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VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA Prof. Márcio Michiles INTRODUÇÃO A SOCIOLOGIA – COMTE / DURKHEIM INTRODUÇÃO - O OLHAR SOCIOLÓGICO Entender, o eu, é algo que o Ser Humano, já busca há milênios, no entanto, explicar o mundo e em especial a ação do homem em coletividade dentro do Mundo, é algo verdadeiramente novo e desafiar para o homem. É bem verdade que muitos já se perguntaram os motivos pelos quais tantas incoerências ocorrem ao longo de um dia, crimes, suicídios, traições, mentiras, dentre outros, como pode ser isso ainda uma ação humana, se ao longo dos milênios o homem vem se conhecendo mais e, por conseguinte conhecendo o outro, pois as necessidades humanas são basicamente as mesmas. Outrossim, o homem não capta o seu meio social da mesma forma que o outro, assim como “O homem não toma banho no mesmo rio”, a sociedade muda radicalmente o rio e o homem, a noção de rio e homem, pode ser modificada de acordo com o conjunto social que cada indivíduo faz parte. Vejamos, quando para o povo brasileiro quando se fala em rio, as ligações podem ser, maior rio do mundo, “Amazonas”, falta de água, rios secos no nordeste ou mesmo uma visão fora do país, o Rio Nilo e sua forte contribuição na formação do Egito. Entretanto se for falado em rio na Índia, a ligação seria Ganges, uma Deusa com águas sagradas. Então as simples águas que servem logicamente para o consumo humano têm significados diferentes para as sociedades e logicamente para o seu povo. Desta forma a vida em sociedade é composta de vários elementos que impulsionam o homem a ser o que verdadeiramente ele é. Dois seres humanos criados dentro das mesmas condições tem a plena possibilidade de serem racionais e radicalmente diferentes, em seus gostos e ações sociais, o exemplo mais lógico são irmãos que tem gostos diferentes. Iguais, só que diferentes Cientistas tentam explicar as variações de personalidade entre gêmeos idênticos NOTÍCIAS - 13-05-2013 SAÚDE Não sei se você tem na família ou na turma da escola um par de gêmeos idênticos. É impressionante como, na aparência, eles podem ser iguaizinhos: mesmos olhos, mesmo nariz, mesma boca… Por outro lado, muitas vezes, um dos irmãos é mais tímido e o outro, mais extrovertido. Ou um é mais calmo e o outro, mais brigão. Curioso, não é? Pois um grupo de cientistas alemães está tentando descobrir por que isso acontece. A diferença de personalidade entre gêmeos idênticos pode ser explicada pela plasticidade cerebral, ou seja, pela capacidade de o cérebro se adaptar a novas funções (Foto: Hermo Sakk / Sxc.hu) Gêmeos idênticos dividem o mesmo genoma, ou seja, o mesmo conjunto de informações presentes no DNA – molécula que fica dentro de nossas células e ajuda a determinar nossas características, como a cor do cabelo, a altura etc. Além disso, na maioria das vezes, são criados juntos, na mesma casa e pelos mesmos pais. Por que, então, eles se tornam tão diferentes? Os cientistas decidiram testar isso em camundongos. No experimento, usaram 40 camundongos geneticamente idênticos e criados em ambientes iguais. Ainda assim, perceberam que cada um desenvolve características próprias. A explicação estaria na plasticidade cerebral, ou seja, na capacidade de o cérebro se adaptar a novas funções. A imagem representa um corte do cérebro visto de cima. Em vermelho, está o hipocampo, onde novos neurônios se formam durante a fase adulta (Ilustração: Washington Irving / Wikimedia Commons) Mesmo em gêmeos idênticos, cada indivíduo tem um cérebro único. Segundo os especialistas, isso acontece porque o cérebro não nasce pronto – continua se formando ao longo da vida, de acordo com as experiências que cada um vive. A pesquisa monitorou o cérebro dos camundongos durante três meses e observou o surgimento de novos neurônios em uma região chamada hipocampo. Todos os comportamentos dos camundongos foram gravados e analisados pelos pesquisadores. “Apesar de crescerem em um mesmo ambiente, as possibilidades de explorá-lo eram tantas que http://chc.cienciahoje.uol.com.br/categoria/novidades/noticias/ http://chc.cienciahoje.uol.com.br/categoria/novidades/noticias/ VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 2 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) cada um teve experiências únicas”, conta o médico Gerd Kempermann. Os animais que exploraram mais o território, por exemplo, tinham mais neurônios ao fim do experimento. Isso dá pistas sobre como, além de nosso material genético, nossos hábitos e experiências também ajudam a formar o cérebro. “Nossa descoberta trata do mistério e da controvérsia de como ambientes diferentes ou os modos como vivemos nossas vidas nos transformam em quem somos”, conclui Gerd. Fonte: http://chc.cienciahoje.uol.com.br/iguais-so-que-diferentes/ - acesso: 14/12/2013 Pode-se perceber pelo texto que “nossos hábitos e experiências também ajudam a formar o cérebro. “Nossa descoberta trata do mistério e da controvérsia de como ambientes diferentes ou os modos como vivemos nossas vidas nos transformam em quem somos””. Logo o homem age em enormemente em função das experiências compostas dentro do grupo social que ele vive. Como entender isso? Se não adianta simplesmente saber as necessidades humanas e nem quem ou o que o homem quer, como controlar os desejos dos homens e obter com isso o poder de controle social? Não vamos esquecer que o poder e a própria existência dependem disso para continuar a perpetuar a espécie humana. Filósofos ao logo do século XIX, travaram uma verdadeira luta para colocar em prática estudos sobre o entendimento social, nascia assim a sociologia, o estudo da sociedade. Todos os mecanismos, ou como alguns sociólogos colocam “aparelhos ideológicos” existentes em um conjunto social pode atenuar ou ampliar a ação humana, dependendo das ligações que o mesmo tiver com este aparelho ideológico. O Homem em seu conjunto social tem inúmeras ligações, infinitas possibilidades são formadas em sua mente, da decodificação para a ação do individuo, milhares de caminhos podem ser tomados, uma única ligação poderá modificar todo o destino da ação do indivíduo. Com base nisso é que os sociólogos do fim do século XIX, passaram a normatizar os conjuntos sociais, suas práticas e formações, criando correntes de analises do comportamento social. O estudo das correntes esta atrelado aos fatos sociais, de acordo com o fato social existem várias formas diferentes de se interpretar, logo inúmeros fatos serão trazidos a luz do conhecimento e os mecanismos apresentados e identificados no contexto social. O POSITIVISMO O primeiro a fazer esta analise dentro desta concepção foi Augusto Comte, filósofo francês, considerado por muitos o fundador da sociologia e do positivismo. Comte defendia a ideia de que para uma sociedade funcionar corretamente, precisa estar organizada e só assim alcançará o progresso, que para ele seria o ideal para a vida humana. A visão positiva dos fatos abandona a consideração das causas dos fenômenos (Deus ou natureza) e pesquisa suas leis, vistas como relações abstratas e constantes entre fenômenos observáveis. A visão positivista devido a este afastamento tanto da teologia como da metafísica, sofreu muito com a falta de apoio da sociedade, visto o período do seu surgimento e especialmente o poder das Igrejas Cristãs no mundo Ocidental. Para Auguste Comte, o Positivismo era uma doutrina de característica sociológica, filosófica e política que surgiu como desenvolvimento sociológico do Iluminismo, das crises sociais e morais do fim da Idade Média e do surgimento da sociedade da indústria, que foi marcado com a Revolução Francesa. O Positivismo de Comte consistia na observação dosfenômenos, se opondo ao racionalismo e idealismo, através da promoção do primado da experiência sensível. A doutrina negava à ciência qualquer possibilidade de investigação das causas dos fenômenos naturais e sociais, pois considerava esse tipo de pesquisa inacessível e sem utilidade, era mais válido se voltar para o estudo e descoberta das leis. Comte definiu a palavra “positivo” na sua obra “Apelo Aos Conservadores” de 1855 com sete significados: real, certo, útil, relativo, preciso, simpático e orgânico. Pode-se dizer que a ideia-chave do Positivismo de Comte era a Lei dos Três Estados, que afirmava que o homem passou e passa por três estágios em suas concepções, sendo eles: Na passagem do século, como já comentado o pensamento positivista não tinha muitos adeptos, no entanto com a proclamação da República no Brasil e consequentemente o uso de uma expressão positivista em sua bandeira, “Ordem e Progresso”, proposta por líderes do processo como Benjamim Constant e Raimundo Teixeira Mendes (Filósofo e idealizador da Bandeira brasileira), o ideal positivista ganhou espaço no Brasil e já em 1933, um dos maiores poetas da música brasileira, o Poeta da Vila ou Filósofo do Samba, Noel Rosa, compôs “Positivismo”, provando a todos que o debate intelectual era feito também na musicalidade. Estado teologico Afirmava que o homem explicava a realidade por meio de entidades sobrenaturais buscando responder questões como “de onde viemos?” e “para onde vamos?”. Fora isso, buscava-se o absoluto. É o estágio que a imaginação se sobrepunha à razão. Estado metafisico Pode ser considerado como um meio-termo entra a teologia e a positividade. Continua-se a procura de respostas para as mesmas questões do Teológico, sempre buscando o absoluto através da busca da razão e do destino das coisas. Estado positivo Última e definitiva etapa. Não já se buscava mais o porquê das coisas, porém o como as coisas aconteciam. A imaginação vira subordinada à observação e busca-se somente o visível e concreto. http://chc.cienciahoje.uol.com.br/iguais-so-que-diferentes/ VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 3 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) Émile Durkheim (1858-1917) foi o fundador da escola francesa de Sociologia, ao combinar a pesquisa empírica com a teoria sociológica. Ainda sob influência positivista, lutou para fazer das Ciências Sociais uma disciplina rigorosamente científica. Durkheim entendia que a sociedade era um organismo que funcionava como um corpo, onde cada órgão tem uma função e depende dos outros para sobreviver. Ao seu olhar, o que importa é o indivíduo se sentir parte do todo, pois caso contrário ocorrerá anomalias sociais, deteriorando o tecido social. A diferença entre Comte e Durkheim é que o primeiro crê que se tudo estiver em ordem, isto é, organizado, a sociedade viverá bem, enquanto Durkheim entende que não se pode receitar os mesmos “remédios” que serviu a uma sociedade para resolver os “males” sociais de outras sociedades. Para Durkheim, a Sociologia deve estudar os fatos sociais, os quais possuem três características: 1) coerção social; 2) exterioridade; 3) poder de generalização. Os fatos sociais apresentam vida própria, sendo exteriores aos indivíduos e introjetados neles a ponto de virarem hábitos. Pela sua perspectiva, o cientista social deve estudar a sociedade a partir de um distanciamento dela, sendo neutro, não se deixando influenciar por seus próprios preconceitos, valores, sentimentos etc. A diferença básica entre Marx, Comte e Durkheim consiste basicamente em que os dois últimos entendem a sociedade como um organismo funcionando, suas partes se completando. Por outro lado, Marx afirma que a ordem constituída só é possível porque a classe dos trabalhadores é dominada pela classe dos capitalistas e propõe que a classe proletária (trabalhadores) deve se organizar, unir-se e inverter a ordem, ou seja, passar de dominada a dominante, e assim superar a exploração e as desigualdades sociais. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 4 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM Questão 01 O sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917), em sua obra As Regras do Método Sociológico, ocupou-se em estabelecer o objeto de estudo da sociologia. Entre as constatações de Durkheim, está a de que o fato social não pode ser definido pela sua generalidade no interior de uma sociedade. Nessa obra, Durkheim elabora um tratamento científico dos fatos sociais e cria uma base para a sociologia no interior de um conjunto coeso de disciplinas sociais, visando fornecer uma base racional e sistemática da sociedade civil. Sobre o significado do fato social para Durkheim, é correto afirmar que a) os fenômenos sociais, embora obviamente inexistentes sem os seres humanos, residem nos seres humanos como indivíduos, ou seja, os fatos sociais são os estados mentais ou emoções dos indivíduos. b) os fatos sociais, parecem, aos indivíduos, uma realidade que pode ser evitada, de maneira que se apresenta dependente de sua vontade. Nesse sentido, desobedecer a uma norma social não conduz o indivíduo a sanções punitivas. c) a proposição fundamental do método de Durkheim é a de que os fatos sociais devem ser tratados como coisas, ou seja, como objeto do conhecimento que a inteligência não penetra de forma natural, mas através da observação e da experimentação. d) Durkheim considera os fatos sociais como coisas materiais. Pode-se afirmar, portanto, que todo objeto de ciência é uma coisa material e deve ser abordado a partir do princípio de que o seu estudo deve ser abordado sem ignorar completamente o que são. e) os fatos sociais são semelhantes aos fatos psíquicos, pois apresentam um substrato semelhante e evoluem no mesmo meio, de maneira que dependem das mesmas condições. Questão 02 Na tirinha acima, quase todas as pessoas possuem um comportamento similar. Nesse caso específico, pode-se dizer que o consumo se tornou, segundo a abordagem durkheimiana: a) Um fato social. b) Uma anomia social. c) Um erro social. d) Uma morte social. e) Uma modalidade social. Questão 03 A cidade desempenha papel fundamental no pensamento de Émile Durkheim, tanto por exprimir o desenvolvimento das formas de integração quanto por intensificar a divisão do trabalho social a ela ligada. Com base nos conhecimentos acerca da divisão de trabalho social nesse autor, assinale a alternativa correta. a) A crescente divisão do trabalho com o intercâmbio livre de funções no espaço urbano torna obsoleta a presença de instituições. b) A solidariedade orgânica é compatível com a sociedade de classes, pois a vida social necessita de trabalhos diferenciados. c) Ao criar seres indiferenciados socialmente, o “homem massa”, as cidades recriam a solidariedade mecânica em detrimento da solidariedade orgânica. d) O efeito principal da divisão do trabalho é o aumento da desintegração social em razão de trabalhos parcelares e independentes. e) O equilíbrio e a coesão social produzidos pela crescente divisão do trabalho decorrem das vontades e das consciências individuais. Questão 04 Durkheim caracteriza o suicídio – até então considerado objeto de estudo da epidemiologia, da psicologia e da psiquiatria – como fato social e, por isso, dotado das características da coercitividade, da exterioridade, da generalidade. É tomado, pois, como objeto de estudo sociológico, em virtude do fato de a) variar na razão inversa ao grau de integração dos grupos sociais de que faz parte o indivíduo, ou seja, quanto maior o grau de integração ao grupo social, mais elevada é a taxade mortalidade-suicídio da sociedade. b) ser possível observar uma certa predisposição social para fornecer determinado número de suicidas, ou seja, uma tendência constante, marcada pela permanência, a despeito de variações circunstanciais. c) configurar-se como uma morte que resulta direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente de um ato executado pela própria vítima. d) depender, exclusivamente, do temperamento do suicida, de seu caráter, de seu histórico familiar, de sua biografia, uma vez que não deixa de ser um ato do próprio indivíduo. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 5 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) Questão 05 Segundo Émile Durkheim, em sua obra As formas elementares da vida religiosa (1996, p. 19), “os fenômenos religiosos classificam- se naturalmente em duas categorias fundamentais: as crenças e os ritos. As primeiras são estados da opinião, consistem em representações; os segundos são modos de ação determinados. Entre esses dois tipos de fatos, há exatamente a diferença que separa o pensamento do movimento. Os ritos só podem ser definidos e distinguidos das outras práticas humanas, notadamente das práticas morais, apenas pela natureza especial do seu objeto. Com efeito, uma regra moral, assim como um rito, nos prescreve maneiras de agir, mas que se dirigem a objetos de um gênero diferente. Portanto, é o objeto do rito que precisaríamos caracterizar para podermos caracterizar o próprio rito. Ora, é na crença que a natureza especial desse objeto se exprime. Assim, só se pode definir o rito após se ter definido a crença. Todas as crenças religiosas conhecidas, sejam elas simples ou complexas, apresentam um mesmo caráter comum: pressupõem uma classificação das coisas, reais ou ideais, que os homens concebem, em duas classes, em dois gêneros opostos, designados geralmente por dois termos distintos que as palavras “profano” e “sagrado” traduzem bastante bem. A divisão do mundo em dois domínios que compreendem, um, tudo o que é sagrado, outro, tudo o que é profano, tal é o traço distintivo do pensamento religioso: as crenças, os ritos, os gnomos, as lendas, são representações ou sistemas de representações que exprimem a natureza das coisas sagradas, as virtudes e os poderes que lhes são atribuídos, sua história, suas relações mútuas e com as coisas profanas. Mas por coisas sagradas, convém não entender simplesmente esses seres pessoais que chamamos deuses ou espíritos: um rochedo, uma árvore, uma fonte, um seixo, um pedaço de madeira, uma casa, em uma palavra, uma coisa qualquer pode ser sagrada”. Partindo da análise do texto transcrito acima, assinale a alternativa correta. a) Os ritos são estados da opinião e consistem em representações. b) Para Durkheim, a religião é definida pela crença em divindades ou seres sobrenaturais. c) As coisas sagradas são, por exemplo, os objetos do culto, as pessoas do culto e os próprios seres cultuados. d) A classificação das coisas em sagradas e profanas no fenômeno religioso é uma característica das religiões tidas como primitivas. e) A divisão do mundo em dois domínios que compreendem, um, tudo o que é sagrado, outro, tudo o que é profano, não é o traço distintivo do pensamento religioso. EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM Questão 01 O que caracteriza e distingue as ciências sociais é a noção de que a vida humana em sociedade está sujeita a urna ordem e que o comportamento dos seres humanos, individual ou coletivamente, é regulado por normas, valores e instituições sociais. Considerando, portanto, que a sociedade tem lógicas e padrões que podem ser observados e compreendidos, os cientistas sociais fazem perguntas sobre a organização e a estrutura da sociedade. Assinale, entre as alternativas abaixo, aquela que lista conceitos utilizados pela sociologia para investigar e explicar a ordem social e como ela se constitui, se mantém e se transforma. a) Positivismo, liberalismo, marxismo. b) Socialização, estratificação social, ideologia. c) Etnometodologia, estruturalismo, individualismo. d) Classe social, gênero, dialética. e) Desigualdade, identidade, historicidade. Questão 02 Considerando-se as grandes mudanças que ocorreram na história da humanidade, aquelas que aconteceram no século XVIII — e que se estenderam no século XIX — só foram superadas pelas grandes transformações do final do século XX. As mudanças provocadas pela revolução científico-tecnológica, que denominamos Revolução Industrial, marcaram profundamente a organização social, alterando-a por completo, criando novas formas de organização e causando modificações culturais duradouras, que perduram até os dias atuais. DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia. São Paulo: Persons Prentice Hall, 2004. Sobre o surgimento da Sociologia e as mudanças ocorridas na modernidade, é correto afirmar: a) A intensificação da economia agrária em larga escala nas metrópoles gerou o êxodo para o campo. b) O aparecimento das fábricas e o seu desenvolvimento levou ao crescimento das cidades rurais. c) O aumento do trabalho humano nas fábricas ocasionou a diminuição da divisão do trabalho. d) A agricultura familiar desse período foi o objeto de estudo que fez surgir as ciências sociais. e) A antiga forma de ver o mundo não podia mais solucionar os novos problemas sociais. Questão 03 Assinale qual das alternativas apresenta a melhor definição de sociologia. a) Sociologia é o estudo do corpo na sociedade. Ela tem particular interesse em compreender cada órgão e sua relação de solidariedade orgânica. b) Sociologia é a forma como a ciência moderna interfere na política contemporânea. Através de estudos rigorosos, ela indica aos governantes como estes devem conduzir a sociedade. c) Sociologia é a forma de assistência às pessoas mais pobres. O profissional de sociologia é a pessoa responsável por evitar que os indivíduos estejam à margem da sociedade. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 6 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) d) Sociologia é o estudo de qualquer sociedade organizada. Atualmente, ela está preocupada tanto com sociedades humanas, quanto com sociedades animais (como de formigas e abelhas). e) Sociologia é o estudo rigoroso das sociedades e dos grupos humanos organizados, em especial das sociedades industrializadas. Questão 04 De um ponto de vista histórico, a Sociologia como disciplina científica surgiu ao longo do século XIX, como uma resposta acadêmica para os novos desafios da modernidade. Além das concepções advindas da Revolução Francesa e dos fortes impactos gerados pela Revolução Industrial na estrutura da sociedade, muitos outros processos também contribuíram para essa nova configuração da sociedade. Em seu desenvolvimento ao longo do século XIX, a Sociologia esperava entender a) os grupos sociais e as causas da desintegração social vigente. b) como a Revolução Industrial encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, sem prejuízo da classe trabalhadora, pois foi beneficiada por esse processo. c) a subjetividade dos indivíduos nas pesquisas sociológicas, como uma disciplina científica com metodologia própria. d) a Revolução Francesa como um marco revolucionário que modificou o pensamento, apesar de manter as tradições aristocratas. Questão 05 O que caracteriza e distingue as ciências sociais é a noção de que a vida humana em sociedade está sujeita a urna ordem e que o comportamento dos seres humanos, individual ou coletivamente, é regulado por normas, valores e instituições sociais. Considerando, portanto, que a sociedade tem lógicas e padrões que podem ser observados e compreendidos, os cientistassociais fazem perguntas sobre a organização e a estrutura da sociedade. Deste modo, analise o surgimento da sociologia. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 7 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) RESOLUÇÕES DAS QUESTÕES DE CASA Questão 01: Resolução: Resposta: Alternativa B Questão 02: Resolução: Resposta: Alternativa E Questão 03: Resolução: Resposta: Alternativa E Questão 04: Resolução: . Resposta: Alternativa A Questão 05: Resolução: O nascimento da Sociologia é contemporâneo às transformações sociais ocasionadas pela Revolução Industrial, como a urbanização, o surgimento da burguesia, o aumento da divisão do trabalho e a paulatina consolidação do capitalismo. Essa ciência surge, portanto, como uma forma de compreender esse mundo moderno nas suas próprias relações e especificidades. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA Prof. Márcio Michiles KARL MARX / MAX WEBBER INTRODUÇÃO Além do positivismo podemos destacar o pensamento Marxista, desenvolvido a partir do filósofo, Karl Marx. Marx foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista e foi o mais revolucionário pensador sociológico. Marx concebe a sociedade dividida em duas classes: a dos capitalistas que detêm a posse dos meios de produção e o proletariado (ou operariado), cuja única posse é sua força de trabalho a qual vendem ao capital. Para Marx, os interesses entre o capital e o trabalho são irreconciliáveis, sendo este debate a essência do seu pensamento, resultando na concepção de uma sociedade dividida em classes. Assim, os meios de produção resultam nas relações de produção, formas como os homens se organizam para executar a atividade produtiva. Tudo isso acarreta desigualdades, dando origem à luta de classes. Marx foi um defensor do comunismo, pois essa seria a fase final da sociedade humana, alcançada somente a partir de uma revolução proletária, acreditando assim na ideia utópica de uma sociedade igualitária ou socialista. Max Weber (1864-1920) foi um intelectual alemão, jurista, economista e considerado um dos fundadores da Sociologia e é o pensador mais recente dentre os três, conhecedor tanto do pensamento de Comte e Durkheim quanto de Marx. Assim, ele entende que a sociedade não funciona de forma tão simples e nem pode ser harmoniosa como pensam Comte e Durkheim, mas também não propõe uma revolução como faz Marx, mas afirma que o papel da Sociologia é observar e analisar os fenômenos que ocorrem na sociedade, buscando extrair desses fenômenos os ensinamentos e sistematizá-los para uma melhor compreensão, é por isso que sua Sociologia recebe o nome de compreensiva. Weber valorizava as particularidades, ou seja, a formação específica da sociedade; entende a sociedade sob uma perspectiva histórica, diferente dos positivistas. Um dos conceitos chaves da obra e da teoria sociológica de Weber é a ação social. A ação é um comportamento humano no qual os indivíduos se relacionam de maneira subjetiva, cujo sentido é determinado pelo comportamento alheio. Esse comportamento só é ação social quando o ator atribui à sua conduta um significado ou sentido próprio, e esse sentido se relaciona com o comportamento de outras pessoas. Weber também se preocupou com certos instrumentos metodológicos que possibilitassem ao cientista uma investigação dos fenômenos particulares sem se perder na infinidade disforme dos seus aspectos concretos, sendo que o principal instrumento é o tipo ideal, o qual cumpre duas funções principais: primeiro a de selecionar explicitamente a dimensão do objeto a ser analisado e, posteriormente, apresentar essa dimensão de uma maneira pura, sem suas sutilezas concretas. A identidade criada pelos sociólogos, deixa clara o comportamento do homem no Estado, o poder colocado dentro do estado induz o pensamento coletivo e as amarras do poder tanto podem ser mantidas como quebradas. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 2 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM Questão 01 Basta uma vista de olhos pelas estatísticas ocupacionais de um país pluriconfessional para constatar a notável frequência de um fenômeno por diversas vezes vivamente discutido na imprensa e na literatura católicas bem como nos congressos católicos da Alemanha: o caráter predominantemente protestante dos proprietários do capital e empresários, assim como das camadas superiores da mão de obra qualificada, notadamente do pessoal de mais alta qualificação técnica ou comercial das empresas modernas. WEBER, Max. A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 29. O livro A ética protestante e o “espírito” do capitalismo começa com a constatação de uma relação entre dois fenômenos. Que fenômenos são esses, expressos no texto acima? a) Confissão religiosa e estratificação social. b) Confissão religiosa e preferência sexual. c) Estratificação social e desenvolvimento social. d) Formação universitária e desenvolvimento econômico. e) Estatística e literatura. Questão 02 O Manifesto do Partido Comunista, escrito por Marx e Engels no ponto de inflexão entre as reflexões de juventude e a obra de maturidade, sintetiza os resultados da concepção materialista da história alcançados pelos dois autores até 1848. A dinâmica do desenvolvimento histórico é então concebida como resultante do aprofundamento da tensão entre forças produtivas e relações de produção, que se expressaria através da luta política aberta. Com base na concepção materialista da história defendida por Marx e Engels no Manifesto, selecione a alternativa correta. a) A história das sociedades humanas até agora existentes tem sido o resultado do agravamento das contradições sociais que, uma vez maturadas, explode através da luta de classes. b) A história das sociedades humanas é o resultado dos desígnios da providência que atuam sobre a consciência dos homens e forjam os rumos do desenvolvimento social. c) A história das sociedades humanas é o resultado de acontecimentos fortuitos e casuais, independentes da vontade dos homens, que acabam moldando os rumos do desenvolvimento social. d) A história das sociedades humanas é o resultado inevitável do desenvolvimento tecnológico, que não só aumenta a produtividade do trabalho, como elimina o antagonismo entre as classes sociais. e) A história das sociedades humanas é o resultado da ação desempenhada pelos grandes personagens que, através de sua emulação moral, guiam as massas no sentido das transformações sociais pacíficas. Questão 03 Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade — fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social. MARX, K. “Prefácio à Crítica da economia política.” In: MARX, K.; ENGELS, F. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado). Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia. b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material. c) a consolidaçãodas forças produtivas seja compatível com o progresso humano. d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico. e) a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe. Questão 04 A sociologia desenvolvida por Max Weber é tradicionalmente conhecida como sociologia compreensiva. Assinale a alternativa correta a respeito da sociologia weberiana: a) Para Max Weber, os fatos sociais devem ser tratados como coisas. b) Para Weber, a ação compreensiva é a ação com sentido, sendo analisada mediante tipos puros ou ideais. c) Segundo Weber, a sociologia deve estar comprometida com a transformação social resultante da luta de classes. d) Weber está interessado em compreender o desenvolvimento do capitalismo moderno. Por isso ele desenvolve a noção de solidariedade orgânica e mecânica. e) Weber pouco se interessou pelo fenômeno da Religião. Segundo ele, a religião é o ópio do povo e, por isso, deve ser substituída pela razão como forma de compreender o mundo. Questão 05 Leia o texto a seguir. Antigamente nem em sonho existia tantas pontes sobre os rios, nem asfalto nas estradas. Mas hoje em dia tudo é muito diferente com o progresso nossa gente nem sequer faz uma ideia. Tenho saudade de rever nas currutelas as mocinhas nas janelas acenando uma flor. Por tudo isso eu lamento e confesso que a marcha do progresso é a minha grande dor. Cada jamanta que eu vejo carregada transportando uma boiada me aperta o coração. E quando olho minha traia pendurada de tristeza dou risada pra não chorar de paixão. (Adaptado de: Nonô Basílio e Índio Vago. Mágoa de Boiadeiro.) VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 3 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) O texto aproxima-se sociologicamente da leitura teórica de a) Comte, que defende a necessidade de formas tradicionais de vida em detrimento da desilusão do progresso. b) Durkheim, que analisa o progresso como elemento desagregador da vida social ao provocar o enfraquecimento das instituições. c) Marx, que condena o desenvolvimento das forças produtivas por seus efeitos alienantes sobre o homem. d) Spencer, que tem uma leitura romântica da sociedade e vê o passado como mais rico culturalmente. e) Weber, para quem a modernização e a racionalização é acompanhada pelo desencantamento do mundo. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 01 (Uem 2017) “Não sois máquinas! Homens é que sois!” Trecho do último discurso de Charlie Chaplin no final do filme O grande ditador, 1940. www.culturabrasil.org/discurso_grande_ditador_chaplin.htm. A partir da afirmação acima e de conhecimentos em sociologia, assinale o que for correto: 01) Em sociedades como a nossa, organizadas a partir de relações produtivas nas quais os trabalhadores detêm apenas sua força de trabalho e os empresários capitalistas são donos dos recursos produtivos, Karl Marx identificou um fenômeno chamado exploração de mais valia. 02) Sociedades organizadas a partir de divisão social do trabalho, nas quais há especialização de atividades e funções, expressam um tipo de vínculo que Émile Durkheim chamou de solidariedade orgânica. 04) Max Weber defendeu que as ações sociais nas sociedades industrializadas são predominantemente orientadas em relação a seus fins, fato que denominou racionalidade. 08) O bordão “tempo é dinheiro”, cunhado por Benjamin Franklin, é recuperado por Émile Durkheim em seus trabalhos e se refere aos bons princípios de organização social da sociedade moderna. 16) Segundo Émile Durkheim, o trabalho não pode ser um fato social enquanto a sociedade não alcançar o pleno emprego. Questão 02 (Upe-ssa 1 2017) Observe a imagem a seguir: Percebe-se nela que a sociedade prevalece sobre as ações dos indivíduos, aprisionando-os. Dessa forma, o conteúdo da imagem representa um objeto de estudo da Sociologia, constituído historicamente como um conjunto de relações entre os homens na vida em sociedade. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 4 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) Sobre as características do objeto de estudo apresentado, é CORRETO afirmar que a) Karl Marx elaborou o que considerava a relação indivíduo- sociedade como um conjunto de condições materiais manipuladas pelos indivíduos, objetivando organizar e manter as relações sociais de produção. b) a ação individual é o principal conceito desse objeto e só faz sentido na consciência de classe, possibilitando aos grupos mais ricos atuarem sobre os grupos mais pobres, aumentando a desigualdade social. c) as normas, os comportamentos e as regras são os aspectos fundantes do objeto em destaque. Seguidos pelos indivíduos, esses aspectos da vida social são construídos fora das consciências individuais para manter a sociedade coesa. d) a conduta dos indivíduos é valorizada, pois a ação individual tem mais importância que a imposição coercitiva das normas sociais. e) Max Weber criou o que denominou a “ação do indivíduo”, orientada pela ação de outros e estabelecida por uma relação significativa. Questão 03 Analise a teoria marxista do materialismo dialético. Questão 04 Desde o início da sociologia, no século XIX, se vem discutindo a respeito da religião: se tem ou não importância; qual seu papel; qual a sua função social; etc. Igualmente, desde então há diferentes teorias que visam melhor elucidá-la. Assinale a alternativa CORRETA. a) Na visão de Marx e Engels, a religião, obra humana, é um bem, pois que alienaria os homens quanto à realidade na qual viveriam. b) Para Durkheim a religião é um fato social, o qual tem como função social aprimorar a solidariedade interna do grupo e prejudicar a própria coesão. c) Na compreensão de Weber o que importa na religião é esta servir à dinâmica social, deste modo não analisa a religião em busca da harmonia social. d) A religião, pode ser vista como um componente presente, ao longo da história, nas diferentes culturas e povos, criando e orientando sua visão de mundo. e) As concepções religiosas permitem a analise real e próxima do conhecimento puro sobre sua origem e suas relações sociais. Questão 05 Na visão de Max Weber, a função do sociólogo é compreender o sentido das chamadas ações sociais, e fazê-lo é encontrar os nexos causais que as determinam. Um dos clássicos da sociologia, autor dessa definição de ação social, que para ele constitui o objeto de estudo da sociologia, apontou a existência de quatro tipos de ação social. Quais são elas? a) Ação tradicional, ação afetiva, ação política com relação a valores, ação política com relação a fins. b) Racional, quando visa aos fins ou aos valores, afetiva, quando é determinada por afetos e estados sentimentais e tradicional, quando determinada por um costuma já estabelecido. c) Ação tradicional, ação emotiva, ação racional com relação a fins e ação política não esperada. d) Ação tradicional, ação afetiva, ação política com relação a valores e ação racional com relação a fins. e) Ação tradicional, ação afetiva, ação racional e ação carismática. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 5 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) RESOLUÇÕES DAS QUESTÕES DE CASA Questão 01: Resolução: 01 + 02 + 04 = 07. Questão 02: Resolução: Resposta: Alternativa C Questão 03: Resolução: Para Marx, a sociedade existe a partir das relações materiais de produção, que são fundamentadasno trabalho humano. Resposta: Alternativa Questão 04: Resolução: . Resposta: Alternativa D Questão 05: Resolução: Resposta: Alternativa B VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA Prof. Márcio Michiles CAPITAL E TRABALHO TRABALHO, ALIENAÇÃO E SOCIEDADE CAPITALISTA O fundamento da alienação, para Marx, encontra-se na atividade humana prática: o trabalho. Segundo ele, o fato econômico é “o estranhamento entre o trabalhador e sua produção” e seu resultado é o “trabalho alienado, cindido” que se torna independente do produtor, hostil a ele, estranho, poderoso e que, ademais, pertence a outro homem que o subjuga (subjugar = ter sob domínio, conquistar, vencer). Marx sublinha três aspectos da alienação: 1) o trabalhador relaciona-se com o produto do seu trabalho como algo alheio a ele, que o domina e lhe é adverso (adverso = contrário, oposto, hostil), e relaciona-se da mesma forma com os objetos naturais do mundo externo; o trabalhador é alienado em relação às coisas; 2) a atividade do trabalhador tampouco está sob seu domínio, ele a percebe como estranha a si próprio, assim como sua vida pessoal e sua energia física e intelectual, sentidas como atividades que não lhe pertencem; o trabalhador é alienado em relação a si mesmo; 3) a vida genérica ou produtiva do ser humano torna-se apenas meio de vida para o trabalhador, ou seja, seu trabalho - que é sua atividade vital consciente e que o distingue dos animais - deixa de ser livre e passa a ser unicamente meio para que sobreviva. Portanto, “do mesmo modo como o operário se vê rebaixado no espiritual [intelectual] e no corporal à condição de máquina, fica reduzido de homem a uma atividade abstrata e a um estômago”. Isso por que: Ele trabalha para viver. O operário nem sequer considera o trabalho como parte de sua vida, para ele é, antes, um sacrifício de sua vida. É uma mercadoria por ele transferida a um terceiro. Por isso o produto de sua atividade não é tampouco o objetivo dessa atividade. O que o trabalhador produz para si mesmo não é a seda que tece, nem o ouro que extrai da mina, nem o palácio que constrói. O que produz para si mesmo é o salário, e a seda, o ouro e o palácio reduzem-se para ele a uma determinada quantidade de meios de vida, talvez a um casaco de algodão, umas moedas de cobre e um quarto num porão. E o trabalhador que tece, fia, perfura, torneia, cava, quebra pedras, carrega etc. durante doze horas por dia - são essas doze horas de tecer, fiar, tornear, construir, cavar e quebrar pedras a manifestação de sua vida, de sua própria vida? Pelo contrário. Para ele a vida começa quando terminam essas atividades, à mesa de sua casa, no banco do bar, na cama. Às doze horas de trabalho não têm para ele sentido algum enquanto tecelagem, fiação, perfuração etc., mas somente como meio para ganhar o dinheiro que lhe permite sentar-se à mesa, ao banco no bar e deitar-se na cama. Se o bicho-da-seda fiasse para ganhar seu sustento como lagarta, seria o autêntico trabalhador assalariado. Dito de outra maneira, o trabalhador e suas capacidades humanas só existem para o capital. Se ele não tem trabalho, não tem salário, não tem existência. Só existe quando se relaciona com o capital e, como este lhe é estranho (alheio) a vida do trabalhador é também estranha (alienada) para ele próprio. Diz Marx que o malandro, o sem-vergonha, o mendigo, o faminto, o miserável, o delinquente não existem para a economia política, são fantasmas fora de seu reino, já que ela somente leva em conta as necessidades do trabalhador cujo atendimento permite manter vivo a ele e a categoria dos trabalhadores. O salário serve para conservar o trabalhador como qualquer outro instrumento produtivo. Nas sociedades divida em classes não fazem parte das necessidades humanas a beleza, a paixão, a cultura e os demais seres humanos. Mas enquanto existir a propriedade privada dos meios de produção, as necessidades dos homens resumem-se ao dinheiro, e as novas necessidades criadas servirão para obrigá- los a maiores sacrifícios e dependência. Com a massa de objetos que cresce, portanto, o reino dos seres alheios aos qual o homem está submetido, e cada novo produto é uma nova potência do recíproco Engano e da recíproca exploração. O homem, enquanto homem faz-se mais pobre, Necessita mais do dinheiro para apoderar-se do ser inimigo. Resumindo, o operário não se reconhece no produto que criou, nem vê no trabalho qualquer finalidade que não seja a de garantir sua sobrevivência. A divisão capitalista do trabalho e mesmo a atividade profissional exercida atendem aos interesses particulares dos grupos dominantes e só eventualmente aos dos produtores. As decisões a respeito do quê, do quanto, de como, em que ritmo e por meio de quais métodos se produz escapam quase inteiramente da razão do produtor direto, “retiram do trabalho do proletário todo o caráter substantivo e fazem com que perca todo atrativo para ele. O produtor converte-se num simples apêndice da máquina e só se exigem dele as operações mais simples, mais monótonas e de mais fácil aprendizagem”. Sendo assim, ele é mais facilmente substituível por outro trabalhador, “especializado” em atos abstratos (que opera unicamente com noções: ciências abstratas, número abstrato) e com precária capacidade de negociar melhores condições de vida e trabalho. Desse modo, Hoje em dia o custo do operário se reduz, mais ou menos, aos meios de subsistência indispensáveis para viver e perpetuar sua linhagem. Mas o preço do trabalho, como de toda mercadoria, é igual ao custo de sua produção. Portanto, quanto mais enfadonho é o trabalho, mais baixam os salários. (...) Quanto menos o trabalho exige habilidade e força, isto é, quanto maior é o desenvolvimento da indústria moderna, maior é a proporção em que o trabalho dos homens é suplantado pelo das mulheres e crianças. As diferenças de idade e sexo perdem toda significação social no que se refere à classe operária. Não há senão instrumentos de trabalho cujo custo varia segundo a idade e o sexo. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 2 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) Marx considera que o trabalhador não se sente feliz, mortifica seu corpo e arruína seu espírito no trabalho que é obrigado a fazer, que é externo a ele. E se não existisse coação (coação = obrigar, forçar, constranger), ele fugiria do trabalho como da peste... Ele só se sente de fato livre em suas funções animais e em suas funções humanas sente-se como um animal: “O animal se converte no humano, o humano no animal”. No sistema capitalista, a força de trabalho é regulada como qualquer mercadoria. Assim, “se a oferta é muito maior do que a demanda, uma parte dos operários mergulha na mendicância ou morre de inanição [desemprego]”. A quantificação (quantificação = ato ou efeito de determinar a quantidade de qualquer coisa) dos produtos do trabalho humano permite o cálculo de sua equivalência (equivalência = igualdade de valor). Troca-se certa quantidade de moeda por um saco de cimento. Mas essa relação parece ocorrer entre coisas. Embora seja “uma relação social determinada dos homens entre si (...) adquire para eles a forma fantástica de uma relação de coisas entre si”. Este é o que Marx chama de caráter fetichista da mercadoria, dado pela incapacidade dos produtores de perceber que, através da troca dos frutos de seus trabalhos no mercado, são eles próprios que estabelecem uma relação social (e não, como a primeira vista pode parecer, as mercadorias que eles produzem). Isso quer dizer que as relações sociais aparecemaos olhos dos homens encantadas (fetiche) sob a forma de valor (ou dinheiro), como se este fosse uma propriedade natural das coisas. Através da forma valor-dinheiro, o caráter social dos trabalhos privados e as relações sociais entre os produtores se obscurecem (ou seja, não percebemos que por detrás de um preço existe uma produção social, isto é, homens, mulheres e, até mesmo crianças, sendo exploradas para produzir aquela mercadoria que depois aparecerá nas “bonitas” vitrines de lojas com uma marca, etiqueta e um preço). É como se um véu nublasse a percepção da vida social materializada na forma dos objetos, dos produtos do trabalho e de seu valor. Para Marx o propósito último da crítica-prática (de sua teoria e de sua ação) é mostrar o caminho da humanização, a fim de que os homens possam assumir a direção da produção, orientando-a segundo sua vontade consciente e suas necessidades e, não, de acordo com um poder “externo” (no caso do capitalismo a burguesia) que regule a produção. A extinção das diversas formas de alienação exige que “as condições de trabalho e da vida prática apresentem ao homem [como] relações transparentes e racionais com seus semelhantes e com a natureza”, reclama, então, uma sociedade onde o conflito entre homem e natureza e entre homem e homem se resolva: a sociedade comunista VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 3 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM Questão 01 (Enem 2014) Mas plantar pra dividir Não faço mais isso, não. Eu sou um pobre caboclo, Ganho a vida na enxada. O que eu colho é dividido Com quem não planta nada. Se assim continuar vou deixar o meu sertão, mesmo os olhos cheios d‘água e com dor no coração. Vou pró Rio carregar massas pros pedreiros em construção. Deus até está ajudando: está chovendo no sertão! Mas plantar pra dividir, Não faço mais isso, não. VALE, J; AQUINO, J. B. Sina de caboclo. São Paulo: Polygram, 1994 (fragmento). No trecho da canção, composta na década de 1960, retrata-se a insatisfação do trabalhador rural com a) a distribuição desigual da produção. b) os financiamentos feitos ao produtor rural. c) a ausência de escolas técnicas no campo. d) os empecilhos advindos das secas prolongadas. e) a precariedade de insumos no trabalho do campo. Questão 02 (Enem PPL 2012) Uma gigante empresa taiwanesa do setor de tecnologia vai substituir parte de seus funcionários por um milhão de robôs em até três anos, segundo a agência de notícias chinesa. O objetivo é cortar despesas. Os robôs serão usados para fazer trabalho simples e de rotina, como limpeza, soldagem e montagem, atividades que atualmente são feitas por funcionários. A empresa já tem 10 mil robôs e o número deve chegar a 300 mil em 2012 e a um milhão em três anos. “Fabricante do Ipad vai trocar trabalhadores por um milhão de robôs em três anos”. Disponível em: http://noticias.r7.com. Acesso em: 21 ago. 2011. (adaptado) Em relação aos efeitos da decisão da empresa, uma divergência entre o empresário e os funcionários, no exemplo citado, encontra-se nos respectivos argumentos: a) Aumento da eficiência – Perda dos postos de trabalho. b) Reforço da produtividade – Ampliação das negociações. c) Diminuição dos custos – Redução da competitividade. d) Inovação dos investimentos – Flexibilização da produção. e) Racionalização do trabalho – Modernização das atividades. Questão 03 (Enem 2011) Estamos testemunhando o reverso da tendência histórica da assalariação do trabalho e socialização da produção, que foi característica predominante na era industrial. A nova organização social e econômica baseada nas tecnologias da informação visa à administração descentralizadora, ao trabalho individualizante e aos mercados personalizados. As novas tecnologias da informação possibilitam, ao mesmo tempo, a descentralização das tarefas e sua coordenação em uma rede interativa de comunicação em tempo real, seja entre continentes, seja entre os andares de um mesmo edifício. CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2006 (adaptado). No contexto descrito, as sociedades vivenciam mudanças constantes nas ferramentas de comunicação que afetam os processos produtivos nas empresas. Na esfera do trabalho, tais mudanças têm provocado a) o aprofundamento dos vínculos dos operários com as linhas de montagem sob influência dos modelos orientais de gestão. b) o aumento das formas de teletrabalho como solução de larga escala para o problema do desemprego crônico. c) o avanço do trabalho flexível e da terceirização como respostas às demandas por inovação e com vistas à mobilidade dos investimentos. d) a autonomização crescente das máquinas e computadores em substituição ao trabalho dos especialistas técnicos e gestores. e) o fortalecimento do diálogo entre operários, gerentes, executivos e clientes com a garantia de harmonização das relações de trabalho. Questão 04 (Enem 2010) Homens da Inglaterra, por que arar para os senhores que vos mantêm na miséria? Por que tecer com esforços e cuidado as ricas roupas que vossos tiranos vestem? Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o túmulo esses parasitas ingratos que exploram vosso suor — ah, que bebem vosso sangue? SHELLEY. “Os homens da Inglaterra’. Apud HUBERMAN, L. In: História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. A análise do trecho permite identificar que o poeta romântico Shelley (1792-1822) registrou uma contradição nas condições socioeconômicas da nascente classe trabalhadora inglesa durante a Revolução Industrial. Tal contradição está identificada a) na pobreza dos empregados, que estava dissociada da riqueza dos patrões. b) no salário dos operários, que era proporcional aos seus esforços nas indústrias. c) na burguesia, que tinha seus negócios financiados pelo proletariado. d) no trabalho, que era considerado uma garantia de liberdade. e) na riqueza, que não era usufruída por aqueles que a produziam. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 4 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) Questão 05 (Enem 2011) A introdução de novas tecnologias desencadeou uma série de efeitos sociais que afetaram os trabalhadores e sua organização. O uso de novas tecnologias trouxe a diminuição do trabalho necessário que se traduz na economia líquida do tempo de trabalho, uma vez que, com a presença da automação microeletrônica, começou a ocorrer a diminuição dos coletivos operários e uma mudança na organização dos processos de trabalho. Revista Eletrônica de Geografia Y Ciências Sociales.Universidad de Barcelona. Nº 170(9), 1 ago. 2004. A utilização de novas tecnologias tem causado inúmeras alterações no mundo do trabalho. Essas mudanças são observadas em um modelo de produção caracterizado a) pelo uso intensivo do trabalho manual para desenvolver produtos autênticos e personalizados. b) pelo ingresso tardio das mulheres no mercado de trabalho no setor industrial. c) pela participação ativa das empresas e dos próprios trabalhadores no processo de qualificação laboral. d) pelo aumento na oferta de vagas para trabalhadores especializados em funções repetitivas. e) pela manutenção de estoques de larga escala em função da alta produtividade. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 01 O operário representado por Charles Chaplin na obra cinematográfica Tempos Modernos, critica o modelo de produção do início do século XX, nos Estados Unidos da América, que se espalhou por diversos países e setores da economia e teve como resultado a) a subordinação do trabalhador àmáquina, levando o homem a desenvolver um trabalho repetitivo. b) a ampliação da capacidade criativa e da polivalência funcional para cada homem em seu posto de trabalho. c) a organização do trabalho, que possibilitou ao trabalhador o controle sobre a mecanização do processo de produção. d) o rápido declínio do absenteísmo, o grande aumento da produção conjugado com a diminuição das áreas de estoque. e) as novas técnicas de produção, que provocaram ganhos de produtividade, repassados aos trabalhadores como forma de eliminar as greves. Questão 02 Na imagem, estão representados dois modelos de produção. A possibilidade de uma crise de superprodução é distinta entre eles em função do seguinte fator: a) Origem da matéria-prima. b) Qualificação da mão de obra. c) Velocidade de processamento. d) Necessidade de armazenamento. e) Amplitude do mercado consumidor. Questão 03 Ao longo da história da humanidade, variando com o nível cultural e com o estágio evolutivo de cada sociedade, o trabalho tem sido percebido de forma diferenciada. Como lembra Peter Drucker, o trabalho é tão antigo quanto o ser humano. Sobre o trabalho ao longo da história humana podemos afirmar que: a) O trabalho não é mais do que um instrumento criador de riqueza, pois o homem possui seu valor intrínseco, por isso o trabalho não faz parte da essência do ser humano. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 5 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) b) O trabalho não está relacionado à personalidade do homem, pois a profissão que exerce não determina quem você é e nem seus hábitos e relacionamentos. c) No começo dos tempos, o trabalho era a luta constante para sobreviver, a necessidade de comer de se abrigar, etc. d) O avanço da agricultura, de seus instrumentos e ferramentas trouxe progressos ao trabalho, levando o homem a acomodação e fazendo o trabalho perder importância. e) A Revolução Industrial afetou só o valor e as formas de trabalho, sem interferir em sua organização e nem na instituição de políticas sociais. Questão 04 “Tá vendo aquele edifício, moço, ajudei a levantar. Foi um tempo de aflição, eram quatro condução, duas pra ir, duas pra voltar. Hoje depois dele pronto, olho pra cima e fico tonto, mas chega um cidadão e me diz desconfiado: tu tá aí admirado, ou tá querendo roubar. Meu domingo tá perdido, vou pra casa entristecido, dá vontade de beber e pra aumentar o meu tédio, eu nem posso olhar pro prédio, que eu ajudei a fazer. Tá vendo aquele colégio, moço, eu também trabalhei lá. Lá eu quase me arrebento, pus massa, fiz cimento, ajudei a rebocar. Minha filha, inocente, vem pra mim toda contente: Pai quero estudar. Mas me diz um cidadão: criança de pé no chão aqui não pode estudar. Esta dor doeu mais forte. Por que eu deixei o Norte, eu me pus a me dizer. Lá a seca castigava, mas o pouco que eu plantava, tinha direito de comer. Tá vendo aquela Igreja, moço, onde o padre diz amém. Pus o sino e o badalo, enchi minha mão de calo, lá eu trabalhei também. Lá sim, valeu a pena, tem quermesse, tem novena, e o padre me deixa entrar. Foi lá que Cristo me disse: rapaz, deixe de tolice, não se deixe amedrontar. Fui eu que criei a terra, enchi os rios, fiz a serra, não deixei nada faltar. Hoje o homem criou asas, e na maioria das casas, eu também não posso entrar”. (Música “Cidadão”, escrita por Zé Geraldo em 1981.) - Tomando o texto como referência e analisando a questão do conceito de “Mais-Valia” para Karl Marx, é válido afirmar que: a) Mais-Valia seria a diferença entre o valor da força de trabalho e o valor do produto do trabalho, sem a qual não existiria o capitalismo b) A Mais-Valia não foi tematizada por Karl Marx, sendo ela era própria do período medieval, quando as pessoas viviam nos feudos medievais. c) Por Mais-valia é possível entender como o lucro que o burguês tem no final do mês, diferença justa entre receitas e despesas. d) O conceito de Mais-Valia depende da administração do proletário, que administra as rendas obtidas através da exploração do burguês. e) É incoerente atribuir a Karl Marx a expressão Mais-Valia, sendo que os marxistas que, equivocadamente, atribuem a Marx o termo. Questão 05 Assinale a alternativa que não corresponde a uma interpretação sociológica possível da tirinha acima. a) O negócio motivacional assume uma função ideológica. b) O líder é um proletário. c) O chefe da empresa é um proletário. d) O dono da empresa e o chefe são a mesma pessoa. e) O dono da empresa é quem se apropria da produção dos trabalhadores. Questão 06 Segundo Karl Marx, a revolução Industrial solidificou e criou as reais condições de acumulo de capital para o sistema capitalista. Discorra sobre a relação de acumulo de capital e o processo da revolução industrial. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 6 CURSO ANUAL DE SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) RESOLUÇÕES DAS QUESTÕES DE CASA Questão 01: Resolução: Resposta: Alternativa A Questão 02: Resolução: Resposta: Alternativa D Questão 03: Resolução: Resposta: Alternativa C Questão 04: Resolução: Resposta: Alternativa A Questão 05: Resolução: Resposta: Alternativa D Questão 06: Resolução: Revolução Industrial instaurou um novo modelo de produção que acentuou ainda mais as desigualdades, promovendo grandes riquezas para alguns poucos à custa do trabalho degradante de muitos. O caso inglês é paradigmático por ser o primeiro país onde ocorreu tal revolução do modo de produção, que ocasionou o fechamento dos campos – utilizados até então pelos camponeses – para a produção de insumos a serem utilizados na produção industrial. Isso fez com que muitos trabalhadores rurais tivessem que migrar para as cidades em busca de emprego nas fábricas, gerando uma massa de trabalhadores que ajudava a pressionar o valor dos salários para baixo. Não por acaso, uma das mais aguçadas análises sociológicas deste modelo de produção, qual seja, o capitalismo industrial, se dá na Inglaterra do século XIX, com base nos trabalhos de Friedrich Engels (ele próprio filho de industrial) e de Karl Marx. Nestes estudos já está presente a denúncia da exploração, ela própria inerente à lógica capitalista, que tira da força de trabalho vendida pelo operário a fonte da mais-valia, que é a base do lucro para o dono do capital. Resposta: Alternativa VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA Prof. Márcio Michiles DESIGUALDADES E ESTRATIFICAÇAO SOCIAL INTRODUÇÃO Segundo o dicionário de sociologia de Allan G. Johnson, estratificação “é o processo social através do qual vantagens e recursos tais como riqueza, poder e prestígio são distribuídos sistemática e desigualmente entre as sociedades”. Portanto, estratificação é uma forma de analisar as diferenças entre os grupos e indivíduos. As principais formas de desigualdade são: econômica, racial, de gênero e regional. A mobilidade social é ação de mudar de um estrato para o outro. Neste sentido, estratificação é também uma forma de classificar as pessoas em categorias como classe, gênero e raça. De forma geral, há três tipos básicos de estratificação social: a) Casta; b) Estamento e c) classe social. A casta são formas de posicionamento social baseado em rígidas regras endossadas pela cosmologia (cultural e religiosa) de que determinados grupos e pessoas só podem exercer determinadas funções, cujo status é definido de forma hereditária. A exemplo disso temos a Índia antes da colonização (embora tal estrutura tenhaperdurado por muito tempo). Já os estamentos são também rígidos, porém são definidos para além da religião e hereditariedade, sendo as relações construídas por meio da honra, havendo também pouca mobilidade social (embora mais que no sistema de castas). Um bom exemplo disso foi a Europa feudal. A classe social é um tipo específico de estratificação que se tornou dominante com o advento da Modernidade, cuja classificação dos indivíduos se baseia, sobretudo, nas riquezas materiais e posses, especialmente dos meios de produção. Neste sistema o principal critério é o econômico. A raça e gênero ainda que levados em consideração têm menor grau de relevância. Em relação às demais formas de estratificação, as castas é o que possui maior mobilidade social e também maior desigualdade. Além disso, vale ressaltar que não há apenas um tipo de desigualdade, portanto o que há são desigualdades. Existem, inclusive, desigualdades que são biológicas e inerentes ao próprio indivíduo. As desigualdades que são objeto da sociologia são aquelas cujas construções são oriundas de relações e processos sociais. As desigualdades sociais podem ser econômica, racial, de gênero e regional A estratificação social foi tema de diversas pesquisas do saudoso Octavio Ianni. O sociólogo uspiano dedicou-se à compreensão das diferenças sociais e das injustiças a elas associadas, tendo por objeto criar condições compreensivas que favorecem o desenvolvimento de meios de superá-las. No início da década de 1970 Ianni foi convidado pela Companhia Editorial Nacional para organizar a obra “Teorias de Estratificação Social”, na qual dedicou-se a selecionar os melhores textos que tratavam do tema, tendo reunido textos clássicos e contemporâneos (dentre eles artigos de Mills, Durhkeim, Marx e Engels, Weber, Toennies, Sombart e Lukács). De acordo com ele, a “intenção foi apresentar textos que suscitassem reflexões e temas para pesquisa” (IANNI, 1973, p. 9). A obra foi publicada em 1973, sendo composta de 19 artigos, agrupados em 4 capítulos (Mudanças Estruturais, Castas, Estamentos e Classes). No início de cada capítulo escreveu breves introduções, as quais nos apontam elementos riquíssimos para uma compreensão introdutória da temática geral do obra: estratificação social. A seguir destacamos parte dessas contribuições. Em se tratando de estratificação social, Octavio Ianni afirma que para uma melhor compreensão é necessário entender as estruturas econômicas e políticas da sociedade analisada, uma vez que para ele, “A maneira pela qual se estratifica uma sociedade depende da maneira pela qual os homens se reproduzem socialmente. E a maneira pela qual os homens se reproduzem socialmente está diretamente ligada ao modo pelo qual eles organizam a produção econômica e o pode político” (IANNI, 1973, p.11). Nesse sentido, os três tipos clássicos de estratificações sociais (castas, estamentos e classes) estão ligados a essas duas estruturas de poder (econômico e político); ainda que elementos culturais também são importantes estruturadores da sociedade e, consequentemente, classificadores. Desta forma, não pode escapar ao cientista social uma interpretação desses dois elementos. Em suas palavras, “[…] não se pode compreender o processo de estratificação social enquanto não se examina a maneira pela qual se organizam as estruturas de apropriação (econômica) e dominação (política)” (IANNI, 1973, p. 11). Para Ianni, a principal diferença entre os tipos clássicos de estratificação está na abertura ou rigidez das estruturas sociais para a possibilidades dos indivíduos migrar de um estrato para outro. “Na medida em que as estruturas de apropriação e dominação são mais ou menos abertas (ou rígidas) as condições e possibilidades de classificação e mobilidade social serão mais ou menos abertas (ou rígidas)” (IANNI, 1973, p. 11). Nesse sentido, o que caracterizaria as classes sociais seria as estruturas sociais próprias do Capitalismo que se apresentam abertas, possibilitando ao indivíduos a migração entre as classes ao longo de sua vida (podendo acender, quando descender no estrato social). No caso das Castas, as estruturas econômicas e políticas se apresentam em decorrência das condições religiosas, raciais, hereditárias e ocupacional e essas categorias parecem predominar no pensamento coletivo e influenciar fortemente as ações das pessoas. Como tais categorias são tradicionais e pouco mutáveis, os indivíduos acabem não tendo condições de migrar estrato social (de casta). http://www.cafecomsociologia.com/2010/07/estratificacao-social-parte-1.html http://www.cafecomsociologia.com/2013/01/conceito-e-tipos-de-mobilidade-social.html http://www.cafecomsociologia.com/2013/04/conceitos-sociologicos-em-expressoes.html VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 2 CURSO ANUAL DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) Em se tratando das sociedades estamentais, é indispensável a compreensão do modo pelo qual as categorias tradição, linhagem, vassalagem, honra e cavalheirismo estão presentes no pensamento e na ação das pessoas, pois é a partir delas que se organiza a sociedade em estratos social. Os estamentos são característicos de sociedade feudais. Assim, “[…] as diversas configurações histórico-estruturais mencionadas correspondem a distintas modalidades de organização das condições de reprodução social […]” (IANNI, 1973, p. 13). Para compreendermos a estratificações no interior de cada sociedade é importante considerar as formas de “cristalização” da divisão social do trabalho no âmbito de toda estrutura social e em sues diversos setores produtivos, de organização política, religiosa e intelectual. Em síntese, “a divisão social do trabalho é um processo condicionado pelo modo de produção (asiático, escravocrata, feudal e capitalista)[…] Isto é, as contradições estruturais inerentes às relações e hierarquias de castas (e subcastas), estamentos e classes sociais exprimem a maneira pela qual se distribui o produto (econômico) e o poder (político), no conjunto da sociedade, bem como em seus seguimentos” (IANNI, 1973, p. 13-14). Quadro 1 – Estratos Sociais. Fonte: elaboração própria com base em Ianni (1973). Referência IANNI, Octavio. Teoria de estratificação social: leitura de sociologia. São Paulo: Editora Nacional, 1973. …. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 3 CURSO ANUAL DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM Questão 01 Leia o texto e analise a figura a seguir. Em 1991, a renda média das brasileiras correspondia a 63% do rendimento masculino. Em 2000, chegou a 71%. As conquistas comprovam dedicação, mas também necessidade. As pesquisas revelam que quase 30% delas apresentam em seus currículos mais de dez anos de escolaridade, contra 20% dos profissionais masculinos. PROBST, Elisiana Renata. “A evolução da mulher no mercado de trabalho”. Revista do Instituto Catarinense de Pós Graduação. Disponível em: <www.icpg.com.br>. Acesso em: 4 abr. 2014 Tendo em vista o texto e o implícito no discurso iconográfico, percebe-se a) as diferenças na valorização da força de trabalho entre os gêneros e a ampliação das demandas das mulheres na luta pelo reconhecimento social. b) a queda da taxa de fecundidade, elevando a renda feminina, e os tabus da adequação a padrões de beleza vigentes. c) a alteração do perfil das trabalhadoras que se tornam mais velhas, casadas e mães e a participação das mulheres no movimento feminista. d) a classificação do trabalho doméstico contabilizadocomo atividade econômica e a continuidade de modelos familiares tradicionais. e) as diferenças da jornada de trabalho entre os gêneros e a influência da mídia estabelecendo um padrão de corpo feminino. Questão 02 Leia o texto a seguir. O espaço urbano é simultaneamente fragmentado e articulado: cada uma de suas partes mantém relações espaciais com as demais, ainda que de intensidade muito variável. (CORRÊA, R. L. O Espaço Urbano. 4.ed. São Paulo: Ática, 2004. p.7. Série Princípios.) De acordo com Corrêa, os agentes que fazem e refazem a cidade são os seguintes: os proprietários dos meios de produção, sobretudo os grandes industriais, os proprietários fundiários, os promotores imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos. Com base nos conhecimentos sobre as dinâmicas desses agentes, considere as afirmativas a seguir. I. O Estado Capitalista atua de forma complexa e variável tanto no tempo como no espaço, refletindo a dinâmica da sociedade da qual é parte constituinte. II. O que define a renda pré-capitalista da terra é a renda em trabalho promovida pela ocupação dos espaços da periferia urbana pelos grupos sociais excluídos. III. Os promotores imobiliários atuam para prevenir a segregação residencial que ocorre nas cidades, promovendo a função social da terra. IV. Os grandes proprietários industriais e as empresas comerciais atuam sobre o espaço, transformando-o em mercadoria. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. Questão 03 Do outro lado do Atlântico, a coisa é bem diferente. A classe média europeia não está acostumada com a moleza. Toda pessoa normal que se preze esfria a barriga no tanque e a esquenta no fogão, caminha até a padaria para comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias mãos. SETTI, A. Disponível em: http://colunas.revistaepoca.globo.com. Acesso em: 21 maio 2013 (fragmento). A diferença entre os costumes assinalados no texto e os da classe média brasileira é consequência da ocorrência no Brasil de a) automação do trabalho nas fábricas, relacionada à expansão tecnológica. b) ampliação da oferta de empregos, vinculada à concessão de direitos sociais. c) abertura do mercado nacional, associada à modernização conservadora. d) oferta de mão de obra barata, conjugada à herança patriarcal. e) consolidação da estabilidade econômica, ligada à industrialização acelerada. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 4 CURSO ANUAL DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) Questão 04 O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976 e recebeu diversos prêmios por suas ilustrações. Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte para a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais. b) estabelecer uma postura proativa da sociedade. c) provocar a reflexão sobre essa realidade. d) propor alternativas para solucionar esse problema. e) retratar como a questão é enfrentada em vários países do mundo. Questão 05 Sobre as relações entre diferenças e desigualdades sociais, assinale o que for correto. 01) A distribuição desigual do trabalho doméstico se dá em decorrência das diferenças naturais existentes entre homens e mulheres. As mulheres têm mais habilidades emocionais e psicológicas no trato de crianças e nos cuidados com a casa, enquanto os homens são biologicamente mais bem preparados para enfrentar a vida pública e as disputas políticas. 02) A desigualdade social é um tema clássico das Ciências Sociais. No âmbito deste tema se investigam as relações sociais assimétricas existentes entre diferentes indivíduos e grupos em uma sociedade. 04) A simples existência de diferenças entre grupos resulta em relações de desigualdade de condições e oportunidades. Pessoas de diferentes grupos religiosos ou diferentes origens étnicas tendem a se considerar superiores ou inferiores a outras. 08) A concepção de igualdade que estrutura nosso mundo social contemporâneo tem origem histórica no pensamento filosófico iluminista e se constitui num dos princípios fundamentais das nossas instituições jurídicas e políticas. 16) O princípio da igualdade de oportunidades e condições orienta a maioria das políticas públicas tanto na redução das desigualdades sociais, tais como as políticas de combate à fome e à mortalidade infantil, quanto na defesa e garantia de direitos, tais como o combate à violência contra as mulheres e a expressão pública e civil da população LGBT. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 5 CURSO ANUAL DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA – (Prof. Márcio Michiles) EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 01 Analise a tabela a seguir: Os dados sobre a pobreza e a indigência segundo a cor ilustram os argumentos dos estudos a) de Gilberto Freyre sobre a natural integração dos negros na sociedade brasileira, que desenvolveu a democracia racial. b) de Caio Prado Junior sobre a formação igualitária da sociedade brasileira, que desenvolveu o liberalismo racial. c) de Sérgio Buarque de Holanda sobre a cordialidade entre as raças que formam a nação brasileira: os negros, os índios e os brancos. d) de Euclides da Cunha sobre a passividade do povo brasileiro, ordeiro e disciplinado, que desenvolveu a igualdade de oportunidades para todas as raças. e) de Florestan Fernandes sobre a não integração dos negros no mercado de trabalho cem anos após a abolição da escravidão. Questão 02 Considere os seguintes dados da Retrospectiva da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, referente ao período de 2003 a 2013: A taxa de desocupação de 2013 (média de janeiro a dezembro) foi estimada em 5,4%. Esta taxa era de 12,4% em 2003. [...] A pesquisa apontou disparidade entre os rendimentos de homens e mulheres e, também, entre brancos e pretos ou pardos. Em 2013, em média, as mulheres ganhavam em torno de 73,6% do rendimento recebido pelos homens. A menor proporção foi a registrada em 2003, 70,8%. O rendimento dos trabalhadores de cor preta ou parda, entre 2003 e 2013, teve um acréscimo de 51,4%, enquanto o rendimento dos trabalhadores de cor branca cresceu 27,8%. A pesquisa registrou, também, que os trabalhadores de cor preta ou parda ganhavam, em média, em 2013, pouco mais da metade (57,4%) do rendimento recebido pelos trabalhadores de cor branca. [...] Destaca-se que, em 2003, não chegava à metade (48,4%). (BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Retrospectiva da Pesquisa Mensal de Emprego 2003 a 2013. Disponível em: <Http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoeren dimento/pme_nova/retrospectiva2003_2013.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2016. Texto adaptado). Escreva um texto apontando as conclusões a que se pode chegar com a interpretação dos dados apresentados. Questão 03 Comunista, consideram que “a nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se por ter simplificado os antagonismos de classes. A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado.” Em vista disso, assinale a alternativa que define corretamente a burguesia e o proletariado. a) Os burgueses utilizam o trabalho escravo para a produção, e o proletariado é desprovido de liberdade para vender sua força de trabalho. b) Os burgueses são proprietários que utilizam da manufatura do proletariado para a produção de mercadorias, e o proletariado
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