Prévia do material em texto
www.PROFDAVI.com.br CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS CURSO PREPARATÓRIO INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS Denominam-se inteligências múltiplas à teoria desenvolvi- da a partir da década de 1980 por uma equipe de investiga- dores da Universidade de Harvard, liderada pelo psicólogo Howard Gardner, buscando analisar e descrever melhor o conceito de inteligência. Gardner afirmou que o conceito de inteligência, como tradicionalmente definido em psicome- tria (testes de QI) não era suficiente para descrever a grande variedade de habilidades cognitivas humanas. Desse modo, a teoria afirma que uma criança que aprende a multiplicar números facilmente não é necessariamente mais inteligen- te do que outra que tenha habilidade mais forte em outro tipo de inteligência. A criança que leva mais tempo para do- minar uma multiplicação simples, (a) pode aprender melhor a multiplicar através de uma abordagem diferente; (b) pode ser excelente em um campo fora da matemática; ou (c) pode até estar a olhar e compreender o processo de multiplicação em um nível profundo. Neste último exemplo, uma compre- ensão mais profunda pode resultar em lentidão que parece (e pode) esconder uma inteligência matemática potencial- mente maior do que a de uma criança que rapidamente memoriza a tabuada, apesar de uma compreensão menos detalhada do processo de multiplicação. A teoria recebe reações mistas da comunidade científica. Muitos psicólogos consideram que existem diferenças entre os conceitos de inteligência, que não são suportados pela prova empírica. É criticada por alguns, como Perry D. Klein, por ser uma teoria não falseável. Já Linda Gottfredson, uma das críticas, afirma que a teoria é bastante atrativa por suge- rir que “todos podem ser inteligentes” de alguma forma, o que pode enviesar o estudo do tema. CRITÉRIOS Foram utilizados os seguintes critérios para uma classifica- ção dos fatores constituintes da inteligência ou habilidades humanas: • Potencial prejuízo com dano cerebral, a exemplo das capacidades linguísticas no Acidente Vascular Cerebral; • Existência de gênios, ou indivíduos eminentes com ha- bilidades especiais onde se pode observar tal capacida- de isolada ou prejudicada; • Um conjunto de operações identificável. A música, por exemplo, consistem da sensibilidade de uma pessoa para a melodia, a harmonia, o ritmo, o timbre e a estru- tura musical; • Uma história de desenvolvimento distintiva para cada indivíduo, junto com uma natureza definível de desem- penho especialista; • Ser possível identificar os passos para atingir tais perí- cias, uma história evolutiva e plausibilidade evolutiva, a exemplo das formas de inteligência espacial em mamí- feros ou inteligência musical em pássaros; • Testabilidade, a exemplo dos testes psicológicos, distin- ções psicométricas susceptíveis de confirmação e retes- tagem com múltiplos instrumentos; • Suscetibilidade para ser codificada em um sistema de símbolos. Códigos como idioma, aritmética, mapas e expressão lógica, entre outros. AS INTELIGÊNCIAS Estabelecidos os critérios acima, a pesquisa identificou e des- creveu sete tipos de inteligência nos seres humanos, e, no iní- cio da década de 1980, obteve grande eco no campo da edu- cação. Posteriormente foram acrescentadas à lista original as inteligências de tipo “naturalista”[2] e “existencial”: LÓGICA MATEMÁTICA A capacidade de confrontar e avaliar objetos e abstrações, discernindo as suas relações e princípios subjacentes. Habi- lidade para raciocínio dedutivo e para solucionar problemas matemáticos. Cientistas possuem esta característica. Carac- terizados pelo gosto e pela competência na interpretação e na categorização dos fatos e da informação, no cálculo, no raciocínio lógico e na busca de explicação para tudo. Sen- tem-se desafiados perante problemas envolvendo raciocí- nio, que procuram resolver de forma metódica e persisten- te. Divertem-se ao resolver os “quebra-cabeças” das revistas e dos jornais, entre outros. Era predominante em indivíduos como Albert Einstein, Isaac Newton, Galileu Galilei, Antoine Lavoisier, Louis Pasteur, Niels Bohr e Nikola Tesla. LINGUÍSTICA Caracteriza-se por um domínio e gosto especial pelos idio- mas e pelas palavras e por um desejo em os explorar. É pre- dominante em poetas, escritores, e linguistas, como T. S. Eliot, Noam Chomsky, J. R. R. Tolkien, W. H. Auden, Fernando Pessoa, Machado de Assis, Haruki Murakami e Júlio Verne. MUSICAL Identificável pela habilidade para compor e executar pa- drões musicais em termos de ritmo e timbre, mas também os escutando e discernindo-os. Pode estar associada a ou- tras inteligências, como a linguística, espacial ou corporal-ci- nestésica. São predominantes em compositores, maestros, músicos e críticos de música, como por exemplo, Ludwig van Beethoven, Leonard Bernstein, Midori, John Coltrane, Mozart, Maria Callas, Luís Miguel e James Paul McCartney. ESPACIAL Expressa-se pela capacidade de compreender o mundo visual com precisão, permitindo transformar, modificar percepções e recriar experiências visuais até mesmo sem estímulos físicos. É predominante em arquitetos, artistas, escultores, cartógrafos, geógrafos, navegadores e jogado- res de xadrez, como por exemplo, Alexander von Humboldt, Michelangelo, Frank Lloyd Wright, Garry Kasparov, Louise Nevelson, Helen Frankenthaler, Oscar Niemeyer, Marco Polo. CORPORAL-CINESTÉSICA Traduz-se na maior capacidade de controlar e orquestrar movimentos do corpo. É predominante entre atores e aque- les que praticam a dança ou os esportes, como por exemplo, Ronaldo, Kaká, Marcel Marceau, Martha Graham, Michael Jordan, Eusébio, Cristiano Ronaldo, Messi, Sébastien Loeb e Roberto Dinamite. INTRAPESSOAL Expressa na capacidade de se conhecer, é a mais rara in- teligência sob domínio do ser humano, pois está ligada a capacidade de neutralização dos vícios, entendimento de crenças, limites, preocupações, estilo de vida profissional, autocontrole e domínio dos causadores de estresse, entre outros diversos comandos de vida que permite a pessoa identificar hábitos inconscientes e transformá-los em ati- tudes conscientes. Foi predominante em indivíduos como Ernest Hemingway e Friedrich Nietzsche. INTERPESSOAL Expressada pela habilidade de entender as intenções, moti- vações e desejos dos outros. Encontra-se mais desenvolvida em políticos, religiosos e professores, como por exemplo, Mahatma Gandhi, John F. Kennedy e Silvio Santos. NATURALISTA Traduz-se na sensibilidade para compreender e organizar os objetos, fenômenos e padrões da natureza, como reconhe- cer e classificar plantas, animais, minerais, incluindo rochas e gramíneas e toda a variedade de fauna, flora, meio-am- biente e seus componentes. É característica de biólogos, geólogos, mateiros, por exemplo. São exemplos deste tipo de inteligência Charles Darwin, Rachel Carson, John James Audubon, Thomas Henry Huxley. EXISTENCIAL Investigada no terreno ainda do “possível”, carece de maio- res evidências. Abrange a capacidade de refletir e ponderar sobre questões fundamentais da existência. Seria caracterís- tica de líderes espirituais e de pensadores filosóficos como, por exemplo, Jean-Paul Sartre, Søren A. Kierkegaard, Alvin Ailey, Margaret Mead, e Dalai Lama. TRAJETÓRIA DA TEORIA Gardner iniciou a formulação da ideia de “inteligências múltiplas” com a publicação da obra “The Shattered Mind” (1975). Mais tarde, conceituou a inteligência como “um po- tencial biopsicológico para processar informações que pode ser ativado num cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa cultura”. Em um processo mais recente de revisão de sua teoria, Gard- ner acrescentou a “Inteligência Naturalista” à lista original. O mesmo não ocorreu com a chamada “Inteligência Exis- tencial” ou “Inteligência Espiritual”. Embora o autor se sinta interessadopor este nono tipo, conclui que “o fenômeno é suficientemente desconcertante e a distância das outras inteligências suficientemente grande para ditar prudência - pelo menos por ora” – concluiu na sua obra “Inteligência: um conceito reformulado” (2001). Gardner sustenta que as inteligências não são objetos que possam ser quantificados, e sim, potenciais que poderão ser ou não ativados, dependendo dos valores de uma cultura específica, das oportunidades disponíveis nessa cultura e das decisões pessoais tomadas por indivíduos e/ou suas fa- mílias, seus professores e outros. TESTANDO AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS Embora seja comum no meio acadêmico desejar quantificar a inteligência (os testes de Q.I. são um exemplo), Gardner desaprova tais ideias e não propõe nenhum método para quantificar as inteligências múltiplas. Isto, porém, não impe- de outros teóricos de formularem testes. Alguns pesquisadores buscam medir as inteligências múlti- plas através de perguntas simples permeando cada concei- to de cada inteligência e definindo no que o analisado tem aptidão ou bloqueio. O mais comum é que pessoas tenham uma das inteligências superior às outras, grande parte em nível médio e uma ou duas inteligências fracas.