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Aula 5 - Institutos positivistas dos direitos políticos

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INSTITUTOS POSITIVISTAS DOS DIREITOS POLÍTICOS­ 
ELEITORAIS NO BRASIL 
(NACIONALIDADE & CIDADANIA) 
O ponto de partida do nosso estudo nesta aula é a análise dos 
institutos da nacionalidade e da cidadania, considerando seus 
liames e diferenças, bem como os vínculos que tais  institutos 
representam nas relações entre o indivíduo e o Estado. 
A  nacionalidade,  que  é  pressuposto  de  atingimento  da  cidadania, 
apresenta  a  seguinte  natureza  jurídica:  trata­se  de  vínculo  jurídico 
que  une  o  individuo  ao  Estado,  de  acordo  com  os  requisitos 
estabelecidos por cada ordem constitucional. 
Assim,  podemos  verificar  que  a  nacionalidade  é  estabelecida 
através  de  vínculos  jurídicos  constitucionais  específicos  que 
unem o indivíduo ao Estado. 
Tais vínculos podem ser: 
1.  o  vínculo de sangue, ou  seja, de  filiação e descendência, 
chamado  de  “jus  sanguinis”  (direito  de  sangue),  como  por 
exemplo ocorre no modelo italiano; 
2. o  vínculo  territorial,  isto  é,  o  liame  estabelecido  pelo 
nascimento  de  um  indivíduo  em  determinado  território 
estatal, conhecido como “jus soli” (direito de solo), como por 
exemplo é aplicado no constitucionalismo argentino; 
3. o  vínculo  de  domicílio  (“jus  domicilli”)  ou  até  mesmo  o 
vínculo  laboral  (“jus  laboris”),  estes,  por  exemplo, 
utilizados  na  Santa  Sé  (esta  constituída  pelo  Papa  e  pela 
Cúria Romana), na forma do Tratado de Latrão de 1929. 
IMPORTANTE: no Brasil a nacionalidade originária é identificada 
por  um  modelo  misto,  ou  seja,  adota­se  tanto  o  vínculo  “jus 
sanguinis” como o “jus soli”, conforme preconiza as alíneas “a”, “b” e 
“c” do inciso I, do art. 12 da CRFB/88, onde é conferida a qualificação 
de brasileiro nato àquele que apresenta tais vínculos jurídicos com o 
Estado. 
OBSERVAÇÃO  COMPLEMENTAR:  ainda  existe  no  Brasil  a 
chamada  nacionalidade  derivada,  secundária  ou  de  2º  grau, 
que representa a naturalização (ver alíneas “a” e “b”, do inciso II, do 
art. 12 da CRFB/88), ou seja, a aquisição da nacionalidade brasileira
por nacional de outro país. Neste caso, ou somam­se as duas ou mais 
nacionalidades,  acaso  permitido  pelas  ordens  constitucionais 
envolvidas  (condição  de  polipátrida),  ou  apenas  uma  das 
nacionalidades  será  mantida  por  perda  da(s)  outra(s)  conforme 
determinação  constitucional  específica,  fato  este  que  está 
contemplado no constitucionalismo brasileiro nas alíneas “a” e “b”, do 
inciso II, do § 4º, do art. 14 da CRFB/88. 
Nos  casos  de  nacionalidade  derivada,  ou  seja,  obtida  através  de 
naturalização,  torna­se  interessante  ressaltar  que  existe  a 
possibilidade de sua perda e até mesmo de sua posterior reaquisição. 
IMPORTANTE:  No  Brasil,  conforme  prevê  o  §  4º  do  art.  12  da 
CRFB/88,  a  perda  da  nacionalidade  derivada,  ou  seja,  da 
naturalização, representará uma privação de direitos políticos, isto é, 
a perda da condição de cidadão, de acordo com o inciso I do art. 15 
da  CRFB/88,  cujo  estudo  faremos  adiante.  As  reaquisições  da 
naturalização  e  dos  direitos  políticos  poderão  ser  conferidas  por 
decreto  presidencial  ou  por  ação  rescisória,  à  luz  dos  preceitos 
estabelecidos  na  Lei  818/49  (apontada  na  aula  nº  01  de  nosso 
curso). 
Outrossim,  se  torna  interessante  ainda  ressaltar  que,  nos  casos  de 
perda da nacionalidade, se o  indivíduo não for polipátrida poderá se 
tornar um apátrida, ou seja, um “sem pátria”. 
CONCLUSÃO: A nacionalidade é um pilar da cidadania e, assim, 
da  titularidade  de  direitos  político­eleitorais  como,  por  exemplo,  do 
direito de sufrágio. 
Sobre  cidadania,  podemos  verificar  que,  etimologicamente,  este 
instituto  positivista  eleitoral  vem  do  latim  “civitas”  ou  “status 
civitatis”  (expressão  aplicada  em  Roma  e  na  Grécia  antiga),  cuja 
visão  conceitual,  própria  do  contexto  político,  em  linhas  gerais, 
configurou as seguintes transformações históricas no mundo: 
1ª)  Antigüidade  Clássica  ­  cidadão  era  aquele  que  morava  na 
cidade  e  participava  de  seus  negócios  (minoria),  e  que  com  tal 
condição  econômica,  apresentava  discreta  participação  política,  pois 
na  verdade  funcionava  mais  como  aquele  que  deveria  cumprir  as 
determinações estatais do que por seu poder de exigir algo do próprio 
Estado;
2ª)  Idade  Média  ­  a  Igreja  assumiu  como  instituições  legítimas  a 
propriedade  privada,  o  matrimônio,  o  direito,  o  governo  e  a 
escravidão,  portanto,  determinava  quem  de  fato  teria  ou  não 
cidadania, ou seja, titularidade de direitos; 
3ª) O século das luzes e o nascimento do liberalismo ­ a partir 
da  Reforma  Protestante,  passou­se  a  dar  ênfase  à  realidade  social 
como  objeto  de  reflexão  e  questionamento,  originando­se  então na 
França  a  corrente  filosófica  do  Iluminismo,  esta  de  valorização  de 
reais  condições  de  titularidade  de  direitos  “lato  sensu”,  quanto  de 
participação política (cidadania); 
4ª)  Século  XX  (Estado  Social)  ­  o  individualismo  exacerbado  do 
chamado  “liberalismo  puro”  fez  com  que  se  gerassem  alarmantes 
desigualdades  sociais.  O  Estado  Social  (“Welfare  State”  ou  Estado 
Providência),  com  a  constitucionalização  da  ordem  econômica, 
mostrou­se como a solução, ampliando, assim, a visão e o exercício 
da  cidadania,  basicamente  como  a  condição  daquele  nacional  que 
além de titular de direitos individuais e políticos, poderia então exigir 
do Estado o cumprimento de deveres e metas de caráter social, em 
prol do bem comum; 
5ª) Século XX (Estado Democrático de Direito)  ­ a condição de 
cidadania,  afora  o  seu  originário  aspecto  político,  apresenta  amplo 
alcance e está fundamentalmente ligada à titularidade, ao exercício e 
à  máxima  efetividade  de  direitos,  principalmente  no  período  pós  II 
Guerra Mundial, quando o homem passou a ser o centro das atenções 
e  quando  houve  um  avanço  significativo  dos  regimes  políticos 
democráticos  no  mundo,  além  de  uma  real  expansão  dos  direitos 
fundamentais e de seus instrumentos de  tutela. Consequentemente, 
ocorre uma busca pelo  atingimento da garantia dos  interesses e da 
satisfação  dos  jurisdicionados  e  administrados,  ou  seja,  do 
fortalecimento do que hoje se entende por ampla cidadania. 
IMPORTANTE: CIDADANIA sob a ótica política, é a condição político­ 
jurídica constitucional que permite ao seu detentor a titularidade e o 
exercício  de  direitos  político­eleitorais,  identificando,  portanto,  um 
“NACIONAL NO PLENO GOZO DE SEUS DIREITOS POLÍTICOS”. 
PILARES  DA  CIDADANIA:  nacionalidade  e  possibilidade  de 
participação política. 
CONCEITO DE CIDADANIA E SUA PREVISÃO NORMATIVA: 
1. considerando o enfoque político de cidadania, podemos encontrar 
no art. 1º, § 3º da Lei nº 4717/65, a chamada Lei da Ação Popular, a 
sua visão conceitual, representada basicamente pela possibilidade de
votar e ser votado. De acordo esta previsão legal, a prova existencial 
da cidadania se dá com o título eleitoral; 
2.  em  nossa  CRFB/88,  o  seu  art.  5º,  inciso  LXXIII,  trata  da  ação 
popular como instrumento de garantia de direitos fundamentais, cuja 
legitimidade é do CIDADÃO; 
3.  conforme  nosso  estudo  em  aula  anterior,  os  princípios 
constitucionais  fundamentais  de  caráter  político  existentes  no 
constitucionalismo pátrio (art. 1º, “caput” da CRFB/88), se mostram 
como  vetores  gerais  e  norteadores  de  todo  o  estudo  do  Direito 
Eleitoral  e,  consequentemente,  como  cânones  identificadores  e 
protetivos  da  CIDADANIA.  São  eles:  princípio  republicano; 
princípio democrático e princípio federativo; 
4.  art.  12,  §1º  CRFB/88  prevê  que  o  português  pode  se  escrever 
como eleitor. 
CONCLUINDO:  CIDADANIA  é  o  vínculo  político  que  une  um 
indivíduo  (NACIONAL)  ao  Estado,  em  que  sempreum  cidadão  será 
um nacional e o contrário nem sempre será possível. 
DO EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍTICOS COMO 
MANIFESTAÇÃO DE CIDADANIA 
Os Direitos Políticos,  figurando como manifestações da cidadania em 
um regime político democrático, poderão ser exercidos ativamente e 
passivamente através das seguintes manifestações: 
DIREITO  POLÍTICO  ATIVO:  direito  de  escolha  do  mandatário  do 
povo através do exercício do voto (votar); 
DIREITO POLÍTICO PASSIVO: direito de ser escolhido 
representante do povo (ser votado).

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