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05/02/23, 22:36 Comportamento alimentar
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02931/index.html# 1/33
Comportamento alimentar
Amanda Lo Bianco Borges Canongia
Descrição
A história da alimentação humana, aspectos do comportamento alimentar, intervenções e mudanças no padrão de alimentação dos brasileiros.
Propósito
Sensibilizar o aluno para a ampliação de conhecimentos sobre os diferentes olhares da alimentação e da nutrição e para a adoção da abordagem
biopsicossocial, valorizando o comportamento alimentar e possibilitando inovação na área da nutrição e avanços na prática profissional.
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Objetivos
Módulo 1
Padrão e escolhas alimentares no Brasil
Reconhecer os aspectos que influenciam nas escolhas alimentares e no padrão alimentar brasileiro atual.
Módulo 2
Comportamentos alimentares
Aplicar as bases teóricas do aprendizado e da modificação no comportamento alimentar.
Introdução
É cada vez mais evidente e essencial a abordagem comportamental na nutrição. Neste estudo, vamos identificar aspectos e conceitos do
comportamento alimentar, além de algumas mudanças no padrão da alimentação do brasileiro. É importante entender o contexto em que os
pacientes estão inseridos, a fim de identificar os aspectos a serem trabalhados e as formas de intervenção para melhor adesão e para que
mudanças efetivas sejam reconhecidas e praticadas.

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1 - Padrão e escolhas alimentares no Brasil
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os aspectos que in�uenciam nas escolhas alimentares e no padrão
alimentar brasileiro atual.
Comportamento alimentar
A expressão comportamento alimentar é bastante utilizada na área de nutrição e alimentação para indicar o consumo, as formas e os locais de
alimentação. Defini-la não é um trabalho simples, em razão da abrangência dos tópicos envolvidos.
Dessa forma, considerando sua natureza multidimensional, o comportamento alimentar deve ser entendido como um conjunto de fatores que
envolvem cognições e afetos, os quais estão diretamente relacionados com as condutas alimentares dos indivíduos e que sofrem influências
psicológicas, sociais e culturais.
Ao escolher e ingerir um alimento, fatores como pensamentos, crenças, sentimentos do indivíduo e ambiente no
qual ele está inserido são levados em consideração (ALVARENGA et al., 2015; MARCHIONI, GORGULHO, STELUTI,
2019; VIANA, 2002).
A seguir, será abordado alguns aspectos que vão auxiliar no entendimento do comportamento alimentar.
Panorama histórico
Acompanhe, na linha do tempo a seguir, as mudanças ocorridas no comportamento alimentar:
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Nos últimos 200 anos, ocorreram profundas mudanças no estilo de alimentar-se, com destaque para:
Idade da Pedra
Há aproximadamente 10 mil anos, na Idade da Pedra, as atividades existentes no que concerne à alimentação eram a caça e a pesca.
O ser humano precisava buscar o alimento. Como era um período de escassez e de pouca disponibilidade alimentar, havia preferência
por gordura, para fins de sobrevivência e para a manutenção da energia. Os indivíduos tentavam extrair o “máximo do mínimo” dos
alimentos que eram encontrados na natureza.
Grécia e Roma Antiga
Na Grécia e na Roma Antiga, a alimentação tinha fins sociais e estava relacionada com o poder. A agricultura e a pecuária iniciaram
nesse período; logo, havia fartura e excesso de alimentação para os nobres. Era a fase do comer por prazer e do hedonismo. Alguns
indivíduos inclusive induziam o vômito em grandes banquetes e retornavam para alimentar-se novamente.
Hedonismo
Prazer excessivo e a qualquer custo.
Idade Média
Durante a Idade Média, os modos de produção de alimentos foram aperfeiçoados gradativamente, ao mesmo tempo que eram
mantidas as características de abundância (grandes banquetes) associadas ao poder com fins sociais.
Durante milhares de anos, a coleta e a produção de alimentos tinham como objetivo primordial a garantia da vida. As refeições eram
compostas majoritariamente por alimentos frescos, com diversificação da dieta, em completa adequação aos biomas locais e à
sazonalidade. O sal e o açúcar eram inexistentes ou pouco disponíveis. A produção de alimentos era pautada pela subsistência, com
predominância da produção local.
Século XX em diante
Durante o século XX até o período atual, foi mantida a característica de comer por prazer, mas com abundância energética. A
facilidade de consumo, as comidas do tipo fast-food (como pizza, hambúrguer e batata frita), a alimentação calórica (rica em
gorduras e açúcares), o ato de comer como passatempo, as conexões com alívio de estresse e todos os aspectos referentes à
industrialização aumentaram a disponibilidade de alimentos, porém com redução da qualidade nutricional.
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Atualmente, o indivíduo é refém de um modelo produtivo altamente perverso, com resultados negativos visíveis e mensuráveis em seus corpos
como problemas de saúde pública: sobrepeso e obesidade; prevalência significativa das doenças crônicas não transmissíveis (dislipidemias,
diabetes, hipertensão, doenças coronarianas etc.); predominância da deficiência de micronutrientes (destacadamente ferro, vitaminas A e D e
cálcio); e alterações no comportamento alimentar, como observamos na compulsão alimentar.
Existe alguma explicação que justifique por que consumimos certos alimentos?
In�uência de fatores coletivos no comportamento alimentar
Além da decisão individual sobre o que e quanto comer, existe a influência de fatores coletivos, ou seja, de fatores sociais, culturais e econômicos.
Embora o comportamento alimentar busque satisfazer as necessidades fisiológicas ou atingir um padrão de saúde, ele visa também atender às
necessidades psicológicas, sociais, culturais e afetivas do indivíduo. Veja o detalhamento a seguir:
Relacionam-se com os sentimentos, o humor e as emoções causados por determinado alimento. Nesse contexto, estão inseridas as
questões pessoais concernentes aos valores culturais, sociais, religiosos, econômicos e aos demais significados individuais atribuídos ao
alimento.
Diferentes momentos da vida são marcados com a existência de alimentos, e as emoções guiam as preferências e os símbolos alimentares,
tal como a comida de ocasiões especiais (presentear pessoas com alimentos, nos aniversários, festividades como casamentos e
formaturas) (MOTTA; BOOG, 1987).
Exercem influência mais ampla e mais profunda sobre o comportamento do indivíduo. As escolhas alimentares baseiam-se nos sistemas
culturais dos grupos humanos, os quais só se permitem alimentar-se do que é aceito culturalmente, pois as comidas estão relacionadas com
a identidade dos povos. Por exemplo, os chineses com arroz e soja, os italianos com macarrão e pizza, e os franceses com rãs e caracóis.
É importante destacar que a grande circulação global de comidas e, paralelamente, de pessoas, levanta novas questões sobre comida e
etnia. Pessoas de uma sociedade, mesmo que esta seja conservadora, podem experimentar comidas diferentes. Essa é uma evidência de
O consumo majoritário de
alimentos ultraprocessados,
altamente carregados de
conservantes não saudáveis,
gorduras hidrogenadas e
glutamato monossódico.
A diminuição e a ausência do
uso das plantas aromáticas e
condimentares.
A grande disponibilidade de
alimentos de baixa qualidade
nutricional, acompanhados da
redução drástica da
diversidade dos alimentos
consumidos.
O distanciamento entre
biomas, alimento e
sazonalidade.
Aspectos afetivos 
Aspectos culturais 
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que os comportamentos relacionados com a comida podem ser os mais flexíveis e os mais arraigados de todos os hábitos. A forma como o
alimento se estabelece na mente e na vida de indivíduos é distinta entre culturas variadas.
Também influenciam no comportamento alimentar. Construímos significados e hábitos alimentares interagindo e compartilhando
experiências. Nosso comportamento alimentar é influenciado pelo social: as comemorações, os almoços de negócio, os jantares
românticos, as datas festivas, o domingo. Assim, formamos representações de união, diversão, sedução ou até mesmo de autopunição.
A classe social também pode levar a diferenças nos sistemas de alimentação, com implicações para os comportamentos de saúde, uma vez
que interfere na disponibilidade de alimentos, no acesso à comida, no transporte e nos custos.
Principalmente no Brasil, o comportamento alimentar apresenta forte associação com a renda, uma vez que esta restringe o acesso aos
alimentos, do ponto de vista tanto da qualidade quanto da quantidade. Além disso, regiões mais desprovidas podem ter dificuldade no
acesso a mercados e alimentos frescos. A escolaridade também é considerada uma via de maior acesso à informação e maior possibilidade
de escolhas alimentares saudáveis.
Alguns alimentos são símbolos do pertencimento a uma classe social mais elevada, assim como carros, relógios e joias. Muitos alimentos ganham
o sobrenome gourmet ao serem embalados em latas sofisticadas e oferecerem variações de sabores e introdução de ingredientes importados.
Aspectos psicológicos
Comer é um processo não apenas fisiológico, mas também sociocultural e afetivo, no qual nosso corpo faz uma interface com o mundo externo. É
preciso enxergar o indivíduo como um ser biopsicossocial, com toda a sua integralidade.
No que concerne aos aspectos psicológicos, podemos destacar a fome (necessidade fisiológica de alimentar-se) e o desejo (vontade). Por meio da
etiologia da personalidade, que é formada na infância, a primeira relação indivíduo-família é a causa predisponente fundamental aos modelos de
food choice.
ood choice
Relaciona-se com o conjunto de decisões conscientes e inconscientes tomadas por uma pessoa no momento da compra, no momento do consumo ou
em algum momento entre os dois.
A alimentação será sempre acompanhada por um contorno emocional, que deve ser considerado e avaliado ao se tentar
compreender o ato de comer.
Aspectos socioeconômicos 
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A Psicologia considera que o comer é um processo relacional carregado de intenso significado emocional e que há forte relação entre alimentação
e afetividade. A comida é, então, meio de prazer, desejo e satisfação emocional, carregando lembranças e memórias.
Cabe ressaltar a importância da infância para a formação do comportamento alimentar e das escolhas alimentares. O primeiro ato da alimentação é
a amamentação, e a necessidade e o prazer estão interligados desde o nascimento. O bebê firma uma marca de satisfação mental ao sentir alívio
para suas necessidades de alimentação por meio do seio.
O desmame chama a atenção para a primeira gratificação do mundo externo, que a criança obtém ao ser alimentada, ressaltando a importância do
seio da mãe e das relações entre voracidade e avidez, entre gratificação e frustração com o seio, gerando sentimentos de ódio e paixão no bebê.
Os valores atribuídos por nossa sociedade aos alimentos, ao ato de comer, por exemplo, são transmitidos desde as primeiras relações, por meio dos
cuidados maternos, ao mesmo tempo que o psiquismo da criança está sendo formado, inserindo-se na cultura e na linguagem. Por isso, o ato de
comer também é um ato sociocultural (ALVARENGA et al., 2015).
Saiba mais
O preparo dos alimentos, os cuidados com a manipulação, o conhecimento envolvido na culinária e na forma de alimentar-se são conhecimentos
ancestrais, transmitidos desde a Antiguidade, o que indica que se trata de um bem cultural altamente complexo.
Padrão de alimentação do brasileiro
O padrão alimentar é definido pelo conjunto de alimentos consumidos prioritariamente por dada população, recebendo influência de aspectos
socioculturais, afetivos, econômicos e políticos.
Nas últimas décadas, a aquisição de alimentos tem sofrido modificações significativas no Brasil, em consequência de algumas mudanças no país,
como ingresso crescente da mulher no mercado de trabalho, aumento da longevidade, queda da fecundidade, processos de industrialização e
urbanização, aumento do nível de escolaridade (VAZ; HOFFMANN, 2020). Tal mudança de cenário reflete-se diretamente nos padrões alimentares da
população brasileira, com substituição de consumo dos alimentos in natura e minimamente processados por alimentos ultraprocessados.
Evidências científicas demonstram o impacto dessa substituição na qualidade nutricional da alimentação e em desfechos de saúde, como excesso
de peso e síndrome metabólica (LOUZADA et al., 2015).
Dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) indicam que 20,3% dos brasileiros
adultos estão obesos, sendo essa a maior prevalência de obesidade nos últimos 13 anos. Ao considerar o excesso de peso, 55,4% dos brasileiros
estão nessa situação.
Dica
Uma das ferramentas para estimular as mudanças de hábitos alimentares é o Guia alimentar para a população brasileira, documento oficial do
Ministério da Saúde lançado em 2014 e que aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação adequada e saudável, reconhecendo o
caráter intersetorial da promoção da alimentação saudável e seu papel de interseção entre os campos da saúde e da segurança alimentar e
nutricional, sendo um dos principais materiais de apoio técnico na área de alimentação e nutrição.
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A principal inovação desse guia é o emprego de uma abordagem holística da alimentação e nutrição e inserção da classificação denominada Nova,
que ordena os alimentos pela extensão e pelo propósito do processamento – alimentos in natura ou minimamente processados, processados e
ultraprocessados.
ltraprocessados
Neste grupo de alimentos, estão incluídos biscoitos doces e salgados, salgadinhos tipo chips, guloseimas em geral, lanches do tipo fast-food, macarrão
instantâneo, vários tipos de pratos prontos ou semiprontos e refrigerantes (LOUZADA et al., 2015).
Os refrigerantes e os sucos artificiais também são classificados como alimentos ultraprocessados, em razão do alto teor de açúcar, adoçantes
artificiais e aditivos alimentares.
Comentário
A Nova é considerada inovadora e a melhor do mundo no quesito sustentabilidade, ao indicar que a população deve evitar o consumo de produtos
ultraprocessados não somente em razão dos impactos negativos à saúde, mas também dos impactos sociais e ambientais, configurando-se como
ferramenta de aconselhamento alimentar com recomendações centradas no empoderamento dos sujeitos para escolhas alimentares mais
saudáveis, prazerosas, autônomas e conscientes (MONTEIRO et al., 2015).
Mudança no padrão alimentar e o Guia alimentar para a população brasileira
Neste bate-papo, vamos abordar a mudança no padrão alimentar e o Guia alimentar para a população brasileira.
Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF)
A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), avalia as estruturas de consumo,
gastos, rendimentos e parte da variação patrimonial das famílias, oferecendo um perfil das condições de vida da população a partir da análise dos
orçamentos domésticos. Seus resultados mais recentes reforçam a mudança na alimentação do brasileiro.
A análise histórica das POF indica que os gastos com alimentação vêm perdendo importância no orçamento das famílias brasileiras nas últimas
décadas. Observe,a seguir, as mudanças na participação na despesa média mensal familiar:

1974-1975
Nos anos de 1974-1975, a despesa média mensal familiar com alimentação era equivalente a 33,9%.
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Além de perderem participação no orçamento familiar, as despesas com alimentação têm sofrido alterações em virtude de mudanças
demográficas, educacionais e comportamentais, que afetam as decisões e as preferências das famílias sobre o que consumir e onde consumir.
Aumento da alimentação fora do domicílio
O aumento da parcela dos gastos familiares com alimentação fora do domicílio é uma das mudanças mais visíveis nos hábitos alimentares da
população. Com a urbanização, o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho e a redução do preço de alimentos
ultraprocessados, a alimentação fora do domicílio torna-se mais atrativa e prática. Soma-se a isso a variedade de estabelecimentos comerciais no
cenário atual, desde os tradicionais restaurantes à la carte até os do tipo self-service e “prato feito”, passando pelas redes de lanchonetes fast-food,
bares e padarias (LEAL, 2010).
Comentário
A participação da alimentação fora do domicílio nas despesas alimentares médias das famílias subiu de 24,1%, em 2002-2003, para 32,8%, em
2017-2018.
2002-2003
Em 2002-2003, essa despesa declinou para 20,8%.
2017-2018
Por fim, em 2017-2018, caiu para 17,5%.
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Segundo dados do Inquérito Nacional de Alimentação (INA) da POF 2008-2009, o percentual de indivíduos na população brasileira com 10 anos ou
mais de idade que relatam consumir alimentos fora do domicílio é de 40%. Esse valor diminui com a idade, aumenta com a renda per capita e a
escolaridade, e é maior entre homens, nas áreas urbanas e nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país (HOFFMANN, 2013).
Diminuição do consumo de alimentos tradicionais
Outra conformação da mudança nos hábitos alimentares dos brasileiros é a diminuição do consumo de alimentos tradicionais, como arroz, feijão,
batata, pão e açúcar. O consumo per capita de feijão, por exemplo, tem diminuído no Brasil desde a década de 1970.
Apesar disso, arroz e feijão ainda estão entre os alimentos mais frequentes da alimentação do brasileiro, independentemente do sexo ou do estrato
de renda familiar considerado, de acordo com os dados da POF 2008-2009.
Veja a seguir, os alimentos mais citados pelos entrevistados ao serem indagados sobre os alimentos e as bebidas consumidos em dois dias não
consecutivos:
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Arroz (84%)
Café (79%)
Fe�ão (72,8%)
Pão francês (63%)
Carne bovina (48,7%)
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Segundo a POF 2002-2003, a quantidade média per capita adquirida de arroz foi de 31,578kg, enquanto na POF 2017-2018 ela foi de 19,763kg, ou
seja, uma queda de 37%.
A diminuição do consumo de alimentos tradicionais tem sido acompanhada pelo aumento da aquisição de produtos ultraprocessados, prontos para
consumo ou de fácil preparo. Verifica-se que, entre as POF 2002-2003 e 2008-2009, ocorreu uma queda importante no consumo per capita de
açúcar (de 35% para o açúcar cristal e de 49% para o açúcar refinado), acompanhada de aumento no consumo de produtos ultraprocessados que
levam açúcar em sua composição (doces, conservas, balas, iogurtes, biscoitos recheados etc.).
Um aspecto positivo foi o aumento do consumo de salada crua, passando de 16% para 21,4%. A frequência de
consumo de frutas, verduras e legumes é menor entre adolescentes do que entre adultos e idosos, exceto para o
açaí e a batata inglesa. Os adolescentes consomem o dobro de sanduíches, quatro vezes mais pizzas, nove vezes
mais bebidas lácteas e 20 vezes mais salgadinhos do que os idosos.
Os resultados da POF indicam ainda que, nos últimos 10 anos, a quantidade de brasileiros obesos aumentou 60%. O número é alarmante, tendo
subido de 11,8% da população total, em 2006, para 18,9%, em 2016. A boa notícia é que o índice ficou estável em 2016, o que pode significar uma
mudança positiva para os próximos anos. 
Segundo a pesquisa da POF, em 2007, 30,9% dos entrevistados consumiam refrigerantes e sucos artificiais em cinco ou mais dias da semana. Em
2016, esse índice caiu para 16,5%.
Além disso, a pesquisa mostrou aumento no índice de brasileiros com diabetes (de 5,5%, em 2006, para 8,9%, em 2016) e com hipertensão (de
22,5% para 25,7%). Nas duas doenças, as mulheres têm a maior parte dos diagnósticos. 
O número de brasileiros com sobrepeso ficou estável em 2018 (55,4%). Entretanto, esse número continua alarmante, uma vez que metade da
população está com o peso acima da normalidade para sua altura.
Comentário
A participação dos produtos ultraprocessados no consumo médio diário de calorias dos moradores dos domicílios metropolitanos do país passou
de 18,7%, em 1987-1988, para 29,6%, em 2008-2009. Em nível nacional, estima-se que 21,5% do consumo médio diário de energia per capita derivam
de alimentos ultraprocessados, de acordo com dados da POF 2008-2009 (LOUZADA et al., 2015).
É sabido que a recomendação do Guia alimentar para a população brasileira é para que o consumo desse grupo de alimentos seja evitado, pois
apresentam características nutricionais desfavoráveis, quando comparados aos alimentos in natura ou minimamente processados, como maior
densidade energética, maior teor de gorduras, de sódio e de açúcar livre, e menor teor de fibras e de proteínas.
Outras mudanças
Além da mudança do que comemos, a forma como compramos, preparamos e ingerimos esses alimentos também foi alterada. De maneira geral,
optamos pelas grandes redes de supermercados, em detrimento das feiras livres e de produtos de pequenos produtores. Indiretamente, as compras
em supermercados influenciam a escolha de produtos ultraprocessados, haja vista sua vasta variedade e o uso de estratégias de marketing.
As preparações culinárias ficam em segundo plano, em face da rotina acelerada e do tempo curto para realizar as refeições, conduzindo a escolhas
mais práticas e que se adaptem aos diversos ambientes e situações.
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Soma-se a essa rotina o hábito de comer sozinho, sem o compartilhamento de refeições com outras pessoas, o
que poderia gerar maior prazer em comer. A presença das telas (TV, smartphone, videogame) disputa atenção com
o ato de alimentar-se, levando à desconexão com a comida e o momento. Esses comportamentos são barreiras
para o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis.
Somados às mudanças no padrão da alimentação, temos: o sedentarismo, o estresse social, a poluição do ar e sonora e os demais aspectos da vida
moderna que também contribuem para essas transformações na forma de comer e nas escolhas alimentares.
Exemplo
A pandemia do coronavírus, iniciada em 2020, vem impactando substancialmente os hábitos alimentares. Com o isolamento social, a sociedade
começou a utilizar mais os serviços de delivery de comida, por meio de aplicativos de smartphone, e além disso pode-se observar empiricamente o
aumento dos casos de depressão e obesidade.
É necessário considerar todo o cenário relatado e acompanhar os demais desdobramentos, quando pensamos em como orientar o paciente e
entender todo o contexto em que ele vive. Afinal, alimentação é bem mais do que ingestão de nutrientes.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Comportamento alimentar é o conjunto de todas as ações praticadas na alimentação, sofrendoinfluência de alguns determinantes, como:
(1) Necessidade dos indivíduos
(2) Estado nutricional
(3) Tradições, crenças e tabus
(4) Processo de emagrecimento
Diante das afirmativas, podemos considerar:
Parabéns! A alternativa D está correta.
O comportamento alimentar é a soma de diversos fatores. Para além das necessidades fisiológicas ou das preferências individuais, o estado
nutricional e os aspectos culturais e sociais envolvidos também são determinantes nas escolhas alimentares e no processo de construção do
comportamento alimentar. O processo de emagrecimento não faz parte do comportamento alimentar, pois, como o nome já indica, é uma
continuidade, um possível efeito da mudança comportamental, não sendo, porém, o determinante.
Questão 2
São características das modificações dos padrões de consumo alimentar da população brasileira nas últimas décadas, segundo a Pesquisa de
Orçamento Familiar (POF) 2008-2009, exceto:
A Apenas a afirmativa 1 e 4 estão corretas.
B Apenas as afirmativas 1 e 3 estão corretas.
C Apenas a afirmativa 2 está correta.
D Apenas as afirmativas 1, 2 e 3 estão corretas.
E Apenas as afirmativas 2 e 3 estão corretas.
A Brasileiro come mais arroz com feijão e menos comida industrializada em casa.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
De acordo com os últimos dados da POF, o brasileiro tem consumido mais produtos ultraprocessados em casa (biscoitos, refrigerante,
macarrão instantâneo etc.) e reduzido o consumo de arroz e feijão. A região Sul destacou-se na média de aquisição anual per capita dos grupos
de carnes (35,7kg) e bebidas e infusões (64,1kg). O arroz e o feijão são mais consumidos pelas classes de menor rendimento.
2 - Comportamentos alimentares
Ao �nal deste módulo, você será capaz de aplicar as bases teóricas do aprendizado e da modi�cação no comportamento
alimentar.
Análise e intervenções no comportamento alimentar
A análise do comportamento, formulada pelo psicólogo americano Skinner, estuda o comportamento humano a partir da relação entre organismo e
ambiente, com base no modelo evolucionista de Charles Darwin. Seu foco está nas condições ambientais em que o indivíduo se encontra, suas
reações a essas condições, as consequências que essas reações trazem e os efeitos produzidos por essas consequências (ALVARENGA et al.,
2015).
B Arroz e feijão são mais adquiridos na área rural e pela população de menor rendimento.
C A aquisição de bebidas e frutas é maior na área urbana; a de cereais e carnes, na área rural.
D O consumo de carboidratos cai, e o de gorduras aumenta.
E Famílias da região Sul adquirem mais carnes e bebidas.
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O comportamento é o produto conjunto da história de aprendizagem do sujeito. Skinner igualou a cultura ao ambiente social e tomou a cultura como
parte das explicações para o agir individual, e não como algo a ser explicado em si mesmo.
A análise do comportamento pode ser:
Experimental, no âmbito da pesquisa básica.
Aplicada, na qual os resultados experimentais são diretamente aplicados a contextos que não são controlados.
A análise do comportamento é feita sobre o produto integrado desses processos históricos, sendo uma ciência pautada pela prática e pela função
das coisas, não necessariamente com o intuito de extinguir determinado comportamento disfuncional, mas de avaliar as razões pelas quais ocorre,
de implementar novos comportamentos e de perceber de que maneira isso pode ser útil na vivência do indivíduo.
A análise do comportamento, portanto, avalia as condições de seu aparecimento, antecedentes, consequências e possíveis desencadeantes, bem
como atitudes reforçadoras do ambiente (familiar, por exemplo), cognições ou pensamentos automáticos.
Atenção!
Fazer análise do comportamento alimentar é determinar as características ou as dimensões da ocasião em que o comportamento ocorre, identificar
as propriedades públicas e privadas da ação e definir as mudanças produzidas pela emissão das respostas no ambiente e no organismo. Não se
deve pensar que a causa de um comportamento é necessariamente imediata. É necessário incorporar a história da espécie, do indivíduo e da
cultura.
Comportamentalismo ou behaviorismo
Comportamentalismo ou behaviorismo é uma teoria psicológica que tem como objeto de estudo o comportamento e defende que a psicologia
humana pode ser objetivamente estudada por meio de observação de suas ações, ou seja, observando o comportamento.
Os behavioristas acreditam que todos os comportamentos são resultados de experiência e condicionamentos. A seguir, os principais tipos dessa
teoria e os princípios da aprendizagem:
Em um estudo com animais em laboratório, em especial, sobre a digestão de cães, Pavlov percebeu que alguns estímulos provocavam a
salivação e a secreção estomacal no animal, o que deveria ocorrer apenas quando ele ingerisse um alimento. A partir disso, percebeu que o
comportamento do cão estava condicionado a esses estímulos, normalmente aplicados poucos instantes antes de o cão se alimentar
(OSTERMANN; CAVALCANTI, 2010). Por exemplo, ao acionar uma campainha antes de alimentar o cão, Pavlov percebeu que as reações no
animal já se faziam presentes. Assim, o estímulo da campainha provocou reflexos alimentares no cão (resposta), mesmo sem a presença do
alimento. Constatou ainda que o cão não podia ser enganado por muito tempo. Os reflexos sumiam, se a comida não lhe fosse dada logo
(OSTERMANN; CAVALCANTI, 2010).
Esse tipo de condicionamento é importante para explicar a associação (positiva ou negativa) que um consumidor faz de uma marca, por
exemplo. O condicionamento clássico também possibilita o entendimento de coisas comuns de nosso dia a dia, como o barulho de um
despertador, que por si só não significa nada, mas que relacionamos com o objetivo de acordar em determinado momento.
Condicionamento clássico (Pavlov) 
Condicionamento operante (Skinner) 
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Skinner foi o teórico behaviorista que mais influenciou o entendimento do processo de ensino-aprendizagem e a prática escolar. A
concepção skinneriana de aprendizagem está relacionada com uma questão de modificação do desempenho: o bom ensino depende de
organizar eficientemente as condições estimuladoras, de modo que o aluno saia da situação de aprendizagem diferente de como entrou
(OSTERMANN; CAVALCANTI, 2010).
O objetivo do behaviorismo skinneriano é o estudo científico do comportamento: descobrir as leis naturais que regem as reações do
organismo que aprende, a fim de aumentar o controle das variáveis que o afetam. Os componentes da aprendizagem — motivação, retenção,
transferência — decorrem da aplicação do comportamento operante.
Segundo Skinner, o comportamento aprendido é uma resposta a estímulos externos, controlados por meio de reforços que ocorrem com a
resposta ou após esta: “se a ocorrência de um comportamento operante é seguida pela apresentação de um estímulo (reforçador), a
probabilidade de reforçamento é aumentada” (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2010).
A Teoria da Aprendizagem Social é uma ferramenta teórica importante, já que trata da aprendizagem de novos comportamentos a partir da
observação de modelos comportamentais. O meio social em que vivemos determina de forma significativa o desenvolvimento humano e a
capacidade de reproduzir um comportamento observado. Distingue-se de outros tipos de aprendizagem por basear-se na imitação.
É importante que o profissional não desconsidere que o comportamento alimentar reflete interações entre estado fisiológico, psicológico e
ambiental. O foco da mudança é nos comportamentos inadequados e disfuncionais, como mentalidade de dieta; hábitos; prazer; ingestão
alimentar e suas escolhas. Por exemplo,devem-se propor modificações do consumo, da estrutura e das atitudes alimentares; encorajar o
paciente a tentar novas atitudes e experiências; trabalhar com exposição (combinada e programada) com o paciente, sendo uma estratégia
para situações de aversão e/ou fobias.
Relação entre aspectos psicológicos e nutricionais
O profissional deve estabelecer, juntamente com o paciente, metas individuais, de acordo com sua necessidade específica. Para que a mudança de
comportamento se desenvolva, o nutricionista não deve prender-se a regras rígidas, como a prescrição de dietas, e as metas devem atender às
necessidades mais urgentes do paciente, mas também devem levar em conta a capacidade de ele alcançá-las naquele momento.
Alguns dos atributos importantes desse profissional são:
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Amplo conhecimento da ciência da nutrição;

Habilidade no aconselhamento educacional e comportamental;
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Atitude empática e de não julgamento.
Aprendizagem social (Bandura) 
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Terapia Cognitivo-Comportamental
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma psicoterapia breve, sendo um instrumento para trabalhar a mudança de comportamento e que
entende a forma como o ser humano interpreta os acontecimentos. O profissional nutricionista não vai aprofundar-se na análise das emoções.
A metodologia da TCC pode fazer parte do aconselhamento nutricional e também da identificação dos sinais de fome, saciedade e prazer em
comer. É uma análise que integra a abordagem cognitiva (tudo que passa por nossa mente: sonhos, lembranças, imagens, pensamentos) e a
abordagem comportamental (o que faz, o que diz, como resolve seus problemas, como age, como evita situações).
A Terapia Cognitivo-Comportamental tem como objetivo auxiliar o paciente a identificar novos meios para lidar com o ambiente, de forma a
propiciar mudanças, dando destaque aos pensamentos e ao modo como interpreta o mundo. Para tanto, utiliza ferramentas para auxiliar os
pacientes a identificar e a alterar seus pensamentos, principalmente os associados a questões emocionais (tristeza, ansiedade, raiva), além de
instruir na reflexão sobre o pensamento.
A TCC é fundamentada em nossas cognições, tendo estas um domínio sobre nossas emoções e comportamentos, e também sobre a maneira como
atuamos, podendo afetar os padrões de pensamento e emoções. As mudanças ocorrem à medida que também ocorrem transformações nos
modos disfuncionais de pensamento.
Veja a seguir, como surgem esses pensamentos automáticos:
São as percepções que os indivíduos têm de si, sobre o ambiente e sobre os demais. São desenvolvidas no decorrer da vida, sendo
agregadas como verdades absolutas, não acessadas pelo cérebro de maneira consciente. Usualmente, são expressas por frases do tipo “eu
sempre fui assim” ou “sempre foi assim”.
Na Terapia Cognitivo-Comportamental, as crenças centrais são:
Desemparo: a pessoa pensa ser frágil, vulnerável, carente, incapaz, incompetente, fracassada, descontrolada, inadequada. Pensamentos
recorrentes são: “não consigo mudar”, “não sou bom o suficiente”, “não consigo fazer isso”, “jamais aprenderei isso”.
Desamor: o indivíduo acredita ser indesejável, indigno de amor, defeituoso, imperfeito, sem atrativos, abandonado, rejeitado, sozinho.
Pensamentos recorrentes são: “não sou bom nem querido o suficiente para ser amado e desejado”, “serei sempre rejeitado”.
Desvalor: a pessoa tem a ideia de não ter valor algum. Pensamentos recorrentes são: “não mereço nada”, “não mereço viver”, “não sou
digno de atenção”, “não tenho valor, sou um lixo”, “sou cruel, “sou mal” (ALVARENGA et al., 2015).
Surgem a partir de uma crença central. São regras, pressupostos e atitudes que o indivíduo assume como verdade. Por exemplo, “se eu fizer
tudo o que os outros querem, serei querido e respeitado”, “se eu não trabalhar duramente, serei um fracassado”, “eu preciso ser exímio em
Crenças centrais (ou nucleares) 
Crenças intermediárias 
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todas as tarefas que realizo”. Essas crenças resultam na deturpação dos fatos da vida e favorecem o desenvolvimento de transtornos do
comportamento alimentar.
A TCC baseia-se no modelo cognitivo, que aborda a suposição de que as emoções e os comportamentos dos indivíduos são motivados por seu
entendimento dos fatos ocorridos. Não é uma situação isolada que determina o que as pessoas sentem, mas, sim, a forma de interpretação do
ocorrido.
Exemplo
Ao escutar uma música, apreciar uma série ou avaliar um curso, cada pessoa emitirá uma resposta emocional distinta, assim como, nesse
momento, ocorrerão pensamentos distintos em suas mentes.
Princípios da TCC
A seguir, conheça os 10 princípios da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC):
A terapia cognitiva baseia-se em uma formulação, em contínuo desenvolvimento, do paciente e de seus problemas em termos cognitivos, ou
seja, identificar:
O pensamento atual que ajuda a manter a dor emocional.
Os comportamentos problemáticos.
Os fatores precipitantes.
A crença central e a crença intermediária.
O pensamento automático.
A resposta emocional comportamental psicológica.
Os eventos-chave (fatores predisponentes).
Os padrões duradouros de interpretação (crenças).
A terapia cognitiva requer uma aliança terapêutica segura, ou seja, cordialidade, empatia, atenção, respeito genuíno e competência.
A terapia cognitiva enfatiza a colaboração e a participação ativa, ou seja, encoraja o paciente a ver o tratamento como um trabalho em
equipe.
A terapia cognitiva é orientada em meta e focalizada em problemas, ou seja, desde a primeira sessão, procura-se enumerar os problemas e
Princípio 1 
Princípio 2 
Princípio 3 
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estabelecer metas específicas.
A terapia cognitiva, inicialmente, enfatiza o presente, ou seja, inicia-se com o exame de problemas no aqui-agora, independentemente do
diagnóstico e da história passada. A atenção volta-se para o passado, contudo, em três circunstâncias:
1. Quando o paciente expressa forte predileção por fazer isso.
2. Quando o trabalho voltado em direção a problemas atuais produz pouca ou nenhuma mudança cognitiva, comportamental e emocional.
3. Quando o terapeuta julga que é importante entender como e quando as ideias disfuncionais importantes se originaram e como elas afetam
o paciente hoje.
A terapia cognitiva é educativa, ou seja, visa a ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção da recaída; educar o
paciente sobre a natureza e o desenvolvimento de seu problema, sobre o processo de tratamento e o modelo cognitivo (como os
pensamentos influenciam as emoções e os comportamentos); e mantém um registro de sua evolução, inclusive dificuldades e estratégias de
enfrentamento utilizadas.
A terapia cognitiva visa ter um tempo limitado, ou seja, o tempo do tratamento é o tempo do paciente. Enquanto alguns pacientes resolvem
seus problemas em dois meses, outros precisam de dois anos ou mais.
As sessões de terapia cognitiva são estruturadas, ou seja, não importa qual o diagnóstico ou o estágio do tratamento, o terapeuta cognitivo
tende a aderir a uma estrutura estabelecida em cada sessão. Seguir um formato tende a tornar o processo de terapia mais compreensível,
facilitando a aprendizagem do papel de autoterapeuta.
A terapia cognitiva ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais. Para tal, o terapeuta
ajuda o paciente a focalizar um problema específico, identificando seu pensamento disfuncional e avaliando a validade de seu pensamento
para projetar um plano de ação. Três técnicas importantes são utilizadas para esse princípio:
1. Questionamento socrático: consiste em fazer perguntas contínuas sobre o que o pacientepensa, levando-o a novas descobertas sobre
seus próprios pensamentos.
2. Empiricismo colaborativo: consiste em experimentar o comportamento, para verificar seus pensamentos e emoções.
3. Descoberta orientada: processo em que o terapeuta questiona o paciente sobre o sentido de seus pensamentos, a fim de lhe revelar as
crenças subjacentes (atitudes, suposições ou regras) que mantêm em relação a si mesmo, ao mundo e as outras pessoas.
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Princípio 6 
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A terapia cognitiva utiliza uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, o humor e o comportamento. O terapeuta seleciona técnicas
com base em sua formulação de caso e seus objetivos em sessões específicas (ALVARENGA et al., 2015).
Terapia Cognitivo-Comportamental e os tipos de intervenções no
comportamento alimentar
Neste bate-papo, vamos saber mais sobre os princípios da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e os tipos de intervenções utilizadas na
nutrição para mudança no comportamento alimentar.
Intervenções no comportamento alimentar
O comer com atenção plena (mindful eating)
A atenção plena é definida como a capacidade intencional de trazer atenção ao momento presente, sem julgamentos ou críticas, com atitude de
abertura e curiosidade. Pode ser considerada uma capacidade inata do ser humano. Contudo, ao longo dos anos, geralmente, perdemos contato
com essa capacidade, ao passo que as experiências de vida nos trazem expectativas, regras, planos, preocupações, fantasias etc.
Na alimentação, nossas práticas acabam sendo influenciadas por regras ditadas pela mídia, dietas, recomendações de profissionais de saúde e
familiares, o que acaba por nos desconectar dessa capacidade inata (ALVARENGA et al., 2015).
De acordo com a definição mais ampla de Bays (2009), o ato de comer com atenção plena é uma experiência que
engaja todas as partes de nosso ser — corpo, mente e coração — na escolha e no preparo da comida, bem como no
ato de comê-la em si.
Dessa forma, comer com atenção plena envolve todos os sentidos, imergindo em cores, texturas, aromas, sabores e até mesmo nos sons do ato de
comer e beber. Permite que sejamos curiosos e lúdicos enquanto investigamos nossas respostas à comida e nossos sinais internos de fome e
saciedade.
Comentário
Comer conscientemente abrange os processos internos e ambientes externos, com atenção a pensamentos, emoções, sensações físicas atuais,
cultivando a possibilidade de libertar-se dos padrões reativos, habituais, de pensar, sentir e agir. Promove o equilíbrio, a escolha, a sabedoria e a
aceitação do que é, permitindo-se tornar-se ciente do positivo e nutrir as oportunidades que estão disponíveis por meio da seleção de alimentos e
preparação, respeitando sua própria sabedoria interior e usando todos os seus sentidos na escolha para comer comida que seja satisfatória para
você e nutritiva para seu corpo.
Princípio 10 

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O reconhecimento de respostas para os alimentos (gostos, desgostos ou neutro), sem julgamento, e a conscientização das indicações de fome e
saciedade físicas, a fim de orientar suas decisões para começar e terminar de comer, também fazem parte do processo de comer com atenção
plena.
Vale ressaltar que comer com atenção plena não é direcionado por tabelas ou guias alimentares. Deve ser direcionado pela própria experiência
interna do indivíduo, que é única. O que aflora dessa experiência são os sentimentos e as sensações particulares de cada um, sem espaço para
julgamento ou autocrítica. A confiança, no sentido de acreditar em si mesmo e confiar em sua intuição e em seus sentimentos, em vez de
confiar em regras externas para comer, também é um fundamento-chave.
O nutricionista pode contribuir para isso, orientando seu paciente a viver novas experiências com a comida e fortalecendo-o como autor de suas
escolhas, propondo, então, que em uma próxima consulta ele venha contar e dividir com o profissional como se sentiu ao investir no comer com
atenção plena (ALVARENGA et al., 2015).
Veja a seguir, alguns princípios do mindful eating:
Indivíduos que praticam a atenção plena não são julgadores e estão atentos ao sabor, à textura e ao ato de alimentar-se.
Não há jeito certo ou errado de comer, mas, sim, diferentes graus de consciência em torno da experiência da comida.
Os processos alimentares são únicos e guiam a atenção para comer de forma paulatina, gerando consciência de como as escolhas
alimentares podem arcar com a saúde e o bem-estar, tornando-se conhecedores da mutualidade da Terra, dos seres vivos e das práticas
culturais, bem como do impacto das escolhas alimentares nesses sistemas.
Comer com atenção plena é abundante. Não é simplesmente “comer devagar, prestando atenção ao que se come”.
O comer intuitivo (intuitive eating)
A definição para o ato do comer intuitivo foi criada por duas nutricionistas americanas, Evelyn Tribole e Elyse Resch, sendo um enfoque que instrui
os indivíduos a apresentarem uma relação saudável com a comida e a tornarem-se especialistas de seus próprios corpos. Como objetivo, pretende
esclarecer aos indivíduos a confiança na aptidão de distinguir as sensações físicas das emocionais e, dessa forma, fortalecer a “sabedoria corporal”
que atenda a suas demandas.
Atenção!
Tal abordagem não estimula o uso de dietas para uma mudança de comportamento. Propõe que os indivíduos mantenham uma consonância entre
a comida, a mente e o corpo.
Em razão da correria diária, alguns sinais costumam ser desconsiderados, como os de fome e de saciedade. Quando se usa a intuição, almeja-se o
aprendizado imediato e claro, sem recorrer ao raciocínio. O ato de comer intuitivo procura esclarecer os sinais físicos de fome e saciedade, assim
como auxiliar na identificação das consequências ao compreender nosso corpo, além de reconhecer a importância do autoconhecimento na
mudança do comportamento alimentar.
Princípio 1 
Princípio 2 
Princípio 3 
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Existem três pilares no qual o comer intuitivo se baseia:
São 10 princípios que abrangem o ato do comer intuitivo (ALVARENGA et al., 2015), a saber:
Ao longo da vida, somos ensinados a comer de acordo com as “regras” alimentares de quantidade, qualidade e horários, e vamos nos distanciando
de nossa capacidade interna de atender aos sinais de fome e saciedade. Portanto, o trabalho do nutricionista é ensinar os adultos a resgatar ou até
mesmo aprender a identificar a fome biológica e fazer suas escolhas alimentares sem culpa, respeitando a fome, a vontade, a saciedade e
valorizando o prazer de comer (ALVARENGA et al., 2015).
Entrevista motivacional (EM)
A entrevista motivacional (EM) é uma técnica de aconselhamento em saúde. Tem como principal objetivo trazer à tona as motivações intrínsecas do
paciente para mudar determinado comportamento por meio do diálogo entre profissional e paciente. 
A EM foi descrita em 1983, com o intuito de ajudar dependentes de álcool a aumentar a motivação para o tratamento. A aplicabilidade da técnica foi
ampliada para outras questões de saúde, como:
adesão às orientações alimentares;
consumo e frequência de determinados alimentos;
mudanças de parâmetros bioquímicos;
promoção de atividade física;
tratamento de transtornos alimentares.
As alterações corporais (ganho ou perda de peso), apesar de não serem consideradas comportamentos, aparecem como resultado de mudanças.
Para falar sobre EM, é necessário entender a motivação. A motivação é fundamental para compreender o comportamento humano e também o que
faz com que alguém aja de determinada forma, sendo esse um processo individual. Ela é uma ânsia, um sentimento que faz com que as pessoas
ajam para atingirseus objetivos e propósitos.
Ter permissão incondicional para comer.
Comer para atender às necessidades �siológicas, e não emocionais.
Apoiar-se nos sinais internos de fome e saciedade, para determinar o que, quanto e quando comer.
01
Rejeitar a mentalidade de
dieta.
02
Honrar a fome.
03
Fazer as pazes com a comida.
04
Desafiar o policial alimentar.
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Cada pessoa tem a habilidade de motivar-se ou desmotivar-se; ninguém é capaz de motivar o outro.
Existem duas formas de motivação:
É definida como a “força interior”, podendo mudar no decorrer da vida e sofrer influências internas e externas. Acontece ao aprender, explorar
ou tentar entender algo novo, bem como ao tentar realizar um trabalho ou com a instigação de criar algo ou superar-se.
É gerada pelo ambiente. Pode tornar-se mais autônoma ou autodeterminada quanto mais internalizada e assimilada for.
Veja a seguir, exemplos de motivação extrínseca nas diferentes formas de regulação (ALVARENGA et al., 2015):
Intrínseca 
Extrínseca 
Regulação externa
Comer de determinada maneira, para não levar bronca do terapeuta nutricional ou de outro alguém (pai, mãe etc.), ou porque vai
ganhar algum prêmio, se assim o fizer.
Regulação introjetada
Comer de determinada maneira apenas para evitar sentimento de culpa, ou comer para melhorar a autoestima, aumentar o ego, sentir-
se orgulhoso e outros sentimentos de valor.
Regulação identi�cada
C l li t dit f b à úd ã d t h d ã
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Ter proficiência na técnica de entrevista motivacional é um processo contínuo e de longo prazo. O espírito da EM refere-se aos conceitos que
norteiam a técnica e que embasam todas as habilidades e estratégias. O estilo no qual o entrevistador conduz a conversa é essencial no processo
de mudança e, para isso, devem-se conhecer os elementos-chave a ser considerados desde o primeiro contato com o paciente. Veja a seguir:
Comer algum alimento apenas por acreditar que faz bem à saúde, mesmo que não desperte nenhum prazer — por recomendação
nutricional, por exemplo.
Regulação integrada
Aceitar a inclusão de determinado alimento, agregando valores culturais, memória, sabor, satisfação, vontade de comê-lo, e não
somente seu valor nutricional ou calórico.
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Reconhecer e aceitar que o paciente tem autonomia sobre sua própria saúde. Cada um faz suas próprias escolhas na sua vida. O
nutricionista pode informar, orientar, advertir. Reconhecer que o paciente tem liberdade para fazer suas escolhas é o que torna a mudança
possível, por mais contraditório que pareça.
Deixar seus julgamentos de lado e colocar-se no lugar do outro para entender sua situação.
Buscar a parceria entre profissional e paciente, entendendo que os dois têm conhecimentos. O nutricionista deve fazer com que o paciente
tenha papel ativo.
Escutar com empatia é o meio mais utilizado para entender as motivações do paciente.
Além do desenvolvimento do estilo do entrevistador, é importante que se saibam os passos, as habilidades para conduzir a mudança. Devem-se
incentivar as motivações do paciente. A motivação para a realização de qualquer mudança se dá pela consciência e depende do momento de vida
da pessoa (desejo, confiança e prontidão para mudar).
De acordo com Alvarenga (2015), as etapas da entrevista motivacional devem ser:
Respeito 
Empatia 
Colaboração 
Capacidade de escutar 
Inicie a conversa
Qual o motivo da procura profissional? Seja sutil.
Negocie a agenda
Organize o planejamento terapêutico. Quais serão as metas? Defina junto com o paciente o que será trabalhado em cada encontro,
com uma organização em ordem cronológica das metas a serem trabalhadas.
Construa e fortaleça a motivação
Busque as razões e os argumentos para a mudança de determinado comportamento. É um momento colaborativo entre profissional e
paciente, porém focado. É o momento também de trazer à tona os motivos intrínsecos da pessoa para a mudança. O fortalecimento
d i t i ifi d l t h l ti lt i f l t d
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do paciente significa dar voz a ele, para que tenha papel ativo na consulta, para que consiga falar e ser escutado, e para que sua
alimentação seja discutida.
Evite o re�exo de consertar as coisas, que é muito comum em pro�ssionais da saúde
Trabalhe a escuta. O paciente é resistente à persuasão. Comportamento “errado”, não “ideal”. O papel do nutricionista não é o de
consertar as coisas! As pessoas sabem o que comer. O papel do nutricionista é reconhecer e aceitar os indivíduos como eles se
apresentam – status quo: o jeito em que ele se encontra no momento.
Explore a ambivalência Coexistência de dois sentimentos, ideias opostas ou contraditórias entre si
Existe o lado pró-mudança e o lado contra a mudança. O paciente fica paralisado ante a ambivalência. O nutricionista pode trazer à
tona a motivação intrínseca e ser “imparcial” na escolha dos lados. A comida parece um problema para você, pois você acredita que
come muito.
O que o faz pensar que come muito? A exploração da ambivalência sempre começa com uma reflexão, ou seja, devolve para a pessoa
alguns pontos do que ela disse e que o nutricionista considera importante aprofundar. Inicie a conversa sobre determinado tema, para
assim emergirem soluções, problemas, angústias, facilitadores e pontos a serem mais profundamente discutidos. Tenha empatia.
Explore a prontidão para a mudança
O paciente está realmente pronto para a mudança proposta por você? Estabeleça uma escala de 0 a 10, assim o paciente consegue
identificar melhor o quanto está pronto, mas, independentemente do grau de prontidão, é importante o nutricionista explorá-lo. Prós e
contras podem ajudar.
Compartilhe informações
No decorrer da consulta, pode surgir a necessidade do paciente de informações sobre as metas que estão sendo trabalhadas. O
entrevistador pode compartilhar informações a serem dadas a partir de falas do próprio paciente. Dados importantes, situações
passadas. Faça de maneira efetiva e respeitosa: “Você se importa se eu compartilhar com você alguns fatos?”; “Posso compartilhar
com você essas informações?”; “Tudo bem para você se eu lhe falar o que sabemos desse assunto?”; “As pesquisas/estudos
sugerem/demonstram…”; “Outras pessoas/pacientes/clientes tiveram benefícios com…”; “O que nós sabemos é que…”; “O que
geralmente recomendamos é…”; “Alguns pacientes na sua situação…”.
Planeje o próximo passo
Explore metas, planeje com será feita a mudança. Conduza o paciente, de maneira a tornar a mudança viável.
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A EM trabalha a mudança de comportamento, sendo uma condução norteadora da conversa do nutricionista com o paciente e contribuindo para o
trabalho de aconselhamento nutricional, em detrimento da forma prescritiva de atendimento nutricional. São importantes o vínculo e o contrato com
o paciente. Isso ensina o nutricionista a ter foco no modo, em vez de simplesmente no motivo, sendo uma técnica de auxílio.
Modelo transteórico de mudança
A Terapia Transteórica é uma prática integrada e compreensiva, que nos auxilia na técnica da EM, a partir da identificação dos estágios em que o
paciente se encontra. A seguir, são listadas as seis fases da Terapia Transteórica:
O indivíduo não pretende mudar em um futuro próximo. A resistência em aceitar ou em alterar um comportamento é a marca da pré-
contemplação. O indivíduo não aceita a necessidade de mudança, ainda que os demais advirtam-no ou pressionem-no à mudança. Exemplo:
“Seria bom reduzir a quantidade de biscoito recheadoque você come todos os dias…”; “Deixa comigo, eu sei o que estou fazendo. Eu diminuo
quando eu quiser.”.
À medida que começa a aceitar que tem um problema e a considerar a necessidade de enfrentá-lo, mas sem chegar realmente a executar a
mudança. Contemplação é saber para onde você quer ir, mas ainda sem estar preparado para o destino. Na prática diária, são inúmeras as
situações em que a passagem da intenção ao ato pode demorar meses, anos, ou mesmo nunca se concretizar.
Quando se verifica alguma tentativa de mudança, mas ela não chega a ser bem-sucedida ou a manter-se. Por exemplo, a situação da dieta,
que é retomada toda segunda-feira, mas abandonada ao longo da semana.
Desenvolvimento de situações em que o indivíduo é apto para a tomada de decisões e realmente modifica os comportamentos, as atitudes
ou os padrões relacionais. Do ponto de vista prático, deve ocorrer uma mudança bem-sucedida, com a realização de um objetivo e a
evidência de que houve um esforço real para isso nos últimos seis meses.
Finalize a conversa
Faça um resumo da consulta, reforçando os pontos principais e as metas definidas para a próxima consulta. Discurso de apreciação e
confiança no paciente. Algumas vezes, pode-se ter a sensação de que algo não está bem no atendimento profissional, seja por falta
de motivação do paciente, por falta de interesse do profissional ou por falta de empatia e conexão entre as partes.
Pré-contemplação 
Contemplação 
Preparação 
Ação 
Manutenção 
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Persistência das mudanças ao longo de um período (geralmente, acima de seis meses), em que se pode verificar um esforço para impedir
recaídas e consolidar os ganhos obtidos. Há um esforço para não regressar aos padrões comportamentais anteriores. Esse estágio é visto
como um processo ativo de mudança.
Quando os arquétipos de conduta resultantes da mudança encontram-se estáveis, por não se ter motivo de recaída ou de retrocesso. São os
tradicionais casos de “cura”.
Ainda que se espere a progressão do estágio da pré-contemplação até o término, a prática mostra que o avanço não é necessariamente linear, já
que inúmeros regressos podem ocorrer. Ademais, é improvável o acompanhamento do indivíduo até o estágio de término de um processo de
mudança. Por isso, é importante ter atenção às habilidades proporcionadas pela EM, com o propósito de melhorar o prognóstico e a adesão ao
tratamento pelo paciente.
Término 
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O Modelo Transteórico vem sendo amplamente empregado na investigação de diversos tipos de comportamentos relacionados com a saúde:
consumo de álcool, uso de drogas psicotrópicas, consumo de gorduras e fibras, perda de peso, além da prática de atividade física.
Considerando o modelo dos estágios de mudança de comportamento, quais das alternativas a seguir descrevem melhor cada um dos
estágios?
I - Primeiro estágio: pré-contemplação, em que o indivíduo não apresenta a intenção de modificar o comportamento, não tendo a consciência de
seus comportamentos inadequados.
II- Segundo estágio: contemplação, em que ocorre a identificação do problema de comportamento e o indivíduo começa a considerar a
possibilidade de mudança, sem começar, no entanto, a agir nesse sentido. Nesse momento, ele avalia as barreiras e os benefícios da mudança.
III - Terceiro estágio: preparação, em que são desenvolvidos os planos específicos de ação e experimentadas pequenas mudanças de
comportamento.
IV - Quarto estágio: ação, em que os planos de mudança são concretizados.
V - Quinto estágio: manutenção, em que as pessoas trabalham para consolidar a mudança, prevenindo recaídas. Elas só estarão no estágio de
manutenção quando alterarem o comportamento por um período de tempo maior do que 30 dias.
É correto apenas o que se afirma em:
Parabéns! A alternativa D está correta.
De acordo com o Modelo Transteórico, na pré-contemplação, o indivíduo não pretende mudar em um futuro próximo. Na contemplação, ele
admite que tem um problema e começa a considerar a necessidade de enfrentá-lo, mas sem chegar realmente a fazê-lo. No estágio da
preparação, há tentativa de mudança, mas ela não chega a ser bem-sucedida ou a persistir. No estágio de ação, é possível a tomada de
A I, II e III.
B I, III e V.
C II, IV e V.
D I, II, III e IV.
E II, III, V.
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decisões e houve a modificação dos comportamentos nos últimos seis meses. O estágio de manutenção indica a persistência das mudanças
há mais de seis meses, com esforço para impedir recaídas.
Questão 2
Sobre a entrevista motivacional (EM), assinale V (verdadeira) ou F (falsa) nas afirmativas a seguir.
(     ) O objetivo principal consiste no auxílio a mudanças comportamentais e na resolução da ambivalência.
(     ) A técnica é breve e pode ser realizada em uma única entrevista ou em um processo terapêutico.
(     ) As estratégias utilizadas são menos persuasivas do que coercitivas e menos argumentativas.
A sequência correta é:
Parabéns! A alternativa B está correta.
A EM tem como objetivo principal auxiliar o indivíduo nos processos de mudanças comportamentais, eliciando a resolução da ambivalência
para mudanças de comportamento. É uma técnica relativamente simples e com custo baixo, transparente, baseada em princípios cognitivos
como entendimento dos problemas e das reações emocionais a eles, estabelecimento de alternativas para modificação em padrões de
pensamentos e implementação de soluções.
Considerações �nais
Como vimos, conhecer os aspectos que influenciam no comportamento alimentar, assim como o contexto em que o paciente se insere, é
fundamental e eixo norteador para todo e qualquer atendimento em nutrição e definição de conduta. Entender como a formação do comportamento
pode influenciar na alimentação e nas escolhas alimentares é determinante para o sucesso no acompanhamento em nutrição.
A abordagem comportamental da nutrição abre diversas possibilidades no que concerne a auxiliar o paciente em seu processo de mudança, de
maneira mais humanizada e em congruência com os aspectos biológico, social, cultural, ambiental e econômico. Foi possível inferir que, para lidar
com o comportamento humano, não existem regras, mas, sim, técnicas que podem nortear e auxiliar a condução do atendimento ao paciente.
A F – F – V
B V – V – F
C F – V – F
D V – F – V
E F – V – V
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Podcast
Agora, a especialista Amanda Lo Bianco finaliza falando sobre as três intervenções utilizadas pelo nutricionista para modificar e formar o
comportamento alimentar.

Referências
ALVARENGA, M. et al. Nutrição comportamental. 1. ed. Barueri, SP: Manole, 2015.
BAYS, J. C. Mindful eating: a guide to discovering a healthy and joyful relationship with food. Boston/Londres: Shambala, 2009.
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frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no
Distrito Federal em 2018. Brasília, DF, 2019.
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Para saber mais sobre os assuntos explorados neste conteúdo:
Pesquise o vídeo de Sandra Aamodt, Por que fazer dieta normalmente não funciona, no YouTube, e entenda um pouco mais sobre a importância
de uma abordagem diferenciada.
Pesquise na internet o site do Instituto de Nutrição Comportamental, que reúne as idealizadoras da abordagem e traz atualizações sobre o tema.
Pesquise também o site do Centro Brasileiro de Mindful Eating, com ferramentas gratuitas para que você as conheça e as utilize em sua prática.

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