. b) A crença na razão como promotora do progresso da sociedade foi compartilhada pelo iluminismo e pelo positivismo. c) O iluminismo forneceu os princípios e as bases teóri- cas da luta de classes para a formulação do positivismo. d) O reconhecimento da validade do conhecimento teológico para explicar a realidade social é um ponto comum entre o iluminismo e o positivismo. e) Os limites e as contradições do progresso para a liberdade humana foram apontados pelo iluminismo e aceitos pelo positivismo. 7. (UFUB adaptada) Sobre o surgimento da Sociologia, podemos afirmar que: I. A consolidação do sistema capitalista na Europa no século XIX forneceu os elementos que serviram de base para o surgimento da Sociologia enquanto ciên- cia particular. II. O homem passou a ser visto, do ponto de vista so- ciológico, a partir de sua inserção na sociedade e nos grupos sociais que a constituem. III. Aquilo que a Sociologia estuda constitui-se histori- camente como o conjunto de relacionamentos que os homens estabelecem entre si na vida em sociedade. IV. Interessa para a Sociologia, não indivíduos isolados, mas inter-relacionados com os diferentes grupos sociais dos quais fazem parte, como a escola, a família, as clas- ses sociais etc. a) II e III estão corretas. b) Todas as afirmativas estão corretas. c) I e IV estão corretas. d) I, III e IV estão corretas. e) II, III e IV estão corretas. 8. (UEM 2018) Auguste Comte (1798-1857), a quem se atribui a formulação do termo Sociologia, foi o prin- cipal representante e sistematizador do Positivismo. Acerca do pensamento comteano, é correto afirmar que 01) considerava os problemas sociais malefícios do de- senvolvimento econômico das sociedades industriais. 02) teve grande influência sobre o pensamento social brasileiro do século XIX e início do XX. 04) a inspiração para o método de investigação dos fe- nômenos sociais de Comte veio das ciências da natureza. 08) era uma tentativa de constituição de um método objetivo para a observação dos fenômenos sociais. 16) considerava o progresso e a evolução social um princípio da história humana. 9. (UPE-SSA 1 2018) Leia os textos a seguir: TEXTO I Convicto de que a reorganização da sociedade exigi- ria a elaboração de uma nova maneira de conhecer a realidade, Comte procurou estabelecer os princípios que deveriam nortear os conhecimentos humanos. Seu ponto de partida era a ciência e o avanço que ela vi- nha obtendo em todos os campos de investigação. (...) O advento da sociologia representava para Comte o coroamento da evolução do conhecimento científico, já constituído em várias áreas do saber. martins, carlos benedito. o Que é sociologia. são paulo: brasiliense, 2006, p. 44. TEXTO II O conjunto da nova filosofia tenderá sempre a fazer sobressair, tanto na vida ativa como na especulativa, a ligação de cada um a todos, sob uma série de aspectos diversos, de modo a tornar involuntariamente familiar o sentimento íntimo da solidariedade social, (...) Não somente a ativa busca do bem público será sempre pri- vada, será sempre representada como a maneira mais conveniente de assegurar a felicidade privada; mas, por uma influência (...) dos pendores generosos, se tornará a principal fonte da felicidade pessoal. comte, august. discurso sobre o espírito positivo. são paulo: escala, s/d, p. 74. A Revolução Industrial e a Revolução Francesa impul- sionaram o surgimento da Sociologia como ciência voltada para compreender as novas relações entre as pessoas. Essas relações envolviam agora um complexo de hábitos e costumes e eram provocadas por causa da maneira de se produzirem e se consumirem os exce- dentes na Europa do século XIX. Sobre esse período da Sociologia e com base na concepção apresentada nos textos I e II, é CORRETO afirmar que a) a Sociologia foi chamada de física social e deveria utilizar os métodos da filosofia teológica como instru- mento de compreensão da sociedade. b) as investigações sociológicas deveriam utilizar os mesmos procedimentos das ciências naturais, ou seja, a observação, a experimentação e a comparação. c) o positivismo foi a corrente filosófica, que funda- mentou o surgimento da Sociologia como ciência da sociedade, pois tinha uma visão metafísica das rela- ções entre as pessoas. d) o principal representante da Sociologia nesse pe- ríodo foi August Comte, que tinha uma visão positiva de sociedade, ou seja, uma reflexão sobre a essência e o significado abstrato das relações sociais. e) as ideias de Comte tinham como objetivo encontrar leis universais para explicar as relações sociais, com base nos princípios de subjetividade e parcialidade, utilizados pelas ciências da natureza. 10. (Unimontes) O positivismo foi a corrente de pensa- mento que teve forte influência sobre o método de in- vestigação na Sociologia, por propor um sistema geral doconhecimento com a pretensão de “organizar” a socie- dade. São aspectos fundamentais do positivismo, exceto: a) Para o positivismo clássico, é impossível conhecer o estado de um fenômeno social particular se não for considerado cientificamente o todo social. b) Na concepção positivista, graças à aplicação da ciência à organização do trabalho, a humanidade de- senvolve suas potencialidades. 11 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s c) As ideias na Sociologia positivista tentam descobrir qual é a ordem social que orienta a história humana. d) O positivismo fundamenta-se na concepção dialéti- ca de Georg Wilhelm F. Hegel (1770-1831), originária do Idealismo alemão. Propõe um método interpreta- tivo de sociedade baseado na ideia de contrato social. 11. (Unesp 2018) TEXTO 1 O positivismo representa amplo movimento de pensa- mento que dominou grande parte da cultura europeia, no período de 1840 até às vésperas da Primeira Guerra Mundial. Nesse contexto, a Europa consumou sua trans- formação industrial, e os efeitos dessa revolução sobre a vida social foram maciços: o emprego das descober- tas científicas transformou todo o modo de produção. Em poucas palavras, a Revolução Industrial mudou radi- calmente o modo de vida na Europa. E os entusiasmos se cristalizaram em torno da ideia de progresso huma- no e social irrefreável, já que, de agora em diante, pos- suíam-se os instrumentos para a solução de todos os problemas. A ciência pelos positivistas apresentava-se como a garantia absoluta do destino progressista da humanidade. (giovanni reale e dario antiseri. história da FilosoFia, 1991. adaptado.) TEXTO 2 O “progresso” não é nem necessário nem contínuo. A humanidade em progresso nunca se assemelha a uma pessoa que sobe uma escada, acrescentando para cada um dos seus movimentos um novo degrau a todos aque- les já anteriormente conquistados. Nenhuma fração da humanidade dispõe de fórmulas aplicáveis ao conjunto. Uma humanidade confundida num gênero de vida único é inconcebível, pois seria uma humanidade petrificada. (claude lévi-strauss. a noção de estrutura em etnologia, 1985. adaptado.) a) Considerando o texto 1, explique o que significa “eurocentrismo” e por que o conceito de progresso pressuposto pelo positivismo é eurocêntrico. b) Por que o método empregado pelo autor do texto 2 é considerado relativista? Como sua concepção de pro- gresso se opõe ao conceito de progresso positivista? 12. Segundo Augusto Comte, a sociedade humana deve passar por três estados: o teológico, o metafísico e, por último, o positivo. É nesse último estado que, para Com- te, a Sociologia se torna tão importante. a) Qual a razão dessa importância? b) Esse tipo de argumento continua sendo válido? GAbArito 1. D 2. C 3. A 4. C 5. A 6. B 7. B 8. 02 + 04 + 08 + 16 = 30 9. B 10. D 11. a) Eurocentrismo corresponde a um etnocentrismo eu- ropeu, ou seja, à forma de considerar o mundo tendo como princípio a ideia de que a Europa corresponde ao ápice do desenvolvimento humano. O positivismo é eurocêntrico na medida em que desenvolve uma teoria de desenvolvimento humano baseada nas transforma- ções que a própria Europa estava sofrendo. b) O relativismo corresponde à atitude de considerar a sua cultura como sendo uma entre outras, e não como superior às demais, exatamente como Lévi-Strauss pro- põe. Isso se opõe ao positivismo porque se abstém de criar uma escala evolutiva das culturas, na medida em que qualquer critério de julgamento cultural será sem- pre, de alguma forma, etnocêntrico. 12. a) Para Comte, a Sociologia deveria ser responsável por aplicar os princípios científicos do positivismo na sociedade, para solucionar seus problemas e garantir a coesão social. Segundo ele, a Sociologia seria a úl- tima e mais importante das ciências. b) Não. O positivismo foi em grande parte abandonado pela Sociologia. Isso porque ele parte de premissas cien- tificistas, que consideram a sociedade como um corpo físico, por exemplo. Atualmente, sabe-se que a Sociolo- gia é apenas mais uma entre outras ciências e que ela é incapaz de, por si só, solucionar os problemas sociais. 12 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s Nas últimas décadas do século XIX, a Europa vivia um perío- do que ficou conhecido como Belle Époque, em que surgiram diversos avanços tecnológicos, como telefone, telégrafo sem fio, cinema, automóvel, avião, fotografia, bonde elétrico, en- tre outras novidades. Diante dessa efervescência tecnológica, ocorreu uma grande transformação nos hábitos das pessoas, que direcionou os indivíduos para a aquisição de bens de consumo, além de promover a crença em certa concepção de progresso no desenvolvimento da ciência como solução para os males da sociedade. 1. Émile Durkheim (1858-1917) Émile Durkheim nasceu na Alsácia em 1858. Iniciou seus estudos em Filosofia na Escola Normal Superior de Paris, migrando, mais tarde, para a Alemanha. Foi professor da primeira cátedra de Sociologia da França; em 1902, foi transferido para a Sorbonne, onde, junto com outros cien- tistas, formou um grupo que seria conhecido como Escola Sociológica Francesa. Émile Durkheim sofreu uma forte influência do positivismo comteano, contendo traços do funcionalismo social, em que considera as funções sociais contidas em seu objeto de pesquisa, trabalhando a moral, a religião, etc. Ele compreende a “cultura” como algo coletivo, um ele- mento vivo, por assim dizer, que acaba se transformando ao longo do tempo. Assim, a sociedade se constrói me- diante essas transformações culturais, consolidando ou rejeitando princípios morais e éticos. Durkheim preocupou-se em definir um método e um obje- to próprio da Sociologia para consolidá-la como uma ciên- cia. Para isso, ele define o conceito de fato social, que seria o objeto de análise do cientista social. 1.1. O fato social Os fatos sociais são maneiras de pensar, agir e sentir que existem independentemente das manifestações individu- ais, isto é, são ações exteriores ao indivíduo, sendo gene- ralizados na sociedade, de modo que são dotados de uma força imperativa e coercitiva perante os indivíduos. Já as características dos fatos sociais devem ter traços de: § generalidade: comum a todos ou à maioria dos inte- grantes desse grupo social; § exterioridade: não depende do indivíduo; e § coercitividade: se impõe de diversas formas. Fonte: Youtube Na íntegra – Émile Durkheim Entrevista com Raquel Weiss, doutora em Filosofia pela USP, especialista em Émile Durkheim. Nesse progra- ma, Raquel apresenta alguns conceitos da sociologia durkheimiana. multimídia: vídeo O devoto, ao nascer, encontra as crenças e as práticas da vida religiosa; existindo antes dele, é porque existem fora dele. O sistema de sinais de que me sirvo para exprimir meus pensamentos, o sistema de moedas que emprego para pagar as dívidas, os instrumentos de crédito que utilizo nas minhas relações comerciais, as práticas segui- das na profissão etc. funcionam independentemente do uso que delas faço. (durkheim, e. as regras do método. são paulo: editora nacional, 1974, p. 2). SOCIOLOGIA CLÁSSICA: ÉMILE DURKHEIM I COMPETÊNCIA(s) 1, 2, 3, 4 e 5 HABILIDADE(s) 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 20, 22, 23, 24 e 25 CH AULA 2 13 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s Pode-se considerar como um exemplo de fato social: dé- cadas atrás, um homem só se fazia respeitado por suas vestimentas, em que a cartola era requisito fundamental, ao passo que um indivíduo que não tinha esse elemen- to não era considerado um homem distinto. Atualmente, esse utensílio não faz parte das vestimentas de um ho- mem moderno. Um outro exemplo de fato social são as modas que as mídias direcionam para os seres, criando costumes ou hábitos que são reproduzidos por parte da sociedade. Diante disso,o fato social pode ser modificado ao longo do tempo, podendo não ser mais reproduzido ou ser gerado um novo fato social. Se não me submeto às convenções do mundo, se, ao vestir-me, não levo em conta os costumes observados em meu país e em minha classe, o riso que provoco, o afastamento em relação a mim produzem, embora de maneira mais atenuada, os mesmos efeitos que uma pena propriamente dita. (émile durkheim. as regras do método sociológico. são paulo: martins Fontes, 2007, p. 3. Sociologia clássica: Marx, Durkheim e Weber - Carlos Eduardo Sell Esse livro apresenta o pensamento dos fundadores da Sociologia a partir de três eixos básicos: teoria socioló- gica; teoria da modernidade; teoria política: problemas e desafios da realidade social. Esse método, além de permitir uma análise comparativa das teorias de Marx, Durkheim e Weber, possibilita também uma compre- ensão da Sociologia enquanto ciência e uma reflexão sobre a natureza e as perspectivas da vida social em tempos modernos. Retomando a visão desses autores, o leitor é convidado a exercitar sua "imaginação socio- lógica", adentrando, assim, no rico debate sociológico sobre as diferentes maneiras, métodos e perspectivas de pesquisa e interpretação da sociedade. multimídia: livro 1.2. O método científico Durkheim inaugura o processo de investigação sobre os fenômenos sociais pautado na observação dos fatos so- ciais. Esse procedimento deve ser guiado por uma análise neutra do pesquisador, pois é necessário a esse observa- dor suprimir todos os seus juízos de valores pessoais para que conclusões não sejam precipitadas. Entretanto, essa investigação precisa apresentar um retrato fiel do objeto analisado, observando todos os elementos que compõem esse fato social. Nesse momento, Durkheim apresenta a importância da Sociologia como ciência. Nesse processo metodológico, é importante notar que Durkheim aponta alguns direcionamentos: § o processo deve ser objetivo; § os fatos analisados podem ser normais ou anômicos; e § deve-se analisar como esses fatos se interligam ou afe- tam os integrantes desse grupo estudado. Assim, aconteceram fatos corriqueiros, que serão caracte- rizados como normais; e também fatos que fogem desse estereótipo de normalidade, que acarretarão anomias so- ciais, caracterizando uma espécie de desregramento social. Fonte: Youtube Pequeno cidadão - Arnaldo Antunes. 2009. Álbum: A curva da cintura Nessa canção, nos deparamos com uma sequência de ordens, totalmente vigiadas por um adulto, que, de uma forma coercitiva, controla tudo de maneira a estabelecer as regras e as normas. multimídia: música 1.3. A religião para Durkheim Na intenção de investigar o ser humano, Émile Durkheim nota que o elemento primordial que entrelaça todos os seres é a religião, sejam monoteístas ou politeístas, todas as religiões separam o mundo profano do mundo sagrado. Ele considera todas as religiões como iguais, pois são “es- pécies de um mesmo gênero”, contendo um sistema de crenças e de cultos, conjuntos de atitudes rituais, nas quais os seus “movimentos são estereotipados”. A religião cons- trói a sociedade, na qual “as divisões em dias, semanas [...] correspondem à periodicidade dos ritos, das festas”, sendo assim uma manifestação natural da atividade humana. Vimos que o totemismo coloca em primeiro lugar, en- tre as coisas que reconhece como sagradas, as repre- sentações figuradas do totem; a seguir vêm os animais ou os vegetais que dão seu nome ao clã e, finalmente, 14 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s DIAGRAMA DE IDEIAS os membros desse clã. Como todas essas coisas são igualmente sagradas, embora em diferentes graus, seu caráter religioso não pode depender de nenhum dos atributos entrar no domínio das conjeturas arbitrárias e inverificáveis. Se quisermos permanecer em concordân- cia com os resultados anteriormente obtidos, devemos, ao mesmo tempo que afirmamos a natureza religiosa do totemismo, impedir-nos de reduzi-lo a uma religião dife- rente de si mesmo. Não que seja o caso de atribuir-lhe como causa de ideias que não seriam religiosas. émile durkheim. as Formas elementares da vida religiosa. são paulo: martins Fontes, 2000, p. 187-188. A religião, para Durkheim, é uma espécie de especulação de tudo que escapa à ciência, ou seja, o sobrenatural, pos- suindo assim na sua essência um conjunto de símbolos (os ritos). O homem é um ser social, porque pensa por concei- tos. A concepção de mito é entendida como a representa- ção de uma espécie de herói histórico. MÉTODO CIENTÍFICO SOLIDARIEDADE MECÂNICA SOLIDARIEDADE ORGÂNICA SIMPLES COMPLEXA FATO SOCIAL PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO • NORMAL • PATOLÓGICO • ANÔMICO DURKHEIM 15 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s AplicAndo pArA Aprender (A.P.A.) 1. (UFU) A concepção da Sociologia de Durkheim se ba- seia em uma teoria do fato social. Seu objetivo é de- monstrar que pode e deve existir uma Sociologia obje- tiva e científica, conforme o modelo das outras ciências, tendo por objeto o fato social. aron, r. as etapas do pensamento sociológico. são paulo: martins Fontes, 1995. p. 336. Em vista do exposto, assinale a alternativa correta. a) Durkheim demonstrou que o fato social está des- conectado dos padrões de comportamento culturais do indivíduo em sociedade e, portanto, deve ser usa- do para explicar apenas alguns tipos de sociedade. b) A solidariedade orgânica, para Durkheim, possui pequena divisão do trabalho social, como pode ser de- monstrada pela análise dos fatos sociais da sociedade. c) Segundo Durkheim, a primeira regra, e a mais fun- damental, é considerar os fatos sociais como coisas para serem analisadas. d) O estado normal da sociedade para Durkheim é o estado de anomia, quando todos os indivíduos exer- cem bem os fatos sociais. 2. (UEG) O objeto de estudo da Sociologia, para Durkheim, é o fato social, que deve ser tratado como “coisa” e o sociólogo deve afastar suas prenoções e preconceitos. A construção durkheimiana do objeto de estudo da Socio- logia pode ser considerada: a) positivista, pois se fundamenta na busca de objeti- vidade e neutralidade. b) dialética, pois reconhece a existência de uma reali- dade exterior ao pesquisador. c) kantiana, pois trata da “coisa em si” e realiza a coisificação da realidade. d) nietzschiana, pois coloca a “vontade de poder” como fundamento para a pesquisa. e) weberiana, pois aborda a ação social racional atri- buída por um sujeito. 3. (UFU) A tirinha de Quino abaixo ilustra a concepção de fato social, segundo Durkheim. Para o autor, é característica do fato social: a) ser geral e igual em todas as sociedades. b) dar liberdade ao indivíduo, em uma dada sociedade, de praticar ações e atitudes ligadas ao seu senso crítico. c) ser particular de cada indivíduo, sem interferência do grupo social no qual está inserido. d) exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior. 4. (UEL) Leia o texto a seguir. Sentir-se muito angustiado com a ideia de perder seu ce- lular ou de ser incapaz de ficar sem ele por mais de um dia é a origem da chamada “nomofobia”, contração de no mobile phobia, doença que afeta principalmente os viciados em redes sociais que não suportam ficar des- conectados. Uma parte da população acha que, se não estiver conectada, perde alguma coisa. E se perdemos al- guma coisa, ou se não podemos responder imediatamen- te, desenvolvemos formas de ansiedade ou nervosismo. o medo de não ter o celular à disposição cria nova Fobia. disponível em: <exame.abril.com.br/estilo-devida/comportamento/ noticias/o-medo-de-nao-ter-o-celular-adisposicao-cria- nova-Fobia>. acesso em: 9 abr. 2012 (adaptado). Com base no texto e nos conhecimentos sobre sociali- zação e instituições sociais, na perspectiva funcionalista de Durkheim, assinale a alternativa correta. a) A nomofobia reduz a possibilidade de anomia social na medida em queaproxima o contato em tempo real dos indivíduos, fortalecendo a integração com a vida social. b) As interações sociais via tecnologias digitais são uma forma de solidariedade mecânica, pois os indiví- duos uniformizam seus comportamentos. c) O que faz de uma rede social virtual uma instituição é o fato de exercer um poder coercitivo e ao mesmo tempo desejável sobre os indivíduos. d) O uso de interações sociais por recursos tecnológi- cos constitui um elemento moral a ser compreendido como fato social. e) Para a nomofobia ser considerada um fato social, faz-se necessário que esteja presente em uma diver- sidade de grupos sociais. 5. (Enem) A Sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e das sínteses filosóficas. Em vez de assumir a tarefa de lançar luz sobre uma parcela restrita do cam- po social, ela prefere buscar as brilhantes generalidades em que todas as questões são levantadas sem que ne- nhuma seja expressamente tratada. Não é com exames sumários e por meio de intuições rápidas que se pode chegar a descobrir as leis de uma realidade tão comple- xa. Sobretudo, generalizações às vezes tão amplas e tão apressadas não são suscetíveis de nenhum tipo de prova. durkheim, émile. o suicídio: estudo de sociologia. são paulo: martins Fontes, 2000. O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em cons- truir uma sociologia com base na a) vinculação com a filosofia como saber unificado. b) reunião de percepções intuitivas para demonstração. c) formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social. d) adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais. e) incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político. 16 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s 6. (UEL) O positivismo foi uma das grandes correntes de pensamento social, destacando-se, entre seus prin- cipais teóricos, Augusto Comte e Émile Durkheim. So- bre a concepção de conhecimento científico, presente no positivismo do século XIX, é correto afirmar: a) A busca de leis universais só pode ser empreendi- da no interior das ciências naturais, razão pela qual o conhecimento sobre o mundo dos homens não é cien- tífico. b) Os fatos sociais fogem à possibilidade de constitu- írem objeto do conhecimento científico, haja vista sua incompatibilidade com os princípios gerais de objetivi- dade do conhecimento e a neutralidade científica. c) Apreender a sociedade como um grande organis- mo, a exemplo do que fazia o materialismo histórico, é rejeitado como fonte de influência e orientação para as investigações empreendidas no âmbito das ciências sociais. d) A ciência social tem como função organizar e racio- nalizar a vida coletiva, o que demanda a necessidade de entender suas regras de funcionamento e suas ins- tituições forjadas historicamente. e) O papel do cientista social é intervir na construção do objeto, aportando à compreensão da sociedade os valores por ele assimilados durante o processo de so- cialização obtido no seio familiar. 7. (Unespar) Na produção sociológica do francês Émi- le Durkheim, fatos sociais são maneiras coletivas de agir, pensar e sentir que são exteriores ao indivíduo e exercem pressão ou coerção social, ainda que não se perceba, sobre sua consciência. Também apresentam a característica de serem gerais na extensão de uma so- ciedade, na medida em que são comuns à maioria dos indivíduos. Durkheim considera que os fatos sociais não se confundem com as manifestações das consci- ências individuais, eles são uma realidade sui generis, uma realidade peculiar. araujo, silva maria; bridi, maria aparecida; motim, benilde lenzi. sociologia. ensino médio, volume único. são paulo: scipione, 2013, p. 50. Considerando o pensamento sociológico de Durkheim e com base na assertiva acima, assinale a alternativa correta. a) Os fatos sociais se configuram como ideias, tipos ideias, que representam a realidade. b) Os fatos sociais se definem como coisas e objetos que advém da mente humana, mais precisamente, da ideia que o indivíduo formula da realidade. c) Os fatos sociais são coisas e por isso podem se defi- nir partir da consciência do indivíduo. d) Os fatos sociais se caracterizam como coisa e por isso devem atender às características de generalidade, de externalidade e de coercitividade. e) Fato social é o método utilizado por Durkheim para explicar os fenômenos sociais que, quase sempre, re- sultam de ideias e de crenças. 8. (Uece 2019) Durkheim afirmou que os acontecimentos sociais – como os crimes, os suicídios, a família, a escola, as leis – poderiam ser observados como coisas, pois as- sim seria mais fácil de estudá-los pela Sociologia. Esses fenômenos são por ele denominados de fatos sociais. Assinale a opção que apresenta corretamente caracte- rísticas do fato social. a) É subjetivo, aleatório e coercitivo. b) É individual, exterior e representa homogeneiza- ção social. c) É exterior ao indivíduo, tem poder de generalização e exerce coerção social. d) É coletivo, coercitivo e pessoal. 9. (Interbits) Brasil vive momento de "anomia", diz FHC O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acredita que o Brasil vive um "momento de anomia" - estado que se caracteriza pela ausência de regras - e que é preciso "botar ordem na casa". "Há falta de sentido de organização e autoridade. Em toda a parte”. Ques- tionado sobre o que faria se estivesse no lugar do presidente Michel Temer, FHC disse que "a essa altu- ra, estaria considerando o futuro do Brasil e pensando bem: será que eu tenho condições de governar?". Na sequência, o tucano foi perguntado quanto tempo le- varia para fazer essa reflexão. "Não muito. As coisas vão variar com muita velocidade, vão se mover com muita rapidez, eu acho. Sem julgar, mas em termos das condições do Brasil, estamos passando por um momen- to de... Vou falar em sociologuês, mas é simples... De anomia." nucci, joão paulo. brasil vive momento de ‘anomia’, diz Fhc. o estado de s.paulo. 22 mai. 2017. disponível em: <http:// politica.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-vive-momento-de- anomia-diz-Fhc,70001804232> acesso em 25 mai. 2017. Considerando o contexto político apresentado na notí- cia acima, assinale a alternativa que apresenta, de for- ma correta, uma interpretação sociológica do contexto brasileiro. a) O Brasil vive em uma anomia pela pobreza e des- nutrição de sua população. b) Ao utilizar o conceito de anomia, Fernando Henrique Cardoso faz referência a uma corrente de pensamento sociológico que tem origem no positivismo de Auguste Comte, que valoriza ideais como a ordem e o progresso. c) Fernando Henrique Cardoso é um ex-presidente do Bra- sil, do PSDB. Sua análise da política tem como objetivo evitar que Lula chegue ao poder nas próximas eleições. d) Há uma clara intenção do ex-presidente de criti- car o atual presidente, Michel Temer. Assim, Fernando Henrique demonstra que seu objeto é assumir o país através de eleições indiretas. e) Ao criticar a governabilidade de Michel Temer e defender o sentido de organização e autoridade, FHC demonstra que tem uma visão política baseada nas ideias de John Locke, ou seja, de que o homem é na- turalmente livre. 17 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s 10. A montagem acima faz uma sátira a respeito do uso do Facebook, uma das principais redes sociais da con- temporaneidade. Tendo em conta essa crítica, responda: a) O uso de redes sociais na internet pode ser consi- derado um fato social? Justifique sua resposta. b) A qual dos três aspectos do fato social a figura faz referência de forma mais marcante? Por quê? GAbArito 1. C 2. A 3. D 4. D 5. D 6. D 7. D 8. C 9. B 10. a) Sim. O uso de redes sociais como o Facebook tem se mostrado geral, coercitivo e exterior aos indivídu- os; uma vez que seu uso é cada vez mais intenso, as pessoas se sentem coagidas a participar dessas redes e isso independedo gosto delas por essa forma de comunicação. b) Ao caráter coercitivo. Uma vez fazendo parte dessa rede social, a pessoa encontra grandes dificuldades para deixar de utilizá-la. Isso está presente, na figura, pela ausência da porta de saída. 18 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s 1. O suicídio Em sua obra intitulada O suicídio, de 1897, Durkheim pre- tende provar que o suicídio é um fato social ocasionado pela coerção exterior e independente do indivíduo. Colocando em prática o seu método científico, unindo a observação e o processo empírico, o sociólogo francês bus- cou relacionar as taxas de suicídio em diversos países do Ocidente. Em sua conclusão, define esse fenômeno como um fato social. Construindo uma definição útil do suicídio, classifica-o em três tipos: § Egoísta: resultado da não integração dos indivíduos às instituições, grupos ou redes sociais que permeiam a vida social. Tem como causa fundamental o excesso de individualismo. Esse tipo de suicídio predomina nas sociedades modernas. § Altruísta: ato desencadeado pelo indivíduo tomado pela obediência coercitiva do coletivo. Um exemplo desse altruísmo são os terroristas, chamados “ho- mens/mulheres-bombas”, que, por uma ideologia, tiram as suas próprias vidas em prol de um ideal. § Anômico: ato que representa uma mudança abrupta em um contexto de desregramento social, em que se observa um aumento dos índices de suicídio. Pode ser motivado por uma crise social, como o desemprego ou por processos de transformações sociais, como a modernização, que substituiu o homem no mercado de trabalho. Fonte: Youtube O suicídio O vídeo aborda a temática do suicídio segundo a visão de Émile Durkheim. multimídia: vídeo 2. A divisão do trabalho social Durkheim, em sua tese de doutorado de 1893, chamada “Da divisão social do trabalho”, analisa as formas de coe- são social existentes nas diferentes sociedades. Sociologia Émile Durkheim. José Albertino Rodrigues (Org.). São Paulo: Ática, 1978. multimídia: livro SOCIOLOGIA CLÁSSICA: ÉMILE DURKHEIM II COMPETÊNCIA(s) 1, 2, 3, 4 e 5 HABILIDADE(s) 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 20, 22, 23, 24 e 25 CH AULA 3 19 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s A sociedade existe pela reprodução dos fatos sociais, transcendendo um consenso entre seus membros. Essa sociedade é constituída por duas formas de solidarieda- de, que distinguem dois tipos de sociedade. § Sociedades tradicionais: consolidadas pela solidariedade mecânica, esse tipo de solidariedade está presente em sociedades pré-capitalistas. A solidariedade mecânica seria o estágio em que o grupo tem total predomínio sobre o indivíduo e há uma forte semelhança entre todos os membros da sociedade: todos se identificam através da mesma religião, dos mesmos costumes, das tradições familiares, os quais são responsáveis pela coesão social. § Sociedades modernas ou contemporâneas: consoli- dadas pela solidariedade orgânica, as funções dos in- divíduos no grupo se tornam diferenciadas e eles se integram à sociedade porque um passa a depender do outro. Nesse tipo de sociedade, a divisão do trabalho é crescente. Exercer diferentes funções na sociedade, a partir da especialização, gera um novo tipo de solida- riedade, em que, por serem diferentes, um complemen- ta o outro, criando uma relação de interdependência e garantindo a coesão social. Fonte: Youtube Bicho de Sete Cabeças - Brasil: 2000 (80 min) O filme discute possibilidades e limites das instituições de socialização (religiosas, escolares e familiares), ins- tituições totais (manicômios, instituições carcerárias e hospitais), além da violação dos direitos humanos e construção da cidadania. multimídia: vídeo Solidariedade mecânica Solidariedade orgânica Sociedade simples Sociedade complexa Menor divisão do trabalho Com inúmeras formas de divisão do trabalho Seres iguais Seres diferentes Funções iguais Funções especializadas Consciência coletiva maior Consciência individual maior Coerção pela força e violência Coerção pelo controle formalizado Fonte: Youtube Senhor Cidadão - Tom Zé. 1972. Álbum: Tom Zé Nessa canção, Tom Zé aponta os fatos sociais que cons- tituíram a sociedade, utilizando-se de uma crítica. multimídia: música Uma disciplina só pode ser chamada ciência se tiver um campo definido a explorar. A ciência trata de coisas, re- alidades. Se não tiver um material definido a descrever e interpretar, existe um vácuo. Além da descrição e da interpretação da realidade, ela não pode ter função real. A aritmética trata de números; a geometria, de espaços e figuras; as ciências naturais, de corpos animados e ina- nimados; e a psicologia, da mente humana. Antes que a ciência social pudesse começar a existir, era preciso atribuir-lhe um assunto definido. À primeira vista, esse problema não apresenta dificuldade: o assunto da ciência social são as “coisas” sociais, ou seja, leis, costumes, religiões etc. Todavia, se olharmos para a história, percebemos que, até bem recentemente, nenhum filósofo jamais encarara esses assuntos sob essa luz. émile durkheim montesQuieu e rousseau: pioneiros da sociologia. são paulo: madras, 2008, p. 17 20 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s DIAGRAMA DE IDEIAS SOCIEDADES TRADICIONAIS VALORES SEMELHANTES MENOR DIVISÃO DO TRABALHO VALORES DIFERENTES MAIOR DIVISÃO DO TRABALHO FRUTO DE REPRODUÇÃO DOS FATOS SOCIAIS SOCIEDADES MODERNAS DURKHEIM DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL SUICÍDIO • EGOÍSTA • ALTRUÍSTA • ANÔMICO 21 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s AplicAndo pArA Aprender (A.P.A.) 1. (UPE-SSA 3) Leia o texto a seguir: O saber da comunidade, aquilo que todos conhecem de algum modo; o saber próprio dos homens e das mulhe- res, de crianças, adolescentes, jovens, adultos e velhos; o saber de guerreiros e esposas; o saber que faz o artesão, o sacerdote, o feiticeiro, o navegador e outros tantos es- pecialistas, envolve, portanto, situações pedagógicas in- terpessoais, familiares e comunitárias, em que ainda não surgiram técnicas pedagógicas escolares, acompanhadas de seus profissionais de aplicação exclusiva. brandão, carlos rodrigues. o Que é educação? são paulo: brasiliense, 2007, p. 20. O tema discutido no texto é uma preocupação nos es- tudos da Sociologia desde a sua consolidação como ciência. Nos trabalhos de Émile Durkheim, esse tema ganhou um destaque por considerar uma forma de in- tegração dos indivíduos e de perpetuação dos hábitos e costumes do grupo, ou seja, dos fatos sociais. Sobre isso, assinale a alternativa que NÃO indica uma característica do tipo de transmissão do conhecimento. a) A aprendizagem acontece sem que haja um planeja- mento específico e, muitas vezes, sem que os sujeitos se deem conta. b) O processo de construção do conhecimento é perma- nente, contínuo e não previamente organizado, desen- volvendo-se ao longo da vida. c) O conhecimento transmitido permite ao sujeito resol- ver situações referentes aos processos de socialização e àqueles relacionados às imposições da natureza para sobrevivência do grupo. d) A percepção gestual, a moral e a comportamental, provenientes de meios familiares de amizade, de traba- lho e de socialização midiática, fazem parte do rol de aprendizagens e conhecimentos. e) O conhecimento e a habilidade são transmitidos por meio de um currículo pré-definido em ambientes espe- cializados, num processo conhecido como escolarização. 2. (UFU) A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba alerta pais e responsáveis por crianças e adolescentes e os profissionais da educação e saúde em relação ao “jogo” Baleia Azul, que propõe 50 desafios aos partici- pantes e sugere o suicídio como última etapa. disponível em: <WWW.tribunapr.com.br/noticias/curitiba-regiao/jogo-baleia-azul-deixa-curitiba-em-alerta-oito-ja- brincaram-com-morte/>. acesso em: 22 abr. 2017. Esse foi um dos alertas, nos últimos meses, relacionados ao “jogo Baleia Azul” e à possibilidade de suicídios de adolescentes (13 a 17 anos) ligadas a ele. Pode-se reali- zar uma relação desses possíveis suicídios com os tipos de suicídios de Durkheim, pois, para esse pensador, os indivíduos são determinados pela realidade coletiva. Assim, o suicídio gerado pelo “jogo” seria classificado como: a) suicídio egoísta. b) suicídio anômico. c) suicídio etnocêntrico. d) suicídio cultural. 3. (Unioeste) “Solidariedade orgânica” e “solidarieda- de mecânica” são conceitos propostos pelo sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) para explicar a “coesão social” em diferentes tipos de sociedade. De acordo com as teses desse estudioso, nas sociedades ocidentais modernas, prevalece a “solidariedade orgâ- nica”, onde os indivíduos se percebem diferentes em- bora dependentes uns dos outros. A lógica do mercado capitalista, entretanto, baseada na competição indivi- dualista em busca do lucro, pode corromper os vínculos de solidariedade que asseguram a coesão social e con- duzir a uma situação de “anomia”. De acordo com os postulados de Durkheim, é correto dizer que o conceito de “anomia” indica: a) a necessidade de todos demonstrarem solidarieda- de com os mais necessitados. b) uma situação na qual aqueles indivíduos porta- dores de um senso moral superior devem se colocar como líderes dos grupos dos quais fazem parte. c) a condição na qual os indivíduos não se identificam como membros de um grupo que compartilha as mes- mas regras e normas e têm dificuldades para distinguir, por exemplo, o certo do errado e o justo do injusto. d) o consumismo exacerbado das novas gerações, representado pelo aumento do número de shopping centers nas cidades. e) a solidariedade que as pessoas demonstram quan- do entoam cantos nacionalistas e patrióticos em manifestações públicas como os jogos das seleções nacionais de futebol. 4. (UEL) A cidade desempenha papel fundamental no pensamento de Émile Durkheim, tanto por exprimir o desenvolvimento das formas de integração quanto por intensificar a divisão do trabalho social a ela ligada. Com base nos conhecimentos acerca da divisão de tra- balho social nesse autor, assinale a alternativa correta. a) A crescente divisão do trabalho com o intercâmbio livre de funções no espaço urbano torna obsoleta a presença de instituições. b) A solidariedade orgânica é compatível com a so- ciedade de classes, pois a vida social necessita de trabalhos diferenciados. c) Ao criar seres indiferenciados socialmente, o “ho- mem massa”, as cidades recriam a solidariedade me- cânica em detrimento da solidariedade orgânica. 22 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s d) O efeito principal da divisão do trabalho é o au- mento da desintegração social em razão de trabalhos parcelares e independentes. e) O equilíbrio e a coesão social produzidos pela cres- cente divisão do trabalho decorrem das vontades e das consciências individuais. 5. (Unimontes) Segundo o sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917), a consciência coletiva corres- ponde ao conjunto das crenças e dos sentimentos co- muns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado que possui dinâ- mica própria. Ou seja, existem certos padrões morais estabelecidos pela sociedade aos quais as pessoas de- vem obedecer, como deveres por ela impostos, cuja natureza obrigatória da moral caminha conjuntamen- te à manifestação voluntária da vontade de segui-la. Considerando as reflexões do autor sobre esse tema, analise as afirmativas a seguir: I. A consciência coletiva produz um mundo de sentimen- tos, de ideias, de imagens e independe da maneira pela qual cada um dos membros dessa sociedade venha a manifestá-la, porque tem uma realidade própria. II. A consciência coletiva recobre todas as áreas de distin- tas dimensões na consciência das pessoas, independen- temente de que esteja inserido numa sociedade simples ou mesmo uma sociedade complexa. III. Quanto mais simples é a sociedade mais extensa é a consciência coletiva, maior é a coesão entre os parti- cipantes da sociedade, o que faz com que todos se as- semelhem e, por isso, os membros do grupo sintam-se atraídos pelas similitudes uns com os outros. IV. Na sociedade complexa, o ideal moral é imutável, e uma vez que ele surge, impossibilita a sua modificação e evolução, por mais que se modifiquem as condições de vida social. Estão CORRETAS as afirmativas a) I, II e IV, apenas. b) I, II e III, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) I, III e IV, apenas. 6. (Unicentro) As análises sociológicas de Émile Durkheim, ao mesmo tempo que demonstram a intenção em eman- cipar a sociologia das outras ciências, indicam a pre- ocupação com as crises e problemas de sua época, ou o que esse autor denominou de estado de anomia da sociedade industrial. Em sua obra As regras do método sociológico, Durkheim estabelece o método e o objeto de estudo da Sociologia. O domínio de toda a ciência deve corresponder ao universo empírico e se preocupar apenas com essa realidade, ou seja, o estudo metódico que conduz ao estabelecimento de leis explicativas dos fenômenos. A Sociologia seria uma ciência no meio de outras ciências positivas. rodrigues, j.a. (org.). émile durkheim: sociologia. são paulo: ática, 1978, p. 19-21; martins, c.b. o Que é sociologia. são paulo: brasiliense, 1982, p. 50-51. Com base no texto e nos conhecimentos sociológicos de Durkheim sobre o estado de anomia da sociedade industrial, assinale a alternativa correta. a) Para Durkheim, a situação de anomia das sociedades industriais tem como explicação os programas de mudan- ça na distribuição de riquezas esboçados pelos socialistas. b) Segundo Durkheim, o estado de anomia da socie- dade industrial moderna tem como origem a reprodu- ção das crises do estágio anterior de desenvolvimen- to da sociedade. c) As análises de Durkheim demonstram que os anta- gonismos entre as classes são os fatores determinan- tes da anomia, dos problemas e das crises da moder- na sociedade industrial. d) Durkheim demonstra que a raiz da anomia, dos pro- blemas e das crises da sociedade industrial é a fragilida- de dos valores morais e o relaxamento dos laços sociais. e) Durkheim define que o aumento da produtividade é o aspecto determinante para explicar a anomia em que a sociedade industrial de sua época se encontrava. 7. (UFU) Durkheim caracteriza o suicídio – até então considerado objeto de estudo da epidemiologia, da psi- cologia e da psiquiatria – como fato social e, por isso, dotado das características da coercitividade, da exte- rioridade, da generalidade. É tomado, pois, como objeto de estudo sociológico, em virtude do fato de: a) variar na razão inversa ao grau de integração dos gru- pos sociais de que faz parte o indivíduo, ou seja, quanto maior o grau de integração ao grupo social, mais eleva- da é a taxa de mortalidade – suicídio da sociedade. b) ser possível observar uma certa predisposição so- cial para fornecer determinado número de suicidas, ou seja, uma tendência constante, marcada pela per- manência, a despeito de variações circunstanciais. c) configurar-se como uma morte que resulta direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente de um ato executado pela própria vítima. d) depender, exclusivamente, do temperamento do suicida, de seu caráter, de seu histórico familiar, de sua biografia, uma vez que não deixa de ser um ato do próprio indivíduo. 8. (UFPR) Normalmente, quando se fala de socialização, se pensa no processo de interiorização de normas e de comportamentos sociais pela criança. Durkheim afirma que a socialização primária da criança, que ocorre nos primeiros anos de vida, é de responsabilidade da família, e a socialização secundária se faz em instituições como a igrejae a escola. Considerando que vivemos no século XXI, que outras instituições participam hoje da socializa- ção da criança? Cite duas e justifique sua escolha. 9. (UFU) A industrialização e o surgimento concomitan- te de grandes centros urbanos com seus aglomerados populacionais e um crescente processo de individuali- zação constituíram temas recorrentes na investigação sociológica clássica. Discorra a respeito da relação en- tre os processos de urbanização e individuação, a partir da abordagem sociológica de Émile Durkheim 23 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s GAbArito 1. E 2. A 3. C 4. B 5. B 6. D 7. B 8. As instituições que participam da sociabilização das crianças são a família, a escola e a igreja. Além disso, como o primeiro exemplo, tem-se a influência que os meios de comunicação de massa exercem na formação das crianças. A entrada da mulher no mercado de trabalho também é um exemplo, pois não permi- te que a mulher esteja custodiando integralmente a educação de seus filhos, deixando para a creche ou para a TV a responsabili- dade dos cuidados com as crianças. 9. Segundo Durkheim, o processo de individuação, mediante o qual a consciência individual tende a se sobrepor à consciência coletiva, de modo que as regras de comportamento passem a se basear cada vez mais em interesses particulares, constitui carac- terística marcante dos meios urbanos das sociedades modernas. O suicídio egoísta é o tipo de suicídio característico desse tipo de sociabilidade, definindo‐o como aquele “que resulta de uma individuação excessiva”, levando a um enfraquecimento da so- ciedade nos indivíduos, portanto, à falta de “uma razão para su- portarem com paciência as misérias da existência”. Não se sabe mais "o que é possível e o que não é, o que é justo e injusto, quais são as reivindicações e as aspirações legítimas, quais são aquelas que passam da medida". Tal estado de desregramento ou anomia é acompanhado de um surto de paixões indisciplina- das e ímpetos incontrolados e, desse modo, também de aumento na curva de suicídios. 24 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s 1. Max Weber (1864-1920) Maximilian Karl Emil Weber nasceu em 1864, na Ale- manha. Sua formação é multidisciplinar, tendo realizado estudos em Direito, Filosofia, Sociologia e História. Teve participação política significativa, participando da comis- são autora da Constituição de Weimar. Suas obras mais importantes são aquelas que relacionam formações po- líticas a crenças religiosas, como A ética protestante e o espírito do capitalismo. Weber morre em 1920, vítima de uma pneumonia. Weber contribuiu para a consolidação da ciência socioló- gica, analisando os processos do capitalismo na sociedade contemporânea. Grande parte de seus estudos se preocu- pou com o capitalismo e seu processo racionalizado. Seus trabalhos desenvolveram descobertas do papel da subjeti- vidade na ação e na pesquisa social, acreditando que não existe uma lei preexistente que regule o desenvolvimento da sociedade. Fonte: Youtube Na íntegra - Max Weber 1/2 multimídia: vídeo Fonte: Youtube Na íntegra - Max Weber 2/2 Entrevista com Gabriel Cohn, professor da faculdade de Ciências Sociais da USP. Discutindo os conceitos da so- ciologia weberiana. multimídia: vídeo 1.1. Ação social A primeira grande contribuição de Weber é a quebra dos pressupostos positivistas por meio de uma forte crítica e, também, pelo desenvolvimento de um novo método. En- quanto para Comte e Durkheim prevalecia o primado do objeto, para Weber o caminho da Sociologia é o primado do sujeito: o indivíduo é elemento fundamental na expli- cação da realidade social. Dessa maneira, Weber inaugura um novo caminho de interpretação da realidade social: a Teoria Sociológica Compreensiva. Segundo Weber, a Sociologia é uma ciência que pretende compreender a ação social. Para o sociólogo, essa ação so- cial seria a conduta humana dotada de sentido, um com- portamento planejado, uma atuação direcionada a outros na sociedade. Toda ação social segue certos requisitos: § o ser lhe dá um sentido; § esse sentido se remete ao outro. A grande inovação de Weber em sua interpretação da re- alidade é dotar o indivíduo de significado e especificidade, dando sentido à sua ação social e estabelecendo conexões entre os motivos de sua ação, o ato propriamente dito e suas consequências. SOCIOLOGIA CLÁSSICA: MAX WEBER COMPETÊNCIA(s) 1, 2, 3, 4 e 5 HABILIDADE(s) 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 20, 22, 23, 24 e 25 CH AULA 4 25 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s A ação social pode se encaixar em quatro tipos: Ação afetiva Determinada por sentimentos Ação tradicional Determinada por costumes ou hábitos Ação racional com relação a valores Ações guiadas por certas convicções (morais, religiosas, políticas, estéticas, etc.) Ação racional com relação a fins Determinada pelos fins que perseguem, predominantemente na vida econômica Segundo Weber, a Sociologia precisa desenvolver procedi- mentos de investigação que permitam verificar os valores e as motivações que condicionam as ações humanas. Com isso, a pesquisa histórica é essencial para a compreensão das sociedades. 1.2. A ética protestante e o espírito do capitalismo Weber empreendeu análises comparativas entre as religiões com o objetivo de compreender as razões do desenvolvi- mento do capitalismo europeu. Diante de seus estudos, ele concluiu que o mundo oriental não oferecia condições para esse tipo de organização econômica, pois pregava valores de harmonia, enquanto as religiões cristãs incentivavam o trabalho e a competição. No seu estudo sobre modernidade, Weber procura enten- der a relação que existe entre o protestantismo e a mo- derna conduta econômica capitalista. No protestantismo é possível encontrar uma visão ascética com a valorização religiosa do trabalho como uma tarefa ordenada por Deus. Essa ética vocacional do trabalho acabou dando suporte para um comportamento indispensável para a origem da conduta de vida capitalista: a busca ordenada do lucro através do trabalho metódico e racional. Para Weber, a ética protestante contribuiu para o desenvol- vimento do capitalismo. Como exemplo, são citadas as má- ximas de Benjamin Franklin: “Lembra-te de que tempo é di- nheiro; lembra-te de que crédito é dinheiro; lembra-te de que dinheiro gera mais dinheiro; lembra-te de que o bom pagador é senhor da bolsa alheia; guarda-te de pensar que tudo o que possuis é propriedade tua e de viver como se fosse; por seis libras por ano podes fazer uso de cem libras, contanto que sejas reconhecido como um homem prudente e honesto.” Outra questão abordada por Weber nessa obra é que o protestantismo e a doutrina da predestinação represen- tam o ponto final do processo de desencantamento do mundo. No processo de desencantamento do mundo, o homem deixa de acreditar que o mundo é povoado por forças divinas e impessoais. A eliminação da magia começa no judaísmo antigo até chegar ao protestantismo ascético, completando-se com o surgimento da ciência. Através do saber racional, o homem “des-diviniza” a natureza, vista agora como um mecanismo causal carente de sentido e que pode ser controlada pela técnica. A ética protestante e o espírito do capitalismo. WEBER, Max. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. multimídia: livro 1.3. Política, poder e dominação Weber define política como o conjunto dos esforços feitos com vistas a participar do poder ou influenciar a divisão do poder. Já o poder seria a capacidade de impor a pró- pria vontade dentro de uma relação social. Dominação significa a probabilidade de encontrar obediência a um determinado mandato. Weber define o Estado como uma comunidade humana que, dentro dos limites de um determinado território, rei- vindica o monopólio legítimo
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