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1 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Distúrbios Ácidos-básicos & Hidroeletrolíticos Compreendendo o equilíbrio osmolar. . . O que é osmolaridade? É uma propriedade físico-química definida pelo número de solutos numa certa quantidade de solução. Valor normal osmolaridade: 275 e 295 mOsm/kg. Os solutos, partículas ativas, são capazes de atrair moléculas de água. A diferença de osmolaridade entre compartimentos fluidos separados por uma membrana semipermeável cria a pressão osmótica – esta promove a transferência de água do compartimento menos concentrado (hipo-osmolar) para o mais concentrado (hiperosmolar) até o ponto de equilíbrio. O que é membrana semipermeável? Membrana permeável à água, mas não aos solutos. A osmolaridade tem dois solutos “principais” a depender do local em questão: extracelular (EC) ou intracelular (IC). O principal soluto EC é o sódio (Na+) e o do IC o potássio (K+). A osmolaridade plasmática possui 2 mecanismos regulatórios: Hormônio antidiurético (ADH ou arginina- vasopressina): o ADH nos protege contra a hiperosmolaridade ao promover a concentração da urina, o que permite aos rins conservar água "livre" (isto é, água "livre de solutos"); Centro da sede. *para aprofundamento do conhecimento, revisar o SRAA, fisiologia do ADH e regulação da sede. Hiponatremia Definido por Na+ < 135 mEq/L. OBS.: o sódio é o grande determinante de osmolaridade efetiva. Valor normal sódio sérico: 135 a 145 mEq/L (135 a 145 mol/L). É o distúrbio eletrolítico mais encontrado em pacientes hospitalizados. Geralmente expressa um estado hipo-osmolar ou hipotônico. OBS.: alterações séricas do sódio são distúrbios no manejo da água corporal e não do sódio em si - Hiponatremia = excesso de água no organismo / queda do nível sérico de sódio. Hiponatremia hipotônica podem ser divididas em: 1. Hipovolêmicas: nestes casos a hiponatremia está relacionada à diminuição da volemia. Podem ser divididas quanto ao sódio urinário (< 20 mEq/L ou > 40 mEq/L). Hiponatremia hipovolêmica com sódio urinário baixo: ocorre nas perdas extrarrenais como vômitos, diarreia e/ou hemorragias. O sódio urinário está <20 mEq/L; Hiponatremia hipovolêmica com sódio urinário alto: ocorre em síndromes perdedoras de sal por via renal. O sódio urinário é >40 mEq/L. As causas são diuréticos tiazídicos, hipoaldosteronismo e a síndrome cerebral perdedora de sal; 2. Normovolêmicas: pode ser dividida em duas: Com diurese hipertônica: o mecanismo consiste na incapacidade renal de excretar água livre, secundária à hipersecreção de ADH. O sódio urinário é >40 mEq/L com osmolaridade elevada (> 100 mOsm/L). As principais causas são a insuficiência suprarrenal (secundária), o hipotireoidismo e a síndrome da antidiurese inapropriada (SIAD – a ser discutida com mais profundidade adiante. . .); Com diurese hipotônica: cursa com osmolaridade urinária baixa (< 100 mOsm/L). Está presente em casos de polidipsia primária, alcoolismo (baixo consumo de alimentos e sal), etc. 3. Hipervolêmicas: são as que cursam com aumento da água corporal. Pode advir de ICC, insuficiência renal, etc. 2 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! E quanto às causas de HIPONATREMIA NÃO HIPOTÔNICAS? Essas se referem basicamente da hiponatremia relacionada às síndromes hiperglicêmicas do diabético – cetoacidose e estado hiperosmolar não cetótico. Um aumento importante da glicemia eleva a osmolaridade o suficiente para “puxar” a água para dentro das células, diluindo o sódio sérico. LOGO para cada 100 pontos de aumento na glicemia (acima de 100 mg/dl), teremos em média uma redução de 1,6 pontos na natremia! PORTANTO corrigir o sódio somando-se 1,6 à natremia mensurada para cada 100 pontos de aumento da glicemia! A infusão de manitol hipertônico (ex.: tratamento do edema cerebral), pelo mesmo mecanismo da hiperglicemia, pode precipitar hiponatremia não hipotônica, geralmente com aumento da tonicidade sérica e redução da natremia por efeito dilucional. Manifestações Clínicas – Na hiponatremia hipo- osmolar há transferência de água do extracelular para o intracelular, causando “edema celular”. Assim surge um tipo especial de edema cerebral – o edema neural, que pode levar a sinais e sintomas neurológicos: cefaleia, náuseas/vômitos, cãibras musculares, agitação, desorientação, letargia, sonolência, hiporreflexia, rigidez, tremor, nistagmo, ataxia, fasciculações, distonias e eventualmente sinais piramidais localizados. OBS.: em tais pacientes pode haver o mecanismo compensatório inicialmente, com excreção de solutos intracelulares (Na+, K+, entre outros). Logo, realizar a correção abrupta de sódio pode trazer RISCO DE LESÃO NEUROLÓGICA (Síndrome de Desmielinização Osmótica (SDO), – mielinólise pontina é a clássica. RM na mielinólise pontina. Corte sagital – a região escura dentro do círculo é a área danificada. Corte axial – imagem hiperintensa em T2 (seta vermelha). Obs.: a RM pode ser negativa nas primeiras quatro semanas do início da doença, portanto, um exame inicialmente normal NÃO exclui mielinólise pontina. Síndrome da Antidiurese Inapropriada (SIAD) Essa síndrome é a principal causa de hiponatremia na prática médica. Existem 4 tipos: 1. Secreção de ADH na ausência de estímulos hemodinâmicos ou osmóticos (CA de pulmão, induzido por drogas, etc.); 3 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! 2. Reajuste do “osmostato” hipotalâmico, gerando novo alvo para osmolaridade plasmática; 3. Resposta normal do ADH a estados hipertônicos, seguida de FALHA EM SUA SUPRESSÃO quando a osmolaridade se torna baixa; 4. Secreção de ADH abolida, MAS com mutações genéticas de ganho de função nos receptores do ADH no túbulo coletor Na SIAD ocorre hiponatremia hipotônica em pacientes normovolêmicos. Devido hiperativação dos receptores de ADH esses pacientes possuem urina concentrada, hipertônica para o grau de hiponatremia. Logo, na SIAD a osmolaridade urinária está sempre acima de 100 mOsm/L mesmo quando a natremia se encontra muito reduzida – a retenção hídrica resultante leva à hiper-hidratação e edema celular. A volemia é mantida às custas de liberação do peptídeo natriurético atrial que mantém elevada excreção urinária de sódio; ácido úrico também se encontra aumentada (hipouricemia). O tratamento da SIAD inicia com estímulo da ingestão de sódio. A própria SIAD induz perda renal de sódio, e um balanço negativo de água pode desmascarar o déficit de sal subjacente, resultando em hipovolemia. Então, o tratamento inicial da hiponatremia "assintomática" na SIAD é: restrição hídrica + dieta hipersódica. Se NÃO HOUVER RESPOSTA, acrescenta-se um diurético de alça. OBS.: em pacientes edematosos, ICC, cirrose hepática, IRC importante realizar a restrição de sódio. Casos de SIAD com hiponatremia refratária, tenta-se a adição de 30g/dia de ureia na dieta (para aumentar a excreção obrigatória de solutos na urina). Algoritmo diagnóstico da hiponatremia. 4 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Tratamento Antes de iniciar o tratamento questionar: O paciente está hipovolêmico? Ou não? Hiponatremia Hipovolêmica Consiste na reposição volêmica com cristaloides – o soro fisiológico 0,9% é a solução de escolha (não por ter alta concentração de sódio, mas por restaurara volemia do paciente). Com isso há a redução do estímulo à secreção hipotalâmica de ADH (meia-vida de 15 a 20 min). Hiponatremia Crônica Assintomática (normo ou hipervolêmica) Mesmo assintomática é necessário tratar a hiponatremia! Primeiramente, suspender todas as medicações que possam ser causa devem ser suspendidos ou substituídos: inibidores de recaptação de serotonina, anticonvulsivantes como a carbamazepina, diuréticos tiazídicos, entre outros Se o paciente for assintomático neurológico e a causa não for hipovolêmica, a conduta básica será restrição hídrica – água, líquidos hipotônicos, incluindo soro glicosado. A ingesta ou infusão deve gerar um balanço negativo de água. Isso irá corrigir a hiponatremia ao longo de vários dias – se não for suficiente, pode-se acrescentar furosemida oral. OBS.: Os diuréticos tiazídicos são contraindicados (dificultam a excreção renal de água livre). Em pacientes que já realizaram restrição de sódio, furosemida, acréscimo de ureia na dieta e ainda não obtiveram resposta do sódio sérico, pode-se lançar mão de bloqueadores do receptor de vasopressina: vaptanos! V2 reabsorção tubular de água livre V1a vasoconstrição esplâncnica e periférica V1b secreção de CRH pelo hipotálamo e ACTH pela hipófise Conivaptan (Vaprisol): bloqueia os receptores V2 e V1a. aumenta excreção renal de água livre, vasodilatação periférica, vasodilatação esplâncnica e aumento da pressão no sistema porta; Tolvaptan (Samsca): bloqueador seletivo do receptor V2 de vasopressina com efeito apenas sobre o parênquima renal. Como os vaptanos são muito caros podem ser sugeridos: demeclociclina (600 – 1.200 mg/dia) – é um ANTIBIÓTICO com a propriedade de dessensibilizar o túbulo coletor de ADH; Carbonato de lítio (900 – 2.400 mg/dia) diminui a responsividade renal ao ADH. Mas qual afinal é a VELOCIDADE ADEQUADA DE REPOSIÇÃO DE SÓDIO nesses pacientes? Inferior a 8-10 mEq/L em 24h e 18 mEq/L em 48h – alguns autores dizem ainda que apenas 6 mEq/L/dia é recomendado. Hiponatremia Aguda Sintomática Nesses pacientes há urgência em repor sódio devido à presença de sintomas. O risco de mielinólise pontina é menor. Nesses casos realizamos reposição calculada de sódio em soluções hipertônicas. Dá-se preferência à solução salina a 3%; esta vem pronta para ser preparada misturando-se 150 ml de NaCl a 20% com 850ml de água bidestilada; Outro preparo: misturar SF 0,9% com NaCl 20% na proporção 9:1. POR QUÊ NÃO REPÔR COM SF 0,9% DIRETO? EXEMPLO: Paciente 70 kg com SIAD e Na+= 123 mEq/L tem osmolaridade urinária de 500mOsm/L. a reposição de 1.000 ml de SF 0,9% reduzirá sua natremia para 121 mEq/L (1 litro de SF 0,9% tem 308 mOsm de soluto; se a osmolaridade permanecer em 500 os 308 de soluto serão eliminados em 620 ml de urina (308 x 1.000 ÷ 500); se entrou 1 L de água e saíram 620 ml o organismo reteve 380 ml diluindo ainda mais o sódio plasmático!) 5 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! EXEMPLO de reposição em paciente com hiponatremia: Paciente, 50 anos, 60 kg, masculino, hiponatremia aguda pós-RTU de próstata. Sódio= 110 mEq/L e crise convulsiva. Objetivo? Aumentar natremia em 1 a 2 mEq/L por hora nas primeiras 3h; em seguida, manter reposição de sódio para elevar natremia 0,5 mEq/L por hora até completar 24h – respeitar elevação de até 12 mEq/L em 24h. Escolha de solução salina a 3%. Fórmula de correção da hiponatremia aguda sintomática: HOMEM Déficit de sódio (mEq)= 0,6 x peso x variação desejada de Na+ MULHER Déficit de sódio (mEq)= 0,5 x peso x variação desejada de Na+ Calcular a infusão nas próximas 3h e 24h. variação desejada de Na+: 3 mEq/L e 12 mEq/L, respectivamente. Após calcular o déficit de sódio a ser reposto, dividir o resultado por 17 (mEq de sódio em 1g de NaCl), multiplica-se por 100 (3g está para 100) e divide-se por 3= resultado da solução salina a 3% a ser infundido. Dados do paciente: homem, 50 anos, 60 kg, Na+ = 110 mEq/L. EM 3 H Déficit de sódio = 0,6 x 60 x 3 = 108 mEq 108 ÷ 17 x 100 ÷ 3 = aproximadamente 210 ml EM 24 H Déficit de sódio = 0,6 x 60 x 12 = 432 mEq 432 ÷ 17 x 100 ÷ 3 = aproximadamente 850 ml Como já entraram 210 ml em 3h, nas próximas 21h, deve-se infundir 640 ml (850-210). Prescrição: salina a 3% 210 ml em 3h e 640 ml em 21h. Tratamento das hiponatremias. *1- Pacientes hipervolêmicos devem evitar receber altas cargas de sódio. Na hiponatremia hipervolêmica crônica sem sintomas ou oligossintomática o tratamento NÃO deve incluir dieta hipersódica. *2- Opções no tratamento das hiponatremias normo/hipervolêmicas. 6 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! É importante manter monitorização seriada da natremia – a cada 2-4h. Hipernatremia Na+ > 145 mEq/L. Falta de água no organismo. Causada por perda de água livre ou fluidos hipotônicos ou incapacidade de ingerir ou ter acesso a líquidos – perdas cutâneas, diarreia osmótica, poliúria osmótica, diabetes insipidus, diuréticos de alça, hiperaldosteronismo primário, hipodipsia, administração de sódio. Como diferenciar diabetes mellitus de polidipsia primária? Teste de restrição hídrica! Paciente urina muito porque bebe muita água ou bebe muita água porque urina muito? Quem veio primeiro, a polidipsia ou a poliúria? O paciente permanece algumas horas sem ingerir nenhum líquido e sem hidratação venosa, enquanto o débito urinário, a osmolaridade ou densidade urinária e a natremia são medidos a cada 1h. Se a poliúria permanecer, a osmolaridade ou densidade urinária continuarem baixas e surgir hipernatremia, o diagnóstico é diabetes insipidus. A hipernatremia aguda grave leva à desidratação neuronal e cerebral, provocando distúrbios neurológicos (encefalopatia hiperosmolar). A reposição hídrica veloz pode causar edema cerebral agudo. Se a perda de água foi livre (respiração, diabetes insipidus, cutânea) repomos água livre pura, mas se a perda foi de fluidos hipotônicos (diarreia, poliúria) repomos água livre + sódio (salina hipotônica 0,2% ou 0,45%). Água livre: água potável ou soro glicosado 5% parenteral. Fluidos hipotônicos: se a hipovolemia for fraca fazemos SF 0,9% em bolus até correção. Se não houver instabilidade hemodinâmica, optar pela salina hipotônica, que pode ser 0,2% ou 0,45% - a salina 0,2% pode ser preparada misturando-se água destilada com SF 0,9% na proporção 3:1 OU em relação à salina 0,45% mistura-se água destilada ou soro glicosado com SF 0,9%, meio a meio. OBS.: baixar a natremia numa taxa máxima de 10 mEq/L em 24h. CÁLCULO DO DÉFICIT DE ÁGUA LIVRE: SG 5%, salina 0,2% (multiplicar por 1,33), ou ainda, salina 0,45% (multiplicar por 2). EXEMPLO: Paciente do sexo masculino, 70 kg, Na+ = 160 mEq/L, estado comatoso. EM 24 H: Na+ desejado = 160 - 10 = 150 mEq/L Déficit de água = 0,5 x 70 x (160/150 - 1) = 2,3 L (2.300 ml) Reposição de 24h: ➤ 2.300 ml de água via enteral; ou ➤ 2.300 ml de soro glicosado 5%; ou ➤ 3.000 ml de salina 0,2%; ou ➤ 4.600 ml de salina 0,45%. Lembre-se de adicionar a reposição das "perdas insensíveis" (10 ml/kg/dia, que no caso seria de 700 ml), portanto: Prescrição de 24h: ➤ 3.000 ml de água via enteral; ou ➤ 3.000 ml de soro glicosado 5%; ou ➤ 4.000 ml de salina 0,2% (a reposição de perdas insensíveis também deve ser multiplicada por 1,33); ou ➤ 6.000 ml de salina 0,45% (a reposição de perdas insensíveis também deve ser multiplicada por 2). 7 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este materiala outros clientes!!! Distúrbios da Volemia As alterações no balanço do sódio podem resultar em hipo ou hipervolemia. No balanço da água os principais mecanismos envolviam a sede e o ADH; aqui, os principais são os sistemas barorreceptores e aparelho justaglomerular (secreção de peptídeo natriurético atrial, modulação do tônus adrenérgico e ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona). Hipovolemia É a redução do volume de líquido extracelular. As alterações da volemia dependem de perdas de sódio superiores à capacidade de reabsorção renal, ou então perdas de sódio por um rim intrinsecamente doente. Podemos ter causas renais (tubulopatias, hipoaldosteronismo, síndrome cerebral perdedora de sal, diabetes insipidus central e nefrogênico, etc.) e extrarrenais (hemorragias, vômitos/diarreia, perdas cutâneas, perdas respiratórias, ultrafiltração excessiva em diálise, vasodilatação sistêmica, etc.). As manifestações clínicas incluem: sede, fraqueza, tonteira, hipotensão e taquicardia postural. No laboratório, os principais marcadores de hipovolemia são: razão ureia plasmática/creatinina plasmática > 40 e Na+ urinário < 20 mEq/L. Osmolaridade urinária > 450 mOsm/L – o que equivale a uma densidade urinária > 1,020 (concentrada) – também é compatível com hipovolemia. A base do tratamento de toda hipovolemia é a reposição de volume! Hipervolemia É o termo que define aumento do volume extracelular. As manifestações clínicas são: aumento da PVC, aumento excessivo da pré-carga, hipertensão arterial, edema, derrame pleural, ascite, crepitações em bases pulmonares. Quanto ao tratamento, depende da gravidade. Se discreta, pode ser manejada apenas com restrição de sódio. Se houver ascite ou congestão pulmonar, associam-se diuréticos de alça (furosemida) – EM CIRRÓTICOS COM ASCITE: prescrever espironolactona. Tratamento do Diabetes Insipidus O DI central deve ser tratado com reposição exógena de desmopressina (dDAVP). As doses são: Desmopressina (dDAVP): 5-20 mcg intranasal, 2x/dia (fazer 2/3 da dose à noite, para evitar a noctúria). Deve-se restringir a ingestão de sal e proteína na dieta. No diabetes insipidus nefrogênico, não adianta repor desmopressina!!! O tratamento se baseia na restrição de solutos da dieta (sal e proteína). Se a poliúria ainda for acentuada, devemos associar diuréticos tiazídicos, podendo acrescentar também o diurético amilorida. Distúrbios do Potássio Valor de normalidade: 3,5-5,5 mEq/L. Para o entendimento dos distúrbios do potássio (K+) compreender que: a aldosterona estimula diretamente a reabsorção de sódio; para manter o equilíbrio no lúmen tubular, K+ ou H+ são secretados em troca – OU SEJA: quanto mais aporte de sódio no néfron distal, maior a excreção renal de potássio (assim como a restrição de sódio poupa potássio). As consequências clínicas da hipocalemia são características no ECG. Pode haver arritmia e distúrbios de condução, paralisia hipocalêmica, íleo metabólico, parestesias, hiporreflexia. 8 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Fonte: https://pt.my-ekg.com/metabolicas- drogas/hipocalemia-ecg.html. ● Onda T aplainada e aumento do intervalo QT; ● Aumento da onda U; ● Onda U proeminente, maior que a onda T; ● Desaparecimento da onda T + onda U proeminente; ● Onda P apiculada e alta; ● Alargamento do QRS (raro). Cronicamente a hipocalemia pode causar diabetes insipidus nefrogênico – nefropatia hipocalêmica. Também predispõe à alcalose metabólica: a hipocalemia crônica causa acidose intracelular pela troca de K+ por H+. Perdas gastrointestinais (vômitos, diarreias), alcalose metabólica, diuréticos, poliúria, hipomagnesemia, anfotericina B, aminoglicosídeos, penicilina, hiperaldosteronismo primário, hipertensão renovascular, hipercortisolismo, acidoses tubulares renais, diálise – algumas das principais causas de hipocalemia. Quanto ao diagnóstico o primeiro passo é dosar o potássio urinário (de 24h para evitar falsos valores): Perda extrarrenal x perda renal ou pré-pilórica. Tratamento O tratamento da hipocalemia deve ser feito com reposição de cloreto de potássio (KCl), preferencialmente por via oral (a não ser que hajam distúrbios gastrointestinais). A via venosa só deve ser utilizada se houver hipocalemia grave ou perdas importantes por diarreias / vômitos ou distúrbio gastrointestinal. o potássio oral costuma ser dado na forma de xarope de KCl a 6% realizado de forma empírica. OBS: podem ser usados bicarbonato, citrato de potássio ou fosfato ácido de potássio, mas deve-se preferir o cloreto de potássio – KCl. OBS. SEMPRE SUSPEITAR de depleção de magnésio associada; na presença de hipomagnesemia o potássio e magnésio precisam ser repostos JUNTOS! Do contrário, os valores não irão subir! Nestes casos, indica- se a reposição de sulfato de magnésio 2-3 g/dia. Hipercalemia K+ > 5,5 mEq/L Menos comum que a hipocalemia, PORÉM, mais fatal. Suas principais causas são: insuficiência renal, acidose metabólica, insuficiência suprarrenal primária, hipoaldosteronismo hiporreninêmico, drogas retentoras de potássio, etc. As principais manifestações no ECG são: redução do intervalo QT, com ondas T altas e apiculadas, achatamento da onda P, alargamento do QRS, desaparecimento da onda P. https://pt.my-ekg.com/metabolicas-drogas/hipocalemia-ecg.html https://pt.my-ekg.com/metabolicas-drogas/hipocalemia-ecg.html 9 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Fonte: https://pt.my-ekg.com/metabolicas- drogas/hipercalemia-ecg.html O tratamento da hipercalemia grave sintomática: Reposição de cálcio: não pela redução da calemia, mas pela proteção das fibras cardíacas contra a hipercalemia; gluconato de cálcio (10 ml a 10%) ou cloreto de cálcio IV de 2-3 min – CONTRAINDICAÇÃO: digitálicos; Insulina venosa: promove influxo celular de potássio; associar glicose hipertônica na proporção de 5:1 caso o paciente esteja normoglicêmico; se o paciente estiver hipoglicêmico e hipercalêmico, tratar apenas com glicose hipertônica isolada Insulina regular 10 U + glicose a 50% 100 ml (ou SG a 10% 500 ml), via intravenosa, correr em 20-60min. Restringir potássio da dieta, e qualquer reposição que possa estar em uso; Diuréticos de alça (furosemida); Para os portadores de hipoaldosteronismo: mineralocorticoides e poliestirenossulfonato de cálcio (Sorcal®). Resumindo o tratamento. . . Gasometria Arterial Valores de referência: BIC: 22 – 26 (24) PCO2: 35-45 Por meio desta podemos identificar os distúrbios acidobásicos. O pH plasmático é determinado pela relação entre o bicarbonato (HCO3-) e o dióxido de carbono (CO2). OBS.: a ventilação expele CO2 o que nos deixa mais “básicos”, ou seja: hiperventilar= alcalose respiratória. OBS.: a liberação de bicarbonato no sangue é realizada pelos rins. LOGO, a ventilação e os rins estão diretamente interligados equilibrando o pH sanguíneo conforme o desequilíbrio acidobásico em questão. CONCEITO BÁSICO: PH com valor ++ ALTO? Meio básico! PH com valor ++ BAIXO? Meio ácido! VALOR DE NORMALIDADE DO PH SÉRICO= 7,35 – 7,45 VALOR DE NORMALIDADE DA pCO2= 35-45 mmHg. + conceitos da gasometria arterial: Standard OU HCO3- padrão: é o valor do bicarbonato sérico quando ele “se corrige” para normalizar o valor da pCO2. Assim que temos um distúrbio da PCO2 o bicarbonato ficará mais alto. O HCO3- standard não sofre esta influência, pois só estará alterado quando houver excesso ou déficit real de bicarbonato no sangue; HCO3- standard normal = 22-26 mEq/L; Buffer Base (BB): é o total de bases presentes no fluidoextracelular do paciente; BB normal = 45-51 mEq/L; Base Excess (BE): a diferença entre o buffer base do paciente e o buffer base normal (48 mEq/L). Se o BE for positivo e maior que +3,0 mEq/L, significa que existe um aumento do total de base (ou seja, estou retendo bases= alcalose metabólica). Se o BE for negativo, mais negativo do https://pt.my-ekg.com/metabolicas-drogas/hipercalemia-ecg.html https://pt.my-ekg.com/metabolicas-drogas/hipercalemia-ecg.html 10 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! que -3,0 mEq/L, significa que houve uma redução do total de bases (ou seja, estou perdendo bases= acidose metabólica). OBS.: o BE não se altera em quadros agudos, pois não há tempo para tal resposta. BE normal = -3,0 mEq/L a +3,0 mEq/L Mas afinal, quais são os possíveis distúrbios acidobásicos? Quatro: acidose respiratória, alcalose respiratória, acidose metabólica, alcalose metabólica. Observar a tabela a seguir. . . PASSO A PASSO DA INTERPRETAÇÃO DA GASOMETRIA: PRIMEIRO: olhar para o pH. . . ele está normal ou alcalino? PH ÁCIDO? Acidose presente PH ALCALINO? Alcalose presente PH NORMAL? Ou está “tudo ok”, ou temos algum distúrbio presente (alcalose ou acidose) que neste momento está compensado. SEGUNDO: ok, há um distúrbio. . . qual será? PH ÁCIDO < 7,35: pode ter havido um aumento da pCO2 (acidose respiratória) ou redução do HCO3- (acidose metabólica) PH ALCALINO > 7,45: pode ter havido uma redução da pCO2 (alcalose respiratória) ou aumento do HCO3- (alcalose metabólica) IMPORTANTE TREINAR. Avalie os casos clínicos a seguir e assinale como está o pH e qual o tipo de alcalose (gabarito ao final do resumo): 1. pH = 7,52/pCO2 = 20 mmHg/HCO3- = 16 mEq/L 2. pH = 7,30/pCO2 = 27 mmHg/HCO3- = 13 mEq/L 3. pH = 7,33/pCO2 = 60 mmHg/HCO3- = 31 mEq/L 4. pH = 7,47/pCO2 = 44 mmHg/HCO3- = 31 mEq/L 5. pH = 7,36/pCO2 = 36 mmHg/HCO3- = 20 mEq/L Ok, mas até agora falamos sobre distúrbios acidobásicos compensatórios (acidose respiratória + alcalose metabólica ou vice-versa), um distúrbio desencarrega outro visando equilíbrio do pH. No entanto temos os DISTÚRBIOS MISTOS, definidos quando estão presentes dois ou três distúrbios acidobásicos independentes. Como assim? A resposta compensatória de um distúrbio acidobásico visa manter a relação HCO3-/CO2 a mais próxima possível do normal. Logo, uma acidose metabólica (classicamente decorrente da redução de HCO3-) tem como resposta do organismo a redução da pCO2, por uma hiperventilação compensatória (respiração de Kussmaul). A RESPOSTA COMPENSATÓRIA É SEMPRE NO MESMO SENTIDO DO DISTÚRBIO PRIMÁRIO! Toda essa resposta de acidose X alcalose, é a definição do sistema-tampão: um mecanismo de tamponamento em que o HCO3- funciona como base e o CO2, como ácido. Este mecanismo de tamponamento não impede, mas ameniza as variações do pH plasmático nos distúrbios acidobásicos. Analisando agora uma 6º gasometria: 11 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! pH = 7,05/pCO2 = 55 mmHg/HCO3- = 15 mEq/L Como notado, há tanto uma acidose respiratória como metabólica (pCO2 alto e HCO3- baixo), por isso o Ph está MUITO baixo! Trata-se de uma acidose mista! Analisando agora uma 7º gasometria: pH = 7,80/pCO2 = 20 mmHg/HCO3- = 30 mEq/L Aqui têm-se o exemplo de uma alcalose mista! A pCO2 está baixa e o HCO3- está alto (alcalose respiratória e metabólica respectivamente), por isso o pH está EXTREMAMENTE ALTO! Para finalizar os exemplos desse subtema: pH = 7,42/pCO2 = 19 mmHg/HCO3- = 12 mEq/L Aqui vê-se que o pH está normal, MAS. . . a pCO2 e o HCO3- estão bastante alterados, mas de uma forma “contrária”, resultando num pH aparentemente normal. Pelas altas alterações nos valores, não podemos dizer que são compensatórios! Até este ponto, os exemplos supracitados (fora os distúrbios mistos) sempre tentaram se equilibrar (uma acidose leva a uma alcalose). Mas como realizar alguma intervenção sem saber o parâmetro de compensação que o paciente necessita? VAMOS ÀS PRIMEIRAS FÓRMULAS que PRECISAM ser gravadas, as fórmulas da pCO2 esperada: Na acidose metabólica (principal): (1,5 x BIC) + 8 +/- 2 Na alcalose metabólica: BIC + 15 +/- 2 Como interpretá-la? Ao obter o resultado da fórmula acima sempre somar 2 e subtrair 2 do valor final! Isso nos dará um intervalo. . . a pCO2 esperada normal do paciente deve estar dentro desse intervalo. Respostas Compensatórias Ocorre em minutos (quase que imediatamente). A redução do pH nas acidoses metabólicas estimula o centro respiratório levando à hiperventilação (respiração de Kussmaul). A hiperventilação elimina mais CO2, reduzindo a pCO2. O aumento do pH na alcalose metabólica inibe o centro respiratório, promovendo hipoventilação. O resultado é a retenção de CO2, aumentando a pCO2. Resposta Compensatória Nos Distúrbios Respiratórios Esta resposta é mais lenta – 3-5 dias para iniciar, depende dos rins. Na acidose respiratória crônica, o pH das células encontra-se baixo, estimulando a excreção renal de H+ e a retenção de HCO3-. Exemplo clássico? DPOC crônico – retentor crônico de CO2. Na alcalose respiratória crônica, o pH das células está alto, reduzindo a excreção renal de H+ e promovendo a perda de HCO3-. Regulação Renal do Equilíbrio Acidobásico Os rins precisam eliminar o excesso de H+ produzido diariamente pelo metabolismo proteico. Para cada H+ secretado no lúmen tubular e eliminado na urina, 1 HCO3- é regenerado ao plasma. A produção renal de amônia (pelo túbulo proximal) é o principal mecanismo que regula a excreção urinária de H+. Acidose Metabólica A acidose metabólica “pura” é definida por HCO3- < 22 mEq/L e um pH < 7,35. Podemos dividir as acidoses metabólicas como: acidoses com ânion-gap alto e acidoses hiperclorêmicas. O que é ânion-gap? A diferença entre os cátions e os ânions presentes no sangue. Valor normal do ânion-gap: 8-12 mEq/L. Fórmula do ânion gap= sódio – (cloro + BIC) 12 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! O valor do ânion-gap é proporcional à gravidade do distúrbio. OBS.: cuidado com SF 0,9%, se for infundido excessivamente, dilui o bicarbonato e causa acidose metabólica hiperclorêmica Para adequado tratamento de uma acidose metabólica, é mandatório o diagnóstico de sua etiologia. Quanto ao tratamento, além de realizar o específico, geralmente é necessário fazer uma reposição exógena de bases – a depender da causa, o valor da reposição se altera. O uso de BIC venoso está indicado apenas em acidose metabólica grave, quando o pH está abaixo ou = 7,2. Alcalose Metabólica A alcalose metabólica "pura" é definida por um HCO3- > 26 mEq/L e um pH > 7,45. Tem como principal causa o uso de diuréticos tiazídicos ou de alça e vômitos. Geralmente a alcalose se associa à hipocalemia e vice-versa. Temos algumas regras interessantes nos quadros de alcalose: A hipovolemia e a depleção de cloreto podem perpetuar a alcalose metabólica; A hipocalemia pode causar e perpetuar a alcalose metabólica; A alcalose metabólica pode causar e perpetuar a hipocalemia. Três pontos importantes a realizar quando identificada alcalose metabólica na gasometria: 1. História clínica detalhada (medicamentos, uso de álcalis, diarreias, vômitos, etc.); 2. Dosagem do cloro sérico e avaliação do estado volêmico do paciente; 3. Dosagem do cloro urinário. Possíveis causas de alcalose metabólica: adenoma viloso de cólon, cloretorreia congênita, síndrome de Zollinger-Ellison,vômitos e drenagem gástrica, diuréticos tiazídicos e de alça, síndrome de bartter e de Gitelman, alcalose pós- hipercapnia crônica, hemotransfusão maciça, administração exógena de NaHCO3, hipocalemia, hiperaldosteronismo primário, hipertensão renovascular, síndrome de Cushing, etc. pH > 7,70 é considerada alcalose metabólica GRAVE! O tratamento da alcalose metabólica é fazer com que o rim elimine o excesso de bicarbonato. Temos que cuidar também para que o paciente permaneça normocalêmico, sem depleção de cloreto e euvolêmico. Em pacientes hipervolêmico pode-se tentar acetazolamida; em pacientes com hiperaldosteronismo ou hipercortisolismo pode-se realizar reposição de K+ e do uso de diuréticos poupadores de potássio, como a espironolactona. Acidose Respiratória A acidose respiratória "pura" é definida por uma pCO2 > 45 mmHg e um pH < 7,35. O mecanismo só pode ser a hipoventilação pulmonar, retendo H+ proveniente do CO2. Algumas das causas são: pneumopatias graves, edema agudo de pulmão grave, obstrução de vias aéreas superiores, crise miastênica, síndrome de Guillain-Barré, DPOC, pneumopatias crônicas com hipoventilação, síndrome de Pickwick (obesidade mórbida + apneia do sono), etc. Quanto ao tratamento, nas acidoses respiratórias crônicas, trata-se a doença de base e não a acidose em si – intervêm-se apenas se houver descompensação. Alcalose Respiratória A alcalose respiratória "pura" é definida por uma pCO2 < 35 mmHg e um pH > 7,45. O mecanismo só pode ser a hiperventilação pulmonar. As possíveis causas são: hiperventilação psicogênica, intoxicação por salicilatos, insuficiência hepática aguda, pneumopatias agudas (crise asmática, pneumonia, TEP), 13 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! doenças do SNC, sepse por gram-negativos, hipertireoidismo. O tratamento deve ser rápido, pois leva à vasoconstrição cerebral e à síndrome do hipofluxo cerebral. A princípio, o tratamento é voltado à causa básica – ansiedade, depressão, sepse, crise asmática, TEP, etc. Distúrbios do Magnésio Hipomagnesemia Definida como Mg < 1,5 mg/dl. Sua depleção está muito associada à depleção de potássio. As síndromes diarreicas disabsortivas, especialmente aquelas que cursam com esteatorreia, são causas importantes de hipomagnesemia! Uso de tiazídicos, diuréticos de alça, aminoglicosídeos, anfotericina B e alcoolismo também são exemplos de possíveis causas. A hipomagnesemia pode ser causado por hipocalemia e hipocalcemia. O ECG pode revelar aumento do intervalo PR, taquicardia sinusal e arritmias atriais. O tratamento é realizado com reposição venosa de 1-2 g de sulfato de magnésio em 15 minutos – trata-se apenas casos graves - seguido da infusão contínua de 6 g/24h, diluído no soro de hidratação. Hipermagnesemia Definida como Mg > 2,5 mg/dl, pode ser causada por retenção renal, como nos casos de insuficiência renal aguda ou crônica, ou pela administração excessiva de magnésio exógeno. O primeiro sinal clínico costuma ser hiporreflexia tendinosa, que pode evoluir com arreflexia, fraqueza muscular, íleo paralítico, bradipneia, bradicardia e até mesmo à parada cardiorrespiratória. O tratamento da intoxicação aguda feito com gluconato de cálcio 1-2 g IV, pois o cálcio funciona como "antídoto" contra o magnésio. Pode-se tentar reduzir a concentração plasmática com hidratação vigorosa. ------------------------------------------------------------ Gabarito das gasometrias dos casos clínicos dos distúrbios acidobásicos: Gaso 1 ➤ Como está o pH? Alto. ➤ Qual é a alcalose? pCO2 baixo – alcalose respiratória. Gaso 2 ➤ Como está o pH? Baixo. ➤ Qual é a acidose? HCO3- baixo – acidose metabólica. Gaso 3 ➤ Como está o pH? Baixo. ➤ Qual é a acidose? pCO2 alto – acidose respiratória. Gaso 4 ➤ Como está o pH? Alto. ➤ Qual é a alcalose? HCO3- alto – alcalose metabólica. Gaso 5 ➤ Como está o pH? No limite inferior. ➤ Existe alguma acidose leve? Sim – acidose metabólica. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ 14 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Resumindo o resumo; TABELAS + LINKs + CONCEITOS CHAVE + FÓRMULAS Nomenclatura do Distúrbio Eletrolítico Sódio Hipo / hipernatremia Potássio Hipo / hipercalemia Magnésio Hipo / hipermagnesemia FÓRMULAS: valores e tratamentos Osmolaridade sanguínea 2x sódio + glicose/18 +ureia/6 Para cada 100 pontos da glicemia quando passa de 200? Reduzir 1,6 de sódio para correção Déficit de água VALORES DE REFERÊNCIA NECESSÁRIOS. NaCl 3% = 513 MEQ/L de sódio Água corporal homens: PESO X 0,6 Água corporal em mulheres/idosos: PESO X 0,5 Água corporal em mulheres idosas: PESO X 0,4 (Na + da solução – Na + do paciente) / água corporal + 1 REGRAS: Aumentar no máximo: 3 MEQ/L em 3 h Aumentar até 10 MEQ em 24 h Caso não saiba essas regras mielinólise pontina!!! Ao final da fórmula terei o valor total de MEQ / L de solução; faço uma regra de 3: o valor que encontrei está para 1 litro assim como 3 MEQ está para X litros; logo depois tenho o valor em L da infusão em 3H; repetir o mesmo processo utilizando agora 7 MEQ (10 das 24H – 3 que já foi infundido; e tenho agora o valor dos MEQ restantes para as próximas 24H) Hipernatremia (sódio alto): tratamento Solução hipotônica 0,45% (77 MEQ/L) OU SF 0,9% diluído metade em água destilada (50% SF + 50% água destilada) Utilizo mesma fórmula: (Na+ Solução – Na+ Paciente) / Água corporal + 1 Faço a regra de 3 MEQ máximo em 3h, depois para as próximas 24 horas até 10 MEQ (no caso até 7 MEQ em 21 hrs) Hiponatremia: tratamento= repor sódio (Na+ Solução – Na+ Paciente) / Água corporal + 1 . . . mesmos cálculos de cima Hipercalemia (hiperpotassemia) Utilizar glicoinsulina para obrigar o potássio a entrar para dentro da célula; 15 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Nebulização com B-2 agonista para obrigar o potássio a entrar para dentro da célula; Furosemida Gluconato – protege as células cardíacas LEMBRAR DE, dosar magnésio e repô-lo, os distúrbios do magnésio e potássio costumam estar juntos Hipocalemia (hipopotassemia) Repor; valores de referência: Até 3 hipopotassemia leve: reposição oral Até 2,5 hipopotassemia moderada: reposição oral e EV Menos 2,5 hipopotassemia grave: reposição EV Acidose metabólica Fórmula da PCO2 esperada: (1,5 x BIC) + 8 +/- 2 Como assim? Quando obtenho o resultado da fórmula somo e subtraio 2 do valor e tomo esses 2 valores como um intervalo, logo, o valor normal de BIC deve estar neste intervalo encontrado Alcalose metabólica Formula da PCO2 esperada: BIC + 15 +/- 2 Mesma lógica da explicação acima, somo e subtraio 2 do valor final e observo o intervalo encontrado; o valor de normalidade deve estar dentro desse intervalo Ânion-gap; para que serve?!?Diferenciar causas de acidose: Ânion-gap aumentado: acidoses metabólicas produzidas por geração de metabólitos ácidos; Ânion-gap normal: outras desordens responsáveis pelo surgimento da acidose metabólica (hiperclorêmicas); geralmente pela perda de bicarbonato Fórmula: SÓDIO – (CLORO + BIC) Valor de normalidade do ânion-gap: 8 a 12 BIC esperado 0,4 x PCO2 Delta BIC esperado 0,1 x PCO2 16 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Valores de Referência Sódio Sérico: 135 -45 Urinário: 30 a 90 mEq/L; Urina de 24 h: 40 a 220 mEq/24 horas Solução de NaCl 3% 513 MEQ/L de sódio Solução hipotônica 0,45% 77 MEQ/L Potássio 3,5 a 5,5 PH 7,35 a 7,45 BIC 22 a 26 PCO2 35 a 45 Ânion-gap 8 a 12 _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ Referências MEDCURSO 2022 – Nefro; Vol. 3 – Distúrbio do equilíbrio eletrolítico – Acidobásico – Interpretação da gasometria arterial.
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