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Glicocorticoides
SUMÁRIO
1. Introdução ..........................................................................................................3
2. Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) ............................................................4
3. Biossíntese.........................................................................................................8
4. Farmacocinética .................................................................................................8
5. Farmacodinâmica .............................................................................................12
Metabolismo dos carboidratos ................................................................................. 13
Metabolismo das proteínas ....................................................................................... 14
Metabolismo dos lipídios ........................................................................................... 14
Metabolismo do cálcio e dos ossos ......................................................................... 15
Outros efeitos fisiológicos ......................................................................................... 15
6. Efeito farmacológico ........................................................................................15
7. Uso terapêutico ................................................................................................19
8. Efeitos colaterais ..............................................................................................24
9. Interações medicamentosas .............................................................................25
Referências .......................................................................................................................27
Glicocorticoides   3
1. INTRODUÇÃO
Os glicocorticoides (GC) consistem em hormônios estereoidais produzidos pela 
glândulas adrenais (suprarrenais), localizadas, bilateralmente, acima do polo supe-
rior de cada rim. De forma mais específica, são produzidos pela zona fasciculada, 
presente no córtex adrenal.
 Saiba mais! As glândulas adrenais possuem duas camadas que 
possuem diferentes origens embriológicas e diferentes funções, são elas: 
Medula (porção interna): Provém do endoderma e sua função é a produção dos 
hormônios adrenalina e noradrenalina; 
Córtex (porção externa): Origina-se do mesoderma e é dividido em 3 zonas: 
glomerulosa (produz mineralocorticoides), fasciculada (produz glicocorticoi-
des) e reticular (produz pouca quantidade de andrógenos e estrógenos).
Figura 1: Corte coronal do polo superior do rim e da glândula suprarrenal, mostrando sua disposição 
anatômica e a histologia de sua cápsula.
A estrutura molecular básica dos GC envolve uma formação conhecida como 
ciclopentanoperidrofenantreno, derivado do colesterol que consiste em 3 anéis he-
xano e 1 anel pentano. E, para seu funcionamento, todos os GC, sejam naturais ou 
sintéticos, precisam de um grupo 11-hidroxilo. Qualquer variação em tal conforma-
ção pode desencadear diferenças na potência, meia vida, metabolismo e efeito des-
se fármaco.
Glicocorticoides   4
Essa substância tem altíssimo valor terapêutico, sendo um fármaco usado diante 
seus efeitos imunossupressores e anti-inflamatórios. O principal GC natural circu-
lante em nosso corpo é o cortisol (hidrocortisona ou cortisona).
Figura 2: Estrutura e fórmula molecular o cortisol. 
Fonte: ytta design
2. EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-
ADRENAL (HHA)
O hipotálamo (neurônios parvicelulares dos núcleos paraventriculares) sintetiza 
o CRH (hormônio liberador de corticotropina) por conta da influência de situações 
que envolvam o estresse emocional, físico e/ou funcionais (hipoglicemia, hemorra-
gia, traumatismos severos, dor excessiva, queimaduras, citocinas, ação adrenérgica, 
redução do colesterol). Esse hormônio é responsável por estimular a produção do 
ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) pela adeno-hipófise. Ademais, o CRH age de 
forma a rítmica, sendo regulada sua periodicidade através do núcleo supraquiasmá-
tico, que produz a melatonina em um ritmo oposto ao da cortisona. Sendo assim, o 
nível de cortisol aumente durante o final da madrugada e as primeiras horas da ma-
nhã e vá continuamente declinando durante o dia até o anoitecer.
Glicocorticoides   5
 Hora da revisão! MELATONINA vs CORTISOL 
A melatonina, único hormônio produzido e secretado pela glândula pineal do 
epitálamo, apresenta diversas funções em nosso corpo, no entanto, a mais co-
nhecida é sua participação na sincronização subsidiária do ritmo circadiano no 
ciclo sono-vigília. 
No entanto, a melatonina NÃO induz o ritmo circadiano, o verdadeiro res-
ponsável por isso é o núcleo supraquiasmático, presente no hipotálamo, que 
sincroniza o ciclo dia-noite com o sono-vigília por conta das informações da 
luminosidade do ambiente captadas pela via retino-hipotalâmica. Sendo assim, 
a melatonina atua de forma suplementar nessa sincronização, preparando nos-
so corpo, metabolicamente, para o estado de sonolência 
De forma antagônica a melatonina, o cortisol, hormônio responsável pela ma-
nutenção do nosso corpo em estado de alerta. 
Esses dois hormônios trabalham revezando seus níveis de concentração em 
nosso corpo, se adequando ao nosso estado de sono-vigília. Portanto, a mela-
tonina, começa aumentar em nosso corpo pela noite, tem seu pico a meia-noite, 
diminuindo a medida que chega a manhã. Já o cortisol aumenta durante o final 
da madrugada e as primeiras horas da manhã e vá continuamente declinando 
durante o dia até o anoitecer.
A função desse hormônio é induzir a produção de esteroides nas zonas do córtex 
da adrenal, como glicocorticoides – cortisona, nesse caso -, mineralocorticoides e 
os hormônios sexuais. Além disso, o ACTH também gera uma hiperplasia e hipertro-
fia nas zonas fasciculadas e reticuladas, caso haja estimulação crônica (de semanas 
a meses).
Dessas classes de esteroides já citadas, apenas a cortisona que atua nesse eixo, 
regulando a liberação de CRH e ACTH por meio de feedback negativo, onde as altas 
concentrações do cortisol inibem a liberação desses dois. 
Glicocorticoides   6
Figura 3: Controle da Secreção Hormonal: Eixo Hipotálamo – Hipófise – Adrenal. 
Glicocorticoides   7
FLUXOGRAMA DO EIXO HIPOTÁLAMO-HÍPÓFISE-ADRENAL
Estresse 
emocional, 
físico ou 
funcional
Por meio dos núcleos 
supraquiasmáticos
Alternando os níveis de melatonina 
diários com a
Sua alta concentração
INIBE
--
Secreção de CRH
Neurônios 
parvicelulares
dos núcleos 
paraventriculares 
(hipotálamo)
Estimulação dos 
corticotropos da 
adenohipófise
Secreção de ACTH
Estimulação da 
zona fasciculada 
do córtex de 
suprarrenal
Secreção de GC
É regulada sua 
ritmicidade com a 
melatonina
Glicocorticoides   8
3. BIOSSÍNTESE
A produção de glicocorticoides endógenos ocorre a partir do metabolismo de 
colesteróis livres captados em nossa circulação, como a forma de lipoproteína de 
baixa densidade (LDL) e lipoproteína de alta densidade (HDL). Assim, quando capta-
dos, são armazenados em gotículas de lipídios dentro das células grandes da zona 
fasciculada no córtex adrenal.
Dessa forma, esses colesteróis sofrem a primeira reação para a produção de cor-
tisol: conversão do colesterol em pregnenolona. Essa etapa é a única limitante na 
biossíntese hormonal, por depender da ação do ACTH, estimulando o aumento da 
capacidade do colesterol formar ligações ao citocromo P450scc presente na mito-
côndria, favorecendo sua ação como enzima desmolase (corta cadeia que liga C-C).
Ao deixar a mitocôndria dessas células, se direcionando para o retículo endo-
plasmático, a pregnenolona se torna o precursor obrigatório dos corticosteroides 
e andrógenos adrenais. Para a formação de cortisol, a pregnenolona, presente na 
zona fasciculada, sofre uma hidroxilação, por conta da enzima 17 alfa-hidroxilase 
(P450c17), formando 17-OH-pregnenolona. Após isso, o complexo 3ẞ-HSD atua na 
hidrogenase do 17-OH-pregnenolonaem 17-OH-progesterona. 
É importante nos atermos que, caso mude a ordem de ação dessas duas enzimas, 
o produto será o mesmo (17-OH-progesterona). A diferença seria na formação prévia 
de progesterona a partir da pregnenolona por meio da 3ẞ-HSD, formando o substrato 
perfeito para ação de da 17 alfa-hidroxilase. 
Por fim, a 17-OH-progesterona sofre um duplo processo de hidroxilação: o pri-
meiro pela enzima 21-hidroxilase, convertendo esse esteroide em 11-desoxicortisol; 
e a última pela enzima 11 beta-hidroxilase, convertendo essa última molécula em 
cortisol.
Já os glicocorticoides sintéticos, representados pelas hidrocortisonas, são produ-
tos do metabolismo do ácido cólico, que pode ser obtido do gado ou de plantas das 
famílias Liliaceae e Discoriaceae.
4. FARMACOCINÉTICA
Os GC consistem em compostos lipofílicos e, portanto, a maioria dos fármacos 
possui uma baixa solubilidade plasmática e alta absorção-eficácia quando adminis-
trada por via oral. 
A absorção, tanto do cortisol como de suas formas sintéticas, ocorre na parte 
proximal do jejuno, alcançando pico plasmático 30-90 minutos após a ingestão. Ao 
alcançar o plasma, por ser um derivado lipídico, cerca de 80% do cortisol é trans-
portado por uma proteína plasmática carregadora específica, como CBG (globulina 
Glicocorticoides   9
ligadora de cortisol) ou transcortina; 10% está ligada a albumina; e o restante está 
circulando livremente no plasma em sua forma ativa, sendo responsável pelos efei-
tos fisiológicos (ou farmacológicos, no caso de administração dos sintéticos análo-
gos a cortisol).
 Se liga! Pacientes com hipoalbuminemia ou com alguma deficiên-
cia na produção dessas outras proteínas transportadores (CBG e transcortina) 
devem receber doses mais baixas de GC sintético do que indivíduos normais, 
para que sejam obtidos os mesmos resultados farmacológicos. Fazemos 
isso pois, quando presentes no plasma, uma maior concentração estará cir-
culando livre no sangue, aumentando as chances de um efeito colateral do 
medicamento.
Já pacientes gestantes, com hipertireoidismo e em casos de administração de es-
trogênios, a CBG se encontra em níveis mais elevados que o normal, necessitando de 
uma maior dose para que o nível de GC sintetizado livre no plasma seja o necessário 
para o poder terapêutico.
Como já foi dito, os GC são bem absorvidos no trato gastrointestinal. No entanto, 
caso a via de administração escolhida seja a parenteral, é necessário o uso de és-
teres solúveis em água, como o succinato sódico de hidrocortisona ou fosfato de 
dexametasona. Já sua absorção tópica depende tanto da dimensão da área exposta 
ao fármaco como da existência ou não de lesões cutâneas que favoreçam sua ab-
sorção. A absorção sistêmica é baixa caso a via seja inalatória. O uso intra-articular 
e periarticular são usados com frequências em pacientes reumatológicos quando 
há um interesse de evitar outras ações sistêmicas do fármaco.
Os GC podem ser classificados de acordo com a meia-vida (plasmática e biológi-
ca), sua potência relativa em comparação a hidrocortisona (tanto em relação a sua 
ação anti-inflamatória e a sua ação como mineralocorticoide) e sua duração de sua 
ação. Essa última classificação é caracterizada como ação de duração curta (< 12h), 
intermediária (12-36h) e longa (> 36h), tendo como base a duração da supressão 
do ACTH após a dose única, com atividade anti-inflamatória equivalente a 50 mg de 
prednisona.
Glicocorticoides   10
GLICOCORTICOIDES
MEIA-VIDA 
PLASMÁTICA 
(minutos)
MEIA-VIDA 
BIOLÓGICA 
(horas)
POTÊNCIA 
RELATIVA
(anti-inflamató-
rio)
POTÊNCIA 
RELATIVA
(mineralocorti-
coide)
AÇÃO CURTA (< 12h)
HIDROCORTISONA 
(CORTISOL)
80 a 120 8 a 12 1,0 1,0
CORTISONA 30 8 a 12 0,8 0,8
AÇÃO INTERMEDIÁRIA (12-36h)
PREDNISONA 200 a 230 18 a 36 3,5 a 4 0,6 a 0,8
PREDNISOLONA 125 a 210 18 a 36 4 0,6 a 0,8
METILPREDNISOLONA > 210 18 a 36 5 0 a 0,5
TRIANCINOLONA > 300 18 a 36 5 0
DEFLAZACORT 60 a 120 12 a 30 3 a 5 0
AÇÃO LONGA (36h)
DEXAMETASONA 200 a 300 24 a 72 20 a 30 0
BETAMETASONA 180 a 300 24 a 72 20 a 30 0
 Se liga! Análogos sintéticos do cortisol, como a dexametasona, 
exibem pequena afinidade com a CBG, porém ligam-se em maior ou menor 
proporção à albumina, o que faz com que o grau de ligação e a quantidade de 
forma livre circulante seja dose-dependente. 
Vale destacar que alguns análogos como a cortisona e a prednisona têm uma 
biodisponibilidade menor do que a da hidrocortisona e da prednisolona, pois 
essas últimas não necessitam passar pelo fígado para que se transformem em 
seus compostos ativos.
O metabolismo dos GC é hepático, sendo biotransformados no fígado. Isso corre 
através da redução da dupla ligação e dos grupos cetônicos importantes desses es-
teroides, inativando as formas antes livres no plasma ou ligados à albumina. Sendo 
assim, quando metabolizados ou conjugados com ácido glicurônico, os GC se tor-
nam mais hidrossolúveis e polares, dificultando sua ligação com proteínas carrega-
doras e facilitando sua eliminação via renal.
Glicocorticoides   11
 Saiba mais!É de extrema importância sabermos que os glicocor-
ticoides são fármacos capazes de atravessar a barreia placentária. Nesse pa-
râmetro, é possível usarmos GC sintéticos para prevenir a virilização em fetos 
femininos portadores de hiperplasia adrenal congênita e induzir maturação pul-
monar em pacientes pré-maturos. 
FLUXOGRAMA DA FARMACOCINÉTICA
ADMINISTRAÇÃO
Via oral
Via parenteral
Via intra ou 
periarticular
Via tópica
Absorção
(distribuição no 
plasma)
Formas inativas
Forma ativa
Metabolização
Alta absorção por conta 
da lipossolubilidade
Uso do GC com 
ésteres solúveis em água 
para uma ação rápida
Usada em pacientes 
reumatológicos onde ações 
sistêmicas do GC não são 
desejadas
Depende da extensão do 
local onde o fármaco é 
aplicado e se há ou não 
lesões cutâneas
80% ligado a CBG ou 
a transcortina
10% ligado a 
albumina
10% livre no plasma
Melhor absorção 
na porção proximal 
do jejuno
Exemplos: succinato 
sódico de hidrocortisona, 
o fosfato de 
dexametasona
Compostos mais 
hidrossolúveis e inativos
Via renalEliminação
Biotransformação no 
fígado
Glicocorticoides   12
5. FARMACODINÂMICA
Os GC atuam de forma sistêmica no organismo, por conta de sua influência no 
metabolismo dos diversos tipos celulares dos nossos órgãos e tecidos. E todas suas 
ações, tanto em nível fisiológico como farmacológico, ocorre a partir da ligação do 
hormônio com o seu receptor, mecanismo fundamental para a transativação e trans-
repressão gênicas, que promovem essas influências em nosso corpo.
Esse processo tem início com a entrada desse componente esteroidal em nossas 
células por difusão simples, por conta da sua afinidade lipossolúvel, atravessando a 
bicamada lipídica da membrana celular sem dificuldades. 
No citoplasma, os GC ligam-se a receptores proteicos específicos – os recepto-
res de glicocorticoides (GR), que consistem em fosfoproteínas, formadas por duas 
proteínas acopladas em suas formas inativas, que estão associadas às heat shocker 
proteins (HSP), que atuam mantendo a forma estrutural adequada da GR para a in-
teração com a GC. Dessa forma, ao formarem o complexo glicocorticoide-receptor 
sofrem uma transformação estrutural que lhes possibilita penetrar o núcleo. Assim, 
esse complexo atua por meio de duas ações gênicas:
• Transativação: Ela ocorre quando um dímero de complexos se acoplar às regi-
ões promotoras de certo genes, chamadas de elementos responsivos aos GC. 
Tem como objetivo a síntese de proteínas anti-inflamatórias (lipocortina-1 e 
IkB) e de proteínas que atuam no metabolismo sistêmico e endócrinos, como 
as responsáveis por induzirem a gliconeogênese;
• Transrepressão: Ocorre quando um monômero do complexo interage com 
fatores de transcrições, como proteína ativadora 1 (AP-1) e o fator nuclear kB 
(NF-kB), inibindo suas funções, reduzindo síntese de citocinas pró-inflamatórias 
padrão Th1 (IL-1. IL-6 e IL-2), fator de necrosetumoral alfa (TNF-α), interferon 
gama (INF-γ e prostaglandina.
 Saiba mais! Alguns medicamentos podem diminuir a eficácia dos 
corticoides por aumentarem seu catabolismo. São exemplos de medicamentos 
assim: difenil-hidantoína, carbamazepina, rifampicina e o fenobarbital, drogas 
que podem acelerar a inativação dos corticoides devido ao estímulo da oxida-
ção hepática. Diante disso, pode ser necessário doses maiores de corticoides 
para alcançar o efeito desejado.
Glicocorticoides   13
Metabolismo dos carboidratos
Os glicocorticoides contribuem para a hiperglicemia, através da absorção, consu-
mo periférico e produção de carboidrato no corpo. Uma das atividades metabólicas 
principais é a gliconeogênese hepática a partir de aminoácidos provenientes da 
inibição da síntese proteica periférica, além do aumento da ação do glucagon e das 
catecolaminas.
FLUXOGRAMA DA FARMACODINÂMICO
Difusão simples
MEMBRANA
PLASMÁTICA
Receptor de 
glicocorticoide
+
HSP
Complexo 
glicocorticoide-
receptor
Mecanismos 
gênicos
HSP livres no 
citoplasma
Transativação Transrepressão
Transcrição 
dos elementos 
responsivos aos GC
Inativação 
dos fatores de 
transcrição
Síntese de proteínas anti-inflamatórias
Síntese de proteínas que atuam no 
metabolismo sistêmico (ex: gliconeogênese)
Redução da síntese de 
citocinas pró-inflamatórias
Redução de TNF-alfa
Redução de prostaglandina
CITOPLASMA
NÚCLEO
Glicocorticoides   14
 Conceito: As catecolaminas consistem num grupo orgânico de 
monoaminas, formadas por um grupo catecol (grupo benzeno com duas hidro-
xilas laterais em carbonos 1 e 2) e uma cadeia lateral de amina. 
Consideradas como hormônios, são produzidas pelo sistema nervoso em caso 
de choque emocional ou físico, facilitando a propagação dos fluxos nervosos 
no cérebro. Atuam na liberação de mais glicose e ácidos graxos, visando o 
aumento do aporte energético. Além disso, aumentam a pressão arterial e ace-
leram a frequência cardíaca para que o indivíduo possa ter uma resposta adap-
tada ao perigo em potencial que se apresenta a ele. 
Temos como exemplos de catecolaminas em nosso corpo: adrenalina, noradre-
nalina e dopamina.
Ademais, há diminuição da utilização de glicose nos tecidos periféricos e aumento 
na absorção intestinal de carboidratos. Diante disso, é válido lembrar que pacientes 
diabéticos, em uso de glicocorticoides, devem receber ajustes nas doses do hipogli-
cemiantes ou de insulina.
Metabolismo das proteínas
Os GC atuam na inibição da adição de aminoácidos para a síntese de proteína 
nos tecidos periféricos, como músculo, pele, tecido adiposo, tecido conjuntivo e te-
cido linfoide. Além disso, eles também contribuem para a gliconeogênese hepática 
através do catabolismo de proteínas, aumentando o número de aminoácidos livres. 
Portanto, durante esse período, de ação dos corticoides, a excreção urinária 
de aminoácidos e ácido úrico está aumentada – são metabólitos do catabolismo 
proteico.
Metabolismo dos lipídios
Os GC estimulam a lipólise e inibem a síntese de ácidos graxos de cadeia longa, 
visando uma maior liberação de ácido graxo e glicerol, compostos utilizados como 
substratos para gliconeogênese.
No entanto, por conta da especificidade dos receptores de cada adipócito, sendo 
mais sensível a este hormônio, o tecido adiposo periférico é MUITO mais afetado por 
esse metabolismo que o central, favorecendo um quadro de obesidade centrípeta 
caso haja abuso dessa substância. 
Glicocorticoides   15
Metabolismo do cálcio e dos ossos
Os efeitos dos GC sobre os ossos é dose-dependente, ou seja, depende da quanti-
dade de droga usado e o também do tempo de uso. 
As doses terapêuticas diminuem a formação óssea e a produção de colágeno 
além de estimular a reabsorção.
Outros efeitos fisiológicos
Os GC podem agir no sistema circulatório, principalmente em situações de es-
tresse, seja ele psicogênico ou sistêmico, quando há aumento da resposta aos 
efeitos pressores, possivelmente devido ao aumento do número e da afinidade 
dos receptores beta-adrenérgicos, responsáveis pela ação inotrópica positiva das 
catecolaminas. 
Por fim, vale destacar que os glicocorticoides são essenciais para o funcionamen-
to normal dos músculos lisos e estriados.
6. EFEITO FARMACOLÓGICO
Esses efeitos ocorrem quando os glicocorticoides são administrados numa con-
centração/dose superior à quantidade produzida pelo nosso corpo endogenamente, 
sendo uma potencialização dos efeitos fisiologicamente produzidos por esses hor-
mônios – agora, induzidos pelos suas variações sintéticas. Dentre esses efeitos, os 
mais esperados são: a anti-inflamação e a imunossupressão.
Os efeitos anti-inflamatórios, como já abordamos, ocorrem quando o cortisol ou 
seus análogos amenizam a potência de uma inflamação em nosso corpo, que, caso 
exacerba os seus limites, pode ser extremamente prejudicial para o organismo. E, co-
mo consequência desses efeitos, temos a ação imunossupressora causada pelo GC.
Dessa forma, os GC diminuem a liberação de citocinas (interleucinas e fatores de 
necrose tumoral) e de metabólitos do ácido araquidônico/AA (como prostaglandi-
nas e leucotrienos) e aumenta a síntese de proteínas anti-inflamatórias. Isso tudo 
corrobora na inibição ou retardamento de etapas do processo inflamatório, como: 
redução da permeabilidade do endotélio capilar (reduzindo formação de edemas); e 
a inibição da marginalização e migração de leucócitos (reduzindo o processo de ci-
catrização por deposição de fibrina e proliferação de fibroblastos). 
Glicocorticoides   16
Além disso, já foi confirmada a capacidade dos GC em dificultar o rompimento 
dos lisossomos ao reduzirem os níveis de enzimas hidrolíticas presentes neles. Essa 
estabilização lisossômica causa a manutenção da integridade da membrana celular, 
prevenindo a tumefação ou destruição celular excessiva resultante da ação imune.
Portanto, a GC afeta, de uma forma ou outra, todas as células do sistema imune:
• Macrófagos e monócitos: São as mais afetadas pelo processo anti-inflamató-
rio e imunossupressor, em que as GC reduzem a síntese de citocinas e metabó-
litos do AA, a apresentação de antígenos, a fagocitose e seu poder bactericida. 
Portanto, há ampla redução na sua contagem numérica;
• Linfócitos: Os GC atuam reduzindo a síntese de citocinas e sua capacidade 
proliferativa, reduzindo seu número. No entanto, não há interferência direta na 
síntese de imunoglobulinas;
• Eosinófilos: Por conta do aumento de apoptose dessas células, por sua inativa-
ção, reduzem sua contagem. Assim há redução da concentração de histamina;
• Basófilos: A redução de citocinas interfere também no seu número, diminuindo 
suas concentrações;
• Neutrófilos: São os únicos elementos celulares que sofrem uma leve leucoci-
tose SEM desvio à esquerda. Isso ocorre por conta da redução da adesão en-
dotelial induzida pelas citocinas, fazendo com que os neutrófilos maduros se 
“soltem” da parede vascular e indo a circulação – percebam que elas NÃO dimi-
nuem ou aumentam a síntese e proliferação desse tipo celular, mas sim facilita 
a sua liberação na circulação.
Portanto, os glicocorticoides são mais eficientes em inibir a imunidade celular 
(linfócitos) e a hipersensibilidade do que a imunidade humoral (anticorpos). Percebe-
se que os corticoides causam involução e atrofia de todo o tecido linfoide, além de 
diminuir o número de linfócitos circulantes. Já os efeitos sobre a imunidade humoral 
são menos expressivos, não há interferência na produção de anticorpos, sendo pre-
judicado apenas a fase inicial da ativação das células B, que são dependentes dos 
linfócitos T.
Glicocorticoides   17
 Saiba mais! Durante a gravidez, as gestantes adquirem uma certa 
imunidade à hidrocortisona e à maioria dos glicocorticoides sintéticos. Isso 
ocorre por conta da presença da enzima 11-beta-hidroxiesteroide desidrogena-
se (11ẞ HD), que inativa esses compostos advindos do sangue materno. 
Sendo assim, a relação entre os níveis maternos e fetais dos GCexógenos 
variam em torno de 10:1 (os fetos produzem o próprio cortisol). No entanto, a 
dexametasona é o único GC que resiste a essa enzima placentária e, portanto, 
seus níveis materno e fetal é 1:1. Dessa forma, caso o objetivo seja tratar a mãe 
SEM afetar o feto, administra-se GC com prednisona, prednisolona e metilpred-
nisolona (evitar doses muito elevadas capazes de interferir no desenvolvimento 
fetal). Agora, se o objetivo for tratar o feto, administramos dexametasona na 
mãe. 
Diferente na placenta, uma pequena concentração de glicocorticoide passa do 
sangue da mãe para o leite materno. Dessa forma, caso a mãe esteja em ne-
cessidade do uso de algum GC, devemos nos atentar à meia-vida do fármaco 
(há relação direta dos níveis séricos e de excreção no leite de uma substância 
no sangue) para o melhor momento de realizar o aleitamento sem que o bebê 
esteja exposto ao fármaco. Assim, é recomendado amamentar o filho 4 h após 
a ingestão da prednisona, por exemplo.
Glicocorticoides   18
FLUXOGRAMA DO EFEITO FARMACOLÓGICO
Ação dos GCA
Efeitos 
anti-inflamatórios
Diminuição dos 
metabólicos do AA
Síntese de proteínas 
anti-inflamatórias
Diminuição/inibição da 
síntese de citocinas
Efeitos metabólicos
Redução da 
permeabilidade capilar
Inibição da 
marginalização e 
migração de leucócitos
Efeitos 
imunossupressores
Inibição de ácidos 
graxos de cadeia longa
Inibição da síntese 
próteica
Diminuição da 
formação óssea
Catabolismo proteíco
Aumento da reabsorção 
de cálcio para o sangue
Hiperglicemia
Lipólise
Gliconeogênese 
hepática
Hipertrofia do tecido 
adiposo central
Menor necessidade de 
glicose na periferia
Glicocorticoides   19
7. USO TERAPÊUTICO
A dosagem e a maneira de administração dos GC dependem da doença a qual ob-
jetivamos tratar, levando sempre em consideração o melhor prognóstico com menos 
efeitos colaterais, nos atentando a interação com outros medicamentos. O tratamen-
to sistêmico por meio de GC pode ser feito via oral (VO), intramuscular (IM) e endo-
venoso (EV), sendo a primeira a mais prescrita pelos profissionais.
 Na prática! 
Foi preconizado que as doses de glicocorticoides são categorizadas baseadas 
na dose equivalente de prednisona diária: 
Baixa: < 7,5 mg; 
Média: > 7,5 mg a ≤ 30 mg; 
Alta: > 30 mg a ≤ 100 mg; 
Muito alta: > 100 mg; 
Pulsoterapia: ≥ 250 mg. 
 
Essa quantidade de dose varia de acordo com os mecanismos de ação dos GC 
que estão vinculados a efeitos não genômicos e genômicos. 
Os não genômicos são resultado de alterações da propriedades físico-químicas 
da membrana plasmática OU pela ação de um GR citoplasmático, sem translo-
cação para o núcleo. Portanto, esses efeitos são percebidos de forma imediata 
(aproximadamente 2 minutos) e aparecem nas doses média, alta, muito alta e 
pulsoterapia. Entretanto, à medida que a dose é aumentada, a ação não genô-
mica não dependente de receptor (alterações da membrana plasmática) torna-
-se mais relevante quando comparada à ação dependente de receptor. 
Já os genômicos são resultantes da interação do complexo com o DNA (por 
meio de transativação e transrepressão gênicas) e, por isso, demanda uma 
maior temporariedade, manifestando os efeitos em 30 minutos, e aparecem em 
doses mais baixas.
Glicocorticoides   20
Os GC podem ser administrada com dose única diária após o café da manhã, que 
coincide com o pico de cortisol em nosso corpo, diminuindo a frequência de insufi-
ciência da suprarrenal, já que sua ação fracionada diária exerce ação supressora do 
ACTH. Esse consiste no esquema de uso contínuo.
Uma forma de reduzir os efeitos colaterais de uma terapia com GC em longo pra-
zo – em especial a supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal – seria optar por 
uma terapia em dias alternados. Ela consiste em administrarmos a dose total de 48 
horas como dose única, pela manhã, em dias alternados.
Outra forma usada na administração de GC é a pulsoterapia (PT), que consiste na 
administração de uma dose muito alta do fármaco em um curto período (entre 1 a 5 
dias) por via intravenosa (IV). Essa terapia tem como objetivos: induzir uma rápida 
remissão da doença – nos casos que apresentam alguma risco de ameaça a vida 
(ex.: nefrite lúpica, vasculite necrosante, rejeição a transplante), impedir uma rápida 
progressão do quadro e evitar o uso prolongado de GC por via oral (aparecimento 
de efeitos adversos). As drogas mais utilizadas são metilprednisolona (0,25 g a 2 g) 
e dexametasona (100 a 200 mg) por pulso diário, sendo o ideal uma administração 
lenta (2 a 3 horas). O efeito imunossupressor do pulso se manifesta por média de 
6 semanas, que pode ser mantido estável, em longo prazo, quando associado a um 
agente antirreumático modificador de doença (azatioprina e metotrexate) ou predni-
sona oral.
 Saiba mais! A pulsoterapia pode reduzir os efeitos adversos 
dos GC, no entanto, ela não está isenta de efeitos adversos, como distúrbios 
hidroeletrolíticos, problemas cardíacos, hipertensão sistêmica, distúrbios de 
comportamento e predisposição a infecções. A elevação na pressão arterial 
é o efeito que requer maior atenção durante a terapia, podendo ser necessário 
administração de furosemida e redução do tempo de gotejamento da infusão, 
para controlar a pressão arterial.
O “desmame” das doses de GC deve ocorrer de forma lenta e gradual, principal-
mente em pacientes usuários em longo prazo desses hormônios, pois a retirada 
abrupta pode desencadear a reativação da doença base ou a insuficiência adreno-
cortical secundária (supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal). Faremos essa 
redução a partir da suspensão do glicocorticoide pode ser feita com um esquema de 
redução de 25% por semana, até alcançar níveis de substituição.
Glicocorticoides   21
FLUXOGRAMA DO USO TERAPÊUTICO
Administração de 
GC
OBJETIVO:
Redução dos efeitos colaterais 
dos GC a longo prazo
Forma contínua
Em dias alternados
Pulsoterapia
Desmame
Dose única diária
Dose total de 48 h 
como dose única 
Dose muito alta 
“pulsos” IV num curto 
período (1 – 5 dias)
Forma lenta e gradual
Após o café da manhã
Pela manhã, 
dia sim, dia não
Efeito do pulso 
até a 6 semana
Redução de 25% 
por semana
OBJETIVOS:
Induzir rápida remissão da doença Impedir 
rápida progressão do quadro Evitar uso 
prolongado de GC VO
OBJETIVOS:
Evitar reativação da doença base ou 
insuficiência adrenal secundária
Glicocorticoides   22
Como já foi dito, os GC atuam de forma sistêmica, podendo ser uma alternativa 
terapêutica no tratamento farmacológico de diversas doenças:
• Doenças endócrinas: São usados principalmente como terapia substituti-
va, quando há hipofunção da adrenal. Nesse caso, a dose utilizada é bem 
menor quando comparada às usadas com intenção anti-inflamatória ou 
imunossupressora;
• Doenças do colágeno: Nesses casos, o GC deve ser administrado como último 
recurso para estabilizar o quadro do paciente, não alterando o curso da doença. 
No entanto, em caso de cardite reumática, deve ser sempre administrado;
• Crises alérgicas: Indicado em caso de urticárias, doença do soro, dermatite de 
contato, reações de hipersensibilidade a drogas, choque anafilático. No entanto, 
não são as drogas de primeira linha.
• Doenças do aparelho digestivo: Pacientes com colite ulcerativa sem melhora 
com o tratamento padrão, doença de Crohn, doença celíaca – quando o pacien-
te não responde à dieta restrita ao glúten, hepatite fulminante e encefalopatia 
hepática;
• Doenças hematopoiéticas: Pacientes com anemias hemolíticas autoimunes 
adquiridas, púrpura trombocitopênica idiopática, leucemias agudas, anemia 
aplástica, reações transfusionais e mieloma múltiplo;
• Condições neurológicas: Pacientes com edema cerebral e HIC em processos 
expansivos de origem vasogênico, miastenia gravis, esclerose múltipla e TRM;
• Doenças infecciosas: Em casos de tuberculose com derrame pleural e pericár-
dico, tuberculose miliar e meningite tuberculosa, febre tifoide, mononucleose 
infecciosa grave, laringotraqueobronquitesgraves e pneumonia viral;
• Em choques: Pacientes com choque addisoniano secundário a insuficiência 
adrenocortical ou choque séptico;
• Doenças respiratórias: Pacientes com tuberculose pulmonar, algumas viroses 
do aparelho respiratório, asma brônquica, síndrome de Hamman-Rich (fibrose 
intersticial difusa), sarcoidose;
• Doenças nefrológicas: Usada em pacientes com síndrome nefrótica idiopática 
– com lesão mínima, envolvimento renal em doenças sistêmicas (ex.: LES) e no 
controle de rejeição de transplantados renais;
• Doenças dermatológicas: Usada em casos de psoríase, dermatite de contato, 
eczema atópico em crianças, lúpus eritematoso discoide, líquen plano etc.
• Doenças oftálmicas: Administra-se GC em casos de conjuntivites ou, em casos 
extremos, exoftalmia associado a doença de Graves.
Glicocorticoides   23
 Saiba mais! A síndrome de Cushing consiste num conjunto de 
anormalidade clínicas resultantes de altas concentrações crônicas de cortisol 
ou glicocorticoides exógenos. Sendo assim, ela pode ser causada quando há 
uma hiperfunção da adrenal, seja por um adenoma/carcinoma adrenal, tumor 
hipofisário (doença de Cushing) ou carcinoma de pequenas células pulmonares 
(secreção atópica de ACTH). 
As manifestações clássicas incluem faces em lua, obesidade central, com su-
praclavicular proeminente e bolsas de gorduras cervicais dorsais (corcunda de 
búfalo) e, normalmente, dedos e extremidades distais finas. Paciente também 
apresenta desgaste e fraqueza muscular, a pele se torna fina e atrófica, com má 
cicatrização de ferimentos e facilidade de formar equimoses. Também pode 
ocorrer aparecimento de estrias violáceas no abdome. Geralmente, também 
manifesta outras repercussões metabólicas e sistêmicas, como hipertensão, 
osteoporose, diabetes melitus tipo 2 e imunossupressão. 
Mulheres geralmente apresentam dismenorreia ou amenorreia secundária. 
Hipertricose, calvície temporária, hirsutismo e sinais de virilismo são comuns 
quando há tumor nas adrenais.
Figura 4: Manifestações clínicas da síndrome de Cushing. 
Fonte: Chu KyungMin
Glicocorticoides   24
8. EFEITOS COLATERAIS
Os efeitos dependem basicamente da dose utilizada. Dessa forma, as doses de 
reposição fisiológica, praticamente não há efeitos adversos, mas a medida que se 
aumenta a dose as manifestações vão se tornando mais expressivas. 
Sabe-se que algumas condições dos pacientes parecem intensificarem os efeitos 
colaterais, como pacientes idosos com intolerância à glicose e fraqueza muscular e 
os pacientes desnutridos, com menor concentração plasmática de proteínas, o que 
faz com que haja mais droga em sua forma livre.
De forma geral, temos como efeitos colaterais:
• Osteomuscular: Osteoporose (estimulação indireta de osteoclastos e inibição 
dos osteoblastos), osteonecrose (aumento de pressão nos capilares ósseos 
por conta do acúmulo de lipídios, gerando isquemia) e miopatia metabólica 
(atrofia das fibras musculares);
• Aparelho digestivo: úlcera peptídica (seu risco é potencializado quando asso-
ciado com AINEs), pancreatite, candidíase (imunossupressão + doenças crôni-
cas como DM facilitam a colonização do C. albicans);
• Sistema imune: Infecções em geral (por conta da redução da atividade bacteri-
cida e fúngica);
• Circulatório: Distúrbios eletrolíticos (por conta do efeito mineralocorticoides 
que alguns GC podem apresentar, causando retenção de cálcio no sangue, ge-
rando edema, caliurese e calciúria) e aterosclerose acelerada (metabolismo do 
lipídio);
• Endócrino: Deposição de tecido adiposo, dislipidemia (por conta da hiperinsuli-
nemia, aumento da produção hepática de lipídio e diminuição de seu catabolis-
mo, que resultam em aumento de LDL, VLDL, colesterol total e triglicerídeos) e 
supressão do eixo HHA (feedback negativo sobre hipotálamo e hipófise – insu-
ficiência adrenal secundária);
• Ocular: Catarata subcapsular e glaucoma (por conta do aumento da pressão 
intraocular);
• Cutâneo: Acne, pele “fina” e formação de púrpura (por conta da alteração na 
matriz intersticial, atrofiando o tecido subcutâneo);
• Neurológico: Psicose (ocorre principalmente em pacientes com LES em pulso-
terapia) e distúrbios de humor (varia entre euforia, irritabilidade, insônia, labili-
dade emocional e franca depressão).
Glicocorticoides   25
9. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Vários medicamentos podem aumentar ou diminuir a ação farmacológica dos GC. 
Dentre as principais interações medicamentosas, temos algumas no quadro a seguir:
FÁRMACO INTERAÇÃO CONSEQUÊNCIA
FENITOÍNA, BARBITÚRICOS, 
CARBAMAZEPINA, RIFAMPICINA
Aceleram o metabolismo hepático 
dos GC
Podem  o efeito farmacológico
ANTIÁCIDO  biodisponibilidade dos GC Podem  o efeito farmacológico
INSULINA, HIPOGLICEMIANTES 
ORAIS, ANTI-HIPERTENSIVOS, 
MEDICAÇÕES PARA GLAUCOMA, 
HIPNÓTICOS, ANTIDEPRESSIVOS
Tem suas necessidades aumenta-
das pelos GC
Alterações da glicemia, pressão 
arterial e pressão intraocular
DIGITÁLICOS (NA HIPOCALEMIA)
GC podem facilitar a toxicidade 
associada a hipocalemia
Pode haver acentuação da toxi-
cidade digital devido à alteração 
eletrolítica
ESTROGÊNIOS E 
CONTRACEPTIVOS
Aumentam a meia-vida dos GC  do efeito farmacológico
AINES
 da incidência de 
alterações do TGI
 da incidência de 
alterações do TGI
VACINAS E TOXOIDES Atenuam a resposta
Potencialização da replicação dos 
microrganismos em vacina de 
vírus vivos
DIURÉTICOS DEPLETADORES DE 
POTÁSSIO
Acentuação da hipocalemia
Repercussão clínica devido a 
hipocalemia
SALICILATOS  dos níveis plasmáticos  da eficiência do salicilato
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MAPA MENTAL
Aumentam/ 
diminuem o efeito 
farmacológico do GC
Modificação na MP
Osteoporose, osteonecrose, miopatia, úlcera peptídica, 
pancreatite, candidíase, infecções, aumento de gordura, 
dislipidemia, supressão do eixo HHA, distúrbios eletrolíticos, 
aterosclerose acelerada, catarata subcapsular, glaucoma, 
acne, pele fina, púrpura, psicose e distúrbios de humor 
Efeitos 
anti-inflamatórios
Efeitos 
imunosupressores
Efeitos metabólicos
Interações 
medicamentosas
Eixo HHAEfeitos colaterais
BiossínteseUso terapêutico
Farmacodinâmica
FarmacocinéticaEfeitos farmacológicos
Zona fasciculada do córtex da 
adrenal: produção de cortisol
Núcleo supraquiasmático 
regula melatonina com cortisol
Catabolismo do colesterol
Pico plasmático: 
30 a 90 min
90% ligada a 
proteína plasmática
10% livres no 
plasma – forma ativa
Melhor absorção na VO
Classificação 
(duração da ação)
Biotransformação 
no fígado
Eliminação via renal
Curta: < 12h
(cortisol)
Intermediária: 
12-36 h (prednisona)
Longa: > 36 h
(dexametasona)
Difusão simples
Receptor intracelular 
de glicocorticoide
Mecanismo gênico
Mecanismo não gênicoAlteração no citosol
Transativação gênica
Transrepressão gênica
Pulsoterapia
Uso alternado
Uso contínuo
Glicocorticoides   27
REFERÊNCIAS 
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Goldman L, Schafer AI. Goldman’s Cecil Medicine. 25th ed. Philadelphia:Elsevier 
Saunders, 2016. 
Firestein GS et al. Kelley’s Textbook of Rheumatology. 9th ed. Philadelphia: Elsevier 
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Lopes AC et al. Tratado de Clínica Médica. 3. ed. São Paulo: Roca, 2016. 
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