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Produtividade na obra APRESENTAÇÃO A produtividade na obra tem impacto direto nos custos, prazos e qualidade final. Por isso, é importante saber as características que impactam na produtividade final do empreendimento. A possibilidade de medi-la e reconhecer os erros que diminuem a eficiência da obra são qualidades essenciais aos gestores. Toda obra passa por diversos obstáculos, mas o modo como os responsáveis pelo projeto lidam com esses obstáculos pode mudar totalmente o andamento do trabalho. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar os aspectos internos da obra, controlados pelo gestor, e os externos, não controlados. Além disso, aprenderá a quantificar e dimensionar os indicadores de produtividade de mão de obra e gastos de materiais e verá ainda como evitar os erros mais comuns na administração de um canteiro de obras por meio da gestão de riscos, ferramenta muito importante a fim de que o gestor da obra consiga prever os obstáculos que enfrentará durante seu projeto. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os aspectos internos e externos que impactam na produtividade.• Dimensionar a produtividade e seus indicadores.• Identificar os principais obstáculos e erros na gestão de obras.• DESAFIO O dimensionamento das equipes de trabalho em obra é essencial a fim de que o trabalho seja otimizado. Assim, evitam-se gastos extras por superdimensionamento de equipes ou sobrecarga de trabalho e atrasos por subdimensionamento das mesmas. Para isso, devem ser utilizados os indicadores de produtividade em sua obra. Dentro dessas premissas, dimensione as equipes de montagem de formas, concretagem e revestimento cerâmico. Pela sua experiência, você divide o tempo em 2 dias para o trabalho de fôrmas, 10 para a concretagem dos elementos e 3 para a execução do revestimento cerâmico. Quantos homens serão necessários em cada equipe a fim de que a execução do serviço ocorra no prazo determinado? Use o quadro com o objetivo de ver as RUPs ligadas a cada elemento da sua obra e ajudar na sua resposta. INFOGRÁFICO Erros são comuns na gestão de obras. Uma boa dica para evitá-los é realizar a listagem dos riscos aos quais a obra pode estar submetida. Neste Infográfico, veja exemplo de passo a passo das categorias de riscos. CONTEÚDO DO LIVRO A produtividade na obra é muito importante. Torna-se essencial conhecer os aspectos que afetam a produtividade, fatores internos e externos, além de saber como medir a produtividade e, assim, fazer projeções sobre ela e sua gestão. No capítulo Produtividade na obra, do livro Gestão de obras, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender os fatores que impactam na produtividade na obra, como medi-la com os indicadores de produtividade e fazer previsões a partir disso, quais são os erros mais comuns na gestão de obras e como utilizar a gestão de riscos a fim de lidar melhor com os obstáculos enfrentados durante a obra. GESTÃO DE OBRAS Júlia Hein Mazutti Produtividade da obra Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer os aspectos internos e externos que impactam na produtividade. � Dimensionar a produtividade e seus indicadores. � Identificar os principais obstáculos e erros na gestão de obras. Introdução A produtividade tem impacto direto nos custos, prazos e qualidade final da obra. Por isso, é importante conhecer os fatores que influenciam a produtividade final do empreendimento. Medir a produtividade e reco- nhecer os erros que diminuem a eficiência do trabalho são qualidades essenciais aos gestores de obras. Toda obra enfrenta diversos obstáculos, mas a maneira como os responsáveis pelo projeto lidam com eles pode mudar totalmente seu andamento. Neste capítulo, você vai conhecer aspectos essenciais para melhorar a produtividade de obras; vai entender quais são os fatores internos e externos que impactam a eficiência dos projetos e vai dimensionar a produtividade com indicadores como a razão unitária de produção (RUP) e o consumo unitário de materiais (CUM) ou ainda consumo diário de materiais. Por fim, vai identificar os erros mais comuns no gerenciamento de obras e como eles podem ser evitados com a listagem e o gerencia- mento dos riscos. Aspectos que impactam na produtividade Você já se perguntou o que é produtividade? E produtividade de uma obra? Souza, Morasco e Ribeiro (2017) destacam, no Manual Básico de Indicadores de Produtividade na Construção, que produtividade é a eficiência em trans- formar recursos em produtos, tendo-se uma melhor produtividade sempre que se demanda menos esforço para obter um determinado resultado, conforme Figura 1. Diferente do que muitos pensam, porém, a produtividade não se relaciona somente com a diminuição de custos ou aumento da velocidade de produção. Ela está relacionada com a minimização do uso dos recursos, como materiais, mão de obra e equipamentos, para diminuir os custos de produção, aumentar sua velocidade e também para gerar melhores condições de trabalho ao trabalhador. Figura 1. Definição de produtividade. Fonte: Souza, Morasco e Ribeiro (2017, p. 19). Na construção civil, a produtividade está na utilização dos recursos da obra, do canteiro e da gestão, para desenvolver estratégias que facilitem o transporte, que utilizem melhor o espaço físico, que tornem o espaço mais agradável e que otimizem ao máximo a eficiência da construção. Para alcançar uma boa produtividade, deve-se pensar num plano de trabalho e num planejamento eficiente, traçando objetivos estratégicos considerando desafios, gargalos, etapas a serem terceirizadas, fornecedores, custos, prazos e tipo mão de obra. Em seguida, realiza-se o plano de ação, ou seja, indicam-se as medidas para alcançar os objetivos, no trabalho real. No plano de ação, planeja-se detalha- damente como a obra vai realmente ser levada ao canteiro. Os fatores que influenciam a produtividade da obra são comumente se- parados em externos e internos. Fatores externos são aqueles que não podem Produtividade da obra2 ser controlados pelos gestores. Fatores internos são aqueles que podem ser influenciados. Cada obra possui seus fatores internos e externos e a inten- sidade de cada um e as relações entre eles devem sem analisadas para cada empreendimento. Embora os fatores externos não possam ser controlados, é importante conhecê-los para saber lidar com eles, caso venham a influenciar na obra. Alguns fatores externos são: � políticas do governo e burocracias; � tributações e suas possíveis oscilações; � segurança social; � infraestrutura; � inflação; � grau de instrução (influência nos custos com mão de obra); � grupos de pressão (como grupos ambientais ou sindicalistas); � clima; � doenças. Alguns fatores não podem ser alterados e devem somente ser aceitos, como políticas fiscais, desenvolvimento de leis e intempéries, entre outros. No entanto, se os gestores não podem, por exemplo, evitar que chova, podem adaptar o planejamento para dias de chuva, reservando para eles atividades que podem ser desenvolvidas nessa situação. Se algum trabalhador fica doente ou se o transporte coletivo entrou em greve, deve-se tentar resolver o problema da maneira mais simples e eficiente possível. Assim, pensar nas possibilidades antes do evento ocorrer pode economizar muito tempo e dinheiro. Além disso, em qualquer caso, é de extrema importância manter uma comunicação ativa entre as partes envolvidas, avisando a todos influenciados sobre a ocorrência de qualquer um dos fatores e colhendo suas opiniões. Os fatores internos, que podem ser controlados pelos gestores, são tam- bém considerados alavancas da produtividade quando bem administrados. O sucesso ou fracasso vinculados a esses fatores dependem de como a obra é administrada. Por isso, é muito importante reconhecê-los e saber como lidarcom cada um. Barreiros et al. (2014) descrevem, em seu trabalho de estudo sobre a produtividade na construção civil, com enfoque no Brasil, alguns dos fatores internos mais importantes que alavancam ou prejudicam a produtividade da obra, conforme vemos no Quadro 1. 3Produtividade da obra Fonte: Adaptado de Barreiros et al. (2014). Fatores internos Descrição resumida e exemplos de elementos envolvidos 1. Planejamento da execução de empreendimentos � Planejamento da necessidade de recursos e materiais em diferentes horizontes de planejamento (curto, médio e longo prazo). � Processos estruturados de atualização do planejamento conforme a execução. � Escritório integrado de gestão de projetos (PMO — Project Management Office). � Aplicação de softwares tipo BIM (Building Information Model). 2. Adoção de métodos de gestão � Lean Construction — construção baseada no paradigma de redução de desperdícios, que ficou conhecido como método Toyota de produção. � Melhor sincronização do empreendimento e melhoria do fluxo de materiais, visando a eliminação das atividades que não agregam valor. 3. Equipamentos � Modernização de equipamentos (graus flexíveis, elevadores mais rápidos, etc.). � Maior taxa de utilização de equipamentos. 4. Materiais � Adoção de novos materiais mais eficientes (concreto autocurativo, cimento magnesiano, etc.). 5. Métodos construtivos � Aplicação de métodos construtivos mais eficientes (vigas pré-moldadas, alvenaria estrutural, estruturas metálicas, etc.). 6. Melhorias de projeto � Foco na melhoria dos projetos e sua adequação para a execução. 7. Qualificação da mão de obra � Ações para aprimorar o recrutamento. � Ações para aumentar a qualificação atual (treinamento, motivação, etc.). � Plano para retenção de profissionais. Quadro 1. Fatores internos que impactam a produtividade Outros fatores internos que se podem citar são: segurança do trabalho, liderança proativa, redução de desperdícios, inovação e tecnologia, retrabalho, layout do canteiro, entre muitos outros. O domínio dos fatores internos garante probabilidade muito grande de a obra ser um sucesso. Produtividade da obra4 Os fatores que impactam na produtividade são responsáveis pela eficiência da obra. Problemas e imprevistos são muito comuns na construção civil e um bom gestor deve estar preparado para lidar com qualquer um deles. Uma boa dica é, antes de iniciar a atividade, listar os principais fatores de influência e as medidas que podem ser tomadas em cada caso. Indicadores de produtividade A disponibilização dos recursos certos, na hora e no lugar adequado, propor- ciona a criação de um ambiente mais organizado e, assim, com menor custo e maior segurança, conforme Souza, Morasco e Ribeiro (2017). Mas como saber a duração dos recursos baseado no consumo durante a obra? A resposta está nos indicadores de produtividade. Um indicador de produtividade (IP) nada mais é que a razão da quantidade de recursos necessários pela quantidade de produtos realizados, conforme a equação a seguir. Pode-se falar de produtividade quanto ao uso da mão de obra ou quanto ao uso dos materiais. Para o caso da mão de obra, adota-se o RUP, ou razão unitária de produção. Este indicador mostra o tempo total trabalhado por um homem para realizar determinado serviço. A equação a seguir apresenta os componentes do RUP. Onde: Hh = homens-hora; QS = quantidade de serviço realizado. Quanto maior o RUP, pior a produtividade, pois necessitam-se mais homens- -hora para realizar determinado serviço. A RUP potencial, conforme Souza, Morasco e Ribeiro (2017), indica uma execução do serviço sem problemas ou interrupções, ou seja, é a produtividade ideal que todo gestor gostaria de ter. Com a RUP pode-se medir o tamanho das equipes com base na quantidade de serviço a realizar, o que é de grande utilidade ao planejamento da obra. 5Produtividade da obra Digamos que o primeiro andar de um prédio de 1.000 m2 tenha sido construído em 15 dias, por 20 trabalhadores com jornada de 8 horas por dia. A RUP neste caso será de: 15 ∙ 20 ∙ 8 ÷ 1.000, chegando a 2,4 Hh/m2. Considerando que RUP seja mantida para o próximo andar, mas somente 15 trabalhadores executarem a obra, pode-se estimar que o andar será concluído em: 2,4 ∙ 1.000 ÷ 15 ∙ 8 = 20 dias Não existe uma RUP única para cada trabalho e o indicador deve ser medido em cada obra. As variações se devem ao tipo de tecnologia empregada, modo de execução, nível de instrução dos trabalhadores, entre outros. Para ter uma ideia, Souza, Morasco e Ribeiro (2017) mostra que a RUP para execução de concretagens pode variar, por exemplo, de 1,13 Hh/m3 a 25,21Hh/m3. O fator varia dependendo se a concretagem é realizada para lajes nervuradas, com uso de bomba, com uso de elevador, para áreas maiores ou menores de 20 m2 e para seção maior ou menor de 0,25 m2. Outro indicador muito utilizado na construção civil é o consumo unitário de materiais (CUM). Esse indicador mostra a razão entre a quantidade de materiais adquiridos e a quantidade de serviço realizado, conforme a equação a seguir. Quanto menor o CUM, maior a produtividade. Onde: Qmat = quantidade de material; Qserviço = quantidade de serviço. Deve-se executar a camada asfáltica de uma rodovia, onde 1.000 m3 de material estão dimensionados em projeto. Devido a perdas de material, utiliza-se ao todo 1.200 m3. O CUM para este caso é 1.200 ÷ 1.000 = 1,2 m3 de material asfáltico por m3 de estrutura asfáltica. Produtividade da obra6 Observa-se que o CUM pode ser um valor abaixo da unidade, quando os materiais são reutilizados, por exemplo. Para formas utilizadas duas vezes, por exemplo, em dois andares diferentes de um mesmo prédio, o CUM será 1/2 = 0,5 formas utilizadas por andar. Neste caso, o valor calculado do CUM não indica que metade de uma fôrma foi utilizada para cada andar, mas que a fôrma foi reutilizada. Souza, Morasco e Ribeiro (2017) destacam que o CUM também pode sofrer grandes alterações dependendo da execução do trabalho e perdas por entulho, roubo ou incorporação de mais material à estrutura. Para o consumo unitário de material para fôrmas, observa-se que o CUM pode variar de 0,067 m2/m2 a 1,02 m2/m2. Para o consumo unitário de material para armação, a variação pode ser de 1,07 kg/kg a 1,144 kg/kg. O Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) disponibiliza composições para alguns indicadores de produtividade, como serviço de fôrmas, armação e concretagens. Além disso, mostra os valo- res unitários dos insumos para elaboração de orçamento, que são atualizados mensalmente. O Sinapi estabelece regras para um orçamento de referência em obras, para os casos de serviços contratados e executados pela União, sendo indicado pelo Decreto nº. 7.983/2013 e pela Lei nº. 13.303/2016. Os indicadores do Sinapi podem ser observados por estado. Veja no link disponível a seguir. https://goo.gl/NsPrrT A partir dos indicadores de produtividade, pode-se estabelecer também o ritmo de produção, que estabelece quantas partes de um serviço devem ser realizadas em um determinado período. Por exemplo, os quilômetros de uma rodovia por mês, ou a quantidade de vigas de um prédio por semana, entre outros. Para ajudar na programação do trabalho a partir disso tudo, uma boa ideia é elaborar um fluxograma do serviço. Souza, Morasco e Ribeiro (2017) propõe o fluxograma da Figura 2 para a programação da execução de estruturas de concreto armado. 7Produtividade da obra Figura 2. Fluxograma para a programação da execução de estruturas de concreto armado. Fonte: Adaptada de Souza, Morasco e Ribeiro (2017). O fluxograma define, desde as informações básicas e analíticas do processo, passando pela obtenção dos indicadores de produtividade RUP e CUM (obtidos no Sinapi), até o dimensionamento das equipes para seguir o planejamento desejado. O plano de premiação é a bonificação que as equipes ganharão pelo seu desempenhoou produtividade. Os indicadores de referência, ao final do processo, são os indicadores realmente obtidos pela obra (e não do Sinapi), que poderão se tornar uma base de dados mais realista para a situação da obra e para outros empreendimentos das empresas. Produtividade da obra8 Obstáculos e erros na gestão de obras É muito importante saber lidar com os problemas e obstáculos que podem surgir durante todo o desenvolvimento da obra, desde as fases iniciais até a entrega ao cliente. Para evitar erros de gestão, é essencial que o responsável pela obra reconheça as principais falhas já cometidas na execução de projetos e os principais obstáculos que encontrará. Com isso, torna-se possível prever como administrar os problemas encon- trados, evitando surpresas, medidas de última hora e economizando tempo e dinheiro. Veja a seguir alguns erros de gestão comuns em obras de construção civil. � Gerenciamento ineficiente de fornecedores — gerenciar a cadeia de fornecedores significa realizar uma seleção criteriosa dos fornecedores da obra e estabelecer uma boa relação com as empresas envolvidas. A falha neste quesito pode acarretar atrasos de entrega dos materiais, má qualidade e também custos mais altos. � Controle de materiais mal feito — após a chegada dos materiais, deve-se ter cuidado com a estocagem e a organização deles no canteiro. Deve-se atentar aos pedidos de materiais para que só seja comprada a quantidade que o canteiro possa estocar. A estocagem inadequada pode acarretar a perda e o desperdício de materiais, gerando prejuízo. A desorganização da sua disposição, por outro lado, dificulta o trabalho e a visualização do estoque, podendo gerar atrasos para a execução da obra, baixa produtividade e descontrole de quanto material há no estoque e quando devem-se realizar novos pedidos. A mão de obra não especializada também pode representar uma parcela importante do desperdício de materiais. O registro de fluxo, a delegação de res- ponsáveis e o acompanhamento do estoque podem ajudar a solucionar esse problema. � Equipamentos e mão de obra mal dimensionados — não adianta comprar equipamentos sem saber se suas especificações técnicas estão de acordo com a obra e com o layout do canteiro e, ainda, se os traba- lhadores serão realmente mais eficazes usando esses equipamentos. Os equipamentos devem ser escolhidos criteriosamente, conversando com profissionais que conheçam a tecnologia envolvida e possam dar suporte à utilização do equipamento. Além disso, é comum o superdimensio- namento da mão de obra para algumas tarefas, gerando prejuízos para a obra. Por outro lado, subdimensionar a mão de obra e esperar alta 9Produtividade da obra produtividade gera atrasos e descontentamentos. Esse dimensionamento deve basear-se em dados históricos de outras obras da empresa ou deve ser medida a produtividade da equipe durante a obra e adaptar as equipes. � Layout ineficiente do canteiro — o desenho do layout do canteiro pode parecer algo simples, mas é decisivo e impacta muito o rendimento. O canteiro deve ser projetado antes do início da obra, considerando todos os equipamentos, lugares de estoque, movimentações de equipamentos e pessoas, áreas de vivência e de produção, e o que mais for necessário ao canteiro. Os impactos aqui estão na segurança de trabalho, na imagem da empresa e na produtividade da obra. � Planejamento ineficaz — a realização de um planejamento teórico ideal é muitas vezes inatingível. O desconhecimento, na prática, do tempo de cada atividade pode gerar planejamentos irreais, provocar atrasos e desestimular a equipe. A equipe técnica e a equipe administrativa devem estar de acordo quanto à duração das tarefas. A atualização e a adaptação do cronograma com o andamento do trabalho é algo que deve ser realizado em todas as obras para que o gestor tenha ideia do andamento do projeto como um todo, no que diz respeito a cronograma, gastos, estoque de materiais e qualidade. � Excesso de confiança — gestores experientes podem engessar pro- cessos e perder o objetivo do projeto. A experiência é um fator muito importante na construção civil, mas os gestores devem saber se adaptar a cada projeto. � Falta de comunicação — a integração entre as áreas da empresa e entre a empresa e seus fornecedores e clientes é essencial. A falta de comu- nicação interna, dentro da empresa, dificulta a resolução de problemas e atrasa as atividades da obra. A falta de comunicação externa, com fornecedores, comunidade e com clientes, por exemplo, pode gerar falta de segurança dos envolvidos com a empresa ou a obra, criando problemas como o aumento do preço de materiais, intolerância da comunidade, desencorajamento dos clientes e colaboradores, entre outros. Além disso, manter-se em contato com clientes, comunidade, fornecedores e todas as partes envolvidas na obra, faz com que o gestor entenda melhor as práticas do mercado e o contexto de cada uma das partes. � Gestão ineficiente de pessoas — pessoas desmotivadas tem sua produ- tividade abalada e não se comprometem com o trabalho a ser realizado. A falta de gestão de pessoas, descuidando do acompanhamento da equipe, dos prazos, das opiniões dos trabalhadores, da promoção de Produtividade da obra10 cursos e de bonificações, gera improdutividade dos trabalhadores e diminui o nível de qualidade. A baixa qualidade pode gerar retrabalho, atrasos e mais descontentamentos na obra. É essencial garantir que os trabalhadores estejam motivados, treinados e que suas expectativas também estejam sendo atendidas. Os obstáculos, ou os riscos a que uma obra pode estar sujeita, podem ser identificados e avaliados. A gestão de riscos na construção civil permite premeditar as medidas necessárias para evitar, remediar ou simplesmente aceitar o risco. O risco pode ser visto como uma ameaça ou como uma opor- tunidade, pode ser negativo ou positivo para a empresa. Ele nada mais é que uma incerteza que gera um impacto no resultado, podendo ser um impacto de custo, qualidade, tempo ou escopo do projeto, por exemplo. O gerenciamento de riscos tem quatro etapas principais, conforme descritos por Mattos (2016): identificação, análise, resposta e monitoramento. A seguir, são apresentadas as quatro fases. � Identificação: ■ categorias; ■ lista de riscos. � Análise: ■ qualitativa; ■ quantitativa. � Resposta: ■ medidas corretivas; ■ medidas preventivas. � Monitoramento: ■ atualização da lista; ■ lições aprendidas. Na fase de identificação, deve-se fazer uma listagem de todos os riscos a que a obra pode estar sujeita. Essa lista ajuda o gestor a identificar riscos e obstáculos desde as fases iniciais de estudos de viabilidade e fases contratuais, até a finalização da obra. Conta muito a experiência da equipe e a comunicação com todas as partes envolvidas na obra é muito importante. Utilizar categorias para organizar os riscos ajuda muito o trabalho. Uma lista de riscos (em forma reduzida) para a fase de execução de uma obra típica é apresentada por Mattos (2016), no Quadro 2. 11Produtividade da obra Fonte: Adaptado de Mattos (2016). Categoria Risco Consequência Técnico Projeto executivo inexistente Alterações de campo, inconsistências Escopo mal definido Aumento de escopo, necessidade de prazo adicional Tecnologia complexa Retrabalho, baixa produtividade Interferências com outras empresas Paralisações, conflitos Produtividades abaixo das orçadas Necessidade de horas extras, custo adicional Baixa qualidade dos operários Alta rotatividade, baixo espírito de equipe Comercial Subempreiteiros desconhecidos Produtividade baixa, atrasos Subempreiteiros financeiramente frágeis Falência, abandono da obra Atraso no pagamento de medições Necessidade de maior capital de giro Contratos mal elaborados Pleitos de fornecedores e subcontratados Financeiro Dificuldade de obter empréstimo Necessidade de maior capital de giro Flutuação de preço de insumos Aumentodo custo da obra Variação cambial Aumento do custo da obra Gerencial Falta de processos Informalidade, ineficiência, conflitos Papéis e responsabilidades mal definidos Responsabilidades difusas ou conflitantes Ausência de indicadores Subjetividade, desempenho mal monitorado Quadro 2. Lista reduzida de riscos para uma obra típica Produtividade da obra12 A etapa de análise de riscos avalia a probabilidade de o risco ocorrer e qual seu impacto, aprofundando a noção de gravidade de cada situação. A resposta ao risco define as medidas para lidar com ele e se encaixam em quatro categorias: eliminar o risco, mitigar o risco, transferir o risco ou aceitar o risco. O monitoramento diz respeito à revisão de todas as fases anteriores durante a obra, ou seja, deve-se avaliar continuamente a listagem de riscos e seus impactos na obra. Veja mais detalhes sobre o gerenciamento de riscos acessando o link a seguir. https://goo.gl/eQk1N6 Você pode perceber que a etapa de identificação dos riscos é muito impor- tante para a equipe antecipar qualquer problema que possa ocorrer durante o projeto. A antecipação de problemas e das medidas para tratá-los evita que o gestor cometa erros por falta de experiência ou por ter que tomar decisões sob pressão. Por isso, se você for responsável por uma obra, não deixe de listar todos os riscos e obstáculos que sua obra pode enfrentar. BARREIROS, F. et al. Estudo sobre a produtividade na construção civil: desafios e tendên- cias no Brasil. 2014. Disponível em: <https://www.ey.com/Publication/vwLUAssets/ EY_Estudo_Produtividade_na_Construcao_Civil/$FILE/Estudo_Real_Estate.pdf>. Acesso em: 11 jan. 2019. MATTOS, A. D. Gerenciamento de riscos. 06 jun. 2016. Disponível em: <http://blogs.pini. com.br/posts/Engenharia-custos/gerenciamento-de-riscos-371243-1.aspx>. Acesso em: 11 jan. 2019. SOUZA, U. E. L.; MORASCO, F. G.; RIBEIRO, G. N. B. Manual básico de indicadores de pro- dutividade na construção civil. Brasília, DF: CBIC, 2017. Disponível em: <https://cbic. org.br/wp-content/uploads/2017/11/Manual_Basico_de_Indicadores_de_Produtivi- dade_na_Construcao_Civil_2017.pdf>.Acesso em: 11 jan. 2019. 13Produtividade da obra Leituras recomendadas BRASIL. Decreto nº 7.983, de 8 de abril de 2013. Estabelece regras e critérios para elabo- ração do orçamento de referência de obras e serviços de engenharia, contratados e executados com recursos dos orçamentos da União, e dá outras providências. Brasília, DF, 2013. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/ Decreto/D7983.htm>. Acesso em: 11 jan. 2019. BRASIL. Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016. Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Brasília, DF, 2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/L13303.htm>. Acesso em: 11 jan. 2019. Produtividade da obra14 Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Vídeo 360º de um canteiro de obra Faça um passeio virtual em um canteiro de obra por meio desse vídeo 360º. Aprenda sobre os aspectos que impactam na produtividade de uma obra. Use o mouse para navegar pelo vídeo. EXERCÍCIOS 1) Você é administrador da obra de uma barragem de terra em rio perto da sua cidade. Está enfrentando diversos problemas: os materiais para aterro estão chegando com atraso, os trabalhadores têm dificuldade de chegar até a obra devido à má condição das estradas públicas, os equipamentos de compactação não são suficientes ao trabalho, determinado grupo de ambientalistas está promovendo manifestações contra a obra, os prazos estão muito apertados e os funcionários não conseguem atingir certa produtividade a fim de ganhar bonificações e, pior, o mês promete muita chuva. Quais desses fatores são externos à obra? A) Equipamentos insuficientes, manifestações de ambientalistas, prazos apertados e chuvas. B) Má condição das estradas públicas, manifestações de ambientalistas e chuvas. C) Material para aterro atrasado, má condição das estradas públicas e equipamentos insuficientes. D) Má condição das estradas públicas, equipamentos insuficientes, prazos apertados e descontentamento dos trabalhadores. E) Equipamentos insuficientes, manifestações de ambientalistas, prazos apertados e descontentamento dos trabalhadores. 2) Você é gestor da obra de uma estrada que tem 40 quilômetros, sendo o projeto separado em 4 partes, cada uma com 10 quilômetros. Está sendo iniciada a execução do último trecho. Sua equipe manteve-se fixa, com 15 homens, e realizou o primeiro trecho em 45 dias úteis, o segundo em 39 dias úteis e o terceiro em 41. Os trabalhadores têm jornada de 8 horas por dia. Qual é a razão unitária de produção média da sua obra em homens.hora/quilômetro? A) 450Hh/km. B) 300Hh/km. C) 250Hh/km. D) 500Hh/km. E) 650Hh/km. 3) O consumo diário de materiais (CUM) da obra de uma ponte já na fase de revestimento asfáltico é de 1,15m3/m3. O material está acabando e ainda é necessário executar 20m3 de camada asfáltica prevista em projeto. Se fosse o gestor dessa obra, qual deveria ser a quantidade mínima de material asfáltico que você deveria pedir, baseando-se no CUM? A) 23m3. B) 20m3. C) 25m3. D) 21,15m3. E) 26,15m3. 4) Você será o gestor de uma grande obra de ampliação e melhoramento do sistema de esgoto da sua cidade. Ela ainda está na fase contratual, e os projetos não estão detalhados. Seu chefe pede sua ajuda voltada ao acompanhamento de todas essas fases. A obra envolve muitos riscos, pois gerará perturbação de vias, desconforto aos moradores, barulho, entre muitos outros fatores que você não sabe antecipadamente, pois nunca trabalhou em tal tipo de empreendimento. Por isso, decide realizar a listagem dos riscos que o empreendimento vai enfrentar a fim de diminuir a probabilidade de erros. Qual é o melhor momento para realizar essa análise de riscos? A) Antes de começar a execução da obra. B) Durante a fase de detalhamento dos projetos. C) O mais cedo possível. D) Durante a execução da obra. E) Depois de finalizar a fase contratual. 5) Você é chamado para ser consultor da obra de um parque de diversões cujo interesse é aumentar sua produtividade. Qual dessas situações representa um erro de gestão que pode ser melhorado com a finalidade de elevar a produtividade da obra? A) Atrasos no cronograma por excesso de chuvas. B) Trabalhadores afastados por um vírus que se propagou na comunidade. Menor qualidade do material da obra devido ao aumento de preços com oscilação da C) inflação. D) Interrupção da obra diversas vezes por grupos de pressão. E) Descontentamento dos trabalhadores devido à falta de bonificações por produtividade. NA PRÁTICA Existem dois tipos de indicadores de produtividade em obras: os internos, que podem ser controlados pelo gestor de obras, e os externos, que estão fora do seu controle. Veja alguns exemplos desses indicadores. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A maneira correta de precificar sua mão de obra: utilize a tabela SINAPI Entenda melhor como utilizar a tabela do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) para a precificação de mão de obra. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Gerenciamento de risco na construção civil: teoria x prática Veja a comparação entre a teoria e a prática do gerenciamento de riscos na construção civil por meio de revisão da literatura e apresentação de estudo de caso sobre o assunto neste artigo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Uso da tecnologia na construção civil pode aumentar a produtividade Observe como a utilização de melhores tecnologias pode impactar na construção civil. Encontre aqui quadro com as áreas em que a tecnologia auxilia o aumento da produtividade na obra.Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! 5W2H O plano de ação 5W2H, uma ferramenta Lean Construction fácil de implementar em qualquer setor, serve para aumentar a produtividade na obra. Veja nesta Dica do Professor o uso deste plano de ação. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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