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Resumo de Direito Constitucional 1

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1 
 
 
 
RESUMO DE 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL. 
 
 
 
Prof. Otávio Piva 
 
 
Revisado em 5 de janeiro de 2009. 
 
(EC nº 54 e 55, de 20 de setembro de 2007) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 
TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
1. O Direito Constitucional. Natureza. Conceito. Objeto. 
 
 Segundo José Afonso da Silva1, o Direito Constitucional pertence ao ramo 
do Direito Público e, ainda, distingue-se dos demais ramos do Direito Público 
pela natureza específica de seu objeto e pelos princípios peculiares que o 
informam. Configura-se como Direito Público Fundamental por referir-se 
diretamente à organização e ao funcionamento do Estado, à articulação dos 
elementos primários do mesmo e ao estabelecimento das bases da estrutura 
política. E assim o conceitua: 
 
é o ramo do Direito Público que expõe, interpreta 
e sistematiza os princípios e normas fundamentais 
do Estado. 
 
 J. Cretella Júnior2, procura definir da seguinte forma : “... é o ramo do 
direito público interno que tem como objeto a forma e a estrutura do Estado, os 
sistemas de governo, a organização, o funcionamento, as atribuições e as 
relações entre seus órgãos superiores, o Poder Legislativo e o Poder Executivo e 
, por fim, a participação ativa do povo, no governo, cuja importância é cada vez 
mais acentuada, nos modernos Estados de direito" 
 
 Por sua vez, segundo Maurice Hauriou, o Direito Constitucional tem por 
objeto a constituição política do Estado. Hoje, entende-se por objeto do Direito 
Constitucional o estudo sistemático das normas que integram a constituição do 
Estado. José Afonso Silva1 complementa: 
 
Mas esse estudo sistematizado não há de ser tomado em 
sentido estrito de mera exposição do conteúdo dessas 
normas e regras fundamentais. Compreenderá também a 
investigação de seu valor, sua eficácia, o que envolve 
critérios estimativos de interpretação, sempre 
correlacionando os esquemas normativos escritos, ou 
costumeiros, com a dinâmica sócio-cultural que os 
informa. 
 
 
2 - Fontes do Direito Constitucional3 : 
 
a) o direito natural; 
b) a própria Constituição; 
c) os costumes e tradições; 
d) a jurisprudência; 
e) a doutrina. 
 
 
 
1
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 15ª ed. São Paulo: Malheiros, 
1998, p. 36 
2
 JÚNIOR, J. Cretella. Elementos de Direito Constitucional, 2ª ed. RT: São Paulo, 1998, p 11. 
 
3
 MALUF, Sahid. Direito Constitucional. 19ª ed. rev. e atual. São Paulo: Sugestões Literárias, 1986, 
p.44 
 3 
3 - Conceito de Constituição 
 
Como verdadeira síntese dos vários sentidos dados à Constituição, 
Alexandre de Moraes4 procura defini-la em sentido amplo (latu sensu) pelo ato 
de constituir, de estabelecer, de firmar; ou, ainda, o modo pelo qual se constitui 
uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas; organização, formatação. 
Juridicamente, porém, Constituição deve ser entendida como a lei 
fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à 
estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de 
governo e aquisição do poder de governar, distribuição de 
competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Além disso, é 
a Constituição que individualiza os órgãos competentes para a edição 
de normas jurídicas, legislativas ou administrativas. 
 
 Para Celso Ribeiro Bastos5, Constituição (no sentido material) são “(...) 
as normas que dão essência ou substância ao Estado. É dizer, aquelas 
que lhe conferem a estrutura, definem as competências do seus órgãos 
superiores, traçam limites da ação do Estado, fazendo-o respeitar o 
mínimo de garantias individuais. (...)” 
 
 
4- Classificação das Constituições. 
 
• Quanto à forma 
 
a) escritas (orgânicas, codificadas, sistematizadas): cujas regras se contêm em 
apenas um documento, elaborado para fixar a organização fundamental; 
 
b) não escritas (inorgânicas, não codificadas): umas regras, umas são escritas 
(leis, doutrina, jurisprudência); outras, não (tradições e costumes). 
 
• Quanto à estabilidade 
 
a) rígidas: são aquelas que só podem ser alteradas através de processo 
especial de reforma, normalmente, através de quorum especial, diferenciado 
do exigido para as demais normas; 
 
b) flexíveis: podem ser modificadas por processo legislativo ordinário, comum; 
 
c) semi-rígidas: algumas regras podem ser modificadas por processo 
legislativo ordinário. Outras, somente por processo legislativo especial e mais 
difícil; 
 
• Quanto ao conteúdo 
 
a) material: consiste em um conjunto de regras materialmente constitucionais, 
estejam ou não codificadas em um único documento. Trata-se da matéria que 
regula a organização total do Estado, incluindo o regime político e direitos 
fundamentais; 
 
4
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1999, p.34. 
5
 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Celso Bastos Editor, 2002, 
p. 61. 
 4 
 
b) formal: é aquele conteúdo que, apesar de consubstanciado de forma escrita, 
por meio de um documento solene estabelecido pelo poder constituinte 
originário, somente pode ser modificado por processos especiais estabelecidos 
pela própria Constituição; não se trata de matéria tipicamente constitucional, 
mas de matéria ordinária elevada ao ‘status’ constitucional pelo fato de estar no 
seu corpo inserida. 
 
• Quanto ao modo de elaboração 
 
a) dogmáticas: são as que se apresentam como produto escrito e sistematizado 
por um órgão constituinte, a partir de idéias fundamentais da teoria política e do 
direito dominante; 
 
b) históricas: são constituições fruto da lenta e contínua síntese da história e 
tradições de um determinado povo. 
 
 
• Quanto à origem 
 
a) populares: são aquelas que derivam do trabalho de uma Assembléia Nacional 
Constituinte composta por representantes do povo, eleitos para essa finalidade; 
 
b) outorgadas: são as produzidas sem a participação popular, através da 
imposição do poder. 
 
• Quanto a sua extensão e finalidade 
 
a) analíticas (dirigentes): examinam e regulamentam todos os assuntos que 
entendem relevantes à formação, destinação e funcionamento do Estado; 
 
b) sintéticas (garantias): prevêem somente os princípios e as normas gerais 
de regência do Estado, organizando-o e limitando seu poder por meio de 
estipulação de direitos e garantias fundamentais. 
 
 
5 - Fundamentos do Poder Constituinte. 
 
Poder Constituinte é a manifestação soberana da suprema vontade 
política de um povo, social e juridicamente organizado6. 
 
Assim, a titularidade do Poder Constituinte, pela moderna doutrina, 
pertence ao povo, pois o Estado decorre da soberania popular (CF, art. 1o, 
parágrafo único). A vontade constituinte é a vontade do povo, expressa por meio 
de seus representantes. Existem, assim, duas formas básicas de deflagração do 
processo constituinte originário : Assembléia Nacional Constituinte e Revolução 
(outorga). 
 
 
 
6
 MORAES, Alexandre de. Ob. cit. , p. 51. 
 5 
5.1. Poder Constituinte originário e derivado; reforma e revisão 
constitucionais 
 
5.1.1. Poder Constituinte Originário (de primeiro grau): é aquele que 
estabelece a Constituição de um Estado, organizando-o e criando os 
poderes destinados a reger os interesses da comunidade. São 
características do Poder Constituinte Originário: é inicial, ilimitado, 
autônomo e incondicionado. 
 
Adverte-se, contudo, que essa “ilimitação” do Poder Constituinte 
Originário encontra-se somente em plano jurídico-formal, não podendo 
desprezar normas de direito natural, comovida, liberdade, honra... A 
expressão “incondicionado”, portanto, refere-se a qualquer tipo de 
limitação imposta pela Constituição anterior, nada mais do que isso. 
 
5.1.2. Poder Constituinte Derivado (ou instituído, constituído, 
reformador, de segundo grau): é aquele que está inserido dentro da 
própria Constituição. É aquele que permite ao legislador realizar certas 
modificações no texto original da Constituição. Possui como 
características: é derivado, subordinado, condicionado. É, em última 
análise, limitado. 
 
Subdivide-se em dois: 
 
a) Poder Constituinte derivado reformador: é justamente a possibilidade 
da alteração do texto constitucional, respeitando a regulamentação especial 
prevista na própria Constituição. 
 
No Brasil, o poder reformador dá-se através de emenda à constituição ou 
de revisão constitucional; 
 
b) Poder Constituinte derivado decorrente: é a possibilidade que os 
Estados-membros têm de se auto-organizarem por meio de suas 
Constituições Estaduais, obedecidos, sempre, os limites impostos pela 
Constituição Federal. 
 
6. Reforma e Revisão Constitucional 
 
Segundo Manoel Gonçalves Ferreira Filho7, na tradição do Direito 
Constitucional brasileiro não há qualquer diferença no uso das duas expressões. 
Adverte, contudo, utilizando lições de Nélson de Souza Sampaio que, quanto à 
amplitude, costuma-se falar em reforma total e reforma parcial. O termo 
“emenda”, explica, tem maior propriedade nesta última hipótese, mas é usado 
também em sentido amplo, equivalente a revisão ou reforma, como fazem os 
escritores ingleses com as expressões amendment e revision em referência a 
alterações da Constituição. 
 
 
 
 
7
 FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Do processo legislativo. 4 ed. São Paulo : Saraiva, 2001, p. 
284. 
 6 
Nada obstante, é mister salientar os traços distintivos entre a 
competência reformadora, via emenda e a reforma por revisão. A 
emenda exige aprovação por quorum qualificado de 3/5 dos votos dos membros 
de cada Casa do Congresso Nacional, em modelo tipicamente bicameral. Exige, 
ainda, que a aprovação ocorra em dois turnos em cada Casa Legislativa. A 
revisão, por sua vez, deu-se (art. 3º , ADCT) com exigência de quorum menor, 
no caso, maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional. Inversamente às 
emendas, ocorreu em sessão unicameral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
1) A QUESTÃO TOPOGRÁFICA DOS DIREITOS E GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS. 
 
 Explica Pedro Lenza8 que a Constituição da República classifica o gênero 
direitos e garantias fundamentais em cinco espécies, quais sejam: 
a) direitos individuais; 
b) direitos coletivos; 
c) direitos sociais; 
d) direito de nacionalidade; 
e) direitos políticos. 
 
Em suma, está certo que a Constituição destinou aos direitos e garantias 
fundamentais todo “Título II”, que inicia no art. 5º e se conclui no art. 17. 
Ressalta-se que essa topografia é inovadora em relação às anteriores 
Constituições. 
Ocorre que, até 1988, a tradição do Direito Constitucional Brasileiro era de 
inscrever tais direitos na parte final da Constituição. Como se disse, em 1988, o 
constituinte inova esse aspecto formal, lançando os direitos fundamentais logo 
ao início da Constituição, após os “Princípios Fundamentais” (Arts. 1º a 4º). 
 
2) A EVOLUÇÃO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS - AS 
DIMENSÕES. 
 A doutrina tradicional procura classificar, quanto à evolução, os direitos 
em gerações. Contudo, cada vez mais, ganha força a classificação em 
DIMENSÕES e não em “gerações”, considerando-se que entre cada dimensão 
não existe uma rígida e clara separação como a expressão “gerações” pode dar 
ensejo. 
 De qualquer forma, assim, a evolução dos direitos fundamentais aponta, 
hoje, para quatro momentos históricos: 
 
2.1) Direitos Fundamentais de PRIMEIRA DIMENSÃO: São as clássicas 
liberdades, reconhecidamente chamadas de “negativas”, pois impunham ao 
Estado um dever de abstenção, destacando-se a liberdade. Explica Vidal Serrano 
Júnior9 que “(...) São os direitos de defesa do indivíduo perante o Estado. Sua 
preocupação é a de definir uma área de domínio do Poder Público, 
simultaneamente a outra de domínio individual, na qual estaria forjado um 
território absolutamente inóspito a qualquer inserção estatal. (...)”. 
 
8
 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 7 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: 
Editora Método. 2004, p. 407. 
9
 ARAÚJO, Luiz Alberto David. /JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional. 8 ed. rev. 
e atual. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 99. 
 8 
 
Em resumo, são os DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS. 
 
2.2) Direitos Fundamentais de SEGUNDA DIMENSÃO: São as chamadas 
liberdades “positivas”, na medida em que, ao contrário dos direitos de primeira 
dimensão, exigem do Estado uma atividade de prestação, com especial atenção à 
proteção à dignidade da pessoa humana, com a satisfação das necessidades 
mínimas da pessoa, tais como o direitos ao trabalho, o amparo à doença, o 
seguridade social.... 
 
Em resumo, são os DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS. 
 
2.3) Direitos Fundamentais de TERCEIRA DIMENSÃO: São aqueles que 
englobam o direito ao meio ambiente, qualidade de vida, a paz, defesa do 
consumidor entre tantos outros entendidos como sendo de fraternidade, na 
medida em que o homem é inserido dentro uma coletividade e passa a ter 
direitos dentro desse conjunto. São denominados direitos de “novíssima 
geração”. 
 
Em resumo, são os DIREITOS de TITULARIDADE COLETIVA. 
 
 Finalmente, advirta-se que Norberto Bobbio10, refere a existência de 
DIREITOS DE QUARTA GERAÇÃO (“Direitos dos Povos”), que seriam 
decorrentes dos avanços da engenharia genética, pois esta colocaria em risco 
a própria existência humana quando se dá a manipulação do patrimônio 
genético. 
 
3) A CONDIÇÃO EXEMPLIFICATIVA DO “CATÁLOGO DE DIREITOS 
FUNDAMENTAIS” 
 
O art. 5º da Constituição Federal, por muitos chamado de o “catálogo de 
direitos”, não tem a pretensão de ser exaustivo, ou seja, nomear ali todos 
os direitos e garantias fundamentais. Diz Pinto Ferreira11 que “O enunciado 
dos direitos e garantias fundamentais não é um catálogo completo, 
nem se apresenta com um numerus clausus.” A condição de “numerus 
abertus” do art. 5º pode ser justificada por, ao menos, três motivos: 
 
 
 
 
 
 
10
 Citação em Pedro Lenza. Ob. Cit., p. 409. 
11
 FERREIRA, Pinto. Comentários à Constituição Brasileira. 1v. São Paulo : Saraiva, 1989, p. 219. 
 9 
a) A matéria tratada pelo art. 5º e sua condição evolutiva: A 
Constituição é “...uma obra aberta, incompleta e imperfeita...”. Além 
disso, José Afonso da Silva12 ensina que um dos traços 
caracterizadores dos direitos fundamentais é a historicidade, em 
suas palavras, “... São históricos como qualquer direito. 
Nascem, modificam-se e desaparecem...”. 
 
b) A sistematização constitucional: a Constituição da República de 1988 
é classificada como escrita ou codificada. Nesse sentido, da existência 
de um documento solene e organizado, o constituinte originário 
reservou aos “Direitos e Garantias Fundamentais” todo um título (não 
só um artigo, capítulo ou seção), no caso, o Título II, que se estende 
do comentado art. 5º até o art. 17. 
 
c) A previsão do art. 5º, §§ 2º e 3º da Constituição Federal: trata-se 
de expresso comando constitucional. Sucintamente, o comando “...os 
direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluemoutros...” é evidenciador de que nem o art. 5º, nem o Título II, 
mas em toda a Constituição encontram-se lançados direitos 
fundamentais e, ainda, infere-se que nem toda a Constituição se 
mostra apta a exaurir o assunto, pois além de direitos 
fundamentais implícitos, os tratados internacionais13 também são 
idôneos a inseri-los no âmbito doméstico. 
 
4) O PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE (CONVIVÊNCIA14) DAS 
LIBERDADES PÚBLICAS. 
 
 Os direitos fundamentais não são absolutos ou ilimitáveis, ao contrário, 
são relativos e passíveis de restrição15. Nesse sentido, um direito 
fundamental pode ser limitado internamente por seu próprio alcance material ou 
por uma norma restritiva infraconstitucional (restrições indiretamente 
constitucionais16), desde que prevista no próprio enunciado do dispositivo 
constitucional (reserva legal), obedecendo as regras de competência para edição 
de tal ato17 e, ainda, havendo justificação constitucional para a restrição. 
 
 
 
 
 
12
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 15 ed. São Paulo : Malheiros, 
1998 
13
 Ver o art. 5º, § 3º da Constituição Federal, acrescentado pela EC 45/04. 
14
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 12 ed. São Paulo:Atlas, 2002, p. 61. 
15
 STF, MS 23.452-RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO. 16/09/99. 
16
 STEINMETZ, Wilson Antônio. Colisão de Direitos Fundamentais e princípio da 
proporcionalidade. Porto Alegre : Livraria do Advogado, 2001, p.32. 
17
 OLIVEIRA, Cristiane Catarina Ferreira. Liberdade de Comunicação : perspectiva constitucional. 
Porto Alegre : Nova Prova, 2000, p. 29. 
 10 
5) COLISÃO ENTRE DIREITOS FUNDAMENTAIS. 
 
Segundo José Carlos Vieira de Andrade (apud Wilson Antônio 
Steinmetz18), “haverá colisão ou conflito sempre que se deva entender 
que a Constituição protege simultaneamente dois bens ou valores em 
contradição concreta...” Ocorre que não há hierarquia normativa entre os 
preceitos constitucionais, eis que estão todas inseridas dentro do mesmo corpus 
constitucional19. Assim, se houver conflito entre dois direitos fundamentais, 
deverá o intérprete utilizar o princípio da concordância prática ou da 
harmonização que nada mais significa que a aplicação, ao caso prático, dos 
direitos com a necessária ponderação20 de forma a reduzir o alcançe de um 
deles, evitando, assim, a completa destruição de um ou de outro. 
 
6) A CONDIÇÃO DE CLÁUSULA PÉTREA DOS DIREITOS E GARANTIAS 
INDIVIDUAIS. 
 
Os direitos e garantias individuais, por disposição do art. 60, § 4º, IV da 
Constituição Federal núcleo essencial imodificável pela vontade do legislador 
constituinte derivado. Gilmar Ferreira Mendes21, aponta que “... tais cláusulas 
de garantia traduzem, em verdade, um esforço do constituinte para 
assegurar a integridade da constituição, obstando a que eventuais 
reformas provoquem a destruição, o enfraquecimento ou impliquem 
profunda mudança de identidade...” 
 
 
Esse entendimento de que as cláusulas pétreas não podem sequer 
implicar o enfraquecimento ou profunda mudança de identidade é perfilhado, de 
forma muito mais incisiva por Zeno Veloso22, ao reconhecer a possibilidade de o 
Poder Judiciário realizar controle preventivo de constitucionalidade de um projeto 
de emenda tendente a abolir uma das cláusulas pétreas : 
 
“A emenda constitucional não será inconstitucional, somente, 
quando extinguir, suprimir, ab-rogar um dos temas 
supergarantidos, tidos como valores essenciais, cerne 
imodificável da Lex Mater. A emenda será inconstitucional, 
bastando que viole, macule, desrespeite, “tenda a abolir” o núcleo 
essencial e inalterável da Constituição (...) É inconstitucional a 
mera pretensão de deliberar sobre uma proposta de emenda tendente a 
tal abolição.” 
 
 
18
 Ob. cit, p. 63. 
19
 CANOTILHO, J.J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Coimbra : , p. 
1013. 
20
 MENDES, Gilmar Ferreira. Direitos Fundamentais e Controle da Constitucionalidade. Celso 
Bastos. 1998, p. 92. 
21
 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. São Paulo : Atlas, 1999, p. 496. 
22
 VELOSO, Zeno. Controle jurisdicional de constitucionalidade. Belo Horizonte: Del Rey, 2000, p. 
159. 
 11 
 Oportuna, contudo é a observação de Manoel Gonçalves Ferreira Filho23, 
segundo a qual a proteção das cláusulas pétreas não significa proibição de toda e 
qualquer modificação nessas matérias, mas apenas a proibição de emendas 
“tendentes a abolir”, permitindo-se, com a devida cautela e proporcionalidade, e 
sempre sem prejudicar o núcleo essencial, venha a emenda, “ ... 
reequacioná-los, modificá-los, alterar suas condições ou efeitos, pois 
isso não é vedado pelo texto constitucional.” 
Ainda no tema, adquire relevo a interpretação do alcance do inciso IV do 
parágrafo 4º do art. 60 da Constituição Federal: diz serem cláusulas pétreas os 
direitos e garantias individuais. E os direito coletivos não o seriam? 
Entendemos certamente que sim, como bem observa a melhor doutrina24: 
 
“Entretanto não é despropositado afirmar ser a expressão direitos 
e garantias individuais equivalente a direitos e garantias 
fundamentais. Ora, esta última designa todo o Título e abrange 
os direitos sociais, que assim não poderiam ser eliminados. 
Certamente, esta última interpretação parece mais 
condizente com o espírito da Constituição em vigor, 
incontestavelmente uma ‘Constituição social’.” 
 
Esclareça-se, finalmente que, em que pese a Constituição haver destinado 
aos Direitos Fundamentais o Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), 
especialmente o Art. 5º (Dos direitos e deveres individuais e coletivos), não 
apenas estes têm o privilégio de tratar de matéria tão importante. Outros artigos 
esparsos também o fazem25. 
Se assim é, a proteção da cláusulas pétreas não está restrita ao disposto 
em determinado artigo (Art. 5º) ou mesmo ao lançado em certo Título (Título II) 
da Constituição, mas abriga também os demais artigos cuja matéria tratada 
seja vista como direito ou garantia fundamental. 
 
 
7) SUJEITOS E O ÂMBITO DE VALIDADE DOS DIREITOS E GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS. 
 
 Determina o art. 5º, caput da Constituição Federal que aos brasileiros e 
as aos estrangeiros residentes no país são assegurados o direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade. 
 Inicialmente, esclareça-se que a expressão constitucional “estrangeiros 
residentes nos país” deve ser entendida no sentido de que a “...validade e a 
fruição dos direitos fundamentais se exercem dentro do território 
brasileiro26...” , o que não exclui o estrangeiro em trânsito pelo Brasil27. Deve-
se, ainda, atentar que o território brasileiro, para fins de incidência dos direitos e 
garantias fundamentais, possui exato conceito de “espaço de validade da ordem 
jurídica”28. 
 
23
 FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Ob.cit. p. 288. 
24
 FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Do Processo Legislativo. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 290. 
25
 STF, Adin 939-07- DF. Tribunal Pleno. Rel. Min. Sydney Sanches. RTJ 150/68-69. 
26
 FERREIRA, Pinto. Ob.cit., p. 59. 
27
 No mesmo sentido: Alexandre de Moraes, Ob. cit, p. 63 e Celso Ribeiro Bastos et al, 
Comentários à Constituição do Brasil. 2v. São Paulo: Saraiva, 1989, p. 4. 
28
 MALUF, Sahid. Teoria Geral do Estado. 1v. 6 ed., São Paulo : Sugestões Literárias, 1970, p. 30. 
 12 
 Nada obstante, assegurar estrangeiro, mesmo não residente, direitos 
fundamentais, não significa titularizar-lhes todos. Como exemplo de 
garantia fundamental que não pode ser exercida por estrangeiro, pode-se citar a 
impetração de ação popular (CF, art. 5º, LXXIII), cujo legitimadoé tão somente 
à pessoa natural - brasileira - no gozo dos direitos políticos29, o cidadão30. 
 Relativamente às pessoas jurídicas é inegável que são destinatárias de 
direitos e garantias fundamentais. Nesse sentido, o constituinte originário 
declarou, inclusive, direitos que são próprios do entes abstratos, como a 
propriedade de marcas, signos distintivos, nomes das empresas31 (CF, art. 5º, 
XXIX), associações (CF, art. 5º, XVII a XXI)32 . Ressalve-se, contudo, que da 
mesma forma que todos os direitos e garantias fundamentais não são 
assegurados aos estrangeiros, às pessoas jurídicas também não foram 
contempladas com a totalidade destes, tais como os direitos das presidiárias (CF, 
art. 5º, L), aqueles relativos à extradição (CF, art. 5º, LI e LII) e, inclusive, da 
propositura da ação popular (CF. art. 5º, LXXIII)33. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29
 CF, art. 14, § 2º : estrangeiros não podem se alistar eleitoralmente. 
30
 
MEIRELLES, Hely Lopes. Atualizada por Arnoldo Wald. Mandado de Segurança. 19ª ed. São Paulo 
: Malheiros, 1998, p. 108. 
31
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo : RT, p. 189. 
32
 MORAES, Alexandre de. Ob. cit., p. 63. 
33
 Súmula 365 do STF (16/12/1963) : “Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação 
popular.” 
 13 
NACIONALIDADE 
 
(Constituição Federal, Art. 12) 
1. Conceito. 
É o status do indivíduo em face do Estado34. Segundo Alexandre de Moraes35, 
citando Aluísio Dardeau de Carvalho, nacionalidade é o vínculo jurídico que liga 
um indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo deste indivíduo um 
componente do povo, da dimensão pessoal deste Estado, capacitando-o a exigir 
sua proteção e sujeitando-o ao cumprimento de deveres impostos. 
 
 
2. Espécies de Nacionalidade. 
 
 
2.1. nacionalidade primária (originária ou de origem): é aquela que 
resulta do fato natural, ou seja, o nascimento; 
 
2.2. nacionalidade secundária (adquirida): é aquela que se adquire por 
ato voluntário, depois do nascimento, em regra pela naturalização. 
 
Obs: Ver a denominada naturalização tácita ou “grande 
naturalização” que surgiu na Constituição Imperial de 1824 e se 
repetiu em diversas outras Cartas: 
 
Art. 6º. São Cidadãos Brazileiros: 
IV. Todos os nascidos em Portugal, e suas Possessões, que 
sendo já residentes no Brazil na época, em que se 
proclamou a Independencia nas Provincias, onde 
habitavam, adheriram á esta expressa, ou tacitamente pela 
continuação da sua residencia. 
 
3. Critérios para estabelecimento da nacionalidade originária. 
3.1. ius soli (origem territorial): é considerado nacional o nascido no 
território do Estado, independentemente da nacionalidade de sua 
ascendência. É o critério adotado, em regra, pelo Brasil; 
 
3.2. ius sanguinis (origem sanguínea): é considerado nacional todo 
descendente de nacionais, não importando o local de nascimento. O 
Brasil não adotou esse critério de forma pura, exigindo, sempre, outros 
requisitos complementares. 
 
 
34
 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. 30 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2003, p.109. 
35
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 12ª ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 213. 
 14 
4. Hipóteses constitucionais de aquisição da nacionalidade originária 
(brasileiros natos) 
 
1ª) Art. 12, I, a - Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda 
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu 
país (ius soli): 
Para que os filhos de pais estrangeiros que nasceram em território brasileiro não 
sejam brasileiros é necessário: 
a) que ambos os pais sejam estrangeiros; 
 
b) um dos pais, no mínimo36, esteja a serviço de seu país de origem, 
entendendo-se que não basta estar a serviço particular ou para terceiro país. 
 
 
2a) Art. 12, I, b: Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe 
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República 
Federativa do Brasil (ius sanguinis + critério funcional); 
Dessa forma, para ser considerado brasileiro nato os que nascem no 
exterior, é necessário: 
a) um dos pais seja brasileiro; 
b) o pai ou a mãe brasileiro deve estar a serviço do Brasil, entendendo-se como 
tal o serviço diplomático, consular, ou em autarquias, sociedades de economia 
mista, fundações, empresas públicas, ou seja, a serviço da administração direta 
ou indireta, seja Federal, Estadual ou Municipal e do Distrito Federal. 
 
3ª) Art. 12, I, c: (ATENÇÃO37) os nascidos no estrangeiro, de pai 
brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em 
repartição brasileira no exterior ou venham a residir na República 
Federativa do Brasil e optem, atingida a maioridade, pela nacionalidade 
brasileira. Exigências: 
 
 
 
36
 Essa é a opinião de Alexandre de Moraes (Ob. Cit. p. 216). Contudo, cabe a advertência de 
José Francisco Resek (Direito Internacional Público, p. 178), segundo o qual devem reputam-se a 
serviço de nação estrangeira ambos os componentes do casal, ainda que apenas um detenha 
cargo, na medida em que o outro nada mais faça do que acompanhá-lo. 
37
 Ver artigo completo sobre a Emenda Constitucional nº54/07 no site 
www.pivaadvogados.adv.br 
 15 
(A) filho de pai ou mãe brasileira que não esteja a serviço público; 
(B) registro em repartição competente no exterior 
(C) alcançada a maioridade civil, a qualquer tempo e após a maioridade, ingressar com 
a ação de opção confirmativa na Justiça Federal brasileira 
 
ou, não havendo o registro no exterior, 
 
(A) filho de pai ou mãe brasileira que não esteja a serviço público; 
(B) residir no Brasil; 
(C) alcançada a maioridade civil, a qualquer tempo e após a maioridade, ingressar com 
a ação de opção confirmativa na Justiça Federal brasileira; 
 
 
 Note-se, portanto, em que pese a muito duvidosa redação do novo art. 
12, I, c, da CF/88, ao que parece, o que se quis foi facultar a escolha entre 
REGISTRAR no exterior ou RESIDIR no Brasil. Todavia, em qualquer caso, 
permaneceria a necessidade de opção confirmativa, desde que exercida após a 
maioridade e a qualquer tempo (grifos nossos): 
 
 
Com o novo texto, basta que sejam registrados em 
repartição brasileira competente, diplomática ou consular 
(registro optativo). Também há a opção de vir a residir a 
qualquer momento no país, mesmo que não tenha sido 
feito o registro mencionado anteriormente. Permanece a 
necessidade de que haja uma opção pela nacionalidade brasileira 
a qualquer tempo, mas agora fica explicitado que a opção 
só ocorre após a maioridade (após a maioridade e a 
qualquer tempo, insista-se). Pela nova redação, a residência, 
que permanecia na redação por último em vigor como requisito, 
poderá ser doravante suprida pelo registro no exterior (opção). 
 
(TAVARES, André Ramos, Curso de Direito Constitucional. 
6 ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 731). 
 
 
 Por outro lado, PEDRO LENZA, apresenta opinião diversa, afirmando que 
o simples registro – e nada mais do que isso – possibilitaria a aquisição da 
nacionalidade originária: 
 
[...] a EC n. 54/2007, resgatando a regra anterior, estabeleceu a 
possibilidade de aquisição da nacionalidade originária pelo 
simples registro em repartição brasileira competente e, 
assim, resolvendo um grave problema dos apátridas. 
 
(LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 12 ed. São 
Paulo: Saraiva, 2008, p. 671) 
 
 
 Conseqüentemente, para este autor, da redação nova do art. 12, I, c, da 
CF/88, se poderia concluir que as condições atuais de aquisição da nacionalidade 
originária seriam:16 
(A) filho de pai ou mãe brasileira (não estando a serviço público); 
(B) registro em repartição competente no exterior (não haveria necessidade de ação 
confirmativa !) 
 
ou, não havendo o registro no exterior, 
 
(A) filho de pai ou mãe brasileira (não estando a serviço público); 
(B) residir no Brasil; 
(C) alcançada a maioridade civil, a qualquer tempo e após a maioridade, 
ingressar com a ação de opção confirmativa na Justiça Federal brasileira; 
 
5. Hipóteses constitucionais de aquisição de nacionalidade adquirida 
(brasileiros naturalizados). Naturalização ordinária e extraordinária. 
 
5.1. Naturalização ordinária (comum) 
 
Ocorre nas seguintes situações: 
 
5.1.1. Estrangeiros que não são originários de países de língua 
portuguesa. 
Condições da Lei 6.815/80 (Art. 112) - "Estatuto dos Estrangeiros": 
capacidade civil; possuir visto permanente; residência no Brasil por mais 
de 4 anos38; ler e escrever português; boa conduta e saúde; exercício de 
profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria ou da 
família; bom procedimento; inexistência de denúncia, pronúncia ou 
condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja 
cominada pena mínima de prisão superior a um ano. 
 
 
5.1.2. Estrangeiros originários de países de língua portuguesa (CF, Art. 
12, II, a). 
 
Exigências: residência por um ano ininterrupto; capacidade civil e 
idoneidade moral. 
 
5.1.3. Portugueses residentes no Brasil (Art, 12, § 1º). 
Exigências: residência permanente e existência de reciprocidade. 
 
5.1.4. Radicação precoce (Lei 6.815/80). 
Exigências: nos termos do Estatuto do Estrangeiro, quem ingressar no 
Brasil com até cinco anos de idade, estabelecido definitivamente no 
território nacional, poderá requerer a naturalização provisória a ser 
confirmada perante o Ministro da Justiça no prazo de até dois após 
alcançada a maioridade civil: 
 
38 Ver. Art. 113 da Lei 6.815/80 sobre a redução do prazo quando preenchidas algumas 
condições. 
 17 
Art. 116. O estrangeiro admitido no Brasil durante os 
primeiros 5 (cinco) anos de vida, estabelecido 
definitivamente no território nacional, poderá, enquanto 
menor, requerer ao Ministro da Justiça, por intermédio de 
seu representante legal, a emissão de certificado provisório 
de naturalização, que valerá como prova de nacionalidade 
brasileira até dois anos depois de atingida a maioridade. 
Parágrafo único. A naturalização se tornará definitiva se 
o titular do certificado provisório, até dois anos após atingir 
a maioridade, confirmar expressamente a intenção de 
continuar brasileiro, em requerimento dirigido ao Ministro 
da Justiça. 
 
 
 
5.1.5. Colar grau em curso superior (Lei 6.815/80). 
 
Exigências: nos termos do Estatuto do Estrangeiro, quem ingressar antes 
da maioridade e colar grau em curso superior brasileira poderá requerer a 
naturalização, nas seguintes condições: 
Art. 115, § 2º. Exigir-se-á a apresentação apenas de 
documento de identidade para estrangeiro, atestado policial 
de residência contínua no Brasil e atestado policial de 
antecedentes, passado pelo serviço competente do lugar de 
residência no Brasil, quando se tratar de(...) 
II - estrangeiro que tenha vindo residir no Brasil antes de 
atingida a maioridade e haja feito curso superior em 
estabelecimento nacional de ensino, se requerida a 
naturalização até 1 (um) ano depois da formatura. 
 
 5.2. Naturalização extraordinária (quinzenária): 
Segundo ensinam Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes 
Júnior39, na “(...) naturalização extraordinária, o objetivo do texto 
constitucional foi o de prestigiar o tempo de residência, indicando 
àqueles que não tenham obtido a naturalização, segundo uma das 
variantes legais, a possibilidade de obtê-la mediante a comprovação 
pura e simples de dois requisitos a saber, a residência ininterrupta por 
quinze anos e ausência de condenação penal, tanto no Brasil como no 
estrangeiro.” 
Exigências: residência fixa no Brasil há mais de 15 anos; sem condenação penal; 
requerimento do interessado. 
 
39
 ARAUJO, Luiz Alberto David et al. Curso de Direito Constitucional. 8 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 
2004, p. 201. 
 18 
6. Diferenças entre brasileiros natos e naturalizados. 
Nos termos da Constituição Federal, a LEI não poderá estabelecer distinção 
entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos nela mesmo previstos. 
Veja-se: 
Art. 12, § 2º - A lei não poderá estabelecer distinção 
entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos 
casos previstos nesta Constituição. 
 Assim, na Constituição, são encontradas cinco únicas hipóteses de 
distinção, quais sejam: 
 
1ª) Cargos privativos brasileiros natos (CF, Art. 12, § 3º) 
2ª) Cidadãos integrantes do Conselho da República (CF, Art. 89, VII) 
3ª) Quanto à extradição (CF, Art. 5º, LI) 
4ª) Quanto ao direito de propriedade (CF, Art. 222) 
5ª) Perda da nacionalidade adquirida (naturalizados) por prática de atividade 
nociva ao interesse nacional (CF, Art. 12, § 4º, I) 
 
7. Perda do direito de nacionalidade 
No texto Constitucional são identificadas duas hipóteses de perda da 
nacionalidade: 
 
1ª) Art. 12, § 4º , I (Perda-sanção). 
 
� Sujeitos: brasileiros naturalizados. 
 
� Hipótese de aplicação: pratica de atividade nociva ao interesse nacional. 
 
� Procedimento: necessita de condenação judicial40 com trânsito em julgado. 
 
� Eficácia objetiva da sentença: ex nunc. 
 
� Forma de reaquisição: ação rescisória. 
 
 
 
 
40
 Lei 818, de 18.9.49, estabelece o procedimento da ação que visa o cancelamento da naturalização (Arts. 24 
a 34). 
 19 
2ª) art. 12, § 4º, II (Perda-mudança). 
 
� Sujeitos: brasileiros natos/naturalizados. 
 
� Hipótese de aplicação: aquisição voluntária de outra nacionalidade. 
 
� Procedimento: processo administrativo, com ampla defesa, por decreto 
presidencial41 
 
� Eficácia objetiva da sentença: ex nunc. 
 
� Forma de reaquisição: pedido administrativo e também por Decreto 
presidencial (Art. 36 da Lei 818/49)42. 
 
� Exceções constitucionais: não perderá a nacionalidade brasileira, mesmo 
tendo adquirida outra, o brasileiro que: 
 
a) tiver reconhecida nacionalidade originária (natos – jus sanguinis) por parte de 
outro Estado (Art. 12, § 4º, II, a); 
 
b) imposição de naturalização como condição de permanência em Estado 
estrangeiro ou para exercício de direitos civis (trabalho, herança...) (Art. 12, § 4º, II, 
b). 
 
41
 Lei 818, de 18.9.49, estabelece o procedimento administrativo que visa o cancelamento da naturalização por 
aquisição voluntária de outra nacionalidade (Art. 23). 
42
 Contra: Alexandre de Moraes (Ob .cit, p. 230) entende que no caso do art. 12, § 4º, II, da CF, o brasileiro 
nato ou naturalizado somente poderá readquiri a nacionalidade pelo processos de naturalização. Assim, o nato 
nessa hipótese, retornaria na condição de naturalizado. 
 20 
 
DIREITOS POLÍTICOS. 
(Constituição Federal, Arts. 14 a 17) 
 
1. Conceitos fundamentais. 
 
1.1. Cidadania: É qualificação daqueles que participam da vida do Estado, 
participando do governo e sendo ouvido por este. Assim, é cidadão 
aquele que possui a capacidade eleitoral ativa (votar) e a capacidade 
eleitoral passiva (ser votado). Não se esqueça que, segundo o modelo 
brasileiro, o voto é facultativo dos dezesseis anos de idade até os dezoito 
anos de idade. Quem se encontrar nessa faixa etária e estiver alistado 
eleitoralmente poderá votar, mas não poderá ser votado. Mesmo assim é 
considerado cidadão. Veja-se, então, que a cidadania é adquiridacom o 
alistamento eleitoral. 
 
(Obs.: Ver artigo publicado no site www.pivaadvogados.adv.br 
que revisa o conceito restrito de cidadania aqui apresentado). 
 
 
1.2. Nacionalidade: Nas palavras de José Afonso da Silva43, é conceito 
mais amplo do que de cidadania, e é pressuposto desta, uma vez que só 
o titular da nacionalidade brasileira pode ser cidadão. 
 
1.3. Direitos Políticos: É o conjunto de meios, prerrogativas, atributos e 
faculdades que o cidadão dispõe para intervir na estrutura governamental 
do Estado, através do voto, seja de forma ativa ou passiva e dos demais 
meios à disposição do cidadão, tais como a ação popular (CF, art. 5º, 
LXXIII), a iniciativa popular (CF, art. 61, § 2º). Em síntese, são os meios 
de exercício da soberania popular. 
 
 
 
2. Direitos políticos positivos e Direitos políticos negativos. 
 
2.1. Direitos políticos positivos 
 
 É o conjunto de normas que asseguram o direito de participação no 
processo político e nos órgão de governo do Estado. São direitos positivos: 
 
- direito de sufrágio (CF, art. 14, caput); 
- direito de votar (alistabilidade) (CF, art. 14, § 1º); 
- direito de ser eleito (elegibilidade) (CF, art. 14, § 3º); 
- iniciativa popular (CF, art. 61, § 2º); 
- ação popular (CF, art. 5º, LXXIII) ; 
- organização e participação em partidos políticos (CF, art. 17). 
 
 
 
 
43 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: RT, p 347. 
 21 
2.1.1. Capacidade eleitoral ativa 
 
- obrigatória : dos 18 aos 70 anos de idade 
- facultativa : dos 16 aos 18 anos de idade, analfabetos e para os maiores 
de 70 anos de idade. 
 
2.1.2. Plebiscito e Referendo. Diferenças44 
 
- Plebiscito: é uma consulta prévia que se faz aos cidadão no gozo dos 
direitos políticos, sobre determinada matéria a ser, posteriormente, 
discutida pelo Congresso Nacional; 
 
- Referendo: consiste em uma consulta posterior sobre determinado 
ato governamental para ratificá-lo, ou no sentido de conceder-lhe 
eficácia, ou, ainda, para retirar-lhe eficácia. 
 
2.1.3. Condições de elegibilidade. 
 
 São aquelas do art. 14, § 3º, da Constituição da República: 
 
I – a nacionalidade brasileira; 
II – o pleno exercício dos direitos políticos; 
III – o alistamento eleitoral; 
IV – o domicílio eleitoral na circunscrição; 
V – a filiação partidária; 
VI – a idade mínima de: 
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e 
Senador; 
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do 
Distrito Federal; 
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou 
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; 
d) dezoito anos para Vereador. 
 
2.2. Direitos Políticos negativos 
 
 São as previsões constitucionais que restringem, limitam os direitos 
políticos do cidadão, em especial por intermédico de impedimentos à capacidade 
eleitoral passiva. São direitos políticos negativos: 
 
- as inelegibilidades; 
 
- as regras sobre perda e suspensão dos direitos políticos. 
 
 
 
2.2.1. Inelegibildades 
 
 
44 Lei 9.709, de 18 de novembro de 1998. 
 22 
a) inelegibilidade absoluta: corresponde a impossibilidade de o indivíduo 
concorrer a qualquer cargo eletivo. Divide-se em duas: 
 
- inalistáveis: quem não pode votar, não pode ser votado. São os 
estrangeiros45 e os conscritos46 (CF, art. 14, § 2º); 
 
- analfabetos: apesar da faculdade de, voluntariamente, votar, não poderão 
ser votados (CF, art. 14, § 4º). 
 
 
b) inelegibilidades relativas : consiste em restringir à elegibilidade para 
determinados mandatos em razão de situações extraordinárias em que se 
contra o cidadão no momento da eleição. São assim divididas: 
 
- por motivos funcionais: CF, art. 14, §§ 5º e 6º . 
- por motivos de casamento, parentesco e afinidade: CF, art. 14, §7º. 
- dos militares: CF, art. 14, § 8º . 
- por previsão em lei complementar: CF, art. 14, § 9º. 
 
 
2.2.2. Perda e suspensão dos direitos políticos 
 
a) perda dos direitos políticos: caracteriza-se pela privação de definitiva dos 
direitos políticos nos seguintes casos : 
 
- CF, art. 15, I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em 
julgado, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional (CF, art. 12, § 
4º). 
- CF, art. 15, IV - escusa de consciência (CF, art. 5º, VIII). 
 
- CF, art. 12, § 4º, II - aquisição voluntária de outra nacionalidade. 
 
b) suspensão dos direitos políticos: ocorre quando, temporariamente, o 
indivíduo é privado de seus direitos políticos. Ocorre nos seguintes casos: 
 
- CF, art. 15, II - Interdição: nos termos do Código Civil Brasileiro, 
aquele que é interditado torna-se absolutamente incapaz, portanto, enquanto 
interditado, terá seus direitos políticos suspensos. 
 
- CF, art. 15, III - Condenação criminal transitada em julgado: até 
que ocorra a extinção da punibilidade, o condenado (sentença penal 
condenatória irrecorrível) tem seus direitos políticos suspensos. 
 
- CF, art. 15, V - atos de improbidade administrativa: nos termos do 
art. 37, § 4o, o servidor que comete ato de improbidade administrativa terá 
seus direitos políticos suspensos. 
 
45 Atenção: O português equiparado pelo Estatuto da Igualdade (Art. 12, § 1º), atendendo determinadas 
prescrições legais, possui os mesmos direitos de um brasileiro naturalizado. Assim, trata-se de um estrangeiro 
que pode possuir direitos políticos no Brasil. 
46 O que estão em Serviço Militar obrigatório. 
 23 
A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO – A FEDERAÇÃO 
BRASILEIRA. 
(Arts. 18 a 43) 
 
1 - CARACTERÍSTICAS GERAIS. 
 
A expressão FEDERAÇÃO é derivada do latim foederatio, de foederare, ou 
seja, ligar por aliança, unir47. 
Assim, Estado Federal ou federativo, nos termos de Sahid Maluf48, sob 
ponto de vista do direito interno, é aquele que se divide em províncias 
politicamente autônomas, possuindo duas fontes paralelas de direito público, 
uma nacional e outra provincial. (Estados-membros, no Brasil; Cantões, na 
Suíça; Províncias, na Argentina; Laender, na Alemanha) 
Para Pinto Ferreira49, o Estado Federal pode ser definido como uma 
organização formada sobre a base de uma repartição de competências entre um 
governo nacional e os governos estaduais, de tal sorte que a União tenha 
supremacia sobre os Estados-membros, e estes, que normalmente participam na 
formação da vontade do Estado central, são entidades dotadas de autonomia 
constitucional perante a mesma União. 
Michel Temer50 aponta os requisitos essenciais à Federação: 
 
PARA CARACTERIZAÇÃO PARA MANUTENÇÃO 
Descentralização política 
(repartição constitucional de 
competências) 
Rigidez constitucional (como forma 
de impedir a mudança do texto 
constitucional por qualquer 
processo legislativo não 
qualificado) 
Participação da vontade das ordens 
jurídicas parciais (Estados-
membros) na vontade criadora da 
ordem jurídica nacional (União) 
A existência de um órgão 
constitucional incumbido do 
controle da constitucionalidade das 
leis 
Possibilidade de autoconstituição 
(existência de Constituições 
“locais”) 
 
 
 
Alexandre de Moraes51 traduz que a Constituição de um Estado federativo 
deve estabelecer: 
 
 
 
 
 
 
47
 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Vol. II. São Paulo : Forense, 1967, p. 685. 
48
 MALUF, Sahid. Direito Constitucional – Teoria Geral do Estado. 1.vol. São Paulo : Sugestões 
Literárias, 1970, p. 160. 
49
 FERREIRA, Pinto. Comentários à Constituição Brasileira. 1.vol. São Paulo : Saraiva, 1989, p. 
393. 
50
 TEMER,Michel. Elementos de Direito Constitucional. 13 ed., São Paulo: Malheiros, 1997, p. 63. 
51
 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 12 ed. São Paulo : Atlas, 2002, p. 267. 
 24 
• os cidadãos dos diversos Estados-membros aderentes à Federação devem 
possuir a nacionalidade única dessa; 
• repartição constitucional de competências entre a União, Estados-membros, 
Distrito Federal e municípios; 
• necessidade de que cada ente federativo possua uma esfera de competência 
tributária que lhe garanta renda própria; 
• poder de auto-organização dos Estados-membros, Distrito Federal e 
municípios, atribuíndo-lhes autonomia constitucional; 
• possibilidade constitucional excepcional e taxativa de intervenção federal, 
para a manutenção do equilíbrio federativo; 
• participação da vontade dos Estados-membros no Poder Legislativo Federal, 
de forma a permitir-se a ingerência de sua vontade na formação da legislação 
federal; 
• possibilidade de criação de novo Estado ou modificação territorial de Estado 
existente, dependendo da aquiescência da população do Estado afetado; 
• a existência de um órgão de cúpula do Poder Judiciário para interpretação e 
proteção da Constituição Federal. 
 
 
2 - A FEDERAÇÃO BRASILEIRA 
 
2.1 - A ORIGEM DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA 
 
A Federação no Brasil surge, provisoriamente, junto com a proclamação 
da República, por meio do Decreto nº 1, de 15 de novembro de 1889. 
 
 
2.2 – OS ENTES FEDERATIVOS BRASILEIROS 
 
Nos termos do art. 18 da Constituição Federal, a organização político-
administrativa brasileira compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, todos autônomos e possuidores da capacidade de auto-organização e 
normatização própria, autogoverno e auto-administração. 
Quanto aos TERRITÓRIOS FEDERAIS, é indispensável esclarecer que 
estes não são componentes do Estado Federal - mesmo que atualmente algum 
venha a existir (Art. 18, § 2º) -, pois constituem simples descentralizações 
administrativas territoriais da própria. 
 
2.2.1 – O PRINCÍPIO DA INDISSOLUBILIDADE DA FEDERAÇÃO. 
 
A federação brasileira não reconhece o direito de secessão, ou seja, 
a pretensão de um Estado-membro, Distrito Federal ou qualquer dos Municípios 
brasileiros querer separar-se do contexto nacional, formando, assim, um novo 
Estado (na realidade, um novo país, com total independência). 
Nesse sentido, qualquer tentativa de secessão permitirá a decretação de 
intervenção federal, nos termos do art. 34, I. 
 25 
 
Lembre-se, ainda, que a FEDERAÇÃO é uma CLÁUSULA PÉTREA, nos 
termos do art. 60, § 4º, I da Constituição Federal. Dessa forma, não será aceita 
qualquer proposta de emenda constitucional tendente a abolir a forma de estado 
federativa. 
 
3) REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS. 
 
 
 3.1 Repartição de competências em matérias administrativas 
 
- Competências EXCLUSIVAS da União (art. 21); 
- Competências administrativas dos Municípios (art. 30); 
- Competência RESIDUAL dos Estados-membros (art. 25, § 1º); 
- Competência COMUM da União Estados-membros, Distrito Federal e 
Municípios (art. 23). 
 
 
 3.2 Repartição de competências em matérias legislativas 
 
- Competência PRIVATIVA da União (art. 22); 
 
- Possibilidade de DELEGAÇÃO de competência da União para os Estados 
e DF (art. 22, parágrafo único); 
 
- Competência CONCORRENTE da União/Estado/Distrito 
Federal/Municípios52 (art. 24); 
 
- Competência EXCLUSIVA do Município (art. 30, I); 
 
- Competência SUPLEMENTAR do município (art. 30, II); 
 
- Competência RESERVADA (remanescente, residual) dos Estados (art. 
25, § 1o); 
 
- Competência RESERVADA do Distrito Federal (art. 32, § 1º) 
 
 
 
4) DICAS SOBRE ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO. 
 
• Os Estados-membros, apesar de possuírem autonomia, NÃO podem adotar a 
forma PARLAMENTAR de Governo; 
• Os chamados "princípios constitucionais sensíveis" são aqueles do art. 
34, VII, da CF/88; 
• A atual ordem constitucional NÃO veda a criação de novos territórios federais 
(Ver art. 18, § 2º, da CF/88) ; 
 
52
 Ver artigo específico publicado no site www.pivaadvogados.adv.br, sobre municípios e 
competência concorrente (art. 30, I e II). 
 26 
• O Distrito Federal goza de autonomia política e administrativa (art. 32, 
CF/88); 
• Uma repartição pública estadual NÃO pode recusar fé a documento expedido 
por órgão municipal, mesmo que o município seja integrante de outro 
Estado-membro (Ver art. 19, II, CF/88) ; 
• O Distrito Federal é dotado de competências Estaduais e Municipais (art. 32, 
§ 1º, CF/88); 
• A criação de regiões metropolitanas depende de LEI COMPLEMENTAR 
ESTADUAL (art. 25, § 3º, da CF/88); 
• No Distrito Federal, a organização da Defensoria Pública e da Polícia Civil, 
constitui tarefa de COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO (ar 32, § 4º, da 
CF/88); 
• No Distrito Federal, a organização judiciária, do MP, da Defensoria Pública, 
das Polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros cabe à UNIÃO (art. 21, 
XIII e XIV); 
• Os Estados-membros NÃO podem instituir um Poder Legislativo 
BICAMERAL; 
• O processo legislativo que a Constituição Federal determina à União (art. 59 
e seg.) é de reprodução obrigatória pelas Constituições dos Estados-
membros (é uma espécie de modelo, adequando-se às realidades regionais); 
• O Distrito Federal, apesar de ser unidade federada, NÃO possui AMPLO 
poder de organização; 
• Os Estados-membros NÃO podem dispor sobre sistema eleitoral (só a 
União - art. 22, I, CF/88); 
• A Constituição Federal NÃO traz de forma precisa e expressa todas as 
competências dos Estados e da União; 
• O Brasil NÃO adota um rígido sistema HORIZONTAL de distribuição de 
competências. Existe, também, exemplos do sistema VERTICAL, como 
ocorre no art. 24; 
• Os Estados NÃO possuem uma IRRESTRITA capacidade constituinte. Estão 
sujeitos à LIMITAÇÕES : os chamados PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
SENSÍVEIS e PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ESTABELECIDOS; 
• A não aplicação do mínimo exigido em receita para o ensino, é motivo 
suficiente para a decretação de INTERVENÇÃO do Estado no município (art. 
35, III, CF/88) ; 
• Há possibilidade de haver intervenção SEM a necessidade de nomeação 
de interventor (art. 36, § 1º, CF/88) . 
 
 
 27 
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 
(Arts. 44 a 126) 
1. CONCEITOS BÁSICOS E FUNDAMENTAIS. 
1.1. Conceito de PODER: constitucionalmente analisado, é o princípio 
unificador da ordem jurídica. Significa dizer que sem Poder o Estado não se 
organiza e, por isso, não há, nem pode haver, Estado sem Poder. 
1.2. A "separação" dos Poderes: segundo Cretella Júnior53, o Poder no início 
seria uno. Aos poucos, contudo, foi partilhado, sendo seu exercício distribuído 
entre vários tipos de órgãos, cada um com sua competência graduada. Assim, a 
separação dos Poderes pressupõe a tripartição das funções do Estado, ou seja, a 
distinção das funções “legislativa”, “executiva” e “judiciária”. 
Nesse sentido, explica CRETELLA (1996, p. 102), cada Poder tem o exercício de 
funções que lhe são próprias – funções orgânicas ou formais – além de outras 
funções – funções materiais – normalmente e, por excelência, exercidas pelos 
outros dois Poderes. Trata-se, enfim, da tradicional distinção de funções TÍPICAS 
e ATÍPICAS de cada Poder. 
A divisão do poder consiste em repartir o exercício do Poder Político entre vários 
órgãos diferentes e independentes, por diversos critérios, de modo que nenhum 
órgão possa agir livremente sem ser freado por outro, impedindo, dessa forma, o 
arbítrio antidemocrático. 
2. O PODER LEGISLATIVO 
A função primeira do Poder Legislativo é a de ditar normas nacionais, isto 
é, preceitos que obrigam a todos os que se acham sob a soberania nacional. É oPoder responsável pela elaboração dos textos legais. 
No Poder Legislativo Federal, é adotado o “bicameralismo”, consistente 
em uma repartição de competências por duas câmaras distintas: a Câmara dos 
Deputados e o Senado Federal. 
As duas, reunidas, chamam-se de “Congresso Nacional” (art. 44). Já os 
Poderes Legislativos Estaduais, Distrital e Municipais são historicamente 
unicamerais (segundo José Afonso da Silva54, o unicameralismo estadual e 
municipal é princípio implícito da federação brasileira). 
Alguns apontamentos sobre o Congresso Nacional: 
 
53
 CRETELLA JÚNIOR, José. Elementos de Direito Constitucional. 2 ed. rev. São Paulo: RT, p. 
101. 
54
 SILVA, José Afonso da. Curso de direito Constitucional positivo. 16 ed. São Paulo: Malheiros, 
1999, pp. 592 a 599. 
 
 28 
a) Legislatura55: derivado de legislar, indica o período de reunião ou 
funcionamento da instituição, a que se atribui o poder de legislar. É, assim, o 
espaço de tempo em que os legisladores exercem seu respectivo mandato. A 
Constituição Federal determina que cada legislatura terá a duração de 4 anos 
(art. 44, parágrafo único). Assim, um Deputado Federal exercerá seu 
mandato, pelo menos, por uma legislatura. Um Senador exercerá seu mandato, 
pelo menos, por duas legislaturas. 
b) Atribuições do Congresso Nacional: ao Congresso Nacional caberão 
competências que necessitam da sanção do Presidente da República (art. 48 – 
matérias veiculadas em lei), bem como competências denominadas 
“exclusivas”, onde não há necessidade da sanção do chefe do Poder Executivo e, 
por conseqüência, não há possibilidade de VETO (art. 49 – veiculadas, em 
regra, por decreto legislativo). 
Obs.: mesmo estando no art. 49, os incisos VII e VIII devem receber a 
forma de lei. 
c) As reuniões do Congresso Nacional: as reuniões do Congresso, nos 
termos do art. 57, caput, da Constituição Federal, realizar-se-ão, anualmente, na 
Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de 
dezembro. (Redação do art. 57 dada pela EC 50/06). 
(Obs. : ver art. 57, § 2º da CF, sobre a impossibilidade de interrupção da 
sessão legislativa.) 
As sessões do Congresso podem ser: a) ordinárias aquelas ocorrentes no 
período do art. 57; b) extraordinárias, as que se realizam fora do período 
ordinário, nos termos do art. 57, §§ 6º a 8º da CF. 
d) A Presidência do Congresso Nacional: a Mesa do Congresso é órgão 
administrativo de direção. Considerando-se o texto da Constituição (art. 57, §§ 4º 
e 5º), verifica-se que, na verdade, o parlamento não é dirigido por uma única 
pessoa, mas sim por um colegiado, a Mesa do Congresso Nacional, sob a 
presidência do Presidente do Senado Federal. Os demais cargos são preenchidos, 
alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos 
Deputados e no Senado Federal. 
d.1.) Substituição do Presidente do Congresso : quanto ao tema, há 
decisão do STF56 no sentido nas hipóteses de ausência eventual ou afastamento 
por licença do Presidente do Senado Federal, cabe ao 1º Vice-Presidente da 
Mesa do Congresso Nacional (que é o 1º Vice-Presidente da Câmara dos 
Deputados) convocar e presidir a sessão conjunta do Congresso Nacional. 
 
 
55
 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. Vol III. São Paulo: Forense, 1967, p. 922. 
56
 . STF, MS 24.041-DF, Rel. Min. Nelson Jobim, 29.8.2001. 
 
 
 29 
 
2.1 – As Comissões Parlamentares de Inquérito – C P I. 
2.1.1. – Finalidade das Comissões de Inquérito 
Na dicção de José Luiz Mônaco da Silva57, citando Yolanda Mendes, a 
finalidade das Comissões Parlamentares de Inquérito é fiscalizar a conduta 
administrativa do governo e manter o Congresso e a opinião pública informados 
sobre a situação do país, lição endossada por Nélson de Souza Sampaio, para 
quem o inquérito parlamentar tem três espécies de objetivos: a) ajudar a 
tarefa legiferante; b) servir de instrumento de controle sobre o governo 
e a administração; c) informar a opinião pública. 
2.1.2. – A disciplina legal 
As Comissões Parlamentares de Inquérito encontram-se disciplinadas 
especialmente no art. 58, § 3º, da CF, e nas Leis 1.579, de 18 de março de 1952, 
e 10.001, de 04 de setembro de 2000. 
2.1.3 – Poderes das CPI’s e a possibilidade de controle judicial 
O Supremo Tribunal Federal, invocando o princípio constitucional da 
“reserva de jurisdição”, entende que alguns atos estão reservados a órgãos do 
Poder Judiciário, com exclusão de qualquer outro órgão, inclusive aqueles que 
receberam da própria Constituição “...poderes de investigação próprios das 
autoridades judiciais,...” (CF, art. 58, §3º) . 
Assim, apesar de poderem realizar indagação probatória, estando autorizadas 
a determinar, por exemplo, a quebra dos sigilos BANCÁRIO, FISCAL e 
TELEFÔNICO (dados), as Comissões Parlamentares de Inquérito não possuem 
poderes idênticos aos conferidos às autoridades judiciais. Essas limitações têm 
sido objeto de inúmeros arestos do STF58, proibindo-se às Comissões de 
Inquérito, por ato próprio: 
• determinar indisponibilidade de bens; 
• determinar busca e apreensão domiciliar; 
• decretar a prisão, salvo em flagrante delito; 
• punir delitos; 
• formular acusações; 
• desrespeitar o privilégio contra a auto-incriminação; 
• desrespeitar o direito de sigilo profissional; 
• determinar a realização de interceptação telefônica (teor da conversa); 
• conferir publicidade a dados sigilosos alcançados pelo poder investigatório 
que possuem. 
 
 
 
57
 SILVA, José Luiz Mônaco da. Comissões Parlamentares de Inquérito. São Paulo: Ícone, 1999, p. 25. 
58 STF, MS 23.452-RJ, Rel. Min. Celso de Mello. Tribunal Pleno. 16/09/1999 (DJU de 12/05/00) e 
Informativo 212. 
 30 
2.2. Câmara dos Deputados 
Na Câmara dos Deputados, encontram-se os representantes do povo. 
Algumas características: 
• número total de Deputados Federais: 513 
• número mínimo por Estado-membro e Distrito Federal: 8 
• número máximo por Estado-membro e DF: 70 
• número de deputados por Território Federal: 4 
• sistema de eleição: proporcional 
• mandato: 4 anos 
As atribuições da Câmara dos Deputados encontram-se no art. 51 da 
CF/88. São algumas delas: 
 
• autorizar a instauração de processo (por crime comum ou de 
responsabilidade) contra o Presidente da República, o Vice-
Presidente, os Ministros de Estado (inc I). 
• elaborar o seu regimento interno (inc. II). 
• eleger os membros do Conselho da República (inc. V). 
Relativamente ao “juízo de admissibilidade” pela Câmara dos 
Deputados (autorização de 2/3 para instauração de processo – CF, art. 51,I) , 
quanto aos crimes cometidos por Ministros de Estado, no julgamento dos 
autos da QCQO 427-8 – DF, o STF entendeu que não é necessária prévia 
autorização da Câmara dos Deputados se se tratar de crime não conexo ao 
Presidente da República. 
2.3. Senado Federal 
 No Senado Federal, estão os representantes dos Estados-membros e do 
Distrito Federal. Essa representação se faz necessária pelo próprio sistema 
federativo instituído no Estado brasileiro que determina uma autonomia e uma 
conseqüente representatividade de suas unidades federativas. 
As funções do Senado encontram-se no art. 52 da CF/88. Abaixo, seguem 
algumas: 
• julgar o Presidente da República, o Vice-Presidente e os 
Ministros de Estado nos crimes de responsabilidade, bem como 
contra os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica 
(inc. I e art. 85); 
• aprovação de magistrados e outros titulares de cargos públicos. Ex.: 
Ministros dos Tribunais de Contas, Presidente e Diretores do Banco 
Central, Procurador Geral da República, diplomatas e outros (inc. III); 
• fiscalização dos Estados eMunicípios quando realizarem empréstimos 
externos - (inc. VII); 
• suspender a execução de lei declarada inconstitucional por decisão 
definitiva do STF (inc. X). 
 
 
 
 31 
Algumas características do Senado Federal: 
• mandato do Senador : 8 anos. 
• composição: são eleitos 3 (três) representantes por Estado-
membro e pelo DF. 
• sistema de eleição : majoritário 
• suplentes : 2 
• alternância : a cada quatro anos, renovando-se, alternadamente, 
1/3 e 2/3. 
2.4. Imunidades parlamentares 
As “imunidades parlamentares” são garantias constitucionais do Poder 
Legislativo e objetivam assegurar sua independência em relação aos demais 
Poderes da República, permitindo a plena atuação do parlamentar, impedindo 
constranger o pleno desenvolvimento de suas atribuições por qualquer sorte de 
ameaças, inclusive quanto a processos judiciais que poderiam ser de motivação 
puramente política. 
A origem da imunidades parlamentares está no sistema constitucional 
inglês, mais precisamente em 1688, no Bill of Rigths, que proclamava a 
existência de dois princípios : a) freedom of speach (liberdade de palavra) ; 
b) freedom from arrest (imunidade à prisão arbitrária). 
No constitucionalismo brasileiro, por sua vez, verifica-se que as 
imunidades parlamentares estão consignadas desde a Constituição de 1824, 
demonstrando, assim, inclusive pela força da história, não se tratar de instituto 
dispensável ou uma previsão constitucional condenável e despropositada. 
Resumidamente, as imunidades dos parlamentares são as seguintes: 
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas 
opiniões, palavras e votos. 
§ 1º - Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento 
perante o Supremo Tribunal Federal. 
§ 2º - Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, 
salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 
vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus 
membros, resolva sobre a prisão. 
§ 3º - Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, 
o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido 
político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a 
decisão final, sustar o andamento da ação. 
§ 4º - O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 
quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. 
§ 5º - A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. 
§ 6º - Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas 
ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou 
 32 
deles receberam informações. 
§ 7º - A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que 
em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. 
§ 8º - As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo 
ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos 
praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da 
medida. 
Observações: 
a) De acordo com decisão do STF (Informativo nº 483), a abertura de inquérito e 
o indiciamento de qualquer autoridade com prerrogativa de foro (no STF) 
depende de autorização judicial da Corte Suprema, sob pena de nulidade; 
 
b) Interpretando a jurisprudência do STF, Gilmar Ferreira Mendes (Curso de 
Direito Constitucional, São Paulo: Saraiva, 2007, p. 854) defende que as 
manifestações de parlamentares proferidas nas dependências do Congresso 
Nacional estão cobertas por imunidade material. Consequentemente, para as 
manifestações proferidas fora das Casas, a exigência da demonstração no nexo 
causal (vínculo com a atividade política) permaneceria sendo exigida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33 
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 
PROCESSO LEGISLATIVO 
(Arts. 59 a 69) 
1. O processo legislativo compreende (CF, art. 59): 
- Emendas à Constituição; 
- Leis Complementares; 
- Leis Ordinárias; 
- Leis Delegadas; 
- Medidas Provisórias; 
- Decretos Legislativos; 
- Resoluções; 
 
1.1. EMENDAS À CONSTITUIÇÃO 
1.1.1. As limitações ao poder de reforma por emendas à Constituição. 
Sabe-se que, ao contrário do Poder Constituinte ORIGINÁRIO, o Poder 
Constituinte DERIVADO (ou instituído, ou constituído, ou reformador, ou de 
segundo grau) é aquele que está inserido na própria Constituição. Permite ao 
legislador realizar certas modificações no texto original da Constituição. Possui 
como características ser derivado, subordinado e condicionado. É, em última 
análise, limitado. 
 
Da análise do vigente texto constitucional, verifica-se a existência de três 
ordens de limitações ao poder de emendar a Constituição: 
 
 
LIMITAÇÕES EXPRESSAS. 
 
a) procedimentais (formais) : dizem respeito ao procedimento (processo 
legislativo) e a quem pode ter a iniciativa de propor emendas. São elas: 
 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos 
Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das 
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela 
maioria relativa de seus membros. 
(...) 
 34 
§ 2.º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada 
se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos 
membros. 
§ 3.º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas 
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o 
respectivo número de ordem. 
(...) 
§ 5.º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou 
havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na 
mesma sessão legislativa. 
 
b) circunstanciais: são situações excepcionais, de caráter transitório, que 
impedem o legislador de modificar o texto constitucional enquanto vigente uma 
das situações descritas: 
 
Art. 60 (...) 
§ 1.º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de 
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. 
 
 
c) materiais: são as tradicionais "cláusulas pétreas" ou “garantias de 
eternidade” protetoras de determinadas matérias da Constituição: 
Art. 60 (...) 
§ 4.º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda 
tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
 
As cláusulas pétreas formam um núcleo essencial imodificável pela 
vontade do legislador derivado. Alexandre de Moraes, utilizando as lições de 
Gilmar Ferreira Mendes, aponta que “ ... tais cláusulas de garantia traduzem, em 
verdade, um esforço do constituinte para assegurar a integridade da 
constituição, obstando a que eventuais reformas provoquem a destruição, o 
enfraquecimento ou impliquem profunda mudança de identidade...” 
 35 
Esse entendimento de que as cláusulas pétreas não podem sequer 
implicar o enfraquecimento ou profunda mudança de identidade é perfilhado, de 
forma muito mais incisiva por Zeno Veloso59, ao reconhecer a possibilidade de o 
Poder Judiciário realizar controle preventivo de constitucionalidade de um projeto 
de emenda tendente a abolir uma das cláusulas pétreas: 
A emenda constitucional não será inconstitucional, 
somente, quando extinguir, suprimir, ab-rogar um dos 
temas supergarantidos, tidoscomo valores essenciais, 
cerne imodificável da Lex Mater. A emenda será 
inconstitucional, bastando que viole, macule, 
desrespeite”,tenda a abolir” o núcleo essencial e 
inalterável da Constituição (...) É inconstitucional a 
mera pretensão de deliberar sobre uma proposta 
de emenda tendente a tal abolição. 
Oportuna, contudo é a observação de Manoel Gonçalves Ferreira Filho60, 
segundo a qual a proteção das cláusulas pétreas não significa proibição de toda e 
qualquer modificação nessas matérias, mas apenas a proibição de emendas 
“tendentes a abolir”, permitindo-se, com a devida cautela e proporcionalidade, e 
sempre sem prejudicar o núcleo essencial, venha a emenda, “ ... reequacioná-
los, modificá-los, alterar suas condições ou efeitos, pois isso não é 
vedado pelo texto constitucional.” 
Ainda no tema, adquire relevo a interpretação do alcance do inciso IV do 
parágrafo 4º do art. 60 da Constituição Federal: os direitos e garantias 
individuais. 
O STF61, especialmente no voto do Ministro Carlos Velloso, referencia 
que os direitos e garantias sociais (CF, art. 7º), os direitos atinentes à 
nacionalidade (CF, art. 12), os direitos políticos (CF, art. 14 e segs.) e o princípio 
da anterioridade da lei tributária (CF, art. 150, III, b), estão, todos, entre os 
direitos individuais consagrados como cláusula pétrea. 
No mesmo sentido, a doutrina62 interpreta os direitos individuais 
abrigados por cláusula pétrea, da seguinte forma: 
Entretanto não é despropositado afirmar ser a expressão direitos 
e garantias individuais equivalente a direitos e garantias 
fundamentais. Ora, esta última designa todo o Título e abrange 
os direitos sociais, que assim não poderiam ser eliminados. 
Certamente, esta última interpretação parece mais 
condizente com o espírito da Constituição em vigor, 
incontestavelmente uma ‘Constituição social’. 
 
 
 
59
 VELOSO, Zeno. Controle Jurisdicional de Constitucionalidade. 2ed. rev, atual. e ampl. Belo Horizonte: Del 
Rey, 2000, p. 159. 
60
 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Do Processo Legislativo. São Paulo: Saraiva, p. 288. 
61
 
STF, ADInMC 939-07/DF. Rel. Min Sydney Sanches. 
62
 FERREIRA FILHO, Ob. Cit. p. 290. 
 36 
LIMITAÇÕES IMPLÍCITAS 
José Afonso da Silva, em célebre obra63, ensina que além daquelas 
limitações ao poder de reforma constitucional, expressamente previstas pelo 
Poder Constituinte originário, constantes no texto do art. 60, outras limitações 
são inerentes: 
(1) ‘as concernentes ao titular do poder constituinte’, pois 
uma reforma constitucional não pode mudar o titular do poder 
que cria o próprio poder reformador; 
(2) ‘as referentes ao titular do poder reformador’, pois seria 
despautério que o legislador ordinário estabelecesse novo titular 
de um poder derivado só da vontade do constituinte originário; 
(3) ‘as relativas ao processo da própria emenda’, 
distinguindo-se quanto à natureza da reforma, para admiti-la 
quando se tratar de tornar mais difícil seu processo, não a 
aceitando quando vise atenuá-lo. 
 
A doutrina alerta, ainda, ser irreformável a norma constitucional que 
prevê as limitações expressas, ou seja, o art. 60 e parágrafos da Carta Política. 
 
1.2. LEIS COMPLEMENTARES. 
São leis de elaboração já prevista no próprio texto constitucional. Servem 
para regulamentar assunto que o constituinte originário entendeu não devessem 
ser regulados pela própria Constituição. 
 
Ao mesmo tempo, entretanto, entendeu que determinadas matérias não 
poderiam ficar sujeitas a um procedimento simplificado, possibilitando constantes 
mudanças. As leis complementares são aprovadas, assim, por maioria 
absoluta, nos termos do art. 69 da Constituição Federal. 
 
 
1.3. LEIS ORDINÁRIAS. 
A elaboração de lei é típico ato legislativo, de natureza complexa, 
traduzindo-se em ato normativo primário com fins de edição de normas gerais e 
abstratas. 
 
 
 
 
63
 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 1996, p. 70.. 
 37 
1.3.1. O processo legislativo das leis ordinárias. 
a) A 1ª fase do processo legislativo é a “FASE INTRODUTÓRIA”, ou seja, a 
“iniciativa” (CF, art. 61, §§ 1ºe 2º; art. 64); 
b) A próxima fase do processo legislativo é chamada de “FASE 
CONSTITUTIVA”. Apresentado, o projeto de lei seguirá, na respectiva Casa 
Legislativa (INICIADORA), para a fase de instrução nas Comissões (Comissão de 
Constituição e Justiça e Comissões Permanentes), onde será analisada, 
inicialmente, sua constitucionalidade, e posteriormente seu mérito; 
c) Aprovado nas Comissões, seguirá o projeto de lei para o Plenário, que 
deliberará sobre o mesmo por maioria simples de votos, desde que presentes a 
maioria absoluta de seus membros (CF, art. 47); 
d) Se aprovado o projeto de lei por uma das Casas, seguirá para a outra, que 
será a CASA REVISORA. Essa revisão será feita em um só turno de discussão e 
votação (CF, art. 65). Na Casa Revisora, será novamente o projeto analisado 
pelas Comissões, discutido e votado. Se aprovado nos mesmos termos da Casa 
Iniciadora, seguirá para o Presidente da República. Se, contudo, for rejeitado, 
será ARQUIVADO; 
e) Ao contrário, se o projeto de lei for aprovado pela Casa Revisora com 
EMENDAS, haverá o retorno à Casa Legislativa inicial, para análise e votação em 
um único turno; 
f) A Casa, na qual tenha sido concluída a votação, enviará o projeto ao 
Presidente da República, que terá 15 dias úteis (do recebimento) para exercer 
seu direito de VETO. Ultrapassado o prazo sem manifestação do Chefe do 
Executivo, ocorrerá a chamada SANÇÃO TÁCITA. Se entender, contudo, que o 
projeto de lei é “contrário ao interesse público” (VETO POLÍTICO) ou 
“inconstitucional” (VETO JURÍDICO) poderá o Presidente vetá-lo TOTAL ou 
PARCIALMENTE, justificando os motivos do veto ao Presidente do Senado 
Federal, no prazo de 48 horas (CF, art. 66, §§ 1º a 6º); 
g) O veto será apreciado pelo Congresso Nacional, em sessão CONJUNTA, dentro 
de 30 dias, a contar de seu recebimento, só podendo o veto ser rejeitado pelo 
voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores (sessão conjunta), em 
escrutínio secreto, manifestando-se, separadamente, cada uma das Casas; 
h) Finalmente, caberá ao Presidente da República a PROMULGAÇÃO e 
PUBLICAÇÃO da lei; 
i) Se a lei não for promulgada pelo Presidente da República, no prazo de 48 
horas, nos casos de SANÇÃO TÁCITA ou de DERRUBADA DO VETO, o Presidente 
do Senado a promulgará e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-
Presidente do Senado fazê-lo (CF, art. 66, § 7º); 
j) Os projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo 
Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores, bem como os de iniciativa popular 
devem ser apresentados, obrigatoriamente, à Câmara dos Deputados (CF, arts. 
61, § 2º e art. 64); 
 38 
l) O Presidente da República possui matérias de iniciativa PRIVATIVA (CF, art. 
61, § 1º); 
m) O Presidente da República poderá solicitar URGÊNCIA para apreciação de 
seus projetos de lei. No caso, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal 
deverão manifestar-se sobre a proposição em prazo de 45 dias (para cada Casa). 
Não obedecido o prazo, será a proposição incluída na ordem do dia, 
sobrestando-se a deliberação quanto aos demais assuntos, para que se ultime a 
votação; 
n) Há possibilidade de as “comissões” da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal discutirem e votarem projetos de lei de forma definitiva, sem 
necessidade de ir ao Plenário (CF, art. 58, § 2º); 
o) Um projeto de lei REJEITADO poderá ser revisto na mesma sessão legislativa, 
desde que por proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas 
do Congresso Nacional (CF, art. 67 = Iniciativa

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