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Junho/2006� Tecnologia Industrial44 Unidades produtoras começam a demonstrar interesse por caldeiras com até 92 kgf/cm2 Renato Anselmi, de Campinas Free lance para o JornalCana A competitividade no setor sucroalcooleiro caminha a todo vapor. O crescimento do mercado, o surgimento de novas usinas, a expansão das unidades produtoras geram oportunidades, criam demandas, mudam paradigmas e proporcionam uma correria jamais vista na história da agroindústria canavieira do Brasil. A estimativa é que serão necessárias 150 novas caldeiras, de 150 toneladas de vapor por hora (t/h) de capacidade média, nos próximos cinco anos, ou seja, 30 equipamentos anuais, para atender uma demanda gerada pelo aumento de moagem em 215 milhões de toneladas de cana nesse período, de acordo com previsões conservadoras. Este não é o único impulso para a área de produção de energia. O momento é de alta pressão, inclusive nas caldeiras que estavam destinadas anteriormente a produzir vapor somente para consumo próprio. Com os novos tempos, elas ganham outra função: cogerar energia. Mas, devem fazer isso com elevada eficiência térmica e de combustão conforme os atuais padrões de exigência do setor. Caso contrário, podem ser descartadas independentemente da idade, origem e tempo de serviços prestados. "Algumas usinas já estão fazendo consultas sobre projetos de caldeiras com pressão de operação entre 85 e 90 kgf/cm2", informa o engenheiro mecânico Valter José Peruchi, diretor comercial da HPB, de Sertãozinho, SP. O diretor da MCE Engenharia e Sistemas, de Piracicaba, SP, José Campanari Neto, comanda o desenvolvimento de projetos de equipamentos com pressão de 92 kg. Algo inimaginável anos atrás para o setor sucroalcooleiro, essas configurações vão se aproximando da realidade conforme melhoram as perspectivas de remuneração e venda de energia. "As consultas indicam que estudos de viabilidade estão sendo elaborados levando-se em conta esse nível de pressão", ressalta Peruchi. Segundo ele, no início da década de 90, as usinas não utilizavam caldeiras com pressão superior a 42kgf/cm2. No final dos anos 90, começaram a surgir os primeiros equipamentos com 65Kgf/cm2. "Atualmente, existe interesse por uma eficiência ainda maior, o que abre caminho para um novo patamar de pressão", observa. A movimentação na área de cogeração demonstra que existe mesmo algo novo no ar. O volume de vendas dos equipamentos, projetados pela HPB - que são fabricados pela Sermatec, também de Sertãozinho -, nos últimos doze meses, é equivalente a um aumento de 50% na produção de vapor, conforme informações de Valter Peruchi. Este resultado é decorrente da maior procura por caldeiras de alta pressão, com 65 kgf/cm2. O consórcio HPB/Sermatec está preparado para projetar e fabricar equipamentos com pressão de até 120 kgf/cm2. "Empresas de outros países chegam a utilizar equipamentos de 90 a 120 kgf/cm2 para a cogeração. No Brasil, o segmento de papel e celulose também adquire caldeiras nessa faixa de pressão", afirma. PPRROOJJEEÇÇÕÕEESS AATTÉÉ AA SSAAFFRRAA 22001100//1111 Moagem em alta, mercado aquecido MMooaaggeemm:: aumento de 215 milhões de toneladas de cana (estimativas conservadoras), totalizando 562 milhões de toneladas CCaallddeeiirraass:: instalação de 150 novos equipamentos de 150 t/h (capacidade média) nos próximos 5 anos, ou seja, 30 caldeiras por ano. FFoonnttee:: Dedini Indústria de Base O mercado de cogeração de energia é promissor para o setor sucroalcooleiro brasileiro. O diretor da MCE Engenharia, José Campanari, destaca que o surgimento do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) e as oportunidades de participação nos leilões convencionais, em condições ainda mais vantajosas, ampliam as perspectivas de ganhos por parte das unidades produtoras. O gerente comercial de energia da Dedini S/A Indústrias de Base, de Piracicaba, SP, José Roberto Martim Ferreira, também observa que diversas medidas estão favorecendo o desenvolvimento desse mercado. Ele afirma que o segmento de caldeiras de alta pressão deverá ter um novo estímulo com a oficialização da iniciativa do BNDES em financiar 90% do valor de caldeiras com pressões iguais ou acima de 60 kgf/cm2, proporcionando redução do custo financeiro (spread). Para equipamentos com pressão até 60 kg, será mantido o financiamento de 80% do total. Leilões e financiamentos aquecem o mercado Cogeração abre caminho para alta pressão no setor Junho/2006� Tecnologia Industrial46 A ebulição na área de geração e cogeração de energia aquece a competitividade no mercado não apenas em relação ao volume de vendas. A tecnologia utilizada, os diferenciais e as características de cada modelo tornam-se prioridade para quem busca eficiência e qualidade operacional, além de simplicidade e facilidade na manutenção. A concorrência acontece hoje em alto nível. Os fabricantes tradicionais de caldeiras e as empresas de engenharia, que desenvolvem projetos nessa área, buscam aprimoramentos que apontam para relações entre custo e benefícios cada vez mais otimizadas e apropriadas para as diferentes plantas industriais. O segredo do equipamento pode estar oculto em seu sistema construtivo. "As caldeiras aquatubulares do consórcio HPB/Sermatec são construídas com painéis membranados, o que restringe o uso de material refratário", explica o engenheiro mecânico Valter Peruchi. Essa característica proporciona vantagens: cria condições para maior absorção de calor e minimiza a manutenção. "São equipamentos flexíveis preparados para queima de bagaço com umidade superior a 55%, apresentando alta eficiência térmica", afirma. De acordo com ele, as novas plantas registram uma eficiência térmica em torno de 90%, enquanto a média no mercado oscila entre 86% e 87%. Outro indicador demonstra a boa performance da caldeira do HPB/Sermatec. Peruchi diz que a tecnologia empregada possibilita a eficiência de combustão superior a 98%. "Esse índice demonstra a quantidade de combustível disponibilizado que é queimado. No caso do setor sucroalcooeiro, está relacionado ao bagaço de cana efetivamente aproveitado. A média do mercado é de 97%", compara. O diretor comercial da HPB diz ainda que a alta disponibilidade operacional do equipamento, que ultrapassa 99%, é outro diferencial. "O índice de manutenção é muito baixo", enfatiza. O processo de limpeza, durante a operação, é outro fator importante que deve ser levado em consideração na hora de escolher o equipamento. As grelhas rotativas, que fazem a remoção contínua das cinzas é o que existe de mais moderno nessa área, segundo o diretor comercial da HPB. "Não há necessidade de qualquer interrupção", afirma. As outras - a basculante e a pin hole - fazem a limpeza periódica. Qualquer que seja a forma construtiva, a eficiência da caldeira depende da harmonia entre todos os seus componentes. Quem afirma isto é o engenheiro mecânico Marcelo Macif Mitre, diretor da Mitre Engenharia, com 32 anos de experiência nessa área. Ele é responsável pela realização de projetos novos e de repotenciação de equipamentos, dotados de diferentes tecnologias, com mais de 200 caldeiras em unidades produtoras do setor sucroalcooleiro no Brasil. Com a experiência acumulada entre os 23 anos de sua empresa e 9 anos no mercado de trabalho neste segmento, ele afirma com conhecimento de causa: "Com a venda de excedentes de energia gerada em caldeiras de alta pressão, em fase adiantada, a nova tendência no setor é a redução do consumo de vapor de escape". O desenvolvimento de um projeto personalizado proporciona alta eficiência e apresenta uma redução significativa no custo do equipamento. "A maioria das atuais solicitações de projetos é para caldeiras de 64kgf/cm2 de pressão de operação. Mas, já temos em operação uma unidade de 75kgf/cm2. As de maior capacidade para o setor sucroalcooleiro em operação, que já projetamos, são de 200 TVH (toneladas de vapor/hora)", revela o diretor da Mitre Engenharia, que acompanha a aquisição de componentes, fabricaçãoe a operação de cada equipamento desenvolvido. O grande interesse pela tecnologia de ponta nessa área ainda não exclui, no entanto, a otimização de caldeiras existentes. "Já fizemos a repotenciação de equipamentos de todos os fabricantes, marcas e formas construtivas", diz o diretor da Mitre Engenharia. Segundo ele, as caldeiras mais antigas são enormes, com equipamentos periféricos pequenos e baixa produção. A otimização possibilita, por exemplo, a transformação da capacidade de alguns equipamentos, de 40 a 50 TVH para 100 TVH. A perspectiva é, contudo, o desaparecimento desse modelo nas usinas e destilarias. Cada vez mais sofisticadas e ao mesmo tempo enxutas e otimizadas, as caldeiras deverão ser projetadas também com faixas de pressão acima de 64kgf/cm2. "Com a redução do consumo de vapor de escape, é natural chegarmos a pressões da ordem de 100 kgf/cm2", ressalta. SSEERRVVIIÇÇOO MMiittrree EEnnggeennhhaarriiaa Rua Juventina Pereira de Rezende, 135 Ribeirão Preto - SP Fone 16 3623 4021 - Fax 16 3623 1504 projetos@mitreengenharia.com.br Marcelo Mitre: nova tendência no setor é a redução do consumo de vapor de escape Caldeiras projetadas com o foco nas necessidades de aplicação de cada cliente apresentam uma redução de 20% a 30% no investimento inicial Mitre Engenharia projeta equipamentos de alta performance Equipamentos oferecem eficiência e qualidade operacional Fabricantes e empresas de engenharia aprimoram caldeiras que atendem exigências de diferentes plantas industriais Tecnologia Industrial �Junho/2006 47 A melhor solução tecnológica, nos projetos de caldeiras, deve ser acompanhada também por um rigoroso processo de fabricação. Pioneira no desenvolvimento neste tipo de equipamento, a Dedini é a única empresa brasileira que possui a certificação ISO 9001/2000 para a fabricação de caldeira para o setor sucroalcooleiro. Além disso, possui o selo da Asme Power Boiler que define fórmulas e cálculos nessa área, que são aceitos internacionalmente. "A soldagem na fabricação de caldeiras de alta pressão exige procedimentos rigorosos e específicos", exemplifica o engenheiro mecânico José Roberto Ferreira, gerente comercial de energia da Dedini. Outro cuidado é a utilização de materiais certificados. O gerente de energia destaca que um dos diferenciais das caldeiras da empresa é o processo de queima em suspensão - criado pela Dedini -, o que proporciona altíssima eficiência térmica. As caldeiras AT, que adotam esse sistema, possibilitam pressões de operações até 80kgf/cm2, são robustas e resistentes a sismos e com alta eficiência. A empresa oferece também a linha AZ, com equipamentos mais compactos e simples, que apresentam baixo custo de montagem, manutenção e menor investimento inicial. A concepção das caldeiras da Dedini permite a instalação de grelhas do tipo basculante, rotativa ou plana. Na linha AZ, há ainda a opção da grelha inclinada, que é dividida em seções independentes para possibilitar a limpeza com a caldeira em funcionamento. "A basculante é somente resfriada pelo ar. A plana é resfriada a água, tornando-se, na maioria dos casos, bastante vantajosa para o bagaço, com ótima relação custo/benefício", compara José Roberto. A definição do tipo de grelha vai depender, no entanto, de cada projeto. Na linha AT, por exemplo, é utilizada geralmente a grelha basculante para queima da pequena porção do combustível não queimado em suspensão. A rotativa tem apresentado melhores resultados - de acordo com o gerente de energia - para a queima de carvão mineral granulado. A cogeração de energia é o fator essencial para a definição de parâmetros na escolha de caldeiras, tanto nas novas unidades como nas plantas industriais já instaladas. A moderna e avançada Usina São Francisco, de Quirinópolis, GO, optou pela tecnologia empregada no modelo AMD Monodrum, da empresa Caldema, em parceria com a Thermocal Engenharia. "A tubulação, totalmente soldada, é resistente a alta pressão. Nas caldeiras convencionais, os tubos mandrilhados costumam soltar, em algumas ocasiões, nessas condições", compara José Ieda Neto, gerente da área industrial do Grupo USJ Açúcar e Álcool, que é proprietário da Usina São João, de Araras, SP. A nova unidade do grupo, que começa a operar no final de julho, vai gerar 50 MW, utilizando 20 MW para consumo e comercializando 30 MW. Com 65 kgf/cm2, 250 t/h e 480ºC, a caldeira AMD Aquatubular Monodrum, instalada na usina, é considerada uma das maiores do mundo para a queima de bagaço de cana. "Esse tipo de caldeira emprega tecnologia de ponta, não utilizando alvenaria. Apresenta maior eficiência térmica em relação a outros modelos. É totalmente automatizada", diz José Ieda Neto. "Para quem pretende modernizar o parque industrial, não há outro caminho. É preciso investir em tecnologia para produção de energia", afirma Marcos Antonio Barreto Miranda, gerente industrial da Usina Mandu. Essa unidade de Guaíra, SP, colocou em funcionamento, em abril, uma caldeira de 67 kgf/cm2, de 180 t/h e 510ºC que substituiu três equipamentos de 21 kg. O novo modelo está gerando 22,5 MW, sendo 5,8 para uso próprio e 16,7 MW para exportação. "Anteriormente, havia apenas a produção de 5,2 MW para consumo", conta o gerente industrial. Usinas investem em tecnologia de ponta para a produção de energia Processo de fabricação segue cálculos e procedimentos rigorosos Com o aumento nos preços da commoditie açúcar, do álcool e as boas perspectivas para a cogeração de energia elétrica, vários grupos resolveram investir maciçamente no setor sucroalcooleiro, promovendo um boom de novas usinas já existentes e futuras. Neste investimento é necessária a compra de equipamentos novos, principalmente os fundamentais para o funcionamento de uma usina, como por exemplo, as caldeiras. As caldeiras mais solicitadas hoje principalmente para as novas plantas são as que possuem características de médias para altas pressões e altas capacidades de produção de vapor por tonelada/hora e temperatura entre 400°C a 520°C. "A questão da otimização hoje é de extrema importância e de forma geral, na usina como um todo, os grupos buscam um layout de fábrica racional e enxuto, evitando desperdício de recursos, principalmente na manutenção e mão-de-obra desnecessária", explica o gerente comercial da Caldema, Alexandre Martinelli. Assim, ainda de acordo com Alexandre Martinelli, em vez de várias caldeiras de baixas capacidades e pressões, hoje é possível gerar a mesma quantidade de vapor com poucas caldeiras de médias e altas pressões e capacidades, com eficiência maior. "Há unidades, como a de Tapejara, no Paraná, do Grupo Santa Terezinha, que hoje utilizam apenas uma caldeira", lembra Martinelli. "Naquela usina já está funcionado a maior caldeira do mundo, modelo Monodrum, que utiliza bagaço de cana como combustível", diz o gerente comercial. A caldeira da unidade Tapejara do Grupo Santa Terezinha gera 300t/h - 65kgf/cm2 - 480°C. "O mercado necessita e temos buscado soluções para suprir esta necessidade", afirma Alexandre Martinelli. Ele conta que já estão sendo produzidas mais duas unidades de caldeiras Monodrum, que representam uma nova concepção em geração de vapor, e vêm atender exatamente as novas necessidades do mercado, tanto nacional quanto internacional. SSEERRVVIIÇÇOO CCAALLDDEEMMAA EEQQUUIIPPAAMMEENNTTOOSS IINNDDUUSSTTRRIIAAIISS LLTTDDAA Rod. Armando de Sales Oliveira, Km 335-8 - CEP 14.175-300 - Sertãozinho - SP - Fone 016 3945-2700 www.caldema.com.br diretoria@caldema.com.br Martinelli: Monodrum é nova concepção de caldeira Junho/200648 � Tecnologia Industrial As caldeiras apresentam características técnicas diferenciadas que são definidas conforme o desenvolvimento de cada modelo. As variações vão desde detalhes sutis até a concepção geral do projeto. Para o engenheiro mecânico José Campanari Neto, diretor da MCE Engenharia e Sistemas, uma coisa é certa: as caldeiras monodruns vieram para ficar. "Apresentam vantagens para equipamentos de grande porte. Os de 250 toneladasvapor/hora só estão utilizando modelos com um balão. E isto já ocorre com os de 200 t/h. A eficiência é maior", enfatiza Campanari que desenvolve projetos térmicos para usinas. De acordo com ele, o surgimento das monodruns favorece o desenvolvimento de caldeiras até 100 kg de pressão. Com a alta pressão, no entanto, há novos desafios relacionados à temperatura e ao material empregado. Para a obtenção da eficiência térmica desejada nas caldeiras com patamares elevados de pressão, é preciso trabalhar com temperaturas altas que variam - conforme o projeto - de 490ºC a 520ºC. O diretor da MCE lembra que o aumento da temperatura exige materiais com maior resistência. "É preciso, muitas vezes, alterar as especificações de válvulas nacionais de 900 para 1.500 libras", exemplifica. Outra alternativa é a utilização de material importado. Em qualquer situação, há necessidade de avaliar a qualidade e a relação custo/benefício. Campanari observa que é possível obter boa eficiência térmica, a partir de determinados critérios técnicos, em caldeiras com pressão de até 92 kgf/cm2, empregando-se temperatura de 490ºC ou 500ºC, sem necessidade de onerar o orçamento com material. O equilíbrio entre diversos fatores é a chave para o sucesso de empreendimentos, nessa área, nas unidades novas ou mesmo nas usinas em funcionamento. Antes de intervir nas plantas de geração e cogeração, a MCE Engenharia faz um diagnóstico da situação, apresentando os custos e as vantagens das diferentes rotas para a otimização da produção de energia, tanto para consumo próprio como para exportação. A partir da escolha de uma alternativa tecnológica por parte da diretoria de uma unidade produtora, ocorre o detalhamento do projeto, o que inclui a especificação de equipamentos, fluxo do bagaço, tratamento de água, entre outros aspectos. Há também o acompanhamento da fabricação, instalação e start-up de equipamentos e da planta de geração e cogeração. "Os operadores das usinas têm se adaptado às novas tecnologias com uma velocidade incrível", elogia. Modelos apresentam características técnicas diferenciadas Mercados & Cotações �Junho/2006 49 Aprovada, Nota Técnica 69 pode multiplicar a oferta de energia Mônica Magalhães Free lance para o JornalCana A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, realizou em Maio deste ano, uma audiência pública que resultou na Nota Técnica 69, onde estabelece a inserção de COMERCIALIZADORAS no inter- relacionamento entre as fornecedoras de biomassa e os consumidores de energia. Na prática, esta Nota Técnica permitirá que as COMERCIALIZADORAS se tornem mais presentes no mercado de fonte incentivada, uma vez que poderão comprar energia diretamente dos produtores independentes de fontes renováveis, explica Barsanulfo Xavier Filho, coordenador da área de energia renovável da União Energia. A expectativa é de que a Aneel regulamente esta decisão em breve. Xavier lembra que esse é um pleito antigo das COMERCIALIZADORAS de energia, dentre as quais a União Energia está inserida. Havia um descasamento entre a fonte fornecedora e o consumidor final. "Após a regulamentação da nota técnica, as COMERCIALIZADORAS poderão comprar energia e constituir um portfólio de clientes. A União Energia, por exemplo, funcionará como facilitador entre o gerador e o consumidor", diz Xavier. Fundada em 2001, a União Energia trabalha intensamente com usinas de açúcar e álcool que exportam energia ao Sistema Interligado Nacional através de processos de co- geração de energia, cuja fonte é o bagaço da cana, incluindo PCH's (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e também participa de pesquisas de novas tecnologias de geração de energia, como por exemplo, células de combustíveis com energia oriunda da vinhaça. "Estamos continuamente focados em fontes renováveis", acrescenta. A geração de energia a partir do bagaço de cana possui um enorme potencial no Brasil. Hoje representa um volume negociado no mercado livre em torno de 850 MegaWatts. A capacidade instalada das usinas do país, cerca de 320 unidades em todo Brasil, está entre 2.500 e 2.800 MegaWatts. "Somando o potencial de geração de todas essas usinas pode-se atingir a capacidade equivalente ao mesmo volume gerado pela Usina de Itaipu", afirma Barsanulfo. Atualmente, a maioria das usinas de açúcar e álcool do país é auto- suficiente na produção de energia. A maior parte das usinas investe significativamente no aumento da capacidade de produção de energia, com a finalidade de comercializar o produto no mercado livre. Aneel encurta distância entre fornecedor e consumidor Junho/2006� Mercados & Cotações50 De acordo com Barsanulfo Xavier Filho, especialista em co-geração da empresa União Energia, a nova resolução da Aneel assim que aprovada, facilitará as operações entre consumidores acima de 500 kW e Produtores Independentes no mercado livre, incentivando ainda mais a bioeletricidade e aumentando o leque de oportunidades às empresas co-geradoras de energia, como as usinas e destilarias. Além da atual valorização de seus principais produtos e com perspectivas de crescimento nos próximos 10 anos, as usinas e destilarias brasileiras poderão comercializar a energia co-gerada no livre mercado, também em leilões no ambiente regulado, obtendo rentabilidades tão expressivas quanto as obtidas com as commodities açúcar e álcool. Com a livre negociação de preços, gera-se a possibilidade de melhores ganhos, visando transformar este enorme potencial energético em resultados concretos para as usinas. A co-geracão que até pouco tempo atrás era vista como um sub-produto, hoje representa uma fonte de renda importante para maioria das unidades produtoras do Brasil, sendo que, a sua implementação exige cuidados essenciais para se obter o retorno adequado sobre o investimento, e neste momento os empresários do setor sucroalcooleiro necessitam de uma maior concentração. A equação: potencial 'versus' lucratividade, esbarra na falta de experiência e expertise para mensurar a estrutura necessária de como atingir os objetivos e resultados concretos na comercialização de energias renováveis. O resultado dessa conta é que as unidades co-geradoras necessitam, em geral, de agentes facilitadores nesse processo de comercialização de energia. Uma das empresas que tem suprido esta lacuna no mercado de comercialização e consultoria de fontes de energias renováveis é a União Energia, que além de ser credenciada pela Aneel, requisito indispensável neste tipo de ação, possui a expertise para auxiliar tanto as empresas geradoras quanto as consumidoras neste processo todo. "Este é um mercado dinâmico e exige celeridade e alto conhecimento. Apenas quem está no setor consegue agilizar os processos, e como temos amplo conhecimento oferecemos uma assessoria adequada às empresas, especialmente as co-geradoras", lembra Barsanulfo. O próprio Barsanulfo é um destes agentes facilitadores, uma vez que é pioneiro em co-geração de energia no Brasil e possui experiência em todos os setores do mercado de energia. Recentemente foi convidado para palestrar no Gegis - Grupo de Estudos em Gestão Industrial. Na ocasião, fez uma retrospectiva da biomassa nos anos 80 e 90 e abordou o crescimento explosivo da bioeletricidade no Brasil. Mostrou ainda as dimensões tecnológica, econômica, institucional e de regulação, e a participação na matriz energética nacional. SSEERRVVIIÇÇOO UUnniiããoo EEnneerrggiiaa Fone - 55 11 3046-4111 www.uniaoenergia.com Nova resolução da Aneel possibilitará maior flexibilidade e rendimento para os cogeradores Barsanulfo Xavier Filho, da União Energia Tecnologia Industrial - Artigo �Junho/2006 53 Fernando Medeiros* A separação da sacarose de suas impurezas associadas nas soluções sacarinas é função fundamental na fabricação do açúcar. Objetivo esse alcançado através da cristalização da sacarose, pois outras impurezas já foram eliminadas na fase de clarificação. A separação dos não-açúcares por meio da cristalização exige repetidas cristalizaçõestantas quantas sejam economicamente possíveis. A cristalização do açúcar pode ser conduzida dentro de uma ampla faixa de purezas. A experiência indica que pureza muito baixa ocasiona o enfraquecimento da grã, estas crescem pouco firmes e de sensação viscosa. Percebe-se que a cristalização em ambiente de alta pureza produz um efeito de crescimento muito rápido e anormal de algumas grãs em prejuízo de outras, produzindo cristalização não uniforme. Os estudos mostram que os cristais se juntam através de forças osmóticas. Nas suspensões cristalinas em ambiente de baixa pureza, ocorrem menores diferenças na concentração de sacarose, assim não há variação de pressão osmótica nas proximidades dos cristais; assim, a possibilidade de aparecer conglomerados e geminados é mínima. A prática consolidada é a de cristalizar em ambiente com pureza na faixa de 72 a 74. É de extrema importância utilizar a tecnologia adequada para se obter uma cristalização com o nível máximo de cristais uniformes. Os especialistas indicam que para formar cristais simples, uniformes, sem conglomerados ou geminados, se faz necessário cristalizar na menor concentração possível, com semente de boa qualidade, e condições estáveis de concentração (supersaturação) e temperatura. Uma vez introduzida à semente (núcleo) no tacho com a concentração adequada do licor-mãe, devemos recordar que temos plantado uma semente muito pequena, que por oferecer pouca superfície de contato necessita de boas condições iniciais, e um tempo de estabilização para a grã começar a desenvolver-se sem formação de novas grãs. Após a injeção da semente, esperar um tempo mínimo adequado para que os núcleos de cristais sejam misturados ao pé e em seguida, iniciar o período de estabilização com adição de água de movimento para manter a supersaturação estável. O tempo de estabilização deve ser criteriosamente observado, pois sabemos que infelizmente a migração da sacarose do licor-mãe para os cristais presentes necessita de tempo para ocorrer. O tempo de estabilização deve continuar até sentir que a grã livre tenha absorvido o máximo de sacarose da solução. Atingindo este ponto, as condições normais de operação do tacho devem ser restabelecidas e se deve iniciar a alimentação normalmente. O trabalho de cristalização busca produzir açúcar de qualidade com exaustão máxima dos méis em tempo mínimo. Para alcançar estes objetivos recomenda-se que duas condições primárias relativas à concentração ótima dos cristais sejam harmonizadas dentro dos limites práticos impostos pelas condições locais. São elas: a máxima da superfície dos cristais e a porosidade máxima das camadas dos cristais. Para obter-se área máxima de cristais a concentração destes deverá ser a maior permissível pela mobilidade dos cristais e a porosidade máxima depende da grandeza e uniformidade do cristal. A utilização da semente de boa qualidade é de extrema importância no processo de cristalização do açúcar, os resultados que podem ser obtidos com uma operação correta na preparação da semente são mais importantes do que normalmente se considera. Na prática a quantidade de semente deverá ser ajustada em função do esgotamento e tamanho dos cristais da massa cozida de baixo grau. Especialistas são conclusivos quanto à formação de conglomerados, isto é possível a partir de partículas pré- conglomeradas, que se formam durante a nucleação (cristalização) por isto, é recomendável que a semente seja submetida, antes do uso, a uma forte agitação para quebrar os conglomerados existentes. FFeerrnnaannddoo MMeeddeeiirrooss é engenheiro químico e consultor autônomo - fmalbuquerque@uol.com.br CRISTALIZAÇÃO DO AÇÚCAR
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