Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - DEE CURSO DE CIRCUITOS ELÉTRICOS EM C.A. – TH108 LABORATÓRIO DE CIRCUITOS ELÉTRICOS II CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS OBJETIVOS - Verificar as relações entre tensões e correntes de linha e de fase em circuito trifásico equilibrado - Verificar a equivalência entre circuitos delta ou triângulo (∆) e estrela (Y) MATERIAL UTILIZADO − Variac 0-240VCA. − Banco de Resistores Mod. 111A432 (120Ω ± 10%, 80V) − Voltímetro CA: 0-250V − Amperímetro CA: 0-3A − Multímetro CONCEITO TEÓRICO Os sistemas elétricos de potência são alimentados por geradores trifásicos. Um gerador trifásico é uma máquina rotativa que produz três tensões senoidais com mesma frequência angular e mesma amplitude, porém defasadas entre si de 120º. Se a tensão na fase A, ea(t), está adiantada da tensão na fase B, eb(t), e a tensão na fase B está adiantada da tensão na fase C, ec(t), então a sequência de fases é chamada sequência direta, positiva ou simplesmente ABC. Se ea(t) está adiantada de ec(t), e ec(t) está adiantada de eb(t), a sequência de fases é inversa ou negativa, i.e., ACB. Na maioria dos geradores trifásicos, as tensões são geradas na configuração Y ou conexão estrela, mostrada na Figura 1. O terminal comum às três fontes é chamado neutro, usualmente denotado pela letra n. O neutro é muito utilizado como um ponto de referência, podendo ou não estar externamente acessível. Figura 1. Gerador trifásico conectado em Y com sequência ABC. As tensões ea(t), eb(t) e ec(t) são chamadas tensões de fase, enquanto as tensões entre os terminais a, b e c são conhecidas por tensões de linha. Quando o neutro é externamente n ea(t) = Em cos (ωt) eb(t) = Em cos (ωt – 120º) ec(t) = Em cos (ωt + 120º) a b c 2 acessível, o sistema trifásico é a quatro fios ou tetrafilar. A configuração com neutro permite dois níveis de tensão eficaz no sistema trifásico: a tensão de linha ou fase-fase (Vab, Vbc, Vca) e a tensão de fase ou fase-neutro (Van, Vbn, Vcn). A Figura 2 apresenta uma disposição fasorial baseada nas tensões de fase e de linha do gerador da Figura 1. Figura 2. Tensões fasoriais de fase e de linha na seqüência ABC. Considerando que |Va| = |Vb| = |Vc| = VF e |Vab| = |Vbc| = |Vca| = VL Então a relação entre a tensão de fase VF e a tensão de linha VL pode ser obtida, utilizando a lei dos senos: sen(30) VF = sen(120) VL ∴ VF = VL 3 ⇒ VL = 3 ⋅VF (1) Logo, generalizando, em um circuito em estrela equilibrado, a tensão de linha VL é igual a √3 vezes a tensão de fase VF. Devido ao defasamento de 120º entre as fases, a soma das três tensões de fase é igual a zero: va + vb + vc = 0 Portanto, para uma conexão em estrela, o condutor neutro, se o sistema trifásico for equilibrado, possuirá potencial elétrico igual a zero. Por possuir a particularidade da simetria, o estudo de um sistema trifásico equilibrado pode ser definido pelo estudo de um sistema monofásico, ou seja, o sistema trifásico pode ser modelado por um único sistema monofásico. O fasor de tensão fase-neutro e a corrente em uma fase definem o comportamento das outras tensões e correntes – defasadas de 120º, numa sequência de fases definida (direta ou inversa). A configuração delta ou triângulo (∆), mostrada na Figura 3, é geralmente utilizada em sistemas trifásicos a três fios. Na conexão ∆ a tensão de fase é igual à tensão de linha. Va Vb Vc Vab Vbc a b c Vca n 30º 120º 3 Figura 3. Gerador trifásico conectado em ∆ com sequência ABC. Cargas Trifásicas Equilibradas Da mesma forma que um gerador trifásico, cargas trifásicas podem apresentar uma conexão em Y ou ∆. Os dois circuitos serão equivalentes se suas respectivas impedâncias de entrada, saída e transferência forem iguais. Desta forma, é possível obter uma transformação ∆-Y. A Figura 4 mostra as cargas Y e ∆ equilibradas, com suas impedâncias ZY e Z∆, respectivamente. Figura 4. Cargas trifásicas equilibradas. (4a) estrela; (4b) delta. Para que as cargas trifásicas da Figura 4 sejam equivalentes: ZY = 1 3 ZΔ (2) Correntes de Cargas Equilibradas Tensões trifásicas equilibradas, defasadas de 120º, alimentando uma carga trifásica equilibrada, induzem o aparecimento de correntes, nas três fases de alimentação da carga, também consideradas equilibradas. Logo, em sistemas trifásicos a quatro fios, ao ser aplicada a lei das correntes de Kirchhoff, a corrente no neutro é igual à soma das correntes de alimentação, In = Ia + Ib + Ic Como as correntes são equilibradas, In = 0 a b c vab = Em cos (ωt) vbc = Em cos (ωt – 120º) vca = Em cos (ωt + 120º) a b c ZY ZY ZY Z∆ Z∆ Z∆ a b c (4a) (4b) 4 Logo, não há circulação de corrente no neutro dos circuitos trifásicos equilibrados a quatro fios. Considerando as cargas equilibradas Y e ∆ da Figura 4, a corrente que circula em cada impedância ZY é a mesma que circula nas fases a, b e c de alimentação da carga. Nesta situação, diz-se que, em uma carga em Y equilibrada, o módulo das correntes fasoriais de linha, chamado de corrente de linha ou de alimentação IL, é igual ao módulo das correntes fasoriais de fase da carga, chamado simplesmente de corrente de fase IF. No entanto, pode ser observado, na Figura 4, que, em uma carga em ∆, a corrente de linha IL é diferente da corrente de fase IF. A Figura 5 mostra a alimentação de uma carga em ∆ por uma fonte trifásica equilibrada. Figura 5. Carga em ∆ equilibrada e suas correntes fasoriais de linha e de fase. Considerando que as tensões fasoriais de linha são: Vab =VL∠30 Vbc =VL∠− 90 Vca =VL∠150 E como a carga é equilibrada, então |Ia| = |Ib| = |Ic| = IL e |Iab| = |Ibc| = |Ica| = IF A corrente fasorial de linha Ia pode ser obtida da seguinte forma: Ia = Iab - Ica Logo, Ia = Vab ZΔ − Vca ZΔ = VL ZΔ ∠30 −∠150( ) = VLZΔ 3∠0 Porém IF = VL ZΔ Portanto, Ia = 3 ⋅ IF ∴ IL = 3 ⋅ IF Z∆ Z∆ Z∆ a b c Fonte Trifásica Equilibrada Ia Ib Ic Iab Ibc Ica 5 A análise acima pode ser estendida para as fases b e c. Logo, generalizando, em um circuito em delta equilibrado, a corrente de linha IL é √3 vezes a corrente de fase IF. Potência Trifásica A potência total de um sistema trifásico é a soma das potências em cada fase. Na forma complexa, para uma carga em Y: SY = Va Ia* + Vb Ib* + Vc Ic* Para uma carga em ∆ tem-se: S∆ = Vab Iab* + Vbc Ibc* + Vca Ica* Pode ser demonstrado que, se a carga for equilibrada, existe uma equivalência entre o circuito Y e ∆, quanto à potência, de tal forma que a potência complexa, na forma retangular, para os dois circuitos, é dada por: S3φ = √3 VL IL cosφ ± j√3 VL IL senφ Sendo φ o argumento da impedância por fase do circuito. Para uma carga tipicamente indutiva, a componente imaginária da potência é positiva; para uma carga tipicamente capacitiva, a componente imaginária é negativa. A componente real da potência complexa trifásica é chamada potência ativa P, e o módulo da componente imaginária é chamado de potência reativa Q. O módulo da potência complexa é chamado de potência aparente. PROCEDIMENTO 1. Montar o circuito da Figura 6, com a tensão de linha em 100V. (a) Medir as tensões Vab, Vbc, Vca, Van, Vbn e Vcn e as correntes Ia, Ib e Ic e anotar na Tabela 1. (b) Ligar o neutro da fonte ao neutro da carga, por meio de um amperímetro. Medir a corrente In e a anotar ba Tabela 1. Figura 6. Carga resistiva em Y para ensaio em laboratório. 3R: 3 resistores em paralelo. Tensão de Linha (V) Tensão de Fase (V) Corrente (mA) Vab Vbc Vca Van Vbn Vcn Ia Ib Ic In n 3R 3R 3R Fonte Trifásica A A A a b c V janaa Retângulo janaa Máquina de escrever 50 6 c) Determinar a relação entre a tensão de linha VL (média de Vab, Vbc e Vca) e a tensão de faseVF (média de Van, Vbn e Vcn). Comparar com o valor teórico esperado. d) Houve alguma diferença entre as correntes Ia, Ib e Ic? Por quê? e) O que pode ser concluído ao ser observada a corrente In? f) Desenhar um único diagrama fasorial para as tensões de fase e de linha e correntes da carga. g) Determinar a potência trifásica da carga. 2. Montar o circuito da Figura 7, com a tensão de linha em 100V. (a) Medir as tensões Vab, Vbc, Vca, as correntes Ia, Ib e Ic anotar na Tabela 2. (b) Determinar as correntes Iab, Ibc e Ica. Figura 7. Carga resistiva em ∆ para ensaio em laboratório. R: um resistor. Tensão de Linha (V) Corrente de Linha (mA) Corrente de Fase(mA) Vab Vbc Vca Ia Ib Ic Iab Ibc Ica a) Determinar a relação entre a corrente de linha IL (média de Ia, Ib e Ic) e a corrente de fase IF (média de Iab, Ibc e Ica). Comparar com o valor teórico esperado. b) Comparar os valores de corrente de linha do circuito da Figura 7 (carga em ∆) e do circuito da Figura 6 (carga em Y). Comentar o resultado. c) Desenhar um único diagrama fasorial para as correntes de fase e de linha e tensões da carga. d) Determinar a potência trifásica da carga em ∆ e comparar com a carga em Y. Comentar o resultado. REFERÊNCIAS DESOER, Charles A.; KUH, Ernest S. Teoria Básica de Circuitos. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988. CLOSE, Charles M. The Analysis of Linear Circuits. New York: Harcourt, Brace & World, 1966. HAYT, Jr., W.H.; KEMMERLY, J.E. Análise de Circuitos em Engenharia. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1973. EDMINISTER, J.A. Circuitos Elétricos. São Paulo: Editora McGraw-Hill, 2.ed., 1991. R R R a b c Fonte Trifásica Equilibrada Ib Ia Ic Iab Ibc Ica A A A janaa Retângulo janaa Máquina de escrever 50
Compartilhar