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Estudos Clássicos - Primeiro Trabalho

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Departamento de Letras
Estudos Clássicos
Prof. Alexandre Agnolon
No capítulo introdutório de Por que ler os clássicos, Ítalo Calvino, após uma série de definições do ‘clássico’, chega a uma conclusão de caráter aparentemente subjetiva: ler os clássicos é melhor do que não lê-los. E sustenta seu ponto de vista mediante o exemplo de Sócrates, que, próximo à morte pela cicuta, estuda uma ária com a flauta. Questionado a respeito do que lhe adviria aprendê-la, o filósofo apenas expõe o óbvio: “aprender esta ária antes de morrer”. Assim, tendo como base as aulas, bem como os textos lidos no decorrer do curso, defina “clássico”.
É chamado de clássico toda obra que possa ser contextualizada com o cotidiano de quem lê. Mas o termo é tão abrangente que pede definições e não definição. 
É claro que existem obras que são chamadas de clássicas por sua importância. Então se pode dizer que clássico é aquilo que possui grande valor cultural. Dom Casmurro de Machado de Assis, por exemplo, foi escrito há mais de cem anos e é uma obra de grande valor para a literatura brasileira. Razões para chamá-la de clássica não falta: a começar pelo fato de, ainda, ser uma obra atual e fácil de contextualizar (fazendo referência a definição de “clássico” apresentada no início do texto); também pelas técnicas narrativas ímpares de Machado de Assis e outras inúmeras razões que fazem da obra um livro para ser relido. Mesmo quem não leu Dom Casmurro reconhece sua importância na literatura brasileira e, por isso, o assimila a clássico. 
Ítalo Calvino em “Por que ler os clássicos” apresenta algumas definições que permite relativizar o termo “clássico”. Precedendo o termo com o pronome possessivo “seu”, Calvino permite pensar que os clássicos podem variar de pessoa para pessoa. Em relação com a definição apresentada no início deste texto, o “seu clássico” é aquela obra que possua valor para você, independente da importância cultural. 
Pode se entender como clássico tudo que está ligado ao classicismo, ou seja, que resgata elementos da cultura Greco-romana. Camões, por exemplo, foi um poeta classicista e é considerado clássico, também, por sua genialidade. Resgatando em Os Lusíadas a ideia de poesia épica que surgiu na Grécia antiga com Homero, considerado o pai da história. 
Contudo a definição de clássico possa se relativizar de acordo com o uso. Uma obra se torna clássica por alguma razão universal, única ou por se encaixar no classicismo. Então, ao buscar definições para o termo, conclui-se ainda que lê-los é melhor que defini-los e lendo-os encontram-se razões e argumentos para chamá-lo de clássico (ou não). Em outras palavras encontra-se a definição de clássico para a obra em estudo. 
Leia o seguinte fragmento tomado a um ensaio de Jean-Pierre Vernant:1
Mas para que a honra heroica permaneça viva no coração de uma civilização, para que todo o sistema de valores como que receba a marca de sua chancela, é necessário que a função poética, mais que objeto de divertimento, tenha conservado um papel educativo e formador, que através dela e nela se transmita, se ensine, se atualize na alma de cada um esse conjunto de saberes, crenças, atitudes, valores de que é feita uma cultura. Somente a poesia épica, devido ao seu estatuto e à sua função, pode conferir ao desejo de glória imperecível que domina o heroi essa base institucional e essa legitimação social sem as quais ele não passaria de uma fantasia subjetiva.
Tendo como ponto de partida o trecho citado do helenista francês, procure discutir a noção de epopeia para os antigos. Lembre-se que a passagem acima é apenas um ponto de partida, trata-se apenas de um texto-estímulo para auxiliá-lo a pensar. É necessário que, em sua discussão, exista diálogo com que aprendeu no decorrer das aulas e com os textos lidos em sala.
Entende-se epopeia como narrativa de feitos heroicos de um povo ou de um individuo, e é, hoje em dia, uma relevante fonte histórica. Mas na antiguidade não se atribuía esse valor às obras. 
Levando em consideração à Grécia Antiga, sua rica mitologia e a forte influência da religião politeísta marcada por fortes traços humanísticos, pode-se pensar que as epopeias possuíam um valor didático. Narrando os feitos dos heróis que possuíam proteção dos deuses, as epopeias eram contadas nas escolas para que as crianças, desde cedo, aprendessem a ter devoção. Por isso, muitas das personagens que desagradavam os deuses sofriam punições assustadoras, como o caso de Prometeu que, acusado de roubar o fogo de Zeus e dá-lo aos humanos, sofre a punição de ser amarrado a uma rocha, por toda a eternidade, e ter parte do seu fígado comido por uma águia todos os dias.
O Império Romano, também politeísta, possuía maior tolerância aos cultos e devoções e a noção de epopeia para eles era como uma forma de exaltação do povo romano. Como é o caso da Eneida de Virgílio que é um poema inspirado em Homero na intenção de superá-lo. Narrando fatos dos heróis romanos que, assim como os gregos, eram protegidos pelos deuses, as epopeias contavam histórias que levava quem lia a valorizar o Império Romano.
A epopeia, para os antigos, era uma forma de manter vivas as tradições de uma civilização. Como disse Jean-Pierre Vernant “... É necessário que a função poética, mais que objeto de divertimento, tenha conservado um papel educativo e formador...” ( “La belle mort et le cadavre outragé” In: Journal de Psicologie (1980), pp. 220-1.). Afim de manter vivo uma civilização, hoje o que é visto como uma fonte histórica, antes era visto como um objeto de manipulação que engatava na mente das pessoas as crenças, as virtudes e os valores da época. 
Bibliografia:
SWERTS, Samuel. Epopeias Clássicas. Disponível em http://samuelswer.dominiotemporario.com/doc/epopeias.pdf Data de acesso: 13/03/2013
CALVINO, Ítalo. Por que ler os clássicos. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. Trad. Nilson Moulin.
Aluno: André Elias Duarte Nascimento 
Letras 12.2
MARIANA/2013

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