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1 Literatura Brasileira pós- colonial dra. Sylvia Bittencourt 1 2 2 AULA 7 A poesia de Oswald de Andrade e de Mário de Andrade ANTROPOFAGIA/ANTROPOFAGIA/ANTROPOFAGIA/ O manifesto Antropófago foi lido por Oswald pela primeira vez na casa de seu amigo Mário de Andrade. Nele, Oswald propõe que somente será possível a criação de uma arte genuinamente brasileira quando o nosso povo mestiço apropria-se (deglutir) a arte europeia e produzir uma arte completamente nova. Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi or not tupi that is the question O mito, que é irracional, serve tanto para criticar a história do Brasil e as consequências de seu passado colonial, quanto para estabelecer um horizonte utópico, em que o matriarcado da comunidade primitiva substitui o sistema burguês patriarcal: "Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud - a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama". OSWALD DE ANDRADE 3 4 3 CARACTERÍSTICAS DA OBRA Estética Paul Brasil A poesia emprega linguagem coloquial, o humor debochado e a temática da brasilidade. Emprega versos livres, enumeração aleatória de ideias, a ausência de pontuação, a diminuição das fronteiras entre poesia e prosa, o combate a valores cristalizados e falsos. Usa experimentação, a ousadia formal e a valorização do cotidiano e do progresso são características desta primeira fase. Os poemas-paródia como pode ser percebido na paródia feita à “Canção do exílio“. Emprego de palavras “antipoéticas”; pois se a matéria-prima do poema é a realidade, toda palavra é possível em um poema Aparece o “poema-pílula“, forma poética extremamente sintética, com condensação de sentidos. A poesia de Oswald foi precursora de dois movimentos que só viriam a acontecer na década de 1960: o concretismo e o tropicalismo. Erro de português Quando o português chegou Debaixo duma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido O português Vício na Fala Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados • Obras: Paulicéia Desvairada (1922) Amar, Verbo Intransitivo (1927), Macunaíma (1928), Lira Paulistana (1946) “Escrevo sem pensar, tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois: não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi.” “O passado é lição para se meditar, não para se reproduzir.” “Que coisa misteriosa o sono!... Só aproxima a gente da morte para nos estabelecer melhor dentro da vida...” “Popular é o ruim gostoso” MÁRIO DE ANDRADE • Mário de Andrade foi um escritor modernista, crítico literário, musicólogo, folclorista e ativista cultural brasileiro • Estilo literário inovador marcou a primeira fase modernista no Brasil com a valorização da identidade e cultura brasileira “O passado é lição para se meditar, não para se reproduzir.” 5 6 https://www.coladaweb.com/literatura/concretismo https://www.coladaweb.com/cultura/tropicalismo 4 Rapsódia A palavra vem do grego e designa obras tais como a Ilíada e a Odisseia de Homero. Uma rapsódia é uma obra literária que reúne todas as tradições orais e folclóricas de um povo. Uma rapsódia utiliza contos tradicionais ou populares de certo povo em temas de composição improvisada. Deve ser lida de forma simbólica. A cena em que Macunaíma e seus dois irmãos se banham na água que embranquece pode ser entendida como o símbolo das três etnias que formaram o Brasil: o branco, vindo da Europa; o negro, trazido como escravo da África; e o índio nativo. É uma narrativa não linear, em trechos fragmentados, a vida de um personagem que simboliza uma nação. Sobre a acepção musical dada pelo dicionário, chama atenção o improviso da narrativa, que impressiona e surpreende a cada momento, tendo como pano de fundo a cultura popular. Rapsódia Macunaíma - herói sem caráter Nessa cena, Macunaíma é o primeiro a se banhar e torna-se loiro. Jiguê é o segundo, e como a água já estava “suja” do negrume do herói, fica com a cor de bronze (índio); por último, Manaape, que simboliza o negro, só embranquece a palma das mãos e a sola dos pés. • . “Macunaíma” é construção do retrato do povo brasileiro. Essa tentativa não era nova. O autor romântico José de Alencar, por exemplo, tivera a mesma intenção ao criar, no romance o O Guarani, Peri, índio/herói nobres, assemelha-se, em relação a sua conduta ética, a um cavaleiro medieval lusitano. Não é exagero dizer, Macunaíma, é o oposto de Peri : o primeiro é valente, perseverante, movido por valores da ética e da mora. Já Macunaíma é, indolente, movido pelo prazer terreno, mundano. É “o herói sem nenhum caráter”. Uma leitura possível é a de que o povo brasileiro não tem um caráter definido e o Brasil é um país grande como o corpo de Macunaíma, mas imaturo, característica que é simbolizada pela cabeça pequena do herói. O herói sem caráter "macunaima", Indivíduo preguiçoso e espertalhão. 7 8 5 Professora Noemi destaca “ a importância de um ensino e leitura profunda de Macunaíma e seu significado para a cultura brasileira, ela ainda aponta duas correntes antagônicas de interpretação da obra: a argumentação de Haroldo de Campos, dizendo que a história de Macunaíma é vitoriosa por transmitir, como na tradição oral, uma memória enraizada do país; e a análise crítica de Gilda de Mello e Souza, que mostra como o antropófago do interior, os macunaímas da nação, foram devorados e derrotados pelos grandes capitalistas das emergentes cidades. Portal do grupo Cult Noemi Jaffe https://revistacult.uol.com.br/home/nao-ha-duvida-de-que-macunaima-e- importante-para-entender-o-brasil-atual/ acesso em 15/082020 9 https://revistacult.uol.com.br/home/nao-ha-duvida-de-que-macunaima-e-importante-para-entender-o-brasil-atual/
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