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SOI III 3° PERÍODO APRENDIZAGEM EM PEQUENOS GRUPOS S6P2: BATATA FRIA VASOS SANGUÍNEOS Os vasos sanguíneos contribuem para a homeostasia, possibilitando fluxo sanguíneo através do coração e a troca de nutrientes e escórias metabólicas nos tecidos. Também têm participação importante no ajuste da velocidade e do volume de fluxo sanguíneo. ESTRUTURA E FUNÇÃO DOS VASOS SANGUÍNEOS Os cinco tipos principais de vasos sanguíneos são as artérias, as arteríolas, os capilares, as vênulas e as veias. 1. Artérias:Transportam o sangue do coração para outros órgãos. 2. Arteríolas:Artérias de pequeno calibre. 3. Capilares:Com as paredes finas dos capilares, possibilita-se a troca de substâncias entre o sangue e os tecidos do corpo (hematose). 4. Vênulas: Veias de pequeno calibre. 5. Veias: São os vasos sanguíneos que conduzem o sangue dos tecidos de volta para o coração. - Observação: Veias apresentam válvulas, a fim de evitar o retorno do sangue. ESTRUTURA BÁSICA A parede de um vaso sanguíneo é composta por três camadas, ou túnicas, de tecidos diferentes: 1. Túnica íntima: Um revestimento epitelial interno 2. Túnica média: Uma túnica média formada por músculo liso e tecido conjuntivo elástico. 3. Túnica adventícia: Um revestimento externo de tecido conjuntivo. TÚNICA ÍNTIMA • Forma o revestimento interno de um vaso sanguíneo e está em contato direto com o sangue que flui pelo lúmen. • Sua camada mais interna é chamada endotélio (revestem a face interna de todo o sistema circulatório). • Sua face luminal lisa facilita o fluxo sanguíneo eficiente, reduzindo o atrito superficial. • O segundo componente da túnica íntima (composto por fibras colágenas-resistente a tração) é uma membrana basal profunda ao endotélio. • A parte mais externa da túnica íntima, que forma a fronteira entre a túnica íntima e a túnica média, é a lâmina elástica interna. • A lâmina elástica interna é uma lâmina fina de fibras elásticas com número variável de aberturas semelhantes a janelas (fenestrações). • Estas fenestrações facilitam a difusão de materiais através da túnica íntima para a túnica média mais espessa. TÚNICA MÉDIA • A túnica média é uma camada de tecidos muscular e conjuntivo com fibras elásticas. - Observação: Com maior espessura nas artérias e menor nas veias. • A principal função das células musculares lisas, é regular o diâmetro do lúmen. • As células musculares lisas também ajudam a produzir as fibras elásticas na túnica média que possibilitam que os vasos se estirem e retraiam à pressão exercida pelo sangue. • A separação entre a túnica média e a túnica externa se dá por uma rede de fibras elásticas, a lâmina elástica externa, que faz parte da túnica média. TÚNICA EXTERNA • O revestimento externo de um vaso sanguíneo, a túnica externa, é composto por fibras elásticas e colágenas. • A túnica externa contém diversos nervos e, especialmente nos grandes vasos, minúsculos vasos sanguíneos que irrigam o tecido da parede do vaso. Esses pequenos vasos que fornecem sangue para os tecidos do vaso são chamados vasos dos vasos, ou vasa vasorum. • Além da importante função de fornecer nervos e vasa vasorum à parede do vaso, a túnica externa ajuda a ancorar os vasos aos tecidos circundantes. Maria Vitória de Sousa Santos VASOS SANGUÍNEOS DOS MEMBROS INFERIORES DOENÇA ARTERIAL OBSTRUTIVA PERIFÉRICA • A Doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) é caracterizada pelo estreitamento, endurecimento e obstrução das artérias dos membros inferiores. • Isto ocorre pelo envelhecimento das artérias e pelo acúmulo de gordura, cálcio ou outros elementos em suas paredes, fazendo com que o fluxo sanguíneo fique prejudicado e podendo causar complicações. • A aterosclerose é uma causa importante de doença arterial periférica (DAOP) e é mais comumente observada nos vasos dos membros inferiores. A DAOP pode também resultar de trombose, embol ia , vascul i te, d isplas ia fibromuscular ou aprisionamento. • As artérias femoral superficial e poplítea são os vasos mais comumente afetados. • Quando as lesões se desenvolvem na perna e no pé, as artérias tibial, fibular comum ou os vasos dos pés são os mais comumente afetados. • A doença costuma ser mais observada em homens e mulheres à medida que envelhecem. Desenvolvimento da aterosclerose A aterosclerose se caracteriza pelo desenvolvimento de lesões ateromatosas no revestimento da camada íntima de grandes e médias artérias, que se projetam para dentro e podem, por fim, obstruir o fluxo sanguíneo. O d e s e n v o l v i m e n t o d e l e s õ e s ateroscleróticas é um processo progressivo que envolve: (1) lesão da célula endotelial; (2) migração de células inflamatórias; (3) proliferação das células musculares lisas e deposição de lipídios (4) desenvolvimento gradual da placa de ateroma com um núcleo lipídico. Passo a passo da formação de placa de ateroma: 1. Agente irritante (P.A, excesso de lipídeos, toxinas dos cigarros e etc) 2. Parede do endotélio é danificada pelo a gente irritante. 3. Colesterol se acumula abaixo do endotélio danificado —> forma-se camadas de gordura que começam a oxidar —> Sinal químico para o recrutamento de monócitos. 4. Monócitos englobam a célula de gordura no intuito de degrada-las —> monócitos se transformam em macrófagos —> macrófagos cheios de gordura começam a morrer e agora são chamados de células espumosas. - Observação: Células espumosas induzem o músculo liso a realização deposição de cálcio na placa, provocando assim um enrijecimento . 5. Células espumosas liberam citocinas, que tendem a atrair mais monócitos e assim o ciclo reinicia. 6. Células do músculo liso movimentam-se em direção a superfície da placa fibrosa —> casca fibrosa (impede que ocorra o rompimento). 7. Obstrução do fluxo sanguíneo. agente Maria Vitória de Sousa Santos Etiologia Os fatores de risco para esta doença são semelhantes aos da aterosclerose: 1. Tabagismo 2. Diabetes 3. Obesidade 4. Hipertensão arterial 5. Colesterol alto 6. Idade avançada 7. Histórico familiar Manifestações clínicas • Tal como acontece com a aterosclerose em outros sítios, os sinais e sintomas de oclusão do vaso são graduais. - Observação: Geralmente, existe pelo menos um estreitamento de 50% do vaso antes que apareçam os sintomas de isquemia. 1. Claudicação intermitente ou dor ao caminhar: Tipicamente, as pessoas com o transtorno se queixam de dor na panturrilha, porque o músculo gastrocnêmio tem o maior consumo de oxigênio durante a caminhada. Algumas pessoas podem se queixar da sensação de uma dor vaga ou dormência. Observação: A claudicação intermitente ocorre quando a demanda de oxigênio do músculo esquelético durante o esforço físico supera o fornecimento de oxigênio pelo sangue, e resulta da ativação de receptores sensoriais locais pelo acúmulo de lactato e de outros metabólitos. Pacientes com claudicação intermitente podem ter uma única ou múltiplas lesões oclusivas nas artérias que irrigam os membros inferiores 2. Fraqueza nas pernas 3. Feridas que não cicatrizam nos dedos, pés ou pernas 4. Mudança na coloração das pernas 5. Perda de pelos 6. Crescimento lento das unhas dos pés 7. Disfunção erétil nos homens 8. Alterações atróficas e afinamento da pele e dos tecidos subcutâneos na parte inferior da perna. 9. Diminuição do tamanho dos músculos da perna. 10. O pé muitas vezes se apresenta frio, e os pulsos poplíteo e podálico são fracos ou inexistentes. 11. Quando o fluxo sanguíneo é reduzido a ponto de já não mais atender às necessidades mínimas d e m ú s c u l o s e n e r vo s e m re p o u s o , desenvolvem-se dor isquêmica em repouso, ulceração e gangrena. 12. À medida que se desenvolve a necrose do tecido, tipicamente se manifesta dor grave na região de ruptura cutânea. Classificação da DAOP Diagnóstico • Os métodosde diagnóstico incluem a inspeção dos membros para verificar se há sinais de isquemia crônica de baixo grau, como atrofia subcutânea, unhas quebradiças, queda de pelos, palidez, frieza ou rubor pendente. • A palpação dos pulsos das artérias femoral, poplítea, tibial posterior e dorsal do pé possibilita uma estimativa do nível e do grau de obstrução. A proporção entre a pressão sistólica do tornozelo e do braço (i. e., artérias tibial e braquial) é empregada para detectar uma obstrução significativa, sendo que um valor inferior a 0,9 indica oclusão. - Índice tornozelo-braquial (ITB): ITB é medido por meio da razão entre a pressão arterial sistólica (PAS) do braço e a do tornozelo, tanto esquerdo quanto direito. A Maria Vitória de Sousa Santos relação PAS braço/PAS tornozelo normal é acima de 0,90. A obstrução leve caracteriza-se por ITB entre 0,71-0,90; moderada 0,41-0,70; e grave 0,00-0,40. • Normalmente, a pressão sistólica no tornozelo excede a da artéria braquial, porque a pressão sistólica e a pressão diferencial tendem a aumentar à medida que a onda de pressão se move para longe do coração. - Observação: A pressão arterial deve ser medida em diversos pontos na perna para determinar o nível de obstrução. • Um estetoscópio de ultrassom Doppler pode ser usado para detectar pulsos e medir a pressão arterial. Também podem ser empregados como métodos: 1. Ultrassom dúplex – visualiza as artérias e diz a porcentagem de estreitamento. 2. Ressonância magnética – utiliza um campo magnético para visualizar as artérias e dizer a porcentagem de estreitamento. Requer a injeção de um contraste na veia do braço, que faz os vasos aparecerem mais nítidos. 3. Tomografia computadorizada – utiliza raios X para visualizar as artérias e dizer a porcentagem de estreitamento. Também requer a injeção de um contraste na veia do braço. 4. Angiografia – utiliza raios X e contraste injetado diretamente nas artérias. Prevenção Algumas medidas para prevenir a doença obstrutiva são: 1. Não fumar 2. Prática regular de exercícios fisicos 3. Alimentação balanceada 4. Controle do peso 5. Controle dos níveis de colesterol 6. Controle rigoroso da pressão arterial 7. Controle rigoroso do diabetes Tratamento • É importante abordar outros fatores de risco cardiovascular, como tabagismo, hipertensão, níveis elevados de lipídios e diabetes. • Pode ser indicado o tratamento medicamentoso para controle da hipertensão arterial sistêmica, da intolerância à glicose, do diabete melito e das dislipidemias. Os dois objetivos do tratamento em pessoas com DAOP são: (1) diminuir o risco cardiovascular considerável (2) reduzir os sintomas. - Observação: Pessoas com DAP devem ser avaliadas para a coexistência de aterosclerose coronariana e cerebrovascular. 1. Antiplaquetários: (ácido acetilsalicílico ou clopidogrel) reduzem a taxa de mortalidade por acidente vascular em pessoas com DAOP em aproximadamente 25%. 2. Estatinas : Diminuem o colesterol e estabilizam a placa de gordura, impedindo-as de se romperem e causarem trombos e êmbolos. 3. Cilostazol: Inibidor da fosfodiesterase. 4. Pentoxifilina: Um antagonista do receptor de adenosina difosfato [ADP] que diminui viscosidade do sangue e melhora a flexibilidade das hemácias. - O b s e r v a ç ã o : U m a i n t e r v e n ç ã o percutânea ou cirúrgica tipicamente fica reservada para aqueles com claudicação debilitante ou isquemia que ameaça a viabilidade do membro. - Observação: Pode haver indicação de um procedimento cirúrgico (i. e., bypass femoropoplíteo com utilização de enxerto de parte da veia safena) em casos graves. 5. Endarterecromia: Retirada da placa que está causando obstrução. 6. Bypass femoropoplíteo: Consiste na construção de um novo caminho para o fluxo de sangue através de um enxerto, que pode ser uma parte de uma das veias ou um tubo sintético conectado acima e abaixo de um bloqueio, permitindo que o sangue flua, contornando a lesão. 7. Stent: Outro método de tratamento é a angioplastia transluminal percutânea com colocação de stent, em que um cateter-balão é inserido na área da estenose e o balão insuflado para aumentar o diâmetro do vaso. Maria Vitória de Sousa Santos OUTRAS CAUSAS DA DOAP TROMBOANGEÍTE OBLITERANTE • A tromboangeíte obliterante afeta principalmente os vasos médios e de pequeno calibre. • Os achados patológicos incluem um trombo oclusivo, altamente celular, incorporando leucócitos polimorfonucleares, microabscessos e células gigantes multinucleadas ocasionais. • O infiltrado inflamatório também pode afetar a parede vascular, mas a membrana elástica interna permanece intacta. • Na fase crônica da doença, o trombo torna-se organizado e a parede vascular torna-se fibrótica. • O uso ou a exposição ao tabaco está presente em quase todos os pacientes. • A h i p e r c o a g u l a b i l i d a d e , m e c a n i s m o s imunológicos e disfunção do endotélio podem contribuir para a patogenia da TAO. • As células endoteliais de artérias afetadas apresentam expressão aumentada de moléculas de adesão aos leucócitos. • Pode ocorrer diminuição da vasodilatação dependente do endotélio tanto nos membros afetados como nos não afetados de pacientes com TAO. • Os pacientes podem ter claudicação das mãos, dos antebraços, dos pés ou das panturrilhas. A maioria dos pacientes com TAO apresenta-se com dor em repouso e ulcerações digitais. • O elemento fundamental no tratamento é a cessação do tabagismo. OBSTRUÇÃO TOTAL PERIFÉRICA • Oclusão arterial aguda é um evento súbito que interrompe o fluxo arterial para os tecidos ou órgãos afetados. • A maioria das oclusões arteriais agudas resulta de um êmbolo ou trombo. • Embora muito menos comum do que êmbolos e trombos, um traumatismo ou espasmo arterial provocado por punção arterial pode representar outra causa de oclusão arterial aguda. Etiologia e Patogênese • Embolia: Refere-se a uma partícula que se move livremente, como um coágulo sanguíneo que se solta e viaja através dos grandes vasos da circulação até se alojar em um vaso menor e obstruir o fluxo sanguíneo. • A maioria dos êmbolos surge no coração e é causada por condições que provocam a formação de coágulos sanguíneos que se desenvolvem na parede de uma câmara do coração ou na superfície de uma valva (estase sanguínea). • Os êmbolos geralmente são uma complicação de uma doença cardíaca: doença cardíaca isquêmica com ou sem infarto, fibrilação atrial ou doença cardíaca reumática. • Próteses valvares cardíacas podem ser outra fonte de êmbolos. • Outros tipos de êmbolos são os êmbolos gordurosos que se originam na medula óssea de ossos fraturados, êmbolos de ar do pulmão e embolia de líquido amniótico que se desenvolve durante o parto. • Trombo: é um coágulo que se forma na parede de um vaso e continua a aumentar até alcançar um tamanho que obstrui o fluxo sanguíneo. Os trombos muitas vezes surgem como resultado da erosão ou ruptura da cápsula fibrosa de uma placa aterosclerótica. Manifestações clínicas • Os sinais e sintomas de oclusão arterial aguda dependem da artéria envolvida e da adequação da circulação colateral. • Os êmbolos tendem a se alojar nas bifurcações das grandes artérias, incluindo a aorta e as artérias ilíaca, femoral e poplítea. A apresentação de embolia arterial aguda frequentemente é descrita como: 1. Tiro de pistola- manifestação aguda; 2. Palidez; 3. Frialdade (baixa temperatura); 4. Inexistência de pulso; 5. Dor; 6. Parestesia; 7. Paralisia. • A oclusão em uma das extremidades provoca a manifestação de dor aguda súbita com dormência, formigamento, fraqueza, palidez e frio. • Frequentemente, pode ser observada uma linha de demarcação nítida entre o tecido oxigenado acima da linha de obstrução e o tecido isquêmico e abaixo da linha de obstrução. • Não há pulsos abaixo do nívelda oclusão. • Essas alterações são rapidamente acompanhadas por cianose, manchas e perda sensorial dos reflexos e da função motora. • Ocorre morte do tecido, a não ser que o fluxo sanguíneo seja restaurado. Diagnóstico e Tratamento • O diagnóstico da oclusão arterial aguda é baseado nos sinais de comprometimento do fluxo sanguíneo. • Devem ser utilizados avaliação visual, palpação dos pulsos e métodos para verificação do fluxo sanguíneo. • O tratamento da oclusão arterial aguda visa restabelecer o fluxo sanguíneo. Maria Vitória de Sousa Santos • Uma embolectomia, que é a remoção cirúrgica do êmbolo, é a terapia ideal quando ocorre a obstrução de uma grande artéria. • A terapia trombolítica (i. e., estreptoquinase ou ativador de plasminogênio tecidual), pode ser empregada na tentativa de dissolver o coágulo. • Gera lmente é admin i s t rada a t e rap ia anticoagulante (i. e., heparina) para evitar a extensão do êmbolo e para impedir a progressão do trombo original. • A aplicação de frio deve ser evitada e a extremidade deve ser protegida contra lesões que possam resultar de superfícies duras e da sobreposição de cobertas. Referências: -Porth Fisiopatologia -Braunwald- Tratado sobre doenças cardiovasculares Maria Vitória de Sousa Santos S7P1: DE PERNAS PRO AR CIRCULAÇÃO VENOSA • As veias são vasos de baixa pressão e de paredes finas que dependem da ação acessória de bombas musculares esqueléticas e de alterações na pressão abdominal e intratorácica (diminuem com a inspiração) para retornar o sangue para o coração. • Ao contrário do sistema arterial, o sistema venoso está equipado com válvulas que impedem o fluxo retrógrado do sangue. • Essas válvulas desempenham um papel importante na função do sistema venoso. • O número de válvulas venosas difere um pouco de uma pessoa para outra, bem como sua competência estrutural. • Esses fatores podem ajudar a explicar a predisposição familiar para o desenvolvimento de varizes. • A ação dos músculos da perna ajuda a mover o sangue venoso dos membros inferiores para o coração. • Quando uma pessoa caminha, a ação dos músculos da perna serve para aumentar o fluxo nos canais venosos profundos e incrementar o retorno venoso do sangue para o coração. • Durante a contração muscular, que é semelhante à sístole, as válvulas nos canais de comunicação estreitos impedem o fluxo sanguíneo retrógrado no sistema superficial, à medida que o sangue nas veias profundas é movido para frente pela ação dos músculos que se contraem. • Durante o relaxamento muscular, que é semelhante à d iás to le, a s vá lvu las de comunicação se abrem, tornando possível que o sangue das veias superficiais se mova para as veias profundas. • Embora sua estrutura possibilite que o sistema ve n o s o f u n c i o n e c o m o u m a á r e a d e armazenamento de sangue, também torna o sistema suscetível a problemas relacionados com estase e insuficiência venosa. RETORNO VENOSO O retorno venoso, o volume de sangue que flui de volta ao coração pelas veias sistêmicas, é consequente à pressão produzida pelo ventrículo esquerdo por meio das contrações do coração. - Observação: Embora pequena, a diferença de pressão entre as vênulas (em média de aproximadamente 16 mmHg) e o ventrículo direito (0 mmHg) normalmente é suficiente para provocar o retorno venoso para o coração. Se a pressão no átrio ou ventrículo direito aumentar, o retorno venoso irá diminuir. Além do coração, dois outros mecanismos “bombeiam” o sangue da parte inferior do corpo de volta ao coração: (1) A bomba de músculo esquelético e (2) A bomba respiratória. - Observação: Ambas as bombas dependem das válvulas existentes nas veias. BOMBA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO A bomba de músculo esquelético funciona do seguinte modo: 1. Na posição ortostática, tanto as válvulas venosas mais próximas do coração (válvulas proximais) quanto aquelas mais distantes (válvulas distais) nesta parte do membro inferior estão abertas, e o sangue flui para cima em direção ao coração. 2. A contração dos músculos das pernas, como quando você fica na ponta dos pés ou dá um passo, comprime a veia. A compressão empurra o sangue através da válvula proximal, em uma ação chamada ordenha. Ao mesmo tempo, a válvula distal do segmento não comprimido se fecha conforme um pouco de sangue é empurrado contra ela. 3. Logo após o relaxamento muscular, a pressão cai na seção previamente comprimida da veia, o que faz com que a válvula proximal se feche. A válvula distal agora se abre porque a pressão arterial no pé está mais elevada do que na perna, e a veia se enche com o sangue que vem do pé. A válvula proximal então reabre. BOMBA RESPIRATÓRIA • A bomba respiratória também é baseada na compressão e descompressão alternadas das veias. • Durante a inspiração, o diafragma se move para baixo, o que provoca uma diminuição da pressão na cavidade torácica e um aumento da pressão na cavidade abdominal. • Como resultado, as veias abdominais são comprimidas, e um maior volume de sangue se Maria Vitória de Sousa Santos move das veias abdominais comprimidas para as veias torácicas não comprimidas e então para dentro do átrio direito. • Quando as pressões se invertem durante a expiração, as válvulas das veias evitam o refluxo do sangue das veias torácicas para as veias abdominais. DISTÚRBIOS DA CIRCULAÇÃO VENOSA VARIZES • As varizes, que são veias dilatadas e tortuosas dos membros inferiores, são comuns e muitas vezes conduzem a problemas secundários de insuficiência venosa. As veias varicosas são descritas como primárias ou secundárias: 1. Varizes primárias: Têm origem nas veias safenas superficiais. 2. Varizes secundárias: Resul tam do comprometimento do fluxo nos canais venosos profundos. • Aproximadamente 80 a 90% do sangue venoso dos membros inferiores são transportados através dos canais profundos. • O desenvolvimento secundário de varizes se torna inevitável quando o fluxo nesses canais profundos é deficiente ou bloqueado. • A causa mais comum de veias varicosas secundárias é a trombose venosa profunda (TVP). • Outras causas incluem a existência de uma fístula arteriovenosa (AV) congênita ou adquirida, malformações venosas congênitas e pressão sobre as veias abdominais causadas pela gestação ou por um tumor. • A incidência de varizes aumenta com a idade • Também pode ser observada maior incidência em pessoas obesas, devido ao aumento da pressão intra-abdominal, e entre as pessoas que passam de pé a maior parte do dia devido a sua ocupação profissional (p. ex., enfermeiras). Etiologia E Patogênese • Permanecer de pé por períodos prolongados e o aumento da pressão intra-abdominal são fatores importantes no desenvolvimento de varizes primárias. • Permanecer de pé por períodos prolongados aumenta a pressão venosa e causa a dilatação e o estiramento da parede do vaso. • Um dos fatores mais importantes para o aumento da pressão venosa é o efeito hidrostático associado à posição ortostática. • Quando uma pessoa se encontra em posição ortostática, todo o peso das colunas de sangue venoso é transmitido para as veias das pernas. • Os efeitos da força da gravidade são agravados em pessoas que ficam por longos períodos sem usar os músculos da perna para ajudar a bombear o sangue de volta ao coração. • A alta incidência de varizes em gestantes também sugere um efeito hormonal sobre a musculatura lisa venosa, que contribui para a dilatação das veias e a insuficiência valvular. • A exposição prolongada ao aumento da pressão faz as válvulas venosas perderem a competência, de modo que não conseguem mais se fechar corretamente. • Quando isso acontece, o refluxo do sangue causa maior dilatação da veia, afastando as lâminas da válvula e causando maior incompetência valvular em seções das veias distais adjacentes. ManifestaçõesClínicas • A maioria das mulheres com varizes superficiais reclama de sua aparência desagradável. • Em muitos casos, pode se manifestar dor e edema nos membros inferiores, especialmente após longos períodos de permanência em pé. • O edema geralmente desaparece à noite, quando as pernas são elevadas. • É mais comum o aparecimento de sintomas quando as veias comunicantes não são competentes. Diagnóstico • O diagnóstico de varizes muitas vezes pode ser estabelecido depois da obtenção de histórico e exame físico completos, especialmente pela inspeção dos membros envolvidos. 1. Teste de Perthes: Neste teste, um torniquete é aplicado ao joelho afetado, enquanto a pessoa é instruída a levantar 10 vezes o calcanhar e depois a perna é avaliada. Se as varizes se esvaziam, o local de refluxo está acima do torniquete. Se as veias permanecem distendidas, o local de refluxo está abaixo do torniquete. 2. O teste de fluxo ultrassônico com Doppler: Também pode ser utilizado para avaliar o fluxo nos grandes vasos. 3. Estudos angiográficos: Também pode utilizando um meio de contraste radiopaco, Maria Vitória de Sousa Santos também são utilizados para avaliar a função venosa. Tratamento • Depois que os canais venosos tiverem sofrido sucessivos estiramentos e as válvulas tiverem perdido a competência, pouco pode ser feito para restaurar o tônus venoso e o funcionamento normal. • Idealmente, devem ser tomadas medidas para impedir o desenvolvimento e a progressão das varizes. • Isto inclui perder peso e a adoção de medidas concentradas em evitar atividades como permanecer de pé por muito tempo, que produz elevação da pressão venosa. • As medidas para o tratamento de varizes se concentram em melhorar o fluxo venoso e na prevenção de lesões de tecidos. • Quando colocadas corretamente, as meias elásticas de suporte comprimem as veias superficiais e previnem a distensão. • Essas meias devem ser colocadas antes que a pessoa se levante, quando as veias das pernas estão vazias. • A escleroterapia, que muitas vezes é utilizada no tratamento de pequenas varizes residuais, envolve a injeção de um agente esclerosante nas veias superficiais colabadas para produzir fibrose do lúmen vascular. • O tratamento cirúrgico consiste na remoção das varizes e das veias perfurantes que perderam a competência, porém é um tratamento limitado a pessoas com canais venosos profundos pérvios. INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA • O termo insuficiência venosa se refere às c o n s e q u ê n c i a s fisiológicas de uma t ro m b o s e ve n o s a p r o f u n d a , i n c o m p e t ê n c i a v a l v u l a r o u d a combinação das duas condições. • A causa mais comum é TVP, que provoca d e fo r m i d a d e d a s válvulas, tornando-as incapazes de fechamento. • Quando ocorre incompetência valvular, o fluxo efetivo unidirecional do sangue e o esvaziamento das veias profundas não acontecem. • As bombas musculares também são ineficazes, muitas vezes conduzindo o sangue em direção retrógrada. • Uma falha secundária nas veias comunicantes e superficiais submete os tecidos subcutâneos a altas pressões. Manifestações Clínicas • Nos casos de insuficiência venosa, os sinais e sintomas estão associados ao comprometimento do fluxo sanguíneo. • Ao contrário da isquemia causada por insuficiência arterial, a insuficiência venosa resulta na congestão dos tecidos, edema, e, por fim, insuficiência nutricional dos tecidos. • O edema é exacerbado por longos períodos de pé. • Ocorre necrose dos depósitos de gordura subcutânea, seguida de atrofia cutânea. • É comum a observação da pigmentação castanha da pele, causada por depósitos de hemossiderina resultantes da destruição das hemácias. • Desenvolve-se insuficiência linfática secundária, com esclerose progressiva dos canais linfáticos em face do aumento da demanda para a eliminação do líquido intersticial. • Em casos avançados de insuficiência venosa, o comprometimento da nutrição tissular provoca dermatite de estase e o desenvolvimento de úlceras de estase ou úlceras venosas. • A dermatite de estase se caracteriza por pele fina, brilhante, de coloração branco-azulada, com pigmentação irregular e descamação, pela falta de suporte dos tecidos subcutâneos subjacentes. • Pequenas lesões resultam em ulcerações relativamente indolores, porém de difícil cicatrização. • A perna é particularmente propensa ao desenvolvimento de dermatite de estase e úlceras venosas. • A maioria das lesões se localiza medialmente o tornozelo e na perna, com maior frequência um pouco acima do maléolo medial. • Outras causas comuns de úlceras dos membros inferiores são a insuficiência arterial, neuropatia (muitas vezes devido ao diabetes) e úlceras de pressão. • Pessoas com insuficiência venosa de longa data também podem sofrer enrijecimento da articulação do tornozelo e perda de massa e força muscular. Maria Vitória de Sousa Santos Estase venosa e dermatite • Dermatite e úlceras de estase, ou simplesmente dermatite de estase, é uma inflamação na pele causada por acúmulo de sangue nas veias das pernas. • No interior das veias da perna há válvulas que fazem com que o sangue flua em apenas uma direção, para o coração. Contudo, essas válvulas vão se enfraquecendo conforme a pessoa envelhece, o que permite que o sangue acabe fluindo na direção contrária e se emposse nos pés ou pernas. Essa situação e chamada de insuficiência venosa ou estase venosa, o que leva a uma inflamação no local, que é a dermatite ou úlcera de estase. • A princípio, a pele fica pruriginosa, vermelha, escamosa e espessa, geralmente nas canelas. • Algumas zonas da pele podem se romper e acabar formando uma ferida aberta (úlcera). • As úlceras, às vezes, se tornam infectadas com bactérias, causando celulite (uma infecção bacteriana da pele) e são, geralmente, dolorosas. Classificação Da Insuficiência Venosa (Ceap) TROMBOSE VENOSA • O termo trombose venosa, ou tromboflebite, descreve a existência de trombo em uma veia e a resposta inflamatória que se desenvolve na parede do vaso. • Resulta de múltiplos fatores muitas vezes abrangidos na tríade de Virchow: 1. Anomalias da coagulação: Estados hipercoaguláveis, aumento do número de plaquetas; maior disponibilidade de fatores pró-coagulantes; redução de inibidores da coagulação. 2. Alteração no fluxo: Modificações na velocidade do sangue (aumento ou redução), turbulência no fluxo, estase venosa, obstrução externa e etc. 3. Lesão endotelial: O endotélio tem ações pró e anticoagulante. Agressões variadas ao endotélio (físicas, químicas ou biológicas) podem torná-lo pró-coagulante por aumento na síntese de fatores da coagulação (fator VII) e de fatores ativadores de plaquetas (TXA2 e ADP). • Uma distinção clínica importante é se a trombose venosa profunda está associada com uma causa óbvia reversível (provocada) ou sem uma causa óbvia (não provocada, o que requer uma anticoagulação mais prolongada) • Os trombos podem se desenvolver em veias superficiais ou profundas. • A TVP ocorre mais comumente nos membros inferiores. • TVP dos membros inferiores é uma doença grave, complicada por embolia pulmonar, episódios recorrentes de TVP e desenvolvimento de insuficiência venosa crônica. • A maioria dos trombos pós-operatórios surge nos seios venosos soleais ou nas grandes veias que drenam o músculo gastrocnêmio. • Em geral, um trombo isolado na panturrilha é assintomático. Se deixado sem tratamento, pode se estender para veias maiores, mais proximais, aumentando o risco de embolia pulmonar em até 90%. Etiologia E Patogênese • A trombose venosa está associada a estase do sangue, aumento da coagulação sanguínea e lesão da parede vascular. • A estase sanguínea ocorre com a imobilidade de um membro ou do corpo inteiro. • O repouso no leito e a imobilização estãoassociados a diminuição do fluxo sanguíneo, represamento venoso nos membros inferiores e aumento do risco de TVP. Maria Vitória de Sousa Santos • Pessoas imobilizadas por causa de uma fratura de quadril, artroplastia ou lesão da medula espinal ficam particularmente vulneráveis à TVP. • Isso pode contribuir para a incidência relativamente elevada de pessoas com infarto agudo do miocárdio e insuficiência cardíaca congestiva. • Hipercoagulabi l idade é um mecanismo homeostático concebido para aumentar a formação de coágulos, e as condições que aumentam a concentração ou a ativação de fa tore s de coagu lação pred i spõem ao desenvolvimento de TVP. • A trombose também pode ser causada por deficiências hereditárias ou adquiridas de determinadas proteínas plasmáticas que normalmente inibem a formação de trombos, como a antitrombina III, proteína C e proteína S. • No entanto, os fatores de risco hereditário mais comuns são o fator V de Leiden e mutações nos genes da protrombina. • O uso de contraceptivos orais e a terapia de reposição hormonal parecem incrementar a coagulação e predispõem à trombose venosa, um risco que é ainda maior em mulheres fumantes. • Determinados tipos de câncer estão associados ao aumento na tendência à coagulação e, embora o motivo seja desconhecido, substâncias que promovem a coagulação do sangue podem ser produzidas pelas células tumorais ou liberadas dos tecidos circundantes em resposta a um crescimento canceroso. • Interações imunológicas com células cancerosas podem resultar na liberação de citocinas capazes de causar dano endotelial e predispor ao desenvolvimento de trombose. • Quando ocorre perda de líquidos corporais devido a lesão ou doença, a hemoconcentração resultante aumenta ainda mais os níveis dos fatores de coagulação. • Outros fatores de risco importantes incluem a s índrome ant i fos fo l ip ídica e d i s túrbios mieloproliferativos. • Uma lesão ao vaso pode ser resultado de um traumatismo ou de uma intervenção cirúrgica. • Também pode ocorrer secundariamente a um processo infeccioso ou inflamatório na parede do vaso. Estase Venosa • O paciente em repouso fica com a musculatura relaxada, permitindo um maior volume sanguíneo acumulado nos membros inferiores, além da própria dilatação da parede venosa. • Estes itens, associados à redução do débito cardíaco no repouso e a não utilização dos mecanismos de retorno venoso da contração da panturrilha, causam uma queda da velocidade de fluxo local e consequente instalação da estase sanguínea local. • O risco de trombose venosa profunda é maior em situações em que a função cardíaca está comprometida. • A diminuição de fluxo causaria uma alteração do fluxo laminar local nas veias, em especial nas válvulas venosas, criando um turbilhonamento de sangue neste local. • Este turbilhonamento local nos seios valvulares causando um acúmulo de hemácias e plaquetas que, em condições normais, seria "lavado" pelo fluxo venoso. • A estase promovida pelo repouso prolongado é responsável pela ativação da agregação plaquetária e, consequentemente, pela ativação da cascata de coagulação neste local. • Este mecanismo causaria uma rede de fibrina que, por sua vez, seria responsável pelo aprisionamento de hemácias nos seios das válvulas venosas e, através da agregação plaquetária local com liberação de ADP e tromboxano A2, causaria progressão da coagulação local e do trombo na luz do vaso. • Há também uma teoria que preconiza que o turbilhonmento sanguíneo na região mais profunda do seio valvular, além de permitir maior agregação de hemácias e plaquetas pelo baixo fluxo, também causaria uma hipóxia do tecido com consequente lesão endotelial. Lesão Endotelial • A lesão endotelial é trombogênica pela própria ativação da cascata da coagulação. • O endotelio vascular não é somente uma camada celular em contato com a luz, mas também um tecido biológico ativo que, em condições normais, impede a formação de trombos, mantendo o sangue em sua forma liquida através da produção Maria Vitória de Sousa Santos de óxido nítrico (NO), prostaglandina I2 (prostaciclina), ADP-defosfatase. • Essas substâncias impedem a adesão plaquetária local ao inativar os receptores da plaqueta (NO e prostaciclina) e causar quebra do ADP (ADP- defosfatase). • Além disso, o endotélio impede a adesão plaquetária, uma vez que constitui uma barreira entre o sangue e a matriz extracelular. • O endotélio vascular em condições normais não apenas mantém as plaquetas inativas, impedindo a adesão e agregação, mas também evita a coagulação local ao impedir a presença de fatores pró-coagulantes ativados. • Diversos fatores, como traumas (iatrogênicos ou não), radiação, infecção, drogas, lesões térmicas, citocinas e anti-corpos, além de outros, podem ser responsáveis pela lesão do endotélio vascular saudável, causando exposição da matriz extracelular, produção de tromboxano A2 e ADP, adesão e agregação plaquetária, com formação de trombina (que estimula a agregação) e, por sua vez, a ativação da cascata de coagulação, com formação de fibrina através da ativação dos fatores VII, IX e X.). Hipercoagulabilidade Aumento da coagulabilidade sanguínea, por defeitos genéticos ou por condições adquiridas, resulta de: (1) aumento do número de plaquetas; (2) maior disponibilidade de fatores pró- coagulantes; (3) redução de inibidores da coagulação. • Aumento do número de plaquetas e da síntese de f a to re s da coagu lação, e spec i a lmen te fibrinogênio, acompanha inflamações localizadas ou generalizadas. • Aumento da coagulabilidade sanguínea e redução na velocidade circulatória favorecem a formação de trombos venosos. • Nas condições adquiras existem vários fatores teoricamente temporários que influenciam para a c o n d i ç ã o , c o m o a g r av i d e z , u s o d e anticoncepcionais orais (em especial os c o m b i n a d o s c o m e s t r o g ê n i o e progestágenos),cirurgias, tabagismo, obesidade e infecções. Temos, também, doenças adquiridas como a síndrome do anticorpo antifos- folipide (SAAF), neoplasias, vasculites, poliglobulias e outras. Fatores De Risco Para Trombose Venosa Manifestações Clínicas • Muitos indivíduos com trombose venosa são assintomáticos; em até 50% dos casos a TVP é assintomática. • A inexistência de sinais e sintomas provavelmente ocorre porque a veia não está totalmente ocluída ou por causa da circulação colateral. • Quando manifestos, os sinais e sintomas mais comuns de trombose venosa estão relacionados com o processo inflamatório, incluindo dor, edema e sensibilidade dos músculos profundos. • Febre, mal-estar geral, elevada contagem de leucócitos e velocidade de hemossedimentação Maria Vitória de Sousa Santos também são indicativos de inflamação e podem acompanhar o processo. • Pode haver sensibilidade e dor ao longo do trajeto da veia. • O edema pode ser mínimo ou muito grande. • O sítio de formação dos trombos determina a localização dos achados físicos. • O local mais comum é nos seios venosos nos músculos sóleo e tibial posterior e nas veias fibulares. • O edema nesses casos envolve o pé e o tornozelo, embora possa ser pequeno ou inexistente. • São comuns dor e sensibilidade na panturrilha. • A trombose da veia femoral produz dor e sensibilidade na coxa distal e na região poplítea. • Trombos nas veias iliofemorais produzem as manifestações mais profundas, com edema, dor e sensibilidade em todo o membro. Diagnóstico • O risco de embolia pulmonar enfatiza a necessidade de detecção e tratamento precoce da TVP. • Vários testes são úteis para essa finalidade, incluindo venografia ascendente, ultrassonografia (p. ex., em tempo real, modo B, dúplex) e quantificação do dímero D no plasma. • Dímero D: Na presença de trombose, a plasmina circulante quebra a fibrina insolúvel e umdos produtos de degradação dela é o dimero D. O teste para a presença deste produto de de- gradação da fibrina é feito com a técnica de ELISA. Prevenção • A deambulação precoce após o parto ou um procedimento cirúrgico é medida que diminui o risco de formação de trombos. • Exercitar as pernas e usar meias elásticas melhoram o fluxo venoso. • Outra medida preventiva é evitar posições corporais que favoreçam o acúmulo venoso. • Meias antiembolia com ajuste e comprimento apropriados devem ser usadas rotineiramente em pessoas com risco de desenvolvimento de TVP. • Outra estratégia util izada para pessoas imobilizadas com risco de desenvolvimento de TVP é o dispositivo de compressão pneumática sequencial. • Esse dispositivo é constituído por uma bainha de plástico que envolve as pernas e proporciona períodos alternados de compressão no membro inferior afetado. • Quando usado corretamente, esse dispositivo melhora o esvaziamento venoso e aumenta o fluxo e reduz a estase. Tratamento • A terapia profilática com anticoagulantes frequentemente é empregada em pessoas com alto risco para o desenvolvimento de trombose venosa. • Os objetivos do tratamento da trombose venosa devem se concentrar em evitar a formação de trombos adicionais, evitar a extensão e embolização de trombos existentes e minimizar os danos às válvulas venosas. • A elevação de 15 a 20° da perna evita a estase. • É importante que a totalidade do membro ou membros inferiores seja estendida com cuidado para evitar a flexão aguda do joelho ou dos quadris. • Frequentemente se aplica calor à perna para aliviar o venoespasmo e para auxiliar a resolução do processo inflamatório. • O repouso no leito geralmente é mantido até que tenham diminuído a sensibilidade e o edema. • Em seguida, pode ser viabilizada a deambulação gradual com suporte elástico. • Manter-se de pé ou sentado aumenta a pressão venosa e são posições que devem ser evitadas. • É necessário o uso de um suporte por um período de 3 a 6 meses para viabilizar a recanalização e formação de circulação colateral para evitar a insuficiência venosa. • A terapia com medicamentos anticoagulantes (i. e., heparina e varfarina) é utilizada para tratar e impedir a trombose venosa. • Tipicamente, o tratamento é iniciado com uma infusão intravenosa contínua de heparina seguida por terapia profilática com anticoagulantes orais para evitar a formação de trombos ou com injeções subcutâneas de heparina de baixo peso molecular (HBPM). • A terapia trombolítica (i. e., estreptoquinase, uroquinase ou ativador do plasminogênio tecidual) pode ser utilizada na tentativa de dissolver o coágulo. • A remoção cirúrgica do trombo pode ser realizada em casos selecionados. • A inserção percutânea (através da pele) de filtros intracavais pode ser feita em pessoas com alto risco de desenvolvimento de embolia pulmonar. • Esse procedimento evita que grandes coágulos se desloquem através do vaso. • No entanto, embora os filtros possam evitar o desenvolvimento de embolia pulmonar, ocorre um aumento da trombose no sítio de inserção do filtro quando não há anticoagulação. Referências: - Robbins- Patologia Básica - Porth- Fisiopatologia Maria Vitória de Sousa Santos S7P2: VIAGEM DO ÊMBOLO D I FERENÇA ENTRE TROMBOSE V ENOSA SUPERFICIAL E PROFUNDA Trombose Venosa Superficial (Tvs) Caracteriza-se pela formação de trombos dentro de veias superficiais, com suboclusão ou oclusão da luz e reação inflamatória no seu trajeto, sendo mais comum nos membros inferiores. Pode estar associada a síndromes imunológicas ou a doenças inflamatórias como tromboangeíte obliterante ou trombofilia, ser causada por traumas ou injeções de substâncias irritantes, ou ainda ser uma complicação de varizes dos membros inferiores. Para identificar a TVS é preciso estar atento a alguns sinais, como: 1. Dor e inchaço de início imediato na região inflamada; 2. Vermelhidão na pele que fica sobre a veia; 3. Área afetada quente e sensível; 4. Aspecto de cordão duro sob a pele; 5. Veia rígida ao longo de seu comprimento. Trombose Venosa Profunda (Tvp) A TVP é caracterizada pela formação de coágulos de sangue dentro das veias profundas. As veias profundas são aquelas localizadas abaixo da fáscia muscular. TROMBOSE VENOSA PROFUNDA • A trombose venosa profunda (TVP) significa que houve formação de coágulo dentro de veias profundas, mais comumente nas pernas. • Este coágulo dificulta ou impede o retorno do sangue em direção ao coração, podendo provocar desde quadros leves a situações mais graves. • As principais complicações decorrentes dessa doença são: insuficiência venosa crônica/ síndrome pós-trombótica (edema e/ou dor em membros inferiores, mudança na pigmentação, ulcerações na pele) e embolia pulmonar (EP). • A Embolia Pulmonar ocorre devido ao desprendimento de um fragmento do coágulo pode “viajar” nas veias na forma de um êmbolo e ocluir artérias responsáveis pela circulação que alimenta os pulmões. Resulta de múltiplos fatores muitas vezes abrangidos na tríade de Virchow: 1. Hipercoa gulabi l idade : E s tados hipercoaguláveis, aumento do número de plaquetas; maior disponibilidade de fatores pró-coagulantes; redução de inibidores da coagulação. 2. Estase sanguínea: Diminuição da velocidade da circulação do sangue nas veias. 3. Lesão endotelial: O endotélio tem ações pró e anticoagulante. Agressões variadas ao endotélio (físicas, químicas ou biológicas) podem torná-lo pró-coagulante por aumento na síntese de fatores da coagulação (fator VII) e de fatores ativadores de plaquetas (TXA2 e ADP). Etiologia e Patogênese • A trombose venosa está associada a estase do sangue, aumento da coagulação sanguínea e lesão da parede vascular. • A estase sanguínea ocorre com a imobilidade de um membro ou do corpo inteiro. • O repouso no leito e a imobilização estão associados a diminuição do fluxo sanguíneo, represamento venoso nos membros inferiores e aumento do risco de TVP. • Hipercoagulabi l idade é um mecanismo homeostático concebido para aumentar a formação de coágulos, e as condições que aumentam a concentração ou a ativação de fa tore s de coagu lação pred i spõem ao desenvolvimento de TVP. • A trombose também pode ser causada por deficiências hereditárias ou adquiridas de determinadas proteínas plasmáticas que normalmente inibem a formação de trombos, como a antitrombina III, proteína C e proteína S. • No entanto, os fatores de risco hereditário mais comuns são o fator V de Leiden e mutações nos genes da protrombina. • O uso de contraceptivos orais e a terapia de reposição hormonal parecem incrementar a coagulação e predispõem à trombose venosa, um risco que é ainda maior em mulheres fumantes. • Determinados tipos de câncer estão associados ao aumento na tendência à coagulação e, embora o motivo seja desconhecido, substâncias que promovem a coagulação do sangue podem ser produzidas pelas células tumorais ou liberadas dos tecidos circundantes em resposta a um crescimento canceroso. • Interações imunológicas com células cancerosas podem resultar na liberação de citocinas capazes de causar dano endotelial e predispor ao desenvolvimento de trombose. • Uma lesão ao vaso pode ser resultado de um traumatismo ou de uma intervenção cirúrgica. • Também pode ocorrer secundariamente a um processo infeccioso ou inflamatório na parede do vaso. Fatores De Risco Para Trombose Venosa Muito embora a trombose venosa possa acontecer sem explicação em cerca de quase metade dos Maria Vitória de Sousa Santos pacientes, existem fatores que contribuem para o seu aparecimento: 1. Predisposição genética (trombofilias genéticas); 2. Idade acima de 40 anos; 3. Gravidez e período após o parto; 4. Câncer, obesidade, tabagismo; 5. Uso de anticoncepcionais e reposição hormonal.; 6. Infecções, doenças cardíacas e pulmonaresgrave; 7. Alteração de fatores de coagulação; 8. Traumatismos (fraturas, hemorragia interna); 9. Redução da mobilidade (pela imobilização de um membro por fratura, entorse, etc.); 10. Pacientes acamados; 11. Cirurgias de longa duração; 12. Viagens na posição sentada por mais de 6 horas; 13. Varizes e suas complicações; 14. História familiar de trombose. Manifestações Clínicas • Muitos indivíduos com trombose venosa são assintomáticos; em até 50% dos casos a TVP é assintomática. • A inexistência de sinais e sintomas provavelmente ocorre porque a veia não está totalmente ocluída ou por causa da circulação colateral. Quando presentes, podem consistir de: 1. Dor; 2. Edema (principalmente unilateral e assimétrico); 3. Eritema; 4. Cianose; 5. Dilatação do sistema venoso superficial; 6. Aumento de temperatura; 7. Empastamento muscular; 8. Sensibilidade dos músculos profundos; 9. Dor à palpação. Sinais no exame clínico: 1. Sinal de Bancroft: Surge quando o paciente apresenta dor ao realizar o aperto da musculatura da perna contra a tíbia. 2. Sinal de Homans: O paciente refere dor na dorso-flexão do pé. 3. Sinal da Bandeira: Diminuição da mobilidade da panturrilha secundária a um edema. Diagnóstico Vários testes são úteis para essa finalidade, incluindo venografia ascendente, ultrassonografia (p. ex., em tempo real, modo B, dúplex) e quantificação do dímero D no plasma. 1. Ultrassonografia com Doppler: exame não invasivo de escolha para o diagnóstico de TVP. O principal critério ultrassonográfico para diagnóstico de TVP é o teste de compressão. Nesse caso, com o transdutor vascular se localizam as veias femorais comum, superficial e poplítea e realiza-se leve compressão venosa. Se houver compressão completa se exclui TVP, caso não haja compressão o exame é considerado positivo para presença de trombo. 2. Flebografia: A venografia com contraste é o exame considerado padrão-ouro para o diagnóstico de TVP. Porém, não deve ser realizado como exame inicial para diagnóstico, reservado apenas quando os outros testes são incapazes de definir o diagnóstico. 3. D- Dímero: Produto da degradação da fibrina presente em um coágulo. Na presença de trombose, a plasmina circulante quebra a fibrina insolúvel e um dos produtos de degradação dela é o dimero D. Observação: O D-dímero é um teste altamente sensível mas pouco específico, uma vez que a fibrina também é formada a partir de um trauma, cirurgia, infecção e etc, não sendo indicativo apenas de uma trombose venosa profunda. Escore de Well e D- Dímero O escore de Wells é um modelo prático de predição clínica, baseado em sinais e sintomas, fatores de risco e diagnósticos alternativos, estimando a probabilidade pré-teste para Trombose Venosa Profunda (TVP) e Tromboembolismo Pulmonar (TEP). Maria Vitória de Sousa Santos Prevenção • A deambulação precoce após o parto ou um procedimento cirúrgico é medida que diminui o risco de formação de trombos. • Exercitar as pernas e usar meias elásticas melhoram o fluxo venoso. • Outra medida preventiva é evitar posições corporais que favoreçam o acúmulo venoso. • Meias antiembolia com ajuste e comprimento apropriados devem ser usadas rotineiramente em pessoas com risco de desenvolvimento de TVP. • Outra estratégia util izada para pessoas imobilizadas com risco de desenvolvimento de TVP é o dispositivo de compressão pneumática sequencial. • Esse dispositivo é constituído por uma bainha de plástico que envolve as pernas e proporciona períodos alternados de compressão no membro inferior afetado. • Quando usado corretamente, esse dispositivo melhora o esvaziamento venoso e aumenta o fluxo e reduz a estase. Tratamento • A terapia profilática com anticoagulantes frequentemente é empregada em pessoas com alto risco para o desenvolvimento de trombose venosa profunda. • Os objetivos do tratamento da trombose venosa devem se concentrar em evitar a formação de trombos adicionais, evitar a extensão e embolização de trombos existentes e minimizar os danos às válvulas venosas. • A elevação de 15 a 20° da perna evita a estase. • Em seguida, pode ser viabilizada a deambulação gradual com suporte elástico. • Manter-se de pé ou sentado aumenta a pressão venosa e são posições que devem ser evitadas. • A terapia com medicamentos anticoagulantes (i. e., heparina e varfarina) é utilizada para tratar e impedir a trombose venosa. • Tipicamente, o tratamento é iniciado com uma infusão intravenosa contínua de heparina seguida por terapia profilática com anticoagulantes orais para evitar a formação de trombos ou com injeções subcutâneas de heparina de baixo peso molecular (HBPM). • A terapia trombolítica (i. e., estreptoquinase, uroquinase ou ativador do plasminogênio tecidual) pode ser utilizada na tentativa de dissolver o coágulo. • A remoção cirúrgica do trombo pode ser realizada em casos selecionados. CASCATA DE COAGULAÇÃO ANTICOAGULANTES Os anticoagulantes inibem a ação dos fatores de coagulação (p. ex., heparina) ou interferem com a síntese dos fatores de coagulação (p. ex., antagonis- tas da vitamina K, como a varfarina). 1- Heparina A heparina é um anticoagulante injetável de ação rápida, usado com frequência para interferir agudamente na formação de trombos. 1. Mecanismo de ação: A heparina atua em inúmeros alvos moleculares, mas seu efeito anticoagulante é consequência da ligação à antitrombina III, com a rápida inativação subsequente dos fatores de coagulação,. A antitrombina III é uma α-globulina que inibe serinoproteases da trombina (fator IIa) e fator Maria Vitória de Sousa Santos Xa. Na ausência de heparina, a antitrombina III interage lentamente com a trombina e o fator Xa. Quando a heparina se liga à antitrombina III, ocorre uma alteração conformacional que catalisa a inibição da trombina cerca de mil vezes. As HBPMs complexam com a antitrombina III e inativam o fator Xa (incluindo o localizado nas superfícies das plaquetas), mas não se ligam tão avidamente à trombina. A sequência singular de pentas- sacarídeo presente na heparina e nas HBPMs permite sua ligação à antitrombina III. 2. Efeitos adversos: A principal complicação da heparina e das HBPMs é o s a n g r a m e n t o . O sangramento excessivo pode ser contro lado interrompendo o uso da h e p a r i n a . Po s s í v e i s reações adversas incluem calafrios, febre, urticária e choque anafilá t ico.A trombocitopenia induzida por heparina (TIH) é uma condição grave na qual o sangue circulante tem uma quantidade anormalmente baixa de plaquetas. 2-Argatrobana 1. Mecanismo de ação: É um inibidor direto da trombina. 2. Efeito adverso: Hemorragia. 3-Bivalirudina e desirudina 1. Mecanismo de ação: Esses fármacos são inibidores diretos seletivos da trombina e inibem reversivelmente o centro catalítico da trombina livre e da ligada ao coágulo. 2. Efeitos adversos: Hemorragia. 4-Fondaparinux 1. Mecanismo de ação: Esse fármaco inibe seletivamente apenas o fator Xa. Ligando-se s e l e t i vamente à an t i t rombina I I I , o fondaparinux potencializa (300- 1.000 vezes) a neutralização inata do fator Xa pela antitrombina III. 2. Efeitos adversos: Hemorragia é o principal efeito adverso do fondaparinux. Não existe fármaco para reverter o sangramento associado com esse fármaco. 5-Etexilato de dabigatrana 1. Mecanismo de ação: O etexilato de dabigatrana é o pró-fármaco da molécula ativa dabigatrana, que é um inibidor direto de trombina de uso oral. A trombina livre e a ligada ao coágulo são inibidas por dabigatrana. 2. Efeitos adversos: O principal efeito adverso é a h e m o r r a g i a , c o m o c o m o u t ro s anticoagulantes. A dabigatrana deve ser usada com cautela na insuficiência renal ou em pacientes com mais de 75 anos, pois o risco de hemorragia é maior nesses grupos. Efeitos adversos GI são comuns com este fármacoe podem incluir dispepsia, dor abdominal, esofagite e sangramento GI. A interrupção abrupta deve ser evitada, pois os pacientes estarão sob risco de eventos trombóticos. 6-Rivaroxabana e apixabana 1. Mecanismo de ação: Rivaroxabana e apixabana são inibidores do fator Xa, de uso oral. Ambos se ligam ao centro ativo do fator Xa, prevenindo, assim, sua habilidade de converter protrombina em trombina 2. Efeitos adversos: O sangramento é o efeito adverso mais grave dos inibidores do fator Xa. 7-Varfarina Os anticoagulantes cumarínicos devem sua ação à habilidade de antagonizar a função de cofator da vitamina K. O único anticoagulante cumarínico terapeuticamente relevante é a varfarina. 1. Mecanismo de ação: Seu mecanismo de ação ocorre através da inibição da conversão cíclica da vitamina K, induzindo a produção e a s e c r e ç ã o h e p á t i c a d e p r o t e í n a s descarboxiladas ou parcialmente carboxiladas, que apresentam 10 a 40% da atividade biológica normal. Sendo assim a varfarina não consegue ser efetiva sobre a atividade de moléculas plenamente carboxiladas na circulação e em doses terapêuticas, reduzindo em 30 a 50% a quantidade total dos fatores II, VII, IX e X. O efeito antitrombótico pleno após a instituição da terapia com varfarina só é atingido após alguns dias. 2. Efeitos adversos: O principal efeito adverso da varfarina é a hemorragia, e as embalagens advertem para o risco. Pequenos sangramentos são controlados com a suspensão da varfarina ou com a administração de vitamina K1 por via oral, mas sangramentos graves exigem doses maiores da vitamina K administrada por via IV. Lesões de pele e necrose são complicações raras do tratamento com varfarina. Síndrome do dedo roxo, uma coloração violácea de dedo, dolo-rosa e rara, causada por êmbolos de colesterol a partir de placas, também foi observada no tratamento com varfarina. A varfarina é teratogênica e nunca deve ser usada durante a gestação. Se o tratamento anticoagulante é necessário durante a gestação, deve-se administrar heparina ou HBPM. Maria Vitória de Sousa Santos EMBOLIA PULMONAR • A embolia pulmonar se desenvolve quando uma substância transmitida pelo sangue se aloja em um ramo da artéria pulmonar e obstrui o fluxo sanguíneo. • A embolia pode consistir em um trombo, no ar que tenha sido acidentalmente injetado durante uma infusão intravenosa, na gordura que foi mobilizada a partir da medula óssea depois de uma fratura ou a partir de um depósito traumático de gordura, ou líquido amniótico que tenha entrado na circulação materna após a ruptura das membranas no momento do parto. Fisiopatologia • Quase todas as embolias pulmonares resultam de trombos que surgem a partir de trombose venosa profunda (TVP) nos membros inferiores ou superiores. • Os efeitos da embolia na circulação pulmonar estão relacionados com a obstrução mecânica da circulação pulmonar e os reflexos neuro-humorais que causam vasoconstrição. A obstrução do fluxo sanguíneo pulmonar provoca: 1. Broncoconstrição reflexa na área afetada do pulmão 2. Perda de ventilação 3. Comprometimento das trocas gasosas 4. Perda de surfactante alveolar (provocada pelo déficit de irrigação) 5. Hipertensão pulmonar 6. Insuficiência cardíaca direita quando sucede vasoconstrição maciça por causa de um grande êmbolo. Fatores de risco Dentre os fatores fisiológicos que contribuem para o desenvolvimento de trombose venosa, destaca-se a tríade de Virchow, que consiste em estase venosa, l e s ã o e n d o t e l i a l v e n o s a e e s t a d o s d e hipercoagulabilidade. 1. Hipercoagulabilidade: As trombofilias (p. ex., deficiência de antitrombina III, deficiência de proteína C e S, mutação do fator de V de Leiden) são um grupo de doenças hereditárias que afetam a coagulação e tornam o indivíduo p r o p e n s o a o d e s e n v o l v i m e n t o d e t r o m b o e m b o l i s m o v e n o s o . Hipercoagulabilidade está relacionada com diversos fatores. As células cancerosas podem produzir trombina e sintetizar fatores pró- coagu lação, aumentando o r i s co de tromboembolismo. Acredita-se que o uso de contraceptivos orais, gestação e terapia de reposição hormonal aumentem a resistência aos anticoagulantes endógenos. 2. Estase venosa e lesão endotelial venosa: Podem ser o resultado de repouso prolongado no leito; traumatismo; cirurgia; parto; fraturas no quadril e fêmur; infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca congestiva; e lesão medular. Pessoas submetidas à cirurgia ortopédica assim como pessoas submetidas a longos períodos de imobilização, estão particularmente em risco. Alterações Hemodinâmicas O TEP pode ser dividido, de acordo com as alterações hemodinâmicas, em: 1. Maciço: quando mais de 75% da circulação p u l m o n a r e n c o n t r a m - s e o b s t r u í d o s ; caracteriza-se pela presença de hipotensão ou choque. 2. Submaciço: quando há obstrução de 50% a 75% da circulação pulmonar; presença de disfunção do VD ao ecocardiograma, mas sem hipotensão ou choque. 3. Leve: quando < 50% da circulação pulmonar estão obstruídos. Manifestações Clínicas As manifestações de embolia pulmonar dependem do tamanho e da localização da obstrução. Sintomas frequentes: 1. Dor no tórax; 2. Dispneia; 3. Aumento da frequência respiratória. 4. Ocorre hipoxemia moderada, sem retenção de dióxido de carbono, como resultado do comprometimento das trocas gasosas. - Observação: A existência repetida de pequenos êmbolos reduz gradualmente o tamanho do leito capilar pulmonar, o que resulta em hipertensão pulmonar. Sintomas de embolia moderada: 1. Dificuldade respiratória acompanhada de dor pleurítica; 2. Apreensão; 3. Febre baixa; 4. Tosse produtiva com expectoração de sangue; 5. Taquicardia para compensar a diminuição da oxigenação e o padrão de respiração é rápido e superficial. Sintomas de embolia maciça: 1. Colapso repentino; 2. Dor subesternal no tórax, choque e, às vezes, a perda de consciência; 3. O pulso é rápido e fraco, a pressão arterial é baixa, as veias do pescoço se mostram distendida; 4. Falência aguda do ventrículo direito (cor pulmonale agudo); 5. Infarto pulmonar; Maria Vitória de Sousa Santos 6. Pele se apresenta cianótica e diaforética. - Observação: Uma embolia pulmonar maciça frequentemente é fatal. Um infarto pulmonar muitas vezes causa dor pleurítica que muda com a respiração; é mais grave na inspiração e mais branda na expiração. Efeitos da obstrução • A obstrução aguda da circulação arterial pulmonar promove aumento da pressão arterial pulmonar, causada tanto pela obstrução mecânica como pela liberação de substâncias vasoconstritoras do trombo, como serotonina e tromboxano A, liberadas pelas plaquetas da massa trombótica. • Esse aumento de pressão na artéria pulmonar é refletida na pós-carga do VD. • Como consequência, o VD se dilata e o septo interventricular (SIV) é rechaçado para a esquerda, diminuindo a cavidade do ventrículo esquerdo (VE). • Com a disfunção do VD, há diminuição de seu débito para o pulmão e, consequentemente, para o VE. • O enchimento do VE é prejudicado pela diminuição do débito do VD para o VE, pela obstrução vascular pulmonar e pela redução de sua cavidade pelo rechaçamento do SIV, alterações estas que promovem redução do débito cardíaco (DC) que, se for importante, pode levar ao choque. • Com a distensão do VD, há também aumento da pressão do seio coronariano, com diminuição da perfusão coronariana. • A perpetuação desse ciclo pode levar a infarto do VD, choque e morte. Diagnóstico • O diagnóstico de embolia pulmonar deve se basear em s ina i s e s in tomas c l ín icos, determinações de gasometria sanguínea, estudos de trombose venosa, teste da troponina, dímero D, radiografias do pulmão e TC helicoidais do tórax. • Os exames laboratoriais e os radiológicos são úteis na exclusãode outras condições capazes de originar sintomas semelhantes. 1. Eletrocardiograma: Uma vez que êmbolos podem causar um aumento da resistência vascular pulmonar o ECG pode ser usado para detectar sinais de tensão cardíaca direita. Taquicardia sinusal, bloqueio no ramo direito e etc. 2. Ecocardiograma : Útil para verificar hipocinesia e dilatação de VD. 3. Ultrassonografia com Doppler: Como a maioria dos êmbolos pulmonares se origina de u m a T V P, e s t u d o s v e n o s o s c o m o ultrassonografia com compressão do membro inferior, pletismografia de impedância e venografia com contraste muitas vezes são utilizados como procedimentos diagnósticos iniciais. 4. Dímero D: Os testes com dímero D envolvem a medição da concentração plasmática do dímero D, um produto de degradação de fatores de coagulação que foram ativados como resultado de um evento tromboembólico. 5. Radiografia de tórax: Pode ser normal em até 40% dos casos; mesmo assim, auxilia o d i a g n ó s t i c o d i f e ren c i a l ( p n eu m o n i a , pneumotórax, ICC e etc). • Os sinais clássicos do TEP vistos na radiografia são: • Oligoemia focal ( s i n a l d e We s t e r m a r k : corresponde à n ã o p e r f u s ã o a d i a n t e d a o b s t r u ç ã o ( o b s e r v a - s e a u m e n t o d a t r a n s p a r ê n c i a pulmonar no local afetado). • Alargamento da artéria pulmonar (sinal de Palla). • Elevação da hemicúpula diafragmática do lado acometido. • Atelectasias em faixa. • Derrame pleural de pequena intensidade. Maria Vitória de Sousa Santos • Triangulo de Hampton: imagem de formato triangular com o ápice voltado para o hilo pulmonar (correspondente ao infarto pulmonar). 6. Troponina: Os níveis de troponina podem se mostrar mais altos devido ao estiramento do ventrículo direito por um grande infarto pulmonar. 7. Cintilação pulmonar de ventilação e perfusão: A varredura de ventilação-perfusão usa albumina radiomarcada, injetada por via intravenosa, e um gás radiomarcado, que é inalado. É usada para digitalizar os vários segmentos do pulmão para verificar o fluxo s a n g u í n e o e a d i s t r i bu i ç ã o d o g á s radiomarcado. O exame de ventilação-perfusão é útil somente quando os seus resultados são normais ou indicam uma alta probabilidade de embolia pulmonar. 8. Angiotomografia computadorizada helicoidal: Requer a administração de um agente de contraste radiológico por via intravenosa. É sensível para a detecção de êmbolos nas artérias pulmonares proximais e representa outra modalidade de diagnóstico. 9. Angiografia pulmonar: Envolve a passagem de um cateter venoso através do coração direito e na artéria pulmonar sob fluoroscopia. (Padrão ouro). Tratamento Os objetivos do tratamento de embolia pulmonar devem se concentrar na: 1. Prevenção de TVP e do desenvolvimento de tromboembolismo; 2. Proteção dos pulmões contra a exposição ao tromboêmbolo quando ocorre; 3. Manutenção da vida e no restabelecimento do fluxo sanguíneo pulmonar no caso de grande e embolia pulmonar potencialmente fatal. • A terapia trombolítica com ativador do plasminogênio tecidual recombinante pode ser indicada em pessoas com êmbolos múltiplos ou grandes. • A prevenção se concentra na identificação de pessoas em risco, prevenção de estase venosa e de estados de hipercoagulabilidade, e a detecção precoce da trombose venosa. • É importante que a pessoa comece a se movimentar o mais rapidamente possível após a doença ou após um procedimento cirúrgico. • Para as pessoas em risco de desenvolvimento da doença, o uso de meias elásticas de compressão graduada e botas de compressão pneumática intermitentes (CPI) pode impedir a estase venosa. • A interrupção cirúrgica da veia cava pode ser indicada quando a embolia pulmonar representa risco à vida. • A profilaxia farmacológica envolve a utilização de fármacos anticoagulantes. • A terapia anticoagulante pode ser utilizada para diminuir a probabilidade de trombose venosa profunda, tromboembolismo e embolia pulmonar fatal após grandes procedimentos cirúrgicos. • É frequentemente utilizada a heparina de baixo peso molecular, que pode ser administrada por via subcutânea em regime ambulatorial. • A varfarina, um anticoagulante oral, pode ser utilizada para pessoas com risco a longo prazo de desenvolvimento de tromboembolia. Complicações 1- Infarto pulmonar • Embolia em um ramo da artéria pulmonar pode resultar em isquemia no território irrigado. • No entanto, o fato de o pulmão ter dupla circulação (brônquica e pulmonar) confere proteção ao órgão. • Por esse motivo, oclusão de um pequeno ramo da artéria pulmonar não tem, em geral, maiores consequências ao parênquima pulmonar. • Nos casos em que a circulação brônquica está acometida, contudo, como em pacientes com débito cardíaco reduzido, com congestão pulmonar por dificuldade de retorno venoso ou com doenças cardiopulmonares prévias, o risco de infarto pulmonar é maior. • Na prática e devido à dupla circulação do órgão, apenas uma pequena porcentagem de embolias (em torno de 10%) resulta em infarto pulmonar. I n f a r t o s p u l m o n a re s s ã o t i p i c a m e n t e hemorrágicos. Aspectos morfológicos • Os infartos pulmonares, que se localizam principalmente nos lobos inferiores e em mais de 5 0 % d o s c a s o s s ã o m ú l t i p l o s , t ê m caracteristicamente a forma de cone ou cunha, com a base na pleura e o ápice voltado paro o vaso obstruído. • As lesões têm coloração avermelhada e são bem delimitadas. • Gera lmente, há p leur i t e fibr inosa em correspondência com a lesão. • Microscopicamente, o achado característico é necrose do parênquima pulmonar, sendo reconhecidas somente estruturas fantasmas de alvéolos, vasos e brônquios misturadas com sangue. • Na periferia do infarto, há intensa hemorragia alveolar e congestão capilar. Maria Vitória de Sousa Santos • Quando causado por êmbolo séptico (p. ex., na endocardite infecciosa da valva tricúspide) ou quando há infecção secundária na área necrosada, o infarto transforma-se em abscesso. • Com o passar do tempo, o infarto muda da coloração vinhosa para a acastanhada, pelo acúmulo de macrófagos com pigmento de hemossiderina. • Inicia-se então o processo de reparação fibrosa, e a lesão é substituída por cicatriz conjuntiva acinzentada. 2- Hipertensão pulmonar • A circulação pulmonar é morfológica e funcionalmente única no corpo humano. • Os pulmões possuem circulação extensa e elaborada, mantendo os vasos pulmonares um delicado e complexo balanço de pressão e distribuição de fluxo que otimizam as trocas gasosas. • A estrutura dos vasos pulmonares depende em grande parte do regime de pressão no seu interior. • Em condições normais, a pressão arterial pulmonar corresponde a um sexto da sistêmica. • Por tal razão, os vasos pulmonares têm paredes mais finas e maiores lúmens do que os vasos de mesmo tamanho da circulação sistêmica. • Além disso, os vasos pulmonares respondem a situações de hipóxia com vasoconstrição, ao contrário da vasculatura sistêmica. • A razão biológica dessa vasoconstrição seria otimizar o conteúdo de oxigênio no sangue, fazendo com que áreas pouco ventiladas sejam também pouco perfundidas. • O preço dessa manobra em indivíduos em hipóxia crônica com vasoconstrição pulmonar persistente é o aumento da resistência vascular pulmonar, a consequente sobrecarga cardíaca direita e aumento da PA pulmonar. Referências: - Bogliolo - Cardiologia- Diagnóstico e tratamento - Porth- Fisiopatologia Maria Vitória de Sousa Santos S8P1: FALTOU O AR! FUNÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 1. O sistema respiratório contribui para a homeostasia ao realizar a troca gasosa – oxigênio e dióxido de carbono – entre o ar atmosférico, o sangue e as células teciduais. 2. Contém receptores para o sentido do olfato, produzir sonsvocais (fonação) e eliminar água e calor. 3. Ajuda a ajustar o pH dos líquidos corporais. 4. Além da troca de gases, os pulmões atuam como linha de defesa do hospedeiro formando uma barreira entre o ambiente exterior e as estruturas internas do corpo (filtram o ar aspirado). 5. Os pulmões também atuam como órgão metabólico capaz de sintetizar e metabolizar diversos compostos. ANATOMIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO O sistema respiratório é constituído por: 1. Nariz; 2. Faringe; 3. Laringe; 4. Traqueia; 5. Brônquios 6. Pulmões. Laringe • A laringe é uma pequena conexão entre a parte laríngea da faringe e a traqueia. • Encontra-se na linha média do pescoço anteriormente ao esôfago e às vértebras cervicais IV a VI (C IV a C VI). A parede da laringe é composta por nove fragmentos de cartilagem: 1. Três ocorrem isoladamente: Cartilagem tireóidea, epiglote e cartilagem cricóidea. 2. Três ocorrem em pares: Cartilagens aritenóidea, cuneiforme e corniculada. Observação: Das cartilagens pares, as cartilagens aritenóideas são as mais importantes, porque influenciam as mudanças na posição e na tensão das pregas vocais (cordas vocais verdadeiras para a fala). Existem dois tipos de músculos na laringe: 1. Os músculos extrínsecos: Conectam as cartilagens a outras estruturas na garganta. 2. Os músculos intrínsecos: Conectam as cartilagens entre si. • A cavidade da laringe é o espaço que se estende desde a entrada da laringe até a margem inferior da cartilagem cricóidea. • A parte da cavidade da laringe acima das pregas vestibulares (cordas vocais falsas) é chamada de vestíbulo da laringe. • A parte da cavidade da laringe abaixo das pregas vocais é chamada de cavidade infraglótica. • A cartilagem tireóidea (pomo de Adão) consiste em duas lâminas fundidas de cartilagem hialina que formam a parede anterior da laringe e conferem a ela um formato triangular. • A epiglote é um segmento grande de cartilagem elástica em forma de folha que é recoberta por epitélio. • A parte superior ampla em forma de “folha” da epiglote (cartilagem epiglótica) não está presa a nenhuma estrutura e se move para cima e para baixo como um alçapão. • Durante a deglutição, a faringe e a laringe se movem para cima. A elevação da faringe amplia- a para receber alimentos ou bebidas; a elevação da laringe faz com que a epiglote se mova para baixo e cubra a glote, fechando-a. Maria Vitória de Sousa Santos As funções da laringe podem ser divididas em dois grupos: 1. As que estão associadas à fala 2. As que estão relacionadas com a proteção dos pulmões contra outras substâncias que não sejam o ar. Árvore traqueobrônquica • A árvore traqueobrônquica, que consiste em traqueia, brônquios e bronquíolos, pode ser entendida como um sistema de tubos ramificados que se estendem dentro dos lobos pulmonares. Existem cerca de 23 níveis de ramificação, começando com as vias aéreas de condução e terminando com as vias respiratórias onde ocorre a troca de gases. Traqueia • A traqueia é uma via tubular para o ar com aproximadamente 12 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. • Está localizada anteriormente ao esôfago e se estende desde a laringe até a margem superior da vértebra T V, onde se divide em brônquios primários direito e esquerdo. As camadas da parede da traqueia, da profunda à superficial, são: (1) Túnica Mucosa: Constituído de epitélio colunar pseudoestratificado ciliado é uma camada de lâmina própria que contém fibras elásticas e reticulares. (2) Tela Submucosa: Constituído por tecido conjuntivo areolar que contém glândulas seromucosas e seus ductos. (3) Cartilagem Hialina: Existem anéis horizontais incompletos de cartilagem hilariante que se assemelham a letra C, ligados uns aos outros por tecido conjuntivo denso. A parte aberta de cada anel de cartilagem em formato de C está voltada posteriormente em direção ao esôfago e é cruzada por uma membrana fibromuscular. - Observação: Nessa membrana estão fibras musculares lisas transversais – chamadas músculo traqueal – e tecido conjuntivo elástico, que possibilita que o diâmetro da traqueia mude suti lmente durante a inspiração e a expiração; isso é importante para manter o fluxo de ar eficiente. Os sólidos anéis de cartilagem em formato de C fornecem um suporte semirrígido para manter a desobstrução de modo que a parede t r a q u e a l n ã o c o l a p s e p a r a d e n t ro (especialmente durante a inspiração) obstruindo a passagem de ar. (4) Túnica Adventícia: A túnica adventícia da traqueia é composta por tecido conjuntivo areolar que une a traqueia aos tecidos circunvizinhos. Brônquios • A margem super io r da vértebra T V, a traqueia se divide em um brônquio principal direito, que vai para o pulmão direito, e um brônquio principal esquerdo, que vai para o pulmão esquerdo. - Observação: O brônquio principal direito é mais vertical, mais curto e mais largo do que o esquerdo. Como resultado, um objeto aspirado tem maior probabilidade de entrar e se alojar no brônquio principal direito do que no esquerdo. • Tal como a traqueia, os brônquios principais contêm anéis incompletos de cartilagem e são Maria Vitória de Sousa Santos revestidos por epitélio colunar pseudoestratificado ciliado. • No ponto em que a traqueia se divide em brônquios principais direito e esquerdo, uma crista interna chamada de carina é formada por uma projeção posterior e um pouco inferior da última cartilagem traqueal. • Ao entrar nos pulmões, o brônquio principal se divide formando brônquios menores – os brônquios lobares, uma para cada lobo do pulmão. - Observação: O pulmão direito tem três lobos, o pulmão esquerdo tem dois. • Os brônquios lobares continuam ramificando-se, formando brônquios ainda menores, chamados brônquios segmentares , que irrigam segmentos broncopulmonares específicos dentro dos lobos. • Os brônquios segmentares então se dividem em bronquíolos. • Os bronquío los também se ramificam repetidamente e o menor dos ramos ramifica-se e m t u b o s a i n d a m e n o r e s c h a m a d o s bronquíolos terminais. • Logo em seguida os bronquíolos terminais se ramificam em bronquíolos respiratórios. - Observação: Os bronquíolos terminais contêm células exócrinas bronquiolares, células colunares não ciliadas que podem proteger contra os efeitos nocivos de toxinas inaladas e substâncias cancerígenas, produzem surfactante e funcionam como células-tronco (células estaminais), que dão origem a várias células do epitélio. - Observação: Os bronquíolos terminais representam o fim da zona de condução do sistema respiratório. Mudanças estruturais observadas com a ramificação: 1. A túnica mucosa na árvore bronquial muda de epitélio colunar pseudoestratificado ciliado nos brônquios principais, brônquios lobares e brônquios segmentares para epitélio colunar s imples c i l iado com algumas cé lu las caliciformes nos bronquíolos maiores, para principalmente epitélio cúbico simples ciliado sem células caliciformes nos bronquíolos menores, para principalmente epitélio cúbico simples não ciliado nos bronquíolos terminais. 2. As lâminas de cartilagem gradualmente substituem os anéis incompletos de cartilagem nos brônquios principais e por fim desaparecem nos bronquíolos distais. 3. À medida que a quantidade de cartilagem diminui, a quantidade de músculo liso aumenta. O músculo liso circunda o lúmen em faixas espiraladas e ajuda a manter a permeabilidade. No entanto, como não há cartilagem de suporte, espasmos musculares podem fechar as vias respiratórias. Isto é o que acontece durante uma crise de asma brônquica, uma situação potencialmente fatal. - Observação: Recorde-se que o epitélio ciliado da membrana respiratória remove as partículas inaladas de duas maneiras. O muco produzido pelas células caliciformes retém as partículas, e os cílios movem o muco
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