Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI Josélia Borges da Cruz Matias RELÁTORIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO PROJETO PRÁTICO PERÍODO PANDEMIA COVID - 19 MATERIAL DIDÁTICO PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL 2021 RELÁTORIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO PROJETO PRÁTICO PERÍODO PANDEMIA COVID - 19 Josélia Borges da Cruz Matias MATERIAL DIDÁTICO PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL 2021 CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI MATERIAL DIDÁTICO PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL Josélia Borges da Cruz Matias Relatório de estágio apresentado à disciplina Estágio Supervisionado, do Centro Universitário FAVENI, no Curso 2º graduação do Curso de Licenciatura em Artes como pré-requisito para aprovação. 2021 1. INTRODUÇÃO Este relatório tem como objetivo apresentar práticas lúdicas direcionadas à construção de recursos didáticos táteis para a educação infantil à alunos com deficiência visual. A escolha da temática deveu-se à identificação das dificuldades que permeiam o ensino inclusivo dentro da matéria de Artes. É só a partir do processo de democratização da educação que a questão da inclusão e exclusão de alunos no sistema de ensino começa a ser debatida. O acesso é universalizado, entretanto, ainda continua existindo grupos que são excluídos das formações hegemônicas da escola. (SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 2008). Desse modo, a partir de um resgate histórico é possível identificar que as formações sociais quando não desenvolvidas visando a integração harmônica humana com respeito a diversidade, não detém sucesso, ou desenvolvimento próspero. O país tem o dever de garantir oportunidade de desenvolvimento a todos os cidadãos em todas as etapas de sua vida, proporcionando uma vida com dignidade, qualidade física, psicológica, social. Portanto, a educação é norteadora, pois é a escola que constitui o espaço que se constrói maior conhecimento acerca de si, dos outros, e onde, se deve favorecer o desenvolvimento de competências para todos. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2004) Pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB – Lei n. 9.394/1996) presente no Capítulo V, artigo 58, aponta a definição de Educação Especial como a “modalidade escolar para educandos portadores de necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino (...)”. e estrutura também que “os sistemas de ensino deverão assegurar, entre outras coisas, professores especializados ou devidamente capacitados para atuarem com qualquer pessoa com necessidade especial em sala de aula. Assim, é necessário proporcionar educação a todas as crianças no mesmo contexto escolar. Compreendendo que não é preciso negar as diferenças e/ou dificuldades de cada aluno, pelo contrário, a partir do conceito de inclusão as diferenças não são mais categorizadas como problemas, sendo estas parte da diversidade do espaço, e dos seres. portanto, essa construção variada que estrutura a realidade social do ambiente escolar. (ALONSO, 2013). Para que uma escola seja de fato inclusiva é preciso alinhar a formação de seus professores, e a gestão educativa, para que seu processo de conhecimento seja contínuo, a fim de ter estrutura, organização, projeto político-pedagógico, recursos didáticos, e práticas avaliativas que possam fornecer acolhimento aos aulos. (GLAT, 2007). A partir desta realidade, o presente estudo visa verificar como a educação inclusiva tem sido trabalhada, sobretudo, em como reverbera nas diferenças sociais que permeiam as escolas, e as práticas pedagógicas do professor. Considerando o questionamento: Quais os desafios que o professor tem ao produzir material didático para incluir o aluno com deficiência visual em sala de aula? O problema de pesquisa parte da compreensão sobre a distribuição de 28.743 livros pelo Ministério da Educação em 2019, produzidos em braille-tinta para alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental, divididos em 362 obras. Sendo a primeira vez, que todos os estudantes cegos dessa etapa receberam este material adaptado, o que direciona para a lacuna sobre as práticas pedagógicas que têm sido desenvolvidas durante esse período de ausência de suporte governamental para proporcionar a inclusão em sala de aula. Pois sob a toca de Delou (2005) é por meio do conhecimento das experiências bem sucedidas que será possível incentivar as práticas pedagógicas especializadas a fim de promover mudanças que visão igualdade de oportunidades e garanta uma sociedade justa e cidadã. 2. OBJETIVO GERAL Nesse sentido, este artigo tem como objetivo apresentar práticas lúdicas direcionadas à construção de recursos didáticos táteis para a educação infantil à alunos com deficiência visual. A escolha da temática deveu-se à identificação das dificuldades que permeiam o ensino inclusivo. ● Identificar os principais recursos pedagógicos na educação inclusiva; ● Compreender a formação dos professores acerca da educação inclusiva para alunos com deficiência visual. ● Levantar na literatura científica qualidades táteis dos objetos e os critérios de produção que possam ser utilizados como ferramenta pedagógica,; A história da educação de pessoas com deficiência é marcada por constante exclusão, geralmente, estes viviam isolados do convívio social geral, sendo separados por escolas ou classes categorizadas conforme suas respectivas deficiências, devido a ausência de direitos educacionais igualitários e equidade educacional. De acordo com o que está estruturado nos direitos da aprendizagem abordados no BNCC: conviver, brincar, participar, explorar, expressar, conhecer-se, é possível compreender a importância entre a relação de aprendizagem que a criança deve desenvolver ao se relacionar com um meio rico em diversidade. Desse modo, o público alvo deste projeto compreende os professores. Visa contribuir para a metodologia docente, introduzindo o conceito de aprendizagem significativa, considerando o aprofundamento teórico necessário. Com o enfoque nos processos de produção de materiais didáticos planeja identificar a relação dos professores com práticas pedagógicas inclusivas para alunos com deficiência visual. Justifica-se o presente trabalho por comprometer-se com a finalidade de proporcionar um processo de mutação da sala de aula, cooperando com a colaboração e o aprendizado entre professores e alunos dando prosseguimento, e identificando como a produção de materiais se mostram presentes no contexto educacional, de modo a colaborar com a prática pedagógica, e com a metodologia lúdica. No que diz respeito à metodologia empregada na elaboração deste projeto, será utilizada pesquisa bibliográfica. Acerca da pesquisa bibliográfica, Gil (2007) declara que é desenvolvida sobre o material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Assim, por meio da coleta de dados, estipula controles adequados que determinam os pontos a serem observados nesse projeto, permitindo portanto i) enunciar um problema ii) apresentar os objetivos considerando metas práticas. iii) estabelecer a amostra iv) introduzir estímulos v) controlar e medir os efeitos. Para o melhor desenvolvimento dos processos teóricos e metodológicos será necessário considerar alguns conceitos: Gil (2008) também afirma questões sobre o método, este pode ser compreendido como o caminho traçado para se obter um fim, assim o método científico pode ser descrito como “O conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento”. A relevância da revisão bibliográfica se baseia no fato de que uma revisão de conteúdo gerada cientificamente em um determinado campo, mesmo que limitada a categorias de análise muito específicas, pode promover o desenvolvimento da agenda de pesquisa, pois, além de promover debates teóricos e práticos sobre um tema, o progresso vem do trabalho. Em consonância identificamos pesquisa de campo segundo Marconi e Lakatos (2003) como tendo o objetivo de “conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta,ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou relação entre eles”. As vantagens da pesquisa de campo estão relacionadas ao acúmulo de informações sobre determinado fenômeno, auxilia na praticidade na amostragem de indivíduos em determinado população ou classe de fenômenos, permitindo portanto o aprofundamento no objeto de estudo. Destaca-se também o conceito de Vergara (2006, p. 48), para quem a “pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral”. Em consonância Malhotra (2011, p. 122) define que “a pesquisa qualitativa proporciona melhor visão e compreensão do cenário do problema”. Figueiredo e Souza (2011) apontam que a fonte de coleta de dados observacionais é muito importante e deve ser limitada a documentos com autenticidade científica. O autor divide a análise de conteúdo em três sequências temporais: pré-análise, exploração do material e processamento dos resultados, inferência e interpretação. No desenvolvimento do trabalho atribui-se métodos estratégicos na realização da pesquisa, assim podendo proporcionar maior familiaridade com o problema a fim de torná-lo explícito ou construir hipóteses. Para tratar desse assunto, neste trabalho pretende-se desenvolver um breve resumo histórico sobre a educação infantil inclusiva no Brasil. Seguido, de um levantamento sobre a formação dos professores e a inclusão no ensino. E a identificação das qualidades táteis dos objetos, e critérios de produção. Os artigos foram selecionados pelo título que continham palavras relacionadas à “Educação Inclusiva”, “Produção de materiais didáticos” “deficiência visual” para isso, houve a leitura dos resumos, objetivos e metodologias de trabalho, de onde partiu os recortes de informações pertinentes à pesquisa. 3. REFERENCIAL TEÓRICO A escola se encontra em movimento, modificando-se para um cenário de modernidade. As questões atuais que permeiam as inovações tecnológicas mostram a relação entre a sociedade da informação e os educadores e educandos, sobretudo no que envolve às novas tecnologias na educação. Desse modo, Gadotti (1992) enfatiza: A escola não possui apenas o dever de transmitir conhecimentos, entretanto, possui também o dever de se proporcionar formação global dos alunos, com ferramentas que possam garantir que o conhecer e o intervir no real se encontrem. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 2006) conceitua a educação infantil como sendo a primeira etapa do processo de educação básica que busca desenvolver de forma integral a criança até os seis anos de idade, em todos os aspectos: físico, psicológico, e social. Sob a educação inclusiva as políticas educacionais afirmam que devem ser estruturadas desde a educação infantil, conforme prescrito em Lei. Segundo Mendes (2010, p. 47-48), Os primeiros anos de vida de uma criança têm sido considerados cada vez mais importantes. Os três primeiros anos, por exemplo, são críticos para o desenvolvimento da inteligência, da personalidade, da linguagem, da socialização, etc. A aceleração do desenvolvimento cerebral durante o primeiro ano de vida é mais rápida e mais extensiva do que qualquer outra etapa da vida, sendo que o tamanho do cérebro praticamente triplica neste período. Entretanto, o desenvolvimento do cérebro é muito mais vulnerável nessa etapa e pode ser afetado por fatores nutricionais, pela qualidade da interação, do cuidado e da estimulação proporcionada à criança. A escola regular é um excelente ambiente que pode formar gerações com ideias diferentes, formar cidadãos que têm a experiência única de conviver com as nossas diferenças. Preconceito, discriminação e estigma são comportamentos aprendidos. Quando as crianças entram em um espaço escolar que aceita diferenças, elas naturalmente aprendem a valorizar umas às outras de acordo com suas habilidades e tarefas que podem realizar. O texto da LDB trabalha a importância da educação infantil, e sobre a construção de uma escola que compreenda diversidade desde o príncipio. Descrito no item 5.1 está as orientações gerais para creches e pré escolas que recomendam as necessidades educacionais para atender crianças com deficiência: Disponibilizar recursos humanos capacitados em educação especial/ educação infantil para dar suporte e apoio ao docente das creches e pré-escolas ou centros de educação infantil, assim como possibilitar sua capacitação e educação continuada por intermédio da oferta de cursos ou estágios em instituições comprometidas com o movimento da inclusão; - realizar o levantamento dos serviços e recursos comunitários e institucionais, como maternidades, postos de saúde, hospitais, escolas e unidades de atendimento às crianças com NEE, entre outras, para que possam constituir-se em recursos de apoio, cooperação e suporte; - garantir a participação da direção, dos professores, dos pais e das instituições especializadas na elaboração do projeto pedagógico que contemple a inclusão; - promover a sensibilização da comunidade escolar, no que diz respeito à inclusão de crianças com NEE; - promover encontros de professores e outros profissionais com o objetivo de refletir, analisar e solucionar possíveis dificuldades no processo de inclusão; - solicitar suporte técnico ao órgão responsável pela Educação Especial no estado, no Distrito Federal ou no município, como também ao MEC/SEESP; - adaptar o espaço físico interno e externo para atender crianças com NEE, conforme normas de acessibilidade. (BRASIL, 2001, p. 24-26) As crianças, atualmente são escolarizadas bem cedo, conforme aponta Dolto (1993), desde os primeiros meses, passam todo o dia em creches ou em instituições assemelhadas. As mudanças que estão ocorrendo na escola potencializam a ideia que no futuro, a educação mudará por completo, sendo um dos caminhos viáveis a utilização das atividades lúdicas, considerando que possuem capacidade de ajudar na busca de mudanças pois geralmente tendem a ser mais abertas, criativas e dinâmicas (SANTOS, 2010). O trabalho colaborativo visa não só ajudar os alunos com deficiência, mas também beneficiar todos os outros. Trabalhar uma prática flexível que pode atender às diferenças individuais e fornecer outras formas de aprendizagem para todos os alunos não só promove a prática reflexiva dos professores, mas também promove um ambiente educacional democrático e justo. Este é o novo ponto da educação inclusiva. Portanto, a construção da escola inclusiva que inicia junto com a educação infantil implica trabalhar a análise dos espaços, períodos, profissionais (professores, gestão), e/ou recursos pedagógicos que estejam direcionados a busca pelo acesso, permanência e desenvolvimento de alunos com deficiências. De acordo com Sacristán (1995, p. 77): As mudanças educativas, entendidas como uma transformação ao nível das idéias e das práticas, não são repentinas nem lineares. A prática educativa não começa do zero: quem quiser modificá-la tem de apanhar o processo “em andamento”. A inovação não é mais do que uma correcção de trajectória. A inclusão é compreendida como um princípio filosófico, entretanto não deixa de ser um processo que carrega dualidades, onde hoje avança em busca de igualdade de oportunidades, acesso a escolarização para a Educação Inclusiva. O direito ao acesso conquistado por esses indivíduos configura-se em trabalhar em prol da remoção das barreiras que já estão construídas em torno dos alunos. Sejam as que impossibilitam a convivência, participação ou a relação de aprendizado pleno. (CARVALHO, 2000 apud MATOS; MENDES, 2014). Em consonância está Diniz ao afirmar: “Deficiência não é mais uma simples expressão de uma lesão que impõe restrições à participação social de uma pessoa. Deficiência é um conceito complexo que reconhece o corpo com lesão, mas que também denuncia a estrutura social que oprime a percebi alguns pontos fundamentais,não apenas para o ingresso, mas também para a permanência do aluno com deficiência visual nos cursos de graduação oferecidos. Quanto ao ingresso, a preocupação inicial deve estar na preparação da estrutura necessária para que o aluno possa realizar a prova do vestibular. Para tal, ele deve ser apresentado um conjunto de possibilidades, entre as quais os recursos adequados para que lhe seja possível realizar a prova.” (Diniz, 2007) De acordo com Heidrich et al., (2014) a utilização de objetos educacionais e metodologias de aprendizagem podem envolver conceitos e conhecimentos fazendo o uso de práticas de experimentação que não seriam possíveis de outras formas, podendo assim, facilitar o processo de inclusão. Por isso, que novas técnicas devem ser criadas dentro das diretrizes de acessibilidade, para ampliar as oportunidades de aprendizagem dos alunos com Necessidades Educacionais Especiais. Nesse contexto, Lévy (1999) afirma que as novas tecnologias utilizadas como ferramentas pedagógicas na escola determinam uma nova dinâmica a função docente, agregam às práticas de ensino e aprendizagem novos modos de acesso aos conhecimentos. O que é importante considerar quando se identifica na literatura a ausência de dinamização de ferramentas metodológicas que sejam equivalentes a educação regular. Com isso, também as iniciativas individuais e coletivas que têm sido desenvolvidas. Para remover essa lacuna, é preciso preparar o professor para experiências de integração/inclusão. Isso é básico, diz Beyer (2005), pois não há como propor educação inclusiva quando o professor não tem formação que lhe possibilite lidar com tais alunos. Ele propõe que se estabeleçam na Pedagogia e nas licenciaturas disciplinas que possibilitem uma introdução ao ensino de alunos com necessidades especiais (LOCH. 2007. pág. 99). Ribeiro e Benite (2010) desenvolveram um trabalho que apresenta a resposta de professores sobre seus conhecimentos acerca da educação inclusiva. De 7 professores, 4 afirma que não possuem conhecimento, 2 informam ter um nível intermediário, e apenas 1 conhecimento avançado sobre inclusão. Conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva: O atendimento educacional especializado identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. O atendimento educacional especializado disponibiliza programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização, ajudas técnicas e tecnologia assistiva, dentre outros. Ao longo de todo processo de escolarização, esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum. (BRASIL, 2007, p. 16) Historicamente, o professor regular e o professor especializado trabalharam separadamente em virtude do modelo segregativo destinado aos alunos com deficiência, de forma que um trabalho colaborativo não faz parte da experiência profissional. No entanto, a literatura tem apontado a colaboração como um meio eficaz para construção de escolas inclusivas. Segundo Cerqueira e Ferreira (2000), recursos de ensino são todos os recursos físicos que são utilizados nas disciplinas, onde os campos de aprendizagem ou de atividade, independentemente da tecnologia ou método utilizado, visa ajudar os alunos a atingirem de forma mais ampla os objetivos traçados. A aprendizagem constitui um meio para promover, incentivar ou concretizar o processo de ensino. Desse modo, ao pensarmos a ausência de dinamização da informação para estruturar a formação desses professores, também abre para discussão como se relaciona a estrutura de sala de aula para apoiar os que possuem conhecimento prévio. Na educação inclusiva de deficientes visuais, os recursos didáticos podem ser obtidos por uma das três seguintes formas: -Seleção: Dentre os recursos utilizados pelos alunos de visão normal, muitos podem ser aproveitados para os alunos cegos tais como se apresentam. É o caso dos sólidos geométricos, de alguns jogos e outros. - Adaptação: Há materiais que, mediante certas alterações, prestam-se para o ensino de alunos cegos e de visão subnormal. Neste caso estão os instrumentos de medir, como o metro, a balança, os mapas de encaixe, os jogos e outros. - Confecção: A elaboração de materiais simples, tanto quanto possível, deve ser feita com a participação do próprio aluno. É importante ressaltar que materiais de baixo custo ou de fácil obtenção podem ser freqüentemente empregados, como: palitos de fósforos, contas, chapinhas, barbantes, cartolinas, botões e outros. (PEREIRA, ROBERTO, OLIVEIRA, 2014, p. 318) Na seleção, adaptação ou elaboração de recursos didáticos para alunos deficientes visuais, os professores devem se ater aos critérios para alcançar eficiência na utilização destes recursos, seja para crianças cegas como para as crianças com baixa visão, como informa Cerqueira e Ferreira (2000): Tamanho: os materiais foram confeccionados e selecionados em tamanho adequado às condições dos alunos. Materiais excessivamente pequenos não ressaltam detalhes de suas partes componentes ou perdem-se com facilidade. O exagero no tamanho pode prejudicar a apreensão da totalidade (visão global). Significação Tátil: o material didático possuía um relevo perceptível e, tanto quanto possível,constituía- se de diferentes texturas para melhor destacar as partes componentes. Contrastes do tipo: liso/áspero, fino/espesso, permitiram distinções adequadas. Aceitação: o material não provocou rejeição ao manuseio, fato que ocorre com os que ferem ou irritam a pele, provocando reações de desagrado. Estimulação Visual:os recursos didáticos apresentavam cores fortes e contrastantes para melhorestimular a visão funcional do aluno deficiente visual. Fidelidade: o material tinha representação tão exata quanto possível do modelo original. Facilidade de Manuseio: os materiais didáticos como jogos, mapas e maquetes eram funcionais e de manuseio fácil, proporcionando ao aluno uma prática utilização. Resistência: os recursos didáticos foram confeccionados com materiais que não se estragavam com facilidade, considerando o freqüente manuseio pelos alunos, sendo osquebra- cabeças e jogos, na medida do possível, plastificados. Segurança: os materiais não ofereceram perigo para os educandos. (CERQUEIRA E FERREIRA, 2000, grifos do autor) Para crianças com deficiência visual, a dificuldade de contato com o meio ambiente impõe o uso de modelos que apresentam as seguintes características: conseguem superar o tamanho dos objetos originais, a distância em que estão localizados e a inacessibilidade acerca do contato. Gee (2008) também aponta cinco condições necessárias para que a experiência com novas ferramentas metodológicas contribua para o aprendizado: 1. Primeira: Estabelecer metas reforçam a memória dos indivíduos. 2. Segunda: As experiências devem ser interpretadas durante e após as ações. 3. Terceira: Proporcionar feedback imediato durante as suas experiências, para que possam reconhecer seus erros. É importante que possam explicar seus erros e o que poderiam ter feito de forma diferente; 4. Quarta: Garantir diversas oportunidades para aplicar suas experiências anteriores em novos contextos, sendo possível melhorar a interpretação de suas experiências e generalizá-las a outros contextos; 5. Quinta: Identificar-se a partir das experiências de outras, o que inclui a discussão com seus pares e a instrução dada por mentores. Dentro da revisão de literatura, é importante compreender que fazer uma análise textual implica em definir e identificar unidades de análise, que são elementos debase a serem categorizados. A primeira etapa da análise caracteriza-se por uma leitura cuidadosa e aprofundada dos dados em um movimento de separação das unidades significativas (SANTOS; DALTO, 2012; GALIAZZI; FREITAS, 2007). Depois da realização do primeiro processo que pode ser descrito como: unitarização, no qual, precisa ser realizado com intensidade e profundidade, passa-se a fazer a articulação de significados semelhantes, sendo o segundo processo denominado de categorização.É nele que é disposto o as unidades de significado semelhantes, que permite gerar vários níveis de categorias de análise. Também caracteriza-se por um processo de comparação constante entre as unidades definidas no processo inicial de análise, levando ao agrupamento de elementos semelhantes, que são denominados categorias (MORAES, 2013). Algumas sugestões de atividades para os alunos com deficiência Visual: Kit Sonoro: Objetivo » Desenvolver a capacidade de percepção, classificação de sons e a criatividade. Componentes » caixas tridimensionais com som » brinquedos sonoros » instrumentos musicais Utilização Com o kit sonoro, o professor poderá trabalhar a classificação de sons pela intensidade, associação de movimentos e sons, dramatizações. Proporcionar o reconhecimento de ruídos ambientais, sons instrumentais e sons da fala. Tapete: Objetivo » Propiciar ao professor o desenvolvimento de atividades em sala de aula, para a construção e ampliação de conceitos nas diferentes áreas do conhecimento. Componentes » 01 tapete medindo 1,30 x 1,30, sendo que, de um lado, de tecido de nylon para queda, de cor fluorescente, e o outro lado, com contraste de cor. Utilização » O tapete multiuso, antes produzido separadamente nas formas de tapete sonoro e simbólico, tapete geométrico e tapete família, hoje no seu padrão único, condensa os objetivos destes três tapetes. » O tapete deve ser utilizado usando os materiais dos kits: sonoro, simbólico, geométrico e família, constituindo-se como excelente recurso didático pedagógico. Conclusões As reflexões trazidas nos mostram que à inclusão educacional da pessoa com deficiência visual deve se realizar em sua plenitude, não bastando à mera inserção desta pessoa no grupo, deve-se conceder meios efetivos e adequados para que a pessoa lá permaneça. Os meios referem-se à condutas condizentes com as necessidades de aprendizagem dessas pessoas, não limitando-se apenas a oferecer o ensino, mas também consagrar a inclusão, a integração dessa pessoa ao meio. A pessoa com deficiência visual tem o direito constitucional assegurado de ser incluída e ducacionalmente, e o poder público deve atuar de modo a efetivar os direitos inerentes a estas pessoas. O ser humano necessita de um aprendizado, o qual irá proceder-se por meio do convívio social, o que aqui chamaremos de interação com outros indivíduos, interação especialmente com determinado grupo cultural, ou seja, aprendizado e desenvolvimento estão inter e intra-relacionados, no que se refere ao caráter social e individual das ações. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALONSO, D. Os desafios da educação inclusiva: foco nas redes de apoio. Nova Escola. 2013. BRASIL. Lei no. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União. Brasília. 23 dez. 1996. p. 27.833-27.841. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil. Brasília: MEC, 2006. CARVALHO, R. E. Removendo barreiras para a aprendizagem. Porto Alegre: Mediação, 2000. DELOU, C. M. C. Políticas públicas para a educação de superdotados no Brasil. 2005. DINIZ, Débora. O que é deficiência. São Paulo: Brasiliense, 2007. DOLTO, FranCoise. La causa de los niòos. Buenos Aires, Paidûs: 1993. FIGUEIREDO, Antônio Macena de; SOUZA, Soraia Riva Goudinho de. Como elaborar projetos, monografias, dissertações e teses: da redação científica à apresentação do texto final. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000; GLAT, R. Educação Inclusiva: Cultura e Cotidiano Escolar. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007. p. 210. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2007. . Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. HEIDRICH, R. O.; BRANCO, M. A. A.; MOSSMANN, J. B.; SCHUH, A. Neuro-navegática: software desenvolvido para interação com Brain Computer Interface para auxiliar o processo de inclusão escolar de pessoas com paralisia cerebral. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, v. 16, n. 2, p. 287-306, ago. 2014. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. LOCH, Ruth E.N. Padronização de mapas táteis: um projeto colaborativo para a inclusão escolar e social. Revista Ponto de vista. Florianópolis, n. 9, p. 2007. MALHOTRA, Naresh. Pesquisa de marketing: foco na decisão. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo, 2003. MENDES, E. G. Inclusão marco zero: começando pelas creches. Araraquara, SP: Junqueira & Marin, 2010. MORAES, R. Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise textual discursiva. Ciência e Educação: Bauru, v. 9, n. 2, p. 191-210, 2003. RIBEIRO, E. B. V.; BENITE, A. M. C.A educação inclusiva na percepção dos professores de química.Ciência e Educação, Bauru, vol.16, n.3, p. 585-594, 2010. SACRISTÁN, J. G. Consciência e acção sobre a prática como libertação profissional dos professores. In: NÓVOA, A. Profissão Professor. Portugal: Porto Editora, 1995. SANTOS, J. R. V.; DALTO, J. O. Sobre análise de conteúdo, análise textual discursiva e análise de narrativa: investigando produções escritas em matemática. Anais do V Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática. Petrópolis, Rio de Janeiro, 20 p., 2012. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília. 2008. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Educação inclusiva: a família. Ministério da Educação. Programa de Educação Inclusiva: direito à diversidade. Brasília, v. 4, p. 17, 2004. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
Compartilhar