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1 Base molecular da ação da histamina e seus receptores Dr. Álef Lamark ANTI-HISTAMÍNICOS – DA MOLÉCULA AO USO CLÍNICO INTRODUÇÃO: BASE MOLECULAR DA AÇÃO DA HISTAMINA E RECEPTORES DE HISTAMINA Após alguns minutos de uma ingestão de histamina, ocorre eritema, edema e eritema reflexo. Várias células produzem histamina. Alimentos ricos em histamina: beringela, espinafre, presunto, mortadela, salame, peixes e frutos do mar, queijos e bebidas alcoólicas (principalmente champanhe). 2 Base molecular da ação da histamina e seus receptores Dr. Álef Lamark Alimentos que estimulam liberação de histamina: mamão papaya, morango, nutz (amêndoas, avelã, pistache, nozes), chocolate e frutas cítricas. Alimentos que competem com a diaminoxidase (DAO) (reduzindo a conversão de histamina, tendo assim mais histamina): salsicha, peixes e repolho. DEGRANULAÇÃO DE MASTÓCITOS Tipo 1: Ag-IgE. Tipo II e III: Ag-IgG, Ag-IgM, sistema de complemento (C3a e C5a). Tipo IV: citocinas (IL-3 e IL-5). Não imunológicas: drogas, alimentos e fatores mecânicos e físicos. Hipersensibilidade do tipo 1: fase de sensibilização e fase de provocação. Fase de sensibilização: indivíduo entra em contato com o alérgeno pela primeira vez, ele penetrará no organismo, será capturado pela célula apresentadora de antígeno, ela será processada e apresentada junto do MHC de classe II ao linfócito Th0 no linfonodo regional. Sob ação da IL-33, 25 e da linfopoetina do estroma tímico (TSLP), temos a diferenciação do linfócito Th0 em Th2, este último libera Th4 e IL-13 que estimula os linfócitos B a produzir IgE que se fixa na parede dos mastócitos dos receptores de alta afinidade. A fase de provocação: o mastócito já está sensibilizado (tem IgE na parede), aí quando o alérgeno penetra no organismo, ele não precisa se apresentar novamente, ele já se fixa na IgE que está fixada na parede do mastócito, com isso, o mastócito degranula e libera mediadores pré-formados (histamina) e neo-formados (prostaglandinas -PGD2-, leucotrienos -LTC4-, e fator ativados plaquetário -PAF). 3 Base molecular da ação da histamina e seus receptores Dr. Álef Lamark A hipersensibilidade do tipo I tem a fase imediata e a tardia, logo, o paciente não precisa ter novo contato para manifestar sintomas e a fase tardia é mais duradoura que a imediata. Na fase tardia a principal célula inflamatória é o eosinófilo que chegando no local libera proteínas importantes (proteína catiônica eosinofílica, neurotoxina derivada do eosinófilo) que leva a uma inflamação crônica. O paciente com rinite alérgica deve fazer o controle ambiental para o ácaro independente de ter ou não IgE, pois, essa substância pode provocar degranulação de mastócitos e sintomas independente de alergia. Receptor de protease PAR2 (estimulado pelo ácaro, exemplo o Der p 1). O anti-histamínico é um agonista inverso: ligante capaz de reduzir atividade constitutiva da proteína G (GPCR). Agonista neutro: ligantes que não alteram a atividade basal do GPCR, mas interferem na ligação dos agonistas. 4 Base molecular da ação da histamina e seus receptores Dr. Álef Lamark Temos receptores ativos e inativos, a histamina tende a ocupar os receptores ativos e os anti-histamínicos a forma inativa, havendo o equilíbrio, há melhora dos sintomas. 5 Base molecular da ação da histamina e seus receptores Dr. Álef Lamark O HR1 está mais relacionado a atopia. A histamina fica principalmente em mastócitos, eosinófilos e basófilos, sendo liberada quando há estímulo (dano tecidual direto – inflamação, reações alérgica IgE mediadas ou ativação direta de receptores – receptores MRGPRX2 ou opioides). Receptores e função “prática”: H1 (inflamação alérgica), H2 (regulação gástrica), H3 (neurotransmissão) e H4 (imunomodulação). Anti-H1: clássicos (sedantes) e de 2º geração (não sedantes). Anti-H2: ranitidina e cimetidina. Anti-H3: pitolisante, thioperamide. Anti-H4: estudos em animais – modulação do prurido e da resposta inflamatória. O efeito do anti-histamínico é melhor em algumas situações caso usado de forma contínua. 6 Base molecular da ação da histamina e seus receptores Dr. Álef Lamark Os clássicos são lipossolúveis, logo atravessam a barreira hematoencefálica SÍTIOS DE LIGAÇÃO “OFF TARGET” Podem causar efeitos não desejáveis em outros receptores além dos histamínicos. Anti-H1 2ª geração: metabolismo hepático p450 (CYP3A4): todos, exceto bilastina, cetirizina, levocetirizina, fexofenadina; interação com cetoconazol, itraconazol e eritromicina. Existem evidências de uso de anti-histamínico de 2ª geração em dose quadruplicada por tempo prolongado com uma boa segurança. O uso dos anti-histamínicos de 1ª geração hoje está basicamente restrito ao uso de cinetose e prurido crônico (exceto em crianças). 7 Base molecular da ação da histamina e seus receptores Dr. Álef Lamark Dentre os eventos adversos que um anti-histamínico de 1ª geração pode causar, estão: sedação e efeitos anticolinérgicos, aumento do risco de quedas, aumento do intervalo QT e risco de arritmias (inclusive fatais), maior risco de interação medicamentosa (especialmente medicamentos que inibem o citocromo P450), associação com delirium e demência. Cardiopatas: aumento do intervalo QT. Tomar cuidado com: ebastina, loratadina, difenidramina e hidroxizina. As demais medicações são mais seguras. 8 Base molecular da ação da histamina e seus receptores Dr. Álef Lamark Alguns medicamentos são ajustados por dose e outros por tempo (ex: uso a cada 2 dias). Embora não seja indicação formal em consenso, como pode se fazer dose quadruplicada de anti-histamínico para urticária, alguns médicos fazem para rinite e prurido. RINITE ALÉRGICA Anti-histamínico de 2ª geração tanto na intermitente como na persistente. Não há recomendação para rinossinusite crônica com ou sem polipose. CONJUNTIVITE ALÉRGICA Preferência para colírio: azelastina, olopatadina, alcaftadina e levocabastina. Uso sistêmico se associado a rinite: rinoconjuntivite alérgica intermitente e persistente. Evitar uso da ceratoconjuntivite seca (potenciais efeitos muscarínicos e anormalidade na produção de lágrimas). URTICÁRIA Doses maiores 2x até 4x (off-label). Uso de anti-H1 único é superior ao uso combinado. Evidência fraca de doxepina como terapia alternativa. 9 Base molecular da ação da histamina e seus receptores Dr. Álef Lamark DERMATITE ATÓPICA Evidência fraca. Estudos sugerem benefício como terapia adicional, principalmente no paciente com muito prurido. Potencial de uso nos antagonistas rH4. ANAFILAXIA Evidência fraca, porém há recomendação de consenso, principalmente ouso endovenoso, pelo início de ação. Reduz a urticária e o prurido, mas não altera a fisiopatologia da anafilaxia. OUTRAS INDICAÇÕES Asma: sem benefício; útil se associada a rinite alérgica. Cinetose: meclizina e dimenidrato. Antitussígeno: evidência fraca. Prurido: evidência fraca. Mastocitose/flushing: evidência baseada em estudos retrospectivos. Insônia: doxepina. Cefaleia/Ansiedade/Vertigem: evidência fraca para anti-histamínicos clássicos. A levocetirizina é a medicação que bloqueia mais rapidamente a formação de pápula. Mas, há outras que também agem rapidamente, como a cetirizina e a bilastina. 10 Base molecular da ação da histamina e seus receptores Dr. Álef Lamark Cautela ao quadruplicar dose das medicações a seguir: potencial de sonolência e tontura: levocetirizina (6%), rupatadina (10%), cetirizina (8,5%), loratadina (6,6%). AFINAL, QUAL USAR? Baixo custo: loratadina, desloratadina, cetirizina. Idoso, polifarmácia, múltiplas comorbidades: bilastina. Crianças: fexofenadina e desloratadina. Gestante/Lactante: cetirizina,loratadina. Uso parenteral: difenidramina (IM/IV) ou prometazina (IM). De maneira geral, todos os anti-histamínicos são eficazes por via oral. REFERÊNCIAS Curso presente na plataforma Universidade ASBAI. Nome do curso: anti-histamínicos – da molécula ao uso clínico.
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