Buscar

INSSDireitoPrevidenciarioCOMPLETO_2010

Prévia do material em texto

MÓDULO I
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Noções Básicas
Professor Ionas Deda Gonçalves
1. SEGURIDADE SOCIAL
Antes de se avançar no estudo da previdência social, deve-se fazer uma análise da seguridade social, visto que a previdência está inserida dentro do sistema de seguridade. Como se pode observar do Título VIII da Constituição Federal, que trata Da Ordem Social, a previdência é apenas uma das seções da seguridade social (tratada em todo o Capítulo II desse mesmo Título).
Segundo essas disposições da Lei Maior, a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social (artigo 194, “caput”, Constituição Federal).
Assim sendo, a seguridade social compreende:
saúde;
previdência social;
assistência social. 
Assim, percebe-se que a previdência social é uma das formas de atuação estatal na área de seguridade social.
1.1. Saúde
	A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantida mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (artigo 196 da Constituição Federal). 
A Constituição Federal de 1988 previu a criação de um Sistema Único de Saúde (SUS). Busca-se, assim, uma ação conjunta entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios (artigo 194, “caput”, da Constituição Federal). O SUS está disciplinado basicamente por meio das Leis n. 8.080, de 19.09.90, e n. 8.142, de 28.12.90.
Como regra, a União fixa as políticas gerais. Compete a ela, por exemplo, fazer as grandes campanhas publicitárias de prevenção a doenças. Aos Estados e Distrito Federal incumbe a prestação do serviço de saúde (Hospitais Regionais), enquanto aos Municípios incumbe o atendimento emergencial, bem como a triagem e o acompanhamento dos casos que demandam intervenção especializada.
Percebe-se, assim, que na área da saúde há uma união, uma coordenação, entre União, Estados, Municípios e Distrito Federal.
A saber: antes da Constituição Federal de 1988, quem cuidava do sistema de saúde do Brasil era o INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), que era uma autarquia federal.
1.2. Previdência Social – artigo 201 da Constituição Federal.
Segundo Wladimir Novaes Martinez, a previdência social é “como a técnica de proteção social que visa a propiciar os meios indispensáveis à subsistência da pessoa humana – quando esta não pode obtê-los ou não é socialmente desejável que os aufira pessoalmente através do trabalho, por motivo de maternidade, nascimento, incapacidade, invalidez, desemprego, prisão, idade avançada, tempo de serviço ou morte – mediante contribuição compulsória distinta, proveniente da sociedade e de cada um dos participantes”.
O artigo 1.º da Lei n. 8.213/91 dispõe que “a Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e de prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente”. 
A previdência social, no que se refere ao Regime Geral, pertinente à maioria dos trabalhadores é atualmente administrado pelo INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, autarquia federal resultante da fusão dos antigos INPS (que cuidava da concessão e manutenção de benefícios) e IAPAS (que cuidava da gestão administrativa e financeira do Sistema), que tem por objetivo a prática das ações estatais na área da previdência social.
Incumbe ao Instituto Nacional de Seguro Social: 
a arrecadação e a administração das contribuições previdenciárias;
a concessão e a manutenção das prestações previdenciárias.
1.3. Assistência Social – artigo 203 da Constituição Federal
	Wladimir Novaes Martinez define a assistência social como “um conjunto de atividades particulares e estatais direcionadas para o atendimento dos hipossuficientes, consistindo os bens oferecidos em pequenos benefícios em dinheiro, assistência à saúde, fornecimento de alimentos e outras pequenas prestações. Não só complementa os serviços da -Previdência Social, como a amplia, em razão da natureza da clientela e das necessidades providas”.
	Artigo 4.º da Lei n. 8.212/91: “a Assistência Social é a política social que provê o atendimento das necessidades básicas, traduzidas em proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e à pessoa portadora de deficiência, independentemente de contribuição à Seguridade Social” . 
Trata-se de direito constitucional, previsto no artigo 203 da Lei Maior. Todo brasileiro que se encontre em situação de hipossuficiência tem o direito à assistência social, como forma de promoção social.
A assistência social é, em parte, realizada pela Comunidade Solidária, programa segundo o qual que os projetos surgem da própria comunidade e, posteriormente, são submetidos a uma comissão que avaliará a possibilidade de sua implementação. Uma vez aprovados, recebem o apoio técnico da Comunidade Solidária, sendo que os recursos financeiros necessários a sua implementação são buscados no orçamento público.
Além da Comunidade Solidária, atuam na assistência social entidades particulares – Associações Beneficentes – que gozam de benefícios tributários (assim, há a colaboração indireta do Governo).
O Instituto Nacional de Seguro Social, extraordinariamente, também atua na área da assistência social. Isso ocorre no caso da garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção, ou de tê-la provida por sua família, o que é previsto no artigo 203, inciso V, da Constituição Federal. Esse benefício assistencial pago pelo Instituto Nacional de Seguro Social foi regulamentado pela Lei n. 8.742/93, que determina que fará jus ao benefício quem ganhar até ¼ do salário mínimo, como renda per capita da família.
1.4. Objetivos que devem ser perseguidos na área da Seguridade Social
O artigo 194, parágrafo único, da Constituição Federal estabelece objetivos comuns à seguridade social. Na verdade, tais objetivos são verdadeiros princípios constitucionais de seguridade social, pois são normas constitucionais que albergam valores jurídicos superiores que condicionam a atividade do legislador infraconstitucional, fornecem diretrizes interpretativas e conferem unidade ao Sistema de Seguridade Social.
1.4.1. Universalidade de cobertura e do atendimento
a) Universalidade de cobertura
A finalidade é fazer com que todas as situações que demandem intervenção estatal na área da saúde, previdência e assistência social sejam atendidas.
Na área da saúde: já foi atingida, pois todos os eventos têm cobertura pelo Estado.
Na área da previdência: ainda não foi atingida, pois não são todos os eventos que são atendidos, mas apenas os previstos em lei.
Na área de assistência social: ainda não foi atingida. O governo apenas dá uma cobertura esporádica a determinados eventos.
b) Universalidade do atendimento 
Todos os sujeitos em situação de necessidade devem ser atendidos.
Na área da saúde: teoricamente, o acesso é universal, pois todas as pessoas têm direito de serem atendidas em hospitais públicos. Existe, porém, uma limitação material do sistema, como a falta de leitos e de remédios (antes da Constituição Federal /88, só podia ser atendido em hospitais públicos quem fosse contribuinte do INPS - Instituto Nacional de Previdência Social).
Na área da previdência: também há limites, uma vez que só têm direito as pessoas que contribuem, sendo que a filiação é aberta mediante contribuição. Ressalta-se, porém, que os menores de 16 anos não podem ser filiados a plano de previdência social.
Na área de assistência social: ainda não foi atingida, uma vez que não são todas as pessoas necessitadas que recebem atendimento.
1.4.2. Uniformidade e equivalência dosbenefícios e serviços às populações urbanas e rurais
Na área da saúde: não é atendida, uma vez que o trabalhador rural normalmente tem que se deslocar até a cidade mais próxima para ser atendido.
Na área da previdência: após a Constituição Federal/88, a equiparação existe, uma vez que os benefícios para o rural e o urbano são os mesmos. Ressalta-se, ainda, que o tempo de trabalho rural conta para a aposentadoria se o trabalhador passar a ser urbano e vice-versa.
Na área de assistência social: não há equiparação, uma vez que quase nada é feito para o trabalhador rural.
1.4.3. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços
O constituinte quis com esse princípio que o legislador tenha bom senso, uma vez que as verbas são poucas, devendo, assim, as prestações e os serviços serem selecionados, a fim de que sejam escolhidos os mais necessários.
Deve-se levar em conta, ainda, a necessidade de atender o maior número possível de pessoas.
1.4.4. Irredutibilidade do valor dos benefícios
Aplica-se principalmente na previdência e assistência social, nesta, apenas quando se trata do benefício previsto no artigo 203, inciso V, da Constituição Federal, vez que as demais prestações da assistência social não são pecuniárias.
Trata-se da irredutibilidade do valor real, ou seja, do valor de compra do benefício. Em caso de inflação, os benefícios devem ser reajustados.
Lembre-se que nenhum benefício que seja substitutivo do rendimento do trabalhador (exemplo: aposentadorias, pensões, salário maternidade etc) poderá ser inferior a um salário mínimo (piso dos benefícios) nem superior, a partir de junho de 2002, a R$ 1.561,56 (teto dos benefícios). Esses valores sofrem alteração periódica, que atualmente acontece em junho de cada ano. Obviamente, os benefícios pagos pelo valor mínimo são reajustados antes, em maio, quando há reajustamento do salário mínimo.
1.4.5. Eqüidade na forma de participação do custeio
Toda ação na área da previdência social tem que ser custeada; para isso são necessários recursos financeiros. Tais recursos provêm da própria população, de forma indireta (recursos orçamentários da União, Estados, Distrito Federal e Municípios) ou direta (contribuições sociais, exemplo: contribuição sobre o lucro) – artigo 195 da Constituição Federal.
		Dessa forma, as contribuições para o custeio da previdência social têm natureza tributária, assim, devem ser respeitados os Princípios Gerais do Direito Tributário.
		A eqüidade é atingida com o respeito aos Princípios da Isonomia e da Capacidade Contributiva. Devido à eqüidade, cada um contribui com a previdência de acordo com sua capacidade contributiva (quem pode mais, paga mais, quem pode menos, paga menos ou até não paga). Além da capacidade contributiva, a equidade impõe que empresas que provoquem uma maior atuação estatal, por produzirem mais situações de risco social, devem pagar contribuições maiores. Assim sendo, a lei prevê que a empresa que provoque maior risco de acidente do trabalho deve contribuir progressivamente mais que outra que produza menos acidentes, mesmo que esta última tenha a mesma capacidade contributiva. 
1.4.6. Diversidade da base de financiamento
Tem por objetivo a arrecadação de recursos de diversas fontes. Assim, caso uma fonte passe por crise, haverá outras, garantindo-se a segurança do sistema.
São duas as formas de financiamento da seguridade social: a indireta e a direta.
		A forma indireta consiste no repasse de recursos orçamentários da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Diz-se indireta porque a sociedade está participando do custeio do Sistema de forma oblíqua, ou seja, os cidadãos não estão vertendo individualmente recursos para o Sistema, mas dele participando através de recursos públicos previstos nos orçamentos dos referidos entes da federação. Os recursos orçamentários destinados à seguridade social constarão dos orçamentos de cada uma das pessoas políticas acima mencionadas (artigo 195, § 1o, da Constituição Federal). 
	A forma direta se dá por meio do pagamento das contribuições previstas no artigo 195 da Constituição Federal, que são as seguintes:
		a) Cobradas da empresa, incidentes sobre:
folha de salários e demais rendimentos;
lucro;
receita ou faturamento;
		b) Cobradas do segurado
		c) Incidente sobre receita de concurso de prognósticos
		Há ainda a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras), recentemente prorrogada pela Emenda Constitucional 37/2002 e a contribuição do PIS/PASEP, prevista no artigo 239 da Constituição. 
		Finalmente, são ainda previstas outras receitas,quais sejam:
Multas.
Cobrança de correção monetária.
Juros.
Receitas patrimoniais (exemplo: locação de imóveis do Instituto Nacional de Seguro Social).
50% dos valores obtidos e aplicados na forma do parágrafo único do artigo 243 da Constituição (venda de bens apreendidos em decorrência de tráfico ilícito de entorpecente).
40% do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Secretaria da Receita Federal.
1.4.7. Caráter democrático e descentralizado da Administração
	A Constituição Federal estabelece que as ações na área de seguridade social devem ser democráticas; as decisões devem ser tomadas com a participação de todos. 
	A Constituição Federal determina, ainda, que existam órgãos que sejam compostos por representantes de quatro segmentos sociais: trabalhadores, empregadores, aposentados e Governo (gestão quadripartite).
1.5. Princípios relacionados com a previdência social
No que diz respeito especificamente à previdência social, organizada em forma de Regime Geral, devem ainda ser elencados os princípios prescritos no artigo 201 da Constituição Federal:	
caráter contributivo; 
filiação obrigatória: não há autonomia de vontade. Existe, porém, uma categoria de segurado que pode facultativamente contribuir com a previdência, mas a regra é a filiação obrigatória;
devem ser observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
2. PREVIDÊNCIA
		Assentadas as noções básicas sobre o sistema no qual está inserida a previdência social, oportuna se faz a análise dos diversos regimes em que essa se decompõe.
		Três são os regimes previdenciários previstos na Constituição Federal: o regime estatutário, o regime geral e o regime complementar facultativo.
2.1. Regime Estatutário
		Esse é o regime obrigatório dos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, previsto no artigo 40 da Constituição Federal. Esse regime garante aos servidores públicos regras de aposentadoria e pensão diferentes daquelas impostas aos trabalhadores comuns, principalmente no que diz respeito ao valor dos benefícios. O regime do funcionário público da União é regido pela Lei n. 8.112/90, enquanto os servidores municipais e estaduais possuem regimes estatutários próprios, previstos em leis dos entes políticos a que estão vinculados. 
2.2. Regime Geral
É o regime obrigatório aplicado a todos os que não pertencem ao regime estatutário. Está previsto no artigo 201 da Constituição Federal, disciplinado pelas Leis n. 8.213/91 (Plano de Benefícios da Previdência Social) e n. 8.212/91 (Lei de Organização e Custeio da Seguridade Social) e regulamentado pelo Decreto n. 3.048/99.
		Como regra, pertencem a esse regime as pessoas que atuam na iniciativa privada. Entretanto, pertencem ainda a tal regime os funcionários públicos não abrangidos por regime próprio, como por exemplo os ocupantes de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com o Poder Público (artigo 37, inciso V, da Constituição Federal). A esse regime serão dedicadas as lições deste curso.
		O artigo 201 da Constituição Federal descreve o rol de eventos que devem ser cobertos pela previdência social. Para cada um desses eventos a legislação prevê a cobertura por uma prestação previdenciária:
Doença: corresponde à incapacidade temporária. O benefício é o auxílio-doença.
Invalidez: é uma incapacidade definitiva. O benefício é a aposentadoria porinvalidez.
Morte: os benefícios previdenciários são personalíssimos; sendo assim, com a morte do segurado, eles são extintos. É concedido, entretanto, aos dependentes do segurado o benefício denominado pensão por morte.
Idade avançada (idade cronológica): o benefício é a aposentadoria por idade.
Para proteção à maternidade, especialmente à gestante, o benefício é o salário-maternidade;
Desemprego: que decorre da perda involuntária do trabalho, coberto pelo seguro-desemprego (o auxílio-desemprego, apesar de ser benefício previdenciário, não é pago pelo Instituto Nacional de Seguro Social. Ele é concedido pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, que é administrado pela Caixa Econômica Federal);
Encargos familiares: é previsto o salário-família, pago ao trabalhador de baixa renda que tiver filho de até 14 anos ou inválido de qualquer idade;
Recolhimento à prisão: paga-se auxílio-reclusão aos dependentes do segurado de baixa renda que se encontre detido ou recluso em razão de condenação judicial.
2.3. Regime Complementar (Facultativo)
Trata-se da previdência complementar, que pode ser pública ou privada, de acordo com o que dispõem os artigos 40, §§ 14 a 16, e 202 da Constituição Federal.
2.3.1. Previdência Complementar Pública
A Emenda Constitucional n. 20/98 acrescentou os §§ 14 a 16 ao artigo 40 da Constituição Federal, possibilitando a criação de regimes de previdência complementar por União, Estados, Distrito Federal e Municípios para seus servidores, caso em que os benefícios do regime ordinário do servidor poderão ser limitados ao teto do regime geral (Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social, Daniel Machado Rocha e José Paulo Baltazar Júnior).
Apesar de estar constitucionalmente prevista, ainda não está em vigor no Brasil. Seu fundamento é estabelecer um teto máximo ao funcionário público inativo pertencente ao Regime Estatutário, não importando o quanto ele ganhava no período em que estava na ativa. 
Assim, caso o funcionário público queira ganhar mais que o teto máximo estabelecido, a fim de alcançar o valor que recebia quando na ativa, poderá ingressar no Regime Complementar Público.
O Regime Estatutário sofrerá alterações somente no momento em que a Previdência Pública Complementar for criada.
Hoje, pelo Regime Estatutário, o aposentado recebe o valor que ganhava quando estava na ativa.
2.3.2. Previdência Complementar Privada
Compreende planos de previdência complementar administrados por instituições de natureza privada. Podem ser contratados por qualquer pessoa e se classificam em:
Planos mantidos por entidades abertas: são aqueles mantidos por instituições financeiras (bancos) e que se dirigem a todos os interessados, sem distinções .
Planos mantidos por entidades fechadas: ocorre quando uma empresa ou grupo de empresas cria um sistema de previdência complementar para seus funcionários. Exemplo: os funcionários aposentados pelo Banco do Brasil recebem o teto do Instituto Nacional de Seguro Social e o que falta para completar o que eles ganhavam na ativa é pago pela previdência privada mantida pelo Banco.
A Previdência Complementar Privada está atualmente regulamentada pelas Leis Complementares 108 e 109, ambas de 29 de maio de 2001. 
Atenção: tanto o Regime Complementar Público quanto o Privado são regimes facultativos.
MÓDULO II
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Lei n. 8.213, de 24.7.1991
Professor Ionas Deda Gonçalves
1. BENEFICIÁRIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
Beneficiários da previdência social são todas as pessoas naturais titulares de direitos subjetivos perante o Sistema Previdenciário. O quadro abaixo fornece sua classificação.
			 	 – empregado 
	 – empregado doméstico 
	 – contribuinte individual
	 – trabalhador avulso
 – segurado especial
 – Facultativos
 		 – 1.ª Classe
– 2.ª Classe 
– 3.ª Classe 
A Lei n. 8.213/91 estabelece quem são as pessoas que têm direito aos benefícios previdenciários e quais os requisitos necessários para fazer jus aos benefícios.
“Segurados são as pessoas físicas que, em razão de exercício de atividade ou mediante o recolhimento de contribuições, vinculam-se diretamente ao Regime Geral”.
“Dependentes são as pessoas cujo liame jurídico existente entre elas e o segurado permite que a proteção previdenciária lhes seja estendida de forma reflexa.” (“in” Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social, Daniel Machado da Rocha e José Paulo Baltazar Júnior, Porto Alegre, ed. Livraria do Advogado e ESMAFE – Escola Superior da Magistratura Federal do Rio Grande do Sul, pág. 50, artigo 10)
Os segurados são titulares de direitos próprios. Os dependentes também exercem direitos próprios, mas sua vinculação com a previdência está condicionada à manutenção da relação jurídica do segurado com o Sistema Previdenciário.
Os vínculos que os segurados e os dependentes mantêm com a previdência social são diferentes.
Não se confunde o dependente da previdência social com os dependentes dos demais ramos do Direito.
2. SEGURADO
	O segurado mantém um vínculo com a previdência social baseado em contribuição – ele contribui com a previdência.
O segurado mantém com a previdência uma relação que implica direitos e deveres para ambas as partes, sendo que a previdência tem o direito de receber contribuições e o dever de conceder as prestações, e o segurado tem o dever de contribuir e o direito de receber as prestações.
Trata-se de uma relação que não tem caráter contratual, pois o segurado é obrigado a filiar-se à previdência, com exceção do segurado facultativo, pois a relação aqui tem caráter contratual (contrato de adesão). Há, nesse caso, autonomia da vontade. A lei não impõe ao segurado facultativo o dever de ser filiado à previdência e, uma vez filiado, ele pode desfiliar-se a qualquer momento.
2.1. Segurado Obrigatório
	São segurados do Regime Geral de Previdência Social:
empregado;
empregado doméstico;
contribuinte individual (empresário, autônomo, equiparado ao autônomo);
trabalhador avulso;
segurado especial.
O segurado empregado começa a ser considerado filiado à previdência no momento em que é contratado como empregado.
O contribuinte individual só é considerado filiado à previdência após pagar a 1.ª contribuição.
Percebe-se, nestes exemplos, que o vínculo com a previdência, nos dois casos, começou em momentos distintos.
O segurado empregado não precisa comprovar que contribui, basta ser empregado para ser considerado filiado.
Outra regra distinta é a de que o contribuinte empregado pode contribuir, desde o início da sua filiação, pelo valor máximo, ou seja, o teto da contribuição; já o contribuinte individual passa por fases, escalas de salário-base. A escala de salário-base está sendo extinta. Já não se aplica mais aos segurados que se filiarem a partir de 29.11.1999 (ver Lei n. 9.876/99).
Percebe-se, assim, que cada tipo de segurado tem tratamento específico.
2.1.1. Categoria de segurados obrigatórios
a) Empregado
É o segurado que presta pessoalmente serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração.
Se o Estado mantiver alguém na condição de empregado, deverá ser segurado obrigatório do Instituto Nacional de Seguridade Social, na categoria empregado.
Todos os funcionários públicos federais comissionados são segurados obrigatórios como empregados (ver Lei n. 8.213/91, artigo 11, inciso I, alíneas “a” a “i”).
“Por força da Lei n. 9.876/99, o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por sistema próprio de previdência social, anteriormente classificado como equiparado a autônomo, passou a integrar o grupo dos empregados.” (“in” Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social, Daniel Machado da Rocha e José Paulo Baltazar Júnior, Porto Alegre, ed. Livraria do Advogado e ESMAFE – EscolaSuperior da Magistratura Federal do Rio Grande do Sul, pág. 57, artigo 11)
b) Empregado doméstico
É aquele que presta serviço de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa ou família, no âmbito residencial destas, em atividades sem fins lucrativos.
Diarista: se trabalhar duas ou mais vezes por semana, já é considerado o vínculo empregatício.
Caso haja alguma atividade comercial na residência, já não pode mais ser considerado empregado doméstico (ver Lei n. 8.213/91, artigo 11, inciso II).
c) Contribuinte individual
Considera-se contribuinte individual o antigo autônomo, o equiparado a autônomo e o empresário.
Também se enquadra na condição de contribuinte individual a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou pesqueira, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados (é o antigo empregador rural).
São ainda considerados contribuintes individuais equiparados a autônomo o padre, o pastor, o pai de santo, o bispo etc.
Por fim, também é autônomo a pessoa que mantém firma individual, urbana ou rural (ver artigo 11, inciso V, da Lei n. 8.213/91).
d) Trabalhador avulso
É aquele que trabalha com a intermediação obrigatória do sindicato ou do órgão gestor de mão-de-obra. Exemplo: trabalhadores da área portuária.
e) Segurado especial
É o pequeno produtor rural, o parceiro, o meeiro, o pescador artesanal, o garimpeiro e os que exerçam a sua atividade em regime de economia familiar.
O segurado especial não contribui mensalmente; sua contribuição é anual.
Estes segurados podem requerer vários benefícios, no valor de um salário mínimo, comprovando apenas o tempo de serviço, sem precisar comprovar a contribuição (artigo 39 da Lei 8213/91).
Observação: Não confundir o contribuinte individual (artigo 11, inciso V, alínea “a”, da Lei n. 8.212/91) com o segurado especial (inciso VII), pois o primeiro possui auxílio de empregados no exercício da atividade rural, já o segurado especial conta apenas com a ajuda dos membros da família para a exploração da atividade rural.
2.2. Segurado Facultativo (artigo 13 da Lei n. 8213/91)
É toda pessoa que, sem exercer atividade que determine filiação obrigatória, contribui voluntariamente para a previdência social.
É todo aquele que não é considerado obrigatório. Exemplos:
dona de casa;
estudante, com mais de 16 anos;
síndico de edifício que não seja empregado.
Lembrete: a idade mínima para ingressar no sistema previdenciário é 16 anos.
As pessoas que começaram a trabalhar com 14 anos, portanto, antes da mudança constitucional ocorrida com a Emenda Constitucional n. 20, de 15.12.1998, que proíbe o trabalho aos menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz aos 14 anos (artigo 7.º, inciso XXXIII), continuaram a ser filiadas da previdência social, em face do direito adquirido.
2.3. Período de Graça (Artigo 15 da Lei n. 8.213/91)
Como regra, a pessoa mantém a sua condição de segurado enquanto contribui, ou seja, enquanto estiver filiado à previdência.
Entretanto, a legislação prevê que, em determinadas circunstâncias, mesmo havendo a interrupção das contribuições e não estando o trabalhador exercendo atividade que o vincule obrigatoriamente à previdência, o segurado mantém o seu vínculo com a previdência social.
Este período é denominado pela doutrina de Período de Graça.
Período de Graça, portanto, é aquele período em que, mesmo sem contribuir e/ou sem exercer atividade que o vincule obrigatoriamente à previdência, o segurado mantém seu vínculo com o Sistema, com todos os direitos inerentes a essa condição.
Exemplos:
Quem está recebendo auxílio-doença não está contribuindo, mas este período, apesar de não haver contribuição, é contado como se tivesse ocorrido. 
Casos diferentes são os que seguem:
quem trabalha, mas vai prestar o serviço militar. Durante três meses, após o término do serviço militar, o segurado encontra-se no Período de Graça;
o preso tem um Período de Graça de 12 meses após o livramento.
Tanto no caso de quem vai prestar serviço militar como no caso do preso, o tempo de graça não conta como contribuição para fim de aposentadoria. 
2.4. Regra Geral do Período de Graça Aplicada aos Segurados (artigo 15, § 1.º)
	O segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela previdência social mantém sua condição de segurado até doze meses após a cessação das contribuições. Esse prazo será prorrogado para até vinte e quatro meses se o segurado já houver pagado mais de vinte e quatro contribuições.
2.5. Regra do Período de Graça Aplicada ao Segurado Empregado (artigo 15, § 2.º)
O segurado empregado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela previdência social também mantém sua qualidade por doze meses após a cessação das contribuições, prazo esse que pode ser prorrogado da seguinte forma:
para até vinte e quatro meses, se tiver pagado mais de cento e vinte contribuições;
em mais doze meses, inclusive de forma cumulativa com a prorrogação acima mencionada, para o segurado desempregado que registrou essa condição no órgão próprio do Ministério do Trabalho.
Assim sendo, o prazo que era inicialmente de doze meses pode atingir trinta e seis meses se o segurado empregado estiver desempregado e contar com mais de cento e vinte contribuições.
Importante: o Período de Graça não conta como contribuição. Apenas mantém o vínculo com a Previdência Social.
Se, durante o Período de Graça, houver pelo menos uma contribuição, ele será interrompido e começará a contar novamente.
Pergunta: Como saber que a pessoa perdeu a condição de segurado?
Resposta: A lei estabelece que a perda da condição de segurado se dá no 16.º dia do segundo mês seguinte àquele em que terminou o Período de Graça. 
“O Regulamento da Previdência Social unificou o prazo, levando em conta a data para o recolhimento da contribuição dos contribuintes individuais, favorecendo, assim, os demais segurados”. (“in” Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social, Daniel Machado da Rocha e José Paulo Baltazar Júnior, Porto Alegre, ed. Livraria do Advogado e ESMAFE – Escola Superior da Magistratura Federal do Rio Grande do Sul, pág. 75, artigo 15)
Exemplos:
Serviço militar
	
	3 meses
	4.º mês
	5.º mês
	Fim do período do serviço militar
	Período de Graça
	
	15.º dia
	
	
	
	Até o dia 15 ele 
é segurado. A partir do dia 16 ele perde a condição de segurado.
Preso
	
	12 meses
	13.º mês
	14.º mês
	Livrou-se.
	Período de Graça
	
	15.º dia
	
	
	
	Até o dia 15 ele 
é segurado. A partir do dia 16 ele perde a condição de segurado.
3. DEPENDENTES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (Artigo 16 da Lei 8.213/91)
Os dependentes são titulares de direitos próprios. Mantêm uma relação jurídica pessoal com a Previdência.
A Lei da Previdência diz quem são seus dependentes e os classifica em dependentes de 1.ª classe, 2.ª classe e 3.ª classe.
Os dependentes de 1.ª classe preferem aos de 2.ª classe que preferem aos de 3.ª classe.
Assim, o dependente de 2.ª classe só terá direito se não houver dependente habilitado de 1.ª classe, e o dependente de 3.ª classe só terá direito se não houver dependentes habilitados de 1.ª ou de 2.ª classe.
Percebe-se, assim, que uma classe exclui a outra.
3.1. Dependentes de 1.ª Classe
cônjuge (a);
companheiro (a);
filhos de qualquer condição: menores de 21 anos, não emancipados, ou inválidos de qualquer idade.
Os dependentes de 1.ª classe gozam da presunção legal de dependência econômica.
Os dependentes de 1.ª classe concorrem entre si. Havendo mais de um, deve-se dividir o valor da pensão em cotas-partes iguais. Exemplo: esposa legítima, com dois filhos maiores de 21 anos e dois filhos menores, provenientes de uma relação extraconjugal: a pensão será dividida em três partes.
Não basta existir dependentes de 1.ª classe, é necessário que haja a habilitação dos dependentes junto à previdência social.
Caso os dependentes de 1.ª classe não se habilitem, subsistirá o direito das classes inferiores.
No momento que o dependente deixarde sê-lo, por completar 21 anos, por exemplo, a sua cota-parte passará aos outros dependentes da mesma classe. Caso seja o único dependente, cessará o benefício.
Exemplo: três dependentes de 1.ª classe: cada um receberá ⅓ do valor do benefício. Caso um deixe de ser dependente, o benefício passará a ser dividido em duas partes somente (a cota-parte dele vai para os outros). No momento em que os demais também perderem o benefício, este cessará.
Os dependentes da 1.ª classe podem se habilitar a qualquer tempo.
Caso o filho perca a condição de dependente por completar 21 anos e depois vier a se tornar inválido, não terá mais direito a ser dependente.
Equiparam-se a filho, mediante prova de dependência econômica, concorrendo em condições de igualdade com os demais dependentes da classe 1, o menor sob tutela e o enteado.
Por fim, ressalta-se que o direito de ser dependente não se transmite. Assim, o filho do filho dependente não terá o direito.
3.1.1. Cônjuge
	Perdem a condição de dependentes caso se separem (separação de fato, separação judicial ou divórcio) e não fiquem com direito a pensão alimentícia. Caso tenham direito a pensão alimentícia, subsiste o direito de ser dependente.
	Assim, se a mulher ficar com direito a alimentos, mas não o exercer, continuará a ser dependente; caso o ex-marido venha a falecer, ela poderá se habilitar como dependente e terá direito à pensão. O marido possui o mesmo direito.
	Ressalta-se que a convolação de núpcias não faz perder o direito à pensão. Esse fato só ocorrerá caso morra o segundo marido e a esposa opte pela pensão deste.
Ressalta-se, ainda, que é possível cumular aposentadoria com a pensão por morte do marido (ou da mulher).
3.1.2. Companheiro/companheira
Podem habilitar-se como dependentes da previdência as pessoas que vivem em união estável. Tem sido admitido, por força de decisões judiciais ainda passíveis de reforma, tal direito, inclusive para os casais de mesmo sexo.
3.1.3. Filhos
	São dependentes da previdência os filhos de qualquer natureza.
	O menor tutelado e o enteado são considerados dependentes, equiparados aos filhos, desde que não possuam recursos próprios.
	Ressalta-se que, ao completar 21 anos, perde a condição de dependente, mesmo que esteja fazendo faculdade. Caso seja inválido, a condição de dependente se perpetuará enquanto durar a invalidez. 
Frisa-se também que, caso a pessoa se emancipe antes dos 21 anos, perderá a condição de dependente, exceto se a emancipação ocorrer em razão da aquisição de título universitário. Nesta última situação, a condição de dependente será mantida.
3.2. Dependentes de 2.ª Classe
Pais (pai ou mãe): naturais ou adotivos.
É necessário que comprovem a dependência econômica, ainda que parcial, com o segurado da previdência. Basta que comprovem que o filho ou filha contribuía para a manutenção da casa.
Caso haja dependentes habilitados de 1.ª classe, os pais não terão direito ao benefício da previdência como dependentes.
3.3. Dependente de 3.ª Classe
Irmãos: de qualquer natureza, menores de 21 anos, não emancipados, ou inválidos de qualquer idade.
Também é necessário que comprovem a dependência econômica, ainda que parcial, com o segurado da previdência. 
Esses dependentes também só terão direito se não houverem habilitados de 1.ª ou 2.ª classe.
Observação: Havia uma 4.ª classe, composta por pessoas designadas pelo segurado.Hoje, essa 4.ª classe não existe mais.
3.4. Perda da Condição de Dependente
3.4.1. Para todos os dependentes (1.ª, 2.ª ou 3.ª classe)
A perda da condição de dependente ocorre com a morte.
3.4.2. Marido/mulher
Perdem a condição de dependente:
Na separação de fato, judicial ou divórcio, caso não seja reconhecido o direito a alimentos.
Após a convolação de novas núpcias, antes do óbito do segurado. Neste caso, a perda da condição de dependente decorre do fato de o novo casamento implicar na perda do direito à pensão alimentícia fixada quando da separação ou do divórcio.
Quando a pessoa ficar novamente viúva e optar pela pensão do último marido.
3.4.3. Companheiro/companheira
A perda da condição de dependente ocorre com a separação de fato ou judicial, se não for reconhecido o direito de alimentos.
3.4.4. Filhos
ao se emanciparem;
ao completarem 21 anos;
se inválidos, quando recuperarem a capacidade.
O filho que completar 21 anos perde a condição de dependente no mês seguinte ao seu aniversário; no mês do aniversário, ainda recebe o benefício.
O inválido, para a previdência, é aquele que não pode trabalhar devido a sua doença e, assim, não possui recursos para sobreviver.
3.4.5. Pais
A perda da condição de segurado ocorre somente com a morte.
3.4.6. Irmãos
ao se emanciparem;
ao completarem 21 anos;
se inválidos, quando recuperarem a capacidade.
4.	CARÊNCIA. CONCEITO
Carência é o número mínimo de contribuições mensais necessário para que o beneficiário faça jus ao benefício. 
As contribuições devem ser mensais. Exemplo: carência de 12 meses deve ser paga em 12 meses; não é permitido pagar contribuições atrasadas ou antecipar o recolhimento de contribuições futuras para suprir período de carência. 
Caso haja atraso no pagamento de uma prestação, esta não contará como carência. Exemplo: a primeira prestação foi paga no dia certo, a segunda foi paga com atraso, deverão ser pagas mais onze contribuições (desconsidera-se a segunda, que foi paga com atraso). 
4.1.	Período de carência dos benefícios
4.1.1. Aposentadoria por invalidez e auxílio-doença
O período de carência é de 12 contribuições mensais. 
Se a causa for acidente de qualquer natureza ou doença relacionada com o trabalho (doença profissional ou doença do trabalho), dispensa-se a carência. 
Dispensa-se também a carência se o segurado for portador de moléstia grave. O artigo 151 da Lei n. 8.213/91 traz o rol das moléstias graves; esse rol elaborado pelos Ministérios da Saúde, do Trabalho e da Previdência e Assistência Social, a cada três anos, por meio de portaria conjunta, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado. Exemplo: AIDS, cegueira total etc.
	O segurado facultativo, para que seja considerado filiado ao sistema, deve ter contribuído pelo menos uma vez. Ressalta-se que essa contribuição não diz respeito à carência, mas sim ao aperfeiçoamento da sua filiação ao Regime Geral de Previdência.
4.1.2. Aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria especial 
A carência exigida é de 180 contribuições mensais.
Deve-se observar, nesses três casos, a tabela progressiva do artigo 142 da Lei n. 8.213/91, aplicável àqueles que já eram segurados da previdência quando da publicação da Lei 8213/91, que é de 27 de julho de 1991. Para o ano de 2001, a carência para esses benefícios é de 120 contribuições mensais.
A cada ano a carência aumenta em 6 contribuições. No ano 2011, chegará ao número de 180 contribuições mensais, patamar no qual se estabilizará.
4.1.3. Salário-maternidade
A carência é de 10 contribuições mensais.
As seguradas: empregada, empregada doméstica e trabalhadora avulsa estão, porém, dispensadas do período de carência.
Para as demais seguradas, a carência é de 10 meses. Essa carência, porém, é móvel, sendo possível ser menor. Exemplo: se o bebê nasce com oito meses, a carência é de nove meses; se o bebê nasce com sete meses, a carência é de oito meses.
4.2. Benefícios em que não é exigida a carência
pensão por morte;
auxílio-reclusão;
auxílio-acidente;
salário-família;
serviço social;
habilitação e reabilitação profissionais;
benefícios previstos no artigo 39 e no artigo 143 da Lei 8213/91.
Bastam os segurados ou dependentes serem filiados para receberem o benefício. Na última hipótese devem o segurado especial e/ou trabalhador rural comum comprovar essa sua condição nos meses imediatamente anteriores ao requerimento dos benefícios previstos naqueles artigos, por período igual ao exigidocomo carência para prestação. Exemplo: o segurado especial não precisa provar que contribuiu doze meses para ter direito ao auxílio-doença, no valor de um salário mínimo; basta provar que exerceu essa atividade nos doze meses anteriores ao requerimento da prestação, ainda que de forma descontínua. 
4.3.	Problema Sobre a Carência
O problema surge quando o filiado perde a condição de segurado e, após um período, volta a ser filiado. Nesse caso, surge a indagação: deve-se contar novamente a carência? 
Por exemplo:
trabalhou 15 anos = fez 180 contribuições mensais;
perdeu o emprego = ficou 48 meses sem trabalhar e contribuir;
usufruiu do período de graça = 36 meses de período de graça;
perdeu a condição de segurado no 16.º dia do 38.º mês.
 
 					 48 meses
	1.ª filiação
	36 meses
	16.º dia do mês 38
	2.ª filiação
	180 contribuições
	Período de Graça
	deixou de ser filiado
	
A lei diz que se pode aproveitar a contribuição da 1.ª filiação para efeito de carência, desde que, na 2.ª filiação, o segurado cumpra pelo menos 1/3 da carência exigida. 
Exemplo: em caso de auxílio-doença exigem-se 12 contribuições mensais, então, na 2.ª filiação deve haver no mínimo 4 contribuições. Em caso de aposentadoria por idade, exigem-se 180 contribuições, então, na 2.ª filiação ,exigem-se no mínimo 60 contribuições.
Outro caso:
	1.ª filiação
	9 meses desempregado
	1.ª filiação
	2 anos =
24 contribuições
	Estava no Período de Graça
de 24 meses
	voltou a contribuir
Nesse caso, não houve perda da condição de segurado. Todas as contribuições fazem parte da 1.ª filiação. Assim, caso o segurado necessitasse, por exemplo, de auxílio-doença, para o qual são exigidas 12 contribuições, ele já teria direito, pois já cumpriu o período de carência. 
MÓDULO III
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Benefício em espécie
Benefícios devidos aos segurados
1.	BENEFÍCIOS DEVIDOS AOS SEGURADOS
1.1.	Aposentadoria por Invalidez
Tem por objetivo substituir a remuneração do segurado que se encontre incapaz total e definitivamente para o exercício de atividade que lhe garanta sobrevivência.
1.1.1. Requisitos
Condição de segurado.
Carência: 12 contribuições mensais. Se for em razão de acidente de qualquer natureza ou moléstia grave, a carência é dispensada. 
Incapacidade total e definitiva para o exercício de atividade que garanta a sobrevivência do segurado e dos seus dependentes. O perito do INSS deve comprovar essa incapacidade. 
1.1.2. Moléstia preexistente
No tocante à moléstia preexistente, o segurado pode receber o benefício. Só não o receberá se a moléstia já era incapacitante quando se filiou à Previdência, pois, nesse caso, caracteriza-se fraude. 
Se a moléstia era preexistente e o segurado era incapaz, não importa se estava de boa ou má-fé, o segurado não receberá o benefício. 
Caso se trate de moléstia de progressão e o segurado já a possuía antes de se filiar, para receber o benefício, basta que seja comprovada a progressão da moléstia. Ex.: Mal de Chagas.
1.1.3. Necessidade da realização de exames 
O segurando que recebe o benefício tem que se submeter a todos os tratamentos recomendados e custeados pela Previdência Social, sob pena de cessação do benefício. Existem, porém, dois procedimentos médicos que não são obrigatórios. São eles:
cirurgia;
transfusão de sangue.
Esses procedimentos são considerados de risco, portanto, a pessoa pode escolher se quer faze-los ou não. 
É fundamental, porém, que o segurado compareça à Previdência para reavaliação e realização dos demais exames e tratamentos, sob pena de cessação do benefício. Se o segurado não tiver como ir ao local da perícia, o perito deverá ir até ele.
1.1.4. Comprovação de que o segurado possui incapacidade
O segurado é considerado incapaz quando não tem condição de desenvolver atividade remunerada compatível com o grau de complexidade da atividade que exercia anteriormente ou quando a atividade que ele puder desenvolver não lhe garantir posição social equivalente àquela que ocupava anteriormente à enfermidade (deve-se analisar o caso concreto). 
O alcoolismo é considerado doença incapacitante.
1.1.5. Reabilitação profissional/ habitação profissional
O INSS pode submeter o segurado à reabilitação/habilitação; conseqüentemente, o segurado deixa de receber o benefício. 
Em alguns Estados, o INSS mantém programas para reabilitação, mas são poucos. 
Hoje, normalmente, quando os peritos percebem a possibilidade de reabilitação, é concedido o benefício de auxílio-doença e não o de aposentadoria por invalidez. 
1.1.6. Termo inicial do benefício
Para o segurado empregado, é a contar do 16.º dia do afastamento da atividade. Os 15 primeiros dias de afastamento quem paga é o empregador (é salário).
Esse termo inicial será mantido se o segurado requerer o benefício em até 30 dias contados da data do afastamento. 
Caso requeira após o 30.º dia, o termo inicial para o segurado empregado será a contar da data do requerimento, exceto se ele conseguir comprovar que não fez o requerimento dentro dos 30 dias por encontrar-se hospitalizado ou submetido a tratamento ambulatorial. 
Para os demais segurados, o termo inicial é a contar da data do início da incapacidade ou a contar da data do requerimento, se entre a data do afastamento e a data do requerimento transcorrerem mais de 30 dias, exceto se conseguir comprovar que não fez o requerimento dentro dos 30 dias por se encontrar hospitalizado ou submetido a tratamento ambulatorial. 
1.1.7. Valor do benefício
Será fixado em 100% do salário de benefício, que será calculado com base no salário de contribuição.
O salário de contribuição é o valor da remuneração do segurado sobre o qual incide a contribuição social. Nem sempre a contribuição social incide sobre a remuneração total do segurado, é necessário observar o teto previdenciário. 
Teto: R$ 1.430,00.
Piso: corresponde a 1 salário mínimo.
Ex.: O contribuinte ganha R$ 10.000,00, mas a contribuição incidirá sobre R$ 1.430,00. É com base nesse valor que se chega ao salário-benefício. 
O salário de contribuição para a aposentadoria por invalidez será a média aritmética simples de 80% dos maiores salários de contribuição apurados no período básico de cálculo. O período básico de cálculo é aquele compreendido entre o mês anterior ao requerimento do benefício e julho de 1994.
Exemplificando:
Período contributivo = 180 meses
Utiliza-se 80% do período contributivo, que será igual a 144 contribuições. O passo seguinte é selecionar as 144 maiores contribuições de todo o período contributivo. Somam-se os valores, atualizam-se e divide-se o resultado por 144. O valor encontrado será o valor do salário de benefício.
Quando o segurado tiver menos que 144 contribuições, utilizam-se todas as contribuições (100%), somam-se, atualizam-se e divide-se o resultado pelo número de contribuições, assim, será encontrado o valor do salário benefício. 
Exemplificando:
Período de contribuição = 50 meses
Somam-se todas as contribuições, atualizam-se e divide-se o resultado por 50, o valor encontrado é o do salário de benefício. 
Para esses cálculos de aposentadoria por invalidez, não há utilização do fator previdenciário. 
Temos ainda, na aposentadoria por invalidez, a possibilidade de o segurado, além dos 100% do salário de benefício, receber mais 25% desse valor, ainda que ultrapasse o teto, na hipótese de o segurado depender do auxílio de terceiros para os atos da vida comum (higiene, alimentação etc.). Esses 25% serão reajustados sempre que o benefício for reajustado. Mas ele não se transmite no caso de pensão por morte. 
1.1.8.Termo final do benefício
A aposentadoria por invalidez termina:
como regra, com a morte do segurado (os benefícios previdenciários são personalíssimos, extinguem-se com a morte);
quando o próprio segurado requer uma reavaliação da sua condição física. Caso a perícia médica conclua que o segurado está recuperado, a aposentadoria por invalidez será cancelada; 
se o segurado voltar à atividadevoluntariamente. Nesse caso, cessa imediatamente a partir da data do seu retorno. Se o aposentado por invalidez for contratado, sem registro, ele perde o benefício e o empregador sofre sanções (multa);
se o segurado é considerado apto, após 5 anos, no máximo, de afastamento, e tiver o direito de retornar à mesma função, na mesma empresa, cessa imediatamente a aposentadoria por invalidez a partir do momento que o segurado reassume o cargo; 
se o segurado recupera a capacidade após, no máximo, 5 anos de afastamento e não tem o direito de retornar à mesma empresa, o benefício será cancelado após tantos meses quantos forem os anos que ele esteve afastado. Ex:. ficou afastado por 3 anos, receberá o benefício ainda por três meses. Após isso, cessa o benefício. Ocorre na hipótese de não se tratar de segurado empregado;
se o segurado não recuperar totalmente a capacidade ou se a recuperar após 5 anos, ou ainda, se ele for declarado apto para exercer atividade diversa daquela que anteriormente exercia. Nesses casos, a aposentadoria por invalidez cessa progressivamente:
do 1.º ao 6.º mês após a recuperação, o segurado receberá 100% do valor do benefício;
do 7.º ao 12.º mês, o segurado receberá 50% do valor do benefício;
do 13.º ao 18.º mês, o segurado receberá 25% do valor do benefício.
Assim, durante um ano e meio, o segurado ainda receberá o benefício, mesmo que volte a trabalhar. Se, durante esse período, o segurado voltar a ficar doente, ele deverá esperar acabar o benefício para só depois requerer outro. 
2. APOSENTADORIA POR IDADE
Encontra-se disciplinada nos arts. 48 a 51 da Lei n. 8.213/91.
É um benefício que teve sua denominação modificada: antes de 1991 era chamado “aposentadoria por velhice”. 
Esse benefício parte do pressuposto da incapacidade pela idade cronológica, premiando o segurado em razão de sua idade.
2.1. Requisitos
2.1.1. Condição de segurado
2.1.2. Carência
A carência é de 180 contribuições mensais, porém deve ser observada a tabela progressiva do art. 142 da Lei n. 8.213/91. Para o ano de 2001, a carência é de 120 contribuições mensais.
2.1.3. Idade mínima
Homem: 65 anos.
Mulher: 60 anos.
Ressalte-se que não basta ter a idade exigida. É preciso ter a idade, cumprir a carência e ser segurado.
Para o trabalhador rural, a idade mínima exigida diminui 5 anos, tendo em vista as condições em que ele exerce o seu trabalho: sol, chuva, frio; às vezes trabalha sem parar sábado, domingo. Assim, a idade para o segurado rural é:
homem: 60 anos; 
mulher: 55 anos.
	Essa distinção não fere o princípio da isonomia, pois é a própria CF que faz a distinção (feita pelo próprio constituinte originário). Soma-se ainda o fato de que isonomia é tratar os iguais de maneira igual e os desiguais de maneira desigual, ou seja, a lei reconhece as diferenças.
2.2. Termo Inicial
Para empregado e empregado doméstico, inicia-se a contagem da data do desligamento, quando requerida a aposentadoria em até 90 dias. Se o segurado requerer depois dos 90 dias ou se não se desligar do emprego, conta-se da data do requerimento.
Para os demais segurados, é a contar da data do requerimento. 
2.3. Valor do Benefício
Sofreu alteração a partir da Lei n. 9.876/99, que introduziu o fator previdenciário.
O fator previdenciário é uma forma de cálculo dos benefícios de aposentadoria por idade e por tempo de contribuição e leva em conta a expectativa de sobrevida do segurado no momento da aposentadoria. 
A Previdência, com base em uma tabela do IBGE, que é anual, tem a média de sobrevida das pessoas. Quanto menor for a expectativa de sobrevida, maior será o benefício. Quanto mais jovem o contribuinte se aposentar, menor será o valor do benefício. 
Basicamente, a Previdência utiliza o valor poupado pelo segurado e divide pelo tempo de sua sobrevida.
2.4. Fator Previdenciário (artigo 32, §11, do decreto n. 3.048, de 6-5-1999)
 f= Tc x a x [1 + ( Id + Tc x a)]
 		Es 		 100
F = fator previdenciário
Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria;
Tc = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria;
a = alíquota de contribuição (igual a 0,31);
Id = idade no momento da aposentadoria.
 (Os valores para esses cálculos já estão prontos na tabela que segue junto deste módulo). 
Na aposentadoria por idade, o fator previdenciário só será utilizado se for mais benéfico ao segurado.
2.5. Cálculo da Aposentadoria por Idade
Será calculada com base no salário de benefício. 
Será 70% do salário de benefício, acrescido de tantos 1% quantos forem os grupos de 12 contribuições mensais, até o limite de 30%. Exemplificando:
a) Segurado homem de 65 anos e tempo de contribuição de 20 anos
Cada ano = 12 meses = 1%
1% x 20 = 20%
Então será = 70% + 20% = 90%, 
Este segurado terá direito a 90% do salário de benefício.
b) Segurada mulher de 60 anos e tempo de contribuição de 25 anos
Cada ano = 12 meses = 1%
1% x 25 = 25%
Então será = 70% + 25% = 95%,
Esta segurada terá direito a 95% do salário de benefício.
2.6. Cálculo do Salário de Benefício
Essa fórmula se aplica na aposentadoria por idade e por tempo de contribuição.
O salário de benefício será a média aritmética simples de 80% dos maiores salários de contribuição apurados em todo o período contributivo, compreendido entre o mês anterior ao requerimento do benefício e julho de 1994, multiplicada pelo fator previdenciário.
A Lei n. 9.876, de 26.11.1999, que disciplinou o fator previdenciário, previu, porém, que ele será aplicado de forma progressiva, incidindo sobre 1/60 (um sessenta avos) da média aritmética do salário de benefício por mês que se seguir à publicação da citada lei, cumulativa e sucessivamente, até completar 60/60 (sessenta sessenta avos).
Assim, teremos uma incidência do fator previdenciário em:
maio de 2001 de 19/60;
junho de 2001 de 20/60;
julho de 2001 de 21/60, e assim sucessivamente até que se complete 60/60.
2.7. Termo Final
Morte do assegurado. 
2.8. Aposentadoria Compulsória por Idade
O art. 51 da Lei n. 8.213/91 prevê a aposentadoria compulsória por idade. Essa aposentaria é um direito do empregador. 
É concedida essa aposentadoria ao segurado empregado com idade de: 
homem: 70 anos;
mulher: 65 anos. 
Ela é concedida independentemente da vontade do segurado. O segurado, porém, deve ter preenchido todos os requisitos: idade, carência, tempo de contribuição. Caso o empregado não preencha todos os requisitos, o empregador não poderá requerer a aposentadoria ao seu empregado. 
Ressalte-se, por fim, que essa aposentadoria é uma faculdade do empregador, ele não é obrigado a requerer a aposentadoria compulsória de seu empregado.
�
	FATOR PREVIDENCIÁRIO DE TRANSIÇÃO EM JANEIRO DE 2002
	
MÓDULO IV
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Benefício em espécie
Benefícios devidos aos segurados
1. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Encontra-se disciplinada no Dec. n. 3048/e art. 201, § 7.º, da CF.
Antigamente, essa aposentadoria era chamada de aposentadoria por tempo de serviço, porém esta deixou de existir com a EC n. 20, passando a subsistir a aposentadoria por tempo de contribuição.
Com a atual aposentadoria por tempo de contribuição, o segurado tem que provar que trabalhou e contribuiu.
O segurado empregado, porém, não precisa provar que contribuiu, pois sua contribuição é presumida. Caso o empregador não tenha repassado as contribuições que recolheu do empregado à Previdência, será cobrado por isso, pois o empregado não pode ser prejudicado.
2. SITUAÇÕES A DISTINGUIR
2.1. Segurados que antes da entrada em vigor da EC n. 20 já haviam implementado os requisitos para requerer aposentadoria proporcional ou integral
Aposentadoria proporcional – homem: 30 anos de tempo de serviço; mulher: 25 anos de tempo de serviço.
Aposentadoria integral – homem: 35 anos de tempo de serviço; mulher: 30 anos de tempo de serviço.
Essas pessoas já têm direito adquirido de aposentar-se pela antiga aposentadoria por tempo de serviço. O salário de benefício desses segurados será:
aposentadoria proporcional: 70% do salário de benefício mais tantos6% quantos forem os anos que passarem da idade de 30 anos para homem e 25 para mulher. Ex.: homem de 31 anos, será 76% do salário de benefício;
aposentadoria integral: 100% do salário de benefício. 
A essa situação não se aplica o fator previdenciário, pois esses segurados já tinham direito adquirido, assim, aplica-se a legislação da época. 
2.2. Segurados que, quando a EC n. 20 entrou em vigor, já estavam vinculados à Previdência, mas não haviam implementado os requisitos para a aposentadoria
A esses segurados aplica-se a regra de transição, se não preferirem a regra nova (a opção é do segurado). 
2.2.1. Regra de transição
a) Aposentadoria proporcional
Homem: 30 anos de tempo de serviço + 53 anos de idade + período adicional de contribuição equivalente a 40% do tempo que faltava para a aposentadoria (tempo de serviço) no momento em que a EC n. 20 entrou em vigor. 
Mulher: 25 anos de tempo de serviço + 48 anos de idade + período adicional de contribuição equivalente a 40% do tempo que faltava para a aposentadoria (tempo de serviço) no momento em que a EC n. 20 entrou em vigor.
Exemplificando:
Segurada que, quando a EC n. 20 entrou em vigor, tinha 20 anos de tempo de serviço. Faltavam, portanto, 5 anos para se aposentar.
5 anos x 12 meses = 60 meses
40% dos 60 meses = 24 meses (período adicional de contribuição)
Assim, essa segurada terá que trabalhar mais 24 meses, além dos 5 anos que faltavam para requerer sua aposentadoria proporcional.	
b) Aposentadoria integral
Homem: 35 anos de tempo de serviço + 53 anos de idade + período adicional de contribuição equivalente a 20% do tempo que faltava para a aposentadoria (tempo de serviço) no momento que a EC n. 20 entrou em vigor. 
Mulher: 30 anos de tempo de serviço + 48 anos de idade + período adicional de contribuição equivalente a 20% do tempo que faltava para a aposentadoria (tempo de serviço), no momento que a EC n. 20 entrou em vigor.
 
Exemplificando:
Segurado homem que, quando a EC n. 20 entrou em vigor, tinha 25 anos de tempo de contribuição. Faltavam, portanto, 10 anos para se aposentar. 
10 anos x 12 meses = 120 meses 
20% dos 120 meses = 24 meses (período adicional de contribuição)
Ele terá que trabalhar mais 24 meses, além dos 10 anos, para requerer sua aposentadoria integral. 
Importante ressaltar que a EC n. 20 entrou em vigor em 15.12.1998. O salário de benefício desses segurados será: 
aposentadoria proporcional: 70% do salário de benefício; 
aposentadoria integral: 100% do salário de benefício.
Se os segurados que se encontram nessa situação preferirem a nova regra, enquadrar-se-ão na situação 2.3. 
2.3. Pessoas que ingressaram na Previdência após a entrada em vigor da EC n. 20, ou aqueles que se encontravam na situação anterior, mas fizeram opção pela regra nova (definitiva)
Regras definitivas:
não há mais aposentadoria proporcional, apenas a integral;
nesta nova aposentadoria, não há mais necessidade de idade mínima, bastando o tempo de contribuição e o de carência (ressalta-se que, no regime estatutário, além do tempo de contribuição, é exigida a idade mínima de 53 anos para o homem e 48 para a mulher);
tempo de contribuição: homem: 35 anos; mulher: 30 anos.
O tempo de serviço anterior à EC n. 20 é contado como tempo de contribuição.
3. APOSENTADORIA DO PROFESSOR
	Para o professor da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio, o tempo de contribuição exigido, desde que todo o tempo de contribuição seja de exercício efetivo do magistério, será de:
homem: 30 anos;
mulher: 25 anos.
O professor universitário e o diretor de escola foram excluídos desta regra. Caso o professor queira contar tempo de contribuição que não seja do magistério, cairá na aposentadoria comum.
4. CÁLCULO DO SALÁRIO DO BENEFÍCIO DA APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO – REGRA DEFINITIVA
	
O valor da aposentadoria por tempo de contribuição será de 100% do salário de benefício.
4.1. Cálculo do Salário de Benefício 
Devem-se utilizar 80% dos maiores salários de contribuição, compreendido entre o mês anterior ao requerimento do benefício e julho de 1994, somar, atualizar, dividir pelo número de salários-contribuições que foram utilizados e multiplicar pelo fator previdenciário (lembrando que o fator previdenciário será aplicado de forma progressiva). O resultado encontrado será o valor do salário de benefício.
A EC n. 20 estabeleceu que para calcular o valor da aposentadoria por tempo de contribuição, utilizando-se o fator previdenciário, deve-se acrescentar mais 5 anos ao tempo de contribuição da mulher; mais 5 anos ao tempo de contribuição do professor; mais 10 anos ao tempo de contribuição da professora. Assim, o fator previdenciário utilizado para o homem e para a mulher será o mesmo.
Ex.: mulher que contribuiu 30 anos utiliza na tabela do fator previdenciário o valor correspondente a 35 anos de contribuição.
Professor que contribuiu 30 anos utiliza na tabela do fator previdenciário o valor correspondente a 35 anos de contribuição.
5. APOSENTADORIA ESPECIAL
É um benefício concedido em razão do exercício, pelo segurado, de atividade considerada excessivamente gravosa, física ou mentalmente.
Ela será concedida aos 15, 20 ou 25 anos de tempo de serviço, dependendo do tipo de serviço exercido pelo segurado.
Quanto mais desgastante for a atividade, menor será o tempo de serviço necessário para aposentar-se.
No regulamento da Previdência, há um anexo (anexo IV, Decreto n. 3.048/99) que prevê o tipo de atividade e o número de anos que são necessários trabalhar para fazer jus à aposentadoria. O rol constante naquele anexo é exemplificativo. Exs.:
para quem trabalha em abertura de mina de subsolo, são necessários 15 anos de tempo de serviço para fazer jus à aposentadoria especial;
para o mineiro que trabalha na exploração de minérios em mina de subsolo, são necessários 20 anos de tempo de serviço para pleitear o benefício;
quem trabalha como segurança, motorista profissional, enfermeira, operador de raio X, com energia elétrica em alta voltagem tem direito à aposentadoria especial com 25 anos de tempo de serviço.
Atualmente, para fazer jus a essa aposentadoria, todo o tempo de serviço deve ser especial. Até 1997 podia ser feita a conversão de tempo de serviço simples em especial.
Outros requisitos necessários para essa aposentadoria, além do tempo de serviço da atividade, são:
condição de segurado;
carência de 180 contribuições; para o ano de 2001, a carência é de 120 contribuições (tabela do art. 142 da lei 8213/91).
O indivíduo, uma vez aposentado com esse benefício, não poderá voltar a trabalhar em atividade especial, sob pena de perder o benefício. Ele pode voltar a trabalhar em atividade comum.
O segurado pode requerer administrativamente ou judicialmente a condição de atividade especial.
A EC n. 20/98 diz que lei complementar estabelecerá quais as atividades consideradas especiais. Essa lei ainda não foi editada; atualmente, vale o Decreto n. 3.048/99 (anexo IV).
O tempo de férias, licença e auxílio-doença são considerados tempo de atividade especial.
Pode-se contar tempo de serviço especial de determinada atividade com tempo de serviço especial de atividade diversa. A lei traz uma tabela para fazer a conversão. Converte-se para o tempo de serviço especial que a pessoa exerceu por maior período.
Atualmente, não é possível converter tempo comum em tempo especial. É possível, porém, converter tempo de serviço especial em tempo de serviço comum, se a pessoa trabalhou até 28.05.1998.
5.1. Conversão de Tempo Especial em Comum
Requisitos:
é possível a conversão se a pessoa trabalhou até 28.05.1998;
para essa conversão, é preciso que a pessoa tenha trabalhado 20% do tempo necessário para aposentadoria especial.
Ex.: segurada, operadora de raio X. São necessários 25 anos de tempo de serviço para fazer jus à aposentadoria especial. Essa segurada precisa trabalhar no mínimo 05 anos (ou seja, 20% de 25 anos) nessa atividade para poder pleitear a conversão.
No exemplo acima, preenchidosos requisitos pela segurada, a conversão se faz da seguinte forma: utilizando a tabela do anexo IV, Dec. n. 3.048/99, bem como o art. 70 do citado decreto, temos que, para a conversão em tempo comum, multiplica-se o número de anos trabalhados por 1,20. Assim temos: 1,20 x 5 = 6 anos.
Portanto, 6 anos é o tempo especial para ser acrescido à atividade comum.
Como se trata de segurada mulher, que terá direito a aposentadoria comum com um tempo de contribuição de 30 anos, ela deverá trabalhar mais 24 anos para fazer jus ao benefício (aposentadoria comum).
Caso o segurado não preencha os requisitos necessários para conversão, conta-se o tempo especial como se fosse tempo comum. Assim, o segurado perde a condição de tempo especial, mas esse tempo é contado como comum.
5.2. Conversão de Tempo Especial em Tempo Especial
Para essa conversão, utiliza-se a tabela do art. 66 do Dec. n. 3.048/99. Exemplificando: um segurado que trabalhou 5 anos em abertura de mina, cuja aposentadoria é em 15 anos, passando, posteriormente, a trabalhar como mineiro, cuja aposentadoria é em 20 anos. A tabela diz que para converter 15 anos de tempo especial em 20 anos o fator é 1,33.
Então teremos: 5 X 1,33 = 6,65.
Portanto, seis anos e meio é o tempo que o segurado trabalhou em abertura de mina, convertido em tempo para aposentadoria de 20 anos de tempo especial.
Ante o exposto, esse segurado terá que trabalhar treze anos e meio como mineiro para ter direito ao benefício de aposentadoria especial (20 anos - 6,5 = 13,5).
5.3. Termo Inicial
Será fixado nos mesmos moldes da aposentadoria por idade, com uma única diferença: o segurado tem que se desligar do trabalho quando começar a receber.
Para o empregado doméstico, é a contar da data do desligamento, quando requerida em até 90 dias depois do desligamento. Se ele requerer depois do 90.º dia ou se ele não se desligar do emprego, é a contar da data do requerimento. Para os demais segurados, é a contar da data do requerimento.
5.4. Valor do Benefício
O valor do benefício de aposentadoria especial será de 100% do salário de benefício. Não se aplica o fator previdenciário.
O cálculo de salário de benefício se faz da seguinte forma: pela média aritmética simples dos salários de contribuição (80% dos maiores salários de todo o período contributivo). Soma-se, atualiza-se e divide-se pelo número de salários de contribuição que foi utilizado. Caso o segurado tenha menos que 144 salários de contribuição, consideram-se todas as contribuições e não apenas 80%.
5.5. Termo Final
Como regra, dá-se com a morte do segurado. Caso o segurado volte, porém, a desenvolver atividade especial, ele também perderá o benefício.
MÓDULO V
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Benefício em espécie 
 Benefícios devidos aos segurados
1. AUXÍLIO-DOENÇA
Encontra-se disciplinado nos arts. 59 a 64 da Lei n. 8.213/91.
É um benefício devido ao contribuinte portador de incapacidade. Essa incapacidade pode ser em razão de moléstia comum, profissional ou acidente de trabalho.
Geralmente, esse benefício antecede a aposentadoria por invalidez (antes de conceder a aposentadoria por invalidez, o INSS concede o auxílio-doença).
O auxílio-doença é concedido quando a pessoa está temporariamente incapacitada para o trabalho.
1.1.	Requisitos
1.1.1. Condição de segurado
1.1.2. Carência
São necessárias 12 contribuições mensais. Exceto se a incapacidade for resultante de acidente de qualquer natureza ou das moléstias elencadas no art. 151 da Lei n. 8.213/91; nesses casos não há carência.
1.1.3. Incapacidade total e temporária para o trabalho
Importante ressaltar que todas as regras da aposentadoria por invalidez, relativas a tratamento médico, reabilitação, doença pré-existente e obrigação de avaliação, são aplicadas nesse benefício. 
1.2. Termo Inicial
1.2.1. Segurado empregado
O termo inicial será a contar do 16º dia do afastamento. Os 15 primeiros dias é a empresa quem paga, e esse valor tem natureza salarial.
Será a contar do 16º dia do afastamento se o segurado empregado requerer o benefício em até 30 dias contados da data do afastamento.
 Se o segurado empregado requerer após o 30º dia, o termo inicial é a contar da data do requerimento, a não ser que o segurado comprove que estava internado ou em tratamento ambulatorial.
1.2.2. Demais segurados
É a contar da data do início da incapacidade, se requerido em até 30 dias dessa data, ou se o segurado conseguir comprovar que não requereu neste prazo porque estava hospitalizado ou em tratamento ambulatorial.
Caso o segurado solicite após o 30º dia, o termo inicial será a contar da data do requerimento.
1.3. Situações a Considerar
O empregado afastou-se em licença médica e voltou a trabalhar no 15º dia. Posteriormente, voltou a se afastar em razão da mesma enfermidade. Esse segundo afastamento ocorreu a menos de 60 dias do primeiro afastamento.
60 dias
______________________________________________
1º 15 dias	 15º	 O segurado se afasta novamente
		de	 o empregado 
 afastamento volta a trabalhar
Nesse segundo afastamento do segurado, a empresa não está obrigada a pagar os 15 primeiros dias de afastamento. A Previdência deve pagar, já como auxílio-doença. Caso a empresa pague ao segurado esse período, não terá como compensar com o INSS.
Segurado empregado afasta-se da atividade. Os 15 primeiros dias são pagos pela empresa. O segurado não volta a trabalhar. A partir do 16º dia até o seu retorno ao trabalho, a Previdência paga auxílio-doença. A perícia relata que o segurado está curado. Sendo assim, o mesmo volta a trabalhar. Até o 60º dia, caso volte a ficar doente pelo mesmo motivo, considera-se que o auxílio-doença foi prorrogado. Mas, no que diz respeito ao tempo em que ele trabalhou e recebeu salário, não cabe o pagamento de auxílio-doença.
Um segurado exerce duas ou mais atividades iguais. Caso tenha que deixar uma atividade devido à incapacidade, mas continue na outra, não pode pedir auxílio-doença. Só pode pedir caso se afaste das duas atividades.
Um segurado que exerce duas atividades, concomitantemente, porém, distintas (ex: professor e advogado), caso se afaste de uma, pode requerer o auxílio-doença em relação a uma delas apenas. E, quanto aos requisitos necessários para o benefício, serão contados somente os da atividade referente à qual será concedido o auxílio-doença. Ex: Atividade de advocacia: 30 contribuições mensais; atividade de professor: 6 contribuições mensais.
Caso o segurado exerça duas 2 atividades (ex: professor e advogado) e fique incapacitado para sempre para exercer uma dessas atividades (professor, p. ex.), não poderá pedir aposentadoria por invalidez. Continuará recebendo auxílio-doença até poder se aposentar na outra profissão (advogado), com o benefício de aposentadoria por tempo de serviço. Mas, caso o segurado se torne incapaz nas duas atividades, poderá converte o auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.
1.4. Valor do Benefício
Será calculado no percentual de 91% do salário de benefício.
1.5. Cálculo do Salário de Benefício
Esse cálculo será igual ao da aposentadoria por invalidez.
Utilizam-se 80% dos maiores salários de contribuição de todo período contributivo a partir de julho de 1994, soma-se, atualiza-se e divide-se pelo número de contribuições utilizadas.
Se o segurado tiver menos que 144 salários de contribuição, após julho de 1994 deverão ser considerados todos e não apenas 80%.
1.6. Termo Final
Dá-se o termo final:
com a recuperação da capacidade de trabalho;
com a morte do segurado;
com a conversão em aposentadoria por invalidez (depende de perícia médica);
se o segurado completar a idade para se aposentar.
2. SALÁRIO-FAMÍLIA 
Esse benefício encontra-se disciplinado nos arts. 65 a 70 da Lei 8.213/91.
A EC n. 20, de 15.12.1998, estabeleceu que o salário-família será permitido apenas ao segurado de baixa renda.
Segurado de baixa renda, para a Previdência Social, é o segurado que recebeaté R$ 468,47 por mês.
3. VALOR DO BENEFÍCIO
Atualmente, o valor do salário-família é de R$ 11,26 por filho.
4. REQUISITOS PARA RECEBER O BENEFÍCIO
Esse beneficio é devido aos segurados empregados, exceto ao doméstico, ao trabalhador avulso e inclusive ao aposentado de baixa renda, desde que eles tenham filhos de até 14 anos de idade ou inválidos de qualquer idade.
Equipara-se a filho, para fins de receber esse benefício, o menor tutelado e o enteado.
Caso pai e mãe trabalhem e o salário de cada um não seja superior a R$ 468,47 por mês, ambos terão direito ao salário-família.
O segurado deve, ainda, comprovar que seu filho recebeu as doses de vacina consideradas obrigatórias.
Hoje também se exige a comprovação da freqüência escolar, caso o filho já tenha idade para freqüentar a escola.
A legislação pune o segurado que não comunica à Previdência que não tem mais direito ao salário-família: isso é considerado crime.
Quem paga o salário-família é a empresa e depois ela compensa esse valor na folha de salário.
A empresa deve guardar os demonstrativos do salário-família por, pelo menos, 10 anos. Esse é o prazo de prescrição das ações para a Previdência. 
MÓDULO VI
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Benefício em Espécie
Benefícios Devidos aos Segurados
1. SALÁRIO MATERNIDADE
Esse benefício encontra-se disciplinado nos artigos 201, inciso II e 7.º, inciso XVIII, ambos da Constituição Federal e nos artigos 71 a 73 da Lei n. 8.213/91.
Segundo Sérgio Pinto Martins, o salário-maternidade consiste na remuneração paga pelo Instituto Nacional de Seguridade Social à segurada gestante durante seu afastamento, de acordo com o período estabelecido por lei e mediante comprovação médica.
Existem várias denominações para este benefício, como licença à gestante – artigo 7.º da Constituição Federal, licença-maternidade e salário-maternidade. Todavia, consoante o autor acima citado, licença-maternidade ou licença-gestante é apenas o período de 120 dias de afastamento da empregada, e o salário-maternidade corresponde ao próprio pagamento realizado pelo Instituto Nacional de Seguridade Social do benefício no período de afastamento da segurada gestante. 
Tem por objetivo a proteção da mulher e do bebê. 
	A legislação trabalhista concede a licença maternidade, ficando a mulher afastada do trabalho; e, nesse período, ela recebe o benefício. Atualmente, conforme a Lei n. 9.876/99, o salário maternidade é pago a todas as seguradas.
1.2. REQUISITOS PARA RECEBER O BENEFÍCIO
1.2.1. Condição de segurada
Para receber o benefício, a mulher deve ter a condição de segurada (artigo 71 da Lei n. 8.213/91), ou seja: segurada empregada, trabalhadora avulsa, empregada doméstica, segurada especial, contribuinte individual ou até mesmo facultativa.
A Lei n. 10.421, de 15.04.2002, acrescentou o artigo 71-A na Lei n. 8.213/91, estendendo tal benefício à segurada que adotar ou obtiver a guarda judicial para fins de adoção de criança, estabelecendo uma relação entre a idade da criança e o período de dias devidos como salário-maternidade, como segue:
�
�
	Dias devidos de salário maternidade
	Idade da criança
	120
	até 01 ano
	60
	01 a 04 anos
	30
	04 a 08 anos
1.2.2. Período de Carência
Esse benefício possui carência móvel: em princípio, a carência é de 10 contribuições mensais, mas, se o parto for antecipado, a carência será reduzida conforme o número de meses da antecipação. A carência será, sempre, o período de gestação acrescido de um mês. Exemplo: 7 meses de gestação = carência de 8 contribuições mensais. Assim, ocorrendo antecipação do parto em 02 meses, a carência será reduzida de 10 meses para 08 meses.
A segurada empregada, a empregada doméstica e também a trabalhadora avulsa não têm carência, portanto, no momento em que se filiarem à Previdência, já terão direito. As seguradas facultativa e contribuinte individual seguem a regra geral acima explicada.
A segurada especial, para exercer o direito que tem a um benefício no valor de um salário mínimo, deve comprovar que exerceu essa atividade nos 12 meses anteriores ao requerimento da prestação, independentemente de contribuição.
1.3. Termo Inicial e Final 
	Pelo fato de a mulher estar grávida e dar à luz, o benefício será concedido por 28 dias antes e 91 dias depois do parto, totalizando 120 dias de salário maternidade (somando-se o dia do parto).
	Havendo requerimento após o parto, a data do início do benefício será fixada na do afastamento do trabalho constante do atestado médico apresentado pela segurada, se a do afastamento for anterior à data de nascimento da criança.
	Tratando-se de parto antecipado, ainda que ocorra parto de natimorto, comprovado mediante atestado médico, a segurada terá direito aos 120 (cento e vinte) dias previstos na lei.
	Vale observar que a legislação previdenciária considera o parto como o fato gerador da prestação e que, para fins de concessão da prestação, parto é o evento ocorrido a partir da 23ª semana (6.º mês de gestação), inclusive em caso de natimorto (artigo 236, § 2.º, da Instrução Normativa INSS/DC, n. 78, de 16 de julho de 2002).
		
Em caso de aborto, é necessário saber se se trata de aborto espontâneo ou provocado. Se espontâneo, a mulher terá direito a duas semanas de salário-maternidade. Se o aborto for provocado, há duas hipóteses:
 Hipóteses de aborto legalmente autorizado: a mulher tem direito a duas semanas. Na hipótese de autorização judicial (exemplo: o feto não tem vida autônoma fora do útero materno), ela também terá o mesmo direito.
 Nas hipóteses não permitidas e sem autorização judicial: a mulher não tem direito ao benefício.
	Resumindo:
no caso de aborto não criminoso, a segurada tem direito a duas semanas de salário-maternidade;
em caso de natimorto, 120 dias de salário-maternidade;
parto bem sucedido, 120 dias de salário-maternidade, com início 28 dias antes e término 91 dias após (com possibilidade de antecipação/prorrogação de duas semanas, a critério médico).
1.4.	Valor do Benefício
Para a segurada empregada, será o valor total de sua remuneração mensal. Exemplo: se ela é registrada com remuneração mensal de R$ 3.000,00, terá direito ao valor integral. Se a pessoa que estiver ocupando o lugar da segurada durante sua licença maternidade receber aumento, a segurada também terá direito de recebê-lo.
Para a empregada doméstica, o valor do benefício será o valor do salário de contribuição registrado em carteira.
Para a trabalhadora avulsa, o valor será calculado com base na última remuneração.
Para a segurada especial, o valor é de 1 salário mínimo.
Para a contribuinte individual e facultativa será igual à metade da soma dos últimos 12 salários-de-contribuição, apurados em período não superior a 15 meses, respeitado o limite do teto previdenciário.
	
O salário-maternidade é uma exceção à regra de que os benefícios previdenciários não podem ultrapassar o teto máximo do salário-de-contribuição, pois para as seguradas empregada e trabalhadora avulsa há identidade entre o valor da remuneração percebida e o valor do salário-maternidade. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADIN 1.946, j. 29.04.99 – Rel. Min. Sydney Sanches, DJU I 10.05.99 – p. 30, que analisava a constitucionalidade do teto estabelecido pelo artigo 14 da Emenda Constitucional n. 20/98, entendeu que referido limite não se aplica ao salário-maternidade concedido às empregadas e trabalhadoras avulsas.
2. AUXÍLIO-ACIDENTE 
Este benefício encontra-se disciplinado no artigo 86 da Lei n. 8.213/91.
O auxílo-acidente será concedido, como indenização, ao segurado que, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, apresentar seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
	A legislação atual, vigente desde a edição da Lei n. 9.528/97, prevê que o auxílio-acidente será pago até que a pessoa se aposente. Pela legislação anteriormente vigente, a prestação era vitalícia. Dessa forma, se o segurado adquiriu o direito ao auxílio-acidente antes da

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes