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148 Alta Competência (1) Cunha superior (2) Pinos de cisalhamento (3) Anel de travamento (4) Elemento de vedação (5) Rosca cremalheira (6) Pinos de cisalhamento Collet (7) Cunha interior (8) Camisa interna (9) Anéis de vedação Rosca para conexão do ponto fraco Retentor de cimento (cement retainer) 2.6.8. Perfilagem de produção Operações de perfilagem consistem em transitar pelo poço sondas elétricas com diversas finalidades, para obter dados e informações de reservatório e de produção do poço. A ferramenta Production Logging Tool (PLT) pode fornecer os seguintes perfis: Perfil de fluxo contínuo (• continuous flowneter); Gradiomanômetro;• Perfil de medição de densidade do fluido (• fluid densitymeter); Capítulo 2. Completação 149 Perfil composto com caracterização de fluido (• Hidrolog); Perfil de temperatura.• a) Perfil de fluxo contínuo (continuous flowmeter) São perfis que registram continuamente a rotação de palhetas centralizadas da ferramenta. A rotação das palhetas é função da velocidade de fluxo do fluido dentro do poço, da velocidade, do sentido de movimentação do cabo elétrico (descendo ou subindo) e da viscosidade dos fluidos. O objetivo principal do perfil é determinar qual a velocidade de fluxo dos fluidos em cada seção do poço e, por diferença, determinar a contribuição de cada intervalo, já que a vazão de produção na superfície é conhecida. A forma de analisar o perfil é determinar qual a velocidade do cabo que resulte em rotação das palhetas igual a zero. Para que a velocidade relativa seja igual a zero não pode haver movimento relativo entre a ferramenta e o fluido produzido, portanto a velocidade do cabo é a própria velocidade do fluido. Como seria bastante trabalhoso (ou mesmo não operacional) ficar alterando a velocidade do cabo em cada trecho de interesse entre os canhoneados abertos, de forma a se encontrar a rotação das palhetas igual a zero, é mais simples efetuar três manobras de descida e subida, com velocidades de cabos diferentes entre cada manobra e plotá-los num gráfico em cuja abscissa está a velocidade do cabo (Vcabo) e na ordenada, a rotação das palhetas (RPS). Traçando-se uma reta pelos pontos obtidos, pode-se extrapolar e encontrar a velocidade do cabo que resulte rotação zero para cada trecho de interesse. Como é sabido que a velocidade de fluxo é igual a zero abaixo de todos os canhoneados – caso não se tenha nenhum tipo de vazamento através de tampões mecânicos assentados para isolamento de canhoneados abertos mais abaixo – e a vazão total de produção na superfície também é conhecida, é possível definir a contribuição na produção de um único fluido (geralmente, óleo) de cada intervalo. Esse procedimento também pode ser adotado para poços injetores de água, para determinar qual a parcela recebida em cada intervalo. 150 Alta Competência O perfil flowmeter corrido isoladamente, sem outras informações, somente pode informar a contribuição de cada intervalo se estivermos trabalhando com um único fluido. Caso esteja presente a produção de dois fluidos, mais um perfil é necessário para informar, além da contribuição de cada intervalo, qual a percentagem de cada fluido. b) Gradiomanômetro Esse perfil registra continuamente a densidade da mistura de fluido dentro do poço, em função da profundidade, através da medição de pressão em dois pontos distintos, afastados de dois pés. Sua resolução é de cerca de 0,01g/cm3. A diferença de pressão registrada é função da soma da coluna hidrostática com as perdas por atrito e a diferença do efeito cinético entre os dois foles de medição de pressão. Como em velocidades normais de fluxo o efeito do atrito não é muito grande e o efeito cinético nos foles é normalmente desprezível, a diferença de pressão é reflexo da própria densidade do fluido. Cuidados especiais devem ser tomados com poços direcionais, já que o ângulo de inclinação do poço em cada ponto irá afetar a diferença de pressões. Portanto, é necessário corrigir essas leituras, dividindo-se os valores do perfil pelo cosseno do ângulo de desvio do poço. Resumindo, pode-se dizer que caso o poço esteja produzindo somente dois fluidos (óleo e água, óleo e gás, ou gás e água) é possível determinar a contribuição e percentagem de cada fluido, em cada intervalo aberto para produção, correndo-se simultaneamente o perfil flowmeter e o perfil gradiomanômetro. c) Perfil de medição de densidade do fluido (Fluid density meter) Este perfil apresenta a densidade do fluido que passa por dentro da própria ferramenta (amostra de 4” por ½” de diâmetro) através de um sistema radioativo semelhante, embora não igual, ao dos perfis que medem a densidade da formação a poço aberto. A resolução do perfil, em condições normais de velocidade do cabo e constante de tempo, é melhor que 0,02g/cm3 e não precisa ser corrigido pelo desvio do poço, pois as medidas de densidade não são afetadas por isto. Capítulo 2. Completação 151 É interessante ressaltar, porém, que em fluxos multifásicos é usual que o fluido mais leve vá pelo centro do conduto, enquanto o mais pesado vá pelas paredes do poço. A ferramenta, sendo centralizada, costuma medir uma densidade menor que a real. Por outro lado, em poços direcionais com desvio muito acentuado, os centralizadores podem não conseguir impedir certa descentralização da ferramenta. Conseqüentemente, a medição da densidade fica mais afetada pelo fluido mais pesado. d) Perfil composto com caracterização do fluido (Hidrolog) Para fluxos trifásicos, o uso simultâneo do flowmeter e de medidores de densidade do fluido não é capaz de informar a contribuição e percentagem de cada fluido produzido em cada intervalo. Têm-se, agora, um número de equações inferior ao número de incógnitas. O perfil hidrolog mede a constante dielétrica do fluido que passa por dentro da própria ferramenta, indicando a percentagem de água presente na mistura. Essa indicação repousa no fato que dentre os três tipos de fluidos (gás, óleo e água) apenas este último apresenta alta constante dielétrica. Assim, o perfil é calibrado para fluxos bifásicos e fornece já os valores da percentagem de água. Semelhante ao perfil fluid density meter, esse perfil centralizado costuma medir a passagem do fluido no centro do conduto, normalmente o mais leve, ocasionando valores de percentagem de água menores ou iguais ao real. e) Perfil de temperatura O estudo de anomalias de temperatura pode fornecer diversas indicações, tais como: Que intervalos estão produzindo ou recebendo fluidos;• Localização de vazamentos;• Topo do cimento;• Altura de fraturas etc.• 152 Alta Competência O perfil de temperatura é utilizado para registrar a temperatura do fluido do poço. A ferramenta é um sistema de ponte elétrica que usa um sensor elétrico como quarto braço da ponte. Sua resolução é melhor que 0,01 oF. Pode registrar, além da temperatura absoluta, o diferencial de temperatura, a partir da comparação das temperaturas absolutas de dois pontos próximos, utilizando uma escala mais sensível. As condições do poço antes e durante a perfilagem determinam a utilidade dos dados de temperatura. As medidas são feitas durante uma injeção ou produção estabilizadas ou em intervalos regulares, após o poço ter sido fechado e o fluido de dentro do poço estar retornando ao equilíbrio geotérmico, com as formações circundantes. A ferramenta termal decay time log (TDT) é utilizada para traçar um perfil qualitativo das saturações dos fluidos existentes no reservatório. Em outras palavras, determina os contatos gás-óleo e óleo-água. O perfil é um registro contínuo do tempo de decaimento do nível termal da energia dos nêutrons emitidos contra a formação pela fonte do aparelho versus a profundidade. Os nêutrons que são capturados ao atingirem um determinado nível, emitem raios gama, que são captados e contados pelos detectores da ferramenta. Como tanto o gás quanto o óleo e a água têm uma diferenteresposta a esta ativação, consegue-se, pois, distinguir as diferentes saturações da rocha. 2.7. Procedimentos para recebimento ou partida de poços As anormalidades ocorridas nas operações de recebimento e entrega dos poços para as UEP e as oportunidades de melhoria detectadas levaram as gerências das Unidades de Produção e de Engenharia e Intervenções em Poços a elaborarem, em conjunto, procedimentos padronizados para este processo. Esses procedimentos são específicos para cada Ativo ou até mesmo cada Unidade de Produção, face à grande variedade de situações encontradas nas bacias offshore no Brasil. Assim, quando o técnico de operação for alocado em uma Unidade de Produção, será treinado no padrão, dentro do conceito de treinamento no trabalho (training on the job). Capítulo 2. Completação 153 O detalhamento de cada processo produtivo será desenvolvido em curso específico da Unidade de Produção ou do método de elevação usado no campo ou no poço. Os procedimentos de partida de poços após intervenções relativo à BCS ou gas-lift, por exemplo, serão apresentados na disciplina “Elevação e Escoamento de Petróleo”. Cumpre ressaltar a necessidade de cuidados adicionais para os poços submarinos, por serem o sistema mais complexo, pelas intervenções muito onerosas, e por haver risco de formação de hidratos na ANM e nas linhas de produção (flowlines). A entrega de poço submarino pela sonda de perfuração e completação pode se dar antes da interligação do poço com a UEP, sendo, portanto, provisória. Nesse caso, após a interligação do poço à UEP, a entrega final será feita pelo barco especial que a concluir. Quando a entrega do poço é feita com este interligado à UEP, será definitiva, sendo o contato direto entre a UEP e a sonda. Em intervenções simples com barcos especiais (pequenas alterações na ANM etc.) a entrega será feita por este. Mesmo nesses casos, é imprescindível que todas as gerências diretamente envolvidas (OP, IP, EE, E&P-SERV) participem do planejamento, execução e avaliação da intervenção. A documentação da intervenção deve receber especial atenção, pois a pasta do poço e os bancos de dados dos prestadores de serviço devem estar sempre atualizados. O bom planejamento da intervenção, inclusive envolvendo as atividades de recebimento (início da intervenção) ou de devolução (final da intervenção) é essencial para o bom relacionamento entre as partes e maior presteza na devolução do poço. Nas unidades de intervenção (sonda, barcos especiais etc.) tais cronogramas/programas devem ser diariamente detalhados, em reuniões de planejamento operacional, para as próximas 48 horas. Tal detalhamento deve ser escrito em linguagem operacional concisa e objetiva, do tipo: “Faça isso”, “Não faça aquilo”. Deve ser entregue ao gerente geral da Unidade (OIM – Offshore Installation Manager) pelo Engenheiro Fiscal da Petrobras. Portanto, executa-se aquilo que foi definido pelo coordenador de operações junto ao Engenheiro Fiscal, representante do Ativo de produção a bordo. 154 Alta Competência O programa de intervenção deve conter, no mínimo, as seguintes informações relativas ao sistema UEP-Linhas-Poço: Equipamentos do poço;• Linhas de produção e • anular; Umbilical elétrico e hidráulico para acionamento das funções e • facilidades da ANM e manifolds; Manifolds• submarinos; Controle de produção na • UEP; Procedimentos específicos do Ativo e • UEP; Características das unidades de intervenção. • ATENÇÃO Caso algumas dessas informações não estejam no programa, devem ser providas antes do início das operações. As seguintes articulações e operações serão planejadas e executadas antes da sonda de intervenção entrar no poço: Articulações prévias entre a • UEP e as gerências operacionais em terra; Articulações prévias entre sondas, barcos especiais e a • UEP; Operações prévias à chegada da sonda. • Dentre as providências prévias que a UEP deve tomar, podem ser citadas: Embarcar unidade de bombeio com técnico de operação dois • dias antes do início da limpeza de linhas; Capítulo 2. Completação 155 Verificar operacionalidade da unidade hidráulica e • disponibilidade de fluido hidráulico; Obter informações sobre o tipo de fluido contido nas • flowlines, no anular do poço e interior da coluna de produção. Se for o caso, providenciar a limpeza, lavagem ou drenagem das pressões; Verificar disponibilidade de óleo • diesel, álcool ou outro preventor de hidrato; Verificar situação dos meios de comunicação entre a • UEP e as unidades de intervenção: rádios, video-link, telefone, fax etc. Execução de operações chave na entrega/recebimento de poço: Dentre as operações importantes, muitas destas com o concurso da UEP, sonda e barco especial, podemos citar: Teste funcional das válvulas da • ANM; Flushing• (fluxo de fluido hidráulico) e identificação de linhas hidráulicas; Teste de estanqueidade de válvulas e linhas hidráulicas: deve • ser feito após a instalação de DHSV e ANM; Limpeza de • flowlines: deve ser feita, preferencialmente antes da chegada da sonda, a fim de prevenir a ocorrência de incrustações, formação de hidrato etc.; Prevenção de hidrato antes de fluir o poço: deve ser feita entre • fases da intervenção como retirada da TRT para instalação de tree cap e antes de fluir o poço para a UEP; Indução de • surgência; Teste de produção• . 156 Alta Competência 2.8. Equipes a bordo da unidade marítima de intervenção em poços Os técnicos de operação de produção devem conhecer as equipes das Unidades de Intervenção em Poços (Unidades de Perfuração Marítimas – SM, SPM, Plataformas Auto-Elevatórias, SS, NS – Unidades de Flexitubo, Unidades de Arame, Barcos de Estimulação etc.) a fim de interagirem construtivamente. Como exemplo informativo, apresentamos a seguir um excerto de Rodrigues (2001) sobre as atividades das equipes de uma Moderna Unidade de Perfuração Marítima, conhecida como equipe de Engenharia de Poço. “Para tirar melhor proveito das intervenções, é preciso entender “quem é quem” nestas unidades e compreender seus costumes, linguajar, valores, crenças e suas necessidades. O proveito será maior, quanto maior for a lucratividade, a segurança e a preservação do meio ambiente. O prazer no trabalho contribui muito para a qualidade de vida do trabalhador e de sua família. Assim, devemos reforçar os costumes e valores que contribuem para a qualidade de trabalho e de vida e eliminar aqueles que trazem má qualidade dos trabalhos e desentendimentos nas relações interpessoais. Sugerimos assim, que os técnicos de operação de produção procurem conhecer o regime de trabalho de seus companheiros das Unidades de Intervenção em Poços e tratá-los como parceiros que vieram para contribuir com a sobrevivência econômica da UEP. Naturalmente, haverá divergências que deverão ser tratadas com franqueza e companheirismo” (RODRIGUES, 2001). A equipe de Engenharia de Poço é constituída por grupos de especialistas que embarcam em determinadas fases da construção ou manutenção do poço de petróleo e desembarcam assim que terminam seus trabalhos, abrindo vagas para os especialistas da próxima fase. Tais especialistas, coordenados pelo engenheiro fiscal (company man) cuidam do acompanhamento geológico, equipamentos de cabeça de Capítulo 2. Completação 157 poço, perfuração direcional, perfilagem, revestimento, cimentação, canhoneio de revestimento, avaliação de formação, instalação de colunas de produção, instalação de equipamentos submarinos, operações com slick line, operações com coiled tubing etc. Boa parte destes técnicos trabalha em regime de sobreaviso, com altas cargas de trabalho. Essa equipe é a que se relaciona diretamente com os técnicos de operação de produção. O contato deve ser feito com o engenheiro fiscal ou alguém que tenha recebido delegação deste. É comum que os técnicos que fazem a instalação final da cabeça do poço (árvore de natal secaou molhada) recebam a delegação em certos momentos. Entretanto, em caso de dúvida, voltam a recorrer ao engenheiro fiscal. a) O trabalho dos gerentes e supervisores (superintendente, capitão, bargemaster, encarregado de perfuração, chefes de manutenção) As pressões econômicas (as taxas diárias são altas), a complexidade deste tipo de unidade de serviços, a aplicação de tecnologias de ponta, a gestão de pessoas em um ambiente confinado e de alto risco, o relacionamento com pessoas de diferentes nacionalidades, níveis de educação e culturas e a consciência de que existem pontos fracos nos sistemas físicos e humanos são alguns dos aspectos que tornam o trabalho dos gerentes e supervisores um constante desafio. O relacionamento com os representantes da contratante (company men) é citado como fator de estresse (Cooper & Sutherland,1989). Os gerentes e supervisores trabalham em regime de turno do tipo sobreaviso com jornadas sempre superiores a 12 horas. b) O trabalho do técnico de segurança (safety man) O técnico de segurança faz parte do grupo que batizamos de staff a bordo, juntamente com o enfermeiro e os rádio-operadores, uma vez que além de suas funções específicas na área da segurança industrial, também atuam como intermediários entre a gerência a bordo e os demais trabalhadores. Suas funções são avaliar e controlar os riscos a bordo, elaborar planos de prevenção de riscos e acidentes, promover treinamento e campanhas de conscientização e coordenar todos os pousos e decolagens de aeronaves. 158 Alta Competência c) O trabalho do enfermeiro (medic) O enfermeiro exerce atividades ligadas à área de saúde e atividades administrativas, no enfoque de polivalência comum nas UPMs. Como técnico da área de saúde, monitora as condições de saúde a bordo, presta primeiros socorros e outros serviços médicos, mantém registros médicos, controla o estoque de medicamentos e materiais médicos, inspeciona a higiene da embarcação, com ênfase na alimentação, e promove treinamento em primeiros socorros. Um bom enfermeiro é um pouco médico, um pouco assistente social e um pouco psicólogo, afinal representa toda a área médica na Unidade. Em algumas UPMs o enfermeiro elabora, diariamente, a lista de pessoal a bordo, participa das reuniões de segurança, controla a lista aérea de passageiros e controla a alocação de pessoas nas balsas salva-vidas. Trabalha das 6 às 18 horas, além das solicitações durante a noite, caracterizando regime de sobreaviso. d) O trabalho dos rádio-operadores (radio operators) Os rádio-operadores enfrentam uma carga de trabalho cognitivo muito alta, seja nos contatos operacionais, por telefone e rádio, seja nos contatos com as famílias dos trabalhadores ou no auxílio à solução de problemas diversos, quando atuam como intérpretes. Durante o turno da noite (22h às 6h) o trabalho torna-se monótono, sendo difícil lidar com a sonolência. e) O trabalho dos encarregados de sonda (tool pushers) Misto de gerente com amplas atribuições e técnico de operação em situações delicadas ou de emergência, o encarregado de sonda é elemento vital para a qualidade e segurança dos trabalhos. Suas principais funções são o planejamento operacional, a priorização de recursos, o treinamento de sua equipe e uma constante atuação na prevenção a acidentes. Os bons encarregados orientam e alertam seus subordinados, com freqüência aos gritos, quanto aos inúmeros e sempre presentes riscos de acidentes. Ao menor descuido, perde- se um dedo, esmaga-se um pé, sofre-se um forte impacto, cai uma ferramenta dentro do poço, perde-se o controle de um poço etc. Capítulo 2. Completação 159 f) O trabalho do sondador (driller) O sondador é o trabalhador que permanece todo o tempo na plataforma de trabalho, em uma cabine, manipulando alavancas, botões e chaves. Ele monitora múltiplos parâmetros (peso, vazão, pressão, temperaturas, níveis de tanques, inclinações etc.) e orienta sua equipe de assistentes de sondador, torrista, quatro plataformistas e auxiliares eventuais. Alguns desses trabalhadores estão em seu campo de visão direta, outros são comandados por telefone, intercomunicadores e rádios walk talk. Os instrumentos eletrônicos são cada vez mais comuns, porém requerem verificações físicas, pois não são totalmente confiáveis. O trabalho do sondador possui alta carga mental e cognitiva, contemplando cálculos, monitoração de painéis, manipulação de instrumentos que exigem grande perícia, além de requerer forte e imprescindível liderança sobre a equipe. Na cabine do sondador da unidade existem 12 painéis de informação e controle. g) O trabalho do assistente de sondador (driller assistant) A complexidade dos trabalhos nas UPMs modernas exige a atuação de dois sondadores (1º e 2º sondadores) ou de um sondador e um assistente. Cumpre ao assistente orientar em suas atividades, lado a lado, os plataformistas e o torrista, além de auxiliar o sondador durante certas manobras. h) O trabalho do torrista (derrick man) Durante as manobras (descidas ou retiradas de coluna), o torrista fica no alto, na plataforma do torrista (monkey board) – daí a denominação torrista – a mais ou menos 30 m de altura, onde arranja as seções de tubos nos garfos dos estaleiros. Nesse período, trabalha solitário e dispõe de recurso frágil e arriscado para fugir, no caso de algum acidente grave, como fluxo descontrolado do poço ou incêndio. Quando a sonda não está em manobras de tubos, o torrista é responsável pelo sistema de confecção e tratamento de fluidos, que é complexo e de grande importância no sucesso das operações. 160 Alta Competência i) O trabalho dos plataformistas (roughnecks) Início de carreira na equipe de sonda, os plataformistas, em número de quatro, executam os trabalhos mais pesados e se expõem aos maiores riscos. Trata-se de trabalho que exige habilidade, força e resistência física, uma vez que manipulam ferramentas complexas e pesadas, efetuam trabalhos em grandes alturas, suspensos em cadeiras que lembram trapézios; conectam e ajustam equipamentos para descida no poço, sabendo que pequenos descuidos podem levar a grandes prejuízos etc. j) O trabalho na sala de controle de estabilidade e utilidades (Operational Control Center - OCC) Nesta atividade, o bargemaster coordena a estabilidade da Unidade e o funcionamento das utilidades (lastro, fluidos, granéis, refrigeração, água potável, tratamento e descarte de esgoto etc.). Na sala de controle fica o operador de lastro (watchstander), e no convés principal o contramestre de movimentação de cargas, os guindasteiros e os homens de área. O trabalho do operador de lastro é um típico trabalho de sala de controle, com alta carga cognitiva, face à multiplicidade e importância dos parâmetros controlados, somado às tarefas de controle de distribuição das cargas na plataforma e às tarefas de inspeção de salas de bombas, tanques e outras áreas da plataforma. Há grande variedade de tarefas, como cálculos de estabilidade e de controle de estoques, monitoração de painéis de controle e circuito de câmaras de vídeo, operações manuais de acionamento de válvulas e operação de guinchos (para sondas ancoradas). As inspeções periódicas nas salas de bombas, quando o operador de lastro (watchstander) desce, via elevadores ou longas escadas por dentro das colunas, até níveis em torno de 20 metros abaixo do nível do mar, constitui atividade solitária e desgastante. k) O trabalho dos guindasteiros (crane operators) É um trabalho bastante difícil, posto que os guindasteiros movimentam cargas entre a plataforma e os rebocadores sob as condições dinâmicas do mar e em espaços bastante reduzidos, exigindo grande concentração e perícia, além de grandes cuidados com a segurança. Capítulo 2. Completação 161 l) Os homens de área (roustabouts) A aspiração profissional dos roustabouts é, no mais das vezes, tornarem-se plataformistas, guindasteiros ou mecânicos. Eles trabalham na movimentaçãode cargas junto ao guindasteiro e sob o comando do mestre de movimentação de cargas. Efetuam serviços de limpeza e manutenção geral do convés principal. Eventualmente, auxiliam trabalhos na sonda de perfuração. Trata-se de atividade fatigante e muito perigosa, exigindo grande atenção e conhecimento de inúmeros procedimentos de segurança. O termo roustabout foi, pejorativamente, abrasileirado para “arrasta baldes”, uma vez que lavar o convés é parte do trabalho dos homens de área. O contramestre de movimentação de cargas (CMM) coordena, na área externa, a movimentação de cargas, em contato com a sala de controle, o almoxarifado, a sonda e os rebocadores. Os homens de área devem ter muita habilidade para acomodar na plataforma uma grande quantidade de materiais em um espaço exíguo, o que exige freqüentes movimentações de carga. m) O trabalho na ponte e controle de posicionamento dinâmico (bridge and DP) Trata-se de uma sala de controle especialmente complexa devido à sofisticação dos instrumentos, à importância vital do trabalho para a segurança e a qualidade dos serviços da plataforma, ao fato do sistema DP (posicionamento dinâmico) fazer uso de tecnologia de ponta e à possibilidade de ocorrer variações bruscas das condições ambientais – vento, correnteza, oscilações das ondas do mar, cintilações ionosféricas e variações da temperatura da água do mar – que afetam o sistema DP. Assim, além das pressões decorrentes de serem responsáveis por manter a plataforma sobre o poço, com um pequeno grau de tolerância de afastamento, dependendo do tipo de operação em andamento, há ainda a probabilidade de ocorrer alguma anomalia ambiental ou do sistema de DP em si, jamais ocorrida. Cumpre observar que para trabalhadores em salas de controle, a sonolência durante o trabalho noturno pode colocar em risco vidas humanas e as instalações (Akerstedt, 1988). Um estudo revelou que 20% dos trabalhadores no turno da noite sofriam episódios de 162 Alta Competência adormecimento durante o trabalho, identificados por registros em eletro-encefalograma (Torsvall et al., 1989, apud Parkes, 1994). n) O trabalho do contramestre de cabotagem (bosun) É o supervisor de salvatagem no mar, fazendo inspeções, manutenções e testes das baleeiras e botes salva-vidas, conduzindo os treinamentos de salvatagem e zelando pelo cumprimento das normas navais aplicáveis. o) O trabalho da equipe de manutenção Um chefe de máquinas (chief engineer), um chefe de elétrica (chief electrician), técnicos em eletrônica (eletronic technicians), eletricistas (electricians), mecânicos (engineers), auxiliares de mecânica (motormen) e soldadores (welders) constituem a equipe de manutenção. Ressalta-se, no trabalho dos técnicos de manutenção em uma UPM, a grande variedade de tarefas, pois fazem manutenção em dezenas de sistemas e centenas de máquinas, envolvendo-se em projeto e execução, além de exercitarem a criatividade, ao improvisarem soluções para problemas inéditos. Os mecânicos, por exemplo, trabalham em torno, fresa etc. Assim, esses técnicos desenvolvem polivalência em suas áreas. A freqüente interrupção dos trabalhos em andamento face a novas prioridades é uma das características da organização do trabalho com a qual os novatos têm que se acostumar. A união e a amizade entre os membros da equipe são apontadas como a maior diferença em relação às equipes em trabalhos urbanos, mesmo aquelas que trabalham em refinarias de petróleo, onde, ao final de cada turno, o pessoal se dispersa. p) O trabalho do almoxarife (storekeeper): Uma UPM tem de 5.000 a 18.000 itens em estoque, com valor estimado em dois a três milhões de dólares americanos e freqüente movimentação de materiais. Cumpre ao almoxarife solicitar materiais, receber as cargas, conferir e encaminhar para uso imediato ou lançar em estoque e promover a arrumação do almoxarifado. O almoxarifado é dividido em áreas de mecânica, elétrica, hidráulica, eletrônica, marítima, mecânica da sonda, subsea, medicamentos e outras. Capítulo 2. Completação 163 q) O trabalho na hotelaria (cattering) Os serviços de hotelaria são terceirizados, sendo executados por empresas especializadas em serviços offshore. Esse grupo representa a base da pirâmide em salários e benefícios. A equipe é constituída pelo comissário, chefe de cozinha, cozinheiro da noite, padeiro (que trabalha à noite), um a dois ajudantes de cozinha, um saloneiro (serve as mesas), um lavandeiro (responsável pela lavagem das roupas de trabalho de todos a bordo), um paioleiro (responsável pelo paiol de alimentos), dois taifeiros (encarregados da limpeza de todas as salas e camarotes) e um técnico em serviços gerais. Todos exercem alguma polivalência. Em algumas UPMs, a hotelaria fornece também o técnico em serviços gerais, que é exemplo de polivalência. r) A equipe do ROV (Remoted Operated Vehicle) O robô submarino é imprescindível para operações que exigem imagem da cabeça do poço ou acionamento de válvulas e outros dispositivos nesta. A equipe, normalmente, é constituída por um supervisor, um piloto e um técnico encarregado do guincho de descida e subida do robô. A manutenção rotineira é feita pela própria equipe, só embarcando especialistas em casos excepcionais. A equipe de ROV em UPM trabalha em regime de sobreaviso, alternando períodos sem operações (com exceção do mergulho diário de teste) com períodos de trabalho intenso. Assim, ocorrem situações em que a equipe chega a trabalhar mais de 24 horas contínuas. Por essa razão, as equipes de ROV preferem trabalhar em navios de serviços de mergulho e de ROV, onde duas equipes se revezam em dois turnos de 12 horas por dia, evitando, assim, a alternância entre sobrecargas de trabalho e a monotonia. Exige-se da equipe conhecimentos em várias áreas, como mecânica, eletrônica, hidráulica, transmissão de dados e um grande treinamento e habilidade na operação do veículo que, por sua vez, exige visão espacial e habilidades manuais excepcionais. 164 Alta Competência A equipe de engenharia de poço é composta por grupos de especialistas que embarcam em determinadas fases da construção ou manutenção do poço de petróleo e desembarcam assim que terminam seus trabalhos, abrindo vagas para os especialistas da próxima fase. Tais especialistas, coordenados pelo engenheiro fiscal (company man) cuidam de acompanhamento geológico, equipamentos de cabeça de poço, perfuração direcional, perfilagem, revestimento, cimentação, canhoneio de revestimento, avaliação de formação, instalação de colunas de produção, instalação de equipamentos submarinos, operações com slick line, operações com coiled tubing etc. Boa parte desses técnicos trabalha em regime de sobreaviso, com altas cargas de trabalho. Essa equipe é a que se relaciona diretamente com os técnicos de operação de produção. O contato deve ser feito com o engenheiro fiscal ou alguém que tenha recebido delegação deste. É comum os técnicos que fazem a instalação final da cabeça do poço (árvore de natal seca ou molhada) receberem a delegação em certos momentos. Entretanto, em caso de dúvida, voltam a recorrer ao engenheiro fiscal.
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