Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PEDIATRIA ALEITAMENTO MATERNO CLASSIFICAÇÃO 1) Aleitamento materno exclusivo: somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes. 2) Aleitamento materno predominante: além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais (em quantidades limitadas). 3) Full breastfeeding: soma das categorias aleitamento materno exclusivo + aleitamento materno predominante. 4) Aleitamento materno: quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de estar recebendo ou não outros alimentos. 5) Aleitamento materno complementado: além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementar o leite materno e não de substituílo. Assim, leites de outras espécies utilizados para substituir o leite materno não são considerados alimentos complementares. O termo “suplemento” tem sido utilizado para água, chás e/ou substitutos do leite materno. 6) Aleitamento materno misto ou parcial – leite materno e outros tipos de leite. OBS: Revisão sistemática, que avaliou os efeitos na saúde, crescimento e desenvolvimento de crianças amamentadas exclusivamente até os seis meses, comparadas a outros alimentos, mostrou que as crianças que mamaram exclusivamente até os seis meses adoeceram menos de infecção intestinal e tiveram menos hospitalizações por doença respiratória, além de não apresentarem déficits de crescimento. A introdução precoce dos alimentos complementares pode ser desvantajosa, pois além de substituírem parte do leite materno, mesmo quando a frequência da amamentação é mantida, muitas vezes são nutricionalmente inferiores ao leite materno, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos. - Além disso, a introdução precoce dos alimentos complementares interfere na absorção de nutrientes importantes nele existentes, como o ferro e o zinco, e reduz a eficácia da lactação na prevenção de novas gravidezes. No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de nutrientes, sendo inclusive mais energético nesse período. Estima-se que 500 mL de leite materno no segundo ano de vida proporcionam 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia. BENEFÍCIOS - Redução da mortalidade infantil (The lancet – aleitamento materno reduz 13% da mortalidade), redução da mobidade por diarreia (estudo caso- controle – crianças não amamentadas tiveram 3,3x chances de desidratação, além de reduzir hiponatremia e hipocalemia), melhor nutrição, melhor desenvolvimento da cavidade oral (pega estimula/uso de borracha causa malefícios). FASES DO LEITE MATERNO E TEMPO DE CADA UMA - Apenas as mulheres com desnutrição grave podem ter o seu leite afetado tanto qualitativa como quantitativamente; Durante a lactação, a desnutrição materna compromete o volume de leite produzido, mas mantém sua qualidade quase inalterada; As vitaminas hidrossolúveis (B e C) estão diminuídas no leite da mãe desnutrida, o que reflete uma ingestão deficiente para o RN. 1) Colostro: primeiros 3-5 dias, contém mais proteínas e menos lipídios do que o leite maduro, e é rico em imunoglobulinas: ↑eletrólito, proteína, vitaminas lipossolúveis (vitamina A dá coloração amarelada), e IgAs; ↓ gordura, lactose, vitaminas hidrossolúveis; Facilita a eliminação de mecônio (diminuindo a icterícia) e permite a proliferação de L. bifidus na luz intestinal; 2) Leite de transição: 6-10 dias até a 2ª semana: ↓IgA e vitaminas lipossolúveis; ↑ vitaminas hidrossolúveis, lipídios e lactose; 3) Leite “maduro”: a partir da 2ª quinzena pós-parto: ↑ lipídio e lactose e ↓ proteína. LM MADURO E COLORAÇÃO - O leite durante a mamada: a concentração de gordura no leite aumenta no decorrer da mamada: • Leite materno anterior: rico em água e açúcar (lactose) → é mais ralo e doce, saciando a “sede”; • Leite intermediário: rico em proteínas (caseína); • Leite posterior: rico em gordura e proteínas → é mais rico em energia e sacia melhor a “fome” da criança, daí a importância de a criança esvaziar bem a mama. - Cor do leite ao longo da mamada: a cor do leite varia ao longo da mamada como decorrência das variações na sua composição, e também pode variar de acordo com a dieta da mãe: 1) No início da mamada: ↑teor de água e a presença de constituintes hidrossolúveis → coloração de água de coco; 2) No meio da mamada: com o aumento da concentração de caseína → coloração branca opaca; 3) No final da mamada: ↑concentração dos pigmentos lipossolúveis → o leite é mais amarelado. AMARELADO: BETACAROTENOS ESVERDEADO: RIBOFLAVINA. PROTEÇÃO - O leite humano possui inúmeros fatores imunológicos específicos e não específicos que conferem proteção ativa e passiva: A IgA secretória é a principal imunoglobulina, que atua contra micro-organismos que colonizam ou invadem superfícies mucosas; a especificidade dos anticorpos IgA no leite humano é um reflexo dos antígenos entéricos e respiratórios da mãe, o Arthur Rodrigues | @arthurnamedicina | Problema 04 que proporciona proteção à criança contra os agentes infecciosos prevalentes no meio em que ela convive; A concentração de IgA no leite materno diminui ao longo do primeiro mês, permanecendo relativamente constante a partir de então; Alguns dos fatores de proteção do leite materno são total ou parcialmente inativados pelo calor, razão pela qual o leite humano pasteurizado (submetido a uma temperatura de 62,5°C por 30 minutos) não tem o mesmo valor biológico que o leite cru. COMPOSIÇÃO EM PREMATUROS A condição de prematuridade do RN determina variações na composição do leite materno, tornando-o bastante adaptado às necessidades do prematuro. O leite de mães de prematuros (LMPT), especialmente durante as duas primeiras semanas após o nascimento, contém concentrações maiores de calorias, gordura, proteínas, sódio e IgA, e menores concentrações de lactose, cálcio e fósforo do que o leite de mães de RN a termo. Quanto maior o grau de prematuridade maior é o teor protéico e de lipídeos. COMPOSIÇÃO - água – reg. Térmica. estão dissolvidos ou suspensos as proteínas, os compostos nitrogenados não proteicos, os carboidratos, os minerais (íons monovalentes) e as vitaminas hidrossolúveis (C e Complexo B). Não há necessidade de dar água para o bebê mesmo em dias quentes; - proteínas: primeira semana (colostro rico em proteínas – iga), leite maduro (caseína e proteínas do soro – isoleucina, lisina, leucina, triptofano, treonina, metionina, fenilalanina, valina e taurina). Em relação ao leite de vaca: a concentração proteica é menor que no leite de vaca, não causando sobrecarga renal (a tfg é baixa e sobrecarga renal pode causar desidratação), a relação caseína/proteína do soro é 20/80 (o de vaca é 80/20), e a proteína do soro mais abundante é alfalactoalbumina humana (potencial alergênico nulo). - lipídios: maior concentração no final do dia e da mamada. Composto por tgl (50% da energia), possui ácidos graxos de cadeia longa w–6 (araquidônico) e w– 3 (docosaexaenóico) - componentes importantes do cérebro e do sistema nervoso, além de possuírem outras ações biológicas; o DHA, especialmente, forma as membranas celulares envolvidas no processo de crescimento neural e de mielinização; o teor de colesterol facilita o desenvolvimento enzimático (forma um adulto bom metabolizador de colesterol), mais digestivel (tem lipase que é ativada com os sais biliares no duodeno). - carboidratos: lactose é o mais abundate (favorece abs de calcio e fornece galactose para mielinização e energia). Galactose > A galactose é essencial para a formação doscerebrosídeos e, por ser um açúcar não completamente digerido, facilita o amolecimento das fezes, essencial para os lactentes que não utilizam da prensa abdominal para evacuar; funciona também como substrato para a formação de ácidos orgânicos pela flora saprófita de lactobacilos, o que reduz o pH intestinal e aumenta a absorção de cálcio. - Eletrólitos: a ↓concentração de sódio impede a sobrecarga renal e diminui o risco de desidratação hipertônica frente a qualquer agravo. POSSÍVEIS CARÊNCIAS: - FERRO: o ferro esta em baixa disponibilidade em ambos os leites, porém 50% do ferro do LM é absorvido, enquanto apenas 10% do ferro do LV é absorvido. O menor pH intestinal dos lactentes e a presença de lactoferrina aumentam a biodisponibilidade do ferro para os lactentes exclusivamente alimentados de LM; - VITAMINA K: começa a produção com 2 semanas de vida. Por isso, faz-se aplicação de vitamina K ao nascer; - VITAMINA D: existe risco de deficiência de vitamina D em lactentes de mães com deficiência dessa vitamina e com pouca exposição ao sol, por isso as vezes deve- se suplementar vitamina D; - FLUOR: a concentração do flúor no LM depende da concentração de flúor na água. A suplementação de flúor só é recomendada para crianças entre 6 meses e 3 anos, quando a concentração de flúor na água for menor que 0,3 ppm. - ZINCO: é essencial ao organismo, encontra-se em maior quantidade no colostro; O colostro, além de proteínas e alguns minerais, também apresentam maiores teores de betacaroteno e demais vitaminas lipossolúveis; A vitamina D está presente no soro e na fração lipídica do leite em quantidades não suficientes. O mesmo ocorre com a vitamina K, que é administrada no bebê logo após o nascimento, ainda na sala de parto, e a vitamina D precisa ser reposta conforme indicação do pediatra quando a exposição solar não for suficiente. LEITE DE VACA ↑ PROTEÍNA: o leite de vaca possui alto teor de proteínas, formando um coalho mais duro e dificultando a digestão → > tempo de esvaziamento gástrico; A principal proteína é a betalactoglobulina, extremamente alergênica. ↑ ELETRÓLITOS: 3-4 vezes maior que o leite humano. Associado ao alto teor de proteínas pode levar à sobrecarga renal; - Ferro: também é pobre em ferro, e devido à baixa quantidade de vitamina C e alto teor de cálcio e fósforo, a sua absorção é reduzida; - Vitaminas: complexo B em quantidade adequada, porém pouca vitamina C: • As vitaminas neste leite podem estar presentes em quantidade mais elevada que no humano, porém a exposição à luz e ao ar inativam a sua maioria; - Carboidratos: insuficiente, sendo necessário o acréscimo de outros açúcares frequentemente mais danosos à saúde, como a sacarose, com elevado poder cariogênico; - Gorduras: baixo teor de ácidos graxos essenciais, sendo o ácido graxo predominante o ácido oleico (ácido graxo de cadeia longa), que fornece 1% de energia no leite de vaca; a quantidade de colesterol neste leite é de 10 a 35 mg/dl. FÓRMULAS LÁCTEAS Gordura: mistura de óleos vegetais; Carboidratos: contêm lactose exclusiva ou associação de lactose com polímeros de glicose (maltodextrina); Proteínas: contém caseína e proteínas do soro do leite de vaca → A presença da caseína e proteínas do leite de vaca pode favorecer a alergia em algumas crianças; por isso, algumas fórmulas possuem redução proteica e melhor perfil de aminoácidos (menos alergênicos); - Minerais: são adicionados, tentando-se aproximar os seus teores dos do leite materno. A relação cálcio- fósforo é adequada. - Vitaminas e microminerais: atendem às necessidades da criança sadia; - Nucleotídeos: papel fundamental na estrutura do DNA e RNA e também são essenciais para o metabolismo celular; - Prebióticos: são adicionados → estimulam o crescimento e/ou atividade de bactérias no cólon que traz benefícios à saúde do indivíduo; os principais são frutooligossacarídeos (FOS) e galactooligossacarídeos (GOS); - Probióticos: são adicionados → são microorganismos vivos que alteram a composição da microbiota produzindo efeitos benéficos à saúde quando consumidos em quantidades adequadas; - Acidos graxos essenciais adicionados: DHA e ARA que participam de forma importante na estrutura da membrana celular da retina e da mielinização do sistema nervoso. COMO O LM ESTIMULA O DESENVOLV DO TGI A microbiota se desenvolve gradualmente até os 2 anos, iniciando-se por bactérias aeróbicas e anaeróbicas facultativas. Após a colonização, as cepas aeróbicas, consomem o oxigênio do intestino, o qual vai se tornando, progressivamente anaeróbio, permitindo a proliferação de bactérias como Clostridium, Bacteroides, Bifidobacterium e lactobacilos; - Uma microbiota diversificada auxilia o lactente no desenvolvimento da anatomia e da função do trato digestivo, contribuindo para: - Reforçar a barreira intestinal; - Melhorar a digestão; Melhorar a motilidade gastrointestinal; Amadurecer a função imune do intestino. a) O LM ajuda no desenvolvimento do epitélio intestinal Ao nascimento; Durante o aleitamento materno, os fatores bioativos estimulam a divisão e inibem a hiperplasia de criptas, A hiperplasia ocorre durante o desmame, induzida pela inflamação fisiológica e ativação do sistema imune intestinal desencadeada o pela exposição a novos antígenos alimentares; - Além disso, no colostro são encontrados hormônios e peptídeos estimuladores do crescimento, como insulina, cortisol, EGF, ILGF e TGF-α e β em maiores concentrações do que no leite materno maduro → o TGF-β é fundamental na produção de IgA pela mucosa e na indução da tolerância oral, atuando na prevenção da sensibilização alérgica precoce. b) Tolerância oral O aleitamento materno induz à tolerância oral a novas proteínas c) O leite materno como prebiótico •O leite humano contém substâncias com atividade prebiótica que estimulam o crescimento de bactérias benéficas. Essas substâncias foram denominadas originalmente de fator bífidus: contribuem para o crescimento seletivo de lactobacilos e bifidobactérias no trato gastrintestinal de crianças; O crescimento intenso de bactérias Lactobacillus bífidus interfere no crescimento de microrganismos patogênicos d) Lactoferrina e o sequestro de ferro: altas concentrações no colostro e estável no leite materno maduro: Têm propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas, imunomoduladores e de crescimento que protegem os RN de translocação bacteriana. Sua ação bacteriostática não compromete o crescimento das bactérias produtoras de ácido lático, visto que estas têm baixos requerimentos de ferro. e) Outros fatores não específicos presentes no LM Lisozima: lise da parede celular de bactérias gram- positivas e negativas; Lactoperoxidase: é uma enzima ativa contra o Streptococcu; Fator de resistência a infecção estafilocócica; Frações do complemento e interleucinas; Glicoproteínas e ácidos graxos; Lipase: atua contra parasitas como Giardia lamblia e Entamoeba histolytica; Neutrófilos, macrófagos e linfócitos. PROPRIEDADES IMUNES DO LM SITUAÇÕES QUE RESTRINGEM O ALEITAMENTO - Mães infectadas pelo HIV: risco de transmissão pelo leite materno; - Mães infectadas pelo HTLV I e HTLV II (vírus da leucemia humana T-cell): o HTLV 1 está associado ao desenvolvimento de neoplasias e distúrbios neurológicos na criança, com um risco de transmissão pelo leite materno de 13-22%; - Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação: • Drogas antineoplásicas e imunossupressoras; • Substâncias radioativas (suspensão temporária); • Derivados de Ergot, em doses habituais para enxaqueca; • Outros: sais de ouro, ciclosporina, amiodarona, fenindiona e androgênios. - Criança portadora de galactosemia: doença rara na qual a mesmanão pode ingerir leite humano ou qualquer outro que contenha lactose; nesses casos, o RN apresenta deficiência de alguma das 3 principais enzimas: galactose-1-fosfato-uridil-transferase (GALT), galactoquinase e uridina difosfato galactose-4- epimerase (GALE) – a deficiência de GALT é a mais frequente. O aleitamento materno deve ser interrompido temporariamente por: - Criança portadora de fenilcetonúria: deficiência da conversão de fenilalanina em tirosina → deve ser usada formula isenta de fenilalanina (150-200mg/dia) em RN com fenilalanina > 17mg/dl, suspendendo a amamentação por 5 dias; a medida que os níveis séricos forem caindo, o aleitamento pode ser reintroduzido; - Limitações temporárias de fundo emocional: psicose puerperal, eclampsia, choque; - Infecção herpética: quando há vesículas localizadas na pele da mama → a amamentação deve ser mantida na mama sadia; - Varicela: se a mãe apresentar vesículas na pele 5 dias antes do parto ou até 2 dias após o parto, recomenda- se o isolamento da mãe até que as lesões adquiram a forma de crosta. O bebê deve receber Imunoglobulina Humana Antivaricela Zoster (IGHAVZ), disponível no CRIE. Deve ser administrada em até 96 horas do nascimento, aplicada o mais precocemente possível; - Doença de Chagas: na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente; - Abscesso mamário, até que o abscesso tenha sido drenado e a antibioticoterapia iniciada. A amamentação deve ser mantida na mama sadia Amamentação e Hanseníase: não devem parar de tomar a medicação; A gravidez e o aleitamento não contraindicam o tratamento PQT (Poliquimioterapia) padrão; Os remédios podem estar presentes no leite materno, mas não causam nenhum problema para a criança; Às vezes o RN pode apresentar a pele avermelhada, se a mãe estiver tomando a Clofazimina (medicação utilizada no tratamento), mas esta coloração não prejudica a criança. Quando o tratamento da mãe termina, a cor da pele volta ao normal. PEGA ADEQUADA BOA PEGA: o RN deve abocanhar toda a aréola, com a boca bem aberta e o lábio inferior evertido, com o queixo tocando a mama → evita o aparecimento de fissuras e permite o esvaziamento dos seios lactiferos situados sob a aréola. O RN apresenta características anatômicas que facilitam a sua alimentação no período neonatal: Em decorrência da retração mandibular fisiológica (retrognatismo fisiológico), a língua do bebê apoia-se sobre a gengiva ou lábio inferior, numa posição anteriorizada e rebaixada, que obriga à respiração nasal; O volume aumentado da língua e o contato com o lábio inferior facilitam a postura adequada para a amamentação; A base da língua encontra-se bem próxima à epiglote e protege as vias aéreas inferiores durante a deglutição. Eventos da amamentação: 1) Requer uma abertura ampla da boca, abocanhando não apenas o mamilo, mas também parte da aréola. 2) A mandíbula, apoiada sobre os seios lactíferos (onde o leite fica armazenado), realiza um ciclo de movimentos: (1) abaixamento para abertura da boca, (2) protusão para alcançar os seios lactíferos, (3) elevação para o fechamento da boca e compressão dos seios lactíferos e, finalmente, (4) retrusão para a extração efetiva do leite → esses movimentos promovem o crescimento anteroposterior dos ramos mandibulares e a modelação do ângulo mandibular (crescimento harmônico da face do bebê); 3) A língua, apoiada na gengiva inferior, eleva-se na parte posterior da boca e funciona como um mecanismo oclusivo contra o palato mole, mantendo assim a pressão intraoral negativa; 4) O mamilo e parte da aréola são deslocados para o interior da boca, com a ponta do mamilo tocando a junção entre os palatos duro e mole → protegido de fricção e compressão, prevenindo traumas mamilares; 5) As bordas e a ponta da língua são elevadas lateralmente formando uma concha (canolamento), que leva o leite até a faringe posterior e o esôfago, ativando o reflexo de deglutição; 6) A extração (ordenha) do leite é feita suavemente graças a um movimento peristáltico rítmico, direcionado da ponta da língua para a orofaringe, que comprime suavemente o mamilo; 7) A ponta da língua se mantém na região anterior durante todo o processo, garantindo o vedamento da boca. Durante a extração do leite materno, o bebê respira pelo nariz, estabelecendo o padrão de respiração nasal. LISTA PARA CONFERIR POSICIONAMENTO E PEGA NA AMAMENTAÇÃO Roupas da mãe e do bebê adequadas, sem restringir movimentos; As mamas devem estar completamente expostas e o bebê deve estar vestido de maneira que os braços fiquem livres (não deve estar enrolado); Mãe confortavelmente posicionada, relaxada, bem apoiada, não curvada para trás nem para a frente. O apoio dos pés acima do nível do chão é aconselhável (uma banquetinha pode ser útil); Corpo do bebê bem próximo e todo voltado para a mãe, barriga com barriga; Manter corpo e cabeça do bebê alinhados; Braço inferior do bebê posicionado ao redor da cintura da mãe, de maneira que não fique entre seu corpo e o da mãe; Corpo do bebê fletido sobre a mãe, com as nádegas firmemente apoiadas; Pescoço do bebê levemente estendido; Mãe segurando a mama formando um C com o dedo polegar colocado na parte superior e os outros quatro dedos na parte inferior, tendo o cuidado de deixar a aréola livre. Os dedos não devem ser colocados em forma de tesoura, interpondo-se entre a boca do bebê e a aréola; Cabeça do bebê no mesmo nível da mama, com o nariz na altura do mamilo. É sempre útil lembrar a mãe de que é o bebê que vai à mama e não a mama que vai ao bebê; Mãe estimula o lábio inferior do bebê com o mamilo, para que ele abra bem a boca e abaixe a língua e, então, com um rápido, mas leve movimento, leva o bebê ao peito; Bebê abocanha, além do mamilo, parte da aréola (aproximadamente 2 cm além do mamilo). Lembrar que o bebê retira o leite comprimindo os seios lactíferos com as gengivas e a língua; Queixo do bebê toca a mama; Narinas do bebê estão livres; Bebê mantém a boca bem aberta e unida à mama, sem apertar os lábios; Lábios do bebê curvados para fora, formando um lacre. Para visualizar o lábio inferior do bebê, muitas vezes é necessário pressionar a mama com as mãos; Língua do bebê sobre a gengiva inferior. Algumas vezes, a língua é visível; no entanto, na maioria das vezes, é necessário abaixar suavemente o lábio inferior para visualizar a língua; Língua do bebê curvada para cima nas bordas (canolamento); Bebê mantém-se fixado à mama, sem escorregar ou largar o mamilo; Mandíbulas do bebê em movimento; Deglutição visível e/ou audível. DURAÇÃO E FREQUÊNCIA DA MAMADA - Um bebê em AME é de 8-12x/dia. Períodos de crescimento acelerado aumenta. O tempo não deve ser preestabelecido, pois pode variar, mas é importante esvaziar a mama, pois o leite no fim da mamada contém mais calorias e sacia a melhor a criança. AMAMENTAÇÃO CRUZADA X BANCO DE LEITE - O perigo da amamentação cruzada é o bebê ser contaminado por uma doença infecto–contagiosa, como a Aids, que é uma doença crônica grave e ainda sem tratamento absoluto, sem cura. Por exemplo, se uma mãe tiver hepatite B em atividade, e doar leite a outro bebê, que não tenha ainda as doses da vacina suficientes (ou seja, não está totalmente imunizado), ela poderá passar a doença para a criança, através do leite materno, em caso de sangramento do mamilo por trauma mamilar. Qual a diferença do leite do banco de leite para o leite de outra pessoa? A diferença fundamental do leite do Banco de Leite Humano para o leite doado diretamente por uma outra mãe é que no BLH o leite é tratado, pasteurizado e, por isso, isento de qualquer possibilidade de transmissão de doenças. A mãenão deve amamentar outra criança que não seja o seu filho. Mesmo se esta mãe estiver com os exames normais ou se teve uma gravidez tranquila, ela pode estar em uma janela imunológica, e esse bebê correr o risco de contrair alguma doença. Quando a amamentação cruzada foi contraindicada? Com o advento da Aids, a partir de 1985, a amamentação cruzada começou a ser contraindicada. Hoje, a contraindicação formal pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é para o HIV e o HTLV. Se a mãe tiver um desses dois vírus não poderá amamentar. Neste caso, o seu filho terá que ser alimentado conforme indicação do pediatra, conforme a idade que ele esteja. “Para criança que fazem uso de fórmulas infantis em substituição ao AME está indicada a administração de água ou outros líquidos? “ Na 4ª edição do “Manual de Alimentação – da infância à adolescência”, lançado em 2018 pela SBP, com destaque para a indicação de água potável a partir da introdução da alimentação complementar ou em uso de fórmula infantil. Segundo a publicação, os alimentos dados ao lactente apresentam maior quantidade de proteínas por grama e maior quantidade de sais, o que causa sobrecarga de solutos para os rins, devendo ser compensada pela maior oferta de água. DESNUTRIÇÃO INFANTIL GRAVE - desbalanço celular entre o suprimento de nutrientes (macro e micro) e a demanda do organismo para assegurar sua manutenção, crescimento e funções metabólicas; - A DEP aguda grave é aquela em que se verificam algumas das condições abaixo: *Índices de peso ou estatura para idade estão abaixo de 3 DP da média; *Circunferência braquial abaixo de 115 mm nas crianças entre 6 e 59 meses; *Edema com cacifo bilateral CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA - DEP Primária: diminui oferta, abs normal, gasto normal - DEP Secundária: oferta normal, diminui abs, aum gasto (associada a outras doenças (cardiopatias, fibrose, neuropatia) - DEP mista: os 2 mecanismos. QUANTO À DURAÇÃO - Crônica: relação E/I abaixo de 95%. Pode ser pregressa (acima de 90%) ou ativa (abaixo ou igual a 90%). - Aguda: apenas o peso igual ou abaixo de 90%. QUANTO À GRAVIDADE: 91-100% - Normal | 75-90 (leve ou primeiro), 60-74 (moderado ou segundo grau), inferior a 60 (grave ou terceiro). QUANTO À APRESENTAÇÃO CLÍNICA - Marasmo (baixa ingestão calórica), Kwashiorkor ou forma edematosa (deficit proteico). MARASMO (NÃO EDEMATOSO) - Déficit calórico total, comum em crianças de menos de 1 ano, associado à infecções recorrentes. - Déficit de peso e estatura, atrofia muscular extrema, emagrecimento acentuado com pobreza de tecido subcutâneo (perda da bolsa de bichat – região malar onde fazem a bichectomia, causando aspecto envelhecido), sinal da calga (pele flácida), baixa atividade, costelas visíveis, cabelos finos e escassos, comportamento apático, sem edemas, sem perda de apetite, hipoalbuminemia. KWASHIORKOR - Instalação mais rápida, deficit proteico. A síndrome foi descrita em lactentes desmamados subitamente devido a mãe engravidar de novo, pela crença de envennenar o feto, por isso, doença do segundo filho. - Mais comum no 2º-3º ano de vida. - Clínica: P/E menores, sem perda de tecido subcutâneo. Atrofia muscular em MS e MI (pode não ser visível por conta do edema), edema (pés + > pernas ++ > pés, pernas e mãos +++, face ++++), pode haver edema de escroto, bilateral e simétrico. Lesões hipocrômicas, dermatose, hipercrômicas com descamação, alterações no cabelo, sinal da bandeira (alt. Da cor do cabelo), hepatomegalia (esteatose – diminui sintese do transportador de proteína das lipoproteínas), ascite, hipoalbuminemia e/ou anasarca, apatia, falta apetite, fezes liquefeitas com sangue, no hemograma pode haver anemia (baixa síntese de hb devido ao baixo ferro e b9), redução da proteína sérica total, def. De b12, b9, ferro e anemia. - Causas do edema: multifatorial, aumento da permeabilidade endotelial, extravazamento de líquido e proteínas para o interstício. | Prejuízo da NAKATPASE (falta de atp) alterando o equilíbrio hidroeletrolítico, reduz síntese de albumina, aumento do adh (nakatpase), aumenta citocinas inflamatórias, aumenta estresse oxidativo. KWASHIORKOR MARASMÁTICO - A criança evolui com carências na ingestão proteica e energética, apresentando características dos dois tipos clínicos FISIOPATOGENIA - A DEP leva a uma série de alterações sistêmicas, resultado, em última instância, das adaptações fisiológicas do organismo à menor disponibilidade de nutrientes para a célula - A criança portadora de DEP vive em tênue equilíbrio, muito próximo do colapso - As repercussões da DEP que acontecem em curto prazo podem prejudicar o equilíbrio metabólico, funcionamento de órgãos e sistemas que, de forma direta, aumentam a mortalidade e exigem ajustes da terapia nutricional para que se consigam atingir as metas para recuperação *Em longo prazo, pode haver prejuízo do crescimento, desenvolvimento neuropsicomotor e aumento do risco futuro para desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis - Quanto maior a gravidade da DEP, mais intensas serão suas repercussões metabólicas. Os fatores que determinam a evolução para uma ou outra ainda não estão completamente estabelecidos. Sabe-se que crianças marasmáticas têm melhor resposta de fase aguda na vigência de processos infecciosos quando comparadas às da forma kwashiorkor, o que aumenta o risco de mortalidade desta última forma de DEP (a adaptação metabólica nesse caso é mais demorada). Alterações metabólicas e hormonais: • Ocorre redução de todos os substratos energéticos: glicogênio, gorduras e proteínas: A princípio ocorre aumento da glicólise, lipólise egliconeogênese, e o metabolismo cerebral é mantido à custa de ácidos graxos e corpos cetônicos produzido pela lipólise, estimulada pelo GH e pela epinefrina; Consequentemente, ocorre queda dos níveis de glicose e aminoácidos séricos → ocorre diminuição da insulina sérica e de IGF-1 e um aumento do glucagon, da adrenalina e do GH (que aumenta ainda mais a lipólise); •O estresse provocado pela DEP estimula a secreção de cortisol →↑glicogenólise e gliconeogênese (consumo muscular); ↓Níveis de T3 e T4 em função da ↓enzima 5 monodeiodinidasee pela menor captação de iodo tireoidiano → ↓termogênese e↓consumo de O2; •↓atividade da Na+ -K+ ATPase: O Na+ corporal total fica aumentado, mas os níveis séricosficam diminuídos (hiponatremia) → a célula tende a edemaciar; ↓K+ intra e extracelular (hipocalemia); A redução do gradiente de Na+ transmembrana faz com que menos H+ seja excretado → quadro de acidose intracelular e alcalose extracelular; O desequilíbrio eletrolítico faz com que ↑níveiscitoplasmáticos de Ca2+: Pode levar à lise celular; • Perda de K+ + ↑Ca2+ → redução da força contrátil dos miócitos cardíacos na DEP grave. • A deficiência de Mg+ também é comum na DEP grave → hipomagnesemia. OBS.: Enquanto o cortisol está mais elevado no marasmo, o kwashiorkor apresenta mais GH; somatomedinas estão normaisno marasmo, mas reduzidas no kwashiorkor. Alterações Imunológicas: • perda da integridade de barreiras epitelial e mucosa → ↓muco, pH e lisozima; •Imunidade inespecífica: ↓fagocitose, opsonização e quimiotaxia devido à: ↓linfócitos T no timo, baço e linfonodos; ↓ produção de IL-1; ↓ qualidade e quantidade de fatores do complemento. • Imunidade humoral: relativamente preservada (linfócitos B e Igs); pode estar normal em quantidade, embora ocorradeficiência funcional (isso NÃO CONTRAINDICA A VACINAÇÃO): A deficiência de IgA é a alteração mais frequente → facilita ocorrência de diarreia e infecção de vias aéreas; Crianças mais velhas e adultos com desnutrição grave podem apresentar hipergamaglobulinemia, em função deinfecções repetidas, semque isso se traduza em ganho funcional. • A falência de mecanismos imunes locais provavelmente altera a permeabilidade intestinal para macromoléculas estranhas → passagem de proteínas e indução de formação de anticorpos antiproteína alimentar, causando alergia alimentar. Alterações Neurológicas: - Déficit coginitivo: reduz mielinização e síntese de nt. - Compromete o SNC: anemia ferropriva, def de zinco e vit E e dim de ác graxo de cadeia longa. Alterações GI: • ↓secreção gástrica, pancreática e biliar, com diminuição das enzimas digestivas → ↓lactase leva à intolerância ao leite epresença de fezes ácidas; • ↓atividade das dispeptidases na borda em escova, devido principalmente à lesão de microvilosidades e à ↓sínteseproteica; • Ocorre também déficit da absorção de aminoácidos essenciais e do transporte de glicose (a utilização de TG de cadeiamédia é muito comum no tratamento derenutrição, pois são compostos capazes de atravessar o epitélio intestinal); • Perda do tônus das alças intestinais e ↓peristalse, favorecendo a proliferação bacteriana → ↓absorção de água eeletrólitos e, principalmente, composição do “pool” de sais biliares, com aumento dos desconjugados (determinam a ↓formação de micelas de gordura, com consequente má-absorção de lipídios, vitamina B12 e outras vitaminaslipossolúveis); •↓tamanho e número de vilosidades, com perda da borda em escova (aspecto que lembra a doença celíaca); •Lesão mucosa → é mais grave no kwashiorkor, observando-se acúmulo de gordura no epitélio; •No fígado ocorre esteatose (principalmente no kwashiorkor), podendo evoluir com fibrose perilobular e cirrose; • Glândulas parótidas sofrem atrofia → durante a recuperação nutricional podem hipertrofiar e aumentar de tamanho. Alterações cardiovasculares e renais • Ocorre déficit contrátil do miocárdio → ↓DC e resposta cardiovascular inadequada às alterações de volemia; •↓taxa de filtração glomerular (pelo menor DC) → prejuízo das funções de concentração e acidificação urinária; queixas depoliúria e nictúria são comuns DIAGNÓSTICO COGNIÇÃO Cognição é a capacidade de processar informações e transformá-las em conhecimento, com base em um conjunto de habilidades mentais e/ou cerebrais como a percepção, a atenção, a associação, a imaginação, o juízo, o raciocínio e a memória. O desenvolvimento da criança é definido como uma série de mudanças que ocorrem de forma sequencial e organizada e permanecem de forma duradoura, afetando as estruturas físicas e neurológicas, os processos de pensamento, as emoções e as formas de interação social dos indivíduos. DESENVOLVIMENTO DA COGNIÇÃO (PIAGET) 4 estágios: sensório-motor, (nascimento-2 anos), pré operacional (2-7 anos), operacional concreto (7-12 anos) e operações formais (a partir de 12 anos). - O desenvolvimento da aprendizagem está intimamente ligado aos estímulos do ambiente. I: SENSÓRIO-MOTOR (0-2 ANOS): - Contato com o meio externo, compreensão de si, de objetos de forma gradual. Noção do corpo. O estágio termina quando a criança tem noção das pessoas que lhe cercam e dos objetos. II: PRÉ-OPERACIONAL (2-7 ANOS): - Construção de ideias lógicas, egocentrismo (mundo feito para mim), desejos (trocas com irritações quando contrariada), animismo (reage com a natureza, pois ela é viva – ex bater na mesa e culpar a mesa), pensamento figurado, que se torna concreto a partir da fase concreta (7-12 anos). III: OPERACIONAL CONCRETO (7-12): - Os fatores envoltos geram um pensamento coordenado, real e adequado, com atitude crítica, pensamento ágil, estabilidade de humor, estabelecimento de ligações entre informações. IV: OPERAÇÕES FORMAIS (12+): - raciocínio hipotético-dedutivo, solução de problemas cotidianos, o processo de autonomia gera busca por identidade (pode causar conflitos internos)< desenvolvimento de personalidade. DESENVOLVIMENTO DA COGNIÇÃO (ERICH ERIKSON) - Teoria do desenvolvimento psicossocial: divida em 8 fases - Em cada uma das fases a pessoa tem que resolver sucessivamente uma crise resultante do conflito com o qual o meio social o confronta. Com a solução de uma crise ascende epigeneticamente um determinado componente da personalidade. Isto é, desenvolvem-se determinados sentimentos - Erikson realça sempre que, apesar de que a resolução do conflito característica de uma determinada fase possa ter sido adequada, o mesmo tipo de problemática pode recorrer mais tarde e obrigar de novo ao mesmo tipo de trabalho interior. Ou pelo contrário, que um conflito não resolvido pode vir a equacionar-se corretamente mais tarde, dependendo das circunstâncias I: SENSORIAL: CONFIANÇA X DESCONFIANÇA - Nasc > 18 meses. Fase mais fundamental. Base para o sentimento de confiança, mutualidade de reconhecimento com a mãe. Se o comportamento da mãe é errático, sendimenta a desconfiança; Porém nada é definitivo (experiencias sociais e outras pessoas podem gerar sentimento de segurança. - Relações significativas: pessoa maternal -Modalidades do relacionamento: obter, devolver -Resultado favorável: impulso e esperança -Precursores da formação da identidade: reconhecimento mútuo x isolamento autístico -Fortalecedores: perspectivação x confusão no tempo -Psicopatologia relacionada: psicose, comportamento “aditivo”, depressão II: DESENVOLVIMENTO MUSCULAR: AUTONOMIA X VERGONHA E DÚVIDA - 1ª Infância: 18 meses > 3 anos. Explorar o meio. Estímulo: independência e autonomia\ superproteção, crítica, limitação de liberdade: culpa, vergonha e incerteza. -Relações significativas: pessoas dos pais -Modalidades do relacionamento: manter, abandonar -Resultado favorável: autocontrole e força de vontade -Precursores da formação da identidade: autoafirmação x incerteza -Fortalecedores: autoconfiança x egocentrismo - Psicopatologia relacionada: paranoia, obsessões, compulsões, impulsividade. III: CONTROLE LOCOMOTOR: iniciativa x culpa 2ª infância: 3-5 anos. Iniciativa própria: brinca, explora, planeja, faz de conta. Proibição, limitação pode gerar culpa. -Relações significativas: família nuclear -Modalidades do relacionamento: fazer (procurar), fazer de conta (brincar) -Resultado favorável: orientação e objetivo - Precursores da formação da identidade: antecipação de papeis x inibição de papeis -Fortalecedores: experimentação de papeis x fixação -Psicopatologia relacionada: conversão, fobia, manifestações psicossomáticas, inibição IV: LATÊNCIA: ENGENHO X INFERIORIDADE (5-13 ANOS) - Controle de impulsos, ceder lugar a um prazer, deixa mais atenta, perseverante, esforçada e responsável. Seu mundo é a escola, e reconhece a habilidade pelo elogio. O treino da responsabilidade começa pelos deveres de casa. Se os pais elogiam, os resultados são positivos, caso contrário, inferioridade. -Relações significativas: círculo de relações familiares, escola -Modalidades do relacionamento: fazer coisas (competir), fazer coisas em conjunto -Resultado favorável: método e competência -Precursores da formação da identidade: reconhecimento de tarefas x sensação de futilidade -Fortalecedores: aprendizagem x paralisia laboral -Psicopatologia relacionada: inibição da criatividade, inércia V: Moratória psicossocial: identidade x confusão de identidade – 13-21 anos. - revolução fisiológica, estabelece identidade. Tentativa de se encaixar, que se frustrada pode gerar formas imaturas de reações. -Relações significativas: grupos de colegas e grupos estranhos; modelos de liderança -Modalidades do relacionamento: ser, ou não, uma pessoa; participar - Resultado favorável: devoção e fidelidade - Fortalecedores: identidade x confusão de papéis - Psicopatologia relacionada: delinquência, perturbação da identidade do gênero, surtos psicóticos VI: Maioridade Jovem: Intimidade x Isolamento (21-40 anos)-Relações significativas: companheiros de amizade, sexo, competição, cooperação -Modalidades do relacionamento: :perder-se e encontrar-se no outro - Resultado favorável: associação e amor - Fortalecedores: polarização sexual x confusão bissexual -Psicopatologia relacionada: personalidade esquizoide, evitamento, discriminação VII: MEIA IDADE: GENERATIVIDADE X ESTAGNAÇÃO (40- 60) - casar, ter filhos, trabalhar produtivamente, etc, entender o papel no mundo. -Em contrapartida podemos deparar-nos com o “reverso da medalha” num indivíduo que pouco quer saber dos outros, um egocêntrico cuja vida estagnou numa certa forma de “invalidez prematura”, e para qual a satisfação que encontra na vida resulta da sua gratificação pessoa. -Relações significativas: humanidade -Modalidades do relacionamento: ser na medida em que se foi; enfrentar o não ser -Resultado favorável: renúncia e sabedoria - Fortalecedores: empenhamento ideológico x confusão de valores -Psicopatologia relacionada: alienação extrema, desespero VIII: MATURIDADE: INTEGRIDADE X DESESPERO (60+) - Aproximação do fim da vida com satisfação (integridade) ou frustração. - Relações significativas: humanidade -Modalidades do relacionamento: ser na medida em que se foi; enfrentar o não ser -Resultado favorável: renúncia e sabedoria - Fortalecedores: empenhamento ideológico x confusão de valores -Psicopatologia relacionada: alienação extrema, desespero MAUS-TRATOS - Define-se como violência contra a criança ou o adolescente toda ação ou omissão, conscientemente aplicada ou não, que venha a lhe provocar dor, seja ela física ou emocional: Código Penal Brasileiro, art. 136: expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina; - Ao mesmo tempo, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei 8.069/90), art. 232: submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento; Ambos conceitos abarcam penas semelhantes (detenção de 6 meses a 1 ano no código penal e 6 meses a 2 anos no ECA); no entanto, o Código Penal não se restringe à proteção das crianças e adolescentes, abarcando como sujeitos passivos toda uma infinidade de pessoas que estejam sob a autoridade, guarda ou vigilância de outrem (alienados mentais, doentes etc.). - Quando essa violência é exercida por parte de adulto ou adolescente mais velho, na qualidade de responsável, permanente ou temporário, ou que mantenha com a vítima um laço de parentesco, dependência, coabitação ou submissão, classifica-se como violência doméstica (ou intrafamiliar) e caracteriza-se o crime de maus-tratos (art. 136 do Código Penal Brasileiro): É a forma mais comum de violência praticada contra a criança e o adolescente; PRINCIPAIS AGRESSORES - Na maioria dos casos, os responsáveis são os principais agressores: a mãe com mais frequência, seguida pelo pai; no entanto, somando os agressores que ocupam o lugar do pai (próprio pai, padrasto, companheiro da mãe ou avô), eles ficam em primeiro lugar e são os que praticam as formas mais violentas de maus-tratos. - Destaca-se também a violência institucional dos abrigos, orfanatos, casas de convivência e toda instituição que preste assistência temporária ou definitiva à criança e ao adolescente TIPOS DE MAUS TRATOS Segundo o Disque 100, 4 categorias principais de violência contra crianças e adolescentes: a) física; b) negligência; c) psicológica; e d) sexual. - Psicológico: ações verbais e atitudes de humilhação, desqualificação, ameaça, rejeição, desrespeito, terror, abandono, cobraça indevida, discriminação. Sinais mais comuns: Comportamentos extremos de apatia ou agressividade; isolamento; Irritabilidade ou choro frequentes sem causa aparente; Sinais de ansiedade ou medo constantes; Baixas autoestima e autoconfiança; Dificuldades na fala, gagueira; Tiques ou manias; Depressão; Afecções de pele frequentes, sem causa aparente; Aumento injustificável do aumento de infecções ou doenças alérgicas; Enurese; Encoprese; Recusa alimentar em menores de 1 ano; Obesidade, anorexia nervosa, bulimia ou outros distúrbios alimentares; Destrutividade e/ou autodestrutividade; Uso de drogas; Comportamento delinquente; Tentativa de suicídio. - Sexual: uso da C/A como gratificação sexual, seja hétero/homossexual. As práticas são impostas por violência física, indução ou sedução com: erotização precoce, exibicionismo, toque, manipulação de partes íntmas, clismafilia (excitação pelo uso de enemas)m floteirismo (se esfregar em locais públicos, prostituição, pornogradia, sexo oral, penetração. Estupro de vulnerável: pela Lei n. 12.015 de 2009, considera-se estupro de vulnerável qualquer ato sexual envolvendo crianças e adolescentes menores de 14 anos (do sexo feminino ou masculino) e qualquer outro que, por alguma razão de incapacidade física ou mental, não pode oferecer resistência (art. 217 A, Código Penal Brasileiro). 4 apresentações mais frequentes da violência sexual: - NEGLIGÊNCIA (ou omissão do cuidar): higiente, nutrição, educação, proteção e afeto, sendo o abandono o grau máximo. Negligência intencional: atinge todos os níveis socioculturais e está ligada à desvinculação entre pais e filhos, e não à carência de recursos; é muitas vezes isolada em um dos membros da família (contrastando com os demais membros) ou afeta todos dependentes; Negligência causada por fatores psicossociais: provocada pela ausência de condições sociais mínimas, ligada à miséria; exige notificação e tratamento: organismos sociais e o Estado têm a obrigação de intervir. - Outras formas: autoagressão (buscar situações com riscos – lesões, transtornos alimentares, abuso de substâncias, fracasso acadêmico até o suicídio), Síndrome de Muchausen por transferência (misto de violência física, negligência e psquíca - Trata-se de doença intelectual grave do agressor, com o uso da criança ou adolescente como um objeto, para atingir um reconhecimento ou maior valor frente à sociedade em geral e especialmente ao médico, em que: O cuidador leva a criança a muitos serviços de especialidades médicas, se apresentando como devotado e extremamente interessado no bem-estar da vítima, com queixas variadas e progressivas, com grande domínio do linguajar médico, tentado demonstrar sempre a impotência do profissional frente aos sintomas apresentados; Quanto maior o sofrimento da vítima e mais difícil o seu diagnóstico, maior a satisfação do cuidador), violência química (uso de substâncias que interferem na atividade da criança e seu desenvolvimento – sedativos, psicotrópicas, etc. O agressor cria o rótulo de transtorno mental para a criança e nega sua responsabilidade). AVALIAÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICA – SINAIS E SINTOMAS - Os primeiros sinais, exceto os físicos, nem sempre estão presentes no momento da avaliação, devendo-se avaliar as consequências emocionais do abuso; - Não há como avaliar a gravidade da agressão; somente com o passar do tempo é possível observar manifestações no desenvolvimento da criança; 1. Sinais do sofrimento emocional: distúrbios do sono, de comportamento (apatia e irritabilidade constantes), que podem evoluir para o déficit de desenvolvimento psicomotor, sem quadro de doença que justifique → sinais de angústia de dor; 2. Tristeza constante e desinteresse por atividades próprias da idade ou pela aparência e bem-estar são manifestações frequentes, bem como choro constante e emotivo; 3. Sinais agressivos incluem a enurese, a encoprese e distúrbios alimentares (anorexia, bulimia e obesidade); são indicadoresda existência de sentimentos de culpabilidade que são impostos às vítimas de maus- tratos; 4. Como consequência do desenvolvimento psicomotor e afetivo, seguem-se distúrbios de aprendizagem e fracasso escolar. - Histórico de fugas e relato ou constatação de “acidentes” também devem ser levados em consideração na investigação da possibilidade de maus-tratos; - Presume-se que quanto menor a idade, menor a capacidade de compreensão e absorção do trauma, bem como quanto maior a intensidade e cronicidade da violência, maiores os danos; - Também o apoio e suporte familiar, ou o tratamento e a qualidade dos acompanhamentos oferecidos é que irão fazer a diferença das marcas que poderão ficar. ATENDIMENTO - O primeiro passo é o acolhimento: • Em casos leves: paciente normalmente apresenta sensação de mal-estar que surgem com a surpresa da imposiçãoda violência por aqueles que deveriam ser um porto-seguro; • Em casos graves: ocorre maior sofrimento físico e emocional da vítima, sustentado por uma baixa alto- estima e pelo medo de serem incriminados e de sofrerem alguma restrição pelos seus atos. - Por isso, alguns princípios devem ser seguidos desde o primeiro atendimento: b) Anamnese: histórico da situação bem registrado, com palavras da vítima e da família. Crianças < 3 anos, solicitar profissionais de saúde mental c) avaliação física e emocional - A avaliação deve ser detalhada, visando o diagnóstico da situação atual, mas também buscando sinais de violência anterior; - O exame completo da região genital deve ser realizado SEMPRE, buscando agressões ou lesões antigas, sempre explicando à criança o porquê destes cuidados; - A negativa por parte da criança ou a confirmação da história do responsável não afasta a possibilidade de violência; Deve-se levantar a suspeita de maus-tratos quando forem encontrados os sinais descritos na tabela. - LEMBRANDO QUE... quedas e injúrias não intencionais costumam envolver a parte anterior do corpo, áreas de extensão e as extremidades (p.ex.: fronte, queixo, cotovelos, palmas das mãos, parte anterior da coxa e pernas; ou seja, a hipótese de intencionalidade deve ser levantada frente a uma história duvidosa do mecanismo de trauma!!! d) Exame físico: *Síndrome do Bebê Sacudido – “shaken-baby syndrome” - É uma das formas mais graves de lesão cerebral por abuso infantil, provocada por sacudidas violentas da criança com até 2 anos; - O “chacoalhamento” ao qual a criança é submetida não precisa ser prolongado, pode ser bastante breve e ocorrer uma ou repetidas vezes durante dias, semanas ou meses; e) Avaliação laboratorial: - Hemograma completo com plaquetas, coagulograma, bioquímicos (cpk aumenta nos traumas, amilase, transaminases, ggt (trauma abd), urina tipo I, sangue e urina para intoxicações exógenas. f) avaliação radiológica: - Até 2 anos: avaliação radiológica completa. - Acima de 2 anos: radiologia seletiva. NOTIFICAÇÃO - A notificação pode ser definida como a informação emitida pelo setor da saúde ou por qualquer outro órgão ou pessoa para o Conselho Tutelar, o Ministério Público ou a Vara da Infância e Juventude, com a finalidade de promover cuidados sociossanitários voltados à proteção de crianças e adolescentes vítimas de maus- tratos: • É compulsória desde 1990, pela Lei n. 8.069 - ECA, embora ainda não esteja estabelecida em todos os municípios brasileiros; • Em 2001, com a publicação da Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência na Infância e na Adolescência, foi estabelecida como obrigatória a notificação de casos suspeitos e confirmados de maus-tratos pelos profissionaisdos estabelecimentos que atendem pelo SUS. • Dever do médico, previsto no parágrafo único do art. 28 do Código de Ética Médica de 2010. AUTORIDADES COMPETENTES • O ECA, no seu art. 13, estabelece que a autoridade competente é o Conselho Tutelar do local de moradia da criança ou adolescente em situação de violência; • Nas localidades onde o Conselho Tutelar é inoperante, a comunicação pode ser feita diretamente à Vara da Infância e Juventude da localidade de moradia da vítima; • É recomendável que a notificação seja realizada através da Instituição (hospital, unidade básica de saúde, etc.). - Quem deve notificar: médicos, professores ou responsáveis por estabelecimentos de atenção à saúde e de ensino fundamental; - Infração administrativa: art. 245. (ECA): deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré- escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente: Pena: multa de 3-20 salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. LEMBRANDO QUE... a notificação não tem poder de denúncia policial, mas tem a finalidade de chamar o Poder Público àsua responsabilidade, pois: • Por notificação entende-se informar aos órgãos competentes que tal fato ocorreu ou pode ter ocorrido, no caso de suspeita; • A denúncia é o registro da ocorrência na delegacia. - Quando a notificação institucional não for possível, pode-se recorrer à denúncia anônima. No Brasil, para o Disque Denúncia Nacional, disque 100; e também cada estado tem seu número próprio para atendimento estadual. COMO PROCEDER A NOTIFICAÇÃO? - Para todas as apresentações da violência, ou a suspeita, existem, no mínimo, 2 notificações a fazer: 1. Conselho Tutelar: para o desencadeamento de medidas protetoras à suposta vítima de violência; 2. Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan): a fim de estabelecer o perfil epidemiológico da violência, possibilitar o planejamento dos serviços que prestam assistência às vítimas (da emergência ao acompanhamento ambulatorial), obter dados para subsidiar intervenções intersetoriais voltadas à prevenção e ao combate à violência e divulgar estatísticas e dados para sensibilizar o Estado e a sociedade. - Caso haja risco para violência sexual, outras medidas de notificação são necessárias: 3. Órgãos de segurança: delegacia; 4. Órgãos de justiça: Vara de Crimes ou da Infância e da Juventude, ou ainda o Ministério Público. - Tanto a notificação feita para o Conselho Tutelar quanto para as Varas deve ser feita por meio de relatório institucional elaborado por um membro da equipe multiprofissional ou preenchimento da Ficha de Notificação de Casos Suspeitos ou Confirmados de Violência e Acidentes (onde estiver instituído); a notificação deve ser encaminhada no primeiro dia útil após o ocorrido. B)ENCAMINHAMENTOS - Levam em consideração a gravidade do agressão/caso: 1. Caso leve: agressão única, que não precisa de procedimentos médicos ou psicológicos, sem histórico de lesões anteriores, em criança ou adolescente em bom estado geral, com família interessada em seu bem- estar e tendo bom vínculo com o agressor (que se mostra acessível a rever sua conduta); 2. Caso grave: agressão que necessita de tratamento médico ambulatorial ou acompanhamento psicológico; 3. Caso gravíssimo: agressão é de repetição, ou se existe comprometimento do estado geral da vítima, como alterações de comportamento, déficit de desenvolvimento psicomotor ou dificuldades de aprendizagem: a. Casos de abuso sexual, ou quando, por outras lesões, a vítima necessite tratamento hospitalar, ou ainda tenha história de vitimização crônica; b. Vítima com estado geral comprometido, desnutrição grave, distúrbios de socialização, atraso importante de desenvolvimento psicomotor, déficits ou fracasso escolar; c. Agressor com histórico anterior de violência grave ou gravíssima na sua infância, de estar envolvido em outras situaçõesde violência, apresentar sinais de sociopatias, psicopatias ou demonstrar pouca ou nenhuma vinculação com a vítima; d. A ausência de suporte familiar ou diagnóstico de sua conivência com os atos de agressão caracteriza uma situação de risco de vida. * Risco de revitimização: considera-se como o fato do agressor não ser controlável ou a família ou cuidadores do paciente não parecerem competentes e capazes de proteger a criança ou adolescente. - A alta hospitalar: dependerá de critérios clínicos e da decisão judicial; - Após a alta hospitalar: a criança ou o adolescente, assim como suas famílias, deverão ser encaminhadas para acompanhamento ambulatorial por equipe interprofissional, na qual o pediatra tem papel fundamental. CONSELHO TUTELAR - Órgão autônomo da administração pública municipal brasileira, destituído de função jurisdicional, que possui a atribuição de zelar pelo cumprimento dos direitos das crianças e adolescentes. A autonomia do órgão é denotada pela falta de relação de subordinação com o Executivo municipal; portanto, não deve obediência ao comando do Prefeito ou seus secretários, quanto às suas funções institucionais; Não existe nas esferas estaduais e da União, sendo um órgão que apenas existe na órbita dos municípios e do Distrito Federal, preservando-se assim uma proximidade do Conselho com as crianças e adolescentes que deva tutelar; - Como não possui função jurisdicional, suas decisões podem ser revistas pelo Judiciário, mediante provocação do Ministério Público, dos próprios conselheiros, da sociedade civil ou, mediante ação popular, de qualquer cidadão. - Membros: é composto por 5 membros, que são escolhidos por processo de escolha unificado, para mandato de 4 anos, com a possibilidade de uma única recondução; conforme o ECA: Art. 133 - Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: • Reconhecida idoneidade moral; • Idade superior a 21 anos; • Residir no município. - Não há que se exigir formação superior, porque Conselheiro Tutelar não é técnico e não tem que fazer atendimento técnico, para isto deve requisitar o atendimento necessário; - O Conselheiro Tutelar precisa ter bom senso para se fazer presente onde há violação de direitos ou indícios e possibilidades de violação, e agir para cessá-la ou eliminar o risco de que ocorra. Para isto não deve fazer, mas requisitar os meios necessários a que se faça. - Atender crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts.98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I aVII; Atender e aconselhar pais ou responsáveis, aplicando as medidas previstas no art.129, I a VII: • I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção dafamília; • II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras etoxicômanos; • III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; • IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; • V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar; • VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado; • VII - advertência; Promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: • Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,serviço social, previdência, trabalho e segurança; • Representar junto à autoridade judiciária nos casos dedescumprimento injustificado de suas deliberações; Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infraçãoadministrativa ou penal contra os direitos da criança e do adolescente; Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência; Providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor do ato infracional (ver tabela ao lado); Expedir notificações; Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescentequando necessário; Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente; Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, §3º, inciso II, da Constituição Federal: • Estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente FLUXOGRAMA INICIATIVA HOSPITAL AMIGO DA CRIANÇA (IHAC) INICIATIVA OMS/UNICEF/MS – Maternidade que cumpre 10 passos para o sucesso do aleitamento materno 1. Ter uma norma escrita sobre aleitamento, rotineiramente transmitida a toda a equipe; 2. Treinar toda a equipe; 3. Informar todas as gestantes sobre as vantagens e o manejo do aleitamento; 4. Ajudar as mães a iniciar o aleitamento na primeira meia hora após o nascimento; 5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação; 6. Não dar a recém-nascidos nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que tal procedimento seja indicado pelo médico; 7. Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães e bebês permaneçam juntos – 24 horas por dia. 8. Encorajar o aleitamento sob livre demanda; 9. Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas ao seio; 10. Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio ao aleitamento, para onde as mães deverão ser encaminhadas por ocasião da alta, no hospital ou ambulatório. Além dos 10 passos, o hospital/maternidade deve: 1. Cumprir a Lei 11.265 de 03 de janeiro de 2006 e a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças na Primeira Infância – NBCAL; 2. Garantir livre acesso à mãe e ao pai e permanência da mãe ou pai, junto ao recém-nascido, durante 24 horas, conforme Portaria nº 930 de 10 de maio de 2012, devendo o hospital ter uma Política escrita, a respeito, queseja rotineiramente transmitida a toda equipe de cuidados de saúde; 3. Incluir no processo de avaliação da IHAC o Critério Global Cuidado Amigo da Mulher, devendo o hospital ter uma Política escrita, a respeito, que seja rotineiramente transmitida a toda equipe de cuidados de saúde; o Critério Global Cuidado Amigo da Mulher requer as seguintes práticas: A) Garantir às mulheres, um acompanhante de livre escolha para oferecer apoio físico e/ou emocional durante o pré-parto, parto e pós-parto, se desejarem; B) Ofertar, às mulheres, líquidos e alimentos leves durante o trabalho de parto; C) Incentivar as mulheres a andar e a se movimentar durante o trabalho de parto, se desejarem, e a adotar posições de sua escolha durante o parto, a não ser que existam restrições médicas e isso seja explicado a mulher, adaptando condições para tal; D) Garantir às mulheres, ambiente tranquilo e acolhedor, com privacidade e iluminação suave; E) Disponibilizar métodos não farmacológicos de alívio da dor, tais como, banheira ou chuveiro, massageadores/massagens, bola de pilates (bola de trabalho de parto) e compressas quentes e frias, técnicas que devem ser de conhecimento da parturiente, informações essas, orientadas à mulherdurante o pré-natal; F) Assegurar cuidados que reduzam procedimentos invasivos, tais como rupturas de membranas, episiotomias, aceleração ou indução do parto, partos instrumentais ou cesarianas, a menos que necessárias em virtude de complicações, e, que em caso de necessidade, isso seja explicado à mulher; G) Caso o hospital tenha em suas rotinas a presença de doula comunitária/voluntária, autorizar a presença e permitiro apoio à mulher, de forma continua, se for a vontade dela. - O estabelecimento de saúde, para ser habilitado pelo gestor estadual/municipal na iniciativa Hospital Amigo da Criança,deverá atender os seguintes critérios: Comprovar cadastramento no Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – CNES; Comprovar cumprimento à Norma Brasileira de Comercialização de Alimento para Lactentes e Crianças na Primeira Infância; Não estar respondendo à sindicância no SUS; Não ter sido condenado judicialmente, nos últimos 2 anos, em processo relativo à assistência prestada no préparto, parto, puerpério e período de internação em unidade de cuidados neonatais; Dispor de profissional capacitado para a assistência à mulher e ao RN no ato do parto; Possuir comitê de investigação de óbitos maternos, infantis e fetais implantado e atuante, que forneça trimestralmente ao setor competente da Secretaria Municipal de Saúde – SMS e/ou da Secretaria Estadual de Saúde – SES as informações epidemiológicas e as iniciativas adotadas para a melhoria na assistência para análise pelo Comitê Estadual e envio semestral ao Comitê Nacional de Prevenção de Óbito Infantil e Materno; • Apresentar taxa percentual de cesarianas conforme estabelecida pelo gestor estadual/municipal, tendo como referência as regulamentações procedidas do MS: Hospitais cujas taxas de cesarianas estejam acima das estabelecidas deverão apresentar redução dessas taxas pelo menos no último ano e comprovar que o hospital está adotando medidas para atingir as taxa estabelecidas; • Apresentar tempo de permanência hospitalar mínima de 24 horas para o parto normal e de 48 horas para parto cesariana; Permitir a presença de acompanhante no Alojamento Materno; • Realizar os “Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno”, proposto pela OMS e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância. IHAC em Belém – PA: - Hospital de Clínicas Gaspar Viana; - Santa Casa de Misericórdia; - Hospital beneficente Portuguesa D. Luiz I; - Hospital da Ordem Terceira.
Compartilhar