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CURSO DE SAÚDE DO IDOSO

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Iniciado em
	quarta, 15 fev 2023, 10:41
	Estado
	Finalizada
	Concluída em
	quarta, 15 fev 2023, 10:56
	Tempo empregado
	14 minutos 21 segundos
	Notas
	3,00/3,00
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	25,00 de um máximo de 25,00(100%)
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Questão 1
Correto
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Texto da questão
Quando falamos no processo de transição demográfica estamos nos referindo que está ocorrendo uma mudança na proporção dos diversos grupos etários que compõem o total da população. 
Com base no conteúdo estudado, assinale a alternativa mais adequada:
Escolha uma opção:
a. O envelhecimento da população é uma realidade que ocorre de forma homogênea, ou seja, sem diferenças entre as regiões, entre os gêneros, entre os grupos etários, entre os tipos de arranjos familiares.
b. Atualmente a transição demográfica corresponde ao aumento da proporção de idosos na população e a consequente diminuição da proporção nos demais grupos etários. 
c. A taxa de fecundidade vem aumentando ao longo dos anos, causada pela inserção das mulheres no mercado de trabalho e não sofre influência do nível educacional feminino.
d. O aumento da população idosa brasileira ocorre lentamente quando comparado a outros países, assim teremos mais tempo na preparação da sociedade para atender as necessidades desse segmento populacional.
e. O envelhecimento populacional é um fato isolado e não coincide com outras tendências globais como a urbanização, globalização, revolução tecnológica, migração.
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Sua resposta está correta.
Devemos considerar que o envelhecimento populacional ocorre de maneira heterogênea; a taxa de fecundidade vem diminuindo e sofre influência do nível educacional; o aumento da população idosa vem ocorrendo rapidamente no Brasil exigindo esforços urgentes para a sociedade se preparar sendo um fenômeno que ocorrem de maneira convergente com outras tendências mundiais. O processo de transição demográfica, pressupõe mudança na estrutura etária de uma determinada população e atualmente corresponde ao aumento da proporção de idosos na população e a consequente diminuição da proporção nos demais grupos etários, principalmente as crianças e os jovens, pois o número de nascimentos vem diminuindo. Assim, a alternativa correta é a (B). 
Questão 2
Correto
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Texto da questão
Na perspectiva dos direitos humanos, a pessoa idosa é um sujeito de direitos. Nesse sentido, existe legislação específica em relação à garantia da atenção à saúde. 
Com base no conteúdo estudado, assinale a alternativa mais adequada:
Escolha uma opção:
a. Os direitos humanos fundamentais são inerentes a todas as pessoas independente de suas características individuais. Existem instrumentos internacionais e nacionais que garantem os direitos dos idosos, mas é dever de toda a sociedade, inclusive com o protagonismo dos próprios idosos a efetivação da legislação. 
b. As pessoas idosas apesar de terem seus direitos assegurados precisam que outros cidadãos mais conscientes lutem por elas, pois como são um grupo fragilizado não tem autonomia para tomar decisões.
c. A saúde é um direito universal no Brasil, portanto os idosos não possuem especificidades legais e devem ser tratados sem prioridade.
d. Existem poucas leis que garantam os direitos da população idosa no Brasil, principalmente em relação à saúde. No entanto, não existem dificuldades na sua efetivação, pois a população possui vasto conhecimento em relação aos seus direitos e mecanismos de acesso.
e. O conceito de saúde para o idoso está intimamente relacionado à ausência de qualquer doença, pois mesmo que possua uma boa capacidade funcional vai precisar tomar remédios e assim não vai conseguir ter um completo bem-estar físico, mental e social. 
Feedback
Sua resposta está correta.
Devemos considerar que o idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana possuindo tais direitos assegurados em várias legislações. O idosos precisa se tornar protagonista na busca pelos seus direitos. A legislação brasileira é bastante abrangente e garante alguns direitos especiais aos idosos, além dos fundamentais expressos pelo Sistema Único de Saúde. Porém, ainda existem dificuldades de efetivação que perpassam a maior divulgação e conhecimentos desses direitos por toda a população. Para os idosos, o conceito de saúde está muito relacionado com a manutenção da capacidade funcional, pois mesmo com comorbidades se o idoso conseguir desempenhar suas atividades do cotidiano pode ser considerado saudável. Assim, a alternativa correta é a (A). 
Questão 3
Correto
Atingiu 1,00 de 1,00
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Texto da questão
Em relação às especificidades que o Estatuto do Idoso garantiu às pessoas idosas no âmbito do SUS, responda. 
Com base no conteúdo estudado, assinale a alternativa mais adequada: 
Escolha uma opção:
a. O atendimento domiciliar quando estiver impossibilitado de se locomover não inclui os idosos residentes em ILPIs. 
b. O atendimento à pessoa idosa deve ser preferencial (diferenciado e imediato) aos demais, mesmo que exista outra pessoa com o risco iminente ou potencial de morte ou de lesões irreparáveis no serviço de saúde. 
c. É proibida a discriminação da pessoa idosa pelos planos de saúde, porém pode ser cobrada taxa adicional para aquelas maiores de 80 anos. 
d. É proibido o comparecimento obrigatório da pessoa idosa que estiver enferma aos órgãos públicos e nesses casos seus familiares têm total liberdade de tomar decisões em seu nome. 
e. O idoso que necessita de medicamentos de uso continuado tem o direito de recebê-los gratuitamente no posto de saúde ou em outro setor da área de saúde do seu município.  
Feedback
Sua resposta está correta.
O Estatuto do Idoso prevê que todas as pessoas idosas, inclusive as residentes em ILPIs devem receber atendimento domiciliar quando for necessário. O atendimento sempre deve ser imediato e prioritário nos serviços de saúde, exceto quando houver outros casos com o risco iminente ou potencial de morte ou de lesões irreparáveis avaliadas por classificação de risco próprias dos estabelecimentos de saúde. Não existe limite de idade para que o plano de saúde possa realizar qualquer discriminação em função da idade. É proibido que os órgãos públicos exijam o comparecimento da pessoa idosa quando estiver doente e nesses casos ela permanece com sua autonomia de decisão que não passa a ser da família, exceto casos especiais de curatela. Portanto, a resposta correta é a letra (E). 
Parte inferior do formulário
Tópico 1 de 5
Unidade 1: Conceitos e teorias do envelhecimento
Objetivos de aprendizagem
Avatar do Professor João. Fonte: Freepik (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2021).
1.1 Teorias biológicas do envelhecimento humano
Você já deve ter se perguntado, como e por que envelhecemos? A humanidade sempre teve sua curiosidade instigada pela inevitabilidade do processo de envelhecimento, frequentemente se referindo a este como um mistério ou um problema biológico não solucionado. No entanto, muitos avanços foram feitos neste campo no último século, possibilitando vasto número de hipóteses e modelos de análise. Desse modo, ao tratar de um conteúdo tão complexo não seria possível aprofundá-lo neste curso. Portanto neste tópico a intenção é apresentar um breve apanhado das principais teorias que tentam explicar o envelhecimento biológico.
Na juventude uma célula morre para dar espaço para outras células no processo de subdivisão, mas chega uma época que as células param de se subdividir e morrem. O envelhecimento biológico normalmente ocorre em resultado de um processo gradual, relacionado com o tempo, que se desenvolve à medida que os eventos fisiológicos degenerativos superam os regenerativos.
EFEITOS REGENERATIVOSEFEITOS DEGENERATIVOS
Construir novamente, desenvolver ou realizar algo outra vez.
Quando jovem, existe um balanço entre esses efeitos, mas com o passar do tempo os efeitos degenerativos superam os efeitos regenerativos e alguns órgãos podem falhar, pois tem menos células se formando e realizando as suas funçõesadequadamente no nosso organismo. 
Além de o envelhecimento humano estar sujeito a influências intrínsecas, como a constituição genética individual responsável pela longevidade máxima, ele também é largamente influenciado por fatores extrínsecos condizentes às exposições ambientais que o indivíduo sofreu (tipo de dieta, sedentarismo, poluição, entre outros), os quais proporcionam uma grande heterogeneidade entre as formas de se envelhecer.
Várias teorias são propostas para explicar a origem do fenômeno do envelhecimento, cada qual com um conjunto de conceitos, fatos e indicadores. Esta variedade de teorias provém dos muitos pontos de controvérsia que surgem no momento de estabelecer os fatores envolvidos no processo de envelhecer. Além disso, essa variedade vem do próprio entendimento desse fenômeno complexo, uma vez que muitas teorias formuladas se apoiam somente na alteração biológica isolada, sem considerar a complexidade e integridade das condições que caracterizam o envelhecimento humano. Os estudos são constantes para identificar evidências científicas sobre as causas do processo de envelhecimento biológico do organismo, desenvolvendo assim muitas teorias, sendo que algumas são mais aceitas pela comunidade científica e outras, com o passar dos anos, acabam não encontrando respaldo suficiente que sustente suas hipóteses. 
As teorias biológicas do envelhecimento têm sido classificadas de várias formas, mas frequentemente apresentadas em dois grupos: teorias programadas (existência de "relógios biológicos" que regulam o crescimento, a maturidade, a velhice e a morte) e teorias estocásticas (tem como premissa a identificação de agravos que induzem aos danos moleculares e celulares, aleatórios e progressivos). 
O envelhecimento é um fenômeno complexo que envolve inúmeros fatores levando a elaboração de várias hipóteses e teorias voltadas para explicar esse processo. Contudo, compreende-se que possui uma base celular, e que diferentes genes envolvidos em processos de reparação, manutenção e reaproveitamento de componentes celulares apresentam papel crucial na modulação do processo. Também entende-se que possui uma base ambiental e dentre os fatores ambientais mais influentes sobre o envelhecimento, a dieta e a atividade física também se fazem presentes por meio da mediação de genes, muitos deles já identificados e investigados do ponto de vista funcional. 
1.2 Geriatria e Gerontologia: a multidimensionalidade do processo de envelhecer
Ao trabalharmos com as questões do envelhecimento ouve-se muito os termos “Geriatria e Gerontologia” que muitas vezes acabam se confundindo e sendo usados como sinônimos ou noutros casos criando-se a impressão de que seriam áreas totalmente independentes. No entanto, são diferentes conceitos que apesar de estarem bem próximos acabam tendo funções e representações diferentes, vamos ajudar a esclarecer isso neste tópico. Continue acompanhando! 
💻 Saiba mais
+
Portanto, o Geriatra é o médico que se especializou no cuidado de pessoas idosas, utilizando uma abordagem ampla para a avaliação clínica, incluindo aspectos psicossociais, escalas e testes. Frequentemente atua em conjunto com uma equipe multidisciplinar, como na avaliação de tratamentos adequados e daqueles que trazem riscos e/ou interações indesejadas.
💻 Saiba mais
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Os profissionais da Gerontologia têm formação diversificada, interagem entre si e com os geriatras. O especialista em Gerontologia é o profissional com formação de nível superior nas diversas áreas do conhecimento (Psicologia, Serviço Social, Nutrição, Terapia Ocupacional, Direito etc) apto para lidar com questões do envelhecimento e da velhice, com um olhar amplo e interdisciplinar a partir da sua área original de conhecimento. Atua na promoção da saúde e prevenção de doenças, na orientação e criação de condições ambientais acessíveis, na reabilitação e nos cuidados paliativos.
Conforme exposto no Tratado de Geriatria e Gerontologia, a ciência cujo fundamento é o estudo do fenômeno do envelhecimento possui uma ótica basicamente interdisciplinar. É essa peculiaridade que torna a Gerontologia, em todos os seus campos de atuação, como assistência à saúde, pesquisa e ensino, diferente de outras áreas do conhecimento científico. De fato, são essas características que tornam a interdisciplinaridade obrigatória para o estudo de um fenômeno multifacetado em seus aspectos e multifatorial em sua gênese.
GERONTOLOGIA = INTERDISCIPLINARIDADE
1.3 Mas o que é o envelhecimento?
Agora que já conhecemos a diferença entre os conceitos de Geriatria e Gerontologia, vamos refletir sobre o que significa o “envelhecer”.
Infográfico representando o processo de envelhecimento.
Fonte: Freitas et al. (2016). Elaboração: CEPED/UFSC (2021).
A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) define envelhecimento como o processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal e não patológico de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte.
Dentro de uma visão prioritariamente biogerontológica, conforme explica Papaléo Neto, o envelhecimento é conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, que determinam perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte.
Contudo, o envelhecimento é um processo tão heterogêneo que leva a pensar que há tantos envelhecimentos quanto pessoas. Sendo assim, é um processo determinado por inúmeros fatores a serem observados de forma multidimensional. Cabe ressaltar que a velhice é uma fase da vida com características próprias e que deve ser combatido qualquer tratamento que infantilize a pessoa idosa, pois independente das condições físicas e mentais jamais se regride os estágios vivenciados. Além disso, diferentemente de discussões que definem a velhice como doença, entende-se que é uma fase natural da vida com suas características peculiares como as demais.
📚 Referências
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Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos.
CONTINUE
Tópico 2 de 5
Unidade 2: Envelhecimento ativo: uma política de saúde
🎯 OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer a importância de programas e políticas voltadas ao envelhecimento ativo.
2.1 O conceito e os determinantes do envelhecimento ativo
Muito ouvimos falar sobre a importância de se buscar e proporcionar um envelhecimento ativo e saudável, mas você sabe o que são esses conceitos? O que isso significa na prática? Quais características os programas e ações devem ter para alcançar esse objetivo? Você vai entender mais sobre isso neste próximo tópico. Continue aprendendo!
💻 Saiba mais
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2.1.1 O que é “envelhecimento ativo”?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) “é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas”.
Ao refletir sobre as palavras “envelhecimento ativo", o que se imagina? Geralmente as pessoas associam que seja apenas aquele processo de envelhecimento com saúde e cheio de atividades físicas. No entanto, esse conceito vai além. A OMS, no final dos anos 90, adotou esses termos para transmitir uma mensagem mais abrangente do que “envelhecimento saudável”, e reconhecer que além dos cuidados com a saúde, outros fatores afetam o modo como os indivíduos e as populações envelhecem.
Refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho. Além disso, busca expressar que o envelhecimento deve ser visto como uma conquista e, assim, uma experiência positiva para umavida mais longa que deve ser acompanhada de oportunidades contínuas de saúde, participação e segurança.
O envelhecimento ativo tornou-se um Marco Político e foi projetado tanto para indivíduos quanto para grupos populacionais com a intenção de que as pessoas participassem na sociedade de acordo com as suas capacidades, necessidades e vontades, ao mesmo tempo lhes garantindo a devida proteção, segurança e cuidado quando necessário.
Logo percebemos que surgem três pilares ou áreas-chave para ações estratégicas na perspectiva dessa política e que devem ser otimizadas, ou seja, devem ser criadas condições favoráveis, para possibilitar e apoiar ações que geram oportunidades para a população ter acesso à saúde, à participação e à segurança ao longo da vida. Com isso, o objetivo é melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem, contribuindo para o bem-estar físico, mental e social em todas as idades.
Adicionalmente, como um processo natural de atualização, em 2015 um novo documento foi publicado: “Envelhecimento Ativo: Um Marco Político em Resposta à Revolução da Longevidade” (ILC BRASIL, 2015) e incluído um novo pilar, que se refere à aprendizagem ao longo da vida, conforme promulgado pela Conferência Internacional de Envelhecimento Ativo em Sevilha, em 2010. Assim, entende-se que esses quatro pilares são interdependentes e se reforçam mutuamente, conforme infográfico abaixo:
Representação dos Pilares do Envelhecimento Ativo
Fonte: ILC Brasil (2015).
SAÚDE
+
APRENDIZAGEM
+
PARTICIPAÇÃO
+
SEGURANÇA
+
2.1.2 O que determina o envelhecimento ativo?
De acordo com a OMS, o envelhecimento ativo depende de uma diversidade de fatores “determinantes” que envolvem indivíduos, famílias e países. No entanto, não é possível atribuir uma causa única e direta a qualquer um desses fatores, pois todos causam algum tipo de influência e a interação entre eles são bons indícios de como os indivíduos e as populações envelhecem.
Torna-se importante conhecer como esses amplos fatores atuam no processo de envelhecimento para nos auxiliar na elaboração de programas e políticas exitosas nessa área.
A cultura é considerada como um fator transversal que abrange todas as pessoas e populações, e modela nossa forma de envelhecer, sendo que os valores culturais e tradições determinam como uma sociedade encara as pessoas idosas e o processo de envelhecimento. Ainda, homens e mulheres possuem vivências, adotam comportamentos de risco e têm acesso a oportunidades de maneira desigual, o que acaba determinando de forma transversal o envelhecimento.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (Política do Envelhecimento Ativo), alguns fatores são determinantes para o envelhecimento ativo, quais sejam, fatores relacionados aos sistemas de saúde e serviço social, fatores comportamentais, fatores relacionados a aspectos pessoais, fatores relacionados ao ambiente físico, fatores relacionados ao ambiente social e fatores econômicos.
2.1.3 Porque investir em programas e políticas de envelhecimento ativo?
Embora mantidas as preocupações com a crescente dependência dos idosos, compreendendo sua perda de capacidades em função de alterações fisiológicas e, ao mesmo tempo, cientes de que esta condição pode ser modificada, reduzida ou prevenida quando se observa um ambiente e assistência adequada, o governo e os profissionais da saúde têm se reunido na proposição de políticas que visem promover um envelhecimento ativo. Portanto, quando políticas sociais de saúde, mercado de trabalho, emprego e educação adotarem as diretrizes da Política do Envelhecimento Ativo, teremos muito provavelmente:
· Menos mortes prematuras em estágios da vida altamente produtivos;
· Menos deficiências associadas às doenças crônicas no envelhecimento;
· Mais indivíduos participando ativamente de aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos da sociedade, em atividades remuneradas ou não, e na vida doméstica, familiar e comunitária;
· Mais pessoas com uma melhor qualidade de vida à medida que envelhecem;
· Mais solidariedade intergeracional e diminuição da violência contra as pessoas idosas;
· Menos gastos das famílias com tratamentos médicos e serviços de assistência médica;
· Redução de gastos públicos com assistência médica especializada, pois pesquisas indicam que a velhice em si não está associada ao aumento das despesas médicas, mas o que encarece os gastos são as deficiências e a saúde precária associadas à velhice;
· Redução de custos com serviços e cuidados de longa duração de forma precoce a grande parte dos idosos;
· Maior participação das pessoas idosas na força de trabalho contribuindo para as receitas públicas;
· Maior contribuição das pessoas mais velhas com o desenvolvimento das suas comunidades e transmissão dos valores culturais.
Estudo de Caso:
Além dos grupos promovidos pela unidade de saúde, torna-se importante a equipe de saúde conhecer e ter uma certa proximidade com os demais grupos comunitários em sua área de abrangência. Essa interação com as pessoas idosas auxiliará no trabalho de educação em saúde, como também na identificação de problemas no estado de saúde dos participantes. Por exemplo: um coordenador de grupo observa que um dos participantes está emagrecendo (sem causa específica), pois suas roupas estão cada vez mais largas e, simultaneamente, verifica que essa pessoa não está mais conseguindo desenvolver as atividades que antes fazia com certa facilidade, por se referir muito ao cansaço. Nesse caso essa pessoa idosa pode ser encaminhada para avaliação de uma possível Síndrome da Fragilidade.
Tópico 3 de 5
Unidade 3: Determinantes comportamentais do envelhecimento ativo
🎯 OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
Ao final desta unidade, você será capaz de evidenciar fatores comportamentais ligados ao envelhecimento ativo e saudável. 
O comportamento individual envolvendo os hábitos saudáveis promove uma vida mais longa com melhor capacidade funcional e bem-estar, tendo papel significativo no envelhecimento ativo. Entretanto, estes não dependem somente de decisões pessoais e são fortemente influenciados por fatores determinantes legais, fiscais, sociais e econômicos. Neste sentido, surge o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis que aborda os principais grupos de doenças e coloca os seus fatores de risco em comum. Continue acompanhando!
3.1 Saúde oral e alimentação saudável no envelhecimento
Este tópico aborda a relação entre saúde oral e nutricional na perspectiva do cuidado integral à pessoa idosa. Assim, espera-se que você conheça algumas possibilidades de orientação para o autocuidado e de intervenções voltadas ao envelhecimento ativo.
Tá na lei!
O Estatuto do Idoso prevê o direito ao atendimento integral à saúde, dentre os quais compreende a saúde oral.
O Ministério da Saúde lançou em 2004 a Política Nacional de Saúde Bucal - Programa Brasil Sorridente com o objetivo de reorganização da prática e a qualificação dos serviços, reunindo uma série de ações em saúde bucal voltada para os cidadãos de todas as idades, com ampliação do acesso ao tratamento odontológico gratuito por meio do SUS.
As pessoas idosas são referenciadas dentro dessa política na organização do modelo assistencial, por meio da linha de cuidado à pessoa idosa (reconhecimento de especificidades próprias da idade); ações de proteção a saúde em nível coletivo junto aos grupos de idosos; e na identificação de lesões bucais (busca ativa) seja em visitas domiciliares ou nas campanhas de vacinação da população idosa.
Historicamente a saúde oral das pessoas idosas esteve excluída das políticas de promoção e prevenção. As ações para esse grupo etário costumavam ser dirigidas para as medidas curativas dentro dos espaços fechados dos consultórios. Ainda, os serviços destinados à população adulta eram direcionados ao atendimento de urgências e resultavam em extrações dentárias. Essa situação tem como consequência final o aumento no índice de dentes cariados perdidos e obturados (CPOD) na velhice. Sendo assim, é preciso discutircada vez mais políticas públicas nessa área e desmistificar a perda de dentes como uma consequência normal do envelhecimento e não como resultado de falta de acesso às ações preventivas e de promoção da saúde ao longo da vida. 
3.1.1 A relação entre a saúde oral e a saúde sistêmica da pessoa idosa
Os principais agravos de saúde oral que afetam as pessoas idosas são perdas dentárias, cárie dentária, doença periodontal, xerostomia (boca seca) e lesões dos tecidos moles. Existe uma relação muito próxima entre a saúde da boca com a saúde geral do nosso corpo. Na pessoa idosa a ingestão alimentar pode ser afetada por dificuldade de mastigação em virtude da dentição precária ou lesões orais causadas pelo uso de prótese dentária desajustada, o que causa outros problemas orgânicos de saúde.
A saúde oral precária está associada à desnutrição e, portanto, ao maior risco de desenvolver várias doenças não transmissíveis. Além disso, associa-se a doença periodontal com doença cardiovascular e pneumonia de aspiração. 
Ainda, a dieta pode afetar a saúde oral e esta pode provocar mudanças nos padrões alimentares, com repercussões na saúde geral das pessoas idosas. O controle da sacarose (açúcar de mesa), considerando a abordagem de risco comum, será benéfico, não só para o controle da cárie dentária, mas também para os riscos de obesidade e diabetes. Além disso, a manutenção de uma dieta saudável, rica em vegetais e frutas, está entre as recomendações para a prevenção contra o câncer bucal.
Infográfico representando a relação da saúde bucal com o estado nutricional e com a saúde sistêmica da pessoa idosa.
Fonte: Brasil (2004). Elaboração: CEPED/UFSC (2021).
3.1.2 Principais pontos na avaliação da saúde oral das pessoas idosas
Entre os principais pontos de avaliação da saúde bucal das pessoas idosas estão: capacidade de realizar as atividades diárias de higiene bucal (ADHB), como escovar os dentes, cuspir a saliva, usar fio dental; avaliação da função salivar, pois a produção insuficiente de saliva predispõe doenças bucais, como cárie, erosão dentária e candidíase; exames preventivos do câncer bucal, pois de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), idosos tabagistas e etilistas, com má-higiene bucal e próteses mal ajustadas são um grupo eletivo para participar de exames anuais; e avaliação da necessidade do uso de próteses dentárias com associação de indicadores clínicos/profissionais e de autopercepção da pessoa idosa sobre essa necessidade para a definição correta dos indivíduos que terão melhora na qualidade de vida com a reabilitação protética. 
3.1.3 Possibilidades de cuidados orais no processo de envelhecimento
Os procedimentos clínicos devem ser planejados considerando a avaliação do profissional e o nível de dependência da pessoa idosa. Entre os totalmente dependentes deve-se optar pelo controle frequente de higiene bucal e orientações sobre o cuidado com os tipos de alimentos que podem causar problemas bucais, como também pelo controle de infecções bucais e da dor. Nesta situação são priorizadas técnicas não-invasivas como o Tratamento Restaurador Atraumático (ART), pois demonstra ótima resolutividade e baixo custo.
💻 Saiba mais
+
Agora que você aprendeu sobre a importância da saúde bucal na saúde geral das pessoas idosas e estratégias para garantir esse direito, vamos estudar sobre o acesso e promoção da alimentação saudável para a qualidade de vida da população idosa.
3.1.4 O que é uma alimentação adequada e saudável?
No ano de 1990 foi aprovada a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), atualizada pela Portaria nº 2.715, de 17 de novembro de 2011 (BRASIL, 2011a), visando integrar os esforços do Estado Brasileiro que, por meio de um conjunto de políticas públicas, propõe respeitar, proteger, promover e prover os direitos humanos à saúde e à alimentação.
Nas últimas décadas a população brasileira experimentou grandes transformações sociais que resultaram em mudanças no seu padrão de saúde e consumo alimentar provenientes da transição nutricional. Com isso, aumentou a ingestão de alimentos açucarados e ultraprocessados que, aliados ao sedentarismo, acarretam maior prevalência de obesidade e doenças crônicas associadas.
💻 Saiba mais
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O Guia Alimentar Para a População Brasileira foi publicado pelo Ministério da Saúde em 2006 e atualizado em 2014, apresentando as primeiras diretrizes alimentares oficiais para a nossa população. 
Assim, esclarece que uma alimentação adequada e saudável precisa ser balanceada, deve priorizar os alimentos in natura e minimamente processados, bem como preparações culinárias feitas com esses alimentos, e limitar o consumo de alimentos ultraprocessados. As recomendações do Guia consideram as circunstâncias que envolvem o ato de comer, valorizando a maior interação social e o prazer que a alimentação proporciona. Ainda, orienta a escolha de alimentos para compor uma alimentação saborosa, culturalmente apropriada e promotora de sistemas alimentares socialmente e ambientalmente sustentáveis.
Tá na Lei!
O Estatuto do Idoso dispõe o acesso à alimentação como um dos direitos fundamentais das pessoas idosas. Menciona que os alimentos serão prestados na forma da lei civil e que a obrigação alimentar é solidária, podendo a pessoa idosa optar entre os prestadores e em caso de ela ou seus familiares não possuírem condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assistência social. Ainda, as ILPIs são obrigadas a manter padrões de habitação e a prover a alimentação regular, suficiente e adequada às suas necessidades. Cabe ressaltar que alimentação inadequada ou insuficiente caracteriza negligência no cuidado para com a pessoa idosa. Assim como o direito à atenção integral no âmbito do SUS engloba a atenção nutricional.
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa diz que para assegurar a promoção do envelhecimento ativo e saudável deve-se aproveitar todas as oportunidades para informar e estimular a prática de nutrição balanceada e hábitos de vida saudáveis.
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3.1.5 Pontos importantes na avaliação e atuação clínica nutricional
Os profissionais da atenção básica de saúde devem dar orientações gerais relacionadas à alimentação da pessoa idosa. Caso sejam necessárias orientações nutricionais específicas, o município deve ofertar atendimento com nutricionista, seja nas equipes de atenção básica ou na atenção especializada, conforme a sua organização.
Uma das possibilidades de monitoramento do estado nutricional pode ser realizada pelo Índice de Massa Corporal (IMC) considerando os parâmetros específicos recomendados pela OMS devido às alterações fisiológicas e na composição corporal das pessoas idosas.
💻 Saiba mais
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Questões nutricionais que merecem atenção pois a alimentação das pessoas idosas é influenciada, principalmente, por estes três fatores: perda dentária, alteração no paladar (sabor dos alimentos) e alteração na absorção dos nutrientes. Portanto, em relação à alimentação da pessoa idosa, é importante que o profissional esteja atento para alguns aspectos:
· bullet
perda da autonomia, inclusive financeira, para comprar os alimentos;
· bullet
perda da capacidade/autonomia para preparar os alimentos e para alimentar-se;
· bullet
perda de apetite e diminuição tanto da sensação de sede quanto da percepção da temperatura dos alimentos;
· bullet
perda parcial ou total da visão que dificulte a seleção, preparo e consumo dos alimentos;
· bullet
perda ou redução da capacidade olfativa, interferindo no seu apetite;
· bullet
algum motivo que a faça restringir determinados tipos de alimentos, como dietas para perda de peso, diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia;
· bullet
alterações de peso recentes;
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dificuldade de mastigação por lesão oral, uso de prótese dentária ou problemas digestivos.
Se for detectado que esses aspectos estão influenciando sensivelmente o estado nutricional do idoso, deve ser feita uma avaliação mais aprofundada, incluindo outras medidas antropométricas, avaliação dietéticadetalhada e avaliação de exames bioquímicos.
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Conforme informa o Ministério da Saúde, a população idosa é particularmente propensa às alterações nutricionais, que podem levar à desnutrição. Porém é importante você perceber que nem sempre a desnutrição está associada a uma pessoa magra, pois uma pessoa idosa obesa pode se alimentar mal, com pouca variedade de alimentos e ter carências nutricionais. Ainda, todas as condições encontradas na avaliação odontológica e nutricional devem ser registradas na Caderneta de Saúde da pessoa idosa para que os profissionais da equipe multidisciplinar possam monitorar a saúde geral. 
3.2 Atividade física e envelhecimento saudável
Neste tópico, você encontrará as principais informações sobre a promoção da atividade física no dia a dia das pessoas idosas.
É preciso lembrar que saúde não é apenas uma questão de assistência médica e de acesso a medicamentos. A promoção de "estilos de vida saudáveis" é encarada pelo sistema de saúde como uma ação estratégica. A prática de atividade física é fundamental para as nossas vidas e deve ser realizada por todas as pessoas e em todas as idades. A oportunidade de ter uma vida mais ativa é um direito do idoso e faz parte dos determinantes comportamentais do envelhecimento ativo. 
Tá na Lei!
O Estatuto do Idoso menciona que o idoso goza de todos os direitos fundamentais e deve ser assegurado, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à saúde, ao esporte, ao lazer (...) e todas as oportunidades e facilidades para preservação de sua saúde física e mental. Ainda, diz que é assegurada a atenção integral à saúde do idoso, que pressupõe ações de prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde que, dentre outras medidas, incluem a participação em programas de atividades físicas, esporte e lazer.
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) menciona, entre as diretrizes, o desenvolvimento de um amplo conjunto de ações e articulação intersetorial incluindo a área de esporte e lazer, com estabelecimento de parceria para a implementação de programas de atividades físicas e recreativas destinados às pessoas idosas. Ainda, deve-se aproveitar todas as oportunidades para facilitar a participação das pessoas idosas em equipamentos sociais, grupos de terceira idade e atividade física. Assim como articular ações e ampliar a integração entre as secretarias municipais e as estaduais de saúde, além de programas locais desenvolvidos para a difusão da atividade física e o combate ao sedentarismo.
A Política Nacional de Promoção da Saúde (BRASIL, 2006b) menciona a importância do desenvolvimento de iniciativas de modificação arquitetônicas e no mobiliário urbano que objetivem a garantia de acesso às pessoas portadoras de deficiência e idosas, bem como a produção e distribuição de material educativo voltado aos idosos.
A inatividade física é um dos fatores de risco mais importantes para as doenças crônicas, associada a dieta inadequada, uso do fumo e excesso de álcool. O estilo de vida moderno propicia o gasto da maior parte do tempo livre em atividades sedentárias, como por exemplo assistir televisão. Assim, é bastante comum que a maior proporção de brasileiros fisicamente inativos, de acordo com dados do VIGITEL de 2019, encontre-se entre a faixa etária dos idosos, sendo de 31,8% entre as pessoas com 65 anos ou mais de idade.
3.2.1 Mas o que é atividade física?
De acordo com o Guia de Atividade Física Para a População Brasileira são movimentos voluntários do corpo, com gasto de energia acima dos níveis de repouso, promovendo interações sociais e com o ambiente, podendo acontecer em quatro domínios da vida: no tempo livre, no deslocamento, no trabalho ou estudo e nas tarefas domésticas. 
Além do domínio, cada tipo de atividade física pode ser realizado em diferentes intensidades: leve, moderada e vigorosa, envolvendo o grau do esforço físico necessário para a execução. Normalmente, quanto maior a intensidade, há aumento dos batimentos do coração, da respiração, do gasto de energia e da percepção do cansaço. 
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3.2.2 Por que se deve fazer atividade física? 
A pessoa idosa ao se tornar fisicamente ativa perceberá mudanças na sua qualidade de vida. Tais benefícios para a saúde têm sido amplamente documentados e atuam de maneira multidimensional (nos aspectos biológicos, psicológicos e sociais). Assim, melhora as capacidades físicas das pessoas idosas, como por exemplo: resistência aeróbica (auxiliando no deslocamento sem cansar); força (auxiliando a carregar pesos, sacolas); flexibilidade (auxiliando a se agachar ou vestir roupas mais facilmente); equilíbrio (auxiliando a manter a postura, sustentar o corpo sem cair).
· Dicas para adesão à prática de atividades físicas:
Existem muitos motivos para adesão e permanência dos idosos à prática de atividades físicas. Nesse processo, alguns aspectos facilitadores são: o incentivo de amigos e familiares; a procura por companhia ou ocupação; a proximidade de locais e programas específicos de atividade física; e principalmente a orientação do profissional de saúde estimulando a população idosa a incorporar um estilo de vida mais ativo e saudável.
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O Programa Academia da Saúde instituído pela Portaria nº 1.402 de 2011 (BRASIL, 2011b) é uma estratégia de promoção e produção do cuidado com a saúde a partir da implantação de espaços públicos que contam com infraestrutura apropriada, equipamentos e profissionais qualificados. A atuação conjunta das áreas de vigilância e atenção à saúde no SUS tem promovido o fortalecimento do programa, com a finalidade de promover práticas corporais e atividade física, alimentação saudável, modos saudáveis de vida, produção do cuidado, entre outros, por meio de ações culturalmente inseridas e adaptadas aos territórios locais. Assista aos vídeos e saiba mais:
VÍDEO 1VÍDEO 2
Programa Academia da Saúde
Para você ter informações mais detalhadas sobre a prática de atividade física para pessoas idosas. Acesse:
Guia de Atividade Física para a População Brasileira lançado em 2021, traz as primeiras recomendações e informações do Ministério da Saúde sobre atividade física organizado de acordo com os ciclos de vida:
GUIA DE ATIVIDADE FÍSICA.pdf
2.4 MB
3.3 Prevenção do tabagismo e consumo abusivo de álcool em idosos
Neste tópico, você encontrará as principais informações sobre esses comportamentos de risco à saúde das pessoas idosas e possibilidades de suporte e encaminhamento.
O tabagismo e o consumo excessivo de álcool têm efeitos negativos sobre a saúde em todas as idades, acarretando não só em problemas de saúde física, mas consequências sociais. Esses hábitos muitas vezes estão associados à vida das pessoas idosas, sendo que os problemas de dependência podem ter longo histórico ou terem sido adquiridos mais tarde para lidar com situações de estresse.
Tá na Lei!
O Estatuto do Idoso dispõe sobre o direito à atenção integral no âmbito do SUS, o que engloba a prevenção dos fatores de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e tratamento no caso do alcoolismo e tabagismo.  
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa diz que para assegurar a promoção do envelhecimento ativo e saudável deve-se aproveitar todas as oportunidades para realizar ações motivadoras ao abandono do uso de álcool e tabagismo em todos os níveis de atenção.
A Política Nacional de Promoção da Saúde (BRASIL, 2006b) possui, entre as ações específicas, a redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras drogas, como também a prevenção e controle ao tabagismo.
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3.3.1 Quando é alcoolismo?
Alcoolismo é o termo usado quando o indivíduo que bebe torna-se dependente do álcool. É definido pela OMS como um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetido de álcool, tipicamente associado aos seguintes sintomas:
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desejo incontrolável (compulsão) por bebidas alcoólicas;
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dificuldade de controlar o consumo (não conseguir parar de beber depois de tercomeçado);
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uso continuado apesar das consequências negativas;
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maior prioridade dada ao uso da substância em detrimento de outras atividades e obrigações;
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evidências clínicas de aumento da tolerância ao álcool;
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sinais de abstinência física ao cessar o consumo.
Torna-se fundamental buscar auxílio especializado para o estabelecimento do diagnóstico adequado por meio de exames e questionários. Com isso é possível estabelecer quando o uso abusivo se tornou dependência e iniciar o devido tratamento e acompanhamento já que se trata de uma doença crônica.
É importante perceber que o alcoolismo pode acometer as pessoas em qualquer idade e continuar ao longo da vida. Entre as pessoas idosas, a dependência pode se desenvolver em uma etapa em que o indivíduo se encontra mais fragilizado diante de outros fatores, tais como a solidão, a perda de familiares, a chegada da aposentadoria, o aparecimento de alguma doença, a limitação na execução das atividades do cotidiano. Apesar de ser uma droga lícita, se não utilizado com moderação o álcool pode levar à dependência, já que causa entorpecimento e traz uma sensação de prazer momentâneo, geralmente como fuga de uma realidade difícil, isto é, em quadros de problemas de saúde mental.
3.3.2 Impactos do uso abusivo de álcool no envelhecimento 
O diagnóstico de transtornos relacionados ao uso de álcool é subestimado em pessoas idosas, e os dados sobre seu impacto são escassos. O envelhecimento pode diminuir a tolerância do corpo ao álcool devido a várias alterações fisiológicas que ocorrem no organismo como: mudanças na capacidade de metabolização do fígado e na função renal, bem como na composição corporal com maior tendência à desidratação. Portanto a pessoa idosa pode estar mais fragilizada e possuir outras comorbidades tornando os danos maiores quando comparados com as pessoas mais jovens. 
Felizmente é possível tratar os sintomas e problemas causados pelo alcoolismo buscando ajuda de profissionais e contando com uma rede de apoio com o intuito de:
PERCEBER
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CONVERSAR
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ENCAMINHAR
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APOIAR
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A família e amigos têm papel fundamental nesta rede de apoio que deve ser ofertada tanto para a prevenção quanto para a superação quando o problema da dependência já está instalado. Porém, é essencial que a família receba apoio da equipe de saúde para compreender a doença e obter orientação adequada sobre a melhor forma de ajudar o ente querido e a si próprio, já que em muitas situações, são os problemas familiares que causam situações de estresse e levam à utilização do álcool.
As pessoas idosas podem se beneficiar dos tratamentos contra a dependência de álcool do mesmo modo que as pessoas mais jovens. Contudo, a efetividade dos tratamentos tende a ser melhor para aqueles que apresentam menor histórico de uso problemático de álcool durante a vida.
Possibilidades de Serviços de Apoio
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Atenção Básica (ESF) – Os profissionais que atuam nas Unidades Básicas de Saúde são indicados para agir na detecção precoce e realizar alguma intervenção em relação ao uso abusivo do álcool. O profissional deve ter uma postura empática e disposição para ajudar e encaminhar para outros serviços se julgar necessário.
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Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) – Estão previstos na Política Nacional de Saúde Mental e nas suas diferentes modalidades. São pontos de atenção estratégicos caracterizados por serviços de saúde de caráter aberto e comunitário constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar. Realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas.
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Ambulatórios – Existem muitas unidades de atendimento vinculadas a hospitais, principalmente de caráter universitário, que prestam assistência no tratamento e reabilitação ao alcoolista, funcionando como um centro de pesquisa, ensino e treinamento que visa promover e manter a saúde.
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Grupos de Apoio – Existem vários grupos na comunidade formados por Organizações Sociais que prestam auxílio e assistência às pessoas alcoolistas.
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3.3.3 Os perigos do tabagismo
Agora que você já estudou sobre o alcoolismo, vamos falar sobre outro fator de risco importante para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), o tabagismo. Não é novidade que o hábito de fumar é prejudicial, porém é uma enfermidade complexa que acarreta em dependência física e psicológica. De acordo com a Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), é reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco.
Informações da OMS e do Instituto de Efetividade Clínica e Sanitária (IECS) reforçam que o tabagismo é a principal causa evitável de morte no mundo, sendo responsável direto pelo desenvolvimento de inúmeras doenças. O INCA destaca a relevância dos anos de vida perdidos devido à dependência de cuidados associados ao tabagismo, além disso traz sérios prejuízos econômicos como ilustra a figura abaixo:
Representação dos prejuízos do hábito de fumar para a saúde e a economia. 
Fonte: Palacios et al. (2020).
Para evitar todas essas consequências, o Brasil é reconhecido como um país com uma forte Política Antitabagismo exitosa. Dados do Vigitel (BRASIL, 2019) apontam uma redução de 40% no consumo de tabaco entre os anos de 2006 e 2018. Portanto, vamos abordar um pouco mais sobre essa política. 
Em novembro de 2005, o Brasil ratificou a Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco (CQCT/OMS), primeiro tratado internacional de saúde pública que tem como objetivo conter a epidemia global do tabagismo. A implementação nacional desse Tratado ganhou o status de Política de Estado e o Programa Nacional de Controle do Tabagismo, até então articulado pelo Ministério da Saúde, passou a integrar a Política Nacional de Controle do Tabaco de caráter intersetorial, considerando todos os atores envolvidos e norteada pelos objetivos, princípios, obrigações e medidas da CQCT/OMS. Dentre os principais programas e ações que integram essa Política está o Programa Nacional de Controle do Tabagismo, incluindo um conjunto de ações nacionais com objetivo de reduzir a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo de derivados do tabaco no Brasil.
3.3.4 Tabagismo e envelhecimento
De acordo com a pesquisa VIGITEL (BRASIL) de 2019, o tabagismo é maior em homens, na população com menor escolaridade e na faixa etária entre 45 e 54 anos. Ainda, 13,6% das pessoas com 55 a 64 anos e 7,8% das pessoas com 65 anos de idade ou mais  são fumantes. 
Além disso, é importante você perceber que essa prevalência menor comparada aos adultos pode ser em função dos óbitos precoces dos fumantes que não chegam à velhice ou ainda pela cessação do consumo de cigarros com o surgimento de doenças que não aparecem nas estatísticas, porém, ainda assim, estes podem sofrer os efeitos do uso prolongado durante a vida.
Segundo aponta estudo de Maria Zaitume e colaboradores, as pessoas idosas possuem perfil com algumas especificidades:
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possuem exposições mais longas, utilizando cigarros sem filtro e com elevados teores de nicotina;
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por serem sobreviventes às mortes prematuras provocadas pelo tabaco, tendem a ser pouco motivadas a parar de fumar;
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o fumo contribui para o maior risco de complicações das doenças crônicas existentes;
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o efeito do fumo interfere no metabolismo de vários medicamentos e na condição nutricional;
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o tabagismo tende a ocorrer na concomitância de vários outros comportamentos não saudáveis.
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Além da dependência à nicotina, existe a dependência psicológica muito forte ligada à ansiedade que também precisa ser percebida e tratada pela equipe de saúde. É preciso investigar os possíveis motivos que trazem ansiedade nesta fase da vida como, por exemplo, sentimento de solidão, perdas, medos, incertezas quetrazem vazios existenciais, além de prestar maior atenção em gatilhos mentais que levam a esse hábito. Veja no infográfico a sugestão de 10 passos para parar de fumar:
Infográfico representando os dez passos para parar de fumar.
Fonte: Plataforma Saúde Brasil do Ministério da Saúde.
O SUS disponibiliza atendimento individualizado e especializado com equipe multiprofissional pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Caso necessário, serão prescritos medicamentos que geralmente são da terapia de reposição de nicotina (adesivos e gomas de mascar) e o cloridrato de bupropiona. A pessoa idosa pode ligar para o número 136 ou se informar nas Unidades Básicas de Saúde como pode acessar o atendimento.
Estudo de Caso:
Para finalizar apresenta-se um caso para ilustrar o que foi estudado neste tópico:
Imagine uma idosa com graves problemas bucais. Ela nasceu na zona rural onde residiu até o início da idade adulta. Durante a sua história de vida não teve muito acesso à educação em saúde, a materiais de higiene bucal e possuía dificuldade de acessar atendimento odontológico, o qual historicamente era pautado em extrações dentárias. Portanto, aos 72 anos de idade preserva poucos dentes naturais na boca e utiliza uma prótese parcial removível que se encontra mal ajustada causando lesões. A idosa possui diminuição da capacidade funcional que dificulta a sua higiene bucal de maneira satisfatória e, portanto, os dentes remanescentes encontram-se com cáries avançadas e alguns são foco de infecção. Por todas essas situações ela não consegue ingerir vários tipos de alimentos. Além disso, refere não sentir o sabor da comida, o que a leva a exagerar no uso de sal e açúcar. Assim, vem se alimentando cada vez menos, pois relata falta de apetite e, como reside sozinha, tem dificuldade de adquirir uma maior variedade de alimentos, ingerindo mais carboidratos. Todos esses fatos fizeram com que a idosa emagrecesse e apresentasse o IMC menor que 22 kg/m2, caracterizando baixo peso e um quadro clínico de desnutrição. Vamos refletir, quais seriam as estratégias para melhorar a qualidade de vida da idosa?
Tópico 4 de 5
Unidade 4: Uso racional de medicamentos por pessoas idosas
🎯 OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
Ao final desta unidade, você será capaz de explanar acerca da assistência farmacêutica no SUS, bem como do uso racional dos medicamentos na população idosa.
À medida que a população envelhece, a demanda por medicamentos que retardam e tratam doenças crônicas, aliviam a dor e melhoram a qualidade de vida continua a aumentar. Esta situação demanda um esforço renovado para garantir o acesso aos medicamentos essenciais e seguros e a sua utilização adequada.
💻 Saiba mais
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Tá na Lei!
O Estatuto do Idoso incumbe ao Poder Público o dever de fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa menciona que o provimento de insumos, de suporte em todos os níveis de atenção, prioritariamente na atenção domiciliar, inclusive medicamentos, são recursos para assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa.
A Portaria nº 3.916, de 30 de outubro de 1998 (BRASIL, 1998) que institui a Política Nacional de Medicamentos menciona que a definição de produtos a serem adquiridos e distribuídos de forma centralizada deverá considerar a sua utilização por grupos populacionais específicos, como as pessoas idosas.
4.1 O que é Assistência Farmacêutica no SUS?
É um conjunto de ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, por meio do acesso e uso racional de medicamentos.   
A oferta de medicamentos no Sistema Único de Saúde (SUS) é organizada em três componentes do Bloco de Financiamento da Assistência Farmacêutica - básico, estratégico e especializado - além do Programa Farmácia Popular. Com exceção do Farmácia Popular, em todos os outros componentes, o financiamento e a escolha de qual componente o medicamento fará parte é tripartite, ou seja, a responsabilidade é do Governo Federal, dos estados e dos municípios.
Programa Farmácia Popular: O cidadão deve procurar atendimento médico nas unidades de saúde para, se necessário, ter acesso aos medicamentos para o seu tratamento. Além dos medicamentos citados no RENAME e que podem ser acessados pelos serviços de atendimento no SUS, o Ministério da Saúde disponibiliza o Programa Farmácia Popular que tem como objetivo oferecer mais uma alternativa de acesso aos medicamentos considerados essenciais por meio das farmácias credenciadas no Programa “Aqui tem Farmácia Popular”. 
💻 Saiba mais
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Saiba como é feita a Assistência Farmacêutica no SUS:
 
Assistência Farmacêutica no SUS — Português (Brasil).
A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) configura-se numa lista que compreende a seleção e a padronização de medicamentos e insumos indicados para atendimento de doenças ou de agravos no âmbito do SUS. Conforme cita o art. 26 do Decreto nº 7.508/2011 (BRASIL, 2011): O Ministério da Saúde é o órgão competente para dispor sobre a RENAME e os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas em âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas pelas três esferas de governo. 
Além disso, a cada dois anos o Ministério da Saúde consolidará e publicará as atualizações da RENAME, do respectivo Formulário Terapêutico Nacional (FTN) e dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas. É uma lista orientativa e cabe a cada município estabelecer sua própria relação de medicamentos de acordo com suas características epidemiológicas.
O Formulário Terapêutico Nacional (FTN) é um instrumento de trabalho essencial para todos os profissionais de saúde que lidam com medicamentos no âmbito do SUS. Possui como objetivo principal subsidiar profissionais de saúde para a prescrição, dispensação e promoção do uso racional de medicamentos.
4.2 Uso racional de medicamentos
A presença de doenças e o uso de medicamentos estão no cotidiano das pessoas idosas. Por isso, devem existir estratégias para gerenciar essa situação no sentido de que as medicações contribuam com a saúde e a qualidade de vida ao invés de causar ainda mais problemas. Nesse sentido, deve haver a utilização criteriosa e cautelosa dos fármacos levando em consideração a sua real necessidade e indicação, a correta administração (dose, tipo e intervalos), além da orientação adequada das pessoas idosas e seus familiares.
A administração de medicamentos em qualquer faixa etária pode gerar reações indesejadas (não intencionais), entretanto a incidência dessas aumenta com a idade devido: à complexidade do regime terapêutico, ao excesso de medicamentos prescritos, à duração do tratamento, ao déficit de informações (doença e medicamentos) e aos distúrbios (cardiovasculares, hepáticos e renais), os quais são alguns dos fatores que contribuem para a ocorrência de eventos adversos.
Conheça algumas terminologias importantes, extraídas dos Cadernos de Atenção Básica nº 19 – Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa:
Evento adverso é considerado uma injúria sofrida pelo paciente resultante de erros no uso de medicamentos e que resultam em falha terapêutica. O evento pode ser devido a vários fatores relacionados com o tratamento: dose do medicamento incorreta, dose omitida, via de administração não especificada, horário de administração incorreto e outros. 
Reação adversa é qualquer efeito prejudicial ou indesejável, não intencional, que aparece após a administração de um medicamento em doses normalmente utilizadas no homem para a profilaxia, o diagnóstico e o tratamento de uma enfermidade. 
Interações medicamentosas são causas especiais de reações adversas em que os efeitos farmacológicos de um medicamento podem ser alterados por outro(s), quando administrados concomitantemente.
Efeitos colaterais são os inerentes à própria ação farmacológica do medicamento, porém o aparecimento é indesejável num momento determinado de sua aplicação,sendo considerado um prolongamento da ação farmacológica principal do medicamento. Alguns exemplos podem ser broncoespasmo, sonolência e arritmias cardíacas.
4.2.1 O que é polifarmácia e o que isso causa?
É o termo usado para descrever a situação em que vários medicamentos são prescritos simultaneamente, sendo uma prática clínica comum nas pessoas idosas. Essa situação pode ser explicada pelo maior número de doenças crônicas que acometem os idosos, elevada incidência de sintomas e a realização de tratamentos com diferentes especialistas. 
A polifarmácia também pode ocorrer por meio da prescrição de agentes farmacológicos que contenham dois ou mais princípios ativos (associações). Por exemplo, uma pessoa recebe um anti-hipertensivo (composto de um diurético e um betabloqueador) e um analgésico potente (composto de um agente anti-inflamatório não esteroidal e um opioide). Assim, a somatória do número de medicamentos consumidos é igual a quatro.
É bastante frequente a prescrição de medicamentos com a finalidade de corrigir efeitos colaterais provenientes de outros agentes administrados anteriormente, que podem levar a uma cadeia de reações indesejáveis, a chamada cascata iatrogênica. Essa questão torna-se ainda mais importante quando a pessoa idosa é atendida por diferentes especialistas, cada qual fornecendo uma prescrição específica sem considerar possíveis e frequentes duplicações e as interações medicamentosas. A principal consequência dessa atenção desintegrada é a ocorrência de iatrogenia. 
Iatrogenia pode ser definida como qualquer dano, direto ou indireto, decorrente de ações ou omissões praticadas por profissionais da saúde, em qualquer tipo de diagnóstico ou terapêutica.
💻 Saiba mais
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Estudo de Caso
Para ilustrar vamos te apresentar um caso envolvendo uma situação que pode ser comum no cotidiano das pessoas idosas:
Uma idosa hipertensa consultou-se com um médico clínico geral que lhe prescreveu (1) anti-hipertensivo, porém apresentou um inchaço na perna causado pelo efeito colateral. Para tratar essa manifestação clínica ela procurou outro médico que lhe prescreveu um (2) diurético. Ao passar alguns dias começa a sentir episódios de tontura característica de queda na pressão arterial (proveniente de outro efeito colateral da interação entre os dois medicamentos). Ainda, como possui histórico de colesterol elevado, já vinha utilizando (3) estatinas que compra na farmácia com uma receita antiga. Naquele período, em função das tonturas, acabou caindo e cortou o pé. Esse ferimento infeccionou, causando dor e febre, e a idosa foi levada a um pronto atendimento e lhe foi receitado um (4) antibiótico. A interação medicamentosa da estatina com o antibiótico trouxe dores musculares, consequência do efeito colateral, as quais a idosa, por conta própria, acabou tentando resolver com o uso de (5) analgésicos que sempre tem em casa. Como alguns desses medicamentos estavam acabando, pediu para seu filho ir à farmácia comprar mais. Na conversa com o atendente, o filho comenta que a mãe anda muito fraca e que está preocupado, pois toma muitos medicamentos. Então, o atendente sugere a ingestão de algumas (6) vitaminas e pra evitar problemas no estômago recomenda que ela tome (7) omeprazol. A idosa recebe a visita de uma vizinha, que foi saber sobre o seu estado de saúde, e ao perceber seu estado de nervosismo lhe oferece um (8) ansiolítico que ajuda a acalmar os nervos.
A contribuição especial da Atenção Básica de Saúde é juntar as intervenções realizadas pelos especialistas (coordenação do cuidado) evitando duplicação desnecessária de procedimentos e realizando a prescrição de medicamentos quando necessário. Para tanto, é fundamental o conhecimento dos aspectos farmacocinéticos e farmacodinâmicos dos medicamentos. Além disso, é importante educar e orientar os idosos, seus familiares e cuidadores para o estabelecimento de uma parceria no cuidado com as medicações. 
💻 Saiba mais
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Você sabia que existe uma lista de medicamentos potencialmente inapropriados para uso em pessoas idosas? 
Nesta lista são definidos fármacos com risco de provocar reações adversas e também efeitos colaterais superiores aos benefícios em pessoas idosas, por isso conhecer tais fármacos torna-se bastante útil a fim de prevenir os problemas relacionados à prescrição inapropriada de medicamentos. 
 
No vídeo estão dicas importantes de como organizar as medicações da pessoa idosa para evitar acidentes: Como Organizar Medicações de Idosos.
 
Por fim, neste vídeo estão orientações no caso de intoxicações por medicamentos: Como agir em casos de intoxicação por medicamentos | Coluna #84.
Tópico 5 de 5
Unidade 5: Políticas públicas e capital visando um envelhecimento digno
🎯 OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
Ao final desta unidade, você será capaz de compreender que um bom planejamento pode resultar em um bom envelhecimento.
Em economia, a palavra capital (do latim capitis) é qualquer bem econômico que pode ser utilizado na produção de outros bens ou serviços. Logo, somos incentivados desde cedo a pensar que é preciso poupar e investir nosso tempo, trabalho e dinheiro para acumular patrimônio do ponto de vista financeiro.
No entanto, poucas pessoas imaginam o processo de envelhecimento como um investimento de longo prazo, pois refletir sobre quanto tempo viveremos ou como alcançaremos a velhice parece precipitado demais para quem ainda é jovem. 
A Política do Envelhecimento Ativo nos ensina que é um processo contínuo, um investimento que se estende por toda a nossa existência. Quanto mais cedo se começa a otimizar as oportunidades de saúde, aprendizagem, participação e segurança, maior a chance de desfrutar de uma velhice com qualidade. 
Portanto, com a Revolução da Longevidade torna-se indispensável adotar uma perspectiva de curso de vida a partir dos pilares do envelhecimento ativo e acumular capitais para envelhecer bem, pois quanto mais cedo nos prepararmos, mais reservas teremos, não obstante, nunca é tarde demais para investir e melhorar a qualidade de vida atual e futura.
5.1 Quais os capitais que devemos acumular para envelhecer bem? 
Segundo Kalache, quem envelhece com saúde e conhecimentos pode participar plenamente da sociedade. Na falta dessas condições, é indispensável prover proteção e segurança para que o idoso não se sinta abandonado. Por isso uma política que atenda à Revolução da Longevidade deve promover os quatro capitais essenciais para envelhecer bem: i) atenção à saúde; ii) acesso a conhecimentos; iii) condições financeiras que garantam pelo menos renda mínima; e iv) suporte e cuidado da família, amigos e pessoas próximas.
Nesse sentido, temos que assumir um compromisso individual e coletivo para acumular os quatro capitais que ajudam o bom envelhecimento:
Capital Vital
–
Engloba comportamentos saudáveis e cuidados com a saúde, como por exemplo: alimentação equilibrada; realização de atividade física; abstinência de fumo e do consumo excessivo de álcool; manutenção do sono adequado; consultas médicas periódicas; uso correto dos medicamentos; atividades de lazer e demais formas de promoção da saúde.
Capital de Conhecimento
–
É o estímulo intelectual, com aprendizagem continuada ao longo da vida englobando toda a educação formal e informal adquirida sejam: cursos, habilidades adquiridas, estímulos a hábitos, tarefas, talentos e aprendizagem que envolvam a cognição. É imprescindível aprender para si e para os outros.
Capital Social
–
Aquisição e manutenção dos relacionamentos interpessoais, sejam com familiares, amigos, vizinhos, colegas, redes de profissionais. É preciso ser leve ao longo da vida e manter contato e boas relações com as pessoas.
Capital Financeiro
–
Envolve o planejamento financeiro, começando o quanto antes a construir reservas financeiras que possibilitem um futuro mais tranquilo nos anos pós-aposentadoria (fazer um “pé-de-meia” para a velhice).

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