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Dolo eventual X Culpa consciente Dolo Eventual: O agente, embora não querendo diretamente a realização do tipo, o aceita como possível ou mesmo como provável, assumindo o risco da produção do resultado. Não se requer que “a previsão da causalidade ou da forma em que se produza o resultado seja detalhada”, é necessário somente que o resultado seja possível ou provável. O agente não deseja o resultado (se assim ocorresse seria dolo direto). Ele prevê que é possível causar aquele resultado, mas a vontade de agir é mais forte. Ele assume o risco. Não há uma aceitação do resultado em si, há a sua aceitação como probabilidade, como possibilidade. “Entre desistir da conduta e poder causar o resultado, este se lhe mostra indiferente”. Agir com dolo significa: “jogar com a sorte. Para aquele que se comporta com dolo eventual, o acaso constitui a única garantia contra a materialização do sinistro; o agente tem consciência da sua incapacidade para impedir o resultado, mas mesmo assim fica insensível ao que se apresentou diante da sua psique”. Importante!! As qualificadoras do crime de homicídio são compatíveis com o dolo eventual? Pode existir homicídio doloso eventual na forma qualificada? É possível, por exemplo, aferir a qualificadora do motivo fútil em situação de dolo eventual? Duas são as orientações sobre o tema: 1.ª Corrente (minoritária) – O homicídio praticado com dolo eventual não pode existir na forma qualificada, por incompatibilidade entre o dolo eventual e as circunstâncias qualificadoras. 2.ª Corrente (majoritária) – São compatíveis, em princípio, o dolo eventual e as qualificadoras do homicídio. É penalmente aceitável que, por motivo torpe, fútil, etc., assuma-se o risco de produzir o resultado. A valoração dos motivos é feita objetivamente; de igual sorte, os meios e os modos. Portanto estão motivos, meios e modos cobertos também pelo dolo eventual. A princípio, não há de antinomia entre o dolo eventual e as qualificadoras do motivo torpe e de recurso que dificultou a defesa das vítimas (STJ HC 58423 / DF DJ 25/06/2007 p. 304). Portanto, de acordo com a corrente majoritária, inexistiria, por exemplo, incompatibilidade entre o dolo eventual e a qualificadora de índole subjetiva do motivo fútil. O dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta, sendo certo que o réu, ao assumir o risco de atingir o resultado fatal, pode ter praticado o crime levado por frivolidade, não se afigurando, em princípio, a apontada incompatibilidade (STJ HC 62345 / DF 07/11/2006) Culpa Consciente: O sujeito é capaz de prever o resultado, o prevê, porém crê piamente em sua não- produção; ele confia que sua ação conduzirá tão-somente ao resultado que pretende, o que só não ocorre por erro no cálculo ou erro na execução. A simples previsão do resultado, por si só, não caracteriza que o agente agiu com culpa consciente; faz-se necessário que ele tenha possuído também, ao momento da ação, a consciência acerca da infração ao dever de cuidado. A principal característica é a confiança que o agente possui quanto à inexistência do resultado desfavorável, não se devendo confundi-la com uma mera esperança em fatores aleatórios. O agente, mesmo prevendo o resultado, não o aceita, não assume o risco de produzi-lo, nem permanece indiferente a ele. Apesar de prevê-lo, confia o agente em sua não- produção. O CP equipara a culpa consciente à inconsciente, designando a mesma pena abstrata para ambas. OBS.: O limite entre a culpa consciente e o dolo eventual reside no fato de que, na culpa com representação, a única coisa que se conhece efetivamente é o perigo de que o resultado danoso ocorra, perigo este que o agente rejeita, por crer que, chegado o momento, ou ele evitará o resultado, ou este simplesmente não ocorrerá. Há apenas um conhecimento efetivo do perigo que os bens jurídicos correm; relaciona-se ao aspecto cognoscitivo do tipo subjetivo; Já o dolo eventual corresponde à aceitação da possibilidade de que o resultado danoso venha a ocorrer, ele relaciona-se ao aspecto volitivo. Na culpa consciente, o agente não aceita o resultado danoso, apesar de o prever; não assume o risco de produzi-lo; o resultado não é, para ele, indiferente nem tolerável. Já no dolo eventual, o agente tolera, aceita, a produção do resultado; assume o risco de produzi-lo; o resultado danoso é, para ele, indiferente. O sujeito que age com culpa consciente confia nas suas qualidades pessoais e nas possibilidades de impedir o resultado previsto; ele confia sinceramente na não-produção do evento. Se ele estivesse realmente convicto de que o evento poderia ocorrer, desistiria da ação. “Não estando convencido dessa possibilidade, calcula mal e age”. O agente que pratica a ação com dolo eventual crê apenas no acaso; ele tem consciência de que é incapaz para evitar o resultado danoso, porém age mesmo assim. Relação de causalidade em crime – o sujeito e o seu ato Temos alguns crimes em que não há necessidade de resultado – os de mera conduta ou formais – ao passo que temos os crimes que precisam de resultado – os crimes de resultado ou materiais. O nexo causal existe tão somente nos crimes materiais, sendo impossível a sua existência nos crimes de mera conduta. O nexo de causalidade demonstra a conexão entre a conduta e o resultado. Se o resultado é dispensável ou irrelevante nos crimes de mera conduta, logo o nexo causal só existe nos crimes materiais – onde indispensável a ocorrência de resultado. Encontramos no art. 13, CP, essa noção. Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 13 – O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Teoria da equivalência das condições Tem fulcro na segunda parte do art. 13, CP. Também conhecida como Conditio sine qua non. Visa identificar quais são as causas ou as condições que contribuíram para o resultado. É com ela que podemos identificar o que é e o que não é causa daquele resultado. Essa teoria utiliza-se de uma técnica chamada de juízo hipotético de eliminação. Elimina-se a condição; se o resultado não acontecesse com essa eliminação da condição, essa condição é causa do resultado. Agora, se com a eliminação da conduta mesmo assim o resultado acontecesse, essa conduta não é causa do resultado. Limitação da teoria da equivalência das condições Se não houvesse limitações a essa teoria, chegaríamos até a culpabilidade de Adão e Eva, pois sempre será alegado uma causa anterior para o acontecimento. Do tipo: “se os pais de fulano não tivessem criado seu filho, ele não cresceria e, logo, não cometeria tal crime”. Por isso, estabelecem-se limites na equivalência de condições. São elas: 1) Necessidade da existência de dolo, ou no mínimo culpa (aquiliana), na conduta do agente; deve ter tido a intenção de alcançar o resultado ou o resultado deve ser decorrente de um ato que gerou o ato ilícito pelo meio inadequado de atingimento do objetivo; 2) Devem haver concausas. As concausas são duas ou mais causas que podem ser consideradas como geradoras do resultado. Dividem-se em duas espécies: 2.1) Absolutamente independentes – não há qualquer relação entre as supostas causas do resultado. São absolutamente independentes; são ordenadas do seguinte modo, tendo haver com o tempo da ação que efetivamente ocasionou o resultado: 2.1.1) Pré-existente – a causa geradora do resultado ocorre primeiro em relação às demais supostas causas. Tudo que vem depois não pode ser considerado como causa do resultado. 2.1.2) Concomitante –ocorre quando as duas ou mais causas ocorrem ou têm efeito manifesto ao mesmo tempo, causando o resultado. Esse ponto estabelece a autoria colateral, onde não há vinculo subjetivo entre os sujeitos praticantes. Esse ponto será bastante relevante na fixação da pena; 2.1.3) Superveniente – a causa geradora do resultado ocorre depois, em relação às demais supostas causas. 2.2) Relativamente independentes – há relação entre as supostas causas do resultado, quase se como uma causa decorresse da outra. Como se uma não existisse sem a existência da outra; são ordenadas, segundo o tempo de acontecimento: 2.2.1) Pré-existentes – ocorrem quando a causa do resultado pré-existe ao ato que desencadeou esse mesmo o resultado. 2.2.2) Concomitantes – ocorrem juntas, desencadeando o resultado ao mesmo tempo. As duas causas devem ocorrer simultaneamente. 2.2.3) Supervenientes – ocorrem após as causas que desencadearam o resultado. Pelo nossa legislação Penal, as concausas relativamente independentes supervenintes interrompem o nexo causal, eximindo o sujeito daquele crime. As concausas estão reguladas no par. 1º do art. 13 do CP. Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º – A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) A questão a ser discutida é: é previsível que alguém morra de um corte no braço? (considerando o exemplo de uma garrafada em um hemofílico). Assim, as concausas absolutamente independentes causam interrupção do nexo causal, só respondendo pelo resultado o agente que diretamente o causou. O outro responderia pelos atos praticados, mas não pelo resultado. Já nas concausas relativamente independentes pré-existentes e concomitantes não há interrupção do nexo causal. Ou seja, os agentes respondem pelo resultado. O nexo apenas cessa nas relativamente independentes supervenientes. Assim, o juízo hipotético de exclusão da Teoria da Equivalência das Condições deixa de ser aplicável no caso das concausas relativamente independentes supervenientes. Existência da relação causal nos crimes omissivos O que está em plano nesse hipótese é o fato de o agente não ter impedido o resultado da ação, tendo a obrigação de fazê-lo. Ou seja, não se discute se o agente fez ação que causou o resultado, mas se não evitou a causa do resultado ITER CRIMINIS 1 – Conceito É o caminho percorrido pelo crime. Possui duas macrofases (uma interna e outra externa). 2 – Fase Interna Cogitação Não implica necessariamente a premeditação, mas na simples idéia do crime. É sempre impunível. Atos Preparatórios O agente procura criar condições para a realização do crime. Também chamados de conatus remotus. Em regra, são impuníveis. Exceções Formação de quadrilha ou bando Posse de petrecho para falsificação de moeda 3 – Fase Externa Atos Executórios Traduz a maneira pela qual o agente atua exteriormente para realizar o núcleo do tipo. Para a doutrina moderna o Estado pode começar a punir a partir desta fase. Consumação Art. 14, I do CP Art. 14 – Diz-se o crime: I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; Conceito de consumação Considera-se crime consumado a realização do tipo penal por inteiro, nele encerrando o iter criminis. A consumação não se confunde com o exaurimento. Diz-se exaurido (ou esgotado plenamente) os acontecimentos posteriores ao término do iter criminis. Não interferem na tipificação, mas têm interesse na fixação da pena. Crime exaurido é mais severamente punido (art. 59 do CP) Há crimes cuja consumação se protrai no tempo até que cesse o comportamento do agente (crime permanente). Veja o caminho do crime: Cogitação Preparação Execução Consumação Exaurimento |——————|——————-|——————-|——————-| ___________________ITER CRIMINIS__________________ *Classificação do crime quanto ao momento consumativo: Material O tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico (que é indispensável para a consumação). Ex: homicídio. Formal (ou de consumação antecipada) O tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico (que é dispensável, sendo mero exaurimento) O crime se consuma com a conduta (por isso que se chama crime de consumação antecipada). Ex: extorsão (súmula 96 do STJ) De Mera Conduta O tipo penal descreve apenas a conduta, sem resultado naturalístico. Ex: violação de domicílio. 4 – Tentativa 4.1. Previsão Legal e Conceito Art. 14, II do CP. Art. 14 – Diz-se o crime: II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 4.2. Elementos Início da execução Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. 4.3. Conseqüência Art. 14, parágrafo único do CP Art. 14, parágrafo único – Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. 4.4. Formas de Tentativa Quanto ao iter criminis percorrido Imperfeita O agente é impedido de prosseguir no seu intento, deixando de praticar todos os atos executórios a sua disposição. É a chamada tentativa inacabada. Perfeita O agente, apesar de esgotar todos os atos executórios, a sua disposição não consuma o crime por circunstâncias alheias à sua vontade. É a chamada tentativa acabada. Também chamada de “crime falho”. Quanto mais próximo da consumação, menor a redução; quanto menos próximo da consumação, maior a redução. Quanto ao resultado produzido na vítima Cruenta A vítima é atingida. Está mais próxima da consumação (reduz de 1/3) Sinônimo: “Tentativa vermelha”. Não cruenta A vítima não é atingida. Está mais longe da consumação (reduz de 2/3) Sinônimo: “Tentativa branca” Quanto à possibilidade de alcançar o resultado Idônea O resultado era possível de ser alcançado. Inidônea O resultado era impossível de ser alcançado por absoluta ineficácia do meio ou a impropriedade do objeto. É sinônimo de crime impossível (também chamado de “crime oco”). *Infrações que não admitem a tentativa I – Crime Culposo II – Crime Preterdoloso III – Contravenção Penal (art. 4º da LCP) IV – Crime de Atentado ou de Empreendimento V – Crime Habitual VI – Crimes Unisubsistentes A execução não pode ser fracionada. Crimes Omissivos Puros Crimes de Mera Conduta VII – Dolo Eventual Art. 15 do CP Art. 15 – O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Espécies de Tentativa Qualificada Desistência voluntária Previsão Legal Art. 15, 1ª Parte. Conceito O sujeito ativo abandona a execução do crime quando ainda lhe sobra, do ponto de vista objetivo, uma margem de ação. Elementos Tentativa Simples Desistência Voluntária Início da execução Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. Conseqüência Em regra, há diminuição de 1/3 a 2/3. Início da execução Não consumação por circunstâncias inerentes à vontade do agente. (por isso que é chamada de tentativa abandonada) Conseqüência O agente responde pelos atos até então praticados. *Voluntária não significa espontânea. Arrependimento eficaz (Zaffaroni chama-o de “Resipiscência”) Previsão legal Art. 15, II do CP. Conceito Ocorre quando o agente, desejando retroceder na atividade delituosa percorrida, desenvolve nova conduta, após terminada a execução criminosa.Desistência Voluntária Arrependimento Eficaz Início da execução Não consumação por circunstâncias inerentes à vontade do agente. (por isso que é chamada de tentativa abandonada) O agente abandona antes de esgotar os atos executórios. Ainda havia atos executórios a serem praticados. O agente desiste na fase de execução. Conseqüência O agente responde pelos atos até então praticados. Início da execução Não consumação por circunstâncias inerentes à vontade do agente. O agente esgota os atos executórios. E passa a retroceder na conduta. O agente esgota a execução e depois passa a retroceder. Conseqüência O agente responde pelos atos até então praticados. *Fases do Iter Criminis: Cogitação, Preparação, Execução e Consumação. Arrependimento Posterior (art. 16 do CP) Art. 16 – Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Previsão legal Art. 16 do CP Natureza Jurídica É uma causa geral de diminuição de pena. Requisitos Crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa. Reparação do dano ou restituição da coisa Até o recebimento da denúncia ou da queixa Antes do recebimento da inicial Depois do recebimento da inicial Arrependimento posterior (art. 16 do CP) Mera atenuante de pena (art. 53 do CP) Por ato voluntário do agente Fato Típico: Teoria do Tipo. TEORIA DO TIPO Tipo é o modelo genérico e abstrato, formulado pela lei penal, descritivo da conduta criminosa ou da conduta permitida. Não se confunde com a tipicidade, pois o tipo penal resulta da imaginação do legislador e o juízo de tipicidade é a adequação de uma conduta real aos fatos imaginados pela lei. Os tipos penais se apresentam em duas categorias: tipos permissivos e tipos incriminadores. 1. TIPOS PERMISSIVOS (ou JUSTIFICADORES). São os tipos que contêm a descrição legal da conduta permitida, ou melhor, as situações em que a lei considera lícito um comportamento que se amolda ao fato típico. São as chamadas causas de exclusão de ilicitude ou eximentes, ou ainda, causas justificativas. 2. TIPOS INCRIMINADORES (ou LEGAIS). São os tipos penais propriamente ditos, consistentes na síntese legal da definição da conduta criminosa (crime ou contravenção). Estão definidos na parte especial do Código Penal e na legislação penal especial. 2.1. Funções do Tipo Legal. O tipo legal não se destina simplesmente a criar infrações penais. Ao contrário, possui relevantes funções: a) Função de garantia:funciona como uma garantia do indivíduo, conhecendo todas as condutas que o Estado repudia, podendo exercer sua liberdade de maneia inequívoca. Trata-se de direito fundamental de 1ª geração, limitando a atuação do poder estatal. b) Função fundamentadora: a previsão de uma conduta criminosa pelo Estado fundamenta o seu direito de punir quando há violação da norma. c) Função indiciária da ilicitude: o tipo legal delimita a conduta penalmente ilícita, autorizando a presunção de uma ação ou omissão ser ilícita, contrária ao ordenamento. Essa presunção é relativa (juris tantum), pois admite prova em contrário (CP, art. 23). d) Função diferenciadora do erro: o dolo do agente deve alcançar todas as elementares do tipo legal,sendo responsabilizado somente quando houver conhecimento de que sua atitude compõe todos os elementos do tipo legal (CP, art. 20). e) Função seletiva: cabe ao tipo penal selecionar as condutas que deverão ser proibidas (crimes comissivos) ou ordenadas (crimes omissivos) pela lei penal, levando em conta os princípios vetores do Direito Penal em um Estado Democrático de Direito. 2.2. Estrutura do Tipo Legal. O tipo penal, qualquer que seja, é composto por um núcleo e elementos. Nas formas qualificadas e privilegiadas são acrescentadas as circunstâncias. O Núcleo, representado pelo verbo, é a primeira etapa do tipo incriminador. Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Em torno do núcleo, se agregam elementos (ou elementares), objetivando proporcionar a perfeita descrição da conduta criminosa. Podem ser objetivos, subjetivos e normativos. Elementos objetivos (ou descritivos) são as circunstancias da conduta criminosa que podem ser constatados por qualquer pessoa, exprimindo um juízo de certeza. Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Elementos normativos são aqueles cuja compreensão reclama uma interpretação valorativa, necessita de um juízo de valor da situação, visando o destinatário da lei penal. Podem ser jurídicos, traduzindo conceitos próprios do Direito ("indevidamente", "documento", "funcionário público", "duplicata"); ou culturais (extrajurídicos), que envolvem conceitos próprios de outras disciplinas ("pudor", "libidinoso", "arte", etc.) Por fim, elementos subjetivos são os que dizem respeito ao ânimo do agente, isto é, finalidade de agir, tendências e intenções. A doutrina utiliza a expressão "elementos subjetivos do injusto", reservando-a aos elementos que sustentam identidade entre a tipicidade e a ilicitude. Parte da doutrina entende, ainda, haver uma quarta espécie de elemento do tipo penal, relativo aos elementos modais. Estes seriam os elementos do tipo que expressam as condições específicas de tempo, local ou modo de execução da infração penal, indispensáveis para a caracterização do crime. Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: 2.3. Classificação Doutrinária do Tipo Legal. A doutrina classifica o tipo legal em diversas maneiras: a) Tipo Normal e tipo anormal: norma é o que prevê elementos de ordem objetiva. Anormal é o que prevê elementos subjetivos, normativos, acarretando a tipicidade anormal. b) Tipo fundamental e tipo derivado: fundamental ou básico é aquele que retrata a forma mais simples da conduta criminosa. É chamado de crime simples, em regra, contido no caput do tipo legal. Tipo derivado é aquele que se estrutura com base no tipo fundamental, a ele se somando as circunstancias que aumentam ou diminuem a pena. São as qualificadoras, causas de aumento e causas de diminuição de pena. c) Tipo fechado e tipo aberto: fechado (ou cerrado) é o que Possi descrição minuciosa da conduta criminosa. Aberto é o que não possui, cabendo ao Poder Judiciário, na análise do caso concreto, complementar a tipicidade mediante um juízo de valor (CP, art. 137). d) Tipo de autor e tipo de fato: tipo de autor é o que se relaciona ao direito penal do autor, onde não se pune a conduta, mas a pessoa em razão de circunstâncias pessoais. Tipo de fato é o que tem por objeto a incriminação da conduta criminosa, vigente no Brasil. e) Tipo simples e tipo misto: simples é o que abriga em seu interior um único núcleo (CP, art. 157). Misto é o que tem na descrição típica dois ou mais núcleos, representando crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado. Pode ser um tipo misto alternativo (CP, art. 180) ou cumulativo (CP, art. 244). f) Tipo congruente e tipo incongruente: congruente é aquele em que há perfeita coincidência entre a vontade do autor e o fato descrito na lei penal (crime material consumado). Incongruente é aquele em que não há coincidência, o resultado é diverso (crime tentado, crime culposo e preterdoloso). g) Tipo complexo: o tipo possui uma parte objetiva, consistente na descrição da conduta criminosa e uma parte subjetiva, consistente no dolo e na culpa (concepção finalista).Causas de Exclusão da Ilicitude 1. ESTADO DE NECESSIDADE: a) situação de perigo; b) prática de uma conduta lesiva atual; c) contra direito próprio ou de terceiro; d) não causado voluntariamente pelo agente; e) inexistência do dever legal de afastar o perigo. Diante dessas situações, pratica a conduta lesiva. Pode ser lesionado bem jurídico igual ou menor que o bem jurídico protegido. 2. LEGÍTIMA DEFESA: a) agressão injusta; b) atual ou iminente; c)contra direito próprio ou de terceiro. A agressão é uma conduta humana. É injusta porque é contrária ao direito. Atual porque está acontecendo. E iminente porque está prestes a acontecer. Repulsa dos meios necessários: o agente deve se utilizar do meio menos lesivo que tiver a sua disposição; e Uso moderado dos meios. 3. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL: Muitas vezes o funcionário público, ao cumprir o imposto por lei, lesiona bem jurídico. Exemplo: ao prender alguém está violando o direito à liberdade. Assim, deve agir nos limites da lei. 4. EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO: Muitas vezes, quando exercemos direito próprio violamos direito alheio. Exemplo: ofendículo (aparato para defesa do patrimônio: cerca elétrica, cacos de vidro no muro, cachorro bravo no quintal).
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