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CONTRA CULTURA ESCOLAR: UM CAMINHO AO ENSINO DE 
SOCIOLOGIA ÀS CLASSES TRABALHADORAS. Leandro da Silva Boaretto. 
Sueli Guadelupe de Lima Mendonça (orientadora). UNESP/Marília. PIBID/CAPES. 
lsboaretto@gmail.com 
Eixo temático: Ciências Sociais, Filosofia e Educação Escolar. 
 
Resumo: Os alunos oriundos da classe trabalhadora buscam manifestar um jeito 
próprio de se relacionar entre si e com os demais grupos da sociedade. Com isto, 
expressam a partir de suas atitudes, a afirmação de sua própria condição social. A fim 
de reverter o resultado final da contra cultura escolar, o Grupo Pibid Ciências 
Sociais/Marilia planejou o desenvolvimento de atividade lúdico-pedagógica no intuito 
de aproximar o processo de ensino e aprendizagem à realidade sócio cultural dos alunos. 
O objetivo foi elucidar o papel do Estado e sua relação com os movimentos sociais para 
possibilitar um melhor entendimento dessas relações aos estudantes. A metodologia 
teve por fundamento os estudos de Paul Willis (1991), que através de etnografia escolar 
procurou entender as relações socioculturais dos estudantes e uma contra cultura escolar 
produzida no interior deste espaço pelo próprio confronto do dia a dia entre os 
diferentes sujeitos sociais. O conteúdo da temática que abordamos contribuiu para que 
os alunos conseguissem objetivar uma compreensão mais ampla da realidade que se faz 
presente na vida de muitas pessoas que vivem no país. De modo que, eles se 
apropriaram do conceito de divisão da sociedade em classes antagônicas, assim como, 
da relação existente entre elas e o papel do Estado nesse campo de ação histórico-
político-cultural. 
 
 
Palavras-chave: Contra cultura escolar; atividade lúdico-pedagógica; classe 
trabalhadora. 
 
Introdução 
O Grupo Pibid Ciências Sociais/Marília atua em uma escola afastada do centro da 
cidade cujos alunos apresentam disposições menos familiarizadas com o processo 
mecânico de ensino e aprendizagem. Tal fato tornou-se o desafio pedagógico para o 
grupo, que planejou o desenvolvimento de atividade lúdico-pedagógica para trabalhar o 
conceito de Estado e Movimentos Sociais. Esse planejamento pautou-se em Willis 
(1991), que compreende que a criança nasce integrada em uma história e uma cultura, 
isto é, a história e a cultura de seus antepassados, próximos e distantes ─ constitutivas 
de uma classe social ─, que se caracterizam como elementos importantes de seu 
desenvolvimento, de modo que, ao longo dessa construção estão presentes as 
experiências, os hábitos, as atitudes, os valores e a própria linguagem daqueles que 
interagem com a criança. 
A atividade projeta à produção de cartazes a expetativa de aproximar o processo 
de ensino e aprendizagem à realidade sócio cultural dos alunos, de modo a penetrar nos 
elementos culturais oferecidos por eles, sendo, neste caso, a criatividade artística, a 
organização em grupos, o senso de humor e a capacidade crítica. Assim, esperou-se 
contribuir para construção de conhecimentos e sentidos para além do senso comum, ou 
seja, o comumente aceito como fato no interior da escola ou fora dela. A atividade 
consistiu na colaboração, em grupos, para confecção de cartazes contendo 
reivindicações dos direitos sociais, entre os quais os alunos percebiam a carência do 
Estado. Nesse processo, os alunos apreenderam os conceitos e perceberam o seu sentido 
para suas vidas, pois entenderam as consequências que uma população sofre quando não 
reivindica seus direitos. A atividade estimulou os alunos a refletirem sobre os problemas 
sociais e a produzirem novos conhecimentos de modo a desenvolverem suas habilidades 
criativas para que as utilizem de outras formas senão aquelas informadas por Willis 
(1991), e contribuam para a reprodução das relações de produção, limitados por fatores 
internos e externos, ideológicos, econômicos, ou sociais de modo geral. 
Em seu livro, Willis (1991), verifica que os estudantes oriundos da classe operária 
criam, ao longo do processo de educação escolar, habilidades para praticar atos 
subversivos, cuja oposição envolve uma aparente inversão dos valores usuais mantidos 
pela autoridade, tais como ser ativo, zeloso, aplicado, ou, ter consideração, respeito e 
atenção. Eles expressam essa oposição como um estilo do seu próprio ser e revelam-se, 
quase sempre, preguiçosos, apáticos ou indiferentes. Apesar disso, essa oposição varia 
de diversas maneiras de acordo com as escolas e os sujeitos envolvidos. Todavia, assim 
como, as situações individuais podem ser distintas, diferentes estilos de ensino podem 
ser mais ou menos capazes de controlar ou suprimir essa oposição. A contra cultura 
escolar é sobretudo, a zona do informal. Sob muitos aspectos a oposição de que estamos 
tratando, pode ser entendida como um exemplo da oposição entre o formal e o informal, 
onde a escola é a zona do formal, apresenta uma estrutura clara: o edifício escolar, as 
normas escolares, a prática pedagógica, uma hierarquia de autoridade, etc. Enquanto a 
contra cultura escolar é onde as exigências invasivas do formal são negadas, sob formas 
características para além do alcance da “norma”, materializando no grupo social. 
(WILLIS, 1991, p.p. 24-37). 
 
Objetivos 
Elucidar o papel do Estado e sua relação com os movimentos sociais, a fim de 
possibilitar um melhor entendimento dessas relações aos estudantes, bem como, 
contribuir para construção de conhecimentos e sentidos, para que fossem capazes de 
refletirem a realidade social brasileira. 
 
Desenvolvimento 
Em Willis (1991), o que é apresentado como violência e indisciplina na sala de 
aula, corresponde, necessariamente, a manifestação de oposição a autoridade e rejeição 
do conformismo, cujos jovens da classe operária resgatam em sua própria práxis, onde 
criativamente desenvolvem, transformam e reproduzem aspectos da cultura mais ampla, 
“auto conduzindo-se” a certos tipos de trabalho. Esta “auto condução” é percebida pelos 
jovens como a verdadeira aprendizagem advinda da experiência, uma afirmação de sua 
identidade, apropriada como uma forma de resistência e não como uma auto danação à 
exploração do capital. Este movimento dá forma à contra cultura escolar que constitui 
espaço intermediário entre os temas operários e os indivíduos mais os grupos em seus 
contextos determinados. De modo que, isto, faz parte do processo de criação da 
identidade de classe que não é verdadeiramente reproduzida até que tenha passado de 
forma apropriada pelo indivíduo e pelo grupo, isto é, seja recriada no contexto daquilo 
que parece ser uma escolha, pois é somente quando aquilo que é dado é reformado, 
reforçado e aplicado a novos propósitos, que as pessoas vivem seu destino de classe. 
(WILLIS, 1991, p.p. 12-14). 
Assim, a atividade foi desenvolvida com a participação ativa dos estudantes, o que 
permitiu a eles observarem, como maior demanda, direitos como: saúde, educação, 
trabalho, transporte, dentre outros. Concomitantemente, foram sendo realizadas 
discussões teóricas acerca de elementos constitutivos dos movimentos sociais para que 
compreendessem o sentido da elaboração de um projeto político, bem como o princípio 
de suas ideologias. Os alunos produziram os cartazes como desejado e detiveram a 
atenção nos temas discutidos, sobretudo, Estado, desigualdades sociais, direitos sociais 
e os movimentos sociais. 
A forma como o conteúdo foi abordado possibilitou a aproximação dos estudantes 
às diferentes formas de condutas coletivas, de modo que estes conseguiram se apropriar 
do processo constitutivo das diferentes realidades socioculturais, principalmente, do 
ponto de vista dos direitos sociais numa cultura de exploração capitalista, onde os 
representantes políticos do Estado que detêm o poder, isto é, aqueles que estão no 
governo, são capazes de eximir-se do cumprimento da lei para agir em prol dos 
interesses privados de indivíduos ou companhias que expressam a classe demaior poder 
econômico, da qual eles também fazem parte ou almejam fazer. 
 
Metodologia 
A metodologia teve por fundamento os estudos de Paul Willis (1991), que através 
de etnografia escolar procurou entender as relações socioculturais dos estudantes e uma 
contra cultura escolar produzida no interior deste espaço pelo próprio confronto do dia a 
dia entre os diferentes sujeitos sociais. Este parâmetro permitiu analisar o conteúdo dos 
cartazes elaborados pelos alunos para perceber as diferentes maneiras que eles 
enxergavam os espaços onde vivem, ou, os bairros e as cidades onde moram. 
 
Considerações Finais 
Acreditamos que o conteúdo da temática que abordamos contribuiu para que os 
alunos conseguissem objetivar uma compreensão mais ampla da realidade que se faz 
presente na vida de muitas pessoas que vivem no país. Portanto, eles se apropriaram do 
conceito de divisão da sociedade em classes antagônicas, assim como, da relação 
existente entre elas e o papel do Estado nesse campo de ação histórico-político-cultural. 
Ademais, assim como na análise de Willis (1991) existe uma base objetiva para 
esses sentimentos e processos culturais subjetivos que caracterizam a cultura contra 
escolar, ou seja, processos culturais particulares que envolvem uma penetração parcial 
das condições de existência realmente determinantes da classe operária, a qual é distinta 
das versões oficiais da realidade que são oferecidas através da escola e das várias 
agências estatais, que, por sua vez, promove a sua própria condição de classe, uma vez 
que, essas penetrações são limitadas e distorcidas pelos processos ideológicos, 
econômicos e sociais de modo geral, sobretudo, os que se produzem na escola, 
causando com isto a reprodução das relações de produção. A atividade também partiu de 
uma reflexão de base objetiva caracterizada pelo comportamento dos alunos que se 
demonstrou semelhante a afirmação da cultura contra escolar descrita pelo autor e busca 
mediar a transmissão do conhecimento considerando as aparentes diversidades pessoais 
ou de cada grupo, apresentadas no decorrer da atividade para que assim, do ponto de 
vista político, não ocorra a reprodução das relações de produção. (WILLIS, 1991, p.p. 
13-14). 
 
 
Referência 
WILLIS, Paul. Aprendendo a ser trabalhador: escola, resistência e reprodução social. Porto 
Alegre: Artes Médicas,1991.

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