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Fundamentos de investigação e criminalística, Livro Anhanguera

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1 
 
 
FUNDAMENTOS DE INVESTIGAÇÃO E 
CRIMINALÍSTICA 
CONHECENDO A DISCIPLINA 
Caro aluno, você tem nas mãos um manual introdutório que tem como finalidade abordar 
os fundamentos iniciais da criminalística para que você trilhe seus primeiros passos no 
conhecimento da temática. 
A criminalística, conforme a literatura especializada (BITTAR, 2020) pode ser 
conceituada como uma disciplina autônoma (uma vez que tem princípios e métodos 
próprios) que se vale, porém, dos aportes de múltiplas ciências, tais como a química, a 
física, a biologia, a medicina e a toxicologia para reconhecer e interpretar os indícios 
materiais extrínsecos do delito ou identificar o seu autor. 
Assim, o conhecimento dos fundamentos básicos da criminalística é essencial não só ao 
perito criminal (profissional que exerce esta disciplina por excelência), mas também ao 
profissional do direito que atua perante a justiça criminal, seja ele advogado, delegado de 
polícia, promotor de justiça, defensor público ou juiz de direito, tanto para conhecer o 
substrato teórico necessário para questionar erros evidentes em laudos que sejam feitos 
em desfavor do seu cliente, no contexto dos advogados, quanto para perseguir, de forma 
científica, a identificação da autoria e da materialidade das infrações como fazem 
profissionais encarregados da persecução penal. 
Com este objetivo, apresentaremos, em quatro unidades, os fundamentos básicos da 
criminalística. A primeira unidade apresentará um resumo do direito penal com os 
fundamentos da teoria do crime e comparação dos tipos penais mais importantes para a 
atividade da criminalística. A segunda analisará a lei processual penal, abarcando os 
princípios processuais, as prisões e a teoria geral da prova. A terceira unidade entrará na 
criminalística de fato, com o tema balística forense, armas de fogo e exames periciais 
sobre armas e munições. A quarta unidade analisará a medicina legal nos temas 
traumatologia, toxicologia forense e exames de corpo de delito. 
O estudo atento, com resolução de todas as questões, lhe dará os fundamentos básicos e 
os caminhos necessários para que você desenvolva o interesse na matéria e possa entrar 
em contato com os grandes autores da área. 
Bons estudos! 
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2 
 
UNIDADE I, SESSÃO 1 
INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL 
 
Fonte: Shutterstock. 
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CONVITE AO ESTUDO 
O conhecimento dos fundamentos básicos do direito penal é essencial ao profissional da 
criminalística. Não só é necessário conhecer as elementares dos tipos penais mais icônicos 
para a perícia criminal, como também é preciso ter o conhecimento dos substratos que 
compõem o conceito analítico de crime, bem como os princípios penais que limitam e 
condicionam o correto exercício do poder punitivo. Este será o objetivo desta unidade, 
que começará apresentando os conceitos gerais do direito penal e desaguará na análise 
das mais importantes normas incriminadoras para a perícia criminal. 
Ao longo da unidade, realizaremos, na primeira seção, um voo panorâmico pelos mais 
importantes institutos do direito penal brasileiro. Estudaremos os conceitos de crime ao 
longo da história, normas, regras e princípios que limitam e norteiam o poder punitivo do 
Estado, bem como as fontes do direito penal. 
Na segunda seção, mergulharemos especificamente no conceito analítico de crime, isto é, 
no estudo do fato típico, da ilicitude e da culpabilidade, uma vez que uma firme 
compreensão destes temas é absolutamente essencial para qualquer profissional que opera 
direta e indiretamente no sistema de justiça criminal, seja como perito, delegado de 
polícia, promotor de justiça, juiz, defensor ou advogado. 
3 
 
Na terceira e última seção da unidade, analisaremos o conteúdo jurídico dos crimes em 
espécie mais relevantes para o profissional da criminalística. Estudaremos o homicídio e 
suas qualificadoras (principalmente o feminicídio), os mais importantes crimes contra o 
patrimônio (furto e roubo) e, finalmente, veremos alguns tipos penais previstos na 
legislação extravagante, tais como posse e porte ilegal de armas e embriaguez ao volante. 
Ao final, teremos um conhecimento geral de direito penal material que é necessário como 
base para o conhecimento técnico-científico que perfaz o núcleo central deste material. 
Esperamos que você goste da caminhada e aproveite os conhecimentos expostos. 
PRATICAR PARA APRENDER 
Prezado aluno, estudaremos, nesta seção, os fundamentos do direito penal que são 
pressupostos necessários para o estudo da criminalística, tendo em vista que, conforme 
exposto na introdução da unidade, o perito criminal precisa conhecer a estrutura do crime 
cujas bases empíricas investigará por meio do método científico. Por isso, estudaremos 
aqui os fundamentos básicos do direito penal, o conceito de crime, seus princípios, regras 
e fontes. 
Imagine que você seja tenha sido recentemente aprovado no concurso para perito criminal 
da polícia civil de seu Estado e acaba de participar da sua primeira reprodução simulada 
dos fatos para que o delegado de polícia encarregado possa tipificar corretamente a 
conduta em um delito que aparentemente é de homicídio doloso. 
Na reprodução, todas as testemunhas afirmaram que o agente, Lúcio, foi abordado 
violentamente pela vítima, Antônio, que, anunciando um crime de roubo, apontou uma 
arma de fogo para Lúcio. Após uma luta corporal, Lúcio desarmou Antônio e disparou 
contra ele enquanto este tentava recuperar sua arma. Neste momento, testemunhas se 
evadiram do local, mas Lúcio afirmou que Antônio permaneceu de pé e continuou 
tentando recuperar sua arma, o que forçou Lúcio a atirar uma segunda vez na cabeça de 
Antônio. 
Contudo, ao finalizar o exame de balística, você concluiu que o segundo disparo não foi 
feito quando a vítima estava de pé. O projétil penetrou o crânio do ofendido em um ângulo 
de 45º, quando ele estava deitado, denotando uma execução. 
Assim, você começou a concatenar seus conhecimentos de direito penal para deduzir a 
correta capitulação jurídica do crime. 
Responda: qual dos substratos do conceito analítico de crime está presente no caso 
narrado? Houve legítima defesa? 
Ao final, você verá o quão é fascinante o mundo da criminalística. Ao trabalho! 
CONCEITO-CHAVE 
Caro aluno, nesta seção desenvolveremos um tema essencial à compreensão dos 
fundamentos de criminalística. Apesar do fato de que a criminalística é uma disciplina a 
partir da qual se aplica o método científico para desvendar a materialidade e autoria das 
infrações penais, é importante reconhecer que o conceito de crime é, antes de tudo, 
jurídico. É o estudo do direito que, por meio da dogmática (estruturação sistêmica dos 
institutos presentes na lei) nos traz a definição do objeto daquilo que será investigado pelo 
perito por meio dos instrumentos científicos. Assim, é fundamental que tanto o 
profissional do Direito quanto o investigador da polícia judiciária tenham o conhecimento 
4 
 
de quais são os elementos que compõem o conceito de crime. 
Tendo isso em mente, é relevante ressaltar que a doutrina penal nem sempre foi pacífica 
ao conceituar juridicamente o crime, por isso é possível destacar pelo menos 3 concepções 
básicas ao longo dos últimos dois séculos: o conceito formal, material e analítico do 
delito. 
Para o conceito formal de delito, o crime pode ser definido como a conduta humana 
formalmente proibida pela lei penal, isto é, trata-se do comportamento humano ao qual a 
lei comina sanções penais. Assim, o conceito formal se limita a definir o delito com base 
na previsão legal, focando, assim, em suas consequências jurídicas. Esta definição tem a 
capacidade de orientar os órgãos encarregados da persecução penal a identificar, dentre a 
imensa pluralidade de infrações previstas no ordenamento jurídico, quais delas são 
infraçõespenais. 
Já o conceito material de crime supera o formalismo para se concentrar na essência do 
comportamento. Assim, em sua definição material, o crime é a conduta que ofende ou 
que oferece perigo de ofensa aos bens jurídicos mais importantes para o desenvolvimento 
da vida em sociedade. É um conceito importante para limitar a atividade do legislador 
que deve criminalizar apenas atividades potencialmente lesivas aos bens jurídicos de 
terceiros. 
Porém, é relevante reconhecer que os dois conceitos supracitados são insuficientes, pois 
não concedem ao profissional do direito os atributos necessários para dar previsibilidade 
às decisões judiciais e afastar a existência da infração penal quando ausente um de seus 
elementos. 
Finalmente, o conceito analítico ou dogmático de crime é o mais aceito dentre os juristas. 
Criado no final do século XIX pelo doutrinador alemão Von Liszt e aprimorado durante 
todo o século XX, o conceito analítico define o delito a partir de sua decomposição em 
três substratos: o fato típico, a antijuridicidade (ou ilicitude) e a culpabilidade (LISZT, 
1959 apud BUSATO, 2018). Três substratos analisados em sucessiva ordem para que o 
operador do direito possa conhecer o principal objeto do direito penal e para que as 
decisões judiciais sejam mais técnicas e previsíveis. 
Resumidamente, podemos dizer que o fato típico é composto pela conduta, pelo resultado, 
pelo nexo de causalidade e pela tipicidade formal e material. 
A ilicitude, por sua vez, pode ser definida como a contrariedade entre o fato típico o 
ordenamento jurídico. Contrariedade esta que está relativamente presumida pela 
tipicidade, mas que pode ser afastada pela presença das causas de justificação: estado de 
necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular do 
direito. 
Por fim, a culpabilidade é definida por ser um juízo de reprovação pessoal, composto pela 
imputabilidade, pela potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta 
diversa. 
ASSIMILE 
Para o conceito formal, crime é a conduta que a lei define como criminosa. Para 
o conceito material, crime é a conduta que viola ou oferece perigo de violação aos bens 
jurídicos mais importantes para o desenvolvimento do indivíduo na sociedade. Já para 
o conceito analítico, crime é fato típico, ilício e culpável. 
É também importante compreender que o Brasil adotou um conceito dicotômico de 
infração penal. Isto porque o crime (entendido como sinônimo de delito) e a contravenção 
penal são as duas espécies de infração penal. Costuma-se dizer, doutrinariamente, que 
não há diferenças ontológicas (no plano da essência) entre crime e contravenção. A 
5 
 
diferença é axiológica (está no plano dos valores), pois o crime tem uma consequência 
jurídica mais pesada do que a contravenção. A distinção objetiva está prevista no artigo 
1º da Lei de Introdução do Código Penal (Decreto-Lei nº 3.914/41): ao crime, a lei comina 
pena de reclusão ou detenção (aliada ou não à pena de multa) enquanto à contravenção, a 
lei comina a pena de prisão simples (aliada ou não à pena de multa) ou multa isolada. 
Finalmente, também cumpre ressaltar que parte da doutrina jurídica brasileira adere a um 
conceito bipartite de delito, ou seja, define o crime como fato típico e ilícito, de forma 
que a punibilidade seria um mero pressuposto para aplicação da pena. O argumento desta 
corrente, oriunda da doutrina do professor Damásio de Jesus, se concentra no fato de que 
a culpabilidade diz respeito a um juízo negativo de censura, realizado a posteriori pelo 
julgador, existindo, pois, na mente do juiz e não do réu. Ademais, quando o código quer 
apresentar uma excludente de culpabilidade utiliza a expressão “é isento de pena”, 
enquanto as exclusões da ilicitude são anunciadas por meio da expressão “não há crime”, 
o que denotaria que somente a ilicitude seria substrato do crime (ESTEFAM; 
GONÇALVES, 2017). Contudo, tal entendimento é amplamente minoritário e não tem 
qualquer penetração na doutrina estrangeira (principalmente alemã) na qual é baseada 
toda a nossa ciência penal. 
REFLITA 
Se a ilicitude e a culpabilidade são, ambos, pressupostos para a aplicação da pena (uma 
vez que, faltando qualquer um deles, o agente não poderá receber punição) existe qualquer 
razão ou utilidade em afirmar que ilicitude e culpabilidade têm natureza distinta? 
Prezado aluno, passaremos, agora a estudar, ainda que sinteticamente, cada um 
dos substratos que perfazem o conceito analítico de crime. 
O primeiro substrato do conceito de crime se inicia pela própria conduta humana. Este 
já é, sem dúvida, um dos temas mais complexos de toda a teoria do delito. Quando se 
formou o conceito analítico de crime, a conduta era definida como o movimento corporal 
voluntário que causa um resultado naturalístico no mundo exterior. Tratava-se da 
teoria causalista, inspirada no positivismo científico e que era inadequada para explicar 
os crimes omissivos. Com a chamada abertura neokantista, a conduta passou a ser 
definida como um comportamento humano voluntário causador de um resultado 
juridicamente relevante. 
Contudo, nosso Código Penal adota a perspectiva da teoria finalista da ação, que define 
a conduta como um comportamento humano voluntário finalisticamente orientado. 
Assim, os elementos subjetivos outrora localizados na culpabilidade (dolo e culpa) foram 
deslocados para o fato típico, formando o conceito de crime conforme é mais aceito pela 
doutrina contemporânea. Este é o conceito que será utilizado neste material. 
Note agora que o resultado é o segundo elemento do fato típico. Ele é classicamente 
definido como o evento naturalístico consistente na modificação do mundo exterior 
causado pela conduta. Contudo, a doutrina moderna tende a afirmar que, embora nem 
todo crime apresente um resultado material, todo delito deve apresentar um resultado 
jurídico ou normativo, concernente à violação ou perigo de violação do bem jurídico 
tutelado pela norma incriminadora (o que condiciona a tipicidade material do delito), 
embora só os delitos materiais possuam resultado naturalístico. 
Tradicionalmente, os delitos são divididos quanto à presença de resultado naturalístico 
em materiais, formais e de mera conduta. 
Nos crimes materiais, o tipo penal descreve um resultado naturalístico do qual depende a 
consumação. Como exemplo podemos citar o homicídio (art. 121 do CP) e o roubo (art. 
157 do CP). 
6 
 
Nos crimes formais, a norma incriminadora descreve um resultado buscado pelo agente 
que é, porém, desnecessário para a consumação. Temos como exemplo a extorsão (art. 
158 do CP) no qual a consumação independe da obtenção da vantagem econômica por 
parte do agente. 
Já nos crimes de mera conduta, o tipo penal descreve apenas uma ação ou omissão, sendo 
desnecessário qualquer tipo de resultado. Exemplos comuns são os crimes de violação de 
domicílio (art. 150 do CP) ou porte ilegal de arma (artigos 14 e 16 da Lei nº 10.826/03). 
Há ainda uma distinção necessária. Os crimes materiais dependem de resultado 
naturalístico, mas não necessariamente deixam vestígios duradouros. Quanto aos 
vestígios, os crimes se classificam em transeuntes (delicta facti transeuntes), que não 
deixam vestígios duradouros, tais como os crimes contra honra (artigos 138, 139 e 140 
do CP), e não transeuntes (delicta facti permanentis), que deixam vestígios que podem 
ser periciados, como os delitos de homicídio (art. 121 do CP) e estupro (art. 213 do CP). 
O perito criminal, profissional da criminalística, normalmente se ocupa dos crimes não 
transeuntes, uma vez que, para estes, o Código de Processo Penal, em seu art. 158, impõe 
a obrigatoriedade do exame de corpo de delito, de forma que nem mesmo a prova 
testemunhal poderá suprir sua falta. “Art. 158: Quando a infração deixar vestígios, será 
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, nãopodendo supri-lo a 
confissão do acusado” (BRASIL, 1941). 
Já nexo causal pode ser definido como o vínculo de causa e efeito entre a conduta e o 
resultado material do qual depende a consumação do crime. Assim, a investigação do 
nexo de causalidade é bastante cara ao profissional da criminalística, uma vez que é 
muitas vezes o método científico próprio desta disciplina que vai definir se a conduta do 
agente foi a causadora do resultado criminoso ou se este deve ser creditado à conduta de 
outrem ou até mesmo ao acaso, o que mudaria de sobremaneira toda a criminalização da 
conduta. 
Como conceito de causa juridicamente relevante, nosso Código Penal, em seu artigo 13, 
adota a teoria da equivalência dos antecedentes causais, também chamada de conditio 
sine qua non, de Von Buri (BURI apud BITENCOURT, 2020, p. 336). Para esta teoria, 
causa é toda a ação ou omissão sem a qual a conduta não teria ocorrido. “Art. 13 – O 
resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu 
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. 
Assim, não se diferencia causa e condição e não se distingue hierarquicamente as causas 
de um crime. Ademais, para se investigar os antecedentes causais de um delito, esta teoria 
nos impõe um método: o juízo hipotético de eliminação, que consiste na eliminação 
mental das condutas sobre as quais recaem suspeita de terem sido a causa do resultado e, 
caso este seja logicamente eliminado, poderemos concluir que a ação é sua causadora. 
Caso o resultado não desapareça (ou não se modifique em tempo e intensidade) será 
forçoso concluir que a conduta não causou e o agente poderá responder, no máximo, pela 
tentativa (BITENCOURT, 2020, p. 337). 
Por fim, cumpre ressaltar que, quando existir concausa relativamente independente 
superveniente, a relação de causalidade será regrada pelo art. 13 § 1º do Código Penal: “a 
superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si 
só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou” 
(BRASIL, 1940). 
Assim, quando ocorre um evento alheio à conduta, porém desta dependente, o agente só 
responderá pelo resultado quando este se encontrar no desdobramento natural da ação, ou 
seja, na linha de desdobramento anatomopatológico desta. Caso contrário, será necessário 
concluir que a concausa produziu o resultado por si só e o agente somente responderá 
pela tentativa ou pelo resultado que causou anteriormente, a depender do seu dolo. A 
7 
 
função do parágrafo primeiro do artigo 13 é justamente impedir a imputação nos 
desdobramentos causais extraordinários (GRECO, 2018). 
EXEMPLIFICANDO 
No clássico exemplo no qual o agente dispara contra a vítima e esta é atendida por uma 
equipe de socorristas que a leva para o pronto-socorro. Caso a ambulância se choque com 
um caminhão e a vítima do disparo morra por esmagamento em função do abalroamento, 
o agente não responderá pelo resultado, mas apenas pela tentativa, pois a concausa terá 
produzido o resultado por si só. Entretanto, caso a vítima morra por conta da infecção do 
ferimento, o agente responderá pelo homicídio consumado, pois a infecção está no 
desdobramento natural da ação. 
A tipicidade foi, historicamente, o último substrato a ser adicionado ao conceito analítico 
de crime. Concebida em 1906 por Ernst Von Beling, a tipicidade penal costuma ser 
conceituada como “o juízo de subsunção entre a conduta e os elementos que definem 
o tipo penal” (BELING, 1906 apud BITENCOURT, 2020, p. 357). O tipo penal, por sua 
vez, é o modelo abstrato de conduta proibida sob ameaça de pena. O Código Penal, a 
partir de seu artigo 121, apresenta um verdadeiro catálogo de tipos penais. 
Importante compreender que a adequação típica pode se dar por subordinação imediata, 
na qual a conduta de subsome diretamente ao tipo penal, ou por subordinação mediata, 
na qual a conduta não se subsome diretamente ao tipo, porém a tipicidade é satisfeita por 
uma norma de extensão do tipo penal, tal qual ocorre na tentativa ou na responsabilidade 
de partícipe, conforme consta nos artigos 14, II e 29 do Código Penal, respectivamente. 
Há ainda a tipicidade material, que consiste na violação ou perigo concreto de violação 
do bem jurídico tutelado pelo tipo penal. A ausência da tipicidade material resultará na 
aplicação do princípio da insignificância. 
Analisemos, agora, o segundo substrato do conceito de crime. A antijuridicidade ou 
ilicitude pode ser definida como o juízo de contrariedade entre o fato típico e o 
ordenamento jurídico. No direito brasileiro, prevalece a teoria da ratio cognoscendi, 
segundo a qual a presença da tipicidade é indiciária da ilicitude, isto é, o fato típico 
estabelecerá a presunção de que a conduta também é ilícita. Presunção esta que poderá 
ser afastada a partir da presença de uma das causas de justificação, também chamadas de 
excludentes de ilicitude. O Código Penal lista quatro destas causas no artigo 23. 
A primeira das excludentes de ilicitude é o estado de necessidade, descrito no artigo 24 
do Código Penal e caracterizado pelo conflito entre interesses lícitos, no qual o agente 
precisa sacrificar bem jurídico para salvar outro, de igual ou maior valor, de uma situação 
de perigo atual inevitável por outros meios e que não foi causada por sua vontade. 
Estado de necessidade 
Art. 24 – Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo 
atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio 
ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
§ 1º – Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o 
perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º – Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser 
reduzida de um a dois terços. 
A legítima defesa, a mais conhecida das descriminantes, ocorre quando o agente repele 
injusta agressão, atual ou iminente, utilizando moderadamente dos meios necessários. 
Entende-se que agressão é qualquer ataque, proveniente da conduta humana, que visa 
8 
 
lesionar bens jurídicos. A agressão será injusta quando for contrária ao ordenamento 
jurídico em sentido amplo e deve ser atual (estar acontecendo no presente momento) ou 
iminente (estar acontecendo no presente momento) e o meio é considerado necessário 
quando for o menos lesivo dentre aqueles capazes de afastar a agressão e que está à 
disposição do agente (GRECO, 2018, p. 452). 
Legítima defesa 
Art. 25 – Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios 
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se 
também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco 
de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. 
A doutrina afirma que quando o meio utilizado é flagrantemente desnecessário, haverá 
excesso intensivo, quando os meios defensivos são mantidos para além da atualidade ou 
iminência da agressão, haverá excesso extensivo. 
Cumpre ressaltar ainda que o pacote anticrime acrescentou um parágrafo único ao artigo 
25 para, supostamente, ampliar as hipóteses de legítima defesa por parte do agente de 
segurança pública quando uma vítima é mantida refém. Contudo, segundo a maior parte 
da doutrina especializada, a redação pobre do parágrafo atendeu a fins mais políticos do 
que jurídicos e a nova norma apresenta apenas um exemplo de legítima defesa que já 
estaria abarcado pela descriminante sendo completamente desnecessária e irrelevante 
(BITENCOURT, 2020). 
As duas últimas causas de justificação não estão descritas pelo Código Penal, mas apenas 
listadas no artigo 23 e serão aqui resumidas. 
O estritocumprimento de dever legal está presente quando o agente pratica um fato 
típico em razão de uma obrigação prevista em normas geral. Como exemplo, há a 
obrigação da autoridade policial em prender quem estiver em flagrante delito, conforme 
previsto no artigo 301 do CPP. 
Por fim, o exercício regular de direito se aplica quando o agente pratica fato típico em 
razão de uma atividade permitida ou até fomentada pelo ordenamento jurídico. Como 
exemplo, há a prática de esportes violentos, a realização de cirurgias estéticas ou a prisão 
em flagrante praticada por qualquer do povo, uma vez que o flagrante facultativo pode 
ser realizado por qualquer um. 
A culpabilidade, por sua vez, é o terceiro substrato do conceito analítico de crime e é 
modernamente conceituada como o juízo de reprovação pessoal que incide sobre quem 
pratica um fato típico e ilícito. Trata-se de um juízo normativo de censura que recai sobre 
o injusto penal. 
Quanto aos seus elementos, a culpabilidade é composta da imputabilidade, da potencial 
consciência da ilicitude e da exigibilidade de conduta diversa. 
A imputabilidade é a capacidade biopsicológica de compreender o caráter ilícito do fato 
ou de agir de acordo com este entendimento. No Código Penal brasileiro, os artigos 26, 
27 e 28 tratam da imputabilidade, que estará afastada em caso de doença mental (ou 
desenvolvimento mental incompleto), menoridade e embriaguez involuntária completa. 
A potencial consciência da ilicitude é o conhecimento culturalmente condicionado da 
antijuridicidade que recai sobre a conduta. Sua ausência levará ao erro de proibição, 
regulamentado no artigo 21 do Código Penal. 
Finalmente, a exigibilidade de conduta diversa consiste na análise da capacidade concreta 
que o agente possui, dadas as circunstâncias do caso concreto, de se comportar de acordo 
com o direito. O Código Penal apresenta duas causas de inexigibilidade de conduta 
diversa no artigo 22: a obediência hierárquica e a coação moral irresistível. 
9 
 
Passamos agora ao estudo das normas, regras e princípios do Direito Penal. O próprio 
direito pode ser definido como um conjunto escalonado e hierarquizado de normas 
jurídicas. Neste contexto, a norma pode ser conceituada como o próprio conteúdo 
proibitivo, mandamental, permissivo, explicativo ou complementar contido na lei (ou em 
qualquer outro diploma normativo. Em termos mais simples, a norma jurídica é composta 
de princípios e regras. 
As regras visam normatizar situações concretas, são aplicadas por meio da subsunção, 
isto é, encaixam-se no caso concreto ou não são aplicadas, permanecendo dormentes, e o 
conflito entre regras se dá a partir do afastamento de uma em detrimento da outra. 
O princípio, por sua vez, é uma norma estruturante do ordenamento jurídico, 
estabelecendo os limites e objetivos que as normas devem buscar. O conflito entre 
princípios pode ser resolvido com uma ponderação de valores, no qual se aplica o que for 
possível de cada um deles. 
EXEMPLIFICANDO 
O artigo 121 do Código Penal (crime de homicídio) contém uma regra. Porém, o assunto 
é estruturado da forma como ele se apresenta em razão do princípio da legalidade. 
O ordenamento jurídico brasileiro possui uma série de princípios constitucionais, 
explícitos e implícitos, que limitam e racionalizam o poder de punir. Listaremos os mais 
importantes: 
• Princípio da intervenção mínima: a intervenção penal, por ser a mais gravosa 
das respostas do Estado, deve ter aplicação subsidiária quanto aos outros ramos 
do direito e fragmentária quanto ao bem jurídico que visa proteger. 
• Princípio da fragmentariedade: o direito penal só deve proteger os bens 
jurídicos mais importantes contra as ofensas intoleráveis. 
• Princípio da subsidiariedade: o direito penal deve ser a última ratio, isto é, deve 
ser secundário a todas as outras formas de controle social. 
• Princípio da insignificância: as condutas que não violam ou que não trazem 
perigo de violação ao bem jurídico tutelado pelo tipo penal serão materialmente 
atípicas. 
• Princípio da adequação social: o direito penal não deve punir as condutas que 
se mostram adequadas à ordem social historicamente condicionada. 
• Princípio da pessoalidade da pena: a pena não pode ultrapassar a pessoa do 
condenado. 
• Princípio da individualização da pena: a pena deve ser individualizada ao crime 
e ao criminoso. Desde a cominação, até a aplicação e cominação. 
• Princípio da legalidade: não há crime sem lei anterior que o define, não há pena 
sem prévia cominação legal. Toda norma incriminadora deve ser precedida de lei 
escrita, estrita, prévia e certa. 
Ainda nos falta o estudo de um tema fundamental. Trata-se da resposta à pergunta: mas, 
afinal, de onde vem o direito? A fonte do direito pode ser conceituada como seu local de 
procedência ou a forma por meio da qual ele se materializa e pode ser conhecido pela 
população. 
A doutrina penal costuma dividir as fontes em fontes materiais (ou de produção) e fontes 
formais (ou de cognição) que analisemos. 
10 
 
• Fonte material ou de produção: diz respeito à entidade competente para 
produzir a norma. No Brasil, a única fonte material da norma penal é a União, por 
meio da Lei Federal, conforme artigo 22, I da Constituição Federal. 
• Fonte formal ou de conhecimento ou cognição: é a forma através da qual a 
norma se apresenta para a sociedade. Divide-se em: 
o Fonte formal imediata: tem aplicabilidade direta na resolução de casos 
concretos. Prevalece que a única fonte formal imediata do direito penal é 
a lei (ordinária ou complementar) em nome do princípio da legalidade. 
o Fonte formal mediata: serve como instrumento de interpretação da 
norma penal e é, segundo entendimento majoritário, a doutrina, o costume 
e os princípios gerais de direito. 
Encerramos aqui a primeira seção. Continuaremos tratando sobre o conceito analítico de 
crime com um olhar mais profundo aos seus substratos na próxima seção. Até lá! 
FAÇA VALER A PENA 
Questão 1 
O conceito jurídico de delito sempre foi um conjunto de sentidos a partir da qual o jurista 
pode compreender a estrutura e os limites da ordem jurídica. Uma gramática, a partir da 
qual pode-se limitar racionalmente o poder de punir e dar previsibilidade às decisões 
judiciais. 
Marque a alternativa que representa um dos substratos do conceito analítico de crime ou 
dos elementos que os definem. 
a. Antijuridicidade. 
b. Punibilidade. 
c. Responsabilidade civil. 
d. Razoabilidade. 
e. Proporcionalidade. 
Questão 2 
O princípio é a uma norma estruturante que limita e racionaliza o ordenamento jurídico 
estabelecendo o norte para o qual o sistema jurídico deve rumar. Trata-se de normas 
jurídicas lastreadas no texto constitucional. 
Considere as seguintes assertivas acerca dos princípios penais fundamentais. 
I. Segundo o princípio da legalidade, a criminalização deve preceder de lei escrita, 
estrita, prévia e certa. 
II. O princípio da insignificância serve como causa de redução de pena quando o 
prejuízo gerado pelo crime é muito pequeno. 
III. O princípio da pessoalidade da pena apregoa que a sanção penal deve ser 
individualizada ao crime e ao criminoso, proibindo-se a pena padronizada. 
IV. O princípio da individualização da pena afirma que a sanção penal não deve 
ultrapassar a pessoa do condenado. 
a. Estão corretas apenas as assertivas I e II. 
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11 
 
b. Estão corretas apenas as assertivas III e IV. 
c. Está correta apenas a assertiva I. 
d. Está correta apenas a assertiva III. 
e. Está correta apenas a assertiva II. 
 
Questão 3 
As fontes do direito penal são o local de proveniência da norma jurídica. Representam os 
entes competentes para a produção dos princípios e regras que compõem o ordenamento 
jurídico e a forma por meio das quais as normas se apresentam para a população em geral. 
Associe as colunas: 
I. Fonte material do direito penal. 
II. Fonte formal imediata do direito penal. 
III. Fonte formal mediata do direito penal. 
1. A lei federal em sentido estrito. 
2. Os princípios gerais de direito. 
3. A União. 
a. I- 1/ II-2/ III-3. 
b. I- 2/II-1/III-3. 
c. I-3/ II-1/ III-2. 
d. I-1/ II-3/ III- 2. 
e. I-3/ II- 2/ III-1. 
REFERÊNCIAS 
BITENCOURT, C. R. Tratado de direito penal: parte geral. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 
2020. 
BITTAR, N. Medicina legal e noções de criminalística. 9. ed. Salvador: Juspodivm, 
2020. 
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível 
em: https://bit.ly/3xPf5sM. Acesso em: 1 jul. 2021. 
BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. 
Disponível em: https://bit.ly/3r7b1BQ. Acesso em: 07 de julho de 2021. 
BRASIL. Decreto-Lei nº 3.914, de 9 de dezembro de 1941. Lei de Introdução do 
Código Penal. Disponível em: https://bit.ly/2U81j6b. Acesso em: 1 jul. 2021. 
BUSATO, P. C. Direito penal: parte geral volume 1. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
ESTEFAM, A. Direito penal esquematizado: parte geral. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 
2017. 
GRECO, R. Curso de direito penal: parte geral, volume I. 20. ed. Niterói: Impetus, 
2018. 
PRADO, L. R. Tratado de direito penal brasileiro: parte geral. 3. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2019. 
Bons estudos! 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3914.htm
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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO 
 
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SEM MEDO DE ERRAR 
No caso narrado, você terá acertado se concluir que Antônio iniciou a execução do crime 
de roubo, praticando fato típico, ilícito e culpável. Lúcio, até o momento em que 
desarmou seu atacante e disparou nele pela primeira vez, estava em excludente de 
ilicitude, especificamente, a legítima defesa. Isso porque Antônio, ao iniciar o crime de 
roubo, estava exercendo agressão injusta atual contra Lúcio, assim, o uso moderado dos 
meios necessários para afastar a injusta agressão é alcançado pela legítima defesa. Desse 
modo, por haver excludente de ilicitude, a conduta de Lúcio é típica, porém não é ilícita. 
Contudo, forçoso que você reconheça que, a partir da perícia, houve excesso extensivo 
de legítima defesa, uma vez que o último disparo denota execução. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
A SUBTRAÇÃO DE COISA ALHEIA MÓVEL E A PERÍCIA 
Prezado aluno, na última situação-problema acompanhamos as suas aventuras fictícias 
como um recém-concursado perito criminal em uma reconstituição simulada dos fatos de 
legítima defesa de homicídio. Imaginemos agora que, em um processo-crime pelo crime 
13 
 
de furto, Lucas fez a subtração de um telefone celular que, ao ser periciado, constatou ser 
um aparelho já previamente estragado, de maneira que eventual conserto é impossível. 
Neste caso, após o resultado da perícia, você se pergunta: há algum princípio penal 
fundamental que poderia ser aplicado? 
RESOLUÇÃO 
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14 
 
UNIDADE I, SESSÃO 2 
ELEMENTOS DO CRIME 
 
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PRATICAR PARA APRENDER 
Na última seção estudamos alguns conceitos referentes à teoria da norma penal. Vimos o 
conceito do crime, os princípios penais fundamentais e as fontes do direito penal. Porém, 
as investigações introdutórias necessárias ao conhecimento da criminalística ainda não 
terminaram. Nesta seção, daremos um mergulho mais profundo na teoria do delito e 
investigaremos os substratos que perfazem o conceito analítico de crime. 
Perceba que este é o núcleo duro do próprio direito penal e, por isso, absolutamente 
essencial para todos aqueles que trabalham de forma direta ou indireta com o sistema de 
justiça criminal, afinal, de que adiantaria um conhecimento específico tangente aos 
crimes em espécie ou às táticas de investigação quando se desconhece o próprio conceito 
de crime? 
Nosso objetivo aqui será resumir, de forma objetiva e voltada para os conhecimentos 
necessários ao profissional da criminalística, o fato típico, a ilicitude e a culpabilidade, 
ou seja, os elementos que perfazem o conceito de crime tal qual aceito hoje pela maior 
parte da doutrina jurídica (BITENCOURT, 2020). Por isso, daremos ênfase àqueles que 
serão essenciais para as funções que queremos fundamentar, como o conceito de conduta 
15 
 
ou o nexo de causalidade. 
Continuaremos a acompanhar a história do recém-concursado perito criminal João 
enquanto este auxilia a polícia judiciária a desvendar a materialidade e autoria de diversos 
delitos. Desta vez, João participou da reprodução simulada dos fatos de um caso 
interessante e complexo. Após uma briga de torcida, dois indivíduos, Márcio e Otávio, 
foram gravemente feridos. O primeiro com um ferimento por arma de fogo disparada à 
queima-roupa na região torácica e o segundo por um instrumento perfuro-cortante que o 
penetrou na região abdominal. Ambos foram atendidos por socorristas que chegaram em 
ambulâncias diferentes. O veículo que levava Márcio sofreu um acidente a caminho do 
hospital e abalroou um caminhão em uma batida frontal. Márcio morreu em função do 
acidente. 
A ambulância que atendeu Otávio, por sua vez, chegou emsegurança ao hospital, porém, 
ele faleceu em virtude de uma infecção generalizada que se instalou a partir do ferimento, 
uma vez que seu intestino grosso foi perfurado. 
A partir destas informações, João recordou o que aprendera em direito penal e se 
perguntou: os autores das agressões contra Márcio e Otávio poderão responder pelos 
respectivos resultados fatais? 
Saiba que o conhecimento desta seção irá fundamentar todo o resto de nosso livro. Mãos 
à obra! 
CONCEITO-CHAVE 
Caro aluno, nesta seção, mergulharemos, de forma mais verticalizada, no núcleo essencial 
da dogmática jurídico-penal: estudaremos os substratos do conceito analítico de crime, 
isto é, analisaremos o fato típico, a ilicitude e a culpabilidade. 
A doutrina jurídica, a partir do século XIX, concebeu um conceito de crime a partir da 
divisão de seus substratos ou elementos. O novo conceito analítico de crime, construído 
primariamente por juristas alemães como Franz Von Liszt e Ernst Von Beling e 
desenvolvido por toda a doutrina jurídica a partir de então, se transformaria na principal 
ferramenta do profissional do direito para compreender o mais importante objeto do 
sistema punitivo (o crime) e para a necessária previsibilidade das decisões judiciais. Para 
este conceito, o delito é definido a partir de sua decomposição em seus substratos básicos: 
o fato típico, a ilicitude e a culpabilidade (BITENCOURT, 2020). 
Estudemos agora, com mais atenção e densidade, cada um destes elementos. 
O primeiro elemento do fato típico (e o mais essencial dos elementos que perfazem o 
conceito de crime) é a conduta humana, que sempre foi o eixo ao redor do qual giram 
todos os outros elementos do conceito de crime. A definição de conduta, entretanto, 
sempre sofreu constantes mutações baseadas nos múltiplos sistemas jurídicos a partir dos 
quais compreendemos os elementos do crime, afinal, o delito só existe enquanto produto 
da ação ou da omissão humana. 
A teoria causal-naturalística, cujo principal expoente foi Von Liszt, inaugurou a fase 
científica da teoria do crime, definindo a conduta como o movimento corporal voluntário 
causador de uma modificação no mundo exterior. Tal teoria se fundamentava em um 
positivismo cientificista (bem característico da segunda metade do século XIX) e 
propunha um conceito de ação incompatível com qualquer processo de valoração além 
daqueles referentes à observação empírica, além de ser incapaz de explicar a omissão e 
os delitos desprovidos de um resultado material (PRADO, 2019). 
No início do século XX, surge a teoria neokantista, ou causal-valorativa, que buscou 
afastar o pensamento jurídico da base cientificista, adotando um método próprio 
16 
 
relacionado a valores. Seus principais expoentes foram Frank, Radbruch e Mezger. Para 
o neokantismo, o direito é necessariamente permeado por valores culturais extrajurídicos, 
o que demanda categorias jurídicas que permitem estes processos de valoração, afinal, 
enquanto que nas ciências da natureza o sujeito cognoscente apenas explica o objeto 
cognoscível, nas ciências da cultura, o sujeito cognoscente compreende o objeto 
cognoscível, interrelacionando-se com este. Na perspectiva neokantiana, a conduta passa 
a ser definida como um comportamento humano voluntário por alguns dos autores, 
enquanto outros (como Radbruch) chegam a adotar uma perspectiva aberta, segundo a 
qual a conduta não precisaria (ou não poderia) ser conceituada a priori (BUSATO, 2018). 
Durante a década de 1930 do século XX, um prestigiado autor alemão criou o sistema 
teórico no qual se baseia o Código Penal brasileiro. Para o finalismo de Hans Welzel, a 
ação não pode ser simplesmente definida pela causação de um resultado naturalístico, 
pois o fato natural e a conduta humana apresentam um ponto fulcral de diferenciação na 
finalidade que dirige ação. Sim, pois, a conduta humana inicia-se com a proposição do 
fim desejado pelo agente, seguida da seleção dos meios de ação para realizar este fim e 
da representação dos efeitos colaterais necessários ou possíveis dos meios escolhidos. 
Desta forma, para Welzel, a conduta também não é definida axiologicamente, isto é, por 
valores, mas, sim, por sua base ontológica, ou seja, pela essência da conduta que é 
definida pela finalidade humana. Portanto, a conduta passa a ser definida como um 
comportamento humano voluntário voltado à realização de uma atividade final. Como 
consequência, os elementos subjetivos antes creditados à culpabilidade (dolo e culpa) 
passam a ser analisados no próprio fato típico. Como dito anteriormente, esta teoria é a 
mais aceita como aquela que nosso estatuto repressivo adotou a partir da reforma de 1984 
proporcionada pela Lei nº 7.209 (SANTOS, 2017). 
Por sua vez, a teoria social da conduta, construída por Eb Schmidt, define a conduta como 
um comportamento humano socialmente relevante ou, ainda, a manifestação externa da 
vontade com relevância social. Nesta ordem de ideias, haveria relevância social na ação 
que afeta a relação do indivíduo para com o seu meio. A doutrina tende a criticar esta 
teoria afirmando que o conceito de relevância social é por demais amplo e abstrato 
(PRADO, 2019). 
Cumpre apresentar agora duas das mais modernas teorias da conduta. 
Para a teoria personalista da ação, de Claus Roxin, a conduta é definida como a 
manifestação da personalidade do indivíduo, isto é, tudo o que pode ser atribuído a uma 
pessoa como centro de atos anímico-espirituais. Esta definição, bastante abrangente, 
exclui apenas os comportamentos que não são dominados ou domináveis pela 
voluntariedade do indivíduo e, com isso, Roxin endereça um problema atribuído à teoria 
finalista no sentido de que esta não se adequa às condutas culposas (BUSATO, 2018). 
ASSIMILE 
Principais teorias acerca do conceito de conduta: 
• Teoria causal-naturalística: movimento corporal que causa um 
resultado no mundo exterior. 
• Teoria neokantista: comportamento humano voluntário. 
• Teoria finalista: comportamento humano voluntário finalisticamente 
orientado à uma atividade final. 
• Teoria social: comportamento humano socialmente relevante. 
• Teoria personalista: a manifestação da personalidade do indivíduo, isto 
é, tudo o que pode ser atribuído a uma pessoa como centro de atos 
anímico-espirituais. 
17 
 
Agora passaremos ao próximo elemento, o nexo causal, que pode ser conceituado como 
a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado do qual depende a existência do 
crime. Para o profissional da criminalística, a relação de causalidade é um elemento 
extremamente importante do fato típico, tendo em vista que o método científico aplicado 
à elucidação dos delitos tem como precípua finalidade o apontamento da autoria delitiva 
e, para isso, é preciso concluir qual conduta deu causa aos resultados materiais da infração 
penal. 
Primeiramente, é importante compreender que o ordenamento jurídico-penal prevê 
delitos formais cujos tipos penais descrevem resultados buscados pelo agente, porém 
desnecessários para a consumação. Também apresenta crimes de mera atividade, nos 
quais a norma incriminadora não descreve qualquer resultado, mas uma mera ação ou 
omissão. Para estas duas categorias, a investigação do nexo de causalidade não é 
necessária. Este elemento do fato típico se torna relevante nos crimes materiais, isto é, 
nas infrações em que a norma prevê um resultado perceptível no mundo dos fatos. O 
homicídio (art. 121 do CP), a lesão corporal (art. 129 do CP) e o roubo (art.157 do CP) 
são exemplos de crimes materiais. A extorsão (art. 158 do CP) e a corrupção ativa (art. 
333 do CP) são delitos formais. Por fim, a violação de domicílio (art. 150 do CP) e o porte 
ilegal de arma (art. 14 Lei nº 10.826/03) são crimes de mera atividade. 
Para a definição do importante conceito de causa, duas teorias disputam espaço na 
doutrina. A primeira é a teoria da equivalência dos antecedentes causais,também 
chamada de conditio sine qua non, cujos precursores foram John Stuart Mil e Von Buri 
(GRECO, 2018). Para esta teoria, causa é toda ação ou omissão sem a qual o resultado 
não teria ocorrido. A praticidade da teoria é manifesta, uma vez que não estabelece 
qualquer diferença entre causa e condição e determina um método lógico para investigar 
a relação da causalidade: o juízo hipotético de eliminação. Devemos, assim, suprimir 
mentalmente as condutas que fazem parte desdobramento causal de determinado ilícito, 
possivelmente. Se, perante este exercício, o resultado desaparecer, a óbvia conclusão é de 
que a conduta foi sua causa. Contudo, caso o resultado permaneça, será forçoso afirmar 
que a conduta não foi sua causa, de forma que o agente não poderá responder pelo 
resultado. 
EXEMPLIFICANDO 
Imaginemos que João empreste arma para que Maurício mate Pedro. No entanto, no 
momento do ato ilícito, Maurício entrou em luta corporal com Pedro e o matou através 
da asfixia por esganadura. Neste contexto, mesmo que João tenha emprestado a arma com 
a intenção de colaborar para o homicídio, não poderá responder pelo crime, uma vez que, 
mesmo sem o auxílio por meio da cessão do armamento o delito teria ocorrido. 
Esta teoria foi adotada pelo Código Penal no caput do artigo 13: “O resultado, de que 
depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se 
causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido” (BRASIL, 1940). 
A doutrina tende a apontar ao menos dois problemas da equivalência dos antecedentes 
causais. O primeiro diz respeito à regressão ao infinito. Se causa é toda ação ou omissão 
sem a qual o resultado não teria ocorrido, o empréstimo da arma é causa do homicídio, 
mas também o é sua fabricação. O direito brasileiro contorna este problema por meio da 
tipicidade subjetiva, ou seja, observando-se a presença de dolo ou culpa, já que o artigo 
18 do CP afirma que todo crime é punido a título de dolo (vontade consciente) ou, quando 
previsto expressamente em lei, ao menos a título de culpa (inobservância de dever de 
cuidado: imprudência, negligência ou imperícia). Assim, o fabricante da arma não agiu 
com dolo ou culpa quanto ao homicídio praticado com o armamento, portanto, não 
18 
 
responderá pelo crime. 
O segundo problema da teoria diz respeito aos desdobramentos causais extraordinários, 
que são percebidos nas concausas relativamente independentes supervenientes que serão 
explicadas a seguir. Mas, antes, analisemos a segunda teoria que, segundo parte da 
doutrina, foi adotada pelo Código para solucionar este último problema. 
A teoria da causalidade adequada, de Von Bar e Von Kries, afirma que causa não é toda 
conduta sem a qual o resultado não teria ocorrido, mas, sim, aquela conhecida como capaz 
de produzir o resultado por si só de acordo com os conhecimentos experimentais 
disponíveis ao agente nas circunstâncias do caso concreto. A teoria tem o mérito de afastar 
a imputação nos desdobramentos causais imprevisíveis ou extraordinários: caso o agente 
dispare contra uma vítima e esta morra porque o hospital no qual foi atendida pegou fogo, 
aquele que disparou não responderá pelo homicídio, mas, no máximo, pela tentativa, uma 
vez que o incêndio não era a causa idônea previsível da morte no momento da conduta. 
A causalidade adequada apresenta, porém, duas inconveniências: ela dificulta a punição 
de partícipes que colaboram com condutas que não possuem, em si, qualquer lesividade, 
mas que se demonstram como essenciais ao resultado criminoso. Ademais, é perceptível 
o alto grau de indefinição acerca dos parâmetros valorativos necessários para medir o 
resultado como adequado ou previsível (BITENCOURT, 2020). 
Teceremos, neste momento, alguns comentários sobre as concausas. Estas são eventos 
alheios à conduta, porém relevantes para a produção do resultado. Para investigar a 
existência de nexo causal perante a presença de uma concausa, é necessário observar se 
esta produz o resultado de forma autônoma ou se trabalha em conjunto com a conduta. 
As concausas absolutamente independentes são aquelas que produzem o resultado de 
forma autônoma, sem o auxílio da conduta e, por isso, quebram o nexo causal de forma 
que não haverá imputação do resultado, mesmo quando são antecedentes, concomitantes 
ou supervenientes à conduta, afinal, a causa é toda ação ou omissão sem a qual o resultado 
não teria ocorrido. 
EXEMPLIFICANDO 
Na concausa absolutamentente independente, o resultado é produzido de forma autônoma 
com relação à conduta, de maneira que o elemento propulsor do resultado pode ser 
preexistente, concomitante ou superveniente ao comportamento do agente. Nos três 
casos, o nexo causal estará ausente e, portanto, o sujeito ativo só poderá responder pela 
tentativa. 
Preexistente: o agente dispara uma arma de fogo contra a vítima, mas esta morre em 
função de complicações respiratórias causadas pela COVID-19 pela qual já havia sido 
infectada e cujo quadro clínico não foi piorado pelo ferimento. 
Concomitante: o agente envenena o copo da vítima que morre de um ataque cardíaco não 
relacionado com a substância enquanto bebe. 
Superveniente: a vítima é envenenada, mas, enquanto dorme, morre soterrada nos 
escombros de sua casa quando esta é destruída pelo vazamento de uma barragem de 
rejeitos. 
Já nas concausas relativamente independentes, conduta e concausa se conjugam para 
produzir o resultado. Aqui, tendo em vista que a teoria da equivalência dos antecedentes 
causais foi a adotada pelo caput do art. 13 do Código Penal, existirá nexo de causalidade 
nas concausas relativamente independentes preexistentes ou concomitantes. No entanto, 
nas supervenientes, para evitar a imputação do resultado de desdobramentos causais 
extraordinários, o § 1º do art. 13 adotou interessante redação: “A superveniência de causa 
relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; 
19 
 
os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou” (BRASIL, 1940). 
Para parte da doutrina brasileira, o citado parágrafo adotou a teoria da causalidade 
adequada, de forma que, quando existe concausa relativamente independente 
superveniente, para se evitar a atribuição de desdobramentos causais extraordinários ou 
imprevisíveis, passam a ser considerados como produtores do resultado por si só. Assim, 
caso o resultado, conforme as regras gerais de experiência, seja um desdobramento 
normal da conduta, o agente responderá por ele. Contudo, caso o resultado surja a partir 
de um desdobramento que não está na linha de desenvolvimento físico previsível do 
comportamento, o agente responderá, no máximo, pela tentativa. 
EXEMPLIFICANDO 
Na concausa relativa independente, existe uma conjugação entre conduta e concausa para 
a produção do resultado. Ela pode ser preexistente, concomitante ou superveniente à 
conduta. 
Preexistente: o agente perfura a vítima com um instrumento perfuro-cortante querendo 
matá-lo, mas a morte surge apenas porque o ofendido é portador de hemofilia. Caso exista 
previsibilidade, o agente responderá pelo resultado, pois, sem sua conduta este não teria 
ocorrido. 
Concomitante: o agente dispara contra a vítima, mas erra o alvo. Porém, o ofendido 
morre devido a um ataque cardíaco causado pelo susto do disparo. Caso exista 
previsibilidade, o agente responderá pelo resultado, pois, sem sua conduta este não teria 
ocorrido. 
Superveniente que produz o resultado por si só: a vítima recebe um disparo de arma 
de fogo, mas morre em virtude de acidente de trânsito envolvendo a ambulância que o 
socorreu. Aqui, por força do artigo 13, § 1º, o agente não responderá pelo resultado pois 
o acidente não é um desdobramento ordinário do ferimento por arma de fogo. 
Superveniente que não produz o resultado por si só: a vítima recebe um disparo de 
arma de fogo e morre em virtude de infecçãogeneralizada que se iniciou a partir do 
ferimento. O agente poderá responder pelo resultado, uma vez que a infecção é um 
desdobramento adequado e previsível da conduta. 
A tipicidade penal foi criada por Ernst Von Beling em 1906 e pode ser definida como um 
“juízo de subsunção entre a conduta e os elementos que definem o tipo penal” (CUNHA, 
2020, p. 297). Este juízo de adequação pode se dar de forma imediata ou direta (quando 
a conduta está diretamente inscrita no tipo) ou de maneira mediata ou indireta, quando a 
tipicidade depende de uma norma de extensão, tal qual a tentativa (art. 14, II do CP) ou o 
concurso de pessoas (art. 29 do CP). 
O tipo penal, por sua vez, é definido como o modelo abstrato de conduta proibida sob a 
ameaça de pena. O Código Penal, a partir do artigo 121, apresenta um vasto repositório 
de tipos penais, mas estes também estão presentes na legislação extravagante, como a lei 
antidrogas, o Código de Trânsito Brasileiro ou o Estatuto do Desarmamento. Os tipos 
penais são formados por elementos objetivo-descritivos, normativos e subjetivos. Os 
elementos descritivos são aqueles percebidos pela mera constatação sensorial, ou seja, 
descrevem condutas, meios, modos, objetos e circunstâncias perceptíveis no mundo dos 
fatos, tais como o núcleo (verbo), sujeito ativo (agente ou omitente), sujeito passivo 
(titular do bem jurídico protegido e objeto material (pessoa ou coisa sobre a qual recai a 
conduta). Os elementos normativos são aqueles cuja compreensão depende de um juízo 
de valor, como a expressão “ato obsceno” contida no artigo 233 do Código Penal. Enfim, 
a partir da adoção da teoria finalista da ação, o tipo penal também contém elementos 
subjetivos que são aqueles que descrevem o estado psíquico do agente. Via de regra, todo 
20 
 
tipo penal exige um elemento subjetivo geral, que é o dolo (vontade consciente de realizar 
os elementos descritivos do tipo), mas alguns deles têm elementos subjetivos especiais 
que denotam um especial fim de agir (como a finalidade de obter vantagem como preço 
do resgate previsto no artigo 159 do Código Penal). 
Vamos agora ao segundo substrato do conceito de crime. A ilicitude pode ser conceituada 
como o juízo de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico, isto é, o fato 
ilícito é aquele contrário ao direito. Com a presença da tipicidade penal, a ilicitude é 
presumida, pois o ordenamento brasileiro adotou a teoria da ratio cognoscendi, que, 
resumidamente, afirma que a tipicidade estabelece uma presunção relativa de ilicitude, 
que pode ser afastada pelas causas de justificação, também chamadas de excludentes de 
ilicitude. O Código Penal, no artigo 23, enumera quatro delas: estado de necessidade, 
legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito. 
O estado de necessidade se caracteriza pelo conflito entre interesses lícitos, no qual uma 
situação de perigo atual, inevitável por outros meios, obriga o agente a sacrificar um bem 
jurídico para salvar outro de igual ou maior valor. A descriminante está prevista no art. 
24 do Código Penal: “considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para 
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo 
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável 
exigir-se” (BRASIL, 1940). 
O exemplo mais comumente encontrado de estado de necessidade está na disputa pela 
tábua de salvação em um naufrágio, mas podemos citar o pisoteio de pessoas para se 
escapar de uma boate em chamas ou até mesmo do furto famélico. 
Como requisitos, extraídos do citado artigo, há, primeiramente, a existência de uma 
situação de perigo atual não provocada dolosamente pelo agente, que pode ser definida 
como a exposição de um bem jurídico a uma probabilidade de lesão, provocada por um 
desastre natural, ou pela conduta humana não intencional. Ademais, a tal situação deve 
ser inevitável por outros meios, isto é, o sacrifício em estado de necessidade deve ser a 
última ratio. 
Também se apresenta como requisito legal a razoabilidade do sacrifício, ou seja, o bem 
jurídico sacrificado deve ser de valor igual ou inferior ao bem jurídico salvo. 
O Código Penal também exige, no § 1º do art. 24, a ausência do dever legal de enfrentar 
o perigo. Assim, caso o agente seja um bombeiro militar, não poderá utilizar-se do estado 
de necessidade para deixar de combater uma situação perigosa que está dentro da 
expectativa do seu dever. 
Já a legítima defesa compreende a reação que visa repelir uma agressão injusta, que seja 
atual ou iminente, a direito próprio ou de terceiro, por meio do uso moderado dos meios 
necessários. Trata-se de uma forma de autotutela na qual a lei permite que alguém utilize 
dos próprios meios para afastar uma agressão contrária ao direito. O instituto é descrito 
pelo artigo 25 do Código Penal: “entende-se em legítima defesa quem, usando 
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a 
direito seu ou de outrem” (BRASIL, 1940). 
Como requisitos, a legítima defesa exige, primeiramente, a presença de uma agressão 
injusta. Entende-se injusta a agressão contrária ao direito, isto é, ilícita. Conclui-se que 
não cabe legítima defesa contra ações que estão protegidas por alguma causa de 
justificação. Assim, não cabe legítima defesa contra outra legítima defesa, a não ser que 
ocorra excesso desta última. Ademais, a agressão deve ser atual (estar acontecendo no 
presente momento) ou iminente (estar para ocorrer no desdobramento imediato dos fatos), 
não cabendo legítima defesa contra agressões passadas ou localizadas em um futuro 
remoto. 
A lei também exige o uso moderado dos meios necessários. Considera-se necessário o 
21 
 
meio menos lesivo dentre aqueles capazes de repelir uma agressão. Assim, quando 
policiais utilizam a força contra uma multidão que se tornou violenta em um protesto, 
fazem uso de armamento não letal, mas, para impedir um roubo armado, é possível que o 
uso de força letal seja necessário. O uso moderado é determinado por dois fatores: a 
finalidade defensiva e a existência de uma agressão atual ou iminente. Assim, quando a 
agressão cessar de forma clara, a continuidade da agressão será imoderada. 
A doutrina considera um excesso intensivo aquele no qual o meio defensivo é claramente 
desnecessário e um excesso extensivo aquele no qual o uso é imoderado. O Código Penal, 
no artigo 23, parágrafo único, estabelece que qualquer excesso, doloso ou culposo, em 
qualquer descriminante, pode ser objeto de punição. 
Cumpre ressaltar que o pacote anticrime (Lei nº 13.964/19) acrescentou um parágrafo 
único ao artigo 25, que passou a, supostamente, ampliar as hipóteses de legítima defesa 
no que diz respeito à ação de agente de segurança perante uma vítima feita refém 
“observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em 
legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a 
vítima mantida refém durante a prática de crimes” (BRASIL, 1940). 
Parte da doutrina penal critica imensamente esta nova regra. Primeiro, porque ela não 
elimina a obrigatoriedade de satisfazer todos os requisitos da legítima defesa previstos no 
caput e, por isso, trata-se de um exemplo de legítima defesa e não de uma nova hipótese 
de descriminante. Segundo porque não há qualquer razão para limitar uma pretensa 
expansão de uma causa de justificação aos agentes de segurança. Tratou-se, pois, de um 
mero aceno para uma classe política, ou seja, um direito penal simbólico sem qualquer 
real significado jurídico (BITENCOURT, 2020, p. 356). 
Importante dizer que existe alguma doutrina que afirma que o mencionado parágrafo 
único trouxe uma mudança efetiva, embora tímida: permite a reação perante o risco de 
agressão, que se diferencia da agressão iminente, pois o risco é contingente,isto é, 
apresenta alguma aleatoriedade, enquanto a agressão iminente é certa. 
O estrito cumprimento de dever legal, por sua vez, é apenas listado no Código Penal, 
no seu artigo 23, cabendo à doutrina conceituá-la. Tal descriminante compreende a prática 
de fatos típicos em virtude de uma obrigação prevista em norma geral. Assim, podemos 
exemplificar a ação de um oficial de justiça que, para cumprir um mandado de busca, 
viola um domicílio ou a ação da autoridade policial que, para prender em flagrante, vence 
a resistência passiva de alguém que acaba de praticar crime. 
Trata-se de excludente de ilicitude que compreende a prática de fatos típicos em virtude 
de uma atividade permitida ou fomentada pelo ordenamento jurídico. Normalmente não 
diz respeito à ação do funcionário público, mas à conduta do cidadão comum ao praticar 
condutas que são permitidas por lei, como a prática de um esporte violento ou a 
realização, por parte do médico, de uma cirurgia estética. 
O último elemento do conceito analítico de crime é aquele que sofreu a maior modificação 
ao longo do último século. Atualmente, é definida como um juízo de reprovação pessoal, 
composta de elementos normativos que refletem um juízo de censura que recai sobre 
aquele que pratica um fato típico e ilícito. Neste contexto, a culpabilidade é composta por 
3 elementos: a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de 
conduta diversa. 
A imputabilidade é a capacidade biopsicológica de compreender o caráter ilícito do fato 
ou de agir de acordo com este entendimento. No Brasil, tal capacidade é presumida, mas 
sua ausência pode ser reconhecida pelo juiz três situações. 
A primeira é a doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, 
conforme previsto no artigo 26 do Código Penal. Para que a imputabilidade seja afastada 
por força do artigo 26, normalmente, se faz um incidente de insanidade mental, previsto 
22 
 
no artigo 149 do Código de Processo Penal e, caso o inimputável seja perigoso, é possível 
aplicar medida de segurança, conforme previsto no artigo 96 e seguintes do Código Penal. 
A segunda hipótese é a menoridade e, aqui, o legislador optou por adotar um critério 
meramente biológico, de forma que o menor de 18 anos será inimputável, não importa se 
compreende de forma concreta ou não o caráter ilícito do fato, conforme se depreende da 
leitura do artigo 27 do Código Penal. 
Por fim, a embriaguez (intoxicação causada pela ação do álcool ou substância de efeitos 
análogos) pode afastar a imputabilidade, mas apenas quando for involuntária ou acidental, 
isto é, causada por caso fortuito (eventos imprevisíveis) ou força maior (evento previsível, 
porém inevitável, conforme redação do artigo 28 § 1º e 2º do Código Penal. 
Agora que já conhecemos com mais profundidade os elementos que definem o conceito 
analítico de crime e, tenha certeza, como um profissional que atuará no sistema jurídico-
penal você utilizará estes conhecimentos todos os dias. Contudo, lembre-se, este material 
deve ser o princípio e não o fim de seus estudos. 
FAÇA VALER A PENA 
Questão 1 
O delito é, sem dúvida, o objeto sobre o qual se debruça o direito penal. É um verdadeiro 
centro gravitacional do estudo jurídico-penal. Como todo objeto de estudo, o delito 
também pode ser abordado de várias formas. É possível considerar o delito como fato 
social, verificar suas condicionantes e suas consequências na relação social em que se vê 
inserido, é possível considerá-lo a partir de uma perspectiva criminológica dentro da ideia 
dos processos de criminalização, observando o modo pelo qual se determina o que vai ser 
crime e como reage o sistema penal ao fato concreto que se pretende incriminar. 
(BUSATO, 2020, p. 191) 
Marque a alternativa que elenca todos substratos do conceito de crime conforme 
entendimento que prevalece na doutrina brasileira. 
a. Fato típico, antijuridicidade e culpabilidade. 
 
b. Fato típico, nexo de causalidade e legítima defesa. 
 
c. Fato típico, culpabilidade e punibilidade. 
d. Estado de necessidade e estrito cumprimento do dever legal. 
e. Imputabilidade, punibilidade e potencial consciência da ilicitude. 
Questão 2 
No direito penal, a controvérsia sobre o conceito de ação também é intensa, mas limitada 
a definições de ação específicas da dogmática penal, cuja existência é restrita à ciência 
do direito penal – com exceção do modelo teleológico de ação e do modelo comunicativo 
de ação desenvolvidos pela sociologia. 
(SANTOS, 2017, p. 92) 
Assinale a alternativa que corresponde corretamente ao conceito de conduta adotado pelo 
Código Penal segundo a doutrina contemporânea. 
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23 
 
a. Causalista. 
 
b. Finalista. 
c. Neokantista. 
 
d. Teoria social. 
e. Teoria personalista. 
 
Questão 3 
O assunto nexo causal ganha ainda mais importância quando se verifica que o resultado 
não é efeito de um só comportamento, representado produto final de uma associação de 
fatores, entre os quais a conduta do agente aparece como seu principal (mas não único) 
elemento desencadeante. 
 (CUNHA, 2020, p. 300) 
Assinale a alternativa que elenca corretamente a teoria adotada pelo Código Penal para 
resolver as questões referentes às concausas relativamente independentes supervenientes. 
a. Equivalência dos antecedentes causais. 
b. Imputação objetiva. 
c. Teoria finalista. 
d. Causalidade adequada. 
e. Ubiquidade. 
REFERÊNCIAS 
BITENCOURT, C. R. Tratado de direito penal. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. 
BITTAR, N. Medicina Legal e noções de criminalística. 9 ed. Salvador: Juspodivm, 
2020. 
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível 
em: https://bit.ly/3B8vuuK. Acesso em: 1 jul. 2021. 
BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. 
Disponível em: https://bit.ly/2ULYasv. Acesso em: 07 de julho de 2021. 
BUSATO, P. C. Direito Penal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
CUNHA, R. S. Manual de direito penal. 8. ed. Salvador: Juspodivm, 2020. 
ESTEFAM, A. Direito penal esquematizado. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2017. 
GRECO, R. Curso de direito penal. 20 ed. Niterói: Impetus, 2018. 
PRADO, L. R. Tratado de direito penal brasileiro. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. 
SANTOS, J. C. Direito penal. 7. ed. Florianópolis: Empório do direito, 2017. 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm
24 
 
 
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SEM MEDO DE ERRAR 
A situação-problema diz respeito a um dos principais temas desenvolvidos: o nexo de 
causalidade ou relação de causalidade, que pode ser definido como a relação de causa e 
efeito entre a conduta e o resultado material do delito. 
O Código Penal brasileiro, em seu artigo 13, caput, estabelece o conceito de causa 
definido pela teoria da equivalência dos antecedentes causais (Art. 13: o resultado, de que 
depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se 
causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido) ( BRASIL, 1940). 
A teoria nos obriga, quando da investigação do nexo de causalidade, a fazer uma 
eliminação hipotética dos antecedentes causais, de forma que, aparentemente, os agentes 
de ambos os ilícitos citados responderão pelos resultados. Porém, a situação-problema 
apresenta um complicador. Os desdobramentos causais descritos apresentam uma 
concausa relativamente independente superveniente, sendo necessária a aplicação da 
regra prevista no artigo 13, § 1º do Código Penal (§ 1º – A superveniência de causa 
relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; 
os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou) (BRASIL, 1940). 
Percebe-se, portanto, que o Código adota, aqui, a teoria da causalidade adequada, de 
forma que a eliminação hipotética dos antecedentes causais não é o bastante. É necessário 
verificar se o resultado é um desdobramento adequado da conduta e, caso não seja, a 
conclusão forçosa é o de que produziu o resultado por si só. 
25 
 
Assim, percebe-se que o agente que praticou a conduta contra Márcio não responderá 
pelo resultado, mas, no máximo, pela tentativa, pois o acidente produziu o resultado por 
si só. No enquanto, o agente que praticou a conduta contra Otávio poderá responder por 
homicídio, uma vez que a infecção é desdobramento ordinário do ferimento. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
IMPUTABILIDADE E SUA EXCLUSÃO 
Intrigado pelo caso narrado anteriormente, João começou a acompanhar o futuro da 
investigação e da ação penal. Durante o inquérito policial, o delegado de polícia, no 
momento de colher os depoimentos pessoais e os interrogatórios, desconfiou da higidez 
mental daquele que esfaqueou Otávio. Ele se mostrava instável e contava uma versão 
completamente fantasiosa sobre o que ocorreu. João, pensando naquilo que aconteceria 
nos próximos momentos do procedimento investigatório e futuro processo penal, lembrou 
mais uma vez do que estudara: o possível transtorno mental do agente traz quais 
consequências jurídicas? 
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26 
 
UNIDADE I, SESSÃO 3 
CRIMES EM ESPÉCIE 
 
Fonte: Shutterstock. 
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PRATICAR PARA APRENDER 
Prezado aluno, nas seções anteriores, estudamos aspectos propedêuticos do direito penal, 
isto é, introdutórios e fundamentais para as ciências criminais. Na primeira seção, vimos 
quais são os princípios penais fundamentais, as fontes do direito penal e as diversas 
definições de crime. Na segunda seção, estudamos os substratos que perfazem o conceito 
analítico de crime, o que corresponde ao núcleo fundamental do direito penal. 
Acompanhamos o fato típico, a ilicitude e a culpabilidade, analisando seus principais 
elementos. Estes conhecimentos nos serviram de base para que, agora, possamos estudar 
os tipos penais que são essenciais à função do profissional da criminalística. 
Nesta seção, estudaremos aquelas normas incriminadoras cuja investigação mais depende 
do método científico empregado pela criminalística: o homicídio e suas qualificadoras, o 
furto, o roubo a posse e o porte irregular de arma e a embriaguez ao volante. Os temas 
ainda são jurídicos, porém imprescindíveis para que o perito criminal possa cumprir seu 
trabalho de forma completa e fundamentada. 
Prezado aluno, assim como fizemos nas duas primeiras seções, nesta situação-problema 
você vai se colocar na posição de um perito criminal recentemente concursado em uma 
27 
 
de suas atuações profissionais. 
Pois bem, imagine que você esteja acompanhando outra reprodução simulada de crime, 
desta vez de um delito patrimonial: César entrou em uma mercearia e, munido de uma 
arma de fogo, anunciou um roubo ameaçando a vida de Sônia, funcionária da loja. 
Contudo, Lúcio, policial militar, estava nas proximidades e, apesar de estar de folga, 
portava legalmente sua arma e entrou na mercearia para evitar o crime. César 
imediatamente disparou contra Lúcio, matando-o. Voltou-se para Sônia, mas, ao perceber 
que esta acabava de retirar uma arma de fogo de baixo do balcão, saiu correndo da loja 
sem nada levar. Sônia era a responsável pelo estabelecimento comercial e estava com o 
certificado de registro da arma de fogo de uso permitido, contudo, não tinha autorização 
para o porte da arma. 
Pensando então sobre as consequências jurídicas do fato em questão, você tenta acessar 
os conhecimentos sobre a matéria. Qual foi o crime praticado por César? Ele está 
consumado ou tentado? E quanto à Sônia? 
Estudemos, então, as mais relevantes normas penais para a prática jurídico-penal. 
CONCEITO-CHAVE 
HOMICÍDIO E FEMINICÍDIO 
Prezado aluno, a parte especial do Código Penal tem seu início no artigo 121. É nela que 
o nosso estatuto repressivo apresenta os delitos em espécie, criminalizando, pois, as 
condutas que violam os bens jurídicos que o direito penal existe para resguardar. 
Estudaremos alguns deles, importantes para o trabalho do profissional da criminalística, 
mas também analisaremos alguns constantes em leis penais especiais. Comecemos pelo 
crime de homicídio. (“Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: pena – reclusão, de 
seis a vinte anos”) (BRASIL, 1940). 
Primeiramente, quanto à objetividade jurídica, trata-se de um delito que protege o mais 
importante dos bens jurídicos: a vida humana extrauterina. No que concerne à tipicidade 
objetiva, o homicídio é um delito de forma livre, isto é,

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