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Transportes Aquaviário, Dutoviário e Intermodal Logística de Transporte Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria MÔNICA PATRÍCIA ALCÂNTARA DE MORAIS AUTORIA Mônica Patrícia Alcântara de Morais Olá. Sou formada em Relações Públicas com especialização em Administração em Marketing. Possuo mais de 10 anos experiência técnico-profissional na área de gestão da cadeia de suprimentos. Passei por empresas como a TIM Nordeste, Ericsson Gestão de Sistemas (EGS), Estaleiro Atlântico Sul e vários outros empreendimentos, sempre na área de Logística e Supply Chain. Participei da implantação do sistema SAP-R3 na TIM e de vários outros sistemas de automação e gestão empresarial. Estruturei inúmeros projetos logísticos, como o da Rede Teleport de Educação, com unidades de ensino espalhadas em 13 estados da federação. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO Transporte Marítimo ................................................................................... 12 Modais Marítimos ............................................................................................................................ 12 Portos ...................................................................................................................................................... 13 Divisão de um Porto em Componentes ...................................................... 13 Classificação dos Portos Quanto à Localização .................................... 14 Classificação dos Portos Quanto à Natureza ........................................... 15 Classificação dos Portos Quanto a sua Utilização .............................. 15 Profundidade e Acessibilidade ......................................................................... 16 Elementos Físicos ........................................................................................................ 17 Elementos Operacionais ....................................................................................... 18 Transbordo ....................................................................................................................... 18 Vias ............................................................................................................................................................ 19 Veículos ................................................................................................................................................. 20 Classificação dos Navios ....................................................................................... 20 Componentes de uma Embarcação ............................................................. 21 Velocidade e Peso dos Navios .........................................................................22 Navios Cargueiros ......................................................................................................23 Transporte Hidroviário .............................................................................. 25 Modais Hidroviários .......................................................................................................................25 Vias ........................................................................................................................................26 Dimensões dos Canais Hidroviários ..........................................27 Balizamento .................................................................................................27 Sinalização ao Largo (Em meio às Hidrovias) .......................29 Navegabilidade nas Vias Fluviais .................................................. 31 Transporte Dutoviário ................................................................................ 33 Modais Dutoviários .........................................................................................................................33 Veículos ...............................................................................................................................34 Cargas .................................................................................................................................34 Vias .........................................................................................................................................35 Classificação Quanto à Natureza da Carga .............................................. 36 Classificação Quanto ao Tipo de Construção ........................................ 36 Dutos Terrestres ........................................................................................ 36 Dutos Encapsulados ............................................................................ 38 Capacidade de Velocidade dos Dutos ........................................................ 39 Malha Dutoviária Brasileira ................................................................................. 40 Multi e Intermodalidades no Transporte de Cargas .....................42 Transporte Multimodal e Intermodal ................................................................................42 Multimodalidade ...........................................................................................................43 Intermodalidade ..........................................................................................................45 Fracionamento de Cargas .................................................................................... 46 9 UNIDADE 03 Logística de Transporte 10 INTRODUÇÃO Agora que você já conhece os modais de transporte terrestre e aéreo, resta-nos abordar os dois restantes: aquaviário (que se divide em marítimo e hidroviário) e dutoviário. Depois que analisarmos os aspectos físicos do veículo e da via em cada um desses modais, faremos a junção de todos eles no estudo do transporte multimodal. Preparado para mais uma viagem rumo ao conhecimento? Então, aperte os seus cintos e boa viagem para todos! Logística de Transporte 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3 – Transportes aquaviário, dutoviário e intermodal. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender a dinâmica do modal marítimo de transporte de cargas e entender o funcionamento dos portos e embarcações. 2. Categorizar o modal hidroviário e identificar suas particularidades na navegação em hidrovias. 3. Entendero modal de transporte dutoviário e suas aplicações na indústria. 4. Entender as diferenças entre a inter e a multimodalidade e discer ir sobre aplicações. Então, preparado para adquirir conhecimento sobre um assunto fascinante e inovador como esse? Vamos lá! Logística de Transporte 12 Transporte Marítimo OBJETIVO: Neste capítulo, vamos compreender os processos inerentes ao modal marítimo, discorrendo sobre as características da via e dos veículos desse modal. Conhecer o modal marítimo, entendendo a dinâmica dos portos e das embarcações. Avante! Modais Marítimos Principal vertente do modal aquaviário, o transporte marítimo é o mais importante no âmbito da logística internacional, pois conecta o fluxo de mercadorias entre países de diferentes continentes. Figura 1 – Modal marítimo Fonte: Freepik. Logística de Transporte 13 Portos Compreendemos um porto como um tipo de abrigo. Isto é, uma instalação devidamente equipada cuja finalidade é proteger as embarcações contra as principais intempéries da natureza, como vento, ondas e as correntes marítimas, possibilitando o acesso à costa para carga e descarga de materiais, além de possibilitar o embarque e desembarque de pessoas. Figura 2 – Porto Fonte: Freepik. O processo pelo qual uma embarcação consegue ter acesso à costa marítima para embarque e desembarque, e carga e descarga, recebe o nome de acostagem. Divisão de um Porto em Componentes O porto é dividido em componentes, sendo eles: • Porto: apesar de nos referirmos ao porto, normalmente, como um todo, o termo porto, propriamente dito, refere-se ao conjunto compreendido pelos seguintes componentes: Logística de Transporte 14 • Cais: área destinada à atracação e à movimentação de carga em solo. • Bacia de evolução: área marítima abrigada por diques, destinada para a proteção das embarcações atracadas ou em manobra. • Dársenas: área aquática escavada para carga e descarga, ou embarque e desembarque de passageiros, em frente à área de atracagem. • Anteporto: reúne a porção marítima destinada à aproximação das embarcações, formado pelo canal principal de acesso e fundeadouros de espera. • Retroporto: são as áreas terrestres que reúne as vias e as instalações para a movimentação, armazenagem e despacho de cargas, formado por: • Rodovias. • Ferrovias. • Dutovias. • Unidades de armazenagem. • Instalações auxiliares. • Administração portuária. Classificação dos Portos Quanto à Localização Quanto ao seu posicionamento geográficos, os portos se dividem em: • Interiores: localizam-se dentro de uma bacia hidrográfica, podendo ser: • Lagunares: localizados em lagos ou lagoas. • Fluviais: localizados em rios. Logística de Transporte 15 • Exteriores: localizam-se na região costeira do continente, sendo classificados como: • Salientes à costa (ou ganhos de água): .quando aterrados sobre o mar. • Encravados em terra (ou ganhos à terra): ...................quando formam bacias, canais ou dársenas. • Ao largo (ou off-shore): localizados distante da costa ou da área de arrebentação. Classificação dos Portos Quanto à Natureza Quanto à sua composição natural, os portos se dividem em: • Naturais: quando já são providos de um formato topográfico e geológico pré-existente, favorecendo a sua implantação. • Artificiais: quando a natureza não favorece, forçando a execução de obras para modificar o formato geológico e topográfico do local. Classificação dos Portos Quanto a sua Utilização Quanto ao tipo predominante de carga a ser despachada ou recebida pelos portos, eles podem ser divididos em: • Portos de carga geral: quando movimentam carga em geral, quer sejam unitizáveis ou a granel. Nesse tipo de porto, qualquer carga pode ser movimentada, sem restrições quanto à natureza do produto transportado, normalmente, sendo unitizados e carregados em contêineres. • Portos de carga específica: são terminais especializados na movimentação de certos tipos de cargas, como granéis líquidos, sólidos, produtos pesqueiros, militares etc. Logística de Transporte 16 Profundidade e Acessibilidade Um dos fatores mais relevantes na escolha de uma localização para se construir um porto está na profundidade das águas que irão rodeá-lo. Essa profundidade deve ser superior ao maior calado possível para uma embarcação que nele possa atracar. Outro aspecto muito importante para o dimensionamento de um porto está na largura de seus acessos, que deve ser compatível com o comprimento e a boca das embarcações a serem recebidas. Como pode ser observado na Figura 3, a boca é a largura máxima da embarcação, e o calado, a medida entre a linha d’água e o ponto mais baixo da embarcação. O comprimento é a medida da popa à proa, considerando sempre os pontos mais extremos. Figura 3 – C = Calado; Ca = Calado Aéreo Fonte: Wikimedia Commons. Logística de Transporte 17 SAIBA MAIS: Além do calado, boca e comprimento, existem outras medidas intrínsecas às embarcações, como o calado aéreo, que é a distância vertical medida desde a linha d’água (ou linha de flutuação) até o ponto mais alto da embarcação, dependendo o quanto a embarcação está carregada ou não, em flutuação pesada ou leve. Elementos Físicos Chamamos de elementos físicos de um porto as partes infraestruturais constituídas do canal de acesso, baía de evolução, baias de atracação, entre outros locais por onde passam as embarcações. • Canais de acesso: devem apresentar um calado compatível com a maior e mais pesada embarcação prevista para atracar no porto. Esses canais podem ser uni ou bidirecionais, como pode ser observado na Figura 4. Figura 4 - Canais de acesso Fonte: Lima (1998). • Estruturas de atracação: as estruturas mais comuns são: • Píer: plataforma que se projeta sobre o mar. • Cais: plataforma por onde as pessoas desembarcam e as mercadorias são descarregadas. Logística de Transporte 18 Elementos Operacionais Chamamos de elementos operacionais o conjunto de procedimentos que são executados em função da movimentação do navio, como por exemplo: a atracação, a rebocagem, a praticagem etc. VOCÊ SABIA? Você sabia que a praticagem é uma atividade exercida por profissionais altamente qualificados? O “prático” de navios é considerado um dos profissionais com uma das melhores remunerações do mundo. Sua função é a de orientar os navios desde sua aproximação (no anteporto) até a sua completa atracação no cais. Alguns práticos chegam a ganhar, no Brasil, até R$ 300.000,00 por mês. Os procedimentos aos quais nos referimos envolve extrema responsabilidade por parte de todos os atores. Qualquer deslize pode provocar o naufrágio ou sérias avarias em navios e suas cargas, gerando prejuízos incomensuráveis. Transbordo DEFINIÇÃO: Diz respeito ao processo de transferência de carga do terminal para o navio e o contrário, assim como ao transporte dessas cargas até o armazém, e vice-versa. Portanto, o transbordo consiste nos procedimentos que norteiam a movimentação e a transferência dos produtos, desde a embarcação, até o CD (Centro de Distribuição) ou outro veículo de transporte. Por exemplo, o transbordo pode ser encarado como os atos necessários para se transferir um contêiner de um navio para um vagão ferroviário, e deste para um galpão de armazenagem ou outro modal qualquer. O transbordo Logística de Transporte 19 de cargas em um complexo portuário faz nascer um outro conceito, que iremos tratar detidamente mais adiante. Trata-se do “Sistema Terminal”. DEFINIÇÃO: Sistema terminal é todo e qualquer conjunto de subsistemas integrados e articulados para realizar o transbordo de cargas até a unidade de armazenamento e vice-versa. São esses os subsistemas de um terminal marítimo: • Marítimo rodoviário: o descarregamento se dá diretamente em caminhões. • Marítimo ferroviário: o descarregamento se dá diretamente em vagõesde trem. • Marítimo rodoferroviário: não necessariamente nesta ordem, esse sistema prevê a articulação dos modais rodoviário e ferroviário para realizar o transbordo completo das mercadorias. Vias Tal como ocorre no modal aeroviário, o transporte marítimo não apresenta vias materializadas e bem definidas. Em vez disso, ele contempla um traçado planejado, conectando os pontos de origem e destino, a ser seguido pelas embarcações. A esses traçados damos o nome de rota. DEFINIÇÃO: Entende-se por vias marítimas as rotas traçadas entre os portos marítimos localizados em um ou mais de um país. As rotas podem ser de: • Longo curso: trata-se das rotas nacionais ou internacionais por meio de mares e oceanos. Logística de Transporte 20 NOTA: O Brasil não possui rotas nacionais que cruzam oceanos, como ocorre em alguns países que possuem braços de mar ou baías extensas em sua área continental. • Cabotagem: são as rotas que preveem o deslocamento das embarcações na faixa costeira, o que normalmente é realizado ao longo de portos situados em um mesmo país. Veículos No campo da logística de transportes, os veículos tipicamente utilizados no modal marítimo são os navios, mas existem outros tipos de embarcação que compõem o sistema de transporte marítimo como um todo, incluindo pequenas embarcações de apoio, além dos navios de passageiros. Classificação dos Navios De um modo geral, podemos classificar os navios da seguinte maneira: • Quanto à navegação: • De longo curso: aplicados ao transporte marítimo internacional. • De cabotagem: empregados no transporte marítimo nacional ou intercontinental. • Da navegação costeira: para cabotagem de pequeno porte, ao longo do litoral brasileiro. • De apoio portuário: para pequenos percursos, com o objetivo de dar suporte a outras embarcações e aos terminais marítimos, dentro da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do país. Logística de Transporte 21 VOCÊ SABIA? A Convenção sobre o Direito Marítimo da ONU determinou que as nações banhadas pelo mar podem declarar uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE), estabelecendo uma área demarcada por um traçado imaginário, limitada a duzentas milhas da costa, dividindo as águas nacionais e internacionais. Em sua ZEE, o país pode realizar projetos de pesquisa científica, explorar recursos naturais e realizar atividades de pesca, além de controlar o acesso por parte das embarcações estrangeiras. • Quanto à operação: • De linha (Liners trade). • À frente ou tramos (Trade). • De tráfego privado (Private trade). • Especializados. • Quanto à Atividade Mercantil: • Cargueiros (ou de carga). • De passageiros. • Mistos. Componentes de uma Embarcação A os componentes mais encontrados em uma embarcação, são: 1. Proa: significa a dianteira do navio, mas também pode ser entendido como sendo a direção frontal a ser seguida, como no termo “à proa”. 2. Bulbo: componente que serve de referência para medição do calado. 3. Âncora: ferramenta pesada de metal cuja função é fixar a embarcação em um local desejado. Logística de Transporte 22 4. Casco: superfície de vedação que impede a entrada de água, mantendo o navio emerso. 5. Hélice: dispositivo girante cuja função é gerar um fluxo de água no sentido inverso ao do movimento desejado – em outras palavras, é o motor que impulsiona o navio para frente ou para trás. 6. Popa: parte traseira do navio, mas também pode ser entendido como sentido para ré (para trás). 7. Chaminé: funciona como um cano de escape dos motores do navio. 8. Ponte: passarela ou ambiente de onde o navio é comandado. 9. Convés: superfície de cobertura superior do casco do navio. Velocidade e Peso dos Navios A velocidade náutica é medida normalmente em nós. Uma embarcação consegue navegar, em média, com velocidades entre 19 e 27 nós. 1 nó = 1,85 km/h Já no que concerne ao peso de um navio, podemos encontrar diversas formas de expressá-lo. Uma delas é por meio do conceito de deslocamento, ou seja, o peso deslocado pelos motores do navio, que pode considerar apenas o navio, ou incluindo sua carga transportada. • Peso em deslocamento bruto (gross displacement): peso máximo deslocado pelo navio, considerando motor, casco, equipamentos, tripulação, bagagens, combustível e carga. • Deslocamento líquido (net displacement): peso considerando apenas motor, casco e equipamentos. • Tonelagem de porte: podem ser divididos em: • Bruto: é a subtração entre o deslocamento bruto e o líquido, representando, assim, o peso máximo que pode ser Logística de Transporte 23 transportado, incluindo carga, combustível e equipagem (peso morto). • Líquido: representa o peso máximo, considerando apenas a carga e os passageiros. • Operacional: é a diferença entre a tonelagem de porte bruto e a de porte líquido. Com essa diferença, obtemos tanto o peso da equipagem quanto o peso do combustível. Navios Cargueiros De modo geral, são assumidos como os navios fundamentais da logística de transporte, porque são muito versáteis. Podem ser distribuídos quanto à capacidade de carga, quanto ao tipo de carga e quanto à compatibilidade com diferentes tipos de carga. • Classificação quanto aos Recursos Embargados • Gearless: estão à mercê de equipamentos portuários no que tange à movimentação de suas cargas, visto que não contam com nenhum equipamento de movimentação próprio. • Self-sustaining ship (ou Self-loading/unloading): são considerados autossuficientes, porque apresentam equipamentos de movimentação de cargas próprios. • Classificação quanto ao tipo de carga • General cargo ship (navio de carga geral): são usados para o transporte de carga seca, de carga embalada e de carga unitizada. • Reefer vessel (Navio frigorífico) / Full container ship (navio porta-contêiner): são usados para o transporte de cargas perecíveis sensíveis a temperaturas elevadas, porque são equipados com dispositivos de refrigeração. • Full container ship (navio porta-contêiner): são usados para o transporte de contêineres em geral. Logística de Transporte 24 • Bulk carrier (navio graneleiro): são usados para o transporte de a granel, sejam sólidas ou líquidas. • Roll-on Roll-off (Ro-Ro): são usados para o transporte de veículos; • Tanker ship (navio tanque): são usados para o transporte de granéis líquidos. • Multipurpose ship (MPV) – navio para multi cargas e multipropósitos: são usados para o transporte de diferentes tipos de cargas, porque são muito versáteis. • Seabee (sea barge): são usados para o transporte de outras embarcações, sem que seja necessário atracá-los. Normalmente, são semissubmersíveis – ou seja, navegam na língua d’água. RESUMINDO: E então, aprendeu tudo que tratamos neste capítulo? Esperamos que sim, mas para termos certeza trouxemos alguns elementos que tratamos no nosso estudo. Nos dedicamos neste capítulo ao estudo do modal de transporte marítimo que é considerado o mais importante no âmbito da logística internacional, pois conecta o fluxo de mercadorias entre países de diferentes continentes. Vimos que o porto é considerado como um tipo de abrigo, isto é, uma instalação devidamente equipada cuja finalidade é proteger as embarcações contra as principais intempéries da natureza. Ainda, estudamos a divisão do porto, consistindo em: porto, anteporto, retroporto; e pode ser classificado quanto à localização, à natureza, bem como a sua utilização. Ainda nos debruçamos no estudo dos elementos físicos sendo eles os canais de acesso e as estruturas de atracação. Estudamos que o transbordo consiste nos procedimentos que norteiam a movimentação e a transferência dos produtos, desde a embarcação, até o CD, como também os veículos e as vias do modal marítimo. Logística de Transporte 25 Transporte Hidroviário OBJETIVO: Neste capítulo, vamos compreender os processos inerentes ao modal hidroviário, discorrendo sobre as característicasda via e dos veículos desse modal. Além disso, você irá conhecer o modal hidroviário e as particularidades da navegação em hidrovias. Pronto? Vamos lá!. Modais Hidroviários Por ser um subsistema do modal aquaviário, muitos dos conceitos abordados no modal marítimo são válidos para o hidroviário. As embarcações são semelhantes e, em alguns casos, as mesmas que cruzam mares e oceanos também se aplicam a grandes bacias fluviais, como a Amazônica, por exemplo. As diferenças ficam basicamente por conta das vias (rios e canais), que merecem atenção especial dadas as limitações físicas que naturalmente apresentam, tais como profundidade e largura das hidrovias, quase sempre bem inferiores às vias marítimas. É importante, ainda, ressaltar que: O transporte aquaviário, incluindo o marítimo e o hidroviário interior, é geralmente apontado como o meio mais eficiente e de menor custo. De fato, o consumo de combustível e o custo associado aos veículos são em geral menores que nos modos terrestre (rodoviário e ferroviário) e aéreo. Essas características são mais importantes para o transporte de produtos de baixo valor agregado e que envolvam grandes volumes, uma vez que, neste caso, o transporte representa uma porcentagem significativa do valor comercializado. Isso contrasta com os produtos de alto valor agregado, caso em que o tempo passa a ter maior relevância. Além disso, o transporte pelas águas costuma se valer de vias naturais preexistentes, o que reduz o custo associado à implantação das vias, que é alto em ferrovias e rodovias. O transporte aéreo também não depende da implantação de uma pesada infraestrutura viária, mas para isto depende de veículos de alto custo e elevado consumo de combustível, o que não ocorre no transporte aquaviário (POMPERMAYER, 2014, p. 22). Logística de Transporte 26 Tendo em vista o seu baixo custo, o transporte hidroviário é utilizado principalmente para exportação. Ainda, além do menor gasto energético, ele é de menor imposição em relação a custos ambientais, isto é, de menor quantidade de energia para a recomposição do Meio Ambiente. As principais hidrovias do Brasil são: • Amazônica. • Tocantins-Araguaia. • Paraná-Tietê. • Paraguai. • São Francisco. • Sul. Vias São consideradas hidrovias: • Rios: os rios são considerados como correntes de água natural que são dirigidos em direção ao mar, ao lago ou outro rio. Além dos rios em sua forma ampla, temos os riachos, córregos e ribeirões que são rios mais estreitos ou mais rasos, ou ainda que possua um voluma maior de água. Figura 5 – Rio Fonte: Freepik. Logística de Transporte 27 • Lagos: constitui uma porção grande de água e encontra-se cercado por todos os lados com terra. • Lagoas: são lagos que possuem uma comunicação direta com o mar; • Açudes: constitui em um tipo de barreira artificial. • Toda e qualquer porção de água em que se possa viabilizar a prática da navegação. Dimensões dos Canais Hidroviários As dimensões dos canais hidroviários correspondem a: • Vias de mão simples: 2,2 vezes a largura da embarcação. • Vias de mão dupla: 4,4 vezes a largura da embarcação. • Via reta com sinalização e balizamento: 1,5 vezes a largura da embarcação. • Pontes sem cruzamento de embarcações: 3 vezes a largura da embarcação. • Vãos de pontes: margens de 5 metros em relação largura normal. • Altura sob pontes: é aconselhável ser maior que 15 m. No Brasil, a altura adotada é de, no mínimo, 7 m, e de 9 a 10 m é o recomendável. Balizamento Geralmente, os bazilamentos são situações em que são sinalizados os perigos naturais, as zonas que onde acontecem acidentes marítimos, os limites laterais dos canais. A sinalização de balizamento tem por objetivo demarcar a área do canal de navegação, orientado sempre da foz (encontro do rio com o mar) para a montante (nascente), utilizando de dispositivos como faróis, faroletes, boias e balizas para efeito de sinalização. De acordo com a figura seguinte, podemos identificar as seguintes terminologias náuticas para o direcionamento das embarcações: Logística de Transporte 28 • Proa: dianteira (frente) da embarcação. • Popa: traseira (atrás) da embarcação. • Bombordo: à esquerda do rumo da embarcação. • Estibordo: à direita do rumo da embarcação. Figura 6 - Orientação direcional para embarcações Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons. VOCÊ SABIA? Você sabe por que os principais pontos de orientação náutica recebem o nome de bombordo ou estibordo? Bem, começando pelo bombordo: esse nome se originou, porque, ao descerem o Atlântico ao longo da costa do continente africano, os navios tinham, à sua esquerda, as terras conhecidas e, respectivamente, seus portos seguros, sinalizado por uma luz vermelha à noite; já o lado oposto, sinalizado pela luz verde, recebe esse nome em função do termo holandês stierboord, que significa “do lado do leme”. Logística de Transporte 29 Sinalização ao Largo (Em meio às Hidrovias) Os sinalizantes de largo são os seguintes. • Baliza Trata-se de uma haste de ferro ancorada no fundo de um canal ou em pedras. Serve para demarcar o caminho de embarcações durante o período diurno. Figura 7 – Baliza Fonte: Wikimedia Commons. • Boia É um equipamento que, amarrado no fundo de um canal ou em pedras, flutua e, assim, demarca o caminho de embarcações. Funciona tanto durante o período diurno quanto o noturno. Logística de Transporte 30 Figura 8 – Boia Fonte: Wikimedia Commons. • Farolete Trata-se de uma coluna de concreto em terra. Sua luz alcança uma distância inferior a 10 milhas. Figura 9 – Farolete Fonte: Wikimedia Commons. Logística de Transporte 31 • Farol Trata-se de uma coluna de concreto em terra. Sua luz alcança uma distância superior a 10 milhas. Figura 10 – Farol Fonte: Wikimedia Commons. Navegabilidade nas Vias Fluviais Ao contrário do que acontece com a navegação marítima, a navegação fluvial pode ser limitada no interior de certas bacias hidrográficas, devido a pequenas profundidades, a barragens e a outros obstáculos. Então, para que as embarcações possam trafegar com segurança, é comum a existência de elevadores verticais, os quais garantirão a circulação da embarcação em diferentes níveis existentes nas bacias hidrográficas. Normalmente, os elevadores são constituídos por tanques cheios de água, que regularão a mudança de níveis. Logística de Transporte 32 RESUMINDO: E então, gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Como outro tipo de modal, nos dedicamos neste capítulo sobre o modal de transporte hidroviário. Vimos que esse modal é um subsistema do modal aquaviário, as diferenças entres esses modais reside nas vias (rios e canais), que merecem atenção especial dadas as limitações físicas que naturalmente apresentam, tais como profundidade e largura das hidrovias, quase sempre bem inferiores às vias marítimas. Estudamos, então, as dimensões dos canais hidroviários, cada um com uma largura específica, ainda vimos que a sinalização de balizamento tem por objetivo demarcar a área do canal de navegação, como também a sinalização nas margens de hidrovias, em pontes, ao largo. Diferentemente da navegação marítima, a fluvial enfrenta limitações em algumas bacias hidrográficas. Isso ocorre em função de obstáculos interpostos por barragens e baixas profundidades em certos trechos, merecendo uma maior atenção. Logística de Transporte 33 Transporte Dutoviário OBJETIVO: Neste capítulo, vamos abordar o mais rápido, seguro e econômico modal de transporte para produtos a granel: o dutoviário. Para isso, abordaremos seus processos logísticos e as características das dutovias, conhecendo o modal de transporte dutoviário e suas aplicações na indústria. Pronto? Vamos lá! Modais Dutoviários O modal dutoviárioé o sistema de transporte de cargas graneleiras por meio de tubulações (ou “dutos”), interligando duas ou mais unidades de armazenamento entre si ou com veículos de transporte, normalmente, aquaviários. As características do transporte dutoviário o fazem o mais rápido e econômico modal para cargas a granel, como gases, derivados de petróleo, álcool e, até mesmo, grãos e muitos outros granéis sólidos (como no caso dos silos). Figura 11 – Modal dutoviário Fonte: Freepik. Logística de Transporte 34 Os dutos que fazem o transporte nesse tipo de modal são tubulações desenvolvidas de forma especial e construídos seguindo as normas internacionais de segurança, visando ao transporte dos diferentes tipos de grãos e granéis sólidos, líquidos e gasosos. EXPLICANDO MELHOR: O modal dutoviário é um meio rápido e prático de levar cargas, normalmente líquidas e gasosas, de um ponto a outro. Na maioria das vezes, esses pontos se constituem em navios e unidades de armazenagem, como tambores e gôndolas. Veículos O modal dutoviário se caracteriza por não possuir veículo, apenas a via, que é a própria tubulação pela qual se desloca o material que, via de regra, se constitui em granéis (sólidos, líquidos ou gasosos). Cargas As cargas mais frequentemente utilizadas em sistemas de transporte dutoviário são os granéis líquidos e gasosos, dada a dificuldade de estas serem acomodadas em veículos de transporte convencionais. REFLITA: Imagine a quantidade de caminhões tanques necessária para se transportar um milhão de metros cúbicos de combustível entre um tambor e um navio cargueiro? Seriam necessárias inúmeras viagens, diversos veículos e um risco enorme de explosões e incêndios. Daí, a importância do modal dutoviário para o transporte de granéis líquidos, sobretudo os inflamáveis. Logística de Transporte 35 Vias A via, no modal dutoviário, se constitui no próprio sistema de tubulações que transportam os granéis entre os sistemas de armazenagem e distribuição, os quais são denominados terminais. DEFINIÇÃO: Entendemos por terminais os pontos de partida ou chegada dos granéis transportados através dos dutos, que podem ser armazéns (silos) ou pontos de distribuição (como os que abastecem navios píeres). Além dos terminais, uma dutovia tem de outros mecanismos e subsistemas que, juntos, proporcionam o deslocamento da carga, como apresentado na Figura 12. Figura 12 – Sistema dutoviário Na Figura 9, podemos conferir que a carga é inserida no duto por intermédio da gravidade. Nas demais etapas do percurso, em geral, a velocidade é reduzida, porque a carga atrita com superfície do tubo. Por essa razão, são utilizadas bombas e compressores, cuja instalação deve ser feita em determinados intervalos. Em determinados intervalos da tubulação, será necessário, também, acrescentar equipamentos capazes de limitar a velocidade das cargas, como válvulas de bloqueio. Isso evitará sobrecargas no sistema e ajudará as cargas a chegarem aos seus destinos em segurança. Outro equipamento de controle importante é o controlador de temperatura e de pressão das cargas, visto que, conforme atritam Logística de Transporte 36 com a superfície dos tubos, gerarão variação de temperatura. Isso é especialmente importante para o caso de transportes de gases. Classificação Quanto à Natureza da Carga Podemos classificar os dutos, em função das cargas a granel a que se destinam, em: líquidos, gasosos e sólidos. • Os líquidos se destinam ao deslocamento de água, de petróleo e de esgoto, petróleo e derivados, por exemplo. • Os gasosos se destinam ao deslocamento de gás natural e de dióxido de carbono, por exemplo. • Os sólidos se destinam ao deslocamento de minério e de cereais, por exemplos. NOTA: Embora tenhamos citado exemplos de resíduos sólidos, destacamos que a circulação por dutos depende do uso de fluidos, como água e ar. Classificação Quanto ao Tipo de Construção Os dutos podem ser classificados quanto ao tipo de construção que apresentam, como veremos nas subseções seguintes. Dutos Terrestres Trata-se de dutos construídos ou sobre a superfície do solo ou no interior do solo. • Subterrâneos: correspondem aos dutos que são enterrados visando à sua proteção contra intempéries e contra os curiosos, vandalismos, acidentes. Tendem a ser o tipo mais seguro, porque as mercadorias circulam sob o solo. Se houver vazamento, o próprio solo funcionará como amortecedor de possíveis impactos causados pela pressão. Logística de Transporte 37 • Aparentes: estão posicionados na superfície do solo e, de forma visível, em geral, estão próximos aos centros de bombeamento das cargas. Figura 13 – Duto aparente Fonte: Freepik. • Aéreos: para que se possa atravessar corpos d’água extensos, como lagos, rios e mares, são colocados acima do solo. • Submarinos: são colocados no interior de corpos d’água, ou seja, a maior parte desse tubo encontra-se submersa no fundo do mar. Esse tipo de duto é utilizado, geralmente, para transportar o petróleo das plataformas marítimas. Logística de Transporte 38 Figura 14 – Plataforma de petróleo com duto Fonte: Freepik. Dutos Encapsulados São destinados ao transporte de granéis cujo método de unitização é o encapsulamento. Usam-se água e ar para fazê-los circular nos dutos. De modo geral, é um sistema empregado para possibilitar a circulação de granéis sólidos, reduzindo o atrito entre as cargas e a superfície dos dutos. • Pneumatic Capsule Pipeline (PCP): recebem uma grande quantidade de ar entre seu interior e costumam ser destinados ao transporte de correspondências em alta velocidade. • Hydraulic Capsule Pipeline (HCP): adota água como facilitadora do transporte de cápsulas. Como a água é mais fluida do que o ar, demanda um gasto menor de energia em relação ao sistema anterior. • Coal Log Pipeline (CLP): é exclusivo para o transporte de carvão e de certos minérios, que, compactados em cilindros, trafegam pelos dutos imersos em água. Logística de Transporte 39 Figura 15 – Pipeline Fonte: Freepik. Capacidade de Velocidade dos Dutos Para que consigamos obter a capacidade de velocidade dos dutos, usaremos a equação seguinte, que relaciona a quantidade de carga às propriedades da carga, à capacidade dos mecanismos de propulsão e ao tempo de transporte. 𝒞 = 𝜌×𝓈×𝓋×𝓉 𝒞 = Capacidade. 𝜌 = Peso da carga. 𝓈 = Seção transversal do duto. 𝓋 = Velocidade dos mecanismos de propulsão. Logística de Transporte 40 𝓉 = Tempo necessário de transporte da carga até seu destino. A velocidade da carga variará de 2 a 10 km/h. Pode parecer uma velocidade pequena, mas devemos avaliar que os dutos funcionam 24h por dia, durante sete dias por semana. Malha Dutoviária Brasileira Como acontece com os demais modais, nossa malha dutoviária é pequena quando comparada com a de outros países, o que nos torna menos competitivos. Por essa razão, o transporte por modal rodoviário acaba sendo mais usado, resultando em custos maiores e em mais impactos ambientais. Por fim, cabe destacarmos as vantagens da utilização do transporte dutoviário: • Possibilita o deslocamento de grandes quantidades de produtos de forma segura, a diminuição no tráfego de cargas perigosas por meio do transporte terrestre ou aquaviário e, devido a isso, acarreta uma redução nos riscos de acidentes ambientais. • Fazem com que o processo de carga e descarga seja simplificado. • Podem acarretar uma dispensa de armazenagem. • Há uma redução dos custos com transportes. • Diminuição na possibilidade de perdas ou roubos. • Diminuição do desmatamento. • Acarreta uma melhoria na qualidade do ar nas grandes cidades. • É de alta confiabilidade. • É de fácil implantação. • Tem um baixo custo de energia. • Tem um baixo custo operacional. Logística de Transporte 41 RESUMINDO: E então, gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmotudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Nos dedicando ainda aos modais de transporte, neste capítulo estudamos sobre o transporte dutoviário, sendo ele o sistema de transporte de cargas graneleiras por meio de tubulações. O transporte dutoviário apresenta algumas características que o tornam seguramente o mais rápido e econômico modal para cargas a granel, tais como: gases, derivados de petróleo, álcool e, até mesmo, grãos e muitos outros granéis sólidos. O modal dutoviário se caracteriza por não possuir veículo, apenas a via. Ainda, vimos que as cargas mais frequentemente utilizadas em sistemas de transporte dutoviário são os granéis líquidos e gasosos. Vimos a classificação das mercadorias de dutoviária quanto à natureza, quanto ao tipo de construção, além do que vem a ser os dutos encapsulados e a capacidade de velocidade dos dutos. Por fim, compreendemos sobre a malha dutoviária brasileira. Logística de Transporte 42 Multi e Intermodalidades no Transporte de Cargas OBJETIVO: Neste capítulo, observaremos o modo como todos os modais que vimos anteriormente se relacionam, razão pela qual estudaremos os conceitos de multimodalidade e de intermodalidade. Pronto? Vamos lá!. Transporte Multimodal e Intermodal Quando tratamos da integração de diferentes modais, tratamos, necessariamente, de multimodalidade e de intermodalidade, caso em que as cargas chegaram a seu destino por intermédio de dois ou mais modais. Nas próximas seções, veremos as características de cada um desses processos. Figura 16 – Carga e descarga de contêiner Fonte: Freepik. Logística de Transporte 43 Os transportes multi e intermodais não se constituem em um novo tipo de modal, mas na articulação de dois ou mais deles, de forma integrada. Graças a essa articulação, é possível fazer com que as mercadorias sejam entregues nos mais diferentes e remotos pontos, fazendo uso de dois ou mais tipos de veículos. EXPLICANDO MELHOR: Isso ocorre sempre que um contêiner é descarregado de um navio e colocado sobre a caçamba de um caminhão, que o descarrega em um vagão de trem até um centro de distribuição, por exemplo. Multimodalidade Trata-se, basicamente, do uso de mais de um modal para o transporte de cargas, estando esses modais sob a responsabilidade de um mesmo Operador de Transporte Multimodal (OTM). A legislação brasileira indica que todo o ciclo logístico do transporte é inerente à multimodalidade. Isso significa que todas as etapas de transporte, desde o recebimento da carga até a sua entrega ao destinatário, são contadas para a definição de multimodalidade. Figura 17 – Multimodalidade Fonte: Freepik. Logística de Transporte 44 A multimodalidade consiste no transporte de um carregamento de mercadorias por meio de mais de um modal, sob responsabilidade contratual de um único Operador de Transporte Multimodal (OTM). O transporte multimodal é definido e regulado pela Lei Federal nº 9.611, de 19 de fevereiro de 1998, em seus artigos 2º e 3º, como descrito na sequência: Art. 2º Transporte Multimodal de Cargas é aquele que, regido por um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade única de um Operador de Transporte Multimodal Parágrafo único. O Transporte Multimodal de Cargas é: I - Nacional, quando os pontos de embarque e de destino estiverem situados no território nacional; II - Internacional, quando o ponto de embarque ou de destino estiver situado fora do território nacional. Art. 3º O Transporte Multimodal de Cargas compreende, além do transporte em si, os serviços de coleta, unitização, desunitização, movimentação, armazenagem e entrega de carga ao destinatário, bem como a realização dos serviços correlatos que forem contratados entre a origem e o destino, inclusive os de consolidação e desconsolidação documental de cargas (BRASIL, 1998, on-line). A legislação, como pode ser observado no texto da lei, engloba todo o ciclo logístico do transporte como sendo inerente à multimodalidade, ou seja, desde o recebimento da carga, incluindo sua unitização ou desunitização, até a entrega ao destinatário final. IMPORTANTE: Os contratos com os OTMs precisam ser claros, pois qualquer omissão ou dupla interpretação pode acarretar o rompimento do ciclo logístico. Por exemplo, a carga ser entregue apenas no centro de distribuição e não ao destinatário final. Logística de Transporte 45 O transporte de carga em território nacional, sobretudo quando perpassa dois ou mais estados da Federação, exige do operador a emissão e apresentação de diversos documentos, um para cada órgão de fiscalização. Isso tem a ver com o transporte de cargas por diferentes estados brasileiros: quando o transporte envolve mais de um estado e mais de um modal, se houver um único Operador de Transporte Multimodal (OTM), a emissão e apresentação de documentos será simplificada, limitando a um documento apenas. Intermodalidade Diferentemente do transporte multimodal, o transporte intermodal não se utiliza de um único contrato para reger todo o percurso da mercadoria entre os diversos modais. Essa modalidade caracteriza-se pela emissão de vários documentos de transporte, um para cada modal. Figura 18 – Intermodalidade diferentes contratos Fonte: Freepik Na intermodalidade, as responsabilidades pelo transporte são divididas entre as transportadoras. Também, requer um gerenciamento mais apurado por parte da Logística Empresarial. Logística de Transporte 46 NOTA: Não há uma legislação específica para o transporte intermodal, portanto cada trecho executado é considerado pelos órgãos de fiscalização como um procedimento de transporte a parte. Nesse caso, há mais de um Operador de Transporte Multimodal (OTM), havendo mais de um contrato de transporte para o percurso das cargas. Por essa razão, a circulação das cargas por território nacional pode envolver diferentes documentos. Como a documentação, as responsabilidades pelas cargas estão diluídas entre as transportadoras. NOTA: Ao contrário do acontece com o transporte multimodal, não existe um marco legal específico para o transporte intermodal. Assim, cada trecho do transporte estará sujeito às exigências de seu respectivo órgão fiscalizador. Fracionamento de Cargas Um fator decisório que deve ser levado em consideração, além do modal de transporte, é a forma de contratação deste modal. Além dos aspectos legais, que devem ser respeitados, a forma de como a carga é fracionada entre vários clientes deve ser um ponto de atenção importantíssimo, tanto na multimodalidade, quanto na intermodalidade. Desse modo, surgem dois conceitos importantes: • Carga fracionada: ocorre quando se têm poucos ou pequenos volumes a serem transportados. Nesses casos, não convém contratar um veículo exclusivo para transportar os produtos, e sim compartilhá-los com outros serviços de entrega que estão se utilizando da mesma rota, tornando assim o custo do frete mais acessível. Vemos muita entrega por fracionamento de carga com compras obtidas pela internet, tendo em vista que geralmente são volumes menores. Logística de Transporte 47 Figura 19 – Carga fracionada Fonte: Freepik. • Carga dedicada: ao se transportar um número considerável de unidades de carga, convém o fretamento exclusivo de um modal de transporte. A partir de uma determinada quantidade ou volume de carga, esta opção pode ser mais econômica do que o fracionamento da carga. Independentemente do fator custo, dispor de um veículo dedicado para transporte de carga oferece outras vantagens, como maior segurança e rastreabilidade do produto transportado. Logística de Transporte 48 Figura 20 – Carga dedicada Fonte: Freepik. Por meio desse fracionamento, a pessoa que contratar o transporteirá pagar apenas pelo espaço que ele utilizar no caminhão, reduzindo os custos de envio para o cliente final. RESUMINDO: E então, gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Compreendendo sobre o transporte de cargas e a sua importância, neste capítulo estudamos sobre o multi e a intermodalidades no transporte de cargas, vendo que os transportes multi e intermodais não se constituem em um novo tipo de modal, mas na articulação de dois ou mais deles, de forma integrada. Estudamos que a multimodalidade consiste no transporte de um carregamento de mercadorias por meio de mais de um modal, sob responsabilidade contratual de um único Operador de Transporte Multimodal e que a intermodalidade não utiliza de um único contrato para reger todo o percurso da mercadoria entre os vários modais. Essa modalidade se caracteriza pela emissão de vários documentos de transporte, um para cada modal. Logística de Transporte 49 REFERÊNCIAS BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: Logística Empresarial. Porto Alegre - RS: Bookman, 2006. BANZATO, E. Tecnologia da Informação aplicada à Logística. São Paulo: Instituto AMAM, 2005. BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São José dos Campos: Saraiva, 2015. POMPERMAYER, F. M. et al. Hidrovias no Brasil: perspectiva histórica, custos e institucionalidade. Brasília: IPEA, 2014. Logística de Transporte _heading=h.3dy6vkm _heading=h.kxdcdclsmufz Transporte Marítimo Modais Marítimos Portos Divisão de um Porto em Componentes Classificação dos Portos Quanto à Localização Classificação dos Portos Quanto à Natureza Classificação dos Portos Quanto a sua Utilização Profundidade e Acessibilidade Elementos Físicos Elementos Operacionais Transbordo Vias Veículos Classificação dos Navios Componentes de uma Embarcação Velocidade e Peso dos Navios Navios Cargueiros Transporte Hidroviário Modais Hidroviários Vias Dimensões dos Canais Hidroviários Balizamento Sinalização ao Largo (Em meio às Hidrovias) Navegabilidade nas Vias Fluviais Transporte Dutoviário Modais Dutoviários Veículos Cargas Vias Classificação Quanto à Natureza da Carga Classificação Quanto ao Tipo de Construção Dutos Terrestres Dutos Encapsulados Capacidade de Velocidade dos Dutos Malha Dutoviária Brasileira Multi e Intermodalidades no Transporte de Cargas Transporte Multimodal e Intermodal Multimodalidade Intermodalidade Fracionamento de Cargas
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