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Tubercul�s� A tuberculose (TB) é uma doença infecto-contagiosa, crônica, granulomatosa e necrosante causada pelo bacilo álcool-ácido-resistente(BAAR) Mycobacterium tuberculosis ou por qualquer patógeno do complexo: → Mycobacterium bovis, Mycobacterium africanum, Mycobacterium canetti, Mycobacterium pinnipedi, Mycobaxterium microti e Mycobacterium caprae. No entanto, o patógeno principal é o M. tucerbulosis, também chamado de Bacilo de Koch (BK). A forma mais comum da doença é a forma pulmonar, mas acometimentos extrapulmonares também são frequentes e dignos de atenção da saúde pública, como as formas pleural, ganglionar, miliar, osteomuscular, etc. Epidemiologi� d� Tubercul�� A tuberculose segue como uma das principais ameaças à saúde pública mundial. Em 2015, cerca de 10,4 milhões de pessoas desenvolveram tuberculose, 580 mil delas na sua forma multirresistente ou resistente à rifampicina, com 1,4 milhão de mortes. O Brasil está entre os 30 países de alta carga para TB e TB-HIV considerados prioritários para o controle da tuberculose globalmente. Foram 72 mil casos notificados em 2017, e a incidência variou de 10 a 74,7 casos por 100 mil habitantes entre as unidades federais, com um coeficiente de mortalidade de 2,2 mortes por 100 mil habitantes. Não há uma epidemia de tuberculose no Brasil, mas concentrações dos casos da doença. Pessoas vivendo com HIV, em situações de rua e privadas de liberdade, população indígena, pessoas vivendo em aglomerados ou em situação de pobreza são as mais acometidas pela doença no país. Agent� Etiológic� � Transmissã� O M. tuberculosis é fino e ligeiramente curvo. É um bacilo álcool-ácido-resistente, ou seja, retêm coloração mesmo com mistura de álcool e ácido, aeróbio, com parede celular rica em lipídios (como o ácido micólico), sua parede celular diminui sua permeabilidade aos antibióticos e aumenta sua sobrevivência no interior de macrófagos, o que dificulta sua eliminação. É transmitido por via aérea de uma pessoa “bacilífera” com TB pulmonar ou laríngea, que elimina bacilos no ambiente e estes podem ficar suspensos em pequenas partículas no ar. O termo “bacilífero” se refere a uma pessoa com TB pulmonar ou laríngea e com amostra positiva no exame de escarro. Essa transmissão ocorre por via respiratória, por meio da inalação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro. As partículas menores de bacilos (núcleos de Wells) contêm um a dois bacilos que podem ficar suspensas no ar por horas, capazes de infectar outros indivíduos. É por isso que, embora a tuberculose possa se apresentar de diversas formas, a forma pulmonar tem maior relevância no contexto epidemiológico, por ser a que mais frequentemente torna o paciente capaz de transmitir o bacilo. A pessoa bacilífera pode infectar até 10 a 15 pessoas, em média, de uma comunidade, no período de um ano. Após o início do tratamento, a transmissão cai gradualmente, tornando-se muito baixa após cerca de quinze dias, tornando importante a boa adesão e o acompanhamento por baciloscopia de controle. �siopatologi� d� Tubercul�� Inicialmente, o M. tuberculosis infecta o organismo e entra nos macrófagos pela fagocitose. A partir daí, ele inibe a maturação do fagossomo e a formação do fagolisossoma, permitindo sua multiplicação dentro desta célula incontroladamente, protegida da ação dos lisossomos. Logo, a infecção primária ocorre ao primeiro contato com o bacilo de Koch, havendo uma reação do sistema imunológico do indivíduo, particularmente por meio da fagocitose, como forma de controlar a infecção. No entanto, a bactéria é extremamente resistente ao fagossomo e inibe sua maturação, impedindo sua destruição e ficando em sua forma latente. Assim, durante essa infecção primária, ocorre grande disseminação do bacilo pelo corpo de forma oculta. A infecção pelo M. tuberculosis cursa em etapas, desde a infecção inicial, com ataque aos macrófagos, à ativação de células Th1. Essas células T tanto controlam a infecção ao hospedeiro, como também são causa do dano causado pela doença, gerando granuloma e cavitação. Há então posterior ativação dos receptores da imunidade inata, iniciando e aumentando este tipo de resposta ao bacilo. Uma resposta Th1 é montada após 3 semanas, e essa resposta Th1 irá produzir o IFN-gama. Este, por sua vez, através de um conjunto de processos, estimula a destruição do macrófago infectado, destruindo organelas danificadas e patógenos intracelulares, como o M. tuberculosis. Porém, essa mesma resposta Th1 que estimula os macrófagos e destrói micobactérias, gera a formação de granuloma e necrose caseosa. Estes macrófagos, incentivados pelo IFN-gama, se diferenciam em “histiócitos epitelioides”, que se agregam a formam granulomas. Tratament� d� Tubercul�� Latent� O diagnóstico de tuberculose latente é feito através da positividade do teste tuberculínico (TT) junto com a exclusão de tuberculose ativa (isto é, assintomáticos e com radiografia de tórax normal). Entretanto, a indicação de tratar os pacientes com TB latente depende da sua epidemiologia, idade e do risco de adoecimento. O tratamento deve ser feito com Isoniazida na dose de 5-10mg/kg de peso (dose máxima 300mg/dia) por 6 meses. Tratament� Indicado para casos novos em adultos e adolescentes (> 10 anos), de todas as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (exceto a forma meningoencefálica), infectados ou não por HIV: ● Fase intensiva: Rifampicina (R) + Isoniazida (H) + Pirazinamida (Z) + Etambutol (E) durante 2 meses (2 RHZE). ● Fase de manutenção: Rifampicina + Isoniazida durante 4 meses (4 RH). Considera-se que após 15 dias de tratamento, o paciente deixe de transmitir a doença se houver melhora clínica. Entretanto, é recomendado que se observe a negativação da baciloscopia para retirar as precauções de contágio. Indicado para casos novos em crianças < 10 anos, de todas as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (exceto a forma meningoencefálica), infectados ou não por HIV: ● Fase de ataque: 2 RHZ ● Fase de manutenção: 4 RH O etambutol não é recomendado como tratamento para crianças com < 10 anos. Esquema para a forma meningoencefálica em adultos e adolescentes (>10 anos): ● Fase intensiva: 2 RHZE ● Fase de manutenção: 7 RH Na forma meningoencefálica é indicado o uso de corticoide em associação com a terapia padrão. Recomenda-se usar prednisona via oral na dose de 1-2mg/kg/dia por 4 semanas nos casos não graves e nos casos graves, usar dexametasona intravenosa na dose de 0,3 – 0,4 mg/kg/dia por 4-8 semanas. Deve ser feita a redução gradual do corticoide nas 4 semanas subsequentes ao tratamento. Embora a maioria dos pacientes complete o tratamento sem nenhuma reação adversa, as medicações clássicas para o tratamento da TB pode ter algumas reações adversas Históri� Clínic� LAJ, sexo masculino, 42 anos. Queixa principal: cansaço e falta de ar há aproximadamente 2 meses. História da moléstia atual: O paciente refere início de dispneia há mais ou menos 2 meses, inicialmente aos esforços e posteriormente em repouso. Refere também tosse seca, sudorese (principalmente à noite) e perda ponderal não mensurada há 1 mês; e episódios de vômitos após ingesta alimentar há mais ou menos 2 semanas. Nega febre, dor torácica, hemoptise, diarreia. Antecedentes patológicos: paciente diagnosticado com transtorno bipolar há 2 anos. Nega alergias medicamentosas. Não sabe informar a situação do calendário vacinal. Antecedentes familiares: Nega HS, DM, cardiopatias, eventos vasculares cerebrais ou tuberculose. Hábitos de vida: Refere tabagismo dos 16 aos 28 anos, estando abstêmio desde então. CT: 12 maços-ano. Nega etilismo. Refere uso de preservativo em relações sexuais. História psicossocial: Reside com a esposa e o irmão em casa com saneamento básico e água encanada. Não possui animais domésticos. �am� físic� Geral: RER, FR: 24 ipm, FC: 90 bpm, TA: 120×70 mmHg Aparelho respiratório: MV rude e diminuído em base direita e abolido em base esquerda. creptos, roncos e sibilos bilaterais. Aparelho cardiovascular:BNFT em 2T sem sopros ou desdobramentos. Abdome: plano, flácido, indolor, sem visceromegalias. RHA + Neurológico: sem rigidez de nuca. Glasgow 15. Extremidades: frias. Edema +/4+ em MMII Qual a hipótese diagnóstica principal? Como proceder investigação? Soluçã� Todo indivíduo sintomático respiratório (tosse há 3 semanas ou mais) é considerado de alto risco para tuberculose. Devido à importância epidemiológica desta condição em nosso meio e aos demais sintomas do paciente – dispneia, perda ponderal e sudorese noturna, que reflete provavelmente febre não mensurada – devemos suspeitar de tuberculose pulmonar. Formalmente, a confirmação diagnóstica de TB requer a demonstração do Bacilo de Koch, agente etiológico da doença, no corpo do paciente. Desse modo, a confirmação diagnóstica pode ser feita por teste rápido molecular, baciloscopia ou cultura. https://www.sanarflix.com.br/portal/caso-clinico-de-psiquiatria-transtorno-de-personalidade-borderline/?__hstc=261696338.2e26f7c283703099b3c9cda9a139c8f7.1674604841392.1674604841392.1674604841392.1&__hssc=261696338.5.1674604841392&__hsfp=1319901399 https://www.sanarflix.com.br/portal/caso-clinico-de-psiquiatria-transtorno-de-personalidade-borderline/?__hstc=261696338.2e26f7c283703099b3c9cda9a139c8f7.1674604841392.1674604841392.1674604841392.1&__hssc=261696338.5.1674604841392&__hsfp=1319901399 https://www.sanarflix.com.br/portal/diabetes-mellitus-tipos-diagnostico-e-tratamento/?__hstc=261696338.2e26f7c283703099b3c9cda9a139c8f7.1674604841392.1674604841392.1674604841392.1&__hssc=261696338.5.1674604841392&__hsfp=1319901399 https://www.sanarflix.com.br/portal/acidente-vascular-cerebral-uma-corrida-contra-o-tempo/?__hstc=261696338.2e26f7c283703099b3c9cda9a139c8f7.1674604841392.1674604841392.1674604841392.1&__hssc=261696338.5.1674604841392&__hsfp=1319901399 https://www.sanarflix.com.br/portal/acidente-vascular-cerebral-uma-corrida-contra-o-tempo/?__hstc=261696338.2e26f7c283703099b3c9cda9a139c8f7.1674604841392.1674604841392.1674604841392.1&__hssc=261696338.5.1674604841392&__hsfp=1319901399 Entretanto, podemos considerar o diagnóstico de TB e iniciarmos o tratamento sem a confirmação micobacteriológica, tendo quadro clínico típico e contexto epidemiológico apropriado. Vale ressaltar que o teste molecular ainda não está amplamente disponível no nosso país e que a baciloscopia além de método diagnóstico é o exame de escolha para acompanhar a resposta terapêutica na tuberculose. A radiografia torácica é auxiliar no diagnóstico de tuberculose, sendo rotineiramente solicitado em casos suspeitos. Não existem achados patognomônicos de tuberculose na radiografia, porém algumas imagens são bem sugestivas de tuberculose – opacidades, nódulos, cavidades, linfonodomegalia ou aspecto miliar. No Brasil, todos os casos de tuberculose devem ser submetidos ao Tratamento Diretamente Observado, que consiste em, no mínimo, 24 doses tomadas sob observação do profissional de saúde nos dois primeiros meses e 48 doses nos meses subsequentes. O esquema básico de tratamento para tuberculose em adultos atualmente preconizado é o “RIPE” – ripampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol nos dois primeiros meses; e rifampicina e isoniazida por 4 meses. Em crianças menores de 10 anos, suprime-se o etambutol devido ao risco de neurite óptica. Por fim, o principal diagnóstico diferencial para este paciente – e para a maioria dos casos de suspeita refutada de tuberculose – é de câncer de pulmão. https://www.sanarflix.com.br/portal/desvendando-o-raio-x-de-torax/?__hstc=261696338.2e26f7c283703099b3c9cda9a139c8f7.1674604841392.1674604841392.1674604841392.1&__hssc=261696338.5.1674604841392&__hsfp=1319901399
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