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ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO EDUCACIONAL – 2018. Prof. Rosângela Falqueto Estudo de caso I Ensinar crianças e jovens com necessidades educacionais especiais (NEE) ainda é um desafio. Nos últimos dez anos, período em que a inclusão se tornou realidade, o que se viu foi a escola atendendo esse novo aluno ao mesmo tempo que aprendia a fazer isso. Hoje ainda são comuns casos de professores que recebem um ou mais alunos com deficiência ou transtorno global do desenvolvimento (TGD) e se sentem sozinhos e sem apoio, recursos ou formação para executar um bom trabalho. Dezenas de perguntas recebidas por NOVA ESCOLA tratam disso. Mas a tendência, felizmente, é de mudança - embora lenta e ainda desigual. A boa-nova é que em muitos lugares a inclusão já é um trabalho de equipe. E isso faz toda a diferença. A experiência de Roberta Martins Braz Villaça, da EMEB Helena Zanfelici da Silva, em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, comprova isso. Entre seus 24 alunos da pré-escola está Isabelly Victoria Borges dos Santos, 5 anos, que tem paralisia cerebral. Apesar do comprometimento motor, a menina tem a capacidade cognitiva preservada. Na escola desde o ano passado, ela participa de todas as atividades. "Os conteúdos trabalhados em sala são os mesmos para ela. O que eu mudo são as estratégias e os recursos", explica a professora. Isabelly se comunica por meio da expressão facial. Com um sorriso ela escolhe as cores durante uma atividade de pintura. No parque, com a ajuda das placas de comunicação, decide se quer brincar de blocos de montar ou no escorregador. Nas atividades de escrita, indica quais letras móveis quer usar para formar as palavras e já reconhece o próprio nome. "Ela tem avançado muito e conseguido acompanhar a rotina escolar", comemora a professora. - Para pensar: Você professora de Isabelly, quais atividades organizaria para ensinar matemática ( adição) à essa aluna? ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO EDUCACIONAL – 2018. Prof. Rosângela Falqueto Estudo de caso II Quando a professora Maria de Lourdes Neves da Silva, da EMEF Professora Eliza Rachel Macedo de Souza, na capital paulista, recebeu Gabriel**, a reação dos colegas da 1ª série foi excluir o menino - na época com 9 anos de idade - do convívio com a turma. "A fisionomia dele assustava as crianças. Resolvi explicar que o Gabriel sofreu má-formação ainda na barriga da mãe. Falamos sobre isso numa roda de conversa com todos. Eles ficaram curiosos e fizeram perguntas ao colega sobre o cotidiano dele. Depois de tudo esclarecido, os pequenos deixaram de sentir medo", conta. Hoje, com 13 anos, Gabriel continua na escola e estuda na turma da professora Maria do Carmo Fernandes da Silva, que recebe capacitação do Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (Cefai), da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, e está sempre discutindo a questão com os demais educadores. "A exclusão é uma forma de bullying e deve ser combatida com o trabalho de toda a equipe", afirma. De fato, um bom trabalho para reverter situações de violência passa pela abordagem clara e direta do que é a deficiência. De acordo com a psicóloga Sônia Casarin, diretora do S.O.S. Down - Serviço de Orientação sobre Síndrome de Down, em São Paulo, é normal os alunos reagirem negativamente diante de uma situação desconhecida. Cabe ao professor estabelecer limites para essas reações e buscar erradicá-las não pela imposição, mas por meio da conscientização e do esclarecimento. Para pensar: Você como coordenador pedagógico desta escola, quais ações organizaria com a comunidade interna e externa da escola para evitar a exclusão deste e dos demais alunos com deficiência? ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO EDUCACIONAL – 2018. Prof. Rosângela Falqueto Estudo de caso III João Guilherme dos Santos, 7 anos, demorou para nascer. O atraso no parto causou-lhe paralisia cerebral, comprometendo a parte motora do corpo. Com 8 meses, ele começou a ser atendido em hospital especializado e fez terapia na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de São Luís, onde mora. Mas, ao atingir a idade para iniciar a Educação Infantil, a família colocou-o em escola regular .A diretora da primeira creche que visitou não queria aceitá-lo, alegando não ter estrutura. "Conheço as leis que garantem os direitos do meu filho", disse o pai, Manuel Carlos Soares dos Santos. Com esse argumento, a matrícula foi efetuada. Agora no Ensino Fundamental, João Guilherme estuda na Unidade Integrada Alberico Silva. Ele e o pai levam duas horas para chegar até lá, de ônibus, e outras duas para voltar para casa. Pequeno comerciante, Manuel adaptou sua rotina para que o filho possa conviver com crianças sem deficiência: "Ele progride a cada dia.Com uma boa educação, João pode ter uma vida melhor e lutar por seus direitos". Aplicação para isso não falta ao menino. "Ele é muito inteligente", atesta a professora Sandra Helena Nascimento Sousa. Sim, ela teve muito medo de aceitá-lo em sua turma. "Uma criança que não anda é um trabalho a mais: tem que dar lanche, levar ao banheiro...Tenho alunos pequenos e não queria me ausentar por muito tempo da classe", conta. O pai se prontificou a ajudar e, mesmo insegura por não se sentir capacitada para lidar com a deficiência, Sandra aceitou o desafio. Para pensar: Você é o gestor desta escola, quais são as ações que implementaria para apoiar esta professora? ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO EDUCACIONAL – 2018. Prof. Rosângela Falqueto Estudo de caso IV Vamos jogar o rola-bola, turma? A pergunta da professora provocou um sorriso que iluminou o rosto do pequeno Alexandre Moreira Reis Junior, de 8 anos, aluno da 1ª série da Escola Viva, em Cotia (SP). As crianças apressadas logo formaram um círculo. Mesmo com tanta euforia, elas tomaram cuidado para deixar no círculo de amigos um espaço para Junior. Ele tem paralisia cerebral e não pode andar. Por isso, depende de ajuda para tudo. Círculo formado, a brincadeira não começa enquanto Junior não é acomodado — e ninguém tem pressa. Feito isso, a professora Rianete Bezerra da Silva inicia a brincadeira. Enquanto um rola a bola para o outro, Junior participa de verdade. Quando ele não consegue se movimentar, o amigo ao lado ajuda. Se ele não vê a bola por perto, todos avisam. E Junior é todo sorriso. "Quando planejo as aulas e brincadeiras, sempre penso em estratégias para que o Junior participe", afirma Rianete. Infelizmente, esse quadro não é comum na maioria das escolas brasileiras. Por falta de informação ou omissão de pais, de educadores e do poder público, milhares de crianças ainda vivem escondidas em casa ou isoladas em instituições especializadas — situação que priva as crianças com ou sem deficiência de conviver com a diversidade. O motivo principal de elas estarem na escola é que lá vão encontrar um espaço genuinamente democrático, onde partilham o conhecimento e a experiência com o diferente, tenha ele a estatura, a cor, os cabelos, o corpo e o pensamento que tiver. Por isso, quem vive a inclusão sabe que está participando de algo revolucionário — como o que está acontecendo com Junior. Ele pertence a um grupo, é considerado, tem seus direitos fundamentais respeitados e — mesmo sem saber — colabora para formar adultos tolerantes, solidários e responsáveis pelos outros. Para pensar: Você é orientadora educacional nesta escola, quais ações desenvolveria junto aos docentes para ajuda-los no entendimento do que é inclusão? ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO EDUCACIONAL – 2018. Prof. Rosângela Falqueto Estudo de caso V CONHECENDO O ALUNO “JOSÉ” O aluno José tem síndrome de Asperger, ele sabe ler e escrever fluentemente, ficando dessa forma à frente de sua turma, quando acaba a tarefapassada pela professora em sala de aula, ele sai da sala e fica nos corredores e pátios brincando, José tem muita dificuldade em se socializar com outras crianças, ficando sempre sozinho. A professora nos informou que já houve grandes mudanças na socialização dele, ele já deixa que outras pessoas se aproximem dele, já permite o contato físico. A professora de José nos informou que vão ter que transferi-lo para outra turma e horários, pois ele está muito a frente de sua turma e continuar com ele seria um desperdício do seu talento, a mãe dele está muito apreensiva quanto a essa mudança, pois teme que ele não se adapte a turma e também ele tem dificuldades na matemática. Observei que a professora não dá atendimento ao aluno, deixa para a estagiária ajudar ele a fazer suas tarefas e o tempo que o aluno está ocioso, a estagiária é que tem que arrumar alguma coisa para o aluno fazer, presenciei o aluno fazendo um “jornal”, ele escreve as manchetes das notícias que assiste na TV. José tem seu tempo, ele só faz as tarefas quando ele quer. Para pensar: Você é a professora que irá receber este aluno em sua turma. Quais são as ações que você deve desenvolver para receber este aluno? O diretor disse que você tem duas semanas para fazer as adaptações antes do aluno chegar. ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO EDUCACIONAL – 2018. Prof. Rosângela Falqueto Estudo de caso VI CONHECENDO A ALUNA “MARIA” A aluna Maria é hiperativa e definida pela escola como possui deficiência intelectual cognitiva. Ela tem muita dificuldade em concentrar-se, às vezes é agressiva, no entanto, a estagiária nos falou que ela é muito inteligente aprende as coisas muito rapidamente, em menos de 02 meses já sabia todas as letras do alfabeto e estava começando a fazer contas simples. A escola acredita que o problema neste caso é que a mãe é relapsa com a filha, às vezes Maria não vai pra escola, outras vezes não vai ao atendimento. Percebe-se que Maria tem vontade de aprender, só que não tem paciência devido a sua hiperatividade, ela não consegue ficar parada por muito tempo fazendo a mesma coisa. A estagiária observou que as professoras não fazem diferenciação nas tarefas, não trazem coisas novas e que possam auxiliar os dois alunos, elas não explicam as tarefas para os dois, acham que as estagiárias é que têm obrigação com esses alunos, não elas. Para pensar: Quais ações a equipe gestora poderia fazer para ajudar a professora e a aluna?
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