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Aula 15 - AIME - recursos eleitorais e crimes eleitorais

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AIME, recursos eleitorais e crimes eleitorais 
 
I. Aspectos sobre Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) 
 
Buscando identificar o caráter existencial e prático da Ação de Impugnação de Mandato 
Eletivo (AIME), Djalma Pinto argumenta que: 
 
Trata-se de instrumento processual, de índole constitucional, colocado à 
disposição de candidato, partido político e Ministério Público para provocara 
atuação da Justiça Eleitoral, visando subtração do mandato de quem se 
utilizou, para obtê-lo, de fraude, corrupção, abuso do poder econômico ou 
político.1 
 
Complementando o referido professor, podemos afirmar que o caráter axiológico da AIME 
é garantir a lisura e a normalidade do processo eleitoral. Antes da CRFB/88, 
somente se atacava o mandato eletivo com o recurso contra a diplomação (art. 262 e 
incisos do CE). Para se chegar a este mesmo objetivo, hoje figura a AIME, entre outras 
formas de argüição de inelegibilidade. 
 
� Origens 
O Código Eleitoral expõe, nos seus artigos 222, 237 e 299, os preceitos relativos à 
interferência do poder econômico nas eleições, cuja irregularidade vicia a votação. Nesse 
sentido, como fala Djalma Pinto: 
 
Esses dispositivos tornaram-se ineficazes em face da jurisprudência, 
consolidada no Tribunal Superior Eleitoral, durante vários anos, segundo a 
qual, com a diplomação, encerrava-se a competência da Justiça Eleitoral para 
desconstituir o mandato obtido nas urnas.2 
 
 
 
1 PINTO, Djalma. Direito Eleitoral. Anotações e temas polêmicos. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2000. 
2
 PINTO, Djalma. Direito Eleitoral. Anotações e temas polêmicos. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2000. 
 
Lembrete Importante: somente se atacava o mandato com o recurso contra 
a diplomação. Devido ao grande lapso temporal para finalização do recurso contra a 
diplomação, muitos mandatos terminavam e a Justiça Eleitoral não solucionava o 
conflito. 
 
Originariamente, a impugnação de mandato eletivo por ação própria foi introduzida, 
como norma infraconstitucional, pela Lei 7.493/86 no pleito municipal daquele ano e, 
posteriormente, reapresentada pela Lei 7.664/88 para suprir as deficiências do recurso 
contra a diplomação. Já a formatação atual da AIME surgiu através de esforços do 
legislador constituinte em 1988, que instituiu as previsões dos parágrafos 10 e 11 do art. 
14 da CRFB/88. A atual AIME apresenta, dentre outras qualificações, eficácia plena e 
não está disciplinada pelo legislador infraconstitucional de forma específica. 
 
� Finalidade 
Coibir o abuso de poder econômico, a corrupção e a fraude nas campanhas eleitorais, 
garantindo a lisura, a normalidade e a legitimidade das eleições. Discute-se com a AIME 
a legitimidade ou não do mandato e se ocorreu ou não com bases ilícitas. 
 
� Fundamentos procedimentais 
 
A AIME tem fundamentação direta no art. 14, § 10 e § 11 da CRFB/88, figurando como 
verdadeira ação autônoma de natureza pública, status civitatis, por outorgar “direito 
público subjetivo” que permite ao cidadão controlar a moralidade e legalidade da 
investidura em cargos públicos. 
 
IMPORTANTE AINDA SABER QUE: em seu procedimento, a AIME deve 
respeitar os incisos LIII, LIV e LV do art. 5º da CRFB/88 (juiz natural, devido processo 
legal, contraditório e ampla defesa). Com relação ao devido processo legal e à falta de 
procedimento aplicável à AIME, em princípio, usa-se o CPC subsidiariamente. 
 
A grande mazela da utilização do CPC para trançar os procedimentos da AIME é a 
distância de tal procedimento com a celeridade da Justiça Eleitoral. Isso pode tornar a 
AIME “letra morta”, dada a morosidade do CPC e, não raro, o mandato expirar-se antes 
da sentença com trânsito em julgado. 
 
Nesse sentido, devido à lacuna de regulamentação da AIME a nível infraconstitucional, e 
a citada mazela temporal com a utilização do CPC, o procedimento recomendável está 
contido nos artigos 3º e seguintes da LC 64/90, conforme apontam as Resoluções do TSE 
nº 21.634/04 e nº 21.635/04 (art. 90, parágrafos 1º e 2º). 
 
OBSERVAÇÃO: aplica-se na AIME o rito ordinário da LC 64/90, isto 
é, o mesmo rito utilizado na Ação de Impugnação de Registro de 
Candidatura (AIRC). 
 
� Natureza jurídica da AIME 
Trata-se de ação civil constitucional de conhecimento com caráter constitutivo 
negativo, pois se desfaz uma relação jurídica com efeitos futuros, e, assim, declara-se a 
nulidade da votação e da diplomação. 
 
Importante saber que: existem outros posicionamentos minoritários na doutrina que 
consideram a AIME como espécie de: 
a) Ação Civil Pública – (Posicionamento pregado por Fávila Ribeiro e Torquato Jardim) 
pois o bem jurídico tutelado é de natureza coletiva e de ordem pública. 
b) Ação Popular Eleitoral - (Posicionamento pregado por Antônio Carlos Mendes) que 
na verdade não deixa de ser equivalente a uma ação civil pública. 
c) Ação Rescisória - posicionamento mais extremado, já que a AIME atacaria a 
diplomação. 
 
 
� Requisitos para ajuizamento da AIME 
1º) Diplomação - art. 215 CE. 
2º) Prazo decadencial - 15 dias após a diplomação (dies ad quem). 
3º) Provas - contidas na inicial ou durante o curso processual, cabendo dilação 
probatória. 
4º) Nexo de causalidade entre os atos praticados e o comprometimento da lisura e 
normalidade das eleições. 
5º) Segredo de justiça. 
 
 IMPORTANTE SABER QUE: a investigação judicial (art. 19 e 22 da LC 
64/90), e a representação judicial-eleitoral (art. 96 da Lei 9.504/97 e art. 41-
A e 73 do mesmo Diploma Legal) são ações subsidiárias para o ajuizamento da 
AIME 
� Foro - Competência para processar e julgar a AIME 
a) Justiça Eleitoral, conforme os parágrafos 10 e 11 do art. 14 da CRFB/88. 
b) O órgão jurisdicional eleitoral com atribuições para diplomar é competente para 
conhecer e decidir a ação proposta contra o candidato que diplomar (exceção da Junta 
Eleitoral in casu). 
c) Conforme o art. 118, incisos I, II e III da CRFB/88; o art. 22, I, “a” e “g” c/c art. 30, 
VII do CE, bem como por analogia os incisos I, II, e III do art. 2º da LC nº 64/90, as 
competências para processar e julgar a AIME são as seguintes: 
i. Eleições presidenciais – TSE. 
ii. Eleições estaduais, inclusive para o Congresso Nacional – TRE. 
iii. Eleições municipais – Juiz Eleitoral. 
 
� Condições da ação 
1. Possibilidade jurídica do pedido: 
• Abuso de poder econômico; 
• Corrupção; 
• Fraude; 
• Desvio de poder com a utilização indevida da máquina administrativa. 
 
 
 
 
 
2. Interesse de agir: 
Decorre da condição de cidadania e da tutela do direito ao “governo honesto”, cujo 
provimento da AIME deve ser apto a corrigir a irregularidade apontada pelo autor. 
 
Considerando a teoria do abuso de direito contemplada no Código Civil pátrio, o interesse 
de agir encontra amparo na busca pela garantia da soberania popular, do regime 
democrático e de seus corolários (liberdade, legalidade, isonomia dentre outros), cujos 
cânones foram desrespeitados na forma do art. 14, parágrafos 10 e 11 da CRFB/88 
devido ao ferimento da lisura e normalidade de um pleito eleitoral. Daí identifica-se o 
interesse de agir. 
 
IMPORTANTE DESTACAR QUE: todos os pressupostos devem macular a 
normalidade e a legitimidade das eleições, cujos indícios de irregularidades 
possibilitam o ajuizamento de AIME. 
3. Legitimidade ad causam: 
• Sujeito ativo: o legislador constituinte não elencou o cidadão como possível autor da 
AIME, cuja legitimidade ficou ao encargo do legislador infraconstitucional. O STF 
entende que a legitimidade ativa deve ser definida conforme os parágrafos 1º e 2º, do 
art. 3º da LC 64/90, de maneira similar às impugnações de registro de candidatura, a 
saber: candidato, partido político, coligações e o Ministério Público Eleitoral. 
• Sujeito passivo: o candidato eleito que se beneficiou do abuso do poder econômico, 
do desvio do poder, da fraude ouda corrupção. Por serem as candidaturas “partidárias” 
no Brasil, é fundamental que os candidatos, partidos e coligações sejam colocados 
como réus na AIME, sob pena de nulidade da relação processual (responsabilização 
solidária). 
 
 
 
 
 
 
 
� Do abuso do poder econômico, desvio de poder e fraude eleitoral 
A idéia de “abuso” demonstra o excesso aos limites da ordem jurídica. 
O Abuso de direito ocorre quando alguém exercita um direito em contradição a um fim 
econômico ou ético-jurídico (boa-fé, bons costumes, função social), retratando o uso do 
poder além de seus limites, de maneira arbitrária, ilícita, com desvios. 
Assim, ao interpretarmos os pressupostos contidos nos parágrafos 10 e 11 do art. 14 
CRFB/88 por abuso de poder econômico, corrupção ou fraude, estes dois últimos 
caracterizando desvio de poder, estamos diante de comportamentos ilícitos de partidos, 
coligações, candidatos, autoridades ou até de eleitores que interferem nas eleições e que 
geram anormalidades no pleito. 
 
IMPORTANTE SABER QUE: mesmo sem a existência de critérios exatos para fixar 
o conteúdo de abuso de poder econômico e desvio de poder, já que cada caso concreto 
deve ser analisado especificamente, podemos mencionar alguns exemplos apontados por 
nossa legislação eleitoral, como se verifica nos art. 240; 243, V e VII; e 377 da Lei 
4.737/65, bem como nos art. 40, 41-A e 73 da Lei 9.504/97. 
IMPORTANTE SABER QUE: 
Nas eleições proporcionais não há necessidade da citação de todos os candidatos 
registrados na legenda. Já nas eleições majoritárias há necessidade da citação 
dos vices e dos suplentes (litisconsórcio passivo necessário), pois havendo 
procedência da ação ficam anulados a votação e o diploma de todos os 
envolvidos, devendo ser proclamado eleito e diplomado o 2º colocado, seu vice e 
suplentes. 
Não só as violações contidas nas leis eleitorais ou nas Resoluções do TSE caracterizam 
abuso de poder econômico e desvios de poder, pois a utilização de dinheiro, bens ou 
serviços em campanhas eleitorais além dos limites permitidos, bem como a utilização do 
poder para atingir fim distinto do conferido pela ordem jurídica geram os referidos 
abusos (de direito) e a conseqüente nulidade dos atos eleitorais (votação e diplomação). 
 
Já a fraude eleitoral permite ao sujeito alcançar o fim pretendido de forma ilegal com a 
intenção de evitar a sanção. Portanto, fraude eleitoral é o comportamento que visa iludir 
ou subtrair a incidência de preceito eleitoral visando resultado distinto do permitido por 
lei. 
 
� Nexo de causalidade entre abuso de poder econômico, corrupção ou fraude e a 
nulidade da votação e da diplomação 
 
Praticamente em toda ação judicial as provas devem ser produzidas e apresentadas na 
sua instituição. Na AIME não é diferente. 
Todavia, provas criadas em procedimentos distintos podem ser utilizadas 
subsidiariamente na AIME. Tal possibilidade está contida: 
• no art. 22, XV da LC 64/90 (ação de investigação judicial). 
• nos art. 41-A e 73 da Lei 9.504/97 (que tratam, respectivamente, das representações 
por captação ilícita de sufrágio e da prática de conduta vedada por agente público em 
campanha eleitoral). 
 
NOTA IMPORTANTE: para o ajuizamento da AIME o que se exige é a prova do fato 
ilícito e a eleição do candidato beneficiário do abuso do poder econômico, do desvio do 
poder ou da fraude eleitoral. Basta a presença de um desses requisitos para implicar 
nulidade da votação e diplomação e caracterizar a possibilidade jurídica do pedido da 
AIME. 
 
� Algumas observações procedimentais complementares e os efeitos da AIME: 
a) Não cabe antecipação de tutela na AIME, com base no § 2º do art. 273 do CPC. 
b) Não cabe desistência da AIME (princípio da indisponibilidade), conforme o 
entendimento de alguns Tribunais Regionais Eleitorais (por exemplo, TRE do Paraná). 
Todavia, o STF entende que cabe ao Ministério Público Eleitoral assumir o pólo ativo da 
AIME e que também pode haver desistência devidamente fundamentada (princípio da 
independência funcional). 
c) Cabimento de recursos, ver art. 8º e 14 da LC 64/90, com prazo de 3 (três) dias, bem 
como o contido nos art. 258, 275, 276, 279 e 282 do CE. 
d) Ação rescisória: não há cabimento na AIME. 
e) Efeitos da AIME: perda do mandato e inelegibilidade por três anos na forma do art. 
1º, I, “d” da LC 64/90, bem como declaração da nulidade da votação, do mandato e da 
diplomação (ver art. 224 do CE). 
 
II. Dos recursos eleitorais 
 
As previsões normativas sobre os recursos eleitorais estão contidas nos art. 257 
a 282 da Lei 4.737/65 (Código Eleitoral). 
 
NOTA IMPORTANTE: os principais aspectos atinentes aos recursos eleitorais são os 
seguintes: Regras gerais; Recursos perante as Juntas Eleitorais e os Juízes Eleitorais; 
Recursos Eleitorais perante os Tribunais Regionais Eleitorais; e Recursos Eleitorais 
perante o Tribunal Superior Eleitoral. 
 
1. Regras gerais: 
a) Os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo (art. 257 do CE/65). 
b) A execução de qualquer acórdão será feita imediatamente, através de comunicação 
por ofício, telegrama ou, em casos especiais, a critério do Presidente do Tribunal através 
de cópia do acórdão. 
c) Conforme o princípio da celeridade no Direito Eleitoral, sempre que a lei não fixar 
prazo especial, o recurso deverá ser interposto em três dias da publicação do ato, 
resolução ou despacho. 
d) São preclusivos os prazos para interposição de recurso, salvo quando neste se discutir 
matéria constitucional (art. 259 do CE/65). 
e) A distribuição do primeiro recurso que chegar ao Tribunal Regional ou Tribunal 
Superior prevenirá a competência do Relator para todos os demais casos do mesmo 
Município ou Estado (art. 260 do CE/65). 
 
2. Recursos perante as Juntas Eleitorais e os Juízes Eleitorais: 
a) Dos atos, resoluções ou despachos dos Juízos ou Juntas Eleitorais caberá recurso para 
o Tribunal Regional (art. 265 do CE/65). 
b) O recurso independerá de termo e será interposto por petição, devidamente 
fundamentada, dirigida ao Juiz Eleitoral e acompanhada, se entender o recorrente, de 
novos documentos (art. 266 do CE/65). 
c) Recebida a petição, mandará o Juiz Eleitoral intimar o recorrido para ciência do 
recurso, e abrir-se-lhe-á vista dos autos, a fim de, em prazo igual ao estabelecido para a 
sua interposição, oferecer razões acompanhadas ou não de novos documentos (art. 267 
do CE/65). 
d) Nos casos de recurso contra diplomação sobre os atos dos Juízos ou Juntas Eleitorais 
caberá recurso para o TRE (art. 265 do CE/65). 
 
3. Recursos Eleitorais perante os Tribunais Regionais Eleitorais: 
a) Os recursos serão distribuídos a um Relator em vinte e quatro horas e na ordem 
rigorosa da antigüidade dos respectivos membros, esta última exigência sob pena de 
nulidade de qualquer ato ou decisão do Relator ou do Tribunal, quando logo após a 
Secretaria do Tribunal abrirá vista dos autos à Procuradoria Regional que deverá emitir 
parecer no prazo de cinco dias (art. 269 do CE/65). 
b) Se o recurso versar sobre coação, fraude, uso de meios de que trata o art. 237, ou 
emprego de processo de propaganda ou captação de sufrágios vedados por lei 
dependente de prova indicada pelas partes ao interpô-lo ou ao impugná-lo, o Relator no 
Tribunal Regional deferi-la-á em vinte e quatro horas da conclusão, realizando-se ela no 
prazo improrrogável de cinco dias (art. 270 do CE/65). 
c) Na sessão do julgamento, uma vez feito o relatório pelo Relator, cada uma das partes 
poderá, no prazo improrrogável de dez minutos, sustentar oralmente as suas conclusões, 
salvo se tratar de julgamento de recursos contra a expedição de diploma, quando cada 
parte terá até vinte minutos para sustentação oral (art. 272 do CE/65). 
d) São admissíveis embargos de declaração quando há no acórdão obscuridade, dúvida 
ou contradição e quando for omitido ponto sobre que devia pronunciar-se o Tribunal,opostos em três dias da data da publicação do acórdão em petição dirigida ao Relator, o 
qual porá os embargos em Mesa para julgamento na primeira sessão seguinte, assim 
proferindo o seu voto. 
e) Os embargos de declaração suspendem o prazo para a interposição de outros 
recursos, salvo se manifestamente protelatórios e assim declarados na decisão que os 
rejeitar. 
 
 
 
 
 
4. Recursos Eleitorais perante o Tribunal Superior Eleitoral: 
a) Caso de recurso especial ao TSE: as decisões dos Tribunais Regionais são 
terminativas, salvo nos casos previstos na Lei 4.737/65 e de acordo com a nossa 
CRFB/88, em que cabe recurso especial para o TSE, quando forem proferidas contra 
expressa disposição de lei e quando ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois 
ou mais Tribunais Eleitorais. 
b) Caso de recurso ordinário ao TSE: as decisões dos Tribunais Regionais são 
terminativas, salvo nos casos previstos na Lei 4.737/65 e de acordo com a nossa 
CRFB/88, em que cabe recurso ordinário para o TSE quando versarem sobre expedição 
de diplomas nas eleições federais e estaduais; quando denegarem habeas corpus, 
mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção e quando anularem 
diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais. 
c) Caberá agravo de instrumento no TSE no prazo de três dias se denegado recurso 
especial, o qual será interposto por petição, que conterá a exposição do fato e do direito; 
as razões do pedido de reforma da decisão, bem como a indicação das peças do processo 
que devem ser trasladadas. 
d) O Presidente do Tribunal não poderá negar seguimento ao agravo, ainda que 
interposto fora do prazo legal, que neste caso de intempestividade poderá gerar ao 
recorrente o estabelecimento de multa no valor do salário mínimo vigente. 
 
 
 
 
 
III. Da sistematização dos crimes eleitorais 
 
1. Natureza jurídica 
Existem dois posicionamentos que buscam identificar a natureza jurídica dos 
crimes eleitorais, a saber: 
 
a) os crimes eleitorais são crimes comuns (corrente majoritária, pregada por José 
Joel Cândido), já que não teriam a qualificação de crimes políticos por serem estes 
apenas identificados pelos crimes de responsabilidade na forma da Lei 1.079/50. Os 
crimes eleitorais são crimes comuns porque não atingem a organização política do Estado 
Importante! 
Conforme entendimento do STF, não cabe recurso extraordinário contra acórdão 
de TRE, mesmo que exista discussão sobre matéria constitucional, cabendo in 
casu recurso para o TSE. (STF, Ag n° 164.491 de 18.12.95) 
de forma direta, mas apenas o processo político democrático em detrimento dos direitos 
públicos subjetivos de caráter político. 
b) os crimes eleitorais são crimes objetivamente políticos (corrente minoritária, 
pregada por Fávila Ribeiro), pois estão ligados à matéria político-eleitoral e atingem a 
personalidade do Estado em ofensa ao interesse público. 
 
2. Da previsão normativa dos tipos penais eleitorais 
Basilarmente, os crimes eleitorais estão previstos na Lei 4.737/65 (art. 289 a 354), além 
dos tipos estabelecidos nas leis específicas como a Lei 6.091/74 que prevê o transporte 
criminoso de eleitores no dia das eleições, como a própria Lei das Eleições (Lei 9.504/97) 
que em seu art. 40, por exemplo, apresenta o seguinte conteúdo: 
 
o uso, na propaganda eleitoral, de símbolos, frases ou imagens, associadas ou 
semelhantes às empregadas por órgão de governo, empresa pública ou 
sociedade de economia mista constitui crime, punível com detenção, de seis 
meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade 
pelo mesmo período, e multa no valor de dez mil a vinte mil UFIRs. 
 
 
IMPORTANTE SABER QUE: houve a criação de novos tipos penais pela recente 
mini-reforma política instituída no país (Lei 11.300/06), a qual previu alguns tipos 
penais, dentre os quais destacamos: 
 
a) uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata 
em dia de eleição. 
b) a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca-de-urna em dia de eleição. 
c) a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus 
candidatos, mediante publicações, cartazes, camisas, bonés, broches ou dísticos em 
vestuário. 
3. Da classificação sistemática dos crimes eleitorais 
A classificação dos crimes eleitorais, que pode ser apresentada com as seguintes 
previsões normativas: 
a) crimes contra a organização da Justiça Eleitoral: art. 305, 306, 310, 311, 318 e 
340 da Lei 4.737/65. 
b) crimes contra os serviços da Justiça Eleitoral: art. 289 a 293, 303, 304, 341 a 
347; parágrafos 9º e 11 do art. 45, art. 47, § 4º, art. 68, § 2º, art. 71, § 3º, art. 114, 
parágrafo único e art. 120, § 5º todos da Lei 4.737/65, bem como o art. 11 da Lei 
6.091/74. 
c) crimes contra a fé pública eleitoral: art. 174, § 3º, 313 a 316, 348 a 354 da Lei 
4.737/65, bem como o art. 15 da Lei 6.996/82. 
d) crimes contra a propaganda eleitoral: art. 323 a 327, 330 a 332, 334 a 337 da Lei 
4.737/65, bem como o art. 40 da Lei 9.504/97. 
e) crimes contra o sigilo e o exercício do voto: art. 295, 297 a 302, 307 a 309, 312, 
317, 339, art. 129, parágrafo único, art. 135, § 5º, todos da Lei 4.737/65, bem como o 
art. 5º da Lei 7.021/82. 
f) crimes contra os partidos políticos: art. 319 a 321 e 338 da Lei 4.737/65, bem 
como o art. 25 da LC 64/90. 
4. Dos principais aspectos processuais gerais atinentes aos crimes eleitorais: 
a) os crimes eleitorais são processados e julgados pela Justiça Eleitoral a partir de 
denúncia do Ministério Público Eleitoral, enviada ao Juiz Eleitoral. 
b) os crimes eleitorais são processados e julgados por ação penal pública, se aplicando 
subsidiariamente os princípios e técnicas do Código Penal. 
c) cabe recurso das decisões de absolvição ou condenação do Juiz Eleitoral ao TRE no 
prazo de dez dias. 
d) a execução das penas é feita pelos juízos de execuções penais dos Estados. 
e) não há previsão de pena restritiva de direitos na legislação eleitoral, no entanto pode 
ser aplicada a transação penal. 
Muito Importante! 
SÚMULA Nº 03 
No processo de registro de candidatos, não tendo o juiz aberto prazo para o 
suprimento de defeito da instrução do pedido, pode o documento, cuja falta houver 
motivado o indeferimento, ser juntado com o recurso ordinário. 
Referências: 
- Resolução - TSE nº 17.845/92; 
- Acórdão nº 12.609, de 19/09/92; 
- Acórdão nº 12.493, de 10/09/92; 
Ministro PAULO BROSSARD, Presidente e Relator - Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE - 
Ministro CARLOS VELLOSO - Ministro AMÉRICO LUZ - Ministro JOSÉ CÂNDIDO - Ministro 
TORQUATO JARDIM - Ministro EDUARDO ALCKMIN - Dr. GERALDO BRINDEIRO, Vice-
Procurador-Geral Eleitoral. DJ de 28, 29 e 30/10/92 
 
 
SÚMULA Nº 09 
A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada 
em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de 
reabilitação ou de prova de reparação dos danos. 
Referências: 
- CF, art. 15, III; 
- Recurso n° 9.900/92 (Acórdão n° 12.731); 
- Recurso n° 9.760/92 (Acórdão n° 12.877); 
- Recurso n° 10.797, de 1°/10/92. 
Ministro PAULO BROSSARD, Presidente e Relator - Ministro SEPÚLVEDA 
PERTENCE - Ministro CARLOS VELLOSO - Ministro AMÉRICO LUZ - Ministro JOSÉ 
CÂNDIDO - Ministro HUGO GUEIROS - Ministro TORQUATO JARDIM - Dr. GERALDO 
BRINDEIRO, Vice-Procurador-Geral Eleitoral. 
DJ de 28, 29 e 30/10/92 
 
SÚMULA Nº 13 
Não é auto-aplicável o § 9°, art. 14, da Constituição, com a redação da Emenda 
Constitucional de Revisão n° 4/94. 
Precedentes: 
- Rec. 12.082, rel. Min. ANDRADA, 04/08/94; 
- Rec. 12.107, rel. Min. SCARTEZZINI, 06/08/94; 
- Rec. 12.081, rel. Min. SCARTEZZINI, 06/08/94. 
DJ de 09/08/94 
SÚMULA Nº 15 
O exercício de cargo efetivo não é circunstância suficiente para, em recurso 
especial, determinar-se a reforma de decisãomediante a qual o candidato foi 
considerado analfabeto. 
Referências: 
- Acórdão n° 13.069, de 16/09/96; 
- Acórdão n° 13.048, de 18/09/96; 
- Acórdão n° 13.216, de 23/09/96; 
- Acórdão n° 13.206, de 24/09/96; 
 
Ministro MARCO AURÉLIO, Presidente - Ministro EDUARDO ALCKMIN, Relator - 
Ministro ILMAR GALVÃO – Ministro FRANCISCO REZEK. 
DJ de 28, 29 E 30/10/96. 
SÚMULA Nº 19 
O prazo de inelegibilidade de três anos, por abuso de poder econômico ou 
político, é contado a partir da data da eleição em que se verificou. (Art. 22, XIV, da LC 
64, de 18.05.90) 
Referências: 
- Acórdão nº 392, de 15.06.99 
- Acórdão nº 1.123C, de 31.08.98 
- Acórdão nº 12.686, de 23.09.97 
- Acórdão nº 12.882, de 02.09.96 
- Acórdão nº 13.522, de 30.09.96 
Ministro NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - Ministro COSTA PORTO, Relator - 
Ministro MAURÍCIO CORRÊA - Ministro NELSON JOBIM - Ministro WALDEMAR ZVEITER - 
Ministro GARCIA VIEIRA - Ministro FERNANDO NEVES e o Dr. GERALDO BRINDEIRO, 
Procurador-Geral Eleitoral. 
DJ de 21/08/00.

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