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PEDIATRIA ADOLESCÊNCIA E PUBERDADE GERAL - Puberdade: conjunto de mudanças físicas que transformam o corpo infantil em adulto: - sequência de transformações biológicas determinadas pela ação do eixo hipotálamohipófise-suprarrenais- gonadal, e que culmina no aumento da velocidade de crescimento (estirão pubertário) e no surgimento das características sexuais secundárias, com consequentes mudanças na esfera psicossocial dos indivíduos; - Pode-se precisar claramente seu início e término: aparecimento do botão mamário nas meninas e aumento do volume testicular nos meninos; e fechamento das epífises, maturação sexual, estabelecimento da capacidade reprodutiva, respectivamente; - Adolescência: componentes psicológicos e sociais característicos dessa etapa da vida. Apresenta características mais complexas e limites bem mais imprecisos, conforme o ambiente sociocultural no qual o jovem se encontra inserido; - Adolescência inicial – 10 aos 13 anos: período marcado pelo rápido crescimento e pela entrada na puberdade; - Adolescência média – 14 aos 16 anos: caracteriza-se pelo desenvolvimento intelectual e pela maior valorização do grupo; - Adolescência final – 17 aos 20 anos: consolidam-se as etapas anteriores e o adolescente se prepara para assumiro mundo adulto; Pelo o direito, é o período situado depois da infância, ainda dentro da menoridade, até a maioridade,conforme a legislação correspondente; Pela OMS: dos 10 aos 20 anos de idade; Pela ECA: dos 12 aos 18 anos. PUBERDADE - O processo pubertário inicia-se na vida intrauterina com a diferenciação sexual e a produção dos esteroides sexuais: A secreção de GnRH começa na 4ª semana (níveis baixos até a puberdade); - A secreção de FSH e LH se inicia entre a 10ª e a 12ª semana: na infância, os níveis de FSH são relativamente maiores que os de LH, invertendo-se os valores na puberdade. - Na primeira infância: o sistema inibidor amadurece, determinando um período de instabilidade dos valores de gonadotrofinas plasmática, com picos de LH e de FSH evidentes durante vários meses de vida pós-natal: • Nos lactentes, os níveis séricos de LH e FSH são altos e mais elevados no sexo feminino, declinar no final • testosterona podem atingir níveis pubertários até os 6 meses após o nascimento em meninos; • As meninas podem secretar estrogênio durante vários meses depois que os estrogênios maternos desaparecem da circulação. - Entre 4 e 9 anos: os valores de gonadotrofinas decrescem ainda mais, em razão de uma influência inibidora do SNC sobre a liberação do GnRH; os níveis de FSH permanecem mais elevados que os de LH (em meninos e meninas). - Período pré-puberal: ocorre a supressão do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, que impede o desenvolvimento da fase puberal; → o hipotálamo é muito sensível ao feedback negativo exercido por pequenas quantidades de estradiol e testosterona produzidos pelo ovário: • Hipoteticamente, admite-se a presença de um sensor hipotalâmico (gonadostato) que se mostra sensível ao efeito supressivo dos esteroides gonadais; • MECANISMOS INIBITÓRIOS → no período pré-puberal, principalmente via GABA (ácido gama aminobutírico), neuropeptídio Y, opioides, betaendorfinas e melatonina. - Período peripubertário (~1ano antes de começarem as alterações físicas): é notada uma crescente amplitude da secreção do LH durante o sono: 1. A medida que a puberdade progride, os picos episódicos do LH aparecem crescentemente durante o dia, até que não exista uma significativa variação diurna da secreção de gonadotrofinas no adulto; 2. O pulso gerador de GnRH demonstra uma alteração da sensibilidade para a inibição do retrocontrole pelos esteroides sexuais. - Finalmente, a sensibilidade decresce até a ocasião da puberdade: • O início da puberdade seria marcado pela redução da sensibilidade do gonadostato à elevação dos esteroides gonadais suprarrenais, favorecendo o aumento da frequência e da amplitude dos pulsos do GnRH noturnos e posterior secreção pulsátil de LH; • Também entram em ação fatores permissivos (como a leptina) e fatores excitatórios, representados principalmente pela kisspeptina e seu receptor (GPR54) e pelo glutamato: • a leptina, secretada pelas células adiposas e cujos receptores estão expressos no hipotálamo e nos ovários, estimula o pulso gerador de GnRH. • A partir de então, é necessária uma concentração mais elevada de esteroides sexuais para suprimir a secreção de LH e FSH, o que resulta num aumento da secreção de GnRH e de gonadotrofinas. Por isso, os valores dos esteroides sexuais aumentam. A puberdade é uma fase do desenvolvimento que prepara o ser humano para a maturação sexual e a reprodução. • Nos estágios médios da puberdade feminina, o retrocontrole positivo amadurece e induz ao pico de LH do meio de ciclo, que permite o início da ovulação; Arthur Rodrigues | @arthurnamedicina | Problema 06 FISIOLOGIA DA PUBERDADE - Nos lactentes, provavelmente em razão da imaturidade dos tratos inibitórios do SNC, os níveis séricos de LH e FSH são altos e mais elevados no sexo feminino, começando a declinar no final da lactância e permanecendo baixos por todo o período prépuberal até o início da puberdade. - Na fase puberal, ocorrem três eventos principais: adrenarca (aumento da secreção dos andrógenos suprarrenais), ativação ou desinibição dos neurônios hipotalâmicos secretores de LHRH (aumento das gonadotrofinas hipofisárias) e gonadarca (aumento dos esteroides sexuais produzidos pelos testículos e ovários). Os eventos hormonais da puberdade resultam de um processo de maturação cerebral, que envolve a região basal extramedial do hipotálamo, a hipófise, as gônadas e os órgãos-alvo dos esteroides gonadais. - Entre 6 e 8 anos de idade óssea, verifica-se o aumento progressivo dos níveis de andrógenos suprarrenais DHEA e DHEAS, responsáveis pela adrenarca. Esse evento é controlado pelo ACTH e parece ser independente da ativação do eixo hipofisário-gonadal. - Durante o período pré-puberal, existe uma supressão do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal por mecanismos ainda não bem esclarecidos, ou seja, a secreção de gonadotrofinas está sob controle do tipo feedback negativo, exercido pelos esteroides gonadais. Hipoteticamente, admite-se a presença de um sensor hipotalâmico (gonadostato) que se mostra sensível ao efeito supressivo dos esteroides gonadais. - O avanço das técnicas laboratoriais permitiu o reconhecimento da existência de formas isoméricas das gonadotrofinas. Durante a puberdade, existe um aumento significativo das frações B-FSH e B-LH, com maior potência bioativa, ou seja, maior capacidade de indução da síntese dos esteroides gonadais. A fração B- LH parece ser a gonadotrofina que mais se correlaciona com as mudanças somáticas puberais. - Os esteroides gonadais determinam o aumento da secreção de GH e IGF-1, os quais têm ação direta sobre a cartilagem, estimulando a síntese de fatores locais que contribuem para a maturação dos condrócitos e osteoblastos. - O estrógeno parece ter importância maior do que a testosterona no processo de maturação epifisária. - No homem, cerca de 75% do estradiol é produto da aromatização extracelular e o restante é produzido nas células de Leydig. Nas mulheres, os ovários são responsáveis por cerca de 90% da produção, enquanto 10% provêm da conversão extraglandular, da testosterona e da androstenodiona. Outros hormônios, como os da tireoide, a prolactina, a melatonina, a inibina e a ativina, também participam do processo pubertário. A tiroxina influencia na síntese e na secreção de GH e tem ação permissiva sobre o crescimento ósseo. A inibina, produzida nas células de Sertoli (testículos) e nas células da granulosa (ovários), exerce ação de retroalimentação negativasobre a secreção do FSH hipofisário, enquanto a ativina estimula a biossíntese e a secreção da fração B-FSH. FATORES QUE INFLUENCIAM A PUBERDADE - O início e a evolução da puberdade são influenciados por fatores genéticos (genes e história familiar) e ambientais (condições geográficas, estrato socioeconômico, estado nutricional, condições de saúde, atividade física). - A diferença média entre a idade da menarca de irmãs gêmeas univitelinas é de dois a três meses, sendo de 8 a 13 meses entre gêmeas não idênticas e de 18 meses entre meninas sem parentesco, o que sugere uma possível influência genética. as características da maturação sexual costumam ser semelhantes entre pais e filhos (distribuição e quantidade de pelos, forma e tamanho das mamas). - Influências étnicas parecem ter contribuição na evolução da puberdade. Segundo estudos realizados em Cuba e nos Estados Unidos, meninas negras têm maturação sexual um pouco mais precoce (pequena monta), e acredita-se que os fatores socioeconômicos sejam mais importantes na determinação da evolução puberal. - O estado nutricional adequado é um pré-requisito para o desenvolvimento puberal normal. Meninas que nascem com peso abaixo do normal para a idade gestacional tendem a ter uma puberdade mais cedo ou acelerada, o que não é observado nos meninos nascidos com a mesma condição. A melhora do estado nutricional é um dos fatores que corrobora o fenômeno da aceleração secular da puberdade. Em 1970, Frisch e Revelle propuseram “a teoria do peso crítico”, segundo a qual a menarca só ocorreria quando a menina atingisse o peso crítico, ao redor de 48 kg. Posteriormente, a hipótese foi modificada, relatando, esses autores, a necessidade de se atingir taxa de gordura corporal em torno de 17%. - A obesidade associa-se comumente à telarca precoce, enquanto a associação desta patologia com a idade da menarca e a evolução da puberdade masculina mostra resultados controversos na literatura. - Admite-se que o aumento da adiposidade favorece o aumento da resistência insulínica e a ativação do eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal pela ação da leptina, com o consequente aumento de estrógenos. As doenças crônicas ou recorrentes interferem negativamente na maturação sexual. Alterações do apetite ou da absorção de nutrientes, disfunções hormonais, aumento do consumo de oxigênio ou do gasto energético e acúmulo de substâncias tóxicas são fatores que limitam a expressão puberal. Alguns autores relatam que o estresse emocional é capaz de provocar a produção deficiente dos hormônios hipofisários, ou inibir o gonadostato por meio de mecanismos ligados ao SNC, ou, ainda, promover a resistência periférica aos fatores promotores do crescimento. - A prática desportiva vigorosa é um fator que contribui para o atraso puberal. Esse efeito é proporcional ao tempo de participação e à intensidade das atividades, e é maior nas atletas que praticam competições. O uso de substâncias (esteroides anabolizantes), os regimes alimentares e o gasto energético são outros fatores a serem considerados. CRESCIMENTO - O crescimento estatural depende do crescimento linear dos ossos longos, principalmente na cartilagem de crescimento, e é controlado por diversos hormônios. a interação entre os hormônios gonadais e adrenais com o hormônio de crescimento torna-se essencial para o estirão de crescimento normal e para a maturação sexual. - Assim, a altura final, o ritmo de como o crescimento se processa, o início e a velocidade com que o desenvolvimento puberal ocorre, a maturação óssea e o desenvolvimento dentário sofrem significativa influência de fatores genéticos. A nutrição, incluindo a ingestão de nutrientes específicos, é um dos determinantes mais significativos do crescimento. - Dessa forma, a desnutrição é a causa mais importante de atraso no crescimento em todo o mundo. Aspectos psicossociais como maus-tratos podem prejudicar o crescimento, a despeito da nutrição adequada e da ausência de doença orgânica Velocidade de crescimento (VC) é o aumento estatural no intervalo de um ano. É medida em centímetros por ano e não deve ser aferida com intervalo menor do que seis meses, já que o crescimento sofre influências sazonais. A velocidade de crescimento é o principal critério de normalidade do crescimento. - A presença de baixa estatura com velocidade de crescimento normal é característica de crianças e adolescentes normais cujo potencial genético familiar é reduzido. Até os quatro anos de idade, as meninas têm velocidade de crescimento discretamente mais elevada que os meninos. A partir daí, ambos crescem a uma velocidade de 5 a 6 cm/ano até o início da puberdade. - Na avaliação da velocidade de crescimento, são utilizados os gráficos de Tanner e Whitehouse, estabelecendo que valores abaixo do percentil 10 já devem ser considerados de risco. Velocidades de crescimento em diferentes estágios de vida: • Intrauterina = 66 cm/ano. • Lactente = 20 a 25 cm/ano. • Pré-puberal = 5 a 7 cm/ano. Puberal: • Masculino = 10 a 12 cm/ano. • Feminino = 8 a 10 cm/ano. ESTIRÃO - A medida que a puberdade se aproxima, a velocidade de crescimento apresenta uma pequena redução. - Nas meninas, costuma ocorrer mais cedo (cerca de dois anos antes) e em menor magnitude do que nos meninos. - O pico de velocidade costuma ser de 9 cm/ano em meninas e de 10,3 cm/ano em meninos. Durante a puberdade, há ganho de 20% da estatura final. PESO E COMPOSIÇÃO CORPORAL - A puberdade também é momento de significativo ganho de peso, cerca de 50% do peso final. Nos meninos, o pico de ganho de peso costuma coincidir com o pico de velocidade de crescimento estatural; nas meninas, ocorre cerca de seis meses depois. - Massa magra: os homens adquirem massa magra a uma velocidade maior e por mais tempo. mulheres adquirem a massa magra final por volta de 15 a 16 anos, os homens continuam até os 19 a 20 anos. Na mulher, a massa muscular diminui de 80% do peso corpóreo, no início da puberdade, para 75% no final. Embora haja aumento absoluto da massa muscular, seu percentual sofre queda porque o tecido adiposo aumenta mais rapidamente. No homem, a massa muscular aumenta de 80 a 85% do peso corpóreo para 90% na maturidade. Esse aumento reflete a ação dos andrógenos circulantes. - Tecido adiposo: o ganho de tecido adiposo é mais acentuado no sexo feminino e esse ganho é importante para que os ciclos menstruais se instalem e se mantenham regulares. - Massa óssea: andrógenos e estrógenos promovem deposição mineral óssea e mais de 90% do pico de massa esquelética está presente ao redor dos 18 anos em adolescentes com crescimento normal. Nas mulheres, cerca de 1/3 se acumula em três a quatro anos após o início da puberdade; homens têm deposição mais lenta, continuando até cerca dos 18 anos. HORMÔNIOS - Apesar de hormônios tireoidianos ainda serem necessários para o crescimento normal, os hormônios gonadais são mais importantes. Além disso, o eixo hormônio de crescimento-IGF-1 é ativado e, embora desempenhem papéis independentes, a interação entre eles se torna ainda muito mais importante. - A elevação desses hormônios (FSH e Lh) promove o desenvolvimento das características sexuais secundárias e da composição corporal, que ocorrem nessa fase. Na puberdade, o aumento da secreção de hormônio de crescimento é mais acentuado masculino, explicando a diferença na velocidade de crescimento entre homens e mulheres. - Ao final do desenvolvimento puberal, os níveis de hormônio de crescimento e IGF-1 voltam aos valores pré- puberais. Além do aumento do hormônio de crescimento e dos esteroides sexuais, há aumento da resistência à insulina. A leptina pode ser o sinal molecular de ligação na situação nutricionalda ativação puberal do eixo hipotálamo-pituitária-gônada. - A testosterona estimula a eritropoese. Por isso, há aumento de células vermelhas no sexo masculino. Obs.: Órgãos e tecidos: A maioria dos órgãos duplica de tamanho durante a puberdade; O tecido linfoide sofre uma involução nesse período. Obs.: Na adolescência, o crescimento ocorre de forma centrípeta. Isso significa que o crescimento começa pelas extremidades e, mais tarde, alcança o tronco. Esse fato faz com que muitos adolescentes cheguem ao consultório preocupados com o tamanho de seus pés, já que eles não perceberam aumento importante na estatura. A informação de que seus pés começaram a crescer antes, mas que também cessarão o crescimento antes do tronco, atenua a preocupação. as mãos estão crescendo da mesma forma e que esse crescimento não é rapidamente detectado, o que faz o adolescente apresentar certa dismetria fisiológica. - Na avaliação do crescimento, é importante correlacionar: idade cronológica (IC), idade estatural (IE), ida de-peso (IP) e desenvolvimento puberal, e observar a relação entre esses dados e a idade óssea (IO). Relação entre idades óssea, estatural, ponderal e cronológica em diferentes situações: Baixa estatura constitucional: IE = IO < IC. Baixa estatura familiar: IO = IC > IE. Hipotireoidismo: IO ≤ IE < IP < IC. Baixa estatura hipofisária: IO ≤ IE < IP < IC. Baixa estatura por desnutrição: IP < IE < IO < IC MENINAS - Começam a puberdade normalmente entre os 8 e 13 anos; Desenvolvimento puberal: Inicia-se, em geral, com o aparecimento dos botões mamários (telarca) e aceleração linear do crescimento; entretanto, cerca de 15% apresenta aparecimento de pelos púbicos antes do aumento dos seios; A menarca geralmente ocorre dentro de 2 anos do início da telarca, na idade média de 12,8 anos com uma variação de 9 a 16 anos de idade; O surgimento de pelos púbicos precede a menarca e são primariamente os resultados da adrenarca (secreçãode andrógenos pelas suprarrenais); - O estirão de crescimento em meninas é precoce (início e término antes nas meninas do que nos meninos), durante o estágio genital III, e coincide com a menarca. - As meninas completam a puberdade em 1,5 a 6 anos, com uma média de 4,2 anos; MENINOS - os 9 e 14 anos; - O desenvolvimento puberal é associado à ativação do eixo hipotálamo-hipófise, proliferação das células de Leydig nos testículos, e síntese e secreção de testosterona pelas células de Leydig → secreção de andrógenos: É responsável pelo desenvolvimento de pelos pubianos e o crescimento pubiano; Em geral, inicia-se com o aumento testicular e é seguido, em seis meses, pelo aparecimento de pelos púbicos: em todos os estágios do desenvolvimento, o testículo direito é, em geral, maior, e o esquerdo localiza-se em geral mais baixo no escroto; O - estirão de crescimento é tipicamente um evento tardio, começando durante o estágio genital III e atingindo o máximo durante o estágio IV. - Os meninos completam a puberdade em 2 a 4,5 anos, com uma média de 3,5 anos. ESTADIAMENTO DE TANNER - adolescentes de mesma idade frequentemente estão em fases distintas da puberdade. - O estadiamento da puberdade se torna, assim, uma medida importante para a caracterização do grau de maturação doadolescente. - A maturação sexual normal segue uma cronologia e pode ser classificada em cinco estádios (1 a 5), de acordo com os critérios de Marshall e Tanner, levando- se em conta: - No sexo feminino: o desenvolvimento mamário e a quantidade dos pelos púbicos; No sexo masculino: o aspecto dos órgãos genitais e a distribuição dos pelos púbicos. As mamas e os genitais masculinos são avaliados quanto ao tamanho, forma e características; e os pelos púbicos, em ambos, por suas características, quantidade e distribuição. - A maioria dos adolescentes não diverge entre os dois componentes do estadiamento mais do que em um estágio, mas situações como G1P3, G4P1 ou M3P1, embora raras, são vistas em adolescentes geralmente normais. No entanto, diferenças importantes também podem ser sinal de patologia (supra-renal, testicular, etc.). - A puberdade masculina: 1) É marcada inicialmente pelo aumento do volume testicular, o que ocorre em média aos 10,9 anos, podendo variar dos 9 aos 14 anos; o volume testicular pode ser medido com o orquidômetro de Pradder: valores ≥ 4 mL→início do desenvolvimento puberal. 2) Segue-se o surgimento dos pelos púbicos, em torno dos 11,9 anos, e o aumento peniano; 3) Entre os 12 e os 14 anos e após o início da puberdade, ocorre o surgimento do broto mamário em cerca de 65- 70% dos adolescentes (ginecomastia puberal): Tende a desaparecer em 2 anos (75% dos indivíduos), ou dentro de 3 anos (90%); A regressão torna-se improvável se o diâmetro da glândula ultrapassa 5 cm, sendo importante questionar a possibilidade de doenças crônicas ocultas e o uso de drogas, como esteroides anabolizantes, isoniazida, captopril, cetoconazol cimetidina, digitoxina, GH, estrógeno, diazepam, antidepressivo tricíclico, haloperidol e fenotiazida; 4) Espermarca (1ª ejaculação): ocorre quando o volume testicular está em torno de 10 a 12 mL, em média; os primeiros sêmens ejaculados costumam ser desprovidos ou ter baixa concentração de espermatozoides; 5) Após 12-24 meses, atinge-se o padrão do homem adulto: O aparecimento de pelos axilares e faciais costuma ser a manifestação mais tardia, ocorrendo por volta dos 12,9 e 14,5 anos, respectivamente; A pilificação facial inicia-se nos cantos do lábio superior e na região lateral superior da face, e geralmente surge no estádio 3 dos pelos púbicos; A mudança no timbre da voz coincide com o estádio 5 de pelos púbicos e representa uma ação da testosterona sobre as cartilagens da laringe (presença de 5α-redutase nas cartilagens, possibilitando a conversão da testosterona em DHT). A puberdade feminina: 1) No sexo feminino, a gonadarca precede a adrenarca; assim, na grande maioria dos casos, o primeiro sinal da puberdade feminina é o aparecimento do broto mamário (telarca), precedido pelo aumento das células superficiais observadas no urocitograma (a telarca pode ser assimétrica ou unilateral no início do desenvolvimento puberal); 2) Segue-se o surgimento dos pelos púbicos (pubarca) e axilares; 3) Posterior ocorre a menarca: Primeiros ciclos menstruais: costumam ser irregulares, anovulatórios e mais prolongados, por causado inadequado desenvolvimento folicular; Após 12 a 18 meses: costumam surgir os ciclos menstruais ovulatórios, que representam o resultado de interações do hipotálamo, hipófise, ovários e trato genital. Entre a telarca e a menarca, geralmente ocorre intervalo médio de 2 a 5 anos; A velocidade de progressão de um estádio para outro é similar entre as mamas e os pelos púbicos, variando de 0,5 a 0,9 ano, para cada um, entre os estádios 1 a 4; No Brasil: a telarca surge habitualmente a partir dos 8 anos (mas pode variar entre 8 e 13 anos); a pubarca, por volta dos 9,6 anos; os pelos axilares, em torno dos 10,4 anos; e a menarca, aos 12,2 anos (estádio 4), podendo variar dos 9 aos 16 anos; Alguns autores americanos relatam que meninas afro-americanas e brancas podem iniciar telarca ou pubarca a partir dos 6 e 7 anos, respectivamente. OBS.: Medida do volume testicular: O método mais difundido → orquidômetro de Prader: conjunto de 12 modelos detestículos, de forma elipsoide, feitos de madeira ou plástico e montados numa corda, com volumes de 1 a 25ml; Para avaliar o volume testicular, o médico palpa o testículo com uma das mãos, enquanto segura o orquidômetro na outra, procurando o modelo que mais se aproxima do testículo palpado; É importante na avaliação do diagnóstico de algumas patologias, p.ex.: síndromede Klinefelter (apresenta testículos pequenos), ou síndrome do X frágil (pode haver macroorquidia: testículos de tamanho maior que o regular); - A maioria dos adolescentes tem volumes testiculares direito e esquerdo quase iguais, mas é muito comum que o testículo esquerdo apresente um volume ligeiramente inferior ao do testículo direito. Quando a diferença é significativa(mais de 20%), devemos procurar algum fator que possa estar interferindo no crescimento do testículo menor (varicocele,ou antecedentes de cirurgia, orquite, torção etc.); - O volume testicular tem uma correlação significativa com a função testicular → Volume testicular de 12ml, atingido em média aos 13-14 anos, na época da velocidade máxima de crescimento, é considerado por alguns autores como um volume mínimo compatível com a fertilidade, e seria por isso comparável à menarca, como uma referência na maturidade sexual masculina. HEBIATRIA - Profissional de saúde do adolescente. CONSULTA Os problemas trazidos pelos adolescentes e jovens costumam variar dependendo da idade ou da maturação sexual, sendo melhor abordados quando os adolescentes são divididos em 3 grupos: ADOLESCENTE DE 10-14: - Revelam, de modo geral, dúvidas referentes ao seu crescimento edesenvolvimento → transformações corporais + questões psicológicas e sociais que a sua condição incipiente determina; - Principais causas de mortalidade: Mortes violentas: representam mais de 30% do total de óbitos em adolescentes brasileiros: acidentes de transporte > afogamentos > homicídios 15-20 ANOS: - Preocupam-se, primordialmente, com as vicissitudes impostas pela escolarização, o projeto vocacional e as relações sociais com os companheiros do mesmo sexo e do sexo oposto; - A autoimagem pode estar transtornada por problemas orgânicos: acne, micoses, dificuldades visuais impondo o uso de lentes corretivas, deformidades da arcada dentária, incluindo o uso de aparelhosortodônticos; - As vicissitudes relacionadas ao exercício da sexualidade tomam grande parte do tempo e da energia livre dos adolescentes e precisam ser conduzidas com perícia para prevenir danos orgânicos e psicológicos; - Os comportamentos de risco desestabilizam as relações familiares e sociais e o êxito escolar: abuso de drogas lícitas e ilícitas ocasiona o aumento da morbidade e da mortalidade - morte: - Eventos violentos: são responsáveis por mais de 70% dosóbitos: homicídios> acidentes de transporte; - As mortes decorrentes de complicações de parto e puerpério ocupam o 3º lugar no grupo das mulheres. 21-24 ANOS: - No quadro das morbidades prevalentes, os transtornos psicológicos ganham extensão notável da consulta e constituem a primeira demanda para todos os indivíduos. MODALIDADES DE CONSULTA - A consulta do adolescente compreende duas modalidades ou etapas: paciente acompanhado dos pais ou familiares e sozinho: 1) Acompanhado dos pais: devem-se observar aspectos do funcionamento do grupo familiar e de seu relacionamento; - é essencial que o adolescente perceba que ele é o centro da consulta, que a família está ali paracomplementar. Os pais costumam prestar informações mais claras sobre a vida pregressa do jovem, inclusive sobre o motivo da consulta; 2) Com o adolescente sozinho: é a modalidade preferida pela maioria dos profissionais, pois ajuda desde o início a estabelecer uma relação de confiança, criando o vínculo indispensável para a boa relação profissional/adolescente. - Na infância, a norma é que a família esteja sempre presente no momento da consulta; essa condição pode repetir-se nos primeiros anos da adolescência; - No entanto, os adolescentes maiores de 15 anos e os jovens podem sentir-se seguros ao se apresentarem sozinhos no serviço médico; Sequência de consulta: 1ª entrevista com a familia (com o adolescente ou nao) → seguida de um encontro individual com o paciente → retorno com presença de todos para as orientações necessárias; - É importante informar ao jovem que em algum momento pode ser necessária a presença dos pais, para informações sobre algo que ele desconheça; - Além disso, também deve ficar claro que o sigilo será quebrado em situações graves (p.ex., risco de vida para o paciente ou terceiros), presença de ideias suicidas, violência física contra outras pessoas e risco de abuso sexual. Por outro lado, o jovem deve sempre ser encorajado a discutir seus problemas com seus familiares ou responsáveis, com ou sem a presença do profissional de saúde. ANAMNESE - Por meio de entrevista objetiva; Algumas questões podem ser compartilhadas pelos pais e outras devem ser resguardadas para o encontro isolado com o adolescente → o adolescente será informado daquelas circunstâncias em que o sigilo profissional poderá ser rompido, de forma a prevenir situações de risco e danos, no seu próprio interesse; Portanto, são investigados na presença dos pais: Antecedentes familiares: relações e estrutura familiar, incluindo valores, hábitos, condições socioeconômicas, doenças, violência intrafamiliar e outros eventos; Antecedentes individuais: condições de gravidez, parto e puerpério, aleitamento materno, imunizações, moléstias pregressas, acidentes, violências e hospitalizações; Puberdade: idade do surgimento dos sinais de maturação sexual, com reconstituição dos estágios de Tanner; Hábitos de vida: hábitos alimentares, de sono e de repouso, atividades de lazer extramuro, esportes, amigos, interesses; Educação e trabalho: frequência às aulas, repetições e evasão escolar, assim como condições de trabalho e horários de serviço para os que já exercem alguma atividade. No atendimento reservado somente para o adolescente, o médico procura aprofundar as seguintes questões: Sexualidade: namoro, relações sexuais, prevenção de gravidez e doenças de transmissão sexual, preferências de gênero, número de parceiros, métodos contraceptivos e outros. Drogas lícitas e ilícitas: uso e abuso. Violência: de tendências a condutas agressivas e delinquências até tentativas de suicídio ou de automutilação. Projetos para o futuro, observando-se a sua consonância com a realidade de vida do indivíduo. EXAME FÍSICO Em todos os casos, faz-se necessário que constem no prontuário do adolescente os seguintes itens: - Dados obtidos de medidas do crescimento e desenvolvimento do adolescente (cálculo da altura alvo); Avaliação da maturação sexual de Tanner; inspeção, a mais completa possível, de todos os aparelhos; Aferição do peso e da estatura e o cálculo do (IMC), assim como a devida plotagem nas curvas da OMS, disponíveis na Caderneta de Saúde do Adolescente do MS: Cabe ressaltar que esse conjunto de curvas não inclui gráficos de peso para a idade, mas apenas de estatura e IMC; - Além disso, a caderneta não apresenta pontos de corte para sobrepeso e obesidade (diferentemente das recomendações da própria Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), mas indica somente como valores críticos de IMC para excesso de peso aqueles superiores a +2 escores z; Nesse sentido, são úteis os gráficos recomendados por Cole et al., com curvas de percentis (espaçadas acada 2/3 de um escore z), cruzando aos 18 anos com os pontos de corte largamente utilizados de 25 e 30 kg/m2 para definir, respectivamente, sobrepeso e obesidade → são considerados menos arbitrários e com apoio mais sólido em dados internacionais do que as tradicionais classificações, incluindo a do CDC norte-americano e a do Sisvan (Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional) brasileiro - A avaliação do estado nutricional, acompanhada de informações que motivem o adolescente a cuidar de sua própria saúde; A necessidade de um exame ginecológico e andrológico mais acurado vai emergir durante o atendimento,na dependência da especificidade dos motivos da consulta; • O exame ginecológico completo raramente está indicado em meninas < 21 anos, exceto em caso de queixas específicas; • Não há evidências que apoiem o exame clínico dos testículos, para a detecção precoce de tumores, assim como há evidências suficientes para contraindicar o exame físico das mamas como teste de triagem para o câncer de mama em adolescentes. O exame psiquiátrico, o acompanhamento psicológico e outros procedimentos também são de acordo com a necessidade; As evidências são moderadas para a recomendação de que a pressão arterial seja aferida em todas as consultas antes dos 18 anos; A triagem rotineira para escoliose em adolescentes costuma ter um número excessivo de falso-positivos e encaminhamentos desnecessários; porém, em vista da facilidade de execução, vários protocolos recomendam incluíla nas consultas anuais entre 11 e 16 anos. No final do atendimento, o adolescente e a família devem ser orientados para a realização de possíveis exames complementares e atualização das vacinas; Quando necessário, o paciente pode ser encaminhado para tratamento individual ou em grupo com outros profissionais PROCEDIMENTOS DE TRIAGEM E ORIENTAÇÃO - A consulta do adolescente tem que incluir testes de triagem e orientação antecipatória, preferencialmente apoiadosem evidências científicas de efetividade e benefícios; Principais temas que devem ser abordados: atividade física, alimentação saudável, álcool, fumo e outras drogas, uso racional de meios eletrônicos, sexualidade e doenças sexualmente transmissíveis, planejamento reprodutivo, violência e bullying, segurança no trânsito. RELAÇÃO PEDIATRA-ADOLESCÊNCIA-FAMILIA - Antes de iniciar a consulta, deve-se conversar sobre o sigilo do atendimento: O momento em que o adolescente e o pediatra estiverem a sós deve ser uma oportunidade para que oadolescente fale de suas angústias, da dinâmica familiar, como ele se encontra diante da vida; Deve ficar claro que o pediatra não passará para os responsáveis do adolescente informações discutidas durantea consulta sem a permissão do consultado; Quando necessário, o sigilo deve ser quebrado em situações especiais, como estando a vida do adolescente ou a de terceiros em risco. - O médico precisa estar desprovido de preconceitos, pois qualquer atitude que o denote é percebida pelo jovem, que deixará de verbalizar um comportamento de risco que poderia, nesse momento, ser modificado com a ajuda necessária; Deve-se utilizar uma linguagem de fácil entendimento pelo adolescente; Não utilizar linguagens infantis e no diminutivo que remetam o adolescente à infância; Evitar comentários que interfiram na autoestima do adolescente, porque ele está vivenciando transformações físicas, psíquicas e sociais. Muitas vezes, o adolescente procura o pediatra em busca de uma simples escuta; O médico deve estar atento e sensível às queixas vagas como cefaleia, dor abdominal, fraqueza e tonturas, pois elas podem estar relacionadas a esses fatores e o adolescente, em muitos casos, sente dificuldade de verbalizar o verdadeiro motivo da consulta. ÉTICA A partir de 2003, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Associação Médica Brasileira (AMB), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) reconheceram que o atendimento do pediatra deve estender-se da concepção até os 20 anos incompletos; - O Código de Ética Médica, em seu Capítulo IX (Segredo Médico), no art. 103 refere que: “É vedado ao médico: revelar segredo profissional referente a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor tenha capacidade de avaliar seu problema e de conduzir-se por seus próprios meios para solucioná-lo, salvo quando a não revelação possa acarretar danos ao paciente”. Portanto, ficam garantidas ao paciente adolescente a confidencialidade, a privacidade e a sua autonomia. CONFIDENCIALIDADE O adolescente fica informado do limite da confidencialidade, que deverá ser quebrada em caso de risco de morte para ele ou para terceiros, como: risco de suicídio; doenças; procedimentos de informação de notificação compulsória, como maus-tratos, intenção de abortar, gravidez, abuso de drogas, anorexia e bulimia nervosa; ferimentos quando houversuspeita de que a lesão seja resultado de um ato criminoso; e ameaça de cometer homicídios; Procedimentos invasivos, como biópsias e intervenções cirúrgicas, não devem ser realizados na ausência dos pais ou responsáveis legais. PRIVACIDADE - O paciente não pode ser observado sem a sua devida autorização; a consulta deve ocorrer em um lugar tranquilo, sempessoas estranhas transitando pelo local, e o exame físico deve ser um momento de muita tranquilidade; AUTONOMIA - esse é um conceito novo na área de assistência à saúde; Significa autogoverno e autodeterminação, e é a capacidade que o ser humano tem de tomar decisões sobre a sua saúde, assumindo a responsabilidade sobre seu tratamento. → A autonomia das pessoas é respeitada quando são toleradas suas crenças e suas escolhas, desde que não constituam ameaça a outras pessoas ou à coletividade; O ser humano não nasce autônomo, ele torna-se autônomo. O adolescente está construindo a sua autonomia, portanto, cabe aqui o que já foi mencionado sobre discernimento. O Código de Ética Médica incorporou a ideia de maioridade sanitária em seu art. 10.314; O menor maduro é aquele capaz de exercer os princípios da autonomia; Esse fato não retira do pediatra sua responsabilidade, exigindo-se sempre sua avaliação sobre a maturidade doadolescente e até quando ele poderá exercer o direito de autonomia para as decisões tomadas em relação à sua vida. RECOMENDAÇÕES Os Departamentos de Bioética e Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo normatizaram os aspectos éticos do atendimento médico do adolescente com as seguintes recomendações: 1) O médico deve reconhecer o adolescente como indivíduo progressivamente capaz e atendê-lo de forma diferenciada; 2) O médico deve respeitar a individualidade de cada adolescente, mantendo uma postura de acolhimento,centrada em valores de saúde e bem- estar do jovem; 3) O adolescente, desde que identificado como capaz de avaliar seu problema e de conduzir-se por seus próprios meios para solucioná-lo, tem o direito de ser atendido sem a presença dos pais ou responsáveis no ambiente da consulta, garantindo-se a confidencialidade e o acesso aos recursos diagnósticos e terapêuticos necessários. Dessa forma, o jovem tem o direito de fazer opções sobre procedimentos diagnósticos, terapêuticos ou profiláticos, assumindo integralmente seu tratamento. Os pais ou responsáveis somente serão informados sobre o conteúdo das consultas, como, por exemplo, nas questões relacionadas à sexualidade e à prescrição de métodos contraceptivos, com o expresso consentimento do adolescente; 4) A participação da família no processo de atendimento do adolescente é altamente desejável. Os limites desse envolvimento devem ficar claros para a família e para o jovem. O adolescente deve ser incentivado a envolver a família no acompanhamento dos seus problemas; 5) A ausência dos pais ou responsáveis não deve impedir o atendimento médico do jovem, tanto na consulta de matrícula, como nos retornos; 6) Em situações consideradas de risco (p. ex., gravidez, abuso de drogas, não adesão a tratamentos recomendados, doenças graves, risco à vida ou à saúde de terceiros) e diante de realização de procedimentos de maior complexidade (p. ex., intervenções cirúrgicas), tornam-se necessários a participação e o consentimento dos pais ou responsáveis; 7) Em todas as situações em que se caracterizar a necessidade da quebrade sigilo médico, o adolescente deve ser informado, justificando-se o motivo para esta atitude. VACINAÇÃO – MS – JULHO/2022 (1) As pessoas que tiverem esquema vacinal completo, independentemente da idade em que foram vacinadas, não precisam receber doses adicionais. (2) A vacinação em bloqueios está indicada em contatos de casos suspeitos de sarampo e rubéola, a partir dos 6 meses. Recomenda-se não engravidar por um período de 30 dias, após a aplicação da vacina. (3) A vacina HPV também está disponível em de esquema de 3 (três) doses aos 0, 2 e 6 meses, para as mulheres (de nove a 45 anos de idade) e homens (de nove a 26 anos de idade) vivendo com HIV/AIDS, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea e pacientes oncológicos. (4) Esta vacina está indicada para povos indígenas a partir dos 5 (cinco) anos de idade. IVAS DESENVOLVIMENTO DOS SEIOS PARANASAIS - Na vida embrionária os processos alveolares estão muito próximos do rebordo orbital e contém entre eles os germes dentais. - A parede lateral da cavidade nasal é membranosa e na região do meato médio inicia uma invaginação para formar um saco sinusal que vem em direção a esta área da maxila, ficando medialmente a mesma. Portanto, o seio maxilar é pequeno e ao nascimento encontra-se medial à órbita. - Ao nascimento, a criança apresenta o labirinto etmoidal e o seio maxilar rudimentares e em forma de fenda, que se desenvolvem até os quinze anos de idade. Ainda no primeiro ano de vida o seio maxilar caminha para baixo da órbita, sem alcançar o canal do nervo infra-orbitário. No segundo ano, com a pneumatização do seio, este atinge o canal e nos dois anos seguintes o ultrapassa. Todo o desenvolvimento do seio maxilar depende da erupção dentária, terminando na época da descida da dentição permanente, incluindo o terceiro molar. - É importante lembrar que a altura do assoalho do seio maxilar, na infância, é maior que a do assoalho da cavidade nasal e fica a altura do meato médio. Assim, em punções deste seio através do meato inferior, a ponta do trocater deve ser direcionada para o canto medial da órbita. Só no nono ano de vida os assoalhos do seio maxilar e da cavidade nasal se nivelam. O seio etmoidal tem origem na invaginação da mucosa do meato médio e superior e localiza-se entre o seio maxilar, globo ocular e cérebro. Seu crescimento depende do desenvolvimento da placa cribiforme e do teto do osso etmoidal, a chamada “fovea etmoidalis”. Na infância, é o mais afetado por processos inflamatórios. O volume de todas as células etmoidais, na época do nascimento, é semelhante ao do seio maxilar. - Aos cinco anos de idade as células etmoidais anteriores alcançam a mesma altura dos rebordos orbitais superiores. O seio esfenoidal surge da invaginação da mucosa para o recesso esfenoetmoidal nos primeiros anos após o nascimento. Seu processo de pneumatização continua invadindo o osso esfenóide até a adolescência. O seio frontal se origina da parte anterior do meato médio (recesso frontal), ou de uma célula etmoidal anterior que invade o osso frontal. Em 4% dos indivíduos o seio frontal não se desenvolve. Seu desenvolvimento completo ocorre por volta de 20 anos de idade. O crescimento da base do crânio e de suas fossas anterior e média está centrado nos ossos esfenóide e etmóide, com os quais toda a arquitetura óssea neural e visceral, relaciona-se anatomica e funcionalmente. DIFERENÇA DE GRIPE E RESFRIADO - são infecções virais agudas do trato respiratório superior que podem ser agrupadas numa síndrome com sinais e sintomas semelhantes, e duração menor que 10 dias. rinossinusites virais, as rinossinusites virais são definidas como a presença de sintomas nasossinusais por menos de 10 dias. - Na síndrome do resfriado comum, geralmente a sintomatologia é mais discreta, com sintomas iniciais de cefaléia, espirros, calafrios e dor de garganta e sintomas tardios de coriza, obstrução nasal, tosse e mal-estar. Geralmente a severidade dos sintomas aumenta rapidamente em 2-3 dias após a infecção, com uma duração média de 7-10 dias. Alguns sintomas, no entanto, podem persistir por mais de 3 semanas. - Na síndrome da gripe, tipicamente o início dos sintomas é súbito, caracterizado por febre alta, cefaléia intensa, tosse, dor de garganta, mialgia, congestão nasal, cansaço, fraqueza e falta de apetite, apresentando, de uma forma geral, sintomas mais intensos do que no resfriado comum. A associação da tosse e da febre no mesmo paciente apresenta um valor preditivo positivo de cerca de 80% em diferenciar a infecção pelo vírus influenza dos outros quadros de infecção viral. OTITE MÉDIA AGUDA (OMA) - A otite média aguda (OMA) é uma doença importante, principalmente porque atinge a população pediátrica mais jovem e por ser a doença bacteriana mais frequentemente diagnosticada em pediatria. A infecção atinge os espaços que contêm ar e são revestidos de mucosas do osso temporal, formando material purulento não somente no fundo da orelha média, mas também nas células aéreas, mastoides e ápice petroso quando estão pneumatizados. As principais complicações são supurativas, como mastoidite e abscesso cerebral. Há também a possibilidade de causar perfurações na membrana timpânica, colesteatomas e perda auditiva neurossensorial. No entanto, complicações de longo prazo são mais comuns e menos perceptíveis, como o comprometimento da linguagem, da comunicação. - A disfunção da trompa de Eustáquio (tuba auditiva) demonstrada pela pressão negativa na timpanometria foi demonstrada em 75% das crianças com infecção viral. A infecção viral também causa lesões no epitélio respiratório, diminuindo a efetividade do movimento mucociliar na expulsão das bactérias. Agentes etiológicos - Existem quatro bactérias que são as predominantes nessa doença: S. pneumoniae, H. influenzae não tipável, Moraxella catarrhalis e S. pyogenes. DIAGNÓSTICO - três condições: 1. História de início súbito dos sintomas. 2. Presença de secreção em ouvido médio. 3. Sinais e sintomas inflamatórios de ouvido médio. Os elementos definidores de OMA são: otalgia; abaulamento de membrana timpânica; diminuição da mobilidade da membrana timpânica; otorreia; hiperemia da membrana timpânica. TRATAMENTO - amoxicilina. A dosagem inicial depende de alguns fatores. Caso seja o primeiro episódio de OMA em criança sem fatores de risco, deve-se utilizar dose de 45 mg/kg. Caso o paciente frequente creche ou apresente otites de repetição, uso de antibiótico nos últimos três meses ou alguma doença imunossupressora, deve ser tratado, inicialmente, com uma dose de amoxicilina de 90 mg/kg. SINUSITE AGUDA - Pode ser definida como infecção bacteriana dos seios paranasais, com duração menor de 30 dias, no qual os sintomas desaparecem completamente. Os seios paranasais são constituídos por cavidades pertencentes a quatro estruturas ósseas: maxilar, etmoidal, frontal e esfenoidal. Estas cavidades comunicam-se com as fossas nasais através de pequenos orifícios (óstios). - Os seios maxilares e etmoidais já estão presentes no recém-nascido, mas são de tamanho muito reduzido durante os primeiros dois anos de vida, o que torna discutível a indicação de estudo radiológico antes desta idade. Os seios frontais e esfenoidais desenvolvem-se após os quatro anos de idade, atingindo seu tamanho adulto somente na puberdade. Os seios mais frequentemente comprometidos são o maxilar e etmoidal. A etmoidite costuma aparecer após os seis meses de idade. A infecção maxilar produz manifestações clínicas após o primeiro ano de vida. A sinusite frontal é rara antes dos 10 anos de idade. - Os agentes bacterianos mais comuns são o Streptococcus pneumoniae, o Haemophilus influenzae não-tipável e a Moraxella catarrhalis.Alguns outros fatores estão associados à sinusite, como: outro tipo de obstrução do óstio sinusal (não viral), rinite alérgica, rinofaringite viral, adenoidite, tabagismo (ativo ou passivo), desvio de septo, corpo estranho e tumores nasais, imunodeficiências, asma e fibrose cística, atividades de mergulho. SINAIS E SINTOMAS: O início pode ser lento ou súbito. Nas formas leves de sinusite, as manifestações iniciais de IVAS passam a se prolongar por mais de 10 dias ou, após período de melhora clínica, há persistência ou retorno dos sintomas nasais (obstrução e secreção nasal purulenta). Esse quadro pode ser acompanhado de halitose. Costuma haver tosse diurna, com piora à noite. Em alguns casos, pode ocorrer febre. Nas formas moderadas a graves, ou em crianças maiores, as manifestações citadas podem ser mais intensas, acompanhando-se, eventualmente, de edema palpebral, cefaléia, prostração, desconforto ou dor, espontâneos ou provocados, no local do(s) seio(s) afetado(s) ou nos dentes. A celulite periorbitária é um sinal de etmoidite. Ao exame do nariz, pode constatar- se congestão da mucosa e presença de secreção purulenta no meato médio. Na orofaringe pode se observar gota purulenta pós-nasal. COMPLICAÇÕES sinusite crônica, osteíte frontal, osteomielite maxilar, celulite periorbitária, abscesso orbitário e subperiosteal, meningite, trombose de seio cavernoso e sagital superior, abscesso epidural, empiema subdural e abscesso cerebral. DIAGNÓSTICO O estudo radiológico de seios da face é raramente necessário. O diagnóstico diferencial deve ser realizado com prolongamento da infecção viral não complicada, rinite alérgica, corpo estranho nasal e adenoidite. TRATAMENTO GERAL Repouso inicial. Umidificação do ar em lugares muito secos. Analgésico e antitérmico: acetaminofeno ou ibuprofeno. TRATAMENTO ESPECÍFICO Antimicrobianos: Amoxicilina: Dose: 60-80mg/kg/dia, VO, 8/8h, por 14-21 dias. Cefuroxima ou amoxicilina associada ao ácido clavulânico. Claritromicina e azitromicina são outras alternativas de tratamento. Corticóide: alguns estudos demonstraram que o uso de corticóide tópico nasal, associado ao antimicrobiano, pode ser benéfico na melhora dos sintomas de sinusite aguda em crianças e adolescentes . O uso de corticóide sistêmico pode estar indicado em casos de pacientes com sinusite aguda, associados à história prévia e sintomas agudos sugestivos de rinite alérgica ou asma. FARINGOTONSILITE - doenças inflamatórias e infecciosas envolvendo faringe, tonsilas palatinas (amígdalas) e tonsilas faríngeas (adenóides). Após os resfriados e as otites médias, as faringotonsilites correspondem à doença mais comum na criança. A dor de garganta pode ser acompanhada de febre, odinofagia e linfonodomegalia cervical, que sugerem faringotonsilite. Além da anamnese, o exame da cavidade oral irá ajudar a fazer o diagnóstico e instituir o tratamento adequado CLASSIFICAÇÃO DAS FARINGOTONSILITES Agudas: relacionadas a um processo infeccioso agudo; Recorrentes: cinco ou mais infecções em 1 ano ou quatro infecções por ano em 2 anos consecutivos; Crônicas: geralmente relacionadas às formas obstrutivas por hipertrofia de tecido tonsilar, ou crípticas, com formação de CASEUM. Eritematopultaceas: as tonsilas apresentam fundo hiperemiado com exsudato purulento. Esse achado sugere etiologia bacteriana. Cabe lembrar que, apesar de esse aspecto ser muito comum nas afecções bacterianas, pode ser encontrado em casos de etiologia viral, especialmente nas crianças pequenas. O agente etiológico mais comum é o Streptococcus betahemolítico do grupo A. Outros agentes encontrados são: Haemophilusinfluenzae, Staphylococcus aureus e a Moraxellacatarrhalis. Quanto ao agente etiológico: Virais: são responsáveis pela maior parte das faringotonsilites e isso pode ser observado mesmo em pacientes com febre e exsudato em faringe e nas tonsilas, sendo predominante em crianças menores de 3 anos. Cerca de 50% dos casos de faringotonsilites são de etiologia viral. O quadro clínico pode cursar com febre, rinorreia hialina, tosse, rouquidão, conjuntivite e diarreia. Não costumam ser severas, com exceção da etiologia por Epstein-Barr e daquelas em que há infecção secundária pelo Streptococcus pyogenes. Bacterianas: geralmente as faringotonsilites estreptocócicas são autolimitadas. No entanto, há possibilidade de surgirem complicações não-supurativas e supurativas. Essa infecção refere-se à forma supurativa ou à faringotonsilite bacteriana. É muito comum em crianças e adolescentes, com aumento de incidência no inverno e na primavera. Fúngicas: As anginas micóticas destacam-se por serem as mais comuns. A Candidaalbicans pode colonizar a orofaringe de crianças com diabete ou imunossuprimidas, ou dos pacientes que receberam antibióticos de amplo espectro. No quadro clínico, encontra-se material branco-amanteigado e espalhados por toda a superfície mucosa da orofaringe, inclusive as tonsilas. - Tratamento Clínico: as faringotonsilites agudas de etiologia viral são tratadas clinicamente com sintomáticos: analgésicos, antitérmicos, anestésicos tópicos, antissépticos bucais e hidratação. Na suspeita de infecção bacteriana, deve-se instituir antibioticoterapia empírica ou baseada nos testes rápidos. Podem ser utilizados amoxicilina, amoxicilina associada a ácido clavulânico ou cefalosporina de segunda geração por 7 a 10 dias. A penicilina benzatina intramuscular em dose única ainda pode ser considerada uma boa opção de tratamento. RINOSSINUSITE AGUDA (RSA) - A rinossinusite é uma inflamação normalmente desencadeada por uma gripe ou resfriado comum, que acaba por afetar a mucosa com a diminuição do clearence mucociliar (mecanismo de defesa das vias aéreas que consiste em movimentos ciliares que impulsionam a camada de muco com partículas para depuração), associada a infecção bacteriana ou viral, alergia e obstrução mecânica (desvios de septo) e variações anatômicas. - A rinossinusite aguda (RSA) é um processo inlamatório da mucosa rinossinusal de início súbito, com até 12 semanas. - RSA viral ou resfriado comum: uma condição usualmente autolimitada, em que a duração dos sintomas é menor que dez dias; - RSA pós-viral: deinida quando há piora dos sintomas após cinco dias de doença ou quando os sintomas persistem por mais de dez dias de doença; - RSA bacteriana (RSAB): uma pequena porcentagem dos pacientes com RSA pós-viral pode evoluir com RSAB. A RSA viral, ou resfriado comum, apresenta geralmente duração dos sintomas menor que 10 dias. Quando há piora dos sintomas por volta do quinto dia, ou persistência por mais de dez dias (e menos de 12 semanas), pode-se tratar de uma rinossinusite pós-viral. - três dos sintomas/sinais a seguir podem sugerir RSA bacteriana: Secreção nasal (com predominância unilateral) e secreção purulenta na rinofaringe; Dor intensa local (com predominância unilateral); Febre > 38ºC; Velocidade de hemossedimentação (VHS) ou proteína C reativa (PCR) elevadas; “Dupla piora”: reagudização ou deterioração após a fase inicial de sintomas leves. FATORES ASSOCIADOS Alergia. Resistência a antimicrobianos: Os principais patógenos causadores de RSAB incluem S. pneumoniae, H. inluenzae, S. pyogenes, M. catarrhalis e S. aureus. 80% dos casos de RSA leve respondam à amoxicilina em dose de 70-90 mg/kg/dia. Quadro clinico A suspeita de uma RS bacteriana após um quadro viral deve ser levantada se houver permanência dos sintomas após 10 dias, ou piora destes sintomas após cinco dias. Os mais freqüentemente observados são: Obstrução nasal e congestão facial: Apesar de serem sintomas muito inespecíficos, eles estão presentes em grande parte dos pacientes com RSA, sejam virais ou bacterianas, além de poderem estar presentestambém em quadros de crises alérgicas). Na maioria dos casos, quando a secreção é aquosa ou mucóide, podemos supor que se trata de um quadro inicial viral ou alergia. - À medida que a presença de bactérias vai aumentando, temos uma transformação da secreção em mucopurulenta, purulenta, e, finalmente, se houver algum grau de destruição da mucosa, a secreção pode apresentar sinais de sangramento. Entretanto, esta é a situação clássica, não podemos esquecer que podemos observar secreção purulenta também em infecções virais. - Hiposmia ou anosmia: As alterações de olfato nas RSs bacterianas podem ocorrer por obstrução nasal, dificultando o acesso das partículas odoríferas à região olfatória ou à influência das secreções purulentas presentes na cavidade nasal (cacosmia). RINITE Rinite é a inflamação da mucosa de revestimento nasal, caracterizada pela presença de um ou mais dos seguintes sintomas: obstrução nasal, rinorreia, espirros, prurido e hiposmia. RINITE ALÉRGICA - É definida como inflamação da mucosa de revestimento nasal, mediada por IgE, após exposição a alérgenos e com os sintomas: obstrução nasal, rinorreia aquosa, espirros e prurido nasal. De acordo com a frequência de sintomas as rinites alérgicas anteriormente, eram classificadas como: sazonais ou perenes. Segundo recomendação da iniciativa Allergic Rhinitis and Its Impact on Asthma (ARIA) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), a classificação da rinite alérgica deve levar em consideração a duração (intermitente ou persistente) e a gravidade dos sintomas, incluindo aspectos de qualidade de vida. Fisiopatologia - A rinite alérgica é caracterizada pela clássica reação de hipersensibilidade tipo I. Inicialmente, há exposição ao alérgeno; na sequência, a célula apresentadora de antígeno ou macrófago incorpora/processa o alérgeno e se liga ao linfócito Th2. Essa ligação acaba por ativar tal linfócito, resultando na liberação de diversas citocinas, entre elas as interleucinas IL-4, IL-6 e IL-13, as quais promovem a diferenciação do linfócito B em plasmócito, sendo este responsável pela síntese de IgE. Finalmente, há ligação do IgE na superfície do mastócito, tornando-o sensibilizado. Assim que houver novo contato com o alérgeno, ocorrerá a degranulação do mastócito, a liberação de mediadores préformados, como histamina, triptase e protease, e o aparecimento de prurido nasal, rinorreia, espirros e obstrução nasal. Essa fase é conhecida como fase precoce e ocorre de 10 a 30 min após a exposição ao alérgeno. Quadro clinico - O diagnóstico de rinite alérgica inclui a história clínica pessoal e familiar de atopia, exame físico e exames complementares. O diagnóstico é basicamente clínico, com associação de vários dos seguintes sintomas: espirros em salva, coriza clara abundante, obstrução nasal e intenso prurido nasal. PNEUMONIA COMUNITÁRIA VACINAS QUE PREVINEM Pneumocócica Conjugada 13-Valente, a Pneumo 13- Valente – Streptococus pneumonie sorotipo 1,4,5,6b,7f,9v,14,18c,19f,23f. ETIOLOGIA CONFORME A FAIXA ETÁRIA - Vários estudos apontam os vírus como os principais agentes de pneumonia em crianças menores de 5 anos em países desenvolvidos - Quanto mais jovem a criança, maior a chance de ocorrência de doença de etiologia viral. - Entre os vírus, o sincicial respiratório é o mais frequentemente encontrado, seguido dos vírus influenza, parainfluenza, adenovírus, rinovírus. - Menos frequentemente, outros vírus podem causar pneumonia: varicela-zóster, coronavírus, enterovírus, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, herpes simples, vírus da caxumba e do sarampo e *Os vírus podem ser responsáveis por até 90% das pneumonias no 1º ano de vida e por 50% na idade escolar - Os agentes bacterianos são responsáveis pela maior gravidade e mortalidade por pneumonia na infância - Os agentes etiológicos mais comumente isolados em crianças com pneumonia são as bactérias: - A grande maioria das crianças entre 5 a 6 anos é infectada pelo Streptococcus pneumoniae Classificação da Pneumonia quanto ao agente Pneumonia Viral - Causada principalmente pelo vírus sincicial respiratório, principalmente durante a lactância -Tosse, coriza, obstrução nasal e febre baixa Pneumonia Bacteriana - Doença incomum na infância, mais comumente ocorre como consequência de uma doença crônica subadjacente - Pneumonia pneumocócica – Pneumonia estreptocócica - Pneumonia estafilocócica - Pneumonia por haemophilus influenzae Quadro Clínico - O quadro clínico pode variar com a idade da criança, o estado nutricional, a presença de doença de base e o agente etiológico → mais grave nas crianças mais jovens, desnutridas ou que apresentam comorbidades - Os principais sinais e sintomas são: febre, tosse, taquipneia e dispneia, sintomas gripais, otite média, dor abdominal, principalmente quando há envolvimento dos lobos inferiores, poderá haver ou não alteração da ausculta respiratória (redução ou abolição do murmúrio vesicular, ocorrência de sopro tubário ou som bronquial, presença de crepitações e/ou sibilos) e também poderá ocorrer redução do frêmito toracovocal; - A sibilância ocorre com maior frequência nas crianças com infecções virais ou por M. pneumoniae ou C. Pneumoniae. - Na ausência de sibilância, as crianças com taquipneia devem ser classificadas como tendo pneumonia * < 2 meses: FR ≥ 60 irpm *2 a 11 meses: FR ≥ 50 irpm *1 a 4 anos: FR ≥ 40 irpm Diagnóstico Laboratorial e de Imagem OBS: em crianças pequenas dificilmente são encontradas alterações na ausculta respiratória; - Devem ser feitos os exames microbiológicos: isolamento do agente etiológico, antibiograma, avaliação do líquido pleural (estudo bioquímico), cultura do escarro. - Os métodos imunológicos de diagnóstico são: sorologia (buscar elevação de IgM e IgG → indica infecções por Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia trachomatis e Chlamydia pneumoniae); identificação de antígenos em secreções nasofaríngeas *+ PCR: polymerase chain reaction → É um método para detecção de DNA em secreção de naso ou orofaringe ou material pulmonar de alguns patógenos, como: M. pneumoniae, C. pneumoniae, C. trachomatis, L. pneumophila, S. aureus, vírus respiratórios, B. pertussis, M. tuberculosis e S. pneumoniae - A radiografia de tórax não deve ser realizada de rotina para o diagnóstico de pneumonia em crianças sem sinais de gravidade, sem necessidade de tratamento hospitalar - Deverá ser realizada, prioritariamente, apenas na criança com taquipneia e/ou alterações sugestivas da ausculta respiratória - A radiografia deve, preferencialmente, ser realizada com a criança sentada ou em pé → crianças deitadas podem não detectar derrames pleurais, abscessos ou pneumotórax - Achados de consolidação alveolar, pneumatoceles, derrames pleurais e abscessos → sugerem etiologia bacteriana; enquanto imagens intersticiais estão mais frequentemente associadas a vírus de Mycoplasma pneumoniae ou Chlamydia pneumoniae -Deve ser realizada nas seguintes situações: *Se há dúvida de diagnóstico *Pneumonia com hipoxemia *Desconforto respiratório, entre outros sinais de gravidade *Falha de resposta ao tratamento em 48 a 72h ou se piora progressiva, para verificar se há complicações (empiema, pneumotórax, escavação) *Paciente hospitalizado (PA e perfil) - A radiografia de controle do tratamento deve ser realizada após 4 a 6 semanas, se história de pneumonias recorrentes, sempre no mesmo lobo; suspeita de malformação ou aspiração de corpo estranho casos de pneumonia redonda, presença de colapso pulmonar e/ou sintomas persistentes OBS: A radiografia de tórax não deve ser realizada após tratamento de pneumonia com boa resposta clínica
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