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RESUMO-DESTACADO-MAGIS-FEDERAL-CONTROLE-DE-CONSTITUCIONALIDADE[1]

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
2a EDIÇÃO/2022
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 4
2. CONTROLE DE LEGALIDADE E CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 4
3. CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE 5
4. SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO 5
4.1. QUAIS OS CRITÉRIOS EXISTENTES NO MUNDO? 6
5. SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO BRASILEIRO 7
5.1. CONTROLE POLÍTICO 7
5.2. CONTROLE JUDICIAL 8
6. ELEMENTOS ESSENCIAIS AO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 9
6.1. ELEMENTO CONCEITUAL (“BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE”) 9
6.2. ELEMENTO TEMPORAL 10
7. CLASSIFICAÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 10
7.1 QUANTO AO MOMENTO EM QUE DEVERÁ OCORRER O CONTROLE 10
7.1.1. CONTROLE PREVENTIVO (OU A PRIORI) 10
7.1.2. CONTROLE REPRESSIVO 12
7.2. QUANTO AO ÓRGÃO 12
7.2.1. CONTROLE POLÍTICO 12
7.2.2. CONTROLE JURISDICIONAL 12
7.2.3. CONTROLE MISTO 13
7.3. QUANTO AO MODO 13
7.3.1. CONTROLE DIFUSO-CONCRETO 13
7.3.2. CONTROLE CONCENTRADO-ABSTRATO 13
8. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE 14
8.1 QUANTO À EXTENSÃO 14
8.1.1. TOTAL 14
8.1.2. PARCIAL 14
8.2. QUANTO AO MOMENTO 14
8.2.1. ORIGINÁRIA 14
8.2.2. SUPERVENIENTE 14
8.3. QUANTO AO PRISMA DE APURAÇÃO 16
8.3.1. DIRETA (OU ANTECEDENTE) 16
8.3.2. INDIRETA (REFLEXA, POR VIA OBLÍQUA OU POR ATO INTERPOSTO) 16
8.4. QUANTO AO TIPO DE CONDUTA DO PODER PÚBLICO 16
8.4.1. AÇÃO 16
8.4.2. OMISSÃO 17
8.4.2.1 ESPÉCIES 17
8.5. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL (NOMODINÂMICA OU EXTRÍNSECA) 18
8.5.1 SUBESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL 18
8.6. INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL (NOMOESTÁTICA, DE CONTEÚDO MATERIAL, SUBSTANCIAL,
DOUTRINÁRIA OU INTRÍNSECA) 18
8.7. INCONSTITUCIONALIDADE EM RAZÃO DA OFENSA AO DECORO PARLAMENTAR (OU FINALÍSTICA) 19
8.8. INCONSTITUCIONALIDADE “CHAPADA”, “ENLOUQUECIDA”, “DESVAIRADA” (ADI 3.232) 20
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 1
9. FORMAS DE CONTROLE REPRESSIVO JURISDICIONAL 21
9.1. CONTROLE DIFUSO (OU ABERTO, MODELO AMERICANO, INCIDENTAL, INDIRETO, PELA VIA DA DEFESA
OU EXCEÇÃO, INCIDENTER TANTUM) 21
9.2. CONTROLE CONCENTRADO (OU FECHADO, MODELO AUSTRÍACO ou EUROPEU-CONTINENTAL, DIRETO,
PELA VIA DA AÇÃO) 21
10. FORMAS DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE 21
10.1. QUANTO AO ASPECTO SUBJETIVO 21
10.2. QUANTO AO ASPECTO OBJETIVO 22
10.3 QUANTO AO ASPECTO TEMPORAL 24
10.3.1 MODULAÇÃO DOS EFEITOS 24
10.4. QUANTO À EXTENSÃO DOS EFEITOS 25
10.4.1 DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE SEM REDUÇÃO DE TEXTO X PRINCÍPIO DA
INTERPRETAÇÃO CONFORME 25
10.4.2. LIMITES À APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME 26
10.5 PONTOS IMPORTANTES 26
11. LEI “AINDA CONSTITUCIONAL”, OU “INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA”, OU “DECLARAÇÃO DE
CONSTITUCIONALIDADE DE NORMA EM TRÂNSITO PARA A INCONSTITUCIONALIDADE” 27
12. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE SEM PRONÚNCIA DA NULIDADE (OU SEM EFEITO
ABLATIVO) 27
13. INCONSTITUCIONALIDADE CIRCUNSTANCIAL 27
14. PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO “ATALHAMENTO CONSTITUCIONAL” OU DO “DESVIO DO PODER
CONSTITUINTE” 28
15. CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE 28
15.1 PRONUNCIAMENTO EM ABSTRATO ACERCA DA VALIDADE DA NORMA 28
15.2. MOMENTO A PARTIR DO QUAL A DECISÃO SE TORNA OBRIGATÓRIA 29
15.3. TEORIA DA INCONSTITUCIONALIDADE POR “ARRASTAMENTO” OU “ATRAÇÃO”, OU
“INCONSTITUCIONALIDADE CONSEQUENTE DE PRECEITOS NÃO IMPUGNADOS”, OU
INCONSTITUCIONALIDADE CONSEQUENCIAL, OU INCONSTITUCIONALIDADE CONSEQUENTE OU DERIVADA,
OU “INCONSTITUCIONALIDADE POR REVERBERAÇÃO NORMATIVA”, OU INCONSTITUCIONALIDADE
SECUNDÁRIA 29
15.3.1. INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO HORIZONTAL 30
15.3.2. INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO VERTICAL 30
15.4. PRINCÍPIO DA PARCELARIDADE 30
15.5. DESCABIMENTO DO CONTROLE ABSTRATO POR VIA DAS AÇÕES DIRETAS 30
16. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADI 31
16.1. LEGITIMAÇÃO 31
16.1.1. LEGITIMIDADE PASSIVA 31
16.1.2. LEGITIMIDADE ATIVA 32
16.2. OBJETO 33
16.3. PROCEDIMENTO - LEI 9.868/99 40
16.3.1. PETIÇÃO INICIAL - ART. 3º, LEI 9.868/99 40
16.3.2. AMICUS CURIAE - ART. 7º, § 2º, LEI 9.868/99 41
16.3.3. MEDIDA CAUTELAR 45
16.3.4. EFEITOS - art. 11, Lei 9.868/99 45
16.3.5. DECISÃO FINAL 47
16.3.6. LIMITES OBJETIVOS DA COISA JULGADA E EFEITOS OBJETIVOS DA DECISÃO 49
16.3.7. LIMITES SUBJETIVOS DA COISA JULGADA E EFEITOS SUBJETIVOS DA DECISÃO 51
16.3.8. EFEITOS TEMPORAIS 56
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 2
16.4. COISA JULGADA “INCONSTITUCIONAL”. S. 343/STF. RESCISÓRIA (ART. 966, V, CPC/2015) 57
17. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE - ADC 58
17.1. LEGITIMIDADE ATIVA 58
17.2. OBJETO 59
17.3. PETIÇÃO INICIAL 59
17.3. MEDIDA CAUTELAR 60
17.4. DECISÃO DEFINITIVA 60
18. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL - ADPF 61
18.1. LEGITIMIDADE ATIVA 61
18.2. ESPÉCIES 61
18.2.1. ARGUIÇÃO AUTÔNOMA - art. 1º, caput, Lei 9.882/99 61
18.2.1. ARGUIÇÃO INCIDENTAL (por equiparação ou equivalência) - art. 1º, parágrafo único, I c/c art. 6º, §
1º, Lei 9.882/99 62
18.3. PONTOS IMPORTANTES 62
18.4. PRESSUPOSTOS DE CABIMENTO 65
18.4.1. DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 65
18.4.2. INEXISTÊNCIA DE OUTRO MEIO IDÔNEO (SUBSIDIARIEDADE) - art. 4º, Lei 9.882/99 66
18.4.3. PRESSUPOSTO ESPECÍFICO DA ARGUIÇÃO FUNDAMENTAL 66
18.5. OBJETO - art. 1º, Lei 9.882/99 66
18.6 ATOS DO PODER PÚBLICO E DETERMINADOS ATOS PRIVADOS EQUIPARADOS AOS PRATICADOS POR
AUTORIDADES PÚBLICAS 67
18.7. MEDIDA CAUTELAR - art. 5º, Lei 9.882/99 67
19. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO - ADO 69
19.1. INTRODUÇÃO 69
19.2. ESPÉCIES DE OMISSÃO 69
19.3. OBJETO 70
19.3.1. Se o sujeito passivo na ação for um dos Poderes 70
19.3.2. Se a omissão for imputável a um órgão administrativo 70
19.4. MEDIDA CAUTELAR 70
19.5. MANDADO DE INJUNÇÃO X ADI POR OMISSÃO 71
20. CONTROLE CONCENTRADO-ABSTRATO NO ÂMBITO ESTADUAL 72
20.1. COMPETÊNCIA 72
20.2. LEGITIMIDADE ATIVA 72
20.3. PARÂMETRO 73
20.4. RECURSO CONTRA A DECISÃO DO TJ 75
20.5. SIMULTANEIDADE DE AÇÕES DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE (simultaneus processus) 75
21. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO MUNICIPAL 78
22. CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE 78
22.1. LEGITIMIDADE ATIVA 78
22.2. COMPETÊNCIA 79
22.3. CISÃO FUNCIONAL DE COMPETÊNCIA 80
22.4. EXCEÇÕES À CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO 81
22.5. CONTROLE DIFUSO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA 82
22.6. OBJETO 82
22.7. EFEITOS 83
22.8. A TEORIA DA ABSTRATIVIZAÇÃO (OBJETIVAÇÃO, VERTICALIZAÇÃO OU CONCENTRAÇÃO) DO CONTROLE
DIFUSO 84
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 3
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Controle de Constitucionalidade é um mecanismo previsto na Constituição Federal, que tem como
intuito, verificar a compatibilidade de atos infraconstitucionais com a CF.
Pressupostos necessários para o Controle de Constitucionalidade:
Existência de uma Constituição Rígida;
Princípio da Supremacia Formal da Constituição;
Para o exercício do Controle de Constitucionalidade são necessárias normas-parâmetro (ou bloco de
constitucionalidade), ou seja, normas materialmente constitucionais que servem de parâmetro para confronto
de aferição de constitucionalidade das demais normas que integram o Ordenamento Jurídico.
NO ORDENAMENTO JURÍDICO
BRASILEIRO SÃO CONSIDERADAS
NORMAS-PARÂMETRO
➔ As normas previstas na CF;
➔ As Emendas Constitucionais;
➔ Princípios implícitos;
➔ Os tratados internacionais de direitos humanos aprovados com
força de Emenda Constitucional de acordo com o art. 5º § 3º, CF.
2. CONTROLE DE LEGALIDADE E CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE1
⭕ CONTROLE DE LEGALIDADE: é imanente ao Direito Administrativo, pois é destinada a aferição da
validade de norma infralegal em face da Legislação.
⭕ CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: é inerente ao Direito Constitucional, sendo dirigido ao
deferimento da validade de norma infraconstitucional em face da Constituição. Trata-se de uma atividade por
meio da qual o sujeito controlador verifica se existe ou não compatibilidade formal e material entre o objeto, o
ato normativo (espécies do Art. 59 da CF), e o objeto paradigma, a Constituição.
CF - ART. 59 Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
1
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/efeitos-do-controle-de-constitucionalidade-e-sua-importa
ncia-para-garantir-a-seguranca-juridica/#:~:text=Como%20se%20depreende%20desses%20dois,o%20segundo%20%C3
%A9%20imanente%20ao
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 4
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e
consolidação das leis.
3. CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE2
É a verificação da compatibilidade das leis e atos normativos com os tratados internacionais com força
supralegal.
A Emenda Constitucional no 45/04, que acrescentou o § 3o ao art. 5o da Constituição, trouxe a
possibilidade de os tratados internacionais de direitos humanos serem aprovados com um quorum qualificado,
a fim de passarem (desde que ratificados e em vigor no plano internacional) de um status materialmente
constitucional para a condição (formal) de tratados “equivalentes às emendas constitucionais”. Tal acréscimo
constitucional trouxe ao direito brasileiro um novo tipo de controle à produção normativa doméstica, até então
desconhecido: o controle de convencionalidade das leis.
Com isso, as leis internas estariam sujeitas a um DUPLO PROCESSO DE COMPATIBILIZAÇÃO
VERTICAL, devendo obedecer aos comandos previstos na Carta Constitucional, bem como aos previstos em
tratados internacionais de direitos humanos regularmente incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro.
4. SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO
2 https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/46/181/ril_v46_n181_p113.pdf
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 5
A ideia de controle de constitucionalidade existe desde Aristóteles, em 420 a.C., passando pela Idade
Média. Nesse contexto, cumpre ressaltar que não existe uma data precisa para a criação do controle de
constitucionalidade.
Contudo, pode-se afirmar que o controle difuso foi sistematizado nos Estados Unidos em 1803, com a
decisão Marbury X Madison, ao passo que o controle concentrado foi sistematizado na Áustria, em 1920, por
Hans Kelsen, na Constituição daquele país.
SISTEMA AUSTRÍACO
(KELSEN)
SISTEMA NORTE-AMERICANO
(MARSHALL)3
decisão tem eficácia constitutiva (caráter
constitutivo-negativo)
decisão tem eficácia declaratória de situação
preexistente
por regra, o vício de inconstitucionalidade é aferido
no plano da eficácia
por regra, o vício de inconstitucionalidade é aferido
no plano da validade
por regra, decisão que reconhece a
inconstitucionalidade produz efeitos ex nunc
(prospectivos)
por regra, decisão que declara a
inconstitucionalidade produz efeitos ex tunc
(retroativos)
a lei inconstitucional é ato anulável (a anulabilidade
pode aparecer em vários graus)
a lei inconstitucional é ato nulo (null and void),
ineficaz (nulidade ab origine), írrito e, portanto,
desprovido de força vinculativa
lei provisoriamente válida, produzindo efeitos até a
sua anulação
invalidação ab initio dos atos praticados com base
na lei inconstitucional, atingindo-a no berço
o reconhecimento da ineficácia da lei produz efeitos
a partir da decisão ou para o futuro (ex nunc ou pro
futuro), sendo erga omnes, preservando-se, assim, os
efeitos produzidos até então pela lei
a lei, por ter nascido morta (natimorta), nunca
chegou a produzir efeitos (não chegou a “viver”), ou
seja, apesar de existir, não entrou no plano da
eficácia
4.1. QUAIS OS CRITÉRIOS EXISTENTES NO MUNDO?
Há dois critérios básicos:
🔴 NATUREZA DO ÓRGÃO
⭕ CONTROLE POLÍTICO: efetivado por um órgão não pertencente ao poder judiciário. Exemplo:
modelo francês estabelecido na Constituição de 1958 e que fixou um Conselho Constitucional, composto de 9
3 Tabela retirada do livro LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 26º Ed, pg. 469. São Paulo: SaraivaJur, 2022.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 6
Conselheiros escolhidos pelo Presidente da República e pelo Parlamento, tendo como membros natos os
ex-Presidentes da República.
⭕ CONTROLE JUDICIAL: Efetuado por órgão pertencente ao poder judiciário. Como exemplo,
temos os Estados Unidos.
🔴 MOMENTO DO EXERCÍCIO
⭕ CONTROLE PREVENTIVO: É o controle efetuado sobre o AINDA PROJETO DE LEI OU PROPOSTA.
Antes da norma adquirir vigência.
⭕ CONTROLE REPRESSIVO: É o efetuado após a norma legal adquirir vigência. Não se dá sobre
projeto/proposta, mas sim sobre LEI ou EMENDA.
5. SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO BRASILEIRO
No Brasil, temos todos os controles apresentados, com base em duas regras:
Em regra, o controle político é preventivo Em regra, o controle judicial é repressivo
5.1. CONTROLE POLÍTICO
O controle político, como já mencionado, é o controle realizado por órgão que não integra o Poder
Judiciário. No Brasil, pode-se falar em controle político no art. 66, §1º, CF/88 que dispõe:
CF - Art. 66. § 1º: Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em
parte, INCONSTITUCIONAL ou contrário ao interesse público, VETA-LO-Á total ou
parcialmente, no prazo de 15 dias úteis, contados da data do recebimento, e
comunicará, dentro de 48 horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do
veto.
O artigo citado (art. 66, §1º, CF) traz expressamente a hipótese de um VETO JURÍDICO, sua
fundamentação é uma suposta inconstitucionalidade do projeto recebido pelo Presidente da República.
ATENÇÃO
Em regra, o controle político é PREVENTIVO.
Exceção: o controle político é REPRESSIVO na hipótese do art. 49, V da CF.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 7
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
V - SUSTAR OS ATOS NORMATIVOS do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar (1ª parte) ou dos limites de delegação legislativa (2ª parte);
A Constituição Federal estabelece limites, que sendo exorbitados pelo Executivo, faz com que o
Legislativo atue para impedir a inconstitucionalidade.
DECRETO (art. 84, IV, parte final): envolve o decreto expedido pelo Presidente da República para a fiel
execução da lei. Quando o decreto exorbita o poder regulamentar será sustado pelo Congresso
Nacional, mantendo-se o que não ultrapassar os limites do poder regulamentar.
CF - Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
IV - Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como EXPEDIR DECRETOS E
REGULAMENTOS PARA SUA FIEL EXECUÇÃO;
LEI DELEGADA (art. 68): Lembre-se que o Presidente legisla em dois casos: Medida Provisória e Lei
Delegada. A primeira é altamente informal, enquanto a lei delegada é altamente formal (obtendo
delegação legislativa). Se não obtiver delegação legislativa para tratar de determinada matéria, será
possível ao poder legislativo sustar o que exorbite a delegação.
CF - Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que
deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
ATENÇÃO
Alguns doutrinadores apontam que o art. 62 (Medidas Provisórias) como controle político repressivo.
Todavia, Guilherme Peña assevera que esse exemplo não deve ser citado, pois nem sempre o controle da MP
é de constitucionalidade (na verdade, na maioria é unicamente um controle político).
Inclusive, uma das correntes sobre a natureza jurídica da Medida Provisória é a de que MP é projeto de
lei que tem força cautelar de Lei (SAULO RAMOS). Para essa posição, o exemplo da MP não configura um
controle repressivo.
5.2. CONTROLE JUDICIAL
Nascido nos Estados Unidos da América, o controle judicial, como o próprio nome sugere, é realizado
pelo Poder Judiciário. Ou seja, é a competência dos juízes e tribunais do Poder Judiciário para declarar a
inconstitucionalidade das leis nos casos concretos que são submetidos à sua apreciação, como previsto no art.
102, I, a da CF:
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 8
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação diretade inconstitucionalidade de LEI ou ATO NORMATIVO federal ou
estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo
federal;
ATENÇÃO
Na ADI ou na ADC, o objeto é a lei ou o ato normativo, ou seja, a norma já vigente, sendo assim em
regra, trata-se de um controle REPRESSIVO.
Exceção: o controle judicial é PREVENTIVO no mandado de segurança impetrado por membro do
Congresso Nacional.
6. ELEMENTOS ESSENCIAIS AO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE4
6.1. ELEMENTO CONCEITUAL (“BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE”)
Consiste na determinação da própria ideia de Constituição e na definição das premissas jurídicas,
políticas e ideológicas que lhe dão consistência. A ideia é identificar o que deve ser entendido como parâmetro
de constitucionalidade. Trata-se de nítido processo de aferição da compatibilidade vertical das normas
inferiores em relação ao que foi considerado como “modelo constitucional” (vínculo de ordem jurídica, tendo
em vista o princípio da supremacia da Constituição —paradigma de confronto).
Predominava no Brasil uma posição restritiva em relação ao conceito de “bloco de constitucionalidade”,
no qual os parâmetros seriam somente as normas e princípios expressos da Constituição escrita e positivada.
Tal tendência estava fundada na ideia de supremacia formal, apoiada no conceito de rigidez constitucional e na
consequente obediência aos princípios e preceitos decorrentes da Constituição (“bloco de constitucionalidade
em sentido estrito”).
Contudo, a EC 45/04 ampliou o “bloco de constitucionalidade”, na medida em que se passou a ter um
novo parâmetro (norma formal e materialmente constitucional), qual seja, nos termos do art. 5º, § 3º, CF, os
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais.
CF - ART. 5º, § 3º. § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
4 Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24.
ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.pág. 241
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 9
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais.
ATENÇÃO
Na ADI 595-ES, que teve como relator o Min. Celso De Mello, foi mencionado o professor J.J. Gomes
Canotilho, que expõem sobre o parâmetro do controle de constitucionalidade incluindo também os princípios
não escritos na Constituição.
"Todos os atos normativos devem estar em conformidade com a Constituição (art.
3.º/3). Significa isto que os actos legislativos e restantes actos normativos devem estar
subordinados, formal, procedimental e substancialmente, ao parâmetro
constitucional. (...) (1) o parâmetro constitucional equivale à constituição escrita ou leis
com valor constitucional formal, e daí que a conformidade dos actos normativos só
possa ser aferida, sob o ponto de vista da sua constitucionalidade ou
inconstitucionalidade, segundo as normas e princípios escritos da constituição (ou de
outras leis formalmente constitucionais); (2) o parâmetro constitucional é a ordem
constitucional global, e, por isso, o juízo de legitimidade constitucional dos actos
normativos deve fazer-se não apenas segundo as normas e princípios escritos
das leis constitucionais, mas também tendo em conta princípios não escritos
integrantes da ordem constitucional global."
6.2. ELEMENTO TEMPORAL
É imprescindível constatar se o padrão de confronto, alegadamente desrespeitado, ainda vige, pois,
sem a sua concomitante existência, descaracteriza-se o fator de contemporaneidade, necessário à verificação
desse requisito.
7. CLASSIFICAÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
7.1 QUANTO AO MOMENTO EM QUE DEVERÁ OCORRER O CONTROLE
7.1.1. CONTROLE PREVENTIVO (OU A PRIORI)
É uma espécie de controle que tem por finalidade evitar que um projeto de lei inconstitucional adentre
no sistema jurídico. Esse controle é realizado durante a tramitação do projeto de lei ou proposta de emenda
constitucional.
Momentos em que é exercido:
a) No Poder Legislativo: realizado na Comissão de Constituição e Justiça. É possível recurso ao Plenário
quando o projeto de lei for rejeitado na CCJ (art. 58, CF). É realizado também quando da rejeição do veto do
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 10
Presidente da República, pois se envolver fundamento constitucional será uma forma de controle, hipótese em
que a posição do Poder Legislativo estará prevalecendo sobre o entendimento do Executivo.
b) No Poder Executivo: realizado pelo Chefe do Poder Executivo, por meio de sanção ou veto jurídico.
c) No Poder Judiciário: em regra, parlamentar tem o direito público subjetivo de questionar a
regularidade do devido processo legislativo constitucional (impetração de mandado de segurança). Nesse
sentido, cabe ao Poder Judiciário apenas verificar se foi garantido um procedimento em total conformidade com
a CF, não lhe cabendo a extensão do controle sobre aspectos discricionários concernentes às questões políticas
e aos atos interna corporis, vedando-se a interpretação de normas regimentais.
ATENÇÃO
A jurisprudência do STF consolidou-se no sentido de negar legitimidade ativa ad causam a terceiros não
parlamentares, ainda que invoquem sua potencial condição de destinatário da futura lei ou emenda, pois
somente o parlamentar tem direito líquido e certo à observância do processo legislativo.
É possível que o STF, ao julgar MS impetrado por parlamentar, exerça controle de constitucionalidade
de projeto que tramita no Congresso Nacional e o declare inconstitucional, determinando seu arquivamento?
Em regra, não.
Existem, contudo, duas exceções nas quais o STF pode determinar o arquivamento da propositura:
a) proposta de emenda constitucional que viole cláusula pétrea;
b) proposta de emenda constitucional ou projeto de lei cuja tramitação esteja ocorrendo com violação
às regras constitucionais sobre o processo legislativo.
STF. Plenário. MS 32033/DF, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki,
20/6/2013 (Info 711) .5
Partidos políticos também podem impetrar mandado de segurança questionando projeto em
tramitação e que seja, em tese, inconstitucional?6
NÃO. Segundo o STF (MS 24.642), somente o parlamentar tem legitimidade ativa para impetrar
mandado de segurança com a finalidade de coibir atos praticados no processo de aprovação de leis e emendas
constitucionais que não se compatibilizam com o processo legislativo constitucional.
6 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Mandado de segurança contra projeto de lei supostamente inconstitucional. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d645920e395fedad7bbbed0eca3fe2e0>
5 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Mandado de segurança contra projeto de lei supostamente inconstitucional. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d645920e395fedad7bbbed0eca3fe2e0>
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 11
O que acontece se houver perda superveniente do mandato parlamentar?
Segundo Pedro Lenza, parece ter razão o Min. Celso de Mello ao afirmar que a perda superveniente de
titularidade do mandato legislativo desqualifica a legitimação ativa do congressista, impondo-se a extinção do
mandado de segurança (STF, MS 27.971).
7.1.2. CONTROLE REPRESSIVO
Ao contrário do controle preventivo que não incide sobre uma lei já pronta, mas sim sobre um projeto
de lei, o controle repressivo atua sobre uma lei ou emenda constitucional já existente. A finalidade do controle
repressivo é retirar do ordenamento jurídico normas que violam o texto constitucional. Em regra, é realizado
pelo Poder Judiciário (realizado por um órgão jurisdicional)
EXCEÇÕES
⭕ É competência exclusiva do CongressoNacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa (art. 49, V, CF).
⭕ Análise dos requisitos de relevância e urgência, realizada pelo Congresso Nacional, quando da
edição de medida provisória (art. 62, CF).
⭕ O Chefe do Poder Executivo pode realizar o controle de constitucionalidade pela negativa de
cumprimento de lei considerada por ele inconstitucional.
CNMP e CNJ podem realizar controle de constitucionalidade?
Não. O STF (MS 27.744, Info 781; MS 32.582-MC, Info 744) entendeu que não é possível que o CNMP e o
CNJ realizem controle de constitucionalidade, sob o fundamento de que tais órgãos exercem atos de caráter
administrativo.
O Conselho Nacional de Justiça, embora seja órgão do Poder Judiciário, nos termos do art. 103-B, § 4º, II,
da Constituição Federal, possui, tão somente, atribuições de natureza administrativa e, nesse sentido, não lhe é
permitido apreciar a constitucionalidade dos atos administrativos, mas somente sua legalidade. STF. Plenário.
MS 28872 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/02/2011. 7
7.2. QUANTO AO ÓRGÃO
7.2.1. CONTROLE POLÍTICO
Realizado por órgão que não pertence ao Judiciário.
7.2.2. CONTROLE JURISDICIONAL
Realizados por órgão pertencentes ao judiciário, juízes ou tribunais.
7 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. CNJ não pode fazer controle de constitucionalidade. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c0e190d8267e36708f955d7ab048990d>
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 12
7.2.3. CONTROLE MISTO
Neste as Constituições sujeitam cercos atos ao controle político (realizado por órgãos estranhos ao
Poder Judiciário) e outros ao controle jurídico (realizado por órgãos componentes do Poder Judiciário).
ATENÇÃO
O STF, em entendimento sumulado, entendia que o TCU poderia deixar de aplicar o ato por
considerá-lo inconstitucional, bem como sustar outros atos praticados com base em leis vulneradoras da CF,
sempre de forma incidental, era denominado controle administrativo.
A Súmula 347 do STF tratava do assunto: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode
apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.
Em recente decisão, o STF passou a entender que “Não cabe ao Tribunal de Contas, que não tem função
jurisdicional, exercer o controle de constitucionalidade de leis ou atos normativos nos processos sob sua análise” (STF.
Plenário. MS 35410, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/04/2021.
7.3. QUANTO AO MODO
7.3.1. CONTROLE DIFUSO-CONCRETO
Segundo esse sistema, que teve sua origem no Caso Marbury vs Madison, qualquer juiz ou tribunal
pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei, pois conforme esse sistema o controle de constitucionalidade
é algo intrínseco à própria jurisdição.
A decisão será inter pars, ou seja, só produzirá efeito para o caso concreto e para as pessoas nele
envolvidas.
7.3.2. CONTROLE CONCENTRADO-ABSTRATO
Esse modelo de controle surgiu na Constituição Austríaca no ano de 1920. Segundo esse modelo de
controle, apenas um tribunal específico pode fazer o controle de constitucionalidade.
O controle concentrado-abstrato não analisa o caso concreto, analisa a lei em si, numa decisão que será
erga omnes, ou seja, uma decisão que valerá para todos e que por sua vez terá efeito vinculante.
CLASSIFICAÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
QUANTO AO ÓRGÃO
Controle político
Controle jurisdicional
QUANTO AO MOMENTO
Preventivo
Repressivo
QUANTO AO MODO
Controle difuso-concreto
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 13
Controle concentrado-abstrato
8. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE
8.1 QUANTO À EXTENSÃO
8.1.1. TOTAL
A inconstitucionalidade pode atingir todo o ato normativo, ou seja, quando toda a norma contraria o
texto constitucional. Em geral, a inconstitucionalidade total da lei decorre de inconstitucionalidade formal.
8.1.2. PARCIAL
Incide sobre uma palavra ou expressão, desde que não altere o restante do sentido, em expressão do
PRINCÍPIO DA PARCELARIDADE.
ATENÇÃO
Segundo Pedro Lenza, em sua obra a respeito de Direito Constitucional, o princípio da parcelaridade é
aplicável no âmbito do controle concentrado. Isso significa que a Corte Constitucional, ao julgar parcialmente
procedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade, pode expurgar do texto legal apenas uma palavra
ou expressão, diferente com o que ocorre no caso do veto presidencial, conforme o art. 66, parágrafo segundo
da CF/88.
“O Presidente da República, ao vetar determinado projeto de lei (controle de constitucionalidade prévio
ou preventivo, realizado pelo Executivo), poderá fazê-lo integralmente (veto de todo o projeto de lei) ou
parcialmente; nesta última hipótese, porém, o veto só poderá ser de texto integral de artigo, parágrafo,
inciso ou alínea (art. 66, § 2.º, da CF).”8
8.2. QUANTO AO MOMENTO
8.2.1. ORIGINÁRIA
O ato desde a sua origem já é inconstitucional (o objeto surge após o parâmetro).
8.2.2. SUPERVENIENTE
O objeto, que originariamente era constitucional, torna-se inconstitucional em razão da superveniente mudança
de parâmetro.
8 Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24.
ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.pág. 271
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 14
ATENÇÃO
Segundo Lenza, em regra, não se pode admitir nem o fenômeno da constitucionalidade superveniente,
nem o da inconstitucionalidade superveniente .9
🔴 CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE: é o fenômeno pelo qual uma lei ou ato normativo que
tenha “nascido” com algum vício de inconstitucionalidade, seja formal ou material, e se constitucionaliza. Esse
fenômeno é inadmitido na medida em que o vício congênito não se convalida. Ou seja, se a lei é
inconstitucional, trata-se de ato nulo (null and void) e, assim, por regra, não pode ser “corrigido”, pois o vício de
inconstitucionalidade não se convalida, é um vício insanável, “incurável”.
🔴INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE: fenômeno pelo qual uma lei ou ato normativo que
“nasceu” “perfeita”, sem nenhum tipo de vício de inconstitucionalidade, vem a se tornar inconstitucional. Em
regra, esse fenômeno não é observado.
Lenza expõe exemplos, na visão da jurisprudência do STF, que afastam essa possibilidade em razão da
caracterização de outros institutos específicos e próprios:
Lei editada antes do advento da nova Constituição (fenômeno da recepção): se a lei foi editada
antes do advento de uma nova Constituição, duas situações surgem: ou a lei é compatível e
será recepcionada, ou a lei é incompatível e, então, nesse caso, será revogada por não
recepção. Não se pode falar em inconstitucionalidade superveniente nesse caso, pois não
haverá preenchimento da regra da contemporaneidade.
Lei editada já na vigência da nova Constituição e superveniência de emenda constitucional
futura que altere o fundamento de constitucionalidade da lei: o STF entende que, se a lei foi
editada já na vigência da nova Constituição sem nenhum tipo de vício, eventual emenda
constitucional que mude o parâmetro de controle pode deixar de assegurar validade à referida
norma, e, assim, a nova emenda constitucional revogaria a lei em sentido contrário. Não se
trata, portanto, do fenômeno de inconstitucionalidade superveniente.
⭕ EXCEÇÕES À REGRA DA IMPOSSIBILIDADE DE INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE
a) mutação constitucional: a redação do dispositivo da Constituição não é alterada, mas o seu
sentido interpretativo muda, surgindo, então, uma nova norma jurídica. As mutações constitucionais,
portanto, exteriorizam o caráter dinâmico e de prospecção das normas jurídicas, por meio de
processos informais. A lei, então, que nasceu constitucional, tornar-se-ia inconstitucional em razão da
mudança no sentido interpretativo do parâmetro de constitucionalidade. Exemplo: união estável entre
pessoas do mesmo sexo.
b) mudança no substrato fático da norma:não se tem uma alteração no parâmetro da Constituição,
mas nos novos aspectos de fato que surgem e que não eram claros no momento da primeira
interpretação. Exemplo trazido por Pedro Lenza: amianto - em um primeiro momento, o STF
pronunciou-se no sentido de se declarar a constitucionalidade da lei federal que admitia o uso
9 Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24.
ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.pág. 188-190
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 15
controlado de uma das modalidades do amianto (asbesto branco). Em momento seguinte, em razão
da mudança no substrato fático da norma, referida disposição se tornou inconstitucional, passando a
norma por um processo de inconstitucionalização.
8.3. QUANTO AO PRISMA DE APURAÇÃO10
8.3.1. DIRETA (OU ANTECEDENTE)
Ocorre quando o ato viola diretamente a Constituição, ou seja, quando se tem o confronto direto de
uma norma infraconstitucional e a Constituição.
ATENÇÃO
ADI só será admitida quando a inconstitucionalidade for direta.
8.3.2. INDIRETA (REFLEXA, POR VIA OBLÍQUA OU POR ATO INTERPOSTO)
Ocorre quando a norma infraconstitucional não viola diretamente o texto constitucional. Neste caso, o
objeto é ato normativo secundário. Configura-se uma ilegalidade previamente à inconstitucionalidade. Um
exemplo clássico de inconstitucionalidade indireta, quando um decreto regulamentar, expedido para a fiel
execução da lei, extrapola os limites desta.
ATENÇÃO
A jurisprudência não admite controle de constitucionalidade de atos normativos secundários (inaptos a
criar direito novo), de que são espécies, além do regulamento, as resoluções, as instruções normativas e
portarias, dentre outros (STF, AgReg na ADI 6117 DF).
Contudo, excepcionalmente é possível que o STF controle a constitucionalidade de decreto
regulamentador, quando este ultrapassar o poder de regulamentar, em razão do art. 49, V, CF, que possibilita
que o Congresso Nacional também exerça esse controle.
CF - Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
(...)
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
8.4. QUANTO AO TIPO DE CONDUTA DO PODER PÚBLICO
8.4.1. AÇÃO
Pressupõe uma conduta positiva, comissiva, do legislador que não se compatibiliza com os princípios e
normas constitucionalmente consagrados.
10 https://jus.com.br/artigos/64556/teoria-do-controle-de-constitucionalidade-topicos-teoricos-e-praticos
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 16
8.4.2. OMISSÃO
Decorre de uma lacuna inconstitucional, ou seja, uma conduta omissiva, um não fazer, descumprindo a
obrigação constitucional de legislar na regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada.
ATENÇÃO
Em relação às normas programáticas, em regra não será possível falar em omissão inconstitucional,
exceto se a inércia inviabilizar providências ou prestações correspondentes ao mínimo existencial. São dois os
remédios jurídicos concebidos pela CF para enfrentar o problema: mandado de injunção e ação direta de
inconstitucionalidade por omissão.
8.4.2.1 ESPÉCIES
🔴 OMISSÃO TOTAL (OU ABSOLUTA)
Quando o legislador, tendo o dever jurídico de atuar, abstenha-se inteiramente de fazê-lo, deixando
um vazio normativo no tema.
Possibilidades de atuação judicial:
a) Reconhecer a auto-aplicabilidade da norma constitucional e fazê-la incidir diretamente: em regra,
dá-se prazo ao órgão para que supra a lacuna.
b) Declarar a existência da omissão, constituindo em mora o órgão omisso: declaração de
inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade.
c) Criar a norma para o caso concreto.
🔴 OMISSÃO PARCIAL RELATIVA
A lei exclui do seu âmbito de incidência determinada categoria que nele deveria estar abrigada,
privando-a de um benefício e violando o princípio da isonomia.
Possibilidades de atuação judicial:
a) Declaração de inconstitucionalidade por ação da lei que fere a isonomia.
b) Declaração de inconstitucionalidade por omissão parcial da lei, dando-se ciência ao órgão legislador
para tomar as providências necessárias.
c) Extensão do benefício à categoria excluída: o Poder Judiciário, mesmo se deparando com uma
situação de desigualdade, não pode “corrigir” essa disparidade porque não tem “função legislativa”, não lhe
sendo possível suprir a ausência da lei que é indispensável no caso. Nesse sentido:
Súmula Vinculante 37: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.
Exceções à SV 37: ações judiciais que questionam a Resolução nº 133/2011, que reconhece a simetria
constitucional entre as carreiras da Magistratura e do MP como decorrência da aplicação direta do dispositivo
constitucional (art. 129, § 4º, da CF/88. O Plenário do STF ainda irá apreciar essas discussões.
🔴 OMISSÃO PARCIAL PROPRIAMENTE DITA
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 17
O legislador atua sem afetar o princípio da isonomia, mas de modo insuficiente ou deficiente
relativamente à obrigação que lhe era imposta.
8.5. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL (NOMODINÂMICA OU EXTRÍNSECA)
A inconstitucionalidade formal, também denominada de nomodinâmica ou extrínseca, é verificada
quando a lei ou o ato normativo infraconstitucional possuir algum vício no seu processo de formação, ou seja,
possui um vício em sua forma.
8.5.1 SUBESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL
🔴 FORMAL SUBJETIVA: Quando há vício de iniciativa. Ressalta-se que o vício de iniciativa não é
sanado pela sanção do Presidente da República.
🔴FORMAL OBJETIVA (RITUAL OU PROCESSUAL): Violação do devido processo legislativo em seu
conteúdo objetivo.
🔴 POR VIOLAÇÃO A PRESSUPOSTOS OBJETIVOS DO ATO NORMATIVO : Pedro Lenza lembra que a11
violação ou falta dos pressupostos, requisitos externos e anteriores ao procedimento legislativo, também gera
inconstitucionalidade. Ex: verificação dos requisitos de relevância e urgência quando da edição de MP,
observância dos requisitos do art. 18, § 4º, CF, para a criação de Município.
🔴FORMAL ORGÂNICA: Quando a falha está na competência legislativa para elaboração do ato. Ex: lei
federal (elaborada pelo Congresso Nacional) não pode dispor sobre tempo de permanência em fila de banco,
uma vez que se trata de competência municipal (elaborada pela Câmara Municipal).
8.6. INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL (NOMOESTÁTICA, DE CONTEÚDO MATERIAL, SUBSTANCIAL,
DOUTRINÁRIA OU INTRÍNSECA)
A inconstitucionalidade material, também denominada de nomoestática, de conteúdo material,
substancial, doutrinária ou intrínseca, ocorre quando o conteúdo da lei viola o texto constitucional. Assim
sendo, o seu processo legislativo, ao contrário do que acontece na inconstitucionalidade formal, pode ter sido
fielmente obedecido, porém a matéria tratada é incompatível com a Constituição.
Como exemplo, podemos citar o Princípio da Individualização da Pena que impede que o Legislador
estabeleça em abstrato a progressão de regime. A Lei de Crimes Hediondos vedava a progressão de regime em
abstrato, nesse caso foi declarada inconstitucional segundo o STF que decidiu no Habeas Corpus 82959.12
12 https://jus.com.br/artigos/64570/teoria-do-controle-de-constitucionalidade-topicos-teoricos-e-praticos
11 Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24.
ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.pág. 194
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 18
8.7. INCONSTITUCIONALIDADE EM RAZÃO DA OFENSA AO DECORO PARLAMENTAR (OU FINALÍSTICA)
Segundo o art. 55, § 1º, CF, é incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no
regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de
vantagens indevidas.
CF - Art. 55 § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos
definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro
do Congresso Nacional ou a percepção de vantagensindevidas.
Pedro Lenza (2022, p. 496) lança a ideia de inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar com
base no art. 55, §1º, da Constituição Federal, ao defender a possibilidade de reconhecimento desta espécie de
inconstitucionalidade. Para o autor, trata-se de inconstitucionalidade já que a corrupção dos parlamentares,
uma vez condenados pela Justiça, macula a essência do voto e o conceito de representatividade popular.13
O que é vício de decoro parlamentar? 14
Segundo entendimento de Pedro Lenza, o vício de decoro parlamentar é uma das espécies de vício de
inconstitucionalidade, ao lado da formal e da material. Consubstancia-se quando, na votação de determinada
matéria, ocorre a situação descrita no art. 55, parágrafo primeiro, da CF/88. Assim, por exemplo, quando se
comprova que no processo legislativo de uma emenda constitucional ocorreu a compra de votos (mensalão),
deveria tal lei ser tida por inconstitucional pelo vício no decoro.
3. O vício que corrompe a vontade do parlamentar ofende o devido processo
legislativo contrariando o princípio democrático e a moralidade administrativa. 4.
Quebra do decoro parlamentar pela conduta ilegítima de malversação do uso da
prerrogativa do voto pelo parlamentar configura crise de representação. 5. No caso, o
número alegado de “votos comprados” não se comprova suficiente para comprometer
o resultado das votações ocorridas na aprovação da emenda constitucional n. 41//2003.
Respeitado o rígido quórum exigido pela Constituição da República. Precedentes. Ação
direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. (STF, ADI 4889, Relator(a):
CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 11/11/2020, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-279 DIVULG 24-11-2020 PUBLIC 25-11-2020)
14 Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. –
São Paulo : Saraiva Educação, 2020.pág. 195
13
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/controle-judicial-de-constitucionalidade-por-vicio-de-dec
oro-parlamentar-o-caso-mensalao/
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 19
8.8. INCONSTITUCIONALIDADE “CHAPADA”, “ENLOUQUECIDA”, “DESVAIRADA” (ADI 3.232)
Expressão inicialmente utilizada pelo Min. Sepúlveda Pertence, é empregada para caracterizar uma
inconstitucionalidade mais do que evidente, clara, escancarada, flagrante, não restando qualquer dúvida sobre
o vício, seja formal, seja material.15
I. Ação direta de inconstitucionalidade: Confederação Nacional de Saúde: qualificação
reconhecida, uma vez adaptados os seus estatutos ao molde legal das confederações
sindicais; pertinência temática concorrente no caso, uma vez que a categoria
econômica representada pela autora abrange entidades de fins não lucrativos, pois
sua característica não é a ausência de atividade econômica, mas o fato de não
destinarem os seus resultados positivos à distribuição de lucros. II. Imunidade
tributária (CF, art. 150, VI, c, e 146, II): "instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei": delimitação dos âmbitos da
matéria reservada, no ponto, à intermediação da lei complementar e da lei ordinária:
análise, a partir daí, dos preceitos impugnados (L. 9.532/97, arts. 12 a 14): cautelar
parcialmente deferida. 1. Conforme precedente no STF (RE 93.770, Muñoz, RTJ
102/304) e na linha da melhor doutrina, o que a Constituição remete à lei ordinária, no
tocante à imunidade tributária considerada, é a fixação de normas sobre a
constituição e o funcionamento da entidade educacional ou assistencial imune; não, o
que diga respeito aos lindes da imunidade, que, quando susceptíveis de disciplina
infraconstitucional, ficou reservado à lei complementar. 2. À luz desse critério
distintivo, parece ficarem incólumes à eiva da inconstitucionalidade formal argüida os
arts. 12 e §§ 2º (salvo a alínea f) e 3º, assim como o parág. único do art. 13; ao
contrário, é densa a plausibilidade da alegação de invalidez dos arts. 12, § 2º, f; 13,
caput, e 14 e, finalmente, se afigura chapada a inconstitucionalidade não só
formal mas também material do § 1º do art. 12, da lei questionada. 3. Reserva à
decisão definitiva de controvérsias acerca do conceito da entidade de assistência
social, para o fim da declaração da imunidade discutida - como as relativas à exigência
ou não da gratuidade dos serviços prestados ou à compreensão ou não das
instituições beneficentes de clientelas restritas e das organizações de previdência
privada: matérias que, embora não suscitadas pela requerente, dizem com a validade
do art. 12, caput, da L. 9.532/97 e, por isso, devem ser consideradas na decisão
definitiva, mas cuja delibação não é necessária à decisão cautelar da ação direta. (STF,
ADI 1802 MC, Relator(a): SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em
27/08/1998, DJ 13-02-2004 PP-00010 EMENT VOL-02139-01 PP-00064)
15 Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. –
São Paulo : Saraiva Educação, 2020.pág. 252
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 20
9. FORMAS DE CONTROLE REPRESSIVO JURISDICIONAL
9.1. CONTROLE DIFUSO (OU ABERTO, MODELO AMERICANO, INCIDENTAL, INDIRETO, PELA VIA DA DEFESA
OU EXCEÇÃO, INCIDENTER TANTUM)
Conhecido por ser o sistema americano de controle, o controle difuso possibilita o reconhecimento da
inconstitucionalidade por qualquer componente do Poder Judiciário, ou seja, os juízes de primeiro grau e os
diversos tribunais do País, todos têm aptidão para decidir, no âmbito de sua competência, sobre a
constitucionalidade das leis no controle difuso.
9.2. CONTROLE CONCENTRADO (OU FECHADO, MODELO AUSTRÍACO ou EUROPEU-CONTINENTAL, DIRETO,
PELA VIA DA AÇÃO)
O controle concentrado de constitucionalidade, é assim denominado por concentrar em um único
tribunal a competência para o reconhecimento de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo.
PODE SER VERIFICADO EM CINCO
SITUAÇÕES
ADI - Ação Direta de Inconstitucionalidade (art. 102, I, “a”, CF)
ADC - Ação Declaratória de Constitucionalidade (art. 102, I, “a”, CF)
ADPF - Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
(art. 102, § 1.º, CF)
ADO - Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (art. 103,
§ 2.º, CF)
ADI Interventiva (art. 36, III, c/c art. 34, VII, CF)
O que é a teoria da divisibilidade das leis no âmbito do controle de constitucionalidade?16
Referido princípio possibilita ao STF julgar e declarar inconstitucional apenas parte do texto legal que
estiver em conflito com o texto constitucional, mantendo em vigor a parcela que com ela for compatível, desde
que autônoma em relação à parte declarada inconstitucional.
10. FORMAS DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
10.1. QUANTO AO ASPECTO SUBJETIVO
O aspecto subjetivo diz respeito aos sujeitos atingidos pela declaração de inconstitucionalidade.
16
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/362132/no-que-consiste-o-principio-da-parcelaridade-no-ambito-do-controle-conc
entrado-de-constitucionalidade-denise-cistina-mantovani-cera
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 21
CONTROLE CONCRETO CONTROLE ABSTRATO
Efeito inter pars. Efeito erga omnes e vinculante. É aplicável à ADI,
ADC, ADPF.
O que é efeito inter pars?
Diz-se que o efeito é inter pars quando a decisão é apenas para o caso concreto, ou seja, a decisão não
vale para todos.
O que é efeito erga omnes?
É o efeito que atinge todos, tanto os particulares quanto o Poder Público. O efeito não fica limitado às
pessoas de um grupo específico.
O que é o efeito vinculante?
Atinge todo o Poder Judiciário, salvo o Plenário do STF; todo o Poder Executivo, incluindo o Chefe do
Executivo e a Administração Pública Direta e Indireta, em todas as esferas de governo.
Segundo Márcio Cavalcante, “essa decisão não vincula, contudo, o Plenário do STF. Assim, se o STF
decidiu, em controle abstrato, que determinada lei é constitucional, a Corte poderá, mais tarde, mudar seu
entendimento e decidir que esta mesma lei é inconstitucionalpor conta de mudanças no cenário jurídico,
político, econômico ou social do país. Isso se justifica a fim de evitar a "fossilização da Constituição".17
ATENÇÃO
⭕ Os órgãos fracionários (relator ou turmas) do STF ficam vinculados e não podem ir de encontro à
decisão do Pleno do STF.
⭕ Não é o Poder Legislativo em si que não fica vinculado, mas sim a função legiferante, sob pena de
fossilização da Constituição. Assim, quando atuando em função administrativa (ex: nomeação de
funcionários) também estará vinculado.
⭕ O Chefe do Poder Executivo só fica vinculado quanto à função administrativa.
10.2. QUANTO AO ASPECTO OBJETIVO
O aspecto objetivo é relativo à extensão dos efeitos.
17 https://www.dizerodireito.com.br/2015/10/superacao-legislativa-da-jurisprudencia.html
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 22
Quais as partes da decisão produzem eficácia erga omnes e efeito vinculante?18
1ª corrente: TEORIA RESTRITIVA
Somente o dispositivo da decisão produz efeito vinculante. Os motivos invocados na decisão
(fundamentação) não são vinculantes.
2ª corrente: TEORIA EXTENSIVA
Além do dispositivo, os motivos determinantes (ratio decidendi) da decisão também são vinculantes.
Admite-se a transcendência dos motivos que embasaram a decisão.
🔵 O STF NÃO ADMITE A “TEORIA DA TRANSCENDÊNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES”.
Segundo a TEORIA RESTRITIVA, adotada pelo STF, somente o dispositivo da decisão produz efeito
vinculante. Os motivos invocados na decisão (fundamentação) não são vinculantes.
A reclamação no STF é uma ação na qual se alega que determinada decisão ou ato:
• usurpou competência do STF; ou
• desrespeitou decisão proferida pelo STF.
Não cabe reclamação sob o argumento de que a decisão impugnada violou os motivos (fundamentos)
expostos no acórdão do STF, ainda que este tenha caráter vinculante. Isso porque apenas o dispositivo do
acórdão é que é vinculante.
Assim, diz-se que a jurisprudência do STF é firme quanto ao não cabimento de reclamação fundada na
transcendência dos motivos determinantes do acórdão com efeito vinculante. STF. Plenário. Rcl 8168/SC, rel.
orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 19/11/2015 (Info 808). STF. 2ª Turma. Rcl
22012/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 12/9/2017 (Info 887).
🔵 TEORIA DA TRANSCENDÊNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES (EFEITOS IRRADIANTES OU
TRANSBORDANTES?)
Segundo a teoria dos efeitos irradiantes da decisão, além do dispositivo, os motivos determinantes
(ratio decidendi) da decisão também são vinculantes.
Para tanto, há de se observar a distinção entre ratio decidendi e obter dictum.19
⭕ Obter dictum (“coisa dita de passagem”): são comentários laterais, que não influem na decisão,
sendo perfeitamente dispensáveis. Portanto, aceita a “teoria do transbordamento”, não se falaria em irradiação
de obter dictum, com efeito vinculante, para fora do processo.
19 Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador
Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, pág. 242
18 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O STF não admite a teoria da transcendência dos motivos determinantes.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/6c468ec5a41d65815de23ec1d08d7951>
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 23
⭕ Ratio decidendi (ou holding, no direito norte-americano): é a fundamentação essencial que
ensejou aquele determinado resultado da ação. Nessa hipótese, aceita a “teoria dos efeitos irradiantes”, a
“razão da decisão” passaria a vincular outros julgamentos.
Tal fenômeno reflete uma preocupação doutrinária em assegurar a força normativa da Constituição,
cuja preservação integral exige o reconhecimento de que a eficácia vinculante atinge também os próprios
fundamentos determinantes da decisão proferida pela Corte Suprema, especialmente quando consubstanciar
uma declaração de inconstitucionalidade em sede de controle abstrato.
10.3 QUANTO AO ASPECTO TEMPORAL
Tanto no controle concentrado como no difuso, pelo fato de que a natureza da lei inconstitucional é de
ato nulo, a regra é de que a decisão de inconstitucionalidade produz efeitos ex tunc.
10.3.1 MODULAÇÃO DOS EFEITOS
Excepcionalmente, admite-se uma modulação temporal dos efeitos da decisão, podendo o STF
estabelecer um momento para o qual a inconstitucionalidade começa a valer, mesmo que se trate de um
momento futuro.
Tal modulação, que tem regulamentação específica no controle concentrado (art. 27, Lei 9.868/99),
aplicável também no controle difuso por analogia, deve atender a dois requisitos:
a) Quórum qualificado de 2/3.
b) Deve atender a questões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social.
ATENÇÃO
Segundo o STF (ADI 2949 QO, Info 780) , depois da proclamação do resultado final, o julgamento deve20
ser considerado concluído e encerrado e, por isso, mostra-se inviável, em face da preclusão, a sua reabertura
para discutir novamente a modulação dos efeitos da decisão proferida.
“Depois da proclamação do resultado final, o julgamento deve ser considerado concluído e encerrado e,
por isso, mostra-se inviável a sua reabertura para discutir novamente a modulação dos efeitos da decisão
proferida. A análise da ação direta de inconstitucionalidade é realizada de maneira bifásica:
a) primeiro, o Plenário decide se a lei é constitucional ou não; e
b) em seguida, se a lei foi declarada inconstitucional, discute-se a possibilidade de modulação dos
efeitos.
Uma vez encerrado o julgamento e proclamado o resultado, inclusive com a votação sobre a modulação
(que não foi alcançada), não há como reabrir o caso, ficando preclusa a possibilidade de reabertura para
deliberação sobre a modulação dos efeitos”. STF. Plenário ADI 2949 QO/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa,
red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 8/4/2015 (Info 780).
20 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Momento-limite da modulação dos efeitos. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponívelem:<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/28dd2c7955ce926456240b2ff0100bde
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 24
OBSERVAÇÃO
O STJ, no REsp 1.904.374, pontuou que “da excepcionalidade da modulação decorre a necessidade de
que o intérprete seja restritivo, a fim de evitar inadequado acréscimo de conteúdo sobre aquilo que o intérprete
autêntico pretendeu proteger e salvaguardar.” No julgamento, A relatora, ministra Nancy Andrighi, explicou que
a lei incompatível com o texto constitucional padece do vício de nulidade e, como regra, a declaração da sua
inconstitucionalidade produz efeitos ex tunc (retroativos). Contudo, ela lembrou que, excepcionalmente –
por razões como a proteção à boa-fé, tutela da confiança e previsibilidade –, pode ser conferida eficácia
prospectiva (efeito ex nunc) às decisões que declaram a inconstitucionalidade de lei. "As interpretações
subsequentes da modulação de efeitos devem ser restritivas, a fim de que não haja inadequado acréscimo de
conteúdo exatamente sobre aquilo que o intérprete autêntico pretendeu, em caráter excepcional, proteger e
salvaguardar", ressaltou.21
10.4. QUANTO À EXTENSÃO DOS EFEITOS
🔴 DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE COM REDUÇÃO DE TEXTO: uma parte do texto ou
todo o texto será excluído.
🔴 DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE SEM REDUÇÃO DE TEXTO: o STF não declara a
nulidade de um texto, mas sim de uma interpretação que poderia ser dada àquele texto.
10.4.1 DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE SEM REDUÇÃO DE TEXTO X PRINCÍPIO DA
INTERPRETAÇÃO CONFORME
DECLARAÇÃO DE NULIDADE SEM
REDUÇÃO DE TEXTO
PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO
CONFORME
SEMELHANÇAS
a) Não há alteração do texto da norma.
b) Há uma redução no âmbito de aplicação do dispositivo.
c) Nos dois casos, o STF julga parcialmente procedente a ADI.
QUANTO À
NATUREZA
A declaração de nulidade (com ou sem
redução de texto) é uma técnica de
decisão judicial, quesó pode ser aplicada
no controle abstrato de
constitucionalidade.
Pode ser aplicado em todos os controles,
inclusive o difuso, pois trata-se de um
princípio interpretativo (ou instrumental)
da hermenêutica constitucional.
QUANTO À
TÉCNICA APLICADA
Exclui uma interpretação e permite as
demais.
Permite uma interpretação e exclui as
demais.
21https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/17082021-Inconstitucionalidade-da-distincao-de-regime
s-sucessorios-alcanca-decisao-anterior-que-prejudicou-companheira.aspx
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 25
10.4.2. LIMITES À APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME
a) Clareza do texto legal: se a norma não é polissêmica, só havendo uma interpretação possível, não será
possível utilizar a interpretação conforme.
b) O juiz não pode substituir a vontade da lei ou do legislador pela sua própria vontade.
10.5 PONTOS IMPORTANTES22
🔴 EFICÁCIA NORMATIVA
Quando o STF, no controle concentrado de constitucionalidade(ADI ou ADC decide que determinada lei
é constitucional ou inconstitucional, ele gera a consequência que se pode denominar de eficácia normativa que
significa manter ou excluir(declarar nula a referida norma do ordenamento jurídico.
🔴 EFICÁCIA EXECUTIVA OU INSTRUMENTAL
Além da eficácia normativa a sentença de mérito na ADI ou ADC provoca também um efeito
vinculante, consistente em atribuir ao julgado uma força impositiva e obrigatória em relação aos atos
administrativos ou judiciais supervenientes. A isso o Min. Teori Zavascki chama de eficácia executiva ou
instrumental (eficácia vinculante).
Em caso de descumprimento dessa eficácia executiva ou instrumental a parte prejudicada poderá
ajuizar no STF uma reclamação (art. 102, I, “l” da CF/88).
🔴 EFICÁCIA NORMATIVA (EFEITOS EX TUNC)
A Eficácia normativa (declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade) opera de forma “ex
tunc” (retroativa).
🔴 EFICÁCIA EXECUTIVA (EFEITOS EX NUNC)
A eficácia executiva (efeito vinculante) produz efeitos “ex nunc”.
Assim o termo inicial da eficácia executiva é o dia de publicação do acórdão do STF no Diário
Oficial (art. 28 da Lei 9.868/1999).
22 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O simples fato de o STF ter declarado a inconstitucionalidade de uma lei não faz
com que ocorra automaticamente a desconstituição da sentença transitada em julgado anterior que tenha aplicado este ato
normativo. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d5c186983b52c4551ee00f72316c6eaa>
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 26
11. LEI “AINDA CONSTITUCIONAL”, OU “INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA”, OU “DECLARAÇÃO DE
CONSTITUCIONALIDADE DE NORMA EM TRÂNSITO PARA A INCONSTITUCIONALIDADE”23
Trata-se da hipótese em que uma lei, em virtude das circunstâncias de fato, pode vir a ser
inconstitucional, não o sendo, porém, enquanto essas circunstâncias de fato não se apresentarem com a
intensidade necessária para que se tornem inconstitucionais.
Exemplos:
⭕ Prazo em dobro para recurso no Processo Penal às Defensorias Públicas: a norma será
constitucional ao menos até que a organização da Defensoria, nos Estados, alcance o nível de
organização do respectivo Ministério Público, que é a parte adversa, como órgão de acusação, no
processo da ação penal pública.
⭕ O art. 68, CPP, o qual trata da propositura de ação civil ex delicto pelo MP, é uma lei ainda
constitucional e que está em trânsito, progressivamente, para a “inconstitucionalidade”, à medida que
as Defensorias Públicas forem sendo, efetiva e eficazmente, instaladas.
12. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE SEM PRONÚNCIA DA NULIDADE (OU SEM EFEITO
ABLATIVO)
A Corte Suprema reconhece que a norma é inconstitucional, mas a mantém no ordenamento
jurídico até que nova lei seja editada em sua substituição. Isto é, a eficácia da lei fica suspensa até que o
legislador manifeste-se sobre a situação inconstitucional.24
Ex: município putativo (ADI 2.240).
13. INCONSTITUCIONALIDADE CIRCUNSTANCIAL25
Ocorre quando um enunciado normativo, em regra, válido, ao ser aplicado em determinadas
circunstâncias, produz uma norma inconstitucional. Em outras palavras, a inconstitucionalidade circunstancial
se dá quando determinada norma, embora seja válida, quando confrontada com uma situação específica,
torna-se inconstitucional em decorrência do seu contexto particular.
25 Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro
Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, pág. 248
24https://jus.com.br/artigos/31062/apontamentos-sobre-a-tecnica-da-declaracao-de-inconstitucionalidade-sem-pronuncia-D
e-nulidade-no-julgamento-das-normas-sobre-numeros-de-deputados-no-stf#:~:text=(3)%20Declara%C3%A7%C3%A3o
%20de%20inconstitucionalidade%20sem,seja%20editada%20em%20sua%20substitui%C3%A7%C3%A3o.
23 Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza –
24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, pág. 244
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 27
14. PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO “ATALHAMENTO CONSTITUCIONAL” OU DO “DESVIO DO PODER
CONSTITUINTE”26
Segundo Pedro Lenza, a finalidade do princípio é “vedar qualquer mecanismo a ensejar o ‘atalhamento
constitucional’, vale dizer, qualquer artifício que busque abrandar, suavizar, abreviar, dificultar ou impedir a
ampla produção de efeitos dos princípios constitucionais”.
Esse princípio, de origem alemã, foi aplicado no caso em que, visando burlar o princípio da anualidade,
previsto no art. 16, CF, foi editada a EC 52/06 com efeitos retroativos, afirmando que esta teria aplicação nas
eleições ocorridas em 2002.
Nesse caso, haveria desvio de poder ou finalidade pela utilização de meio aparentemente legal com o
objetivo de atingir fim ilícito.
Percebe-se, portanto, que o princípio veda qualquer artifício que busque abrandar, suavizar, abreviar,
dificultar ou impedir a ampla produção de efeitos dos princípios constitucionais, como, no caso, do princípio da
anualidade do processo eleitoral.
15. CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE
15.1 PRONUNCIAMENTO EM ABSTRATO ACERCA DA VALIDADE DA NORMA
O controle concentrado foi introduzido no Direito brasileiro no ano de 1965 através da EC 16/1965
(emenda à Constituição de 1946).
Trata-se de exercício ATÍPICO de jurisdição, pois não há litígio ou partes (existem apenas sob o
aspecto formal), nem um caso concreto que deve ser solucionado mediante a aplicação da lei pelo julgador. É
um processo objetivo, destinado à proteção do próprio ordenamento.
O controle concentrado é de competência originária do STF quando visa à aferição de leis em face da
Constituição Federal. No âmbito estadual o TJ será competente quando o confronto for entre as leis locais e a
Constituição do Estado.
ATENÇÃO
O controle concentrado em face da CF é exercido exclusivamente perante o STF por meio das seguintes
ações:
ADI - Ação Direta De Inconstitucionalidade
ADO - Ação Direta De Inconstitucionalidade Por Omissão
ADC - Ação Declaratória De Constitucionalidade
ADPF - Arguição De Descumprimento De Preceito Fundamental
26 Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro
Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, pág. 252
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 28
QUESTÕES PRINCIPAIS
a) Cumpre ao tribunal manifestar-se especificamente acerca da validade de uma lei e sobre sua
permanência ou não no sistema, diferindo do controle por via incidental, no qual a discussão da
constitucionalidade é questão prejudicial.
b) Cabe ao autor indicar os atos infraconstitucionais que considera incompatíveis com a CF e as
normas constitucionais em face das quais estão sendo questionados, com as respectivas razões.
15.2. MOMENTO A PARTIR DO QUAL A DECISÃO SE TORNA OBRIGATÓRIA
A decisão, seja definitiva ou cautelar, torna-se obrigatória a partir da publicaçãoda ata da sessão de
julgamento no DOU ou DJU, não sendo necessário aguardar o trânsito em julgado.
15.3. TEORIA DA INCONSTITUCIONALIDADE POR “ARRASTAMENTO” OU “ATRAÇÃO”, OU
“INCONSTITUCIONALIDADE CONSEQUENTE DE PRECEITOS NÃO IMPUGNADOS”, OU
INCONSTITUCIONALIDADE CONSEQUENCIAL, OU INCONSTITUCIONALIDADE CONSEQUENTE OU
DERIVADA, OU “INCONSTITUCIONALIDADE POR REVERBERAÇÃO NORMATIVA”, OU
INCONSTITUCIONALIDADE SECUNDÁRIA27
Pela referida teoria, se em determinado processo de controle concentrado de constitucionalidade for
julgada inconstitucional a norma principal, em futuro processo, outra norma dependente daquela que foi
declarada inconstitucional em processo anterior, tendo em vista a relação de instrumentalidade que
entre elas existe, também estará eivada pelo vício de inconstitucionalidade “consequente”, por “arrastamento”
ou “atração”. Nesse sentido:
4. A inexistência de dependência normativa inviabiliza eventual declaração de
inconstitucionalidade por arrastamento dos dispositivos não impugnados.
Precedente: ADI 2.895, Rel. Min. Carlos Velloso, Plenário, DJ de 20/5/2005. 5. A
declaração de inconstitucionalidade por arrastamento ou atração não se presta a
suprir carências no exercício do direito de ação. Precedentes: ADI 4.647, Rel. Min. Dias
Toffoli, Plenário, DJe de 21/6/2018; ADI 2.213-MC, Rel. Min. Celso de Mello, Plenário, DJ
de 23/4/2004; ADI 1.775, Rel. Min. Maurício Corrêa, Plenário, DJ de 18/5/2001. (STF, ADI
5922 AgR, Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 14/02/2020, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-049 DIVULG 06-03-2020 PUBLIC 09-03-2020)
Essa técnica da declaração de inconstitucionalidade por arrastamento pode ser aplicada tanto em
processos distintos como em um mesmo processo, situação que vem sendo verificada com mais frequência na
jurisprudência do STF. Ou seja, já na própria decisão, a Corte define quais normas são atingidas, e no
27 Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador
Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, pág. 243
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 29
dispositivo, por “arrastamento”, também reconhece a invalidade das normas que estão “contaminadas”, mesmo
na hipótese de não haver pedido expresso na petição inicial.
Trata-se, sem dúvida, de exceção à regra de que o juiz deve ater-se aos limites da lide fixados na
exordial (princípio da adstrição), especialmente em razão da correlação, conexão ou interdependência dos
dispositivos legais e do caráter político do controle de constitucionalidade realizado pelo STF.
15.3.1. INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO HORIZONTAL
São as hipóteses de inconstitucionalidade parcial geradoras da inconstitucionalidade total, isto é,
quando dentro do mesmo sistema normativo existe relação de dependência entre elas, seja lógica (ex: alínea
que não sobrevive sem o restante do corpo do artigo) ou teleológica (a inconstitucionalidade muda o sentido ou
a finalidade da norma que restar no ordenamento).
15.3.2. INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO VERTICAL
A declaração de inconstitucionalidade incide, por consequência, em norma ligada hierarquicamente à
norma objeto do pedido inicial. Exemplo, inconstitucionalidade de uma lei que conduz à inconstitucionalidade
do decreto que a regulamenta.
15.4. PRINCÍPIO DA PARCELARIDADE28
O STF pode julgar parcialmente procedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade,
expurgando do texto legal apenas uma palavra ou expressão, diferentemente do que ocorre com o veto
presidencial. Trata-se de interpretação conforme com redução de texto, verificada, por exemplo, na ADI 1.227,
suspendendo a eficácia da expressão “desacato”, do art. 7º, § 2º, do Estatuto dos Advogados.
15.5. DESCABIMENTO DO CONTROLE ABSTRATO POR VIA DAS AÇÕES DIRETAS29
Para fiscalização preventiva (projetos legislativos e propostas de EC). Para atacar atos normativos já
revogados ou com eficácia suspensa ou já exaurida.
Exceções: casos em que:
⭕ a revogação do ato atacado, ocorrida no curso do processo, seja considerada fraude processual;
⭕a petição inicial tenha sido emendada, antes da apreciação do requerimento de liminar, com a
finalidade de incluir no objeto da ação a lei revogadora que reproduzirá as normas impugnadas, desde
que a revogação tenha ocorrido na pendência do processo;
⭕ a ação já haja sido julgada antes da notícia da revogação da norma impugnada; e
⭕ a norma impugnada tiver sido reproduzida em texto posterior de ato normativo equivalente.
 Para controlar antinomias que envolvam o critério cronológico.
29 Bernardes e Ferreira (p. 499), via dizerodireito
28 Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador
Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, pág. 271
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 30
16. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADI
A ação direta de inconstitucionalidade (ADI) é uma ação típica do do controle concentrado, tem como
finalidade a defesa da ordem jurídica, através da apreciação da constitucionalidade, de lei ou ato normativo
(federal ou estadual) em face das regras e princípios da CF.
É possível o ajuizamento de ADI nos âmbitos estadual e federal de maneira simultânea? (“simultaneus
processus”)
Sim. Coexistindo duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma ajuizada perante o tribunal de justiça
local e outra perante o STF, o julgamento da primeira – estadual – somente prejudica o da segunda – do STF – se
preenchidas duas condições cumulativas:
Se a decisão do Tribunal de Justiça for pela procedência da ação e
Se a inconstitucionalidade for por incompatibilidade com preceito da Constituição do Estado sem
correspondência na Constituição Federal.
Caso o parâmetro do controle de constitucionalidade tenha correspondência na Constituição Federal,
subsiste a jurisdição do STF para o controle abstrato de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 3659/AM, Rel.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/12/2018 (Info 927) .30
16.1. LEGITIMAÇÃO
16.1.1. LEGITIMIDADE PASSIVA
Órgãos ou autoridades responsáveis pela lei ou ato normativo objeto da ação, aos quais caberá prestar
informações ao relator. A defesa propriamente dita caberá ao AGU, independentemente de sua natureza
federal ou estadual.
ATENÇÃO
O STF, na ADI 4667, pontuou que “A teor do disposto no artigo 103, § 3º, da Carta Federal, no processo
objetivo em que o Supremo aprecia a inconstitucionalidade de norma legal ou ato normativo, o Advogado-Geral
da União atua como curador, cabendo-lhe defender o ato ou texto impugnado, sendo imprópria a emissão de
entendimento sobre a procedência da pecha”.
30 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Coexistência de ADI no TJ e ADI no STF, sendo a ADI estadual julgada primeiro.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/49ef08ad6e7f26d7f200e1b2b9e6e4ac>.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 31
16.1.2. LEGITIMIDADE ATIVA
LEGITIMADOS ATIVOS
UNIVERSAIS ESPECIAIS
Podem propor a ADI e a ADC independentemente da
existência de pertinência temática
São aqueles dos quais se exige pertinência temática
como requisito implícito de legitimação
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso
Nacional;
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou a Mesa da
Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou o Governador do
Distrito Federal;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de
âmbito nacional.
🔴 NEUTROS OU UNIVERSAIS
a) PR: independe de sua participação direta no processo de elaboração, seja com iniciativa ou sanção.
b) Mesa do CN: não pode propor ADI.
c) PGR: possui juízo discricionário.
d) Partidos políticos: a aferição da legitimidade deve ser feita no momento da propositurada ação.
🔴 INTERESSADOS OU ESPECIAIS
a) Mesa da AL: necessitam de pertinência temática, que vem a ser o vínculo objetivo entre a norma
impugnada e a competência da casa legislativa ou do Estado do qual é ela o órgão representativo.
b) Governador: situação análoga à da Mesa da AL, sendo possível ajuizar ação tendo por objeto lei ou
ato normativo originários de seu Estado, da União ou mesmo de outros Estados da Federação, se interferirem
ilegitimamente em competências ou interesses juridicamente protegidos do seu Estado.
ATENÇÃO
Governador de Estado afastado cautelarmente de suas funções — por força do recebimento de
denúncia por crime comum — não tem legitimidade ativa para a propositura de ação direta de
inconstitucionalidade. STF. Plenário. ADI 6728 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/4/2021 (Info 1015).
c) Entidades de classe de âmbito nacional
d) Confederação sindical
ATENÇÃO
PARA QUE AS CONFEDERAÇÕES SINDICAIS E AS ENTIDADES DE CLASSE POSSAM PROPOR ADI E ADC,
O STF EXIGE O CUMPRIMENTO DOS SEGUINTES REQUISITOS:
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 32
⭕ A caracterização como entidade de classe ou sindical, decorrente da representação de categoria
empresarial ou profissional;
⭕ A abrangência ampla desse vínculo de representação, exigindo-se que a entidade represente toda a
respectiva categoria, e não apenas fração dela;
⭕ O caráter nacional da representatividade, aferida pela demonstração da presença da entidade em
pelo menos 9 estados brasileiros; e
⭕ A pertinência temática entre as finalidades institucionais da entidade e o objeto da impugnação.
STF. Plenário. ADI 6465 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/10/2020 (Info 995).31
16.2. OBJETO
Lei ou ato normativo federal ou estadual, desde que editados após a promulgação da CF/88.
A palavra lei compreende todas as espécies normativas do art. 59, CF.
CF - Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
ATENÇÃO
As leis municipais não podem ser impugnadas por ADI perante o Supremo Tribunal Federal. Vale
lembrar que o Distrito Federal possui natureza híbrida, ou seja, possui competência estadual e municipal.
Sendo assim, as leis distritais poderão ser impugnadas em ADI perante o STF?
Leis Distritais editadas no desempenho da
competência estadual poderão ser impugnadas em
ADI perante o STF.
Leis Distritais editadas no desempenho da
competência municipal NÃO poderão ser
impugnadas em ADI perante o STF.
31 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Entidade de classe que representa apenas parte da categoria profissional (e
não a sua totalidade), não pode ajuizar ADI/ADC. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a8acc28734d4fe90ea24353d901ae678
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 33
OBSERVAÇÕES32
⭕ Lei delegada: em tese, sujeita-se a duplo controle jurisdicional de constitucionalidade: sobre a
resolução do CN que veicula a delegação, bem como sobre a lei delegada propriamente dita, elaborada pelo PR.
Além disso, pode ser submetida a controle político, nos termos do art. 49, V, CF.
⭕ Medida Provisória: a apreciação dos requisitos de relevância e urgência fica por conta do CN e do
PR, de modo que o controle judicial exercido pelo STF só terá lugar quando a ausência dos requisitos puder ser
evidenciada objetivamente, sem depender de uma avaliação discricionária, ou seja, o exame deve ser feito cum
grano salis, com muita parcimônia.
Em uma ADI proposta é possível que o STF julgue inconstitucional medida provisória pelo fato de ela
não ter relevância e urgência?
SIM. O STF admite a possibilidade de controle judicial dos pressupostos de relevância e urgência para a
edição de medidas provisórias. No entanto, “o escrutínio a ser feito pelo Judiciário neste particular é de domínio
estrito, justificando-se a invalidação da iniciativa presidencial apenas quando atestada a inexistência cabal
desses requisitos” (RE 592.377).33
A definição do que seja relevante e urgente para fins de edição de medidas provisórias consiste, em
regra, em um juízo político (escolha política/discricionária de competência do Presidente da República,
controlado pelo Congresso Nacional. Desse modo, salvo em caso de notório abuso, o Poder Judiciário não
deve se imiscuir na análise dos requisitos da MP.
No caso de MP que trate sobre situação tipicamente financeira e tributária, deve prevalecer, em
regra, o juízo do administrador público, não devendo o STF declarar a norma inconstitucional por afronta ao
art. 62 da CF/88. STF. Plenário. ADI 1055/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2016 (Info 851).
⭕ Medida Provisória que abre crédito extraordinário (art. 62 c/c art. 167, § 3º, CF): ao contrário do
que ocorre em relação aos requisitos de relevância e urgência (art. 62, CF), que se submetem a uma ampla
margem de discricionariedade por parte do Presidente da República, os requisitos de imprevisibilidade e
urgência (art. 167, § 3º, CF) recebem densificação normativa da Constituição. Nesse contexto, os conteúdos
semânticos das expressões “guerra”, “comoção interna” e “calamidade pública” constituem vetores para a
interpretação e aplicação do art. 167, § 3º c/c o art. 62, § 1º, I, “d”, CF.
⭕ Normas orçamentárias: podem ser objeto de controle abstrato de constitucionalidade.
33 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível o controle judicial dos pressupostos de relevância e urgência para a edição
de medidas provisórias, no entanto, esse exame é de domínio estrito, somente havendo a invalidação quando
demonstrada a inexistência cabal desses requisitoso. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/74a9d40b0df3a01eda99c4463b607dd1>
32 LENZA (2020).
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - 34
É cabível a propositura de ADI contra lei orçamentária, lei de diretrizes orçamentárias e lei de abertura
de crédito extraordinário. STF. Plenário. ADI 5449 MC-Referendo/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
10/3/2016 (Info 817).34
⭕ Atos de revisão constitucional: podem ser objeto de controle de constitucionalidade.
⭕ Atos normativos: podem ser resoluções administrativas dos tribunais; atos estatais de conteúdo
meramente derrogatório, como as resoluções administrativas, desde que incidam sobre atos de caráter
normativo (generalidade e abstração); deliberações administrativas dos órgãos judiciários. Ex: decisão
administrativa de TJ que estende gratificação a todos os servidores do Judiciário estadual (STF, ADI 3.202, Info
734).
O STF admite o uso das ações do controle concentrado de constitucionalidade para o exame de atos
normativos infralegais, nos casos em que a tese de inconstitucionalidade articulada pelo autor propõe o
cotejo da norma impugnada diretamente com o texto constitucional. STF. Plenário. ADI 3481/DF, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 6/3/2021 (Info 1008)35
ATENÇÃO
No caso de atos normativos secundários (decretos regulamentares, portarias, resoluções), duas
hipóteses são possíveis:
- Ato administrativo em desconformidade com a lei que lhe cabia regulamentar: ilegalidade.
- A própria lei está em desconformidade com a CF: ela é que deverá ser impugnada. Nesse contexto, por
estarem subordinados à lei, via de regra, não se submetem a controle de constitucionalidade em sede de ADI,
pois os referidos atos serão ilegais e não inconstitucionais (“crise de legalidade”).
Como se vê, o objeto não seria ato normativo primário, com fundamento de validade diretamente na
Constituição, mas ato secundário, com base na lei, não se admitindo, portanto, controle de
inconstitucionalidade por via indireta, reflexa ou oblíqua.
Um Decreto pode ser considerado ato normativo para os fins do art. 102, I, da CF/88? Um decreto pode
ser objeto de ADI? 36
Decreto que apenas regulamenta

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