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Direito aplicado ao agronegócio

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Prévia do material em texto

E-BOOK
DIREITO APLICADO 
AO AGRONEGÓCIO
Políticas Públicas Aplicadas ao 
Agronegócio
APRESENTAÇÃO
As políticas públicas são entendidas como o Estado em ação, ou seja, é o poder público 
implantando um projeto de governo, mediante programas, planos e ações voltados para 
segmentos específicos da sociedade civil que necessitam da proteção e amparo do Estado. Nesse 
contexto, uma política pública é um processo de interação entre as necessidades sociais e as 
ações estatais empreendidas para atingi-las.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará os conceitos do agronegócio e as políticas 
públicas aplicadas ao setor agropecuário 
brasileiro. Também verá o que são e como são elaboradas essas políticas públicas para o 
agronegócio e as instituições que participam e interagem no processo de sua formulação e 
implementação.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Contextualizar o histórico e evolução do agronegócio, ocupação territorial e conceituar 
cadeias produtivas.
•
Conceituar políticas públicas e sua classificação.•
Reconhecer a existência dos vários formuladores de políticas públicas.•
DESAFIO
No cenário internacional, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil 
(CNA), o agronegócio representa, atualmente, 48% das exportações totais do país e é o que mais 
gera renda para o Brasil.
Suponha que você faz parte da equipe que formulará as políticas públicas relacionadas ao 
agronegócio para o próximo ano, e sua primeira atividade é contextualizar a todos sobre as 
informações e instrumentos que envolvem o tema. Para isso, você deverá:
1) Contextualizar agronegócio e políticas públicas.
2) Identificar as instituições (atores) que podem participar do processo de formulação 
de políticas públicas para o agronegócio.
3) Caracterizar o tipo de política pública a ser empreendida diante do cenário apresentado.
4) Identificar os reflexos/impactos dessas políticas públicas no mundo do agronegócio.
INFOGRÁFICO
Agribusiness é o conjunto de atividades que ocorrem para a produção de produtos 
agroindustriais, desde a produção de insumos até a chegada do produto final ao consumidor.
Fazem parte deste conjunto de atividades os serviços de armazenamento, finanças, transporte, 
marketing, contratos e seguros, logística, ditribuição, descarte, entre outras. Todas essas 
operações e procedimetos constituem os elos de cadeias que se tornaram cada vez mais 
complexos e integrados entre si, na medida que a agricultura se moderniza e ultrapassa as 
fronteiras da fazenda. 
Veja, no Infográfico, a cadeia produtiva do agronegócio.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
CONTEÚDO DO LIVRO
As políticas públicas são entendidas como o Estado em ação, ou seja, é o poder público 
implantando programas, planos e ações voltados para segmentos que necessitam da proteção e 
do amparo do Estado. Nesse sentido, a política pública é um processo de interação entre as 
necessidades sociais e as ações estatais empreendidas para atingi-las.
No capítulo Políticas Públicas Aplicadas ao Agronegócio, do livro Direito Aplicado ao 
Agronegócio, você poderá analisar o desenvolvimento do agronegócio brasileiro em seu 
contexto histórico e reconhecer a existência dos vários formuladores de políticas públicas 
voltadas para o agronegócio, nos níveis federal, estadual e municipal.
 
Políticas públicas aplicadas 
ao agronegócio 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Contextualizar o histórico e a evolução do agronegócio e da ocupação 
territorial e conceituar cadeias produtivas.
  Conceituar políticas públicas e sua classificação.
  Reconhecer a existência dos vários formuladores de políticas públicas.
Introdução
As políticas públicas são entendidas como o Estado em ação, ou seja, é o 
Poder Público implantando um projeto de governo, mediante programas, 
planos e ações voltados para segmentos específicos da sociedade civil, 
que necessitam da proteção e do amparo do Estado. Nesse contexto, a 
política pública é um processo de interação entre as necessidades sociais 
e as ações estatais empreendidas para atingi-las.
Neste capítulo, você vai estudar os conceitos relacionados ao agro-
negócio e ao setor agropecuário brasileiro. Você vai entender quais são 
e como são elaboradas as políticas públicas voltadas para o agronegócio 
e vai explorar as instituições que participam e interagem no processo de 
formulação e implementação dessas políticas.
A evolução do agronegócio
Com o descobrimento do Brasil, as primeiras atividades agrícolas que se 
realizaram foram a monocultura da cana-de-açúcar, destinada prioritariamente 
para a exportação, seguida pela pecuária extensiva, passando pelos ciclos de 
exploração de ouro e chegando na cultura cafeeira, no século XIX. Essa época 
foi marcada pela ausência de pesquisa e desenvolvimento, pela monocultura 
e pela baixa competitividade no mercado internacional. 
As monoculturas canavieiras e cafeeiras tinham como característica o 
processo manufatureiro; ou seja, todos os processos de cultivo, processa-
mento, armazenamento, distribuição e comercialização dos produtos eram 
realizados na própria fazenda. Esse ciclo de produção agrícola era administrado 
e controlado pelo proprietário rural. 
No início do século XX, com as mudanças provocadas pelo processo de 
urbanização e modernização e a busca por maiores lucros, muitas atividades 
agrícolas foram desvinculadas da fazenda. A produção de maquinário, ferti-
lizantes e insumos ficou a cargo de empresas especialistas no negócio. Essa 
onda de especialização e avanço tecnológico tomou conta do processo agrícola 
como um todo, abrangendo as atividades de processamento, comercialização, 
distribuição e transporte.
A produção agrícola deixou de ser apenas para a subsistência da família do 
agricultor e passou a ter fins mercantilistas. Nessa ótica, conforme Goldberg 
e Davis (1957), a atividade agrícola passou a ser entendida como um conjunto 
de atividades que engloba os serviços de armazenamento, finanças, transporte, 
marketing, contratos e seguros, logística, distribuição, descarte, entre outros. 
Todas essas operações e procedimentos constituem os elos da cadeia 
produtiva, que se tornam cada vez mais complexos e interligados à medida 
que a agricultura se moderniza e ultrapassa as fronteiras da fazenda. Assim, 
a cadeia produtiva pode ser segmentada nas seguintes atividades:
  produção de insumos, realizada pelas empresas que fornecem as maté-
rias-primas e máquinas – agricultura, pecuária, pesca, piscicultura, etc.;
  industrialização, realizada pelas empresas responsáveis pela transforma-
ção das matérias-primas em produtos finais destinados ao consumidor; 
pode se tratar de uma unidade familiar ou de outra agroindústria; 
  distribuição e comercialização, realizadas pelas empresas que estão em 
contato com o cliente final da cadeia de produção e que viabilizam o 
consumo, a distribuição, o armazenamento e o comércio dos produtos 
finais – supermercados, mercearias, restaurantes, cantinas, etc.
Assim, o agronegócio ganha corpo e ultrapassa os limites da porteira. Nesse 
contexto, para melhor compreensão, a cadeia produtiva do agronegócio pode 
ser dividido em três setores, conforme Araújo (2005, p. 20):
Fase 1, antes da porteira, ou à montante da produção agropecuária, é com-
posta basicamente pelos fornecedores de insumos e serviços, máquinas, 
Políticas públicas aplicadas ao agronegócio2
implementos, defensivos, fertilizantes, corretivos, sementes, técnicas de 
financiamento rural. 
Fase 2, dentro da porteira, ou produção agropecuária, é o conjunto de atividades 
desenvolvidas dentro das unidades produtivas agropecuárias (as fazendas ou 
produção agropecuária propriamente dita), que envolve preparo e manutenção 
dos solos, tratos culturais, irrigação, colheita, criações e outras.
 Fase 3, após a porteira, ou à jusanteda produção agropecuária, refere-se as 
atividades de armazenamento, beneficiamento, industrialização, embalagem, 
distribuição e consumo de produtos alimentares.
Assim, por agronegócio se entende a soma total das operações de produção 
de insumos, armazenamento, processamento, distribuição e comercialização de 
produtos agrícolas. O conceito, portanto, engloba os fornecedores de insumos 
e serviços para a agricultura, os produtores rurais (agricultura), os proces-
sadores (agroindústria), os distribuidores e todos os envolvidos na geração e 
distribuição dos produtos de origem agrícola até o consumidor final.
A visão do agronegócio deve ser sistêmica, em que o todo é maior do 
que a soma de suas partes. Essa visão se contrapõe à visão tradicional, que 
enxerga os elementos do sistema como segmentos independentes de um todo, 
desconsiderando o que há de mais importante num sistema: o mecanismo de 
interação e de integração entre os vários elos que o compõem. A Figura 1 
apresenta as fases da cadeia produtiva do agronegócio. 
Figura 1. Fases da cadeia produtiva do agronegócio.
Insumos Agricultura
Indústria de
alimentos e
�bras
Consumidor
Rural
(antes porteira)
Agroindustrial
(pós porteira)
Alimentar
(além porteira)
Agrícola
(dentro porteira)
Distribuição
Atacado e
Varejo
As políticas públicas e sua classificação 
As políticas públicas são entendidas como o Estado em ação, conforme 
Gobert e Muller (1987 apud HÖFLING, 2001); ou seja, trata-se do Poder 
3Políticas públicas aplicadas ao agronegócio
Público implantando um projeto de governo, mediante programas, planos e 
ações voltados para segmentos específi cos da sociedade, que necessitam de 
proteção e de amparo do Estado.
Para Guareschi et al. (2004, p. 180), as políticas públicas assumem um 
conceito mais sistêmico e integrado: elas consistem no “conjunto de ações 
coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um com-
promisso público que visa dar conta de determinada demanda, em diversas 
áreas. Expressa a transformação daquilo que é do âmbito privado em ações 
coletivas no espaço público”.
Mas para que o processo político se inicie, há necessidade de que um ou 
mais atores sociais identifique um problema social ou sinta que as ações do 
governo o afetam negativamente. Segundo Carvalho, Barbosa e Soares (2010), 
esses atores devem procurar mobilizar e articular apoio, de forma a convencer 
os agentes políticos a agirem positivamente no sentido de instituir ou alterar 
ações governamentais definidas na agenda política.
As políticas públicas sofrem influência de circunstâncias externas. Segundo 
Hogwood e Gunn (apud SARAVIA; FERRAREZI, 2007, p. 34), para o sucesso 
do processo, tais circunstâncias devem envolver: adequação, suficiência e 
disponibilidade de tempo e recursos; características da política em termos de 
causa e efeito, vínculos e dependências externas; compreensão e especificidade 
dos objetivos e tarefas; comunicação; coordenação e obediência. Para se obter 
o sucesso da política pública, faz-se necessário o enfrentamento contínuo dos 
contextos, das personalidades, das alianças e dos eventos.
A partir de uma perspectiva multicêntrica é possível compreender o 
conceito de políticas públicas de forma ampla e abrangente. Como forma de 
explicar didaticamente o funcionamento dessas políticas, diversos autores 
optam por desdobrá-lo em três conceitos-chave: policy, polity e politics. 
Conforme Frey (2002), em linhas gerais, policy se refere aos conteúdos 
concretos da política; polity é o sistema jurídico e a estrutura institucional 
e administrativa da política; e politics se relaciona aos processos políticos, 
frequentemente de caráter conflituoso no que diz respeito à imposição de 
objetivos, conteúdos e decisões de distribuição.
Essa diferenciação é de grande importância porque, apesar de separados 
para efeito de aprofundamento, os conceitos-chave são entrelaçados e se 
influenciam mutuamente, uma vez que a política institucional (polity) define 
as regras do jogo político (politics), que acabam por se materializar na ação 
do Estado junto à sociedade civil (policy), conforme explica Offe (1984).
Políticas públicas aplicadas ao agronegócio4
É importante diferenciar três conceitos específicos relacionados às políticas públicas:
Plano: delimita as decisões de caráter geral de longo prazo e inclui as grandes orien-
tações – missão, objetivos gerais e estratégias.
Programa: é o aprofundamento do plano; documento que representa o conjunto 
de projetos cujos resultados permitem alcançar o objetivo de uma política pública. 
Projeto: é uma ação/operação planejada e delimitada pelos objetivos específicos de 
um programa. Possui ações, intervenções, atividades, recursos e prazos para o alcance 
dos objetivos e impactos almejados.
Classificação das políticas públicas
Os tipos de políticas públicas mais comuns empregados no processo de for-
mulação de políticas públicas são: 
a) Políticas públicas distributivas: esse tipo de política não considera a 
limitação dos recursos públicos e busca privilegiar não a sociedade como 
um todo, mas uma parcela específica da sociedade civil. Por tratar-se 
de políticas bem específicas, existe o risco eminente de ocorrer alguma 
disfunção, como o clientelismo ou assistencialismo. 
b) Políticas públicas redistributivas: esse tipo de política é caracterizado 
pelos movimentos financeiros; ou seja, por meio da política, se alocam 
bens ou serviços a segmentos específicos da sociedade, mediante re-
cursos que são extraídos de outros grupos específicos. 
c) Políticas públicas regulatórias: são marcadas pela própria intervenção 
do Estado; ou seja, trata-se do poder de império do Estado, que se 
concretiza por meio de ordens de serviço, multas, medidas proibitórias, 
decretos e portarias. 
d) Políticas públicas constitutivas: visam a resguardar o poder regu-
lamentador do Estado, ou seja, estabelecem as regras e os padrões a 
partir dos quais devem ser formuladas e implementadas outras políticas 
públicas.
5Políticas públicas aplicadas ao agronegócio
Políticas públicas relacionadas ao agronegócio, regulamentadas em legislações 
específicas: 
  Política Nacional do Meio Ambiente – Lei Federal nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981.
  Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei Federal nº. 9.433, de 8 de janeiro de 1997.
  Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei Federal nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010.
  Política Nacional de Educação Ambiental – Lei Federal nº. 9.795, de 27 de abril de 
1999.
  Política Nacional de Desenvolvimento Regional – Decreto Federal nº. 6.047, de 22 
de fevereiro de 2007.
  Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – Lei Federal 
nº. 7.853, de 24 de outubro de 1989.
  Política Nacional de Desenvolvimento Urbano – Resoluções da 2ª Conferência 
Nacional das Cidades/2005.
Para melhor compreensão, é importante diferenciar política pública de decisão política:
  Política pública é um processo que vai além da decisão e que requer diversas 
ações e evoluções estrategicamente selecionadas para implementar as decisões 
ou não decisões.
  Decisão política corresponde a uma escolha dentre um conjunto de possíveis 
soluções, conforme o tensionamento imposto pelos atores envolvidos; ou seja, é 
o encontro da solução com a solução pretendida.
Formuladores de políticas públicas
As políticas públicas são demandadas por inúmeros atores, em um ambiente 
extremamente dinâmico, marcado por relações de poder entre atores do Estado 
e da sociedade civil, agências intersetoriais e os poderes do Estado, em seus 
níveis nacional, estadual e municipal. Nessa arena política, temos:
Políticas públicas aplicadas ao agronegócio6
  os atores governamentais, que abrangem o presidente da República, 
o alto e médio escalão, os funcionários de carreira, os políticos eleitos, 
os parlamentares, os funcionários do Legislativo e os membros do 
Judiciário, os governadores de estado e os prefeitos municipais, asempresas públicas, as fundações e as autarquias públicas;
  os atores não governamentais, representados por grupos de pressão, 
instituições de pesquisa, acadêmicos, consultores, organismos inter-
nacionais (ONU, OMC, Unesco, etc.), sindicatos e associações civis de 
representação de interesses, partidos políticos e organizações privadas 
não governamentais.
Outro ator a ser considerado, embora não atue diretamente na formulação 
das políticas públicas, é a mídia. A mídia impressa e/ou eletrônica pode ser, 
ao mesmo tempo ou alternativamente, um ator, um recurso de poder e um 
canal de expressão de interesses individuais ou coletivos. 
Formuladores de políticas voltadas ao agronegócio
No processo de formulação de políticas públicas atuam diversas instituições 
não governamentais e organizações privadas de âmbito nacional e estadual, 
que direcionam as decisões das políticas voltadas ao agronegócio:
  Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA): representa 
a classe de empreendedores rurais.
  Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag): 
representa a classe de trabalhadores rurais.
  Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores 
Familiares Rurais (Conafer): representa a classe da agricultura familiar.
  Associação Nacional do Agronegócio (Abag).
  Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar): instituição de en-
sino e capacitação para a agricultura e pecuária, cujo objetivo maior 
é proporcionar a educação profissional e a melhoria da qualidade de 
vida das pessoas do meio rural.
Formuladores na esfera estadual e internacional
Nos cenários estadual e municipal, as Secretarias de Agricultura estaduais são 
as formuladoras locais de políticas públicas voltadas ao agronegócio. A maioria 
dos estados contam também com empresas públicas de assistência técnica e 
7Políticas públicas aplicadas ao agronegócio
extensão rural, as Ematers. As federações da agricultura e os sindicatos rurais 
também representam, à nível estadual, as políticas voltadas ao agronegócio.
No cenário internacional, destaca-se a Organização das Nações Unidas 
para Alimentação e Agricultura (FAO). A FAO atua diretamente no desenvol-
vimento das políticas públicas agrárias, reunindo vários países, desenvolvidos 
e em desenvolvimento, em pé de igualdade para negociar e pactuar acordos e 
tratados internacionais em prol de boas práticas agrícolas e políticas públicas 
para o desenvolvimento e o aprimoramento do agronegócio.
Para entender como a Organização Mundial do Comércio 
atua no mercado internacional, especialmente no que tange 
à agricultura, acesse o código ao lado ou o link a seguir.
https://goo.gl/2K4FoD
Políticas públicas aplicadas ao agronegócio8
Uma política pública pode tanto ser parte de uma política de Estado quanto de uma 
política de governo, ambas conceituadas no quadro abaixo.
Política de Estado Política de governo
Política de longo prazo, que se 
perpetua independentemente 
do governo, do governante ou 
de determinada ideologia.
Política que é realizada por 
um determinado governo; 
cada governo tem seus 
projetos, programas e ações 
a serem implementadas.
Vejamos um exemplo dessa diferença:
A Política de Reforma Agrária é uma política de Estado, ou seja, uma política que 
se perpetua ao longo da evolução da agricultura, transcendendo os governos e os 
presidentes da república.
O Seguro da Agricultura Familiar (Seaf) visa a proteger o agricultor familiar contra 
perdas nas lavouras causadas por eventos climáticos, como seca e chuva excessiva. Essa 
política, em forma de programa, foi instituída em 2015, na gestão do governo Dilma 
Rousseff. Se essa política se mantiver, poderá se transformar em política de Estado.
9Políticas públicas aplicadas ao agronegócio
BATALHA, M. O. (Coord.). Gestão agroindustrial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. v. 1. 
CARVALHO, M. de L.; BARBOSA, T. R. da C. G.; SOARES, J. B. Implementação de política 
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ufsc.br/bitstream/handle/123456789/97020/IMPLEMENTA%C7%C3O%20DE%20
POL%CDTICA%20P%DABLICA%20UMA%20ABORDAGEM%20TE%D3RICA%20E%20CR.
pdf?sequence=1>. Acesso em: 02 jun. 2018. 
FREY, K. Políticas públicas: um debate conceitual e reflexões referentes à prática da 
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p. 211-259, 2002. 
GOLDBERG, R. A.; DAVIS, J. H. A Concept of agribusiness. Boston: Harvard University 
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GUARESCHI, N. et al. Problematizando as práticas psicológicas no modo de entender 
a violência. In: STREY, M. N.; AZAMBUJA, M. P. R. JAEGER, F. P. (Org.). Violência, gênero 
e políticas públicas, Porto Alegre, p. 177-193, 2004. 
HÖFLING, E. de M. Estado e políticas (públicas) sociais. Cad. CEDES, Campinas, v. 21, n. 
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arttext&pid= S0101-32622001000300003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 02 jun. 2018. 
OFFE, C. Dominação de classe e sistema político: sobre a seletividade das instituições 
políticas. In: OFFE C. Problemas estruturais do Estado capitalista. Rio de Janeiro: Tempo 
Brasileiro, 1984. 
SARAVIA, E.; FERRAREZI, E. (Org.) Políticas públicas: coletânea. Rio de Janeiros: ENAP. 
2007. v. 2. 
Leituras recomendadas
ALBERGONI, L.; PELAEZ, V. Da Revolução Verde à agrobiotecnologia: ruptura ou 
continuidade de paradigmas? Revista de Economia, Curitiba, ano 31, v. 33, n. 1, p. 
31-53, jan./jun. 2007.
ALMEIDA, J.; NAVARRO, Z. Reconstruindo a agricultura: ideias e ideais na perspectiva do 
desenvolvimento rural sustentável. Porto Alegre, Ed. da UFRGS, 1997.
ANDRADES, T. O.; GANIMI, R. N. Revolução verde e a apropriação capitalista. Revista 
Centro Superior de Juiz de Fora, Juiz de Fora, v. 21. p. 43-56, 2007. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: 
Senado Federal, 1988.
Políticas públicas aplicadas ao agronegócio10
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Projeções do agronegócio: 
Brasil 2016/17 a 2026/27. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria 
de Política Agrícola. Brasília: MAPA/SPA, 2017.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDS. Disponível em: <http://www.
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BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Disponível em: <http://www.mma.
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HENRIQUES, F. S. A Revolução verde e a biologia molecular. ver. de Ciências Agrárias, 
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IWASAKI, M. M. Função social da propriedade rural e a proteção jurídica do meio 
ambiente. Revista Eletrônica do CEJUR, Curitiba-PR, ano 2, v. 1, n. 2, ago./dez. 2007.
MARQUES, B. F. Direito agrário brasileiro. 11. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2015. 
NOVAES, H. T. Reestruturação do campo e o fetichismo da “revolução verde”. Revista 
Ciências do Trabalho, n. 9, p. 15-28, dez. 2017. 
SCHNEIDER, S. Situando o desenvolvimento rural no Brasil: o contexto e as questões 
em debate. Revista de Economia Política, São Paulo, v. 30, n. 3, p. 511-531, jul./set. 2010.
SERRA, L. S.; MENDES, M. R. F.; SOARES, M. V.; MONTEIRO, I. P. Revolução verde: refle-
xões acerca da questão dos agrotóxicos. Revista Científica do Centro de Estudos em 
Desenvolvimento Sustentável da UNDB, Brasília, n. 4, v. 1, jan./jul. 2016. Disponível em: 
<http://www.undb.edu.br/public/publicacoes/revolu%C3%A7%C3%A3o_verde_e_
agrot%C3%B3xicos_-_marcela_ruy_f%C3%A9lix.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2018.
11Políticaspúblicas aplicadas ao agronegócio
 
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR
Diversas atividades estão envolvidas no agronegócio, elas estão, nos termos da área, antes, 
dentro e depois da porteira, na forma de um ecossistema e não apenas uma sequência de fases. 
Assista à Dica para saber mais. 
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
 
EXERCÍCIOS
1) Nos dias de hoje, a agricultura do Brasil é vista como uma potência mundial em 
virtude do elevado desempenho produtivo e à sua grande participação na balança 
comercial brasileira. Com o aumento da eficiência produtiva, o Brasil passou a ser 
um dos maiores exportadores de produtos como soja, carnes bovina, suína e de 
frango, café, álcool e açúcar. Na história do Brasil diferentes produtos também já 
foram protagonistas. 
Identifique a opção que apresenta corretamente as características históricas do 
agronegócio no Brasil 
A) No século XX ocorre uma mudança na estrutura da produção agrícola do Brasil que passa 
a ter fins mercantilista
B) As primeiras atividades agrícolas no Brasil estavam relacionada ao ciclo de exploração do 
ouro em terras interioranas no país
C) O ciclo de produção agricola, no periodo das monoculturas canavieiras e cafeeira, 
caracterizava-se pelo controle e administração de todo o processo por atores externos e 
também o próprio Estado
D) No século XIX, quando a monocultura era o que caracterizava a produção agrícula no 
Brasil, o agronegócio desenvolve e ganha corpo para além dos limites da porteira
E) Agência Nacional de Águas (ANA), responsável em implementar e coordenar a gestão 
compartilhada e integrada dos recursos hídricos.
2) Com base no que foi estudado, quais dos fundamentos a seguir podem ser atribuídos 
às políticas públicas?
A) Políticas públicas visam a responder às demandas da sociedade, ou de parcela dela, de 
forma a promover o desenvolvimento e solucionar os problemas públicos.
B) São meramente uma vontade do Estado e não necessariamente se traduzem em 
ações, projetos e programas sociais para melhoria do bem-estar da sociedade civil.
C) Políticas públicas nunca interferem no cotidiano de uma sociedade.
D) Sempre impactam somente as pessoas que carecem do amparo do Estado.
E) Não fazem parte da maioria das agendas dos governos municipais.
3) As políticas públicas podem ser classificadas de acordo com vários critérios. Dá-se o 
nome de _____ às políticas públicas voltadas para um segmento da 
sociedade específico (idade, crença regiliosa, raça, condição física, gênero, etc.). O 
termo que preenche corretamente a lacuna é:
A) segmentais.
B) distributivas.
C) redistributivas. 
D) regulatórias.
E) universais.
4) Analise e marque a afirmativa que menciona a política pública de crédito rural 
específica para a agricultura familiar:
A) Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
B) Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na 
Agricultura (Programa ABC).
C) Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA).
D) Programa de Incentivo à Irrigação e à Armazenagem (Moderinfra).
E) Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos 
Associados e Colheitadeiras (Moderfrota).
5) Em relação aos Formuladores de Políticas Públicas para o Agronegócio Brasileiro, 
qual das assertivas abaixo apresenta uma discussão correta sobre o tema: 
A) As demandas para formulação de políticas públicas de agronegócio são construidas 
exclusividade pelo poder público na esfera municipal
B) Os estados do Brasil contam com Empresas públicas de assistência técnica e extensão rural 
- Emater como importantes instrumentos de operacionalização e planejamento no setor 
agrícola 
C) Estão envolvidos na formulação de políticas públicas de agronegócio somente atores 
sociais como sindicatos, associações civis e organizações privadas não governamentais 
que atuam em espaços rurais
D) Na arena política da formulação de políticas públicas, a mídia surge como um importante 
executor direto das políticas públicas
E) Estão envolvidos na formulação de políticas públicas de agronegócio, a mídia, atores 
sociais, organizações sociais e que atuam apenas de forma operacional.
NA PRÁTICA
O agronegócio tem papel de destaque no bom desempenho da balança comercial brasileira, 
sendo o setor que mais gera renda para o Brasil.
Márcia atua na análise e desenvolvimento de políticas públicas para o agronegócio. Veja como 
tem sido. 
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Associação Brasileira do Agronegócio
O site concentra todo tipo de informação relacionada ao agronegócio: notícias, indicadores, 
pesquisas, etc.
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Projeções do agronegócio
Para pesquisar as projeções do agronegócio no Brasil, utilize as publicações sobre o tema 
disponíveis no site do MAPA.
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Desapropriação de Terras para Reforma 
Agrária
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo!
Desde o descobrimento do Brasil, assim como em outras povoações e países mais antigos, 
ocorreram conflitos pela disputa da terra, visto que todos buscam o acesso a este bem tão 
precioso que permite a produção de alimentos, exploração e extração de recursos naturais.
A forma como o território brasileiro foi ocupado, desde essas épocas mais antigas, determinou 
como seria a distribuição das terras, concentrando as titularidades de grandes áreas na mão de 
poucos proprietários. Essa foi uma característica implementada historicamente, que gerou o 
descontentamento de trabalhadores rurais e camponeses, assim como de oportunistas, que 
vieram a pressionar o governo para implementar políticas públicas no intuito de promover a 
democratização da terra, na busca de uma divisão mais igualitária do território.
Surgiu, então, a possibilidade de desapropriação por interesse social, sendo criado pelo governo 
um programa exclusivo para atender às reivindicações sociais, a reforma agrária.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender conceitos e definições de todas as leis que 
tratam e regulamentam especificamente a desapropriação de terras para fins de reforma agrária.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer a desapropriação de terras, segundo o Estatuto da Terra.•
Identificar o processo de desapropriação por reforma agrária (Lei n° 8.629/1993).•
Definir a fase judicial da desapropriação de imóveis rurais.•
DESAFIO
Você, como profissional habilitado, foi contratado por um proprietário de imóveis, o 
Sr. Joselito, para defendê-lo tanto na esfera administrativa quanto na judicial.
Conheça sua situação:
Diante da situação colocada, para auxiliar o Sr. Joselito, responda às seguintes questões:
a) Com relação à Fazenda Terra Boa, que foi invadida, há alguma medida administrativa ou 
judicial a ser tomada? Se sim, qual? Explique.
b) A Fazenda Terra Boa poderá ser objeto de vistoria e avaliação pelo Incra ou de ação de 
desapropriação para reforma agrária? Explique indicando a lei necessária para uma resposta 
completa.
c) A Fazenda Esmeralda poderá ser objeto de vistoria e avaliação pelo Incra ou de ação de 
desapropriação para reforma agrária? Explique.
INFOGRÁFICO
Para verificar se a propriedade rural pode ser ou não objeto de desapropriação para fins de 
reforma agrária, deve ser verificado se os índices de Grau de Utilização da Terra (GUT) e Grau 
de Eficiência na Exploração (GEE) estão sendo cumpridos. Em caso positivo, a propriedade 
rural será considerada produtiva. Se alcançados de forma irracional, de certa forma, a 
propriedade não estará cumprindo com sua função social, e assimestará sujeita à desapropriação 
para fins de reforma agrária.
No infográfico a seguir, você vai aprender o que é o Grau de Utilização da Terra (GUT) e 
o Grau de Eficiência na Exploração (GEE) e como calculá-los.
CONTEÚDO DO LIVRO
A busca pelo acesso à terra no Brasil não é recente; aliás, remonta lá no século XVI, quando do 
descobrimento do Brasil pela frota comandada por Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril de 
1500. Obviamente, à época, não existiam grupos organizados em movimentos sociais que 
buscavam o acesso à terra, nem mesmo uma política pró-reforma agrária, mas no mesmo século 
do descobrimento do Brasil houve diversos conflitos travados entre os índios e os 
portugueses em razão do descontentamento dos nativos com a apropriação das terras brasileiras 
e exploração do território, iniciando o que se pode chamar de disputa pelo acesso à terra.
Durante os séculos que sucederam o descobrimento, a ocupação do território brasileiro foi sendo 
definida conforme as medidas políticas tomadas pela Coroa Portuguesa. Após a independência 
do Brasil, em 7 de setembro de 1822, ocorreu a edição de uma das primeiras leis brasileiras a 
tratar do direito agrário, a Lei n° 601/1850 – Lei de Terras –, estabelecendo a compra como a 
única forma de acesso à terra, abolindo em definitivo o regime de sesmarias, mas também 
revalidando aquelas posses já existentes, conferindo assim a propriedade ao detentor da 
posse. Esta lei é, portanto, o marco inicial da questão fundiária brasileira.
Em vista desse modelo de ocupação centralizador de terras, os movimentos camponeses e dos 
trabalhadores do campo começaram a reivindicar ao governo uma justa distribuição de terras, 
culminando na edição da Lei n° 4.132/1962, logo sucedida pelo Estatuto da Terra, normas que 
regulamentaram a desapropriação para fins de reforma agrária. Esse modelo de ocupação de 
terras iniciado na época do Brasil Colônia reflete no atual modelo econômico ancorado na 
balança comercial do agronegócio, movido, principalmente, pelas grandes culturas de soja e 
milho, assim como pela forte pecuária extensiva em sua maioria.
Após esse breve compilado histórico, que tem relação estreita com o tema desta Unidade de 
Aprendizagem, no capítulo Desapropriação de terras para reforma agrária, da obra Direito 
aplicado ao agronegócio, você vai estudar os procedimentos de desapropriação de terras para 
reforma agrária, tratando das disposições do Estatuto da Terra acerca do tema, do processo 
administrativo conduzido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), 
bem como do processo judicial.
Boa leitura.
DIREITO 
APLICADO AO 
AGRONEGÓCIO
Luiz Fernando Pereira
Desapropriação de terras 
para reforma agrária 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Apresentar a desapropriação de terras segundo o Estatuto da Terra.
  Entender o processo de desapropriação por reforma agrária.
  Conhecer a fase judicial da desapropriação de imóveis rurais.
Introdução
Durante os séculos que se sucederam ao descobrimento, a ocupação 
do território brasileiro foi definida pelas medidas políticas tomadas pela 
Coroa portuguesa, inicialmente implantando o regime de sesmarias, 
com o objetivo de produzir alimentos e riqueza, proteger o território da 
Coroa frente a nações ou povos estrangeiros e incentivar o povoamento. 
Esse regime consistia na concessão de uma área de terra ao sesmeiro, 
que deveria cultivar o solo sob pena de ter o direito de posse cassado. 
Cumprindo as exigências do estatuto jurídico da sesmaria, o sesmeiro se 
tornava dono da propriedade.
Uma das primeiras leis brasileiras relacionadas ao direito agrário foi 
a de nº. 601, de 18 de setembro de 1850, chamada Lei de Terras. Ela 
estabeleceu a compra como a única forma de acesso à terra, abolindo 
em definitivo o regime de sesmarias, mas também revalidando aquelas 
posses já existentes.
Esse é, portanto, o marco inicial da questão fundiária. Em vista desse 
modelo de ocupação centralizador de terras, os movimentos de campo-
neses e trabalhadores do campo começaram a reivindicar ao governo 
uma distribuição mais justa, culminando com a edição da Lei nº. 4.132, 
de 10 de setembro de 1962, logo sucedida pelo Estatuto da Terra. Essas 
normas regulamentaram a desapropriação para fins de reforma agrária.
A questão da reforma agrária enfrenta problemas históricos, com 
finais trágicos tanto para proprietários quanto para reivindicantes. Mesmo 
em áreas onde os procedimentos de desapropriação são concluídos, o 
governo peca pela carência de apoio técnico e financeiro aos beneficiários 
dos novos lotes. Isso deixa claro que a reforma agrária não é somente um 
processo de distribuição de terras, necessitando também de um projeto 
pós-loteamento.
Com base nesse breve compilado histórico, que possui relação estreita 
com o tema deste capítulo, você vai estudar os procedimentos de desa-
propriação de terras para a reforma agrária, verificando as disposições do 
Estatuto da Terra acerca do tema. Você também vai analisar o processo 
administrativo conduzido pelo Instituto Nacional de Colonização e Re-
forma Agrária (Incra), bem como o processo judicial.
O Estatuto da Terra
Anteriormente ao Estatuto da Terra, a primeira norma a regular a desapropria-
ção no Brasil, de que se tem notícia, é o Decreto de 21 de maio de 1821, que 
estabelecia a proibição de se tomar alguma coisa de qualquer cidadão sem a 
sua vontade. Posteriormente, a Constituição Política do Império do Brasil de 
1824, a primeira Constituição brasileira, garantia a propriedade, mas também 
a possibilidade de desapropriação mediante a prévia indenização do valor 
do imóvel, se o bem público exigisse a propriedade do cidadão, ou seja, se a 
necessidade pública assim exigisse.
No entanto, a lei que definiu os casos em que poderia ser desapropriado o 
imóvel por interesse social e dispôs sobre sua aplicação foi a Lei nº. 4.132/1962, 
logo sucedida pelo Estatuto da Terra — Lei nº. 4.504, de 30 de novembro de 
1964 —, essa última editada durante o governo militar.
Para compreendermos a desapropriação de terras tratada pelo Estatuto 
da Terra, vamos fazer um compilado dos dispositivos mais importantes da 
norma, comentando assim definições, objetivos, características e meios para 
a reforma agrária, segundo a lei em estudo.
É importante lembrarmos aqui que o Estatuto da Terra foi a lei que concebeu 
a função social da propriedade, dispondo que é assegurada a oportunidade de 
acesso à propriedade da terra, contanto que a propriedade desempenhe inte-
gralmente a sua função social. Verificamos então que, excetuadas a pequena 
e média propriedade, conforme disposição da Constituição Federal de 1988, 
caso o proprietário não atenda aos critérios exigidos para o cumprimento da 
função social da propriedade previstos tanto no Estatuto da Terra quanto na 
Constituição, estará sujeito a ter seu imóvel declarado como desapropriável.
Desapropriação de terras para reforma agrária2
Para adentrarmos no tema, é necessário termos uma exata definição do 
que é o programa da reforma agrária, criado pelo governo e implementado 
pela legislação agrária brasileira, como forma de democratização. 
Conforme o art. 1°, § 1°, do Estatuto da Terra (BRASIL, 1964, documento 
on-line), “[...] considera-se reforma agrária o conjunto de medidas que visem a 
promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de 
sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento 
de produtividade.” 
O Estatuto Rural dedica um título exclusivo para tratar da reforma agrária, 
estabelecendo o objetivo do acesso à propriedade rural no art. 16, com o 
seguinte texto: 
A Reforma Agrária visa a estabelecer um sistema de relações entre o homem, 
a propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça social, o 
progresso e o bem-estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico 
do país, com a gradual extinção dominifúndio e do latifúndio” (BRASIL, 
1964, documento on-line). 
Logo no artigo subsequente, fica definido que “O acesso à propriedade 
rural será promovido mediante a distribuição ou a redistribuição de terras, pela 
execução de [...]” (BRASIL, 1964, documento on-line), entre outras medidas, 
a desapropriação por interesse social.
Mesmo parecendo óbvio, surge a necessidade de se conceituar o termo 
interesse social. Veremos que não é tão óbvio assim. Para Gischkow (1988), 
o interesse social se caracteriza quando a desapropriação se destina a so-
lucionar problemas de ordem social, com fins de atender às classes pobres 
da sociedade, aos trabalhadores desamparados e à massa do povo em geral, 
visando à melhoria nas condições de vida desses cidadãos, a uma distribuição 
mais equitativa de riqueza e à atenuação das desigualdades sociais, a partir 
de planos de habitações populares ou de distribuição de terras.
Sabendo o conceito de interesse social, voltamos às disposições do Estatuto 
da Terra, que elencou, em seu art. 18, as finalidades da desapropriação por 
interesse social, discriminando as hipóteses que autorizam essa forma de 
desapropriação: condicionar o uso da terra à sua função social ;
[...] promover a justa e adequada distribuição da propriedade; obrigar a ex-
ploração racional da terra; permitir a recuperação social e econômica de 
regiões; estimular pesquisas pioneiras, experimentação, demonstração e 
assistência técnica; efetuar obras de renovação, melhoria e valorização dos 
3Desapropriação de terras para reforma agrária
recursos naturais; incrementar a eletrificação e a industrialização no meio 
rural; facultar a criação de áreas de proteção à fauna, à flora ou a outros 
recursos naturais, a fim de preservá-los de atividades predatórias (BRASIL, 
1964, documento on-line).
O Estatuto da Terra prevê que a desapropriação poder recair sobre todo o bem ou 
sobre parte dele. No caso de uma desapropriação parcial, poderá ser solicitada pelo 
expropriado a extensão da desapropriação sobre a outra parte, que restou inócua e 
inservível. Esse direito é expressamente reconhecido no artigo 19 do Estatuto da Terra.
É importante agora sabermos qual é a destinação dada pelo governo a essas 
propriedades expropriadas, já que, a partir do momento em que o processo 
expropriatório é concluído, transitando em julgado a ação judicial de desa-
propriação, passa a compor o patrimônio do Instituto Brasileiro da Reforma 
Agrária, autarquia criada pelo Estatuto da Terra, diretamente subordinada à 
Presidência da República.
Já estudamos que a finalidade maior da desapropriação de terras para 
reforma agrária é a igualitária e justa distribuição de terras, concedendo o 
acesso à terra e seu cultivo aos trabalhadores rurais. No entanto, a Lei que 
estamos estudando estabelece, em seu art. 24, para quem e quais são as formas 
de distribuição das terras desapropriadas, sendo elas:
  sob a forma de propriedade familiar [...];
  a agricultores cujos imóveis rurais sejam comprovadamente insuficientes 
para o sustento próprio e o de sua família;
  para a formação de glebas destinadas à exploração extrativa, agrícola, 
pecuária ou agroindustrial, por associações de agricultores organizadas 
sob regime cooperativo;
  para fins de realização, a cargo do Poder Público, de atividades de 
demonstração educativa, de pesquisa, experimentação, assistência 
técnica e de organização de colônias-escolas;
  para fins de reflorestamento ou de conservação de reservas florestais 
a cargo da União, dos Estados ou dos Municípios (BRASIL, 1964, 
documento on-line).
Desapropriação de terras para reforma agrária4
Veja que, apesar de a lei não dispor sobre ordem de preferência, enumera 
a destinação das terras desapropriadas de forma a priorizar os trabalhadores 
rurais que não possuem imóvel para produzir ou, ainda, aqueles que possuem 
imóvel insuficiente para produção.
De acordo com o Estatuto da Terra, o proprietário do imóvel desapropriado, desde 
que venha a explorar a parcela, diretamente ou por intermédio de sua família, poderá 
adquiri-la novamente, nos moldes estabelecidos pela lei. Não poderá adquirir a pro-
priedade integralmente, mas apenas o lote concedido ao expropriado, investido na 
condição de parceleiro. 
O parceleiro, conforme conceituação dada pelo Estatuto, é “[...] aquele que 
venha a adquirir lotes ou parcelas em área destinada à Reforma Agrária ou 
à colonização pública ou privada” (BRASIL, 1964, documento on-line), ou 
seja, é o beneficiário do programa da reforma agrária.
Para fins de distribuição das terras desapropriadas em forma de lotes, 
poderão adquirir tais parcelas apenas os trabalhadores sem-terra, salvo exce-
ções previstas na própria lei, sendo que terão prioridade os chefes de famílias 
numerosas, cujos membros se proponham a exercer atividade agrícola na área 
a ser distribuída.
Fazendo um compilado dos artigos que tratam das exigências relativas 
aos beneficiários, após receber a área do Incra por meio do título de domínio, 
da concessão de uso ou da concessão de direito real de uso (erga omnes), o 
beneficiário deve cumprir algumas exigências, tais como:
  não vender ou ceder a área pelo período de 10 anos, conforme determina 
o art. 189 da CF/88;
  não ser proprietário de terreno rural, de indústria ou comércio, ou 
funcionário público federal, estadual ou municipal;
  residir com sua família na parcela, explorando-a direta e pessoalmente;
  possuir boa sanidade física e mental e bons antecedentes e demonstrar 
capacidade empresarial para gerência do lote na forma projetada;
5Desapropriação de terras para reforma agrária
  cumprir a legislação ambiental, para também continuar cumprindo a 
função social da propriedade que anteriormente foi desapropriada com 
esse fundamento.
A desapropriação para reforma agrária
Segundo Mello (2001, p. 711):
[...] desapropriação se define como o procedimento através do qual o Poder 
Público, fundado em necessidade pública, utilidade pública ou interesse 
social, compulsoriamente despoja alguém de um bem certo, normalmente 
adquirindo-o para si, em caráter originário, mediante indenização prévia, justa 
e pagável em dinheiro, salvo no caso de certos imóveis urbanos ou rurais, em 
que, por estarem em desacordo com a função social legalmente caracterizada 
para eles, a indenização far-se-á em títulos da dívida pública, resgatáveis em 
parcelas anuais e sucessivas, preservado seu valor real.
Neste estudo, estamos tratando acerca da propriedade rural. Porém, evi-
dentemente, a desapropriação pode ocorrer tanto sobre imóvel rural quanto 
urbano e, até mesmo, recair sobre bens móveis, cabendo frisar aqui que a 
função social da propriedade é aplicável a todos os imóveis.
Pausen (1997) julga ser essencial compreender que a desapropriação é 
apenas um dos instrumentos que a União pode utilizar para promover a reforma 
agrária, não sendo, portanto, um caminho necessário e, muito menos, desejá-
vel, já que existem outros instrumentos mais adequados e menos traumáticos 
para se alcançar uma melhor situação fundiária. Por exemplo: a tributação 
progressiva e efetiva da terra improdutiva, o incentivo à realização de contratos 
de parceria e arrendamento e a utilização de terras públicas, que já são de 
domínio da União.
A Lei nº. 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, chamada Lei Material da Re-
forma Agrária, dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais 
relativos à reforma agrária, estabelecendo como será feito o procedimento 
administrativo para fins de reforma agrária, desde o momento de notificação 
inicial para ingresso em determinado imóvel para levantamento de dados. Essa 
norma dispõe acerca dos conceitos e das penalidades para certas situações, da 
prévia e justa indenização, dos critérios de aferição da produtividade da pro-
priedade rural, entre outras particularidades que serão estudadas na sequência.
A Lei em estudo repete nos exatos termos do texto constitucional os requi-
sitos para cumprimentoda função social da propriedade, estabelecendo que 
Desapropriação de terras para reforma agrária6
“A propriedade rural que não cumprir a função social é passível de desapro-
priação, competindo à União desapropriar por interesse social, para fins de 
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social” 
(BRASIL, 1993b, documento on-line).
O Incra tem como objetivo prioritário executar a reforma agrária e realizar 
o ordenamento fundiário nacional, utilizando-se de fatores como a localização 
em áreas definidas como prioritárias pelo órgão, a extensão do imóvel e o 
histórico da região. Com base em informações cartorárias, o Incra identifica 
o imóvel rural que esteja efetivamente em desacordo com a função social da 
propriedade, dando, assim, abertura para um processo de desapropriação.
Após tal identificação, no intuito de cientificar acerca da realização da 
vistoria preliminar em breve, o ato que inaugura o procedimento administrativo 
de desapropriação é a notificação prévia encaminhada ao proprietário, preposto 
ou representante, ou, ainda, a publicação por três vezes consecutivas em jornal 
de grande circulação, para o caso de não ser encontrado. Tudo conforme os 
parágrafos do art. 2º da Lei nº. 8.629/1993 (BRASIL, 1993b).
Veja que, desde o início de um procedimento de desapropriação, seja 
em fase administrativa ou judicial, deve haver um estrito cumprimento dos 
princípios constitucionais que garantem a ampla defesa e o contraditório, 
sempre respeitando o devido processo legal, a exemplo da obrigatoriedade de 
notificação prévia do proprietário para realização da vistoria inicial.
Para Pausen (1997, p. 94), a notificação prévia: 
Também serve para que, ciente do procedimento, o proprietário possa acom-
panhá-lo, disponibilizando aos técnicos as informações que possua a respeito 
da produtividade do seu imóvel e verificando, pessoalmente ou mediante 
assistente técnico, os critérios adotados nas medições realizadas (medições 
da área do imóvel, do grau de utilização da propriedade, da intensidade da 
exploração etc.), de forma que, se a conclusão do Incra lhe for desfavorável, 
possa armar-se para combatê-la administrativa ou judicialmente [...].
Nesse momento inicial, o objetivo do órgão responsável é verificar in loco 
a produtividade do imóvel, conforme a previsão do art. 6° da referida Lei, que 
considera produtivo o imóvel que atinge, simultaneamente, o grau de utilização 
da terra e o grau de eficiência na exploração da terra. O grau de utilização deve 
ser igual ou superior a 80%, calculado pela relação percentual entre a área 
efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel, enquanto o grau 
de eficiência deverá ser igual ou superior a 100%. Os índices utilizados para 
esses cálculos são fixados pelo Incra, considerando-se as diversas caracterís-
ticas dos imóveis, os tipos de produção e a realidade rural de cada município.
7Desapropriação de terras para reforma agrária
Voltando ao art. 2°, seu § 6° estabelece ainda que:
O imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho possessório 
ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo 
não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua 
desocupação, ou no dobro desse prazo, em caso de reincidência; e deverá 
ser apurada a responsabilidade civil e administrativa de quem concorra com 
qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie o descumprimento dessas 
vedações (BRASIL, 1993b, documento on-line).
O pretendente ao benefício de loteamento, cadastrado no Programa de 
Reforma Agrária do Governo Federal, ou o beneficiado que já esteja na posse 
de um lote, que participar direta ou indiretamente em conflito fundiário e for 
efetivamente identificado como invasor ou iminente invasor, será excluído do 
programa. Mais uma vez a lei garante o devido processo legal, repudiando 
ilegalidades nas questões fundiárias e coibindo possíveis invasões, que nor-
malmente são promovidas pelos movimentos sociais pró-reforma agrária.
A Lei em estudo regulamenta também a previsão legal, já estabelecida pela 
CF/88, referente à prévia e justa indenização do expropriado. O pagamento da 
indenização, feito por meio de resgate dos títulos da dívida agrária, é realizado 
no prazo de até 20 anos. Já as benfeitorias úteis e necessárias são indenizadas 
em dinheiro, enquanto as voluptuárias são acrescidas ao montante indenizatório 
fixado para a terra nua, sendo recebido também por meio de resgate de TDAs.
Conhecendo os tipos de benfeitorias, seus conceitos e exemplos:
  Necessárias: são aquelas que se destinam à conservação do imóvel, evitando que 
ele se deteriore. Exemplos: reparo de um mangueiro de gado; reparo de um galpão.
  Úteis: são aquelas que facilitam e otimizam o uso do imóvel para a finalidade a 
que é proposto. Exemplos: construção de tanque para abastecimento de água aos 
animais; construção de mangueiro para o gado.
  Voluptuárias: são aquelas que não possuem uma funcionalidade propriamente 
útil, mas tornam o imóvel mais bonito ou agradável. Exemplo: construção de uma 
piscina, lago ou qualquer tipo de área de lazer na sede de um imóvel rural.
Após a vistoria, o Incra faz uma avaliação da terra nua e das benfeitorias 
do imóvel. As benfeitorias devem ser pagas em dinheiro, à vista, e o valor da 
Desapropriação de terras para reforma agrária8
terra é pago por meio do lançamento de títulos da dívida agrária, pela secretaria 
de Tesouro Nacional, conforme explica Scolese (2005).
Segundo Mello (2009, p. 877):
Indenização justa, prevista no art. 5°, XXIV, da Constituição, é aquele que 
corresponde real e efetivamente ao valor do bem expropriado, ou seja, aquela 
cuja importância deixo o expropriado absolutamente indene, sem prejuízo 
algum ao seu patrimônio. Indenização justa é a que se consubstancia em 
importância que habilita o proprietário a adquirir outro bem perfeitamente 
equivalente e o exime de qualquer detrimento.
Outro ponto importante é o fato de que são igualmente passíveis de inde-
nização os eventuais prejuízos suportados pelo desapropriado no decorrer do 
processo administrativo e judicial, causados por ato do Estado.
Sobre o valor de indenização, cujo pagamento é feito via resgate de TDAs, 
incide correção monetária — já que os títulos conterão cláusula de preservação 
de seu valor real —, mas não incidem juros sobre as parcelas. As exceções 
que garantem a incidência de juros legais são pontualmente previstas pela 
Lei, quando houver atraso no pagamento da indenização e quando houver a 
imissão antecipada do expropriante (Estado) na posse do bem, pelo fato de 
ficar o proprietário privado do uso regular do imóvel antes de efetivamente 
finalizado o processo de desapropriação.
Frequentemente, em processos de desapropriação, a indenização do imóvel 
é a questão mais conflituosa, já que raras são as ocasiões em que o proprietário 
do imóvel declarado como desapropriável não contesta o valor fixado à título 
de indenização. 
Após o regular trâmite do processo administrativo perante o Incra, quando 
verificado e concluído que o imóvel não é produtivo, este concluirá ser o 
imóvel passível de desapropriação por interesse social. Após o processo ser 
analisado por outras divisões dentro do próprio órgão, será encaminhado à 
Procuradoria do Estado que, verificando não haver irregularidades, devolverá 
para apreciação final do Superintendente Regional do Incra, que, aprovando 
a proposta de desapropriação, remeterá o processo aos órgãos federais em 
Brasília.
Devidamente apreciado, realizados os atos administrativos cabíveis e apro-
vado o processo pelo Incra federal e pelo secretário da Agricultura Familiar 
e Desenvolvimento Agrário, finalmente será encaminhado ao presidente da 
República para apreciação pelo executivo, edição e publicação do decreto 
declaratório de desapropriação.
9Desapropriação de terras para reforma agrária
Até esse momento, o imóvel é apenas indicado como uma área possivel-mente passível de desapropriação por interesse social nos moldes da legislação, 
e ainda poderá o proprietário lançar uso de medidas judiciais para denunciar 
a eventual coação por parte do Estado durante o procedimento.
Publicado o decreto presidencial, terá a União — por meio do Incra — o 
prazo de dois anos para ingressar com a ação de desapropriação perante a 
Justiça Federal da comarca da localização do imóvel, sendo que, decorrido 
esse prazo, somente poderá distribuir nova ação após a publicação de novo 
decreto presidencial, observando-se o lapso temporal mínimo de um ano. 
Fase judicial da desapropriação de imóveis 
rurais
Durante o procedimento de desapropriação para fi ns de reforma agrária, são 
tomadas decisões pelo Poder Público que podem ser contestadas administrativa 
ou judicialmente, podendo surgir, assim, processos judiciais que discutam 
eventuais irregularidades cometidas dentro do processo administrativo con-
duzido pelo Incra.
Além disso, caso haja ameaça, turbação, ou, ainda, esbulho possessório, 
durante a fase administrativa, poderá o proprietário:
  ingressar com a ação de interdito proibitório, quando sentir-se ameaçado 
e na iminência de o seu imóvel ser invadido;
  ingressar com a ação de manutenção de posse, buscando sob a tutela do 
Estado manter-se na posse do imóvel, sem a limitação ilegal imposta 
por terceiros; ou
  ingressar com a ação de reintegração de posse, visando à sua imissão 
na posse do imóvel invadido e tomado integralmente.
Em tais demandas, poderá ser pleiteada a tutela cautelar de caráter antece-
dente, conforme previsão da Lei Processual Civil brasileira, a fim de se obter 
liminarmente o pedido final da ação.
Desapropriação de terras para reforma agrária10
Conheça os conceitos dos institutos que caracterizam a perturbação do sossego 
pessoal, familiar e social, no que tange ao direito de propriedade:
  Ameaça: caracteriza-se pela violência ou, tão somente, sua iminência, podendo 
visar à obstrução da locomoção de pessoas ou promover o ingresso de pessoas 
em propriedade privada.
  Turbação: são sinônimo do termo as palavras perturbação e incômodo, traduzindo 
o instituto a prática de atos abusivos que podem limitar a posse plena da proprie-
dade privada, podendo ser caracterizada pela destruição de cerca limítrofe ou pelo 
trânsito de terceiros em propriedade alheia, entre outros.
  Esbulho: é o ato de terceiro que, de forma ilegítima, toma a posse de coisa alheia 
fazendo uso da violência, impondo a perda do direito da posse da propriedade.
Ainda, outra situação em que o proprietário poderá acionar o judiciário 
é aquela na qual, durante a fase administrativa, logo após a vistoria inicial 
que classifica o imóvel como improdutivo, tal decisão do Incra é atacada 
judicialmente. Nesse caso, o proprietário utiliza-se de argumentos como o fato 
de possuir apenas uma pequena ou média propriedade, encaixando-se como 
insuscetível de desapropriação, conforme exceção conferida pela legislação, 
ou, ainda, sendo proprietário de mais de uma, ou de uma grande propriedade, 
demonstra que ela é produtiva.
Feitas tais considerações iniciais, passemos para o estudo da fase judicial 
da desapropriação propriamente dita. A fase judicial inicia-se logo após a 
publicação do decreto presidencial declaratório de desapropriação do imóvel 
improdutivo, quando da distribuição da competente ação de desapropriação 
pela União, por meio da Procuradoria do Incra regional.
A partir do momento em que é publicado o decreto, como vimos, o órgão 
competente possui o prazo de dois anos para ingressar com a ação de desa-
propriação perante a Justiça Federal, sob pena de decadência do direito, sendo 
que, em caso de perda do prazo, deverá ser respeitado o lapso temporal de um 
ano para que seja publicado novo decreto expropriatório.
A Lei Complementar nº. 76, de 6 de julho de 1993, chamada Lei Proces-
sual da Reforma Agrária, que dispõe sobre o procedimento contraditório 
especial, de rito sumário, para o processo de desapropriação de imóvel rural 
por interesse social, para fins de reforma agrária, alterada parcialmente pela 
11Desapropriação de terras para reforma agrária
Lei Complementar nº. 88, de 23 de dezembro de 1996, estabelece os seguintes 
procedimentos iniciais: 
I. o presidente da República pode declarar o imóvel de interesse social 
para fins de reforma agrária por meio de decreto expropriatório (art. 
2º da LC nº. 76);
II. o Incra deve propor a ação de desapropriação junto ao juiz federal 
competente (§ 1º do art. 2º da mesma Lei), dentro do prazo máximo de 
dois anos, contado da publicação do decreto desapropriatório (art. 3º da 
LC nº. 76), devendo a petição inicial preencher os requisitos processuais 
cíveis, conter a oferta do preço e os documentos probatórios previstos 
no art. 5º da LC nº. 76 e no art. 1º da LC nº. 88, entre eles o decreto 
declaratório de interesse social para fins de reforma agrária, o laudo 
de vistoria e avaliação do imóvel, a relação das benfeitorias, o “com-
provante de lançamento dos Títulos da Dívida Agrária correspondente 
ao valor ofertado para pagamento da terra nua” e o comprovante de 
depósito correspondente ao valor ofertado pelas benfeitorias;
III. o juiz federal competente terá o prazo de 48 horas para despachar a 
petição inicial, “mandará imitir o autor na posse do imóvel” e expedirá 
mandado ordenando a averbação do ajuizamento da ação no registro 
do imóvel expropriado, para conhecimento de terceiros (art. 6°, incisos 
I, II e III da LC nº. 76) (BRASIL, 1993a).
Após esses procedimentos iniciais, devidamente citado o proprietário, 
este poderá contestar o pedido inicial no prazo legal de 15 dias e indicar, caso 
queira, um assistente técnico para acompanhar a futura perícia.
A Lei Processual da Reforma Agrária limita a matéria de defesa quando 
exclui a possibilidade de apreciação do interesse social declarado (art. 9°, da 
LC nº. 76/1993) pelo proprietário, já que na ação de desapropriação, a con-
testação ou a resposta do expropriado deve se restringir à alegação de vício 
do processo ou à impugnação do preço da oferta. Isso se deve ao fato de que, 
se o desapropriado pudesse discutir o mérito na desapropriação, teríamos o 
caos total e ninguém conseguiria desapropriar coisa alguma, não podendo, 
portanto, o demandado discutir o mérito do decreto presidencial, como defende 
Maluf (1999).
No entanto, como a lei exige a juntada de alguns documentos pela União em 
petição inicial, excluindo da contestação o direito de apreciação do interesse 
social declarado, mas permitindo a discussão do mérito quanto aos docu-
mentos, a norma autoriza o Judiciário a entrar no mérito da desapropriação. 
Desapropriação de terras para reforma agrária12
Tal fato abre espaço para minuciosa apreciação do juízo, sendo certo que o 
ideal seria a lei indicar explicitamente os pontos sobre os quais poderia ser 
discutida a contestação.
Após receber a contestação, o juiz determinará a realização de prova 
pericial, designando um perito judicial, formulando os quesitos que entender 
necessários e concedendo às partes a apresentação de seus quesitos (art. 9°, 
§ 1° e incisos da LC nº. 76/1993) (BRASIL, 1993a).
Conforme o art. 10 da referida Lei, concluída a perícia que avalia o imóvel 
e define o seu valor, poderá haver acordo sobre o preço a ser homologado 
por sentença. Porém, não havendo acordo, o valor que vier a ser acrescido ao 
depósito inicial por força de laudo pericial acolhido pelo Juiz será depositado 
em espécie para as benfeitorias, juntado aos autos o comprovante de lançamento 
de títulos da dívida agrária para terra nua, como forma de integralização dos 
valores ofertados.
Importante expor também que o direito de extensão, já conferido pelo Es-
tatuto da Terra, também é estabelecido pelo art. 4° e incisos da Lei Processual 
da Reforma Agrária, permitindo que o proprietário requeira a desapropriação 
de todo o imóvel desapropriado parcialmente, quando a área remanescente 
ficar “[...] reduzidaa superfície inferior à da pequena propriedade rural; ou 
prejudicada substancialmente em suas condições de exploração econômica, 
caso seja o seu valor inferior ao da parte desapropriada” (BRASIL, 1993a, 
documento on-line).
Finalmente, será proferida a sentença na audiência de instrução e julgamento 
ou em 30 dias após a fundamentação que motivou seu convencimento, devendo 
o magistrado se ater a pontos relevantes estabelecidos pela lei, cabendo recurso 
de apelação apenas contra a sentença que fixar o preço da indenização (arts. 
12 e 13 da LC nº. 76/1993) (BRASIL, 1993a).
13Desapropriação de terras para reforma agrária
BRASIL. Lei Complementar nº 76, de 6 de julho de 1993a. Dispõe sobre o procedimento 
contraditório especial, de rito sumário, para o processo de desapropriação de imóvel 
rural, por interesse social, para fins de reforma agrária. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp76.htm>. Acesso em: 3 jul. 2018.
BRASIL. Lei Complementar nº 88, de 23 de dezembro de 1996. Altera a redação dos arts. 
5°, 6°, 10 e 17 da Lei Complementar n° 76, de 6 de julho de 1993, que dispõe sobre o 
procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo de desapro-
priação de imóvel rural, por interesse social, para fins de reforma agrária. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp88.htm>. Acesso em: 3 jul. 2018.
BRASIL. Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e 
dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L4504.htm>. Acesso em: 3 jul. 2018.
BRASIL. Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993b. Dispõe sobre a regulamentação dos 
dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título 
VII, da Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Leis/L8629compilado.htm>. Acesso em: 3 jul. 2018.
GISCHKOW, E. A. M. Princípios de direito agrário: desapropriação e reforma agrária. 
São Paulo: Saraiva, 1988. 
MALUF, C. A. D. Teoria e prática da desapropriação. São Paulo: Saraiva, 1999. 
MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. 33. ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2007.
MELLO, C. A. B. de. Curso de direito administrativo. 13. ed. São Paulo: Malheiros, 2001.
MELLO, C. A. B. de. Curso de direito administrativo. 26. ed. rev. e atual. São Paulo: Ma-
lheiros, 2009. 
PAULSEN, L. Desapropriação e reforma agrária. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 1997. 
SCOLESE, E. A reforma agrária. São Paulo: Publifolha, 2005. 
Desapropriação de terras para reforma agrária14
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
Existem situações em que, sendo ou não a propriedade objeto de processo administrativo ou 
judicial de desapropriação, o proprietário poderá ingressar judicialmente com ações visando à 
proteção de sua propriedade e garantia da sua posse plena sobre o imóvel. São situações em que 
terceiros invadem parcial ou totalmente ou ameaçam a invasão, institutos jurídicos conhecidos 
como turbação, esbulho ou ameaça. 
Nesta Dica do Professor, você vai conhecer as características de cada um desses institutos e as 
ações cabíveis em cada caso.
Acompanhe a seguir.
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EXERCÍCIOS
1) Quais são os requisitos para o cumprimento da função social da 
propriedade conforme o Estatuto da Terra?
A) Quando a propriedade atende apenas ao Grau de Utilização da Terra e ao Grau de 
Eficiência na Exploração.
B) Basta que a propriedade tenha alto índice de produtividade para cumprir a função social. 
C) Quando a propriedade atinge o Grau de Utilização da Terra (GUT), independentemente do 
Grau de Eficiência na Exploração (GEE), desde que seja com aproveitamento racional e 
adequado, utilizando corretamente os recursos naturais disponíveis e preservando o meio 
ambiente, observando ainda as disposições que regulam as relações de trabalho, de forma 
que a exploração favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Quando a propriedade mantém níveis apropriados de produtividade, explorando no D) 
mínimo 60% da aréa utilizável da propriedade rural, assegurando a conservação dos 
recursos naturais, favorecendo o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela 
labutam, assim como de suas famílias. 
E) Quando a propriedade rural atende, simultaneamente, os índices de GUT e GEE, com 
aproveitamento racional e adequado, utilizando corretamente os recursos naturais 
disponíveis e preservando o meio ambiente, observando ainda as disposições que regulam 
as relações de trabalho, de forma que a exploração favoreça o bem-estar dos proprietários 
e dos trabalhadores.
2) Acerca do tema desapropriação para fins de reforma agrária, asssinale a alternativa 
correta:
A) A pequena propriedade rural pode ser desapropriada desde que tenha baixa produtividade.
B) A desapropriação de propriedade rural por interesse social, para fins de reforma agrária, é 
de competência privativa da União. 
C) A grande propriedade rural não poderá ser desapropriada para fins de reforma agrária 
quando comprovar estar sendo nela implantado projeto técnico, ainda que elaborado por 
profissional sem habilitação. 
D) Cabe aos estados promover a desapropriação de propriedade rural para fins de reforma 
agrária, devendo ainda criar políticas públicas agrárias para fomentar a produção.
E) A pequena propriedade rural jamais poderá ser desapropriada, mesmo que seu proprietário 
possua outra. 
3) Qual é a denominação do direito que possui o proprietário de imóvel rural de exigir 
que o Poder Público desaproprie a totalidade do bem expropriado 
parcialmente quando a parte remanescente se tornar inútil ou de dificil utilização?
A) Desapropriação indireta.
B) Direito de extensão.
C) Usucapião especial rural.
D) Direito de propriedade.
E) Retrocessão.
4) Os beneficiários dos programas de reforma agrária receberão: 
A) títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de cinco anos.
B) títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos, conferidos 
apenas ao homem por ser este o único capaz de trabalhar na terra.
C) títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos.
D) somente títulos de domínio inegociáveis pelo prazo de dez anos.
E) apenas a concessão de uso para o homem ou a mulher, independentemente do estado civil.
5) Sobre a desapropriação, é correto afirmar que:
A) não é possível a imissão na posse no processo de desapropriação por interesse social para 
fins de reforma agrária.
no processo judicial de desapropriação, a contestação somente poderá versar sobre a B) 
impugnação do preço ou matéria de interesse da defesa.
C) no procedimento de desapropriação para fins de reforma agrária, as benfeitorias úteis e 
necessárias serão sempre indenizadas em títulos da dívida agrária.
D) os títulos da dívida agrária serão resgatáveis a partir do ano seguinte à desapropriação e 
parcelados em até 15 anos, com recebimento de forma proporcional ao tamanho do 
imóvel.
E) a desapropriação para fins de reforma agrária fundamenta-se nos princípios da necessidade 
e utilidade pública.
NA PRÁTICA
A desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, tem uma fase administrativa 
e outra judicial. Assim, proposta a ação de desapropriação pela União, o proprietário do imóvel 
é citado para apresentar sua defesa, a fim de garantir seu direito, conhecida juridicamente por 
contestação.
As matérias de defesa na contestação de ações de desapropriação são bem restritas, mas devem 
ser oferecidas neste momento, sob pena de não poderem alegá-las posteriormente. O prazo para 
oferecer a contestação é de 15 dias e, nos termos do artigo 9º da Lei Complementar nº 
76/1993, somente poderá versar sobre matéria de interesse da defesa, não podendo ser 
questionada a declaração de interesse social.
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SAIBA MAIS
Para ampliaro seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Fase declaratória da desapropriação
O procedimento de desapropriação tem uma fase que antecede a fase judicial, chamada de fase 
declaratória. Neste vídeo, você vai entender como ocorre essa fase.
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Fase executória da desapropriação
Superada a fase declaratória do procedimento de desapropriação, passa-se à fase executória, que 
se subdivide em administrativa ou judicial e tem regramento específico. Neste vídeo, você vai 
entender como ocorre essa fase.
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Desapropriação rural – artigo 184 da CF
A propriedade que não cumpre sua função social está sujeita a desapropriação especial rural, que 
tem procedimento e particularidades específicas. Neste vídeo, você saberá mais acerca das 
particularidades desse instituto jurídico.
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Política de Crédito Rural
APRESENTAÇÃO
O aumento populacional mundial forçou os governos de países que possuem forte aptidão 
natural para produção de alimentos a investir em tecnologias na agropecuária a fim de tornar 
possível atender à crescente demanda por alimentos. Naturalmente, tais investimentos 
demandaram aplicação de vultosos valores, fazendo com que as políticas agrícolas de crédito 
rural fossem implementadas pelos governos.
No Brasil, a partir da década de 1970, o governo envidou significativos esforços no sentido de 
promover a liberação de crédito para produtores rurais no intuito de tornar o país uma nação de 
destaque no cenário agropecuário.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver como é o processo de liberação de créditos 
agrícolas, vai entender o que é o Plano Plurianual (PPA) e o Plano Safra, assim como conhecer 
os mais importantes dos diversos programas de crédito existentes no Brasil, e ainda vai 
entender o Manual de Crédito Rural.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Verificar o processo de distribuição de crédito por meio do PPA e do Plano Safra.•
Diferenciar os programas de crédito específicos.•
Entender o Manual de Crédito Rural.•
DESAFIO
É de conhecimento público que o crédito rural tem como objetivo fortalecer o setor rural bem 
como estimular o investimento rural para produção e outras atividades do meio. Sendo assim, é 
importante conhecer os programas de crédito rural e quem são seus beneficiários.
Veja um caso:
 
Sabendo que existem programas de crédito rural específicos para cada classificação de produtor 
rural, responda às seguintes questões:
a) Com base no Manual de Crédito Rural, José é classificado como pequeno, médio ou grande 
produtor rural? Explique.
b) Qual programa de crédito rural melhor atende José? Justifique sua resposta.
INFOGRÁFICO
É fato que o crédito rural foi um instrumento fundamental de fortalecimento do agronegócio 
brasileiro, bem como teve papel importante para transformação do Brasil em um dos maiores 
produtores de commodities do mundo.
No Infográfico a seguir, você conhecerá a evolução do crédito rural no Brasil.
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CONTEÚDO DO LIVRO
O crédito rural é um dos instrumentos mais importantes para a economia brasileira, já que 
assegura a manutenção e ampliação da atividade agropecuária, responsável por garantir saldo 
positivo na balança comercial. Em 1965 foi criado o Sistema Nacional de Crédito Rural 
(SNCR). A partir de então, significativas transformações começaram a ocorrer no setor agrícola, 
como o crescimento da indústria voltada à agricultura, que garantiu desenvolvimento de 
insumos, fertilizantes, defensivos, maquinários, entre outros, assim como ao processamento das 
commodities agrícolas, refletindo diretamente na economia nacional e garantindo suporte para o 
crescimento urbano.
No capítulo Política de crédito rural, da obra Direito aplicado ao agronegócio, você vai estudar 
os principais aspectos das políticas públicas de crédito rural brasileiras, suas perspectivas, seu 
planejamento e sua distribuição, e vai identificar os diferentes programas de crédito existentes 
no Brasil. 
Boa leitura.
DIRETITO APLICADO 
AO AGRONEGÓCIO
Luiz Fernando 
Pereira
Política de crédito rural
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer o processo de distribuição de crédito por meio do PPA 
e do Plano Safra.
  Diferenciar os programas de crédito específicos.
  Descrever o Manual de Crédito Rural.
Introdução
O crédito rural é um dos instrumentos mais importantes para a economia 
brasileira, pois garante a manutenção e a ampliação da atividade agro-
pecuária, responsável por garantir saldo positivo na balança comercial.
Em 1965, foi criado o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), ga-
rantindo o fortalecimento do crédito rural, financiamento indispensável 
para o desenvolvimento agropecuário. Apesar de a política de crédito 
já existir antes da criação do SNCR, o governo deu pouca importância 
para o setor agrícola entre os anos de 1948 e 1970, fator que ocasionou 
a redução de 15% de sua participação na renda interna do país.
A partir da década de 1970, teve início uma fase de enormes avanços 
na atividade agropecuária, em razão de políticas públicas formuladas 
pelo governo, no intuito de tornar o Brasil autossuficiente na produção 
de alimentos e, ainda, abastecer países importadores de nossos produtos. 
A partir de então, significativas transformações começaram a ocorrer no 
setor agrícola, como o crescimento da indústria voltada à agricultura, 
que garantiu o desenvolvimento de insumos, fertilizantes, defensivos e 
maquinários, entre outros, bem como o processamento das commodities 
agrícolas, refletindo diretamente na economia nacional e garantindo 
suporte para o crescimento urbano.
No entanto, mesmo sendo uma política agrícola de suma importância 
e que representa significativa participação na renda gerada pelo agro-
negócio brasileiro, estima-se que o crédito oficial, excluídos os financia-
mentos providos por fontes privadas e fora da esfera bancária, atende 
somente cerca de 40% da área total de cultivo do país.
Neste capítulo, você vai estudar os principais aspectos das políticas 
públicas de crédito rural brasileiras, suas perspectivas, seu planejamento e 
sua distribuição, e vai identificar os diferentes programas de crédito exis-
tentes no Brasil. Ainda, você vai verificar os principais aspectos do Manual 
de Crédito Rural, normativa que estabelece as finalidades e condições 
para a aplicação de recursos financeiros destinados à atividade rural. 
Processo de distribuição de crédito por meio do 
PPA e do Plano Safra
Inicialmente, é necessário que você compreenda o que é o crédito rural. A 
Lei n°. 4.829, de 5 de novembro de 1965, que ofi cializou o crédito rural no 
Brasil, dispõe que: 
[...] considera-se crédito rural o suprimento de recursos financeiros por 
entidades públicas e estabelecimentos de crédito particulares a produtores 
rurais ou suas cooperativas para aplicação exclusiva em atividades que se 
enquadrem nos objetivos indicados na legislação em vigor (BRASIL, 1965, 
documento on-line). 
O Sistema Nacional de Crédito Rural foi instituído pela referida Lei e tem 
como principais objetivos: 
a) estimular o incremento dos investimentos rurais em armazenagem, 
industrialização, custeio da produção e comercialização dos produtos 
agropecuários;
b) fortalecer os produtores rurais, notadamente os mini, pequenos e médios;
c) incentivar a introdução de métodos racionais de produção, visando ao 
aumento da produtividade, à melhoria do padrão de vida das populações 
rurais e à adequada defesa do solo;
d) incentivar o aumento da produtividade e a modernização da agricul-
tura; e
e) garantir maior parcela de recursos financeiros para a agricultura, já 
que os bancos comerciais privados,

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