Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 1 Ponto de PARTIDA Certamente, você, ao longo de sua trajetória, assistiu a variados filmes e a variados documentários. Mas, já assistiu ao documentário “Falcão, meninos do tráfico”? já ouviu falar de M.V. Bill? Já escutou algum rap produzido por ele? Ou sabe que, além de rapper, ele é ativista, ator, documentarista, escritor? LP Leitura e Interpretação Sequência Didática do Aluno Ensino Médio A intenção discursiva em documentários Campo jornalístico-midiático 2 Atividade 1 CONCEITO DE DOCUMENTÁRIO: " Documentário é um gênero do cinema que tem como objeti- vo a apresentação de uma visão da realidade por meio da tela. Para isso, esse gênero utiliza-se de arquivos históricos, imagens, entrevistas com pessoas envolvidas e outros recursos, permitindo que ele seja construído ao longo do processo de sua produção e somente seja finalizado com a edição. ´´ https://www.portugues.com.br/redacao/documentario.html. Acessado em: 06 de março de 2019 CONCEITO DE ROTEIRO DE VÍDEO: "O Roteiro é a forma escrita de qualquer audiovisual. É uma forma literária efêmera, pois só existe durante o tempo que leva para ser convertido em um produto audiovisual. No entanto, sem material escrito não se pode dizer nada, por isso um bom roteiro não é garantia de um bom filme, mas sem um roteiro não existe um bom filme". Doc Comparato https://www.tertulianarrativa.com/o-que--roteiro. Acessado em: 06 de março de 2019 ? Você SABIA? Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 3 Texto 1 Para acessar o documentário " Fal- cão: Meninos do Tráfico", acesse o QR Code abaixo: 1. Qual o fato social é retratado e denunciado por M.V. Bill em ´´Falcão: Meninos do Tráfico´´? 2. O termo ´´Falcão´´, no contexto da favela e do crime organizado, exposto no documentário, tem que relação semântica? 3. No documentário, há uma intergenericidade: entrevista, artigo de opinião, relato, depoimento e resultado de pesquisas que se entrecruzam, formando um novo gênero. Ou seja, o documentário é um texto híbrido. A partir dessa afirmação, escolha falas dos sujeitos entrevistados e do M.V. Bill que evidenciam opinião de: a) denúncia; b) problematização; 4 c) contextualização; d) causa e consequência; e) crítica. 4. Das histórias relatadas no documentário sobre 17 protagonistas, 16 já estão mortos e um sobrevivente, preso. O que esse dado chocante revela em relação aos Direitos Humanos? 5. O ´´MV´´ de M.V. Bill significaria adotado por ele mesmo ´´mensageiro da verdade´´, com base nisso, quais problemáticas sociais estão interligadas ao discurso do documentarista em ´´Falcão: Meninos do tráfico´´? 6. Você conseguiu perceber uma estrutura de filmagem como um ´´roteiro´´ para o espectador, interlocutor, compreender a situação- problema no enredo? Como você registraria essa sequência? Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 5 Atividade 2 MÚSICA ´´O PRETO EM MOVIMENTO´´ DE M.V. BILL Não sou o movimento negro Sou o preto em movimento Todos os lamentos (Me fazem refletir) Sobre a nossa história Marcada com glórias Sentimento que eu levo no peito É de vitória Seduzido pela paixão combativa Busquei alternativa (E não posso mais fugir) Da militância sou refém Quem conhece vem Sabe que não tem vitória sem suor Se liga só, tem que ser duas vezes melhor Ou vai ficar acuado sem voz Sabe que o martelo tem mais peso pra nós Que a gente todo dia anda na mira do algoz Por amor a melanina Coloco em minha rima Versos que deram a volta por cima O passado ensina e contamina Aqueles que sonham com uma vida em liberdade De verdade Capacidade pra bater de frente E modificar o que foi pré-destinado pra gente Dignificar o que foi conquistado Mudar de estado, sair de baixo Sem esculacho é o que eu acho Não me encaixo nos padrões Que vizam meus irmãos como vilões Na condição de culpados Ovelha branca da nação Que renegou a pretidão (Na verdade é que você...) Tem o poder de mudar " RAPÁ" DE UM TEXTO AO OUTRO Texto 1 6 Então passe para o lado de cá, vem cá Outra corrente que nos une A covardia que nos pune A derrota se esconde no irmão Que não se assume Chora quando é pra sorrir Ri na hora de chorar Levanta quando é pra dormir Dorme na hora de acordar Desperta Sentindo a atmosfera, que libera dos porões E te liberta (Sarará criolo...) Muita força pra encarar qualquer bagulho Resistência sempre foi a nossa marca, meu orgulho É bom ouvir o barulho Que ensina como caminhar (Eu estou sempre na minha...) Não vou pela cabeça de ninguém Pode vir que tem Alguidar dominará em Português, Favelês ou em Ioruba, Axé Pra quem vai buscar um aqcue E deixa de ser um qualquer Já viu como é Preto por convicção acha bom submissão Não, da ré no Monza e embranquece na missão Tem que ser sangue bom com atitude Saber que a caminhada é diferente pra quem vem da negritude Que um dia isso mude Por enquanto vou rezar pro santo E que nós nos ajude Esse QR Code dá acesso ao vídeo completo da música ´´O preto em movimento´´ Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 7 Alex Pereira Barbosa, ou MV Bill, é filho de Mano Juca, bombeiro hidráulico, e de Dona Cristina, dona-de-casa. Bill é um apelido de infância, referência a ”Rato Bill” – desenho de um rato que vinha em figurinhas de chiclete durante a Copa do mundo de 82. O apelido MV aparece por volta de 1991, quando escuta Public Enemy - grupo de Nova Iorque muito politizado – e lê as biografias de Malcolm X e de Zumbi dos Palmares. A partir daí, passa a conscientizar os moradores de sua comunidade, através de conversas e do rap. ? Você SABIA? https://www.letradamusica.net/mv-bill/biografia-artista.html. Acessado em: 22 de março de 2019. 1. O rap ´´O preto em movimento´´ tem relação de interdiscurso com o documentário ´´Meninos do Tráfico´´? Justifique. 2. O título do rap evidencia a ideia central do texto? Por quê? 3. O jogo de palavras existente, no primeiro e segundo versos, pode ser considerado uma intencionalidade argumentativa? Por quê? 8 4. Com base no depoimento de M.V. Bill, responda: a) Por que os negros precisam ser duas vezes melhores? b) Você concorda com essa afirmação? Por quê? 5. A linguagem predominantemente empregada por M.V. Bill no rap é informal ou formal? Por quê? 6. O rap de ´´Preto em movimento´´ pode ser considerado um convite à militância? Por quê? Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 9 No ENEM, uma das competências que o aluno deve demons- trar domínio na produção textual é a competência II: “Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.” Para o candidato atingir o nível 5 /200 pontos, nota máxima nessa competência, deve “Desenvolver o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um repertório sociocultural produtivo e apresen- tar excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo”. Dessa forma, para ter um repertório legitimado e pertinente ao tema, é necessário um uso produtivo: • de informações que extrapolem os textos motivadores; • legitimação dos argumentos pelas várias áreas do conhecimento como: referências às áreas do conhecimento e/ ou seus profissionais; especialistas; autoridades; personalidades; teorias; obras como - Socio- logia/ Sociólogos, Filosofia/ Filósofos; Literatura/ escritores/ poetas/ au- tores; Educação/ educadores, Meio Ambiente/ambientalistas; Geografia/ Geógrafo ; Medicina/ médicos; Linguística/ linguistas, dentre outros.• do uso diversificado das estratégias argumentativas como: concei- tuação; exposição de fatos; citações; contextualização; alusão histórica; problematizações; intertextualidades/interdiscursividades (música, cine- ma, literatura, artes, séries, etc) comparações; perguntas retóricas; dados estatísticos; definições de teorias científicas; proposta de intervenção, dentre muitos outros. ? Você SABIA? 7. Com base no que foi dito sobre a competência 2 do ENEM, preencha o quadro a seguir, a partir das relações estabeleci- das entre o que você estudou nas atividades 1 e 2 e no seu conhecimento de mundo. 10 Cor púrpura- Alice Walker ´´Nós não somos brancos. Não somos euro- peus. Somos pretos que nem os africanos. E nós e os africanos estaremos trabalhando juntos por um objetivo comum: uma vida melhor para os negros do mundo todo. ´ Redenção de Cam- Modesto Brocos A tela A Redenção de Cam (1895), de autoria de Modesto Brocos é um retrato de família marcado pelas distintas gradações de cor da pele entre seus membros, num movi- mento clareador que vai do negro (a avó) ao branco (o neto). Ademais, o quadro é fruto de um momento pós-emancipação, marca- do pela forte adesão ao racialismo na esfera pública e da emergência de uma série de planos quanto ao destino da população de ascendência negra na ordem livre e republi- cana. Charge da cartunista Angeli- Folha de São Paulo Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 11 Fotografia documental de Ariadna Faleiro Discurso de Nelson Mandela ´´Eu lutei contra a dominação branca, e eu lutei contra a dominação negra. Eu nutri o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas vivem juntas em harmonia e com oportunidades iguais. ´´ Trecho de Lima Barreto- Cemitério dos Vivos ´´..os loucos são da proveniência mais di- versa, originando-se em geral das camadas mais pobres da nossa gente pobre. São de imigrantes italianos, portugueses e outros mais exóticos, são os negros roceiros que teimam em dormir pelos desvãos das jane- las sobre uma esteira esmolambada e uma manta sórdida; são copeiros, cocheiros, mo- ços de cavalariça, trabalhadores braçais. No meio disto, muitos com educação, mas que falta de recursos e proteção atira naquela geena social.´´ Discurso de Martin Luther King ´´Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela cor de sua pele.´´ 12 Se você tivesse uma câmera na mão e o poder de denunciar o racismo, como você faria? Atividade 3 TEXTO 1 Para acessar o audiovisual ´´Dancem, macacos, Dancem´´, posicione a câmera do seu celular no o QR Code ao lado: TEXTO 2 Para acessar o vídeo ´´Ilha das flores´´, posi- cione a câmera do seu celular no o QR Code ao lado: 1. O documentário ´´Dancem, macacos, Dancem´´ faz uma sátira à teoria científica da descendência humana. Você conse- gue identificar qual seria essa teoria? Quem a fundamenta? 2. Quando o audiovisual argumenta sobre a localização do homem no universo infinito, que ponto de vista é enfatizado com a ironia persuasiva de que somos macacos? Essa tese converge ou diverge da visão antropocêntrica? Por quê? QUEM SABE DIZ Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 13 3. Analise a relação entre a linguagem verbal e a não verbal ao longo do documentário e marque a alternativa que traz a concepção filosófica ou sociológica que evidencia o paradoxo satirizado no audiovisual ´´Dancem, macacos, Dancem´´: a) ´´O medo é o pai da moralidade. ´´ Friedrich Nietzsche b) ´´O homem é lobo do homem, em guerra de todos contra todos ´´ Thomas Hobbes c) ´´Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar.´´ Zygmunt Bauman d) ´´Tente mover o mundo- o primeiro passo será mover a si mesmo.´´Platão e) ´´O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete. ´´ Aristóteles 4. No documentário experimental ´´ Ilha das Flores´´, há um ciclo de reprodução da realidade numa versão mais subjetiva ou objetiva da argumentação? Por quê? 5. Em ´´O que coloca os seres humanos da Ilha das Flores depois dos porcos na prioridade de escolha de alimentos é o fato de não terem dinheiro nem dono´´, esse discurso fílmico documental apresenta uma dimensão argumentativa que tem como ideia central a) denunciar a exclusão social gerada pelo modelo capitalista vigente. b) retratar o consumismo e as consequências da mercantilização. c) mostrar as relações sociais intrapessoais e interpessoais no mundo. d) trazer políticas públicas de inclusão social e humanização. e) expor a trajetória do tomate desde o consumo até o descarte no lixão na Ilha. 6. Considere a conceituação de cidadão acima. Por que, segundo o documentário ´´Ilha das Flores´´, o porco seria ´´mais cidadão´ ´que os ´´catadores´´? ´´Um indivíduo que desfruta da condição de cidadão é aquele que goza dos direitos consignados pelo Estado, bem como a possibilidade de acesso a uma renda adequada, que lhe permite desfrutar de um padrão de vida comum a seus cidadãos. ´´ SANTOS, Maria Paula Gomes dos. O Estado e os problemas contemporâneos. Florianópolis.: Departamento de Ciências da Administração/ UFSC, 2012. ? Você SABIA? 14 TRECHO DO ROTEIRO DE ILHA DAS FLORES: ´´[...] A Ilha das Flores está localizada à margem esquerda do Rio Guaíba, a poucos quilômetros de Porto Alegre. Para lá é levada grande parte do lixo produzido na capital. Este lixo é depo- sitado num terreno de propriedade de criadores de porcos. Logo que o lixo é descarregado dos caminhões, os empregados separam parte dele para o consumo dos porcos. Durante este processo, começam a se formar filas de crianças e mulheres do lado de fora da cerca, à espera da sobra do lixo, que utilizam para alimentação. Como as filas são muito grandes, os empregados organizam grupos de dez pessoas que, num tempo estipula- do de cinco minutos, podem pegar o que conseguirem do lixo. Acabado o tempo, este grupo é retirado do local, dando lugar ao próximo grupo[...]´´. VÍDEO COMO FAZER ROTEIRO Para acessar o vídeo ´´ Como fazer um roteiro de documentário´´, posicione a câmera do seu celular no o QR Code ao lado: ? Você SABIA? 7. a) Para persuadir os interlocutores, os dois documentários, textos 1 e 2, utilizaram uma apropriação do discurso científi- co e até didático. O que essa estratégia pode revelar sobre a intenção discursiva dos documentaristas? b) Liste cinco exemplos de áreas de conhecimento, teorias, marcos históricos que evidenciaram o discurso científico de cada documentário? Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 15 PROPOSTA DE PRODUÇÂO A partir do que você e seus colegas trouxeram como caminhos para combater o racismo, elabore, em grupo, um roteiro para a produção de um documentário. Para elaborar o roteiro, escolha um tópico valioso, um propósito, pesquise sobre o assunto e escreva um esboço. Siga o esquema do roteiro do documentário ´´Ilha das Flores´´. Após escrever o roteiro, mãos à obra. Você pode filmar com o seu celular ou, caso seja possível, faça uma filmagem com uma câmera mais profissional. ESQUELETO DO ROTEIRO Etapas 1) Em grupo, definam o ponto de vista sobre o combate ao racismo do documentário. 2) Público-alvo e linguagem 3) Escolher fatos, músicas, trechos de obras, situações discutidas, dados estatísticos, perguntas, leis, recursos argumenta- tivos utilizados ao longo da sequência de opiniões para compor uma lista de ideias para criar a dimensão discursiva da filmografia documental. 4) Façam pesquisas sobre a formação histórica, cultural, ideológica do racismo no Brasil. ´´Já não estamos nas décadas de 1950 ou 1960, quando po- dia reinar a esperança de se ver declinar o racismo e progre- diam os movimentos pelos direitos cívicos e os processos de descoloniza- ção. Pelo contrário, a modernidade atual comporta,como ontem, este lado de sombra e o fenômeno, devastador, não só não tende a desaparecer da vida social, como encontra, nas transformações contemporâneas, recursos para ressurgir sob formas clássicas ou outras, novas ou renovadas. ´´ Sociólogo francês, Michel Wiewiorka (2010: 249). Acessado em: 06 de março de 2019. + Para saber MAIS 16 5) Definam as estratégias: • Tempo do documentário; • Cenas/ estrutura; • Falas / relatos / depoimentos- locutor universal; • Imagens (fotos ou imagens em movimento). Obs.: seguir regras de utilização de imagem; • Onde fazer a publicação; • Músicas; • Legenda. 6) Montem o roteiro escrito, seguindo uma sequência argumentativa e persuasiva, inspirando-se nos textos das atividades 1, 2 e 3. 7) Ficha técnica: registrar as fontes e as biografias de cada texto utilizado para montar o documentário. Além de expor o papel de cada integrante do grupo na construção desse gênero. Para auxiliar na sua produção, acesse o QR Code abaixo que ensina a montar um vídeo na plataforma Movie Maker. SISTEMATIZANDO Nesta SD, você assistiu a documentários, reconheceu a intenção discursiva neles e analisou as relações de interdiscur- so com rap, charges, pinturas, livros e fotografia documental. Essa trajetória foi fundamental para você aprofundar o estudo voltado à leitura e interpretação textual, com estudo da intertextualidade e interdiscursividade. Pôde também ampliar seus conhecimentos sobre o repertório cultural diversificado que deve fundamentar a sua argu- mentação na redação do ENEM. SE LIGA NO SAEB PROVA BRASIL Senhora (Fragmento) Aurélia passava agora as noites solitárias. Raras vezes aparecia Fernando, que arranjava uma desculpa qualquer para justificar sua ausência. A menina que não pensava em interrogá-lo, também não contestava esses fúteis inventos. Ao con- trário buscava afastar da conversa o tema desagradável. Conhecia a moça que Seixas retirava-lhe seu amor; mas a altivez de coração não lhe consentia queixar-se. Além de que, ela tinha sobre o amor ideias singulares, talvez inspiradas pela posi- ção especial em que se achara ao fazer-se moça. Pensava ela que não tinha nenhum direito a ser amada por Seixas; e pois toda a afeição que lhe tivesse, muita ou pouca, era graça que dele recebia. Quando se lembrava que esse amor a poupara à degradação de um casamento de conveniência, nome com que se decora o mercado matrimonial, tinha impulsos de ado- rar a Seixas, como seu Deus e redentor. Parecerá estranha essa paixão veemente, rica de heróica dedicação, que entretanto assiste calma, quase impassível, ao declínio do afeto com que lhe retribuía o homem amado, e se deixa abandonar, sem proferir um queixume, nem fazer um esforço para reter a ventura que foge. Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica, de cuja investigação nos abstemos; porque o coração, e ainda mais o da mulher que é toda ela, representa o caos do mun- do moral. Ninguém sabe que maravilhas ou que monstros vão surgir nesses limbos. (ALENCAR, José de. Capítulo VI. In: __. Senhora. São Paulo: FTD, 1993. p. 107-8.) Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A Intenção Discursiva em Documentários 17 000 IT_029816 O narrador revela uma opinião no trecho (A) “Aurélia passava agora as noites solitárias.” (ℓ. 1) (B) “...buscava afastar da conversa o tema desagradável.”(ℓ. 4-5) (C) “...tinha impulsos de adorar a Seixas, como seu Deus...” (ℓ. 12-13) (D) “...e se deixa abandonar, sem proferir um queixume,...” (ℓ. 16) (E) “Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica,...” (ℓ. 18) SE LIGA NO ENEM ENEM (2017) Uma noite em 67, de Renato Tera e Ricardo Calil. Editora Planeta, 296 páginas. Mas foi um noite, aquela noite de sábado 21 de outubro de 1967, que parou o nosso país. Parou pra ver a finalíssima do III Festival da Record, quando um jovem de 24 anos chamado Eduardo Lobo, o Edu Lobo, saiu carregado do Teatro Para- mount em São Paulo depois de ganhar o prêmio máximo do festival com Ponteio, que cantou acompanhado da charmosa e iniciante Marília Medalha. Foi naquela noite que Chico Buarque entoou sua Roda viva ao lado do MPB-4 de Magro, o arranjador. Que Caetano Veloso brilhou cantando Alegria, alegria com a plateia ao som das guitarras dos Beat Boys, que Gilberto Gil apresentou a tropicalista Domingo no parque com os Mutantes. Aquela noite que acabou virando filme, em 2010, nas mãos de Renato Terra e Ricardo Calil, agora virou livro. O livro que está sendo lançado agora é a história daquela noite, ampliada e em estado que no jargão jornalístico chamamos de maté- ria bruta. Quem viu o filme vai se deliciar com as histórias – e algumas fofocas – que cada um tem para contar, agora sem os cortes necessários que um filme exige. E quem não viu o filme tem diante de si um livro de histórias, pensando bem, de História. VILLAS, A. Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acessado em: 18 jun. 2014 (adaptado). COMPARTILHE Considerando os elementos constitutivos dos gêneros textuais circulantes na sociedade, nesse fragmento de resenha predominam A. caracterização de personalidades do contexto musical brasileiro dos anos 1960. B. questões polêmicas direcionadas à produção musical brasileira nos anos 1960. C. relatos de experiências de artistas sobre os festivais de música de 1967. D. explicação sobre o quadro cultural do Brasil durante a década de 1960. E. opinião a respeito de uma obra sobre cena musical de 1967. 18 SDName: EM.12.LP.2.12.23.A-2019
Compartilhar