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Antropologia, saúde e a ação da Terapia Ocupacional A antropologia é a ciência que estuda sobre o ser humano e a humanidade abrangendo todas as suas dimensões. Dessa forma, ela pode ser aplicada aos estudos das práticas de manutenção e recuperação da saúde em diferentes culturas ou etnias. No Brasil, traz muitas contribuições e novos olhares sobre representações e práticas em saúde/doença, visando não só o cuidado em saúde, como a adesão de usuários ao tratamento e as relações estabelecidas entre os profissionais de saúde e usuários. Por conta disso, a antropologia contribui de forma teórica e metodológica para uma melhor compreensão acerca da influência dos fatores culturais nas dinâmicas sociais e em como isso condiciona as práticas em saúde, tendo como objetivo entender como os costumes, hábitos e os saberes populares de diferentes grupos populacionais estão associados à busca pela cura e à concepção de saúde. Assim, a antropologia serve como uma ferramenta para análise do processo saúde-doença, sendo a cultura um objeto de estudo que permeia as ações de saúde. No Brasil, segundo Canesqui (1998), estudos antropológicos produzidos, na década de 80, revelaram aspectos importantes sobre alimentação, saúde, doença, que afligem principalmente as classes trabalhadoras ou outras minorias. De tal forma, os estudos realizados nessa época buscavam compreender os distintos saberes sobre o adoecimento e as práticas em cura empregadas na época em diferentes regiões e povos existentes no Brasil. Tais compreensões são fundamentais para humanizar as práticas em saúde, pois considerar outros saberes e práticas, distancia tal prática do modelo biomédico, que reduz o indivíduo à sua patologia, sem considerar os demais aspectos envolvidos no seu processo de adoecimento. No mais, os conhecimentos do campo da antropologia em saúde na prática profissional, também traz grandes contribuições para se repensar em formulação de políticas públicas e planejamento dos serviços de saúde, por meio de reflexões acerca das práticas profissionais até então estabelecidas, e, na concepção do processo saúde/doença e como isso influencia no cuidado e assistência em saúde oferecidas à população. Por fim, a contribuição que essa área do conhecimento fez para os estudos no campo da saúde está também atrelada a desconstrução de verdades que são tidas como absolutas dentro de um contexto cultural e sócio histórico específico que pode ser alterado a partir de novas descobertas ou de uma mudança nessa dinâmica social. No texto de Langdon e Wiik (2010), eles apresentam como exemplo a cultura ocidental que considera como inquestionável o saber médico ao passo que desconsidera outros saberes acerca do tema saúde como o saber popular ou o conhecimento de comunidades tradicionais. Dessa forma, ao repensar a ação na terapeuta ocupacional utilizamos dois conceitos fundamentais que são caros à antropologia: o de cultura e o de alteridade. O terapeuta ocupacional social trabalha com base na interpretação da demanda que é simultaneamente individual e coletiva. A interpretação é seguida de sua problematização, do estudo do contexto e da elaboração de projeto que envolve negociação constante. É nesse sentido que as noções de cidadania e de produção de identidades são guias da interpretação e da formulação de projetos de intervenção. A terapia ocupacional pode contribuir para o equacionamento de questões que se impõem pelas desigualdades e contradições sociais e confrontos culturais. Exige-se, então, do terapeuta ocupacional a capacidade de constituir intervenções coerentes com as culturas locais específicas, fato que determina uma ruptura com ações moduladas por procedimentos técnicos pré-estabelecidos. Referências: LANGDON, Esther Jean e WIIK, Flávio Braune. Anthropology, health and illness: an introduction to the concept of culture applied to the health sciences. Revista Latino-Americana de Enfermagem [online]. 2010, v. 18, n. 3 [Acessado 22 Setembro 2021] , pp. 459-466. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-11692010000300023>. Epub 11 Ago 2010. ISSN 1518-8345. https://doi.org/10.1590/S0104-11692010000300023. SANTOS, Alessandra Carla Baia dos et al . Antropologia da saúde e da doença: contribuições para a construção de novas práticas em saúde. Rev. NUFEN, São Paulo , v. 4, n. 2, p. 11-21, dez. 2012 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-25912012000200003&l ng=pt&nrm=iso>. Acesso em 21 set. 2021. BARROS, Denise Dias. Terapia ocupacional social: o caminho se faz ao caminhar. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 15, n. 3, p. 90-97, 2004. Disponível em <https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/13945>. Acesso em 21 set. 2021. https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/13945
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