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LISTA DE EXERCÍCIOS COMENTADOS DE HISTÓRIA PARA O ENEM ASSUNTO: BAIXA IDADE MÉDIA - RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO Fonte das questões: FOCO NO ENEM. Disponível em: <https://foconoenem.com/wp- content/uploads/2020/09/Baixa-Idade-Media-Renascimento-Comercial-e- Urbano.pdf>. 1. (UFG) Leia o fragmento a seguir. A cidade contemporânea, apesar de grandes transformações, está mais próxima da cidade medieval do que esta última da cidade antiga. LE GOFF, Jacques. Por amor às cidades. São Paulo: Editora Unesp,1998. p. 25. Nessa passagem, o historiador Jacques Le Goff compara a cidade medieval com a contemporânea, estabelecendo uma aproximação entre ambas. A característica da cidade medieval que permite tal relação é a a.exaltação da vida cívica, associada aos jogos e aos espetáculos promovidos por seus governantes. b.laicização da cultura, expressa na arquitetura dos edifícios públicos em contraste com o domínio religioso. c.valorização das atividades de produção e de trocas comerciais, alimentadas por uma economia monetária. d.afirmação da autonomia política, revelada pela oposição dos citadinos ao poder dos senhores feudais. e.segregação social, manifestada na criação de bairros periféricos pobres e violentos. COMENTÁRIO: Na passagem de Jacques Le Goff, o historiador estabelece uma relação entre a cidade contemporânea e a cidade medieval. Segundo ele, apesar das transformações ocorridas, a cidade contemporânea está mais próxima da cidade medieval do que esta última da cidade antiga. Isto significa que há características da cidade medieval que se mantêm presentes na cidade contemporânea. A opção c, representa a característica da cidade medieval que permite esta relação estabelecida por Le Goff. Durante a Idade Média, houve uma evolução da economia feudal para uma economia monetária, o que levou à valorização das atividades de produção e de trocas comerciais. Estas atividades eram alimentadas pela circulação de moeda, o que possibilitou o crescimento das cidades e a transformação do espaço urbano. Esta valorização das atividades econômicas é uma característica que se mantém presente na cidade contemporânea, onde as atividades econômicas ainda são fundamentais para o seu desenvolvimento e funcionamento. RESPOSTA: c. 2. (ENEM) No império africano do Mali, no século XIV, Tombuctu foi centro de um comércio internacional onde tudo era negociado – sal, escravos, marfim etc. Havia também um grande comércio de livros de história, medicina, astronomia e matemática, além de grande concentração de estudantes. A importância cultural de Tombuctu pode ser percebida por meio de um velho provérbio: “O sal vem do norte, o ouro vem do sul, mas as palavras de Deus e os tesouros da sabedoria vêm de Tombuctu”. ASSUMPÇÃO, J. E. África: uma história a ser reescrita. In: MACEDO, J. R. (Org.). Desvendando a história da África. Porto Alegre: UFRGS. 2008 (adaptado). Uma explicação para o dinamismo dessa cidade e sua importância histórica no período mencionado era o(a) a.isolamento geográfico do Saara ocidental. b.exploração intensiva de recursos naturais. c.posição relativa nas redes de circulação. d.tráfico transatlântico de mão de obra servil. e.competição econômica dos reinos da região. COMENTÁRIO: A cidade de Tombuctu estava localizada em uma posição privilegiada em relação às redes de circulação comercial que ligavam a África às regiões árabes e européias, tornando-a um ponto importante de trocas econômicas, políticas e culturais. Esse dinamismo permitiu que Tombuctu se tornasse um centro de comércio de diferentes bens, incluindo sal, escravos, marfim e conhecimento. Além disso, a grande quantidade de estudantes que frequentavam a cidade e a presença de bibliotecas com um amplo acervo de livros em diversas áreas do conhecimento, reforçam a importância cultural de Tombuctu. O provérbio mencionado na passagem aponta para a percepção da sociedade sobre a importância de Tombuctu como centro de sabedoria e conhecimento, e destaca a posição privilegiada da cidade nas redes de circulação de informação e cultura. RESPOSTA: c. 3. (ESPM) A antiga Flandres situava-se no nordeste da França, ocupando também uma parte da Bélgica e constituía-se num ponto central e de fácil acesso no Ocidente da Europa. (Raymundo Campos. História Geral) Sobre a importância da Flandres na Baixa Idade Média é correto assinalar que: a.era uma região sob domínio dos muçulmanos, desde quando estes invadiram a Europa no século VIII; b.era uma região banhada pelo Mar Báltico e importante centro de produtos como mel, peixe salgado, cereais, madeiras; c.foi o berço de uma gigantesca associação de comerciantes denominada Liga Hanseática, conhecida ainda como Hansa Teotônica; d.era uma região em que se realizavam feiras, que após o século XIII tornaram- se as mais procuradas do continente, famosas por seus tecidos de lã de carneiro; e.era uma região cortada pelos varegues, comerciantes nórdicos, conhecidos pelo controle sobre o comércio de produtos orientais. COMENTÁRIO: A Flandres, na Baixa Idade Média, era uma região localizada no nordeste da França, que também ocupava uma parte da Bélgica. Essa região tinha um papel importante na Europa Ocidental devido a sua posição central e fácil acesso. Durante esse período, a Flandres era conhecida por suas feiras, que após o século XIII tornaram-se as mais procuradas do continente. Essas feiras eram famosas por seus tecidos de lã de carneiro, o que demonstra a importância da indústria têxtil nessa região. A produção têxtil flamenga foi impulsada pelo fornecimento de lã de alta qualidade proveniente de ovelhas pastoreadas nas regiões circundantes. Além disso, a localização geográfica da Flandres ajudou a torná-la um centro comercial importante, uma vez que ela se encontrava próxima aos principais centros de produção de matérias-primas, como as fazendas de lã, bem como aos importantes portos marítimos da costa norte da França e da Bélgica. Com o tempo, o comércio de tecidos flamengos se expandiu para outras regiões da Europa, o que contribuiu para o desenvolvimento da economia flamenga. Além disso, o dinamismo econômico da Flandres também atraiu comerciantes de outras partes da Europa, o que ajudou a consolidar sua posição como um centro comercial importante. RESPOSTA: d. 4. (FUVEST) Se o Ocidente procurava, através de suas invasões sucessivas, conter o impulso do Islã, o resultado foi exatamente o inverso. Amin Maalouf, As Cruzadas vistas pelos árabes. São Paulo: Brasiliense, p.241, 2007. Um exemplo do “resultado inverso” das Cruzadas foi a a) difusão do islamismo no interior dos Reinos Francos e a rápida derrocada do Império fundado por Carlos Magno. b) maior organização militar dos muçulmanos e seu avanço, nos séculos XV e XVI, sobre o Império Romano do Oriente. c) imediata reação terrorista islâmica, que colocou em risco o Império britânico na Ásia. d) resistência ininterrupta que os cruzados enfrentaram nos territórios que passaram a controlar no Irã e Iraque. e) forte influência árabe que o Ocidente sofreu desde então, expressa na gastronomia, na joalheria e no vestuário. COMENTÁRIO: As Cruzadas foram uma série de expedições militares cristãs realizadas na Europa medieval com o objetivo de libertar o Santo Sepulcro em Jerusalém, controlado pelos muçulmanos, e proteger os peregrinos cristãos que visitavam a Terra Santa. No entanto, ao invadir regiões muçulmanas, as Cruzadas não conseguiram conter o impulso do Islã, mas ao contrário, acabaram por fortalecê-lo. A invasão das Cruzadas resultou em uma unificação e fortalecimento dos grupos muçulmanos. Antes das Cruzadas, o mundo islâmico estava dividido em vários grupos tribais e dinastias independentes. No entanto, a ameaça cristã uniu esses grupos e os fez trabalhar juntos para resistir aos invasores. Isso levou a uma maior organizaçãomilitar dos muçulmanos e ao seu avanço, especialmente no Império Romano do Oriente, na década de 1400 e 1500. Além disso, as Cruzadas também introduziram o Ocidente ao mundo islâmico e a sua cultura, liderança, ciência e tecnologia. Isso levou a uma transferência de conhecimento e influência entre as duas culturas, incluindo a influência árabe na gastronomia, joalheria e vestuário ocidental. RESPOSTA: b. 5. (FGV) Chegam a Jerusalém a 7 de junho de 1099. Jejuam e fazem procissões em redor da cidade, esperando que as suas orações deitem abaixo as muralhas, do mesmo que as trombetas de Josué tinham derrubado as de Jericó. A chegada a Jafa de navios genoveses, pisanos e venezianos é para eles de um grande auxílio [...] A cidade tão cobiçada é tomada a 15 de julho de 1099. Assistimos, então, à pilhagem e ao massacre sistemático de toda a população. Depois do regresso dos cruzados ao Ocidente, a posse de Jerusalém torna-se precária. Tate, G. Dois séculos de confronto entre o Oriente e o Ocidente. In Arneville, M.-B. D’ e outros, As Cruzadas. Trad., Cascais: Pergaminho, 2001, p. 22. O texto acima refere-se à a) terceira Cruzada e revela os interesses bizantinos nessa expedição. b) Reconquista Ibérica e apresenta as motivações religiosas dessa empreitada. c) sétima Cruzada e demonstra a forte presença da monarquia francesa. d) primeira Cruzada e revela a forte religiosidade da peregrinação armada. e) quarta Cruzada e revela a participação exclusiva dos fiéis franceses. COMENTÁRIO: A primeira Cruzada foi uma peregrinação armada convocada pelo Papa Urbano II com o objetivo de recapturar Jerusalém e os Santos Lugares do Oriente, que haviam sido invadidos pelos turcos seljúcidas. A expedição, que ocorreu entre 1096 e 1099, reuniu uma grande quantidade de cavaleiros e peregrinos cristãos da Europa Ocidental, que partiram para o Oriente com o propósito de libertar os lugares sagrados e proteger os peregrinos cristãos que visitavam essas áreas. O texto acima descreve a chegada dos cruzados a Jerusalém, que ocorreu a 7 de junho de 1099, e a sua posterior conquista, a 15 de julho daquele ano. É possível ver a forte religiosidade dos cruzados, já que eles esperavam que as orações deitassem abaixo as muralhas da cidade e faziam procissões em redor dela. A menção à presença de navios genoveses, pisanos e venezianos também sugere que a expedição contou com o apoio de diferentes grupos mercantes europeus, o que reforça a ideia de que a Cruzada foi uma empreitada complexa, com motivações tanto religiosas quanto econômicas. No entanto, o texto também destaca o resultado cruel da conquista de Jerusalém, que foi marcada por uma pilhagem e massacre sistemático da população. Esses eventos foram considerados uma atrocidade pelos muçulmanos e pelos bizantinos, e têm sido vistos como uma das principais fontes de tensão entre o Ocidente e o Oriente na época. Além disso, o texto menciona que a posse de Jerusalém tornou-se precária após o regresso dos cruzados ao Ocidente, o que indica que a Cruzada não atingiu o seu objetivo final de estabelecer uma presença permanente cristã no Oriente. RESPOSTA: d. 6. (FGV) A partir do século X, mas principalmente do XI, é o grande período de urbanização – prefiro utilizar esse termo mais do que o de renascimento urbano, já que penso que, salvo exceção, não há continuidade entre a Idade Média e a Antiguidade. LE GOFF, Jacques. Por amor às cidades. Conversações com Jean Lebrun. São Paulo: Unesp, 1998, p. 16. A respeito das cidades medievais, após o ano mil, é CORRETO afirmar: a) Tornaram-se centros econômicos e financeiros e vinculados às rotas mercantis e à produção agrária das áreas rurais próximas. b) Eram fundamentalmente sedes episcopais e centros administrativos do Sacro Império Romano Germânico. c) Tornaram-se núcleos da produção industrial que começou a desenvolver-se sobretudo no norte da Itália, a partir do século XI. d) Tornaram-se os principais entrepostos do comércio de escravos africanos desde o início das Cruzadas. e) Apresentaram-se como legado das póleis gregas e das cidades romanas da Antiguidade. COMENTÁRIO: As cidades medievais desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social da Europa durante a Idade Média. A partir do século XI, as cidades tornaram-se centros econômicos e financeiros e vinculadas às rotas mercantis e à produção agrária das áreas rurais próximas. A localização das cidades nas rotas mercantis era importante porque permitia a troca de mercadorias e o comércio de diversos bens entre as diferentes regiões da Europa. Além disso, a vinculação das cidades com as áreas rurais próximas permitia que elas obtivessem suprimentos agrícolas e produtos para comercializar. Com o crescimento do comércio, as cidades se tornaram centros financeiros, com o surgimento de bancos e instituições financeiras que garantiam a circulação de moeda e apoiavam as atividades comerciais. Além de centros econômicos, as cidades medievais também eram importantes sedes episcopais e centros administrativos. As igrejas eram centros de poder e influência, e as catedrais eram símbolos da riqueza e da importância das cidades. Além disso, as cidades eram importantes centros administrativos, com a presença de autoridades como governadores, prefeitos e conselhos de cidade. RESPOSTA: a. 7. (UFRN) Leia com atenção a definição abaixo: Capitalismo: sistema econômico e social predominante na maioria dos países industrializados ou em industrialização. Neles, a economia baseia-se na separação entre trabalhadores juridicamente livres, que dispõem apenas da força de trabalho e a vendem em troca de salário, e capitalistas, os quais são proprietários dos meios de produção e contratam os trabalhadores para produzir mercadorias (bens dirigidos para o mercado) visando à obtenção de lucro. SANDRONI, Paulo (Org. e sup.). Dicionário de economia. São Paulo: Círculo do Livro, 1992. p. 40. Considerando as características apresentadas acima, o modelo socioeconômico do feudalismo europeu na Idade Média se diferencia do modelo capitalista, pois, entre outros elementos, a) as demandas do comércio internacional por produtos agrícolas possibilitaram aos camponeses grandes lucros com a venda de excedentes da produção. b) as revoltas camponesas do século XV aboliram as taxações feudais e favoreceram a adoção do sistema de colonato no regime feudal. c) a maioria da mão de obra era empregada no campo, dedicando-se a uma produção de subsistência e ligando-se por laços servis à classe aristocrática. d) a burguesia urbana enriquecida comprava títulos de nobreza e agravava a exploração da classe camponesa, submetida à servidão. COMENTÁRIO: O feudalismo foi um sistema socioeconômico dominante na Europa Ocidental durante a Idade Média. Nesse sistema, a sociedade era estruturada em torno de uma classe dominante de nobres e uma classe submissa de camponeses. A maioria da mão de obra era empregada no campo, dedicando-se a uma produção de subsistência e ligando-se por laços servis à classe aristocrática. O feudalismo foi marcado por uma série de relações sociais e econômicas baseadas em obrigações recíprocas, como o direito de proteção, de usufruto da terra e de prestação de serviços entre o senhor feudal e o servo. Por outro lado, o capitalismo é um sistema econômico e social predominante na maioria dos países industrializados ou em industrialização. Nesse sistema, a economia baseia-se na separação entre trabalhadores juridicamente livres, que dispõem apenas da força de trabalho e a vendem em troca de salário, e capitalistas, que são proprietários dos meios de produção e contratam os trabalhadores para produzir mercadorias visando à obtenção de lucro. Diante dessas características, é possível perceber que há uma grande diferença entre o modelo socioeconômico do feudalismo europeu e o modelo capitalista.Enquanto o feudalismo baseava-se em relações sociais e econômicas de proteção e obrigações recíprocas, o capitalismo se baseia em relações de mercado, nas quais trabalhadores e capitalistas são vistos como partes independentes em busca de seus interesses econômicos. Além disso, a maioria da mão de obra no feudalismo era empregada no campo, enquanto no capitalismo a mão de obra é empregada principalmente na indústria. Por fim, é importante ressaltar que as alternativas "a" e "b" apresentadas na questão são incorretas, pois o modelo feudal não favoreceu a obtenção de lucros pelos camponeses e não foi abolido por revoltas camponesas. Já a alternativa "d" não é correta, pois a burguesia urbana não agravou a exploração da classe camponesa no feudalismo, mas sim no período posterior, com o surgimento do capitalismo. A alternativa "c", por sua vez, é correta e reflete uma das principais diferenças entre o feudalismo e o capitalismo. RESPOSTA: c. 8. (MACKENZIE) “Ao lado dos sinos dos conventos e das igrejas, destinados a soar e a impor as horas canônicas dos ofícios religiosos, aparecem os sinos laicos, sobretudo utilizados para a proclamação do tempo do trabalho (início, interrupções e fim). Nas cidades do nordeste da Europa, importante região têxtil, os novos sinos opõem à autoridade dos campanários da igreja a altivez das torres que os desafiam. Em face do tempo da Igreja, afirma-se o tempo do mercador, senhor do processo de trabalho”. Dicionário temático do Ocidente Medieval, v.II, p.163 O texto aponta a) os erros de certas análises historiográficas a respeito das concepções medievais de tempo e de trabalho. De forma precipitada, tais análises tendem a considerar a Igreja detentora absoluta de tais concepções, durante toda a Idade Média, demonstrando a falta de análises históricas empíricas. b) que as estruturas e as mentalidades medievais não sofreram transformações substanciais. De fato, como apontado no texto, as ideias acerca do trabalho e do tempo continuaram as mesmas durante o período, demonstrando que mentalidades não se alteram rapidamente. c) para as transformações processadas na Idade Média acerca do papel regulador da Igreja e do mercador. Aquela atenta à nova realidade, adaptando- se cada vez mais; este, senhor do comércio e das mercadorias, demonstra o seu poder ao impor o domínio sobre os sinos e os campanários medievais. d) para as transformações processadas no final da Idade Média em relação ao tempo e ao trabalho. De fato, se antes tais conceitos eram regidos e dominados pela Igreja, a partir daquele momento as concepções valorativas acerca deles passam a predominar na transição feudo-capitalista, sobretudo nos ambientes laicos. e) que as concepções de tempo e de trabalho se alteraram ao longo do tempo, exceto na Idade Média. De fato, analisado empiricamente, o período é rico em representações a respeito desses conceitos, sempre demonstrando a fragilidade eclesiástica em impor seus conceitos para a população em geral. COMENTÁRIO: O texto aponta para as transformações processadas no final da Idade Média em relação ao tempo e ao trabalho. De acordo com o texto, antes os conceitos de tempo e trabalho eram regidos e dominados pela Igreja, mas a partir de certo momento isso mudou. O texto aponta que as torres laicas desafiam a autoridade dos campanários da igreja, e que a afirmação do tempo do mercador se sobrepõe ao tempo da Igreja. Isso sugere que as concepções valorativas acerca do tempo e do trabalho começaram a ser dominadas pelo mercador, sobretudo nos ambientes laicos. Além disso, o texto menciona a transição feudo-capitalista, sugerindo que essas mudanças ocorreram no contexto das mudanças econômicas e sociais do final da Idade Média. Portanto, a resposta correta é a letra D, pois o texto aponta para as transformações processadas no final da Idade Média em relação ao tempo e ao trabalho. RESPOSTA: d. 9. (FGV/2012) Leia o texto. Entre 1315 e 1317 sucedem-se pesadas chuvas por todo o norte da Europa Ocidental, de forma tão intensa e ininterrupta que os campos são devastados e as colheitas perdidas, gerando uma situação de calamidade para o mundo camponês e que se soma aos vários anos bons que haviam levado o preço dos cereais a níveis bastante baixos. Sem colheitas e sem poupança, o mau tempo inaugura o grande movimento de crise do século XIV. (Francisco C. Teixeira da Silva, Sociedade feudal: guerreiros, sacerdotes e trabalhadores) Pode-se apontar, entre outros elementos, como parte da chamada Crise do Século XIV, a) o progressivo processo de enfraquecimento das monarquias nacionais, em especial da França, diante da forte resistência liderada pela fração da nobreza voltada aos negócios financeiros. b) a enorme disparidade entre a frágil produção de alimentos e o crescimento da população europeia, este resultado da ausência de conflitos bélicos e de revoltas populares importantes. c) o efeito positivo das revoltas camponesas para a maioria dos trabalhadores dos campos e das cidades, especialmente na Europa Oriental, pois houve para estes consideráveis aumentos salariais e a concessão do direito à sindicalização. d) o descompasso entre uma produção de mercadorias sempre menor do que a entrada de metais amoedáveis na Europa, provocando um inédito processo de hiperinflação, que paralisou a atividade produtiva no final do século. e) a conversão da prestação do trabalho gratuito – a corveia - ao senhor, pelo pagamento em produto ou em dinheiro por parte do servo, que representou um dos passos em direção à dissolução dos laços servis. COMENTÁRIO: A crise do século XIV foi um período de instabilidade econômica, política e social na Europa, que afetou vários aspectos da sociedade feudal. Durante esse período, houve uma mudança na forma de pagamento dos servos aos seus senhores, o que representou um passo na direção da dissolução dos laços servis. Antes, os servos prestavam trabalho gratuito, como corveia, ao seu senhor, mas com a crise, começaram a pagar seus senhores em produtos ou dinheiro. Esse processo de conversão do trabalho gratuito ao pagamento foi uma das mudanças sociais e econômicas mais significativas na Europa durante a crise do século XIV, e contribuiu para a dissolução da sociedade feudal e para o desenvolvimento de uma economia de mercado mais sofisticada. Por essas razões, a letra E é considerada a resposta correta. RESPOSTA: e. 10. (FGV/2012) Leia o documento. Deus criador do universo fixou duas grandes luminárias no firmamento do céu: a luminária maior para dirigir o dia e a luminária menor para dirigir a noite. Da mesma maneira, para o firmamento da Igreja universal, como se se tratasse do Céu, nomeou duas grandes dignidades; a maior para tomar a direção das almas, como se estas fossem dias, a menor para tomar a direção dos corpos, como se estes fossem as noites. Estas dignidades são a autoridade pontifícia e o poder real. Assim como a Lua deriva a sua luz da do Sol e na verdade é inferior ao Sol tanto em quantidade como em qualidade, em posição como em efeito, da mesma maneira o poder real deriva o esplendor da sua dignidade da autoridade pontifícia: e quanto mais intimamente se lhe unir, tanto maior será a luz com que é adornado; quanto mais prolongar [essa união], mais crescerá em esplendor. (Apud Luiz Koshiba, História: origens, estruturas e processos) No documento – escrito pelo papa Inocêncio III, em 1198 – é correto identificar a) a recuperação de um preceito dos primeiros tempos do cristianismo, que defendia a pureza da alma e a pecaminosidade do corpo. b) uma associação entre a estrutura moral dos monarcas e a aprovação dos seus governos pelas autoridades religiosas. c) a condenação de todas as teorias que adotavam a cosmologia divina sobre a constituição do poder dos líderes da Igreja Católica. d) uma determinada visão sobre as relações hierárquicasentre o poder espiritual e o poder temporal no mundo medieval europeu. e) os resquícios de uma concepção da Antiguidade Oriental que reconhecia a supremacia das religiões monoteístas sobre o paganismo. COMENTÁRIO: No documento escrito pelo papa Inocêncio III, ele estabelece uma comparação entre o universo e a Igreja Universal, sendo que para ambos ele nomeou duas grandes dignidades. A luminária maior, comparada à autoridade pontifícia, tem a função de dirigir as almas, enquanto que a luminária menor, comparada ao poder real, tem a função de dirigir os corpos. Além disso, o papa afirma que o poder real deriva o seu esplendor da autoridade pontifícia, e quanto mais próximos estiverem, mais luz haverá. Com base nessas informações, podemos concluir que a resposta correta é a letra D, uma determinada visão sobre as relações hierárquicas entre o poder espiritual e o poder temporal no mundo medieval europeu. Isso porque o papa estabelece uma relação de hierarquia e dependência entre as duas dignidades, sendo que a autoridade pontifícia é vista como superior ao poder real. Essa visão reflete a concepção medieval de que o poder espiritual é mais importante e influente do que o poder temporal, o que era comum na Europa na época. RESPOSTA: d. 11. (ENEM) Mas era sobretudo a lã que os compradores, vindos da Flandres ou da Itália, procuravam por toda a parte. Para satisfazê-los, as raças foram melhoradas através do aumento progressivo das suas dimensões. Esse crescimento prosseguiu durante todo o século XIII, as abadias da Ordem de Cister, onde eram utilizados os métodos mais racionais de criação de gado, desempenharam certamente um papel determinante nesse aperfeiçoamento. DUBY. G. Economia rural e vida no campo no Ocidente medieval. Lisboa: Estampa, 1987 (adaptado). O texto aponta para a relação entre aperfeiçoamento da atividade pastoril e avanço técnico na Europa ocidental feudal, que resultou do(a) a.crescimento do trabalho escravo. b.desenvolvimento da vida urbana. c.padronização dos impostos locais. d.uniformização do processo produtivo. e.desconcentração da estrutura fundiária. COMENTÁRIO: O texto destaca que a procura por lã por parte dos compradores vindos da Flandres ou da Itália foi um dos motivos para o aperfeiçoamento da atividade pastoril na Europa ocidental feudal. Além disso, o texto menciona o papel determinante das abadias da Ordem de Cister no aperfeiçoamento, o que sugere que o desenvolvimento técnico também teve um papel importante na melhoria da atividade. Entretanto, não há nenhuma referência no texto ao crescimento do trabalho escravo (a), à padronização dos impostos locais (c), à uniformização do processo produtivo (d) ou à desconcentração da estrutura fundiária (e). Por outro lado, o texto fala sobre os compradores vindos da Flandres e da Itália, que são cidades, o que sugere que o desenvolvimento da vida urbana (b) teve um papel importante na procura por lã e, consequentemente, no aperfeiçoamento da atividade pastoril. Portanto, a resposta correta é a letra B. RESPOSTA: b. 12. (UFSJ) A partir do século XI, os povoados denominados burgos começaram a crescer pelo desenvolvimento do comércio. Artigos manufaturados, como tecidos, eram produzidos, fazendo com que novas cidades surgissem e as mais antigas se desenvolvessem. Esses artesãos começaram a se organizar em Corporações de Ofício estruturadas em associações de a.artesãos que reuniam todos aqueles que se dedicavam ao mesmo ofício. b.associações de artesãos dos mais diversos ofícios que se uniam com o objetivo de atuar no livre mercado. c.artesãos de diversos ofícios e trabalhadores assalariados que se uniam com o objetivo de atuar no livre mercado. d.camponeses que se reuniam para reivindicar maior participação política nas cidades. COMENTÁRIO: De acordo com o texto, as Corporações de Ofício surgiram com o desenvolvimento do comércio e produção de artigos manufaturados. Estes artesãos começaram a se organizar em associações, que reuniam pessoas que se dedicavam ao mesmo ofício. A opção B está correta, pois afirma que as Corporações de Ofício eram formadas por "associações de artesãos dos mais diversos ofícios que se uniam com o objetivo de atuar no livre mercado". Isso indica que as associações reuniam artesãos de diferentes ofícios, o que está de acordo com o que é descrito no texto. As outras opções, por sua vez, não estão corretas, já que a A e a C incluem categorias além dos artesãos (trabalhadores assalariados, por exemplo), e a D se concentra apenas nos camponeses, que não são mencionados no texto como participantes das Corporações de Ofício. RESPOSTA: b. 13. (FUVEST) As cidades medievais: a.não diferiam das cidades greco-romanas, uma vez que ambas eram, em primeiro lugar, centros político-administrativos e local de residência das classes proprietárias rurais e, secundariamente, também centro de comércio e manufatura. b.não diferiam das cidades da época moderna, uma vez que ambas, além de serem cercadas por grossas muralhas, eram, ao mesmo tempo, centros de comércio e manufatura e de poder, isto é, politicamente autônomas. c.diferiam das cidades de todas as épocas e lugares, pois o que se definia era, precisamente, o fato de serem espaços fortificados, construídos para abrigarem a população rural durante as guerras feudais. d.diferentemente de suas antecessoras greco-romanas eram principalmente centro de comércio e manufatura e, diferentemente de suas sucessoras modernas, eram independentes politicamente, dominando um entorno rural que lhes garantia o abastecimento. e.eram separadas da economia feudal, pois sendo esta incapaz de gerar qualquer excedente de produção, obrigava-as a importar alimentos e a exportar manufaturas fora do mundo feudal, daí a importância estratégica do comércio na Idade Média. COMENTÁRIO: As cidades medievais eram centros de comércio e manufatura, o que era diferente das cidades greco-romanas, que eram principalmente centros político-administrativos e residência das classes proprietárias rurais. Já as cidades medievais diferiam das cidades modernas porque eram independentes politicamente e dominavam um entorno rural que lhes garantia o abastecimento, diferentemente das cidades modernas, que eram cercadas por grossas muralhas e eram tanto centros de comércio e manufatura quanto de poder. As cidades medievais eram, portanto, uma combinação de elementos dos modelos antigos e modernos, mas ao mesmo tempo tinham suas próprias características distintas, o que as tornava únicas. RESPOSTA: d. 14. (UNESP) As feiras foram muito difundidas pela Europa a partir do século XI. Entre os motivos que provocaram tal fenômeno, podemos citar a.a unificação da moeda europeia, que facilitou a atividade dos banqueiros e a aquisição de mercadorias. b.o aumento da produção agrícola, provocado pelos desmatamentos, que ampliavam a quantidade de terras cultiváveis. c.a eliminação das práticas feudais, que prendiam os camponeses a terra e reduziam a monetarização da economia. d.o crescimento urbano, provocado pelas doenças e epidemias que grassavam nas áreas rurais e provocavam êxodo em direção as cidades. e.a regionalização das economias, que limitou significativamente a obtenção de mercadorias provenientes de terras distantes. COMENTÁRIO: A época medieval foi marcada pelo crescimento da população e da economia, o que levou a uma necessidade de espaços comerciais para a venda e o intercâmbio de produtos. O desmatamento de florestas, para ampliar as áreas de cultivo, contribuiu para aumentar a produção agrícola, o que por sua vez aumentou a quantidade de alimentos disponíveis para comercialização. Isso criou uma necessidade de mercados para a venda desses produtos, e as feiras se tornaram um lugar ideal para isso. As feiras eram eventos regulares, realizados em períodos específicos do ano, queatraíam comerciantes, artesãos, camponeses e outros grupos da sociedade para vender e comprar produtos. Além da agricultura, as feiras também eram um local importante para o comércio de mercadorias, como tecidos, metais e animais, e para o desenvolvimento da economia local. Em resumo, o aumento da produção agrícola, como resultado dos desmatamentos, foi fundamental para o surgimento e a expansão das feiras na Europa Medieval, e por isso a letra B é a resposta correta. RESPOSTA: b. 15. (ENEM) Se a mania de fechar, verdadeiro habitus da mentalidade medieval nascido talvez de um profundo sentimento de insegurança, estava difundida no mundo rural, estava do mesmo modo no meio urbano, pois que uma das características da cidade era de ser limitada por portas e por uma muralha. DUBY, G. et al. “Séculos XIV-XV”. In: ARIÈS, P.; DUBY, G. História da vida privada da Europa Feudal à Renascença. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado). As práticas e os usos das muralhas sofreram importantes mudanças no final da Idade Média, quando elas assumiram a função de pontos de passagem ou pórticos. Este processo está diretamente relacionado com a.o crescimento das atividades comerciais e urbanas. b.a migração de camponeses e artesãos. c.a expansão dos parques industriais e fabris. d.o aumento do número de castelos e feudos. e.a contenção das epidemias e doenças. COMENTÁRIO: Durante o final da Idade Média, a economia europeia começou a mudar e a se desenvolver. Com o crescimento das atividades comerciais e urbanas, houve uma necessidade de regularizar e controlar o comércio que entrava e saía das cidades. Para atender a essa necessidade, as muralhas foram modificadas para se tornarem pontos de passagem ou pórticos. Esses pórticos controlavam o tráfego de mercadorias, permitindo a entrada e saída de comerciantes e viajantes, e também cobrando taxas sobre o comércio que entrava e saía da cidade. Dessa forma, o processo de mudança das muralhas em pontos de passagem ou pórticos está diretamente relacionado com o crescimento das atividades comerciais e urbanas. A adaptação das muralhas a essa nova realidade permitiu que a economia da época se desenvolvesse e se expandisse, ajudando a impulsionar o desenvolvimento econômico da Europa medieval. RESPOSTA: a.
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