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@medcomath Presbiacusia A presbiacusia, ou deficiência auditiva do idoso, pode ser caracterizada como sendo a perda da capacidade de perceber ou de definir sons como parte do processo de envelhecimento. Levantamentos norte-americanos apontam que é a causa mais comum de deficiência auditiva em adultos, afetando aproximadamente 30% dos indivíduos entre 60 e 69 anos de idade. A presbiacusia (do grego, presby = velho; akousis = audição) pode ser definida como uma perda auditiva do tipo neurossensorial, bilateral, simétrica entre as orelhas e de progressão lenta, conforme o avançar da idade. O diagnóstico deve ser suspeitado quando pacientes com idade por volta dos 60 anos ou mais apresentam queixa de dificuldade auditiva. Não é raro também que a queixa parta da família ou dos cuidadores, apontando a dificuldade de comunicação do idoso. O relato "ouço, mas não entendo" é bastante recorrente, além da dificuldade em localizar a fonte sonora. Em muitos casos, inicialmente, a perda auditiva se restringe às frequências agudas e, com a progressão do problema, eventualmente as frequências médias e graves também são acometidas. Ao atingir as frequências entre 2 e 4 kHz, acentua-se a dificuldade para a compreensão da fala, uma vez que a maior parte dos sons das letras correspondem a essas frequências, principalmente consoantes. A confirmação do diagnóstico se dará após a avaliação clínica e audiológica. Ao exame clínico, não há nenhuma alteração característica. Na otoscopia, a membrana timpânica pode estar opaca e sem brilho, demonstrando um aspecto de tímpano senil, mas que não tem nenhuma correlação clínica e não representa associação com a perda auditiva. A avaliação audiológica básica, constituída de imitanciometria, audiometria tonal e vocal, confirma o diagnóstico. No teste da imitanciometria, a timpanometria esperada é do tipo A de Jerger, e os reflexos estapedianos podem estar presentes ou não, dependendo do grau de comprometimento auditivo. A audiometria tonal costuma ter tem aspecto descendente em direção às frequências agudas. Importante para o diagnóstico é a presença da simetria entre os traçados das duas orelhas. A audiometria vocal geralmente encontra-se compatível com a audiometria tonal. Com relação ao topodiagnóstico da perda auditiva, estudos post mortem de ossos temporais realizados através de microscopia ótica levaram à classificação da presbiacusia em seis tipos: 1. Sensorial: Há perda de células sensoriais localizadas na extremidade basal da cóclea, provocando rebaixamento auditivo nas frequências correspondentes a essa região, ou seja, os sons agudos. Esse comprometimento celular em geral não se estende para outras regiões da cóclea. A perda de células sensoriais é a causa menos importante de perda auditiva relacionada ao envelhecimento. 2. Neural: É caracterizada pela perda de neurônios ao longo de toda a cóclea. Essa perda de neurônios ocorre progressivamente ao longo dos anos e também é verificada em vias auditivas centrais. Clinicamente, há baixo índice de reconhecimento de fala. 3. Estria: Há atrofia da estria vascular da cóclea, sendo essa atrofia distribuída de maneira irregular, principalmente nos giros médio e apical do órgão. A configuração do audiograma é de forma plana ou com queda suave em frequências agudas e com reconhecimento de fala preservado. 4. Condutivo-coclear Trata-se de uma apresentação hipotética, já que é definida por diagnóstico de exclusão nos casos em que não foram percebidas alterações estruturais cocleares. A hipótese é que haveria uma alteração de ressonância do dueto coclear concomitante à redução na elasticidade da membrana basilar. Audiologicamente, há um traçado de configuração gradual descendente nos limiares tonais. 5. Mista: Partindo-se do pressuposto de que o envelhecimento é um processo global, o tipo misto seria a combinação de dois ou mais dos tipos histológicos. A confirmação audiométrica é resultante da sobreposição de um ou mais tipos descritos anteriormente. Indeterminada: Enfermidades do ouvido interno @medcomath Em cerca de 25% dos casos ocorrem, ao audiograma, traçados que não puderam ser correlacionados, de forma consistente, com nenhum achado histológico. Esses casos são classificados como indeterminados. E importante citar também o declínio das vias auditivas centrais, o que também é de se esperar como parte do envelhecimento. Nos casos de grande comprometimento central, geralmente há um prejuízo ainda maior no reconhecimento da fala. Além do declínio funcional relacionado ao próprio envelhecimento, outros fatores também podem contribuir para o prejuízo auditivo. Suscetibilidade genética, doenças metabólicas, doenças otológicas, exposição a ruídos e a agentes ototóxicos ao logo da vida contribuem, de maneira conjunta, para o declínio auditivo. No entanto, em geral não é possível estimar com precisão o quanto cada um desses fatores contribui, isoladamente, com a deficiência auditiva. Tratamento A principal forma de tratamento ainda é a reabilitação auditiva com uso de aparelhos de amplificação sonora individuais (AASls), ou aparelhos auditivos. Quanto aos modelos de AASis, atualmente eles podem ser retroauriculares, intra-aurais e intracanais. Os retroauriculares mais comuns são o minirretro ou de adaptação aberta. Já os intracanais podem ser microcanais ou o microcanal invisível. Quanto à tecnologia, os aparelhos podem ser analógicos ou digitais. Casos em que há perdas auditivas severas ou profundas, bilaterais, podem ser reabilitados com o uso de implantes cocleares. Esses dispositivos, cirurgicamente implantados, se mostram eficazes na melhora auditiva e também nas avaliações de qualidade de vida, além de representarem um procedimento seguro para a população idosa. Hipoacusia Perda de audição Tipos de hipoacusia: condutiva e neurossensorial Condutiva Bloqueio a condução da onda sonora Cerume, Otite média e sequelas, Otosclerose Sensorineural Lesão coclear (=sensorial) ou no nervo auditivo (=neural) 10% da população (quase 90% dos >70 anos) Em crianças 50% é genético Aut. Recessiva 75-80% Aut. Dominante 18-20% Cromossômica Desenvolvimento embriológico do ouvido interno independe do médio HSN congênita adquirida: Hipoacusia de intensidade variável: desde normal até mesmo cofose (= hipoacusia profunda) Rubéola materna Hipóxia perinatal Ototóxicos Icterícia (kernicterus) Herpes SV HSN tardia: Genética- história familiar de hipoacusia sensorineural progressiva. @medcomath Adquirida: Presbiacusia Surdez súbita Trauma acústico Otites médias Otosclerose coclear Doença de Ménière Ototoxicidade Neurinoma do acústico Perda auditiva induzida pelo ruído A perda auditiva induzida por ruído (PAIR) é uma diminuição progressiva da acuidade auditiva em função da exposição continuada a elevados níveis de pressão sonora. Enquanto no trauma acústico a perda auditiva é causada por um som abrupto de grande intensidade, na PAIR, a exposição é prolongada e de menor intensidade. A PAIR frequentemente está relacionada à atividade ocupacional, mas também pode ocorrer em atividades recreativas (discotecas, shows de música). A PAIR representa a doença profissional irreversível mais prevalente em todo o mundo. Fisiopatologia Suspeita-se de que a PAIR seja resultado do comprometimento metabólico do epitélio sensorial da cóclea, especialmente das células ciliadas externas e estrutura neural, associado ao início na região da cóclea responsável pelas frequências de 3 a 6 kHz. A lesão auditiva decorrente de ruído pode se manifestar de forma temporária (temporary threshold shift, TTS) ou permanente (permanent threshold shift, PTS). A TTS ocorre após exposições sonoras intensas e de curtaduração (concertos de rock); porém, nesses casos, a perda auditiva costuma ser reversível após poucos dias. Episódios recorrentes de TIS podem resultar em PTS a longo prazo, ou seja, PAIR. Na PTS, as alterações são irreversíveis e incluem a perda de células ciliadas externas, degeneração das fibras nervosas cocleares e formação de tecido cicatricial (zonas mortas) no órgão de Corti. Hirose e Liberman demonstrou que pode ocorrer degeneração neural irreversível induzida pelo ruído, mesmo na ausência de alterações nos limiares auditivos e com preservação de células ciliadas externas. Existe um risco significativo de desenvolver PAIR após uma história de exposição crônica de um ruído acima de 85 dB por pelo menos 8 horas por dia. Quanto maior a intensidade do ruído, menor é o período suficiente para desenvolver PAIR. A Norma Regulamentadoranº 15 (NR-15), da Portaria do Ministério do Trabalho (MTb) nº 3.214/19785 estabelece os limites de exposição a ruído contínuo. Já no caso do trauma acústico, o ruído pode gerar dano físico imediato à orelha interna, proporcional à intensidade sonora. Impulsos sonoros de alta intensidade podem fisicamente comprometer a membrana timpânica, cadeia ossicular, membranas da orelha interna e o órgão de Corti. A ruptura da membrana timpânica pode absorver parte da energia que seria transferida completamente à orelha interna. Quadro clínico O principal sintoma da PAIR é a perda auditiva, que pode vir acompanhada de zumbido. Esses sintomas podem variar em função do período de exposição, nível de pressão sonora e suscetibilidade individual. A perda auditiva é do tipo neurossensorial (por lesão no órgão de Corti), de evolução lenta e caráter progressivo. A hipoacusia costuma ser bilateral e simétrica, sendo dificilmente de caráter profundo. Os escores de discriminação auditiva estão dentro dos níveis normais ou pouco alterados. Assim como na perda auditiva, o zumbido tem intensidade variável, frequentemente é bilateral e pode estar presente em pelo menos metade dos pacientes com PAIR. Em uma fase inicial de exposição ao ruído, antes mesmo da hipoacusia, podem ocorrer sintomas temporários, como zumbido, cefaleia e tontura. Posteriormente, após meses a anos de exposição, há uma intensificação do zumbido e uma leve redução da discriminação auditiva, especialmente no ruído. Além da hipoacusia e do zumbido, podem ocorrer queixas de algiacusia e plenitude aural associados. A progressão da perda auditiva é interrompida à medida que o indivíduo se afasta da exposição ao ruído. Além do comprometimento do sistema auditivo, podem ocorrer repercussões extra-auditivas, como: comportamentais (isolamento social, irritabilidade, dificuldade de concentração), neurológicas (sono, tremores, cefaleia e náusea), digestivas (dor abdominal e gastrites) e alterações vestibulares. @medcomath O exame clínico pode demonstrar alterações cardiovasculares (aumento da pressão arterial e taquicardia) e metabólicas (aumento do cortisol, glicemia e adrenalina). Diagnóstico No processo de investigação diagnóstica da PAIR, a anamnese clínica convencional deve ser complementada pela anamnese ocupacional. Além da anamnese, o exame físico otorrinolaringológico e exames complementares fazem parte da investigação clínica da PAIR. A anamnese convencional, como toda investigação de hipoacusia neurossensorial, deve incluir os seguintes questionamentos: período de evolução dos sintomas, histórico de intercorrências neonatais, infecções (sarampo, caxumba, meningite), uso de drogas ototóxicas, otites, trauma, doenças metabólicas (diabetes, hipotireoidismo, dislipidemias ), história familiar de perda auditiva e hábitos de vida (tabagismo, alcoolismo). Além disso, deve- se questionar sobre o uso de arma de fogo, instrumentos musicais e exposição ao ruído em atividades recreativas (danceterias, shows). Na anamnese ocupacional, deve- se questionar sobre todas as atividades profissionais realizadas, tipos de máquinas, exposição a produtos químicos, histórico de acidentes e sobre a utilização de proteção auditiva individual. O exame físico otorrinolaringológico completo deverá ser realizado na investigação da PAIR com especial atenção à otoscopia e/ou otomicroscopia (o exame clínico otoscópico é normal na P AIR) e à acumetria com pesquisa de Rinne e Weber. O exame complementar principal para o diagnóstico da PAIR é a audiometria tonal aéreo-óssea. Além da audiometria tonal, é importante a investigação do limiar do reconhecimento de fala (LRF/ SRT), índice de reconhecimento de fala (IRF) e a pesquisa de recrutamento auditivo. Em determinadas situações, como na suspeita de simulação, podem ser solicitados os potenciais evocados auditivos do tronco encefálico (PEA TEs) e as emissões otoacústicas (OEAs). A audiometria ocupacional (somente via aérea) pode ser utilizada no acompanhamento e controle da perda auditiva, porém não fornece diagnóstico da PA IR, pois a falta da via óssea não permite a identificação de lesão neurossensorial. Independentemente do tipo de exame audiométrico, é importante o repouso auditivo de pelo menos 14 horas antes da realização do exame para afastar a possibilidade de se tratar de TTS. De forma característica, o primeiro sinal audiométrico da PAIR é o aparecimento da "gota acústica" com comprometimento dos limiares nas frequências de 3.000, 4.000 ou 6.000 Hz, sendo restaurado em 8.000 Hz. A exata localização da gota acústica depende de diversos fatores, incluindo a frequência do ruído e o comprimento no conduto auditivo. Nos estágios iniciais da PAIR, a média dos limiares em 500, 1 .000 e 2.000 Hz é melhor que a média em 3.000, 4.000 e 6.000 Hz, e os limiares em 8.000 Hz são melhores que o ponto mais profundo da "gota acústica''. A PAIR, isoladamente, dificilmente produz uma perda auditiva superior a 75 dB nas altas frequências e 40 dB nas baixas frequências. Entretanto, quando combinada a outros tipos de perda auditiva (presbiacusia), pode causar um agravamento desses limiares. A velocidade de perda auditiva em função da PAIR é maior nos primeiros 10 a 15 anos de exposição, reduzindo essa velocidade à medida que há um agravamento da perda auditiva. Diagnóstico diferencial No diagnóstico diferencial da PAIR, estão as doenças otológicas infecciosas (sarampo, meningite, sífilis, toxoplasmose, rubéola), ototoxicidade (medicamentos ou exposição a produtos químicos), traumas sonoros (ruídos explosivos, arma de fogo), barotrauma (aéreo ou aquático), trauma craniano, metabólicas (diabetes, hipotireoidismo, dislipidemia), autoimunidade e presbiacusia. Tratamento Já que a PAIR é uma doença com característica irreversível, o único caminho é a reabilitação com aparelhos de amplificação sonora individual, quando indicado. Não existe tratamento clínico ou cirúrgico para a PAIR, por isso a chave é a prevenção. No ambiente do trabalho, é importante a formação de uma equipe com diversos profissionais (médicos, fonoaudiólogos, técnicos de segurança) para a detecção dos níveis de ruído nos diferentes ambientes e para a promoção de um programa de educação e monitoramento que vise à proteção auditiva. Afim de evitar a instalação da doença, programas de prevenção são fundamentais. Por isso, órgãos governamentais instituíram os Programas de Conservação Auditiva (PCAs)1 nas empresas. Esses programas envolvem o reconhecimento e a avaliação dos riscos para a audição, gerenciamento audiométrico, medidas de proteção coletiva, medidas de proteção individual (EPI), educação e motivação, gerenciamento de dados e avaliação do programa. @medcomath Schwannoma vestibular Schwannoma vestibular é um tumor benigno que cresce a partir das células de Schwann e que envolve o nervo vestibulococlear no ângulo pontocerebelar e meato acústico interno.Também é conhecido como neuroma do acústico, um nome incorreto, já que o tumor surge mais comumente da porção vestibular do VIII par craniano. E o tumor mais comum de ângulo pontocerebelar, correspondendo a quase 90% dos casos nessa área. Entre os tumores intracranianos, apresenta uma prevalência de 6%. A incidência desse tipo de lesão de forma oculta gira em torno de 0,85% da população em geral, não manifestando sintomas. Na presença de sintomas, esse número está em tomo de 1,5 a cada 100 mil habitantes. A evolução dos exames de imagem permitiu diagnosticar cada vez mais schwannomas, que, até há pouco tempo, não seriam identificados. O schwannoma vestibular geralmente se apresenta em tomo dos 50 anos de idade, e o sexo feminino é o mais acometido, em uma proporção de 2:1. Fisiopatologia Os schwannomas vestibulares podem se apresentar de duas formas clinicas: esporádica (unilateral) ou como parte da neurofibromatose tipo 2. Os espontâneos correspondem a 95% dos casos, e os relacionados à neurofibromatose ocupam a parcela restante. Histologicamente, encontra-se a classificação Antoni para esses tumores: Antoni A apresenta células dispostas de forma mais compacta e mais alongadas; já Antoni B se mostra com disposição irregular. Quadro clínico As manifestações clínicas variam de acordo com o tamanho do tumor e sua localização. Enquanto ele estiver apenas intracanalicular, os sintomas serão relacionados ao VIII par craniano: perda auditiva, ' zumbido e vertigem. A medida que avança para o ângulo pontocerebelar, a perda auditiva piora, e um desequilfbrio constante se estabelece. Se houver compressão de tronco encefálico, sintomas do nervo trigêmeo, como dor e parestesia no terço médio da face, começam. Já nos casos em que haja hidrocefalia, pode-se encontrar alterações visuais e cefaleia intensa. A perda auditiva unilateral, o sintoma principal, presente em 95% dos casos, pode se manifestar como surdez súbita em até 26% dos casos. No entanto, somente 1 a 2% dos casos de surdez súbita são causados por schwannoma vestibular. Essa é a manifestação mais tradicional da doença: perda auditiva neurossensorial progressiva e unilateral. A segunda queixa mais comum é zumbido, presente em até 70% dos casos. Geralmente se apresenta como um som agudo e contínuo na orelha acometida. Sintomas vestibulares como vertigem e desequilibrio podem estar presentes. Vertigem verdadeira está presente em aproximadamente 20% dos casos; já desequilibrio pode estar presente em até 50% dos casos. Alterações do nervo facial são menos comuns e indicam doença avançada. Além de suas funções motoras, levando a uma paralisia facial, as funções sensoriais também podem estar alteradas. O sinal de Hitselberger corresponde exatamente à perda de sensibilidade na parede posterior do conduto e na concha. O acometimento do nervo trigêmeo é mais raro, cerca de 8% dos casos, podendo ser representado por disestesias ou anestesias na face. Diagnóstico O diagnóstico audiológico pode ser feito por meio de exames de audiometria e potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE). A audiometria pode apresentar perda progressiva ou súbita, e o mais característico é a discriminação pobre não compatível com a perda auditiva do paciente. O reflexo estapédico pode estar ausente também. Já o PEATE mostra atraso de condução da onda sonora até o tronco encefálico, comparado com o lado saudável. Pode se apresentar nesse exame como: • um retardo da onda V, • onda 1 com ausência de outras ondas ou • completa ausência de ondas. Testes vestibulateres, como vectoeletronistagmografia, mostrarão hipofunção ou arreflexia do lado com a lesão. A tomografia computadorizada (TC) pode mostrar alargamento do meato acústico interno e realce pelo contraste iodado utilizado. No entanto, apenas lesões maiores de 6 mm aparecerão nesse exame @medcomath Para um diagnóstico mais precoce, o ideal é a realização de ressonância magnética (RM) com a utilização de contraste venoso. Na sequência T 1 com contraste, pode-se ver a captação intensa do contraste na lesão delineando-a. Em até 15% dos casos, pode haver pequenos cistos no interior da lesão. O formato pode ser de sorvete, com o cone no meato acústico interno, e a bola no ângulo pontocerebelar. Diagnóstico diferencial Os principais diagnósticos diferenciais são feitos com outros tumores de ângulo pontocerebelar, como meningioma, cisto aracnóideo, lesões epidermoides, schwannoma facial e lipoma. Os meningiomas são o segundo grupo mais comum de tumores do ângulo pontocerebelar e apresentam imagem semelhante, mas com a presença de uma cauda durai, além de poderem gerar hiperostoses em ossos adjacentes à lesão. Cistos aracnóideos não realçam com contraste e não penetram no conduto auditivo interno, ficando no ângulo pontocerebelar. As lesões epidermoides não realçam com contraste, são mais císticas e se intensificam na ressonância por difusão. Tratamento Existem três formas de tratamento para esse tumor: acompanhamento com imagens seriadas, cirurgia e radiocirurgia estereotáxica. A opção ou não por cirurgia vai levar em consideração algumas características da doença: uni ou bilateral, idade do paciente, tamanho do tumor e grau de perda auditiva dos pacientes. Para tumores pequenos (menores que 2 cm) com boa audição, duas opções podem ser oferecidas: cirurgia visando preservar a audição ou acompanhamento com exames de imagem periódicos. Nesses casos, a decisão do paciente é fundamental na escolha, devendo ser ponderados riscos e benefícios de cada opção de tratamento. Já se houvesse audição ruim, nesses tumores pequenos, a tendência seria acompanhamento conservador, pois não há audição para se preservar, mas a escolha do paciente é soberana. No caso de tumores grandes (maiores que 2 cm) em pacientes com menos de 65 anos saudáveis, a remoção cirúrgica é aconselhada para se evitar efeito de massa do tumor sobre estruturas vizinhas importantes. Em pacientes mais velhos, com comprometimento exclusivamente auditivo e vestibular, sem evidência de compressão do tronco encefálico, pode-se optar por acompanhamento radiológico. Já se houver comprometimento do tronco encefálico ou hidrocefalia, não há dúvida de que a cirurgia é necessária independentemente da idade Surdez súbita O aparecimento de uma perda auditiva de instalação súbita pode evocar diversas hipóteses diagnósticas, desde a presença de rolha de cerúmen, otite média com efusão ou patologias retrococleares. A sensação de plenitude aural e déficit auditivo unilateral pode ser comum a quaisquer dessas etiologias, mas o exame físico inicial já pode separar os casos de perda auditiva condutiva e neurossensorial, posteriormente confirmados por audiometria tonal. A surdez súbita neurossensorial pode ser o sintoma de uma etiologia definida subjacente, como tumores do ângulo pontocerebelar, doenças neuro patologias otológicas, como doença de Méniêre, otosclerose e síndrome do aqueduto vestibular alargado. Algumas dessas causas têm história e quadro clínico evidentes, mas outras requerem suspeição e investigação diagnóstica cautelosa. Definição A SS é definida por uma perda neurossensorial de pelo menos 30 dB em três frequências consecutivas no exame audiométrico, instalada dentro de um período não superior a 72 horas Epidemiologia Estima-se que 2 a 3% das queixas em otologia se devam à perda súbita da audição, com uma incidência de 5 a 20 casos por 100 mil habitantes, promovendo 4 mil novos casos por ano (dados norte- americanos). Indivíduos de qualquer idade podem ser acometidos, porém há um pico de incidência entre a quinta e a sexta décadas de vida, sem predomínio entre os sexos. @medcomath Geralmente unilateral, a SS pode envolver ambas as orelhasem menos de 2% dos casos, e quando o faz, o acometimento se dá habitualmente de forma sequencial. A SS em geral denota, em geral, uma causa subjacente, como trauma, meningoencefalite, meningite carcinomatosa e doenças autoimunes (lúpus eritematoso sistêmico, granulomatose de W egener, síndrome de Cogan, etc.), devendo, portanto, ser sempre investigada. Etiologia Alguns autores advogam a possibilidade de ser a infecção virai o agente causador da SS idiopática devido à existência de sintomas de vias aéreas superiores antecedendo a instalação da SS e a conhecida capacidade de alguns vírus, como herpes simples, vírus da caxumba e da rubéola, de causarem danos às estruturas da orelha interna e, por isso, estarem implicados no aparecimento de perda auditiva neurossensorial congênita. Há também relatos de anticorpos antivirais positivos em pacientes com SS e achados histológicos de ossos temporais compatíveis com labirintite virai, como atrofia do órgão de Corti, membrana tectória e estria vascular Diagnóstico O diagnóstico da SS inicia-se com um exame clínico básico capaz de diferenciar perdas auditivas condutivas de perdas neurossensoriais. Portanto, a otoscopia e, principalmente, a acumetria, por meio do teste de Weber e de Rinne, são ferramentas simples e capazes de orientar a conduta, ainda na emergência, mesmo sem a comprovação audiométrica, permitindo não retardar o início do tratamento. A perda auditiva neurossensorial será inferida diante de uma perda da audição com conduto auditivo externo livre, membrana timpânica normal, lateralização do teste de Weber para orelha oposta e teste de Rinne positivo. Após a evidência clínica de uma SS, faz-se necessária a comprovação por meio de exame audiométrico, que segundo recomendação do Instituto Nacional Americano de Surdez e outros Distúrbios de Comunicação deve demonstrar perda neurossensorial de ao menos 30 dB em três frequências consecutivas. Além de ser elemento essencial para a definição diagnóstica, a audiometria funciona como ferramenta prognóstica, sendo a perda auditiva em frequências graves a configuração com melhor potencial de recuperação, enquanto perdas planas e profundas têm o pior prognóstico O único exame diagnóstico, além da audiometria, universalmente realizado nos casos de SS é a ressonância magnética (RM). A RM tem o objetivo de afastar a existência de patologia retrococlear, isto é, a existência de tumores do ângulo pontocerebelar, presentes em 2,7 a 10% dos casos de SS, em especial o schwannoma vestibular Tratamento Por se tratar de condição com etiologia e fisiopatologia desconhecidas, o tratamento da SS ainda é alvo de grandes discussões e incertezas. Além disso, é uma patologia pouco frequente, com recuperação espontânea em tomo de 60%, tornando assim muito difícil a realização de estudos metodologicamente viáveis para comprovação de terapias adequadas. Inúmeras possibilidades terapêuticas estão descritas para o tratamento da SS, como o uso de corticoides sistêmicos e intratimpânicos, que têm sido os mais utilizados na prática clínica, passando pelo uso de vasodilatadores, hemorreológicos, antivirais, oxigenoterapia hiperbárica, justificados pelas diversas teorias (inflamatória, vascular, viral) que tentam explicar a instalação da perda auditiva. @medcomath Corticoterapia oral A conticoterapia oral tem sido, até os dias de hoje, a opção terapêutica mais aceita e utilizada em todo o mundo. A dose recomendada é de 1 mg/kg/dia, com dose máxima de 60 mg/dia de prednisona ou prednisolona, ou ainda outros corticoides com equivalência posológica. A dose deve ser única pela manhã, e a duração do tratamento, de 7 a 14 dias em dose plena, seguida de redução progressiva pelo mesmo período