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Direitos individuais e coletivos - terceira parte

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
DIREITO CONSTITUCIONAL I
PROF. BERNARDO CAMPINHO
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS (CONTINUAÇÃO – TERCEIRA PARTE)
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Devido processo legal: art. 5º, inciso LIV, CRFB. Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
Repercussões no campo processual:
Comunicação adequada dos atos processuais e conhecimento do teor do processo e da acusação
Juiz imparcial
Direito de defesa e direito a um defensor. Súmula vinculante 14/STF.
Oportunidade de produzir provas perante o juiz
Contraditório
Decisão fundamentada e julgamento célere e público
Inexistência de tribunais de exceção ou de leis ex post facto
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
8) Igualdade plena entre defesa e acusação
9) Vedação às provas ilícitas
As provas obtidas por meio ilícitos são inadmissíveis no processo. 
1. A presença de provas ilícitas não invalida necessariamente todo o processo.
2. A prova ilícita contamina todas as provas levantadas a partir dela – Teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree). 
Princípio da Razoabilidade e Ilicitude da prova:
Gravação da conversa por um dos interlocutores (gravação clandestina) gravando está sendo vítima de proposta criminosa do outro (HC 80949/RJ, Min. Sepúlveda Pertence, 30.10.2001)
Gravação de conversa realizada por terceiros sem o consentimento de um dos interlocutores (escuta telefônica). É lícita quando feita com autorização de um dos interlocutores, desde que para ser utilizada em legítima defesa.
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
10) Assistência jurídica gratuita
11) Privilégio contra autoincriminação
O devido processo legal incide de formas diferenciadas no processo penal e no processo civil. Neste último, a garantia implica: a) igualdade das partes; b) garantia do direito de ação; c) direito de defesa e contraditório.
Art. 5º, XXXV: não basta o mero acesso aos juízos e tribunais, é preciso que seja oferecida uma tutela jurisdicional adequada, com julgamento público e célere e decisões fundamentadas
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Igualdade processual: benefício de prazo para o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Fazenda Pública, assim como para os litisconsortes com procuradores diferentes, para contestar ou recorrer, não viola o princípio da igualdade. Trata-se de realização da igualdade material.
Garantia do juiz natural: não haverá tribunal de exceção; julgamento por juiz competente (previamente estabelecido por lei); imparcialidade do juiz. Juiz ad hoc: designado para atuar no caso concreto.
Direito de ação: interesse processual (utilidade e necessidade). Inafastabilidade do acesso à jurisdição.
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Direito de petição: cidadão pode reclamar junto aos poderes constituídos em defesa de direitos e contra ilegalidade ou abuso de poder (art. 5º, XXXIV, a).
Assistência jurídica gratuita: art. 5º, LXXIV. Prestação de informações e consultoria. Atividades extrajudiciais. Atuação judicial em defesa de necessitados.
Súmula 667 do STF.
Apenas no tocante à Justiça Desportiva se exige o prévio esgotamento das instâncias administrativas – art. 217, parágrafo 1º, CRFB.
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Contraditório: conhecimento da existência da ação e dos atos processuais. Reagir aos atos que lhe são desfavoráveis. Obrigação de noticiar e informar. Realização de prova e contraprova. No processo penal, exige-se defesa técnica do réu, mesmo que revel (contraditório efetivo, real, substancial). Súmula 712/STF. Processo civil: oportunidade aos litigantes para se fazerem ouvir – bilateralidade da audiência. STF: súmulas vinculantes número 3 e 14.
Ampla defesa: súmula vinculante 5/STF x Súmula 343 do STJ
A questão da videoconferência: HC 88914/SP.
Privilégio contra autoincriminação: não só processo penal, mas qualquer processo sancionador ou constitutivo (sempre que se puder impor situação mais gravosa à parte).
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º, LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; Identificação civil é aquela feita a partir de qualquer documento civil apto para provar que a pessoa é quem diz ser, como a carteira de identidade, a carteira de trabalho, o passaporte. Identificação criminal é a dactiloscópia, ou seja, o decalque das impressões digitais em papel. Para alguns, também a fotografia policial seria identificação criminal. O que o inciso afirma é que, como regra, qualquer pessoa que já tenha provado a sua identidade com um documento civil não poderá ser obrigada a decalcar os dedos. As exceções, isso é, os casos em que poderá ser exigida a dupla identificação, civil e criminal, estão previstas na Lei Federal 12037 (art. 3º). 
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Garantias penais na Constituição: art. 5º:
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal (caráter subsidiário)
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem (aplica-se igualmente ao processo civil, se necessário).
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada - São obrigatórias duas comunicações a partir da prisão. Uma, ao juiz competente, o qual vai justamente avaliar a legalidade da prisão, considerando o que consta no inciso anterior. Outra, ou à pessoa que o preso indicar, e que poderá ser o seu advogado, o a alguém da família, se for possível identificá-la.
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Presunção de não culpabilidade: art. 5º, LVII. Não impede a decretação de prisão em flagrante ou de prisão provisória (temporária e preventiva), apenas exige a devida fundamentação de sua decretação. HC 84078/STF.
Ainda: LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; 
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Tribunal do Júri: competência: crimes dolosos contra a vida. A competência do Tribunal do Júri é afastada em face do foro especial previsto na CF. Ex: Homicídio cometido pelo Presidente da República em razão do cargo: julgamento cabe ao STF.
Regras sobre prisão
Hipóteses: a) flagrante delito; b) ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente; c) salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei (art. 5º, LXI); d) prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária (art.5º, LXV)
Ninguém será levado ou mantido na prisão quando a lei admitir a liberdade provisória com ou sem fiança (art.5º, LXVI)
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Regras sobre extradição (art. 5º, LI e LII)
Brasileiro nato: Nunca será extraditado
Brasileiro naturalizado: Será extraditado: 
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização; 
b) comprovado envolvimento com tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, praticado antes ou depois da naturalização.
Estrangeiros – poderão ser extraditados, exceto em caso de crime político ou de opinião.
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
O art. 5º, XXXIV, consagra a regra do nullum crimem nulla poena sine praevia legge, assegurando o princípio da legalidade, visto que não há crime sem prévia definição legal, nem pena sem cominação legal, assim como o princípio da anterioridade, visto que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
Art. 5º, XL: irretroatividade da lei penal, salvo se for para beneficiar o réu (retroatividade da lei penal mais benigna). Progressão de regime em crime hediondo: HC 82959/STF e súmula vinculante 26/STF.
Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens, nos termos da lei, ser estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Tipos de pena criminal: a) privação ou restrição de liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; suspensão e interdição de direitos
Direitos assegurados aos presos: art. 5º, incisos XLIX, L, LXII, LXIII e LXIV.
Vedação de penas: a) de morte, salvo em caso de guerra externa declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis.
Práticas discriminatórias, crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia e crimes inafiançaveis e imprescritíveis: art. 5º, incisos XLI e XLIV.
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Prisão civil por dívida: jurisprudência do STF passou a não admitir a prisão civil do depositário infiel e do devedor fiduciário, com base na Convenção Americana de Direitos Humanos. Status supralegal dos tratados de direitos humanos ratificados antes da EC 45/2004. RE 466343/STF e súmula vinculante 25/STF
Ações constitucionais para a defesa de direitos: medidas utilizadas para tornar efetivo o exercício dos direitos constitucionais. São seis: habeas corpus, habeas data, mandado de segurança (individual e coletivo), mandado de injunção e ação popular.
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AÇÕES CONSTITUCIONAIS
HABEAS CORPUS - art. 5º, LXVIII, da CF. Conceito: ação penal de natureza constitucional, cuja finalidade é prevenir ou sanar a ocorrência de violência ou coação na liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Sujeito ativo: qualquer pessoa, homem, mulher, maior, menor, capaz, incapaz, nacional, estrangeiro, não exigindo sequer que tenha capacidade postulatória (não precisa ser advogado). Sujeito passivo: contra ato de qualquer agente, no exercício de função pública. Assim, sempre que alguém atuar em nome do Estado e, nesta qualidade, constranger ilegalmente a liberdade de outrem cabe HC. A CF não exclui o ato de particular, há controvérsia. Espécies: preventivo e liberatório.
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AÇÕES CONSTITUCIONAIS
MANDADO DE SEGURANÇA - art. 5º, LXIX, da CF. Sujeito passivo: autoridades públicas e agentes de pessoas jurídicas privadas com atribuição de Poder Público. É proposto contra a autoridade coatora e não contra a pessoa jurídica. Autoridade coatora: será sempre aquela que concretiza a lesão a direito individual como decorrência de sua vontade (aquela que tem poder de desfazer o ato). No ato colegiado (formado por varias vontades) deve ser impetrado contra o presidente, no ato complexo (se forma pela vontade da autoridade, mas dependendo de referendo de autoridade superior) é impetrado contra a autoridade inferior que elaborou o ato, já que a autoridade superior fez mera conferência. Não cabe MS contra ato de particular. Sujeito ativo: só o próprio titular do direito violado, qualquer pessoa natural ou jurídica. Litisconsórcio – admite-se no polo ativo e passivo, direito líquido e certo: é a certeza quanto à situação de fato. É o direito certo quanto a sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercido no momento da sua impetração. Pode ser provado documentalmente. Prazo para interposição: 120 dias. Procedimento: recebida a petição, notifica a autoridade para, em 10 dias prestar informações; em seguida os autos vão ao MP para parecer, em 5 dias, seguindo-se, imediatamente, a sentença. Não há dilação para provas. As informações não tem natureza de contestação e sua falta não gera confissão. Liminar: é possível Sentença: só faz coisa julgada material quanto enfrentar o mérito, ou seja, quando declarar a legalidade ou ilegalidade do ato.
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AÇÕES CONSTITUCIONAIS
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO - art. 5º, LXX, da CF
- legitimidade ativa: só pode ser impetrado por partido político com representação no CN ou organismo sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. O impetrante atua como substituto processual dos associados, ou seja, age em nome próprio na defesa de interesse de terceiro (deve ser autorizada - estatuto).
- legitimidade passiva: se os associados estiverem sob a área de atuação de autoridades diferentes, a impetrada será a que estiver sobre todos, ainda que não tenha praticado o ato (não há litisconsórcio)
- objeto: as relações jurídicas precisam ser determinadas, mas não precisam ser todas demonstradas na inicial 
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AÇÕES CONSTITUCIONAIS
MANDADO DE INJUNÇÃO - art. 5º, LXXI, da CF
- finalidade: em tese, é viabilizar o exercício de um direito constitucionalmente previsto e que depende de regulamentação por estar previsto em uma norma constitucional de eficácia jurídica limitada. Controle concreto e difuso da omissão inconstitucional – efetivação de direitos subjetivos previstos na Constituição;
- legitimidade ativa: qualquer pessoa, natural ou jurídica
- legitimidade passiva: órgão ou poder incumbido de elaborar a norma
procedimento: se não houver necessidade de produção de provas segue o rito do MS, havendo dilação probatória segue o rito ordinário.
Jurisprudência do STF: Mandados de Injunção 708 e 712 (direito de greve).
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AÇÕES CONSTITUCIONAIS
HABEAS DATA - art. 5º, LXXII, da CF
- conceito: e um remédio constitucional, que tem por finalidade proteger a esfera íntima dos indivíduos, possibilitando-lhes a obtenção e retificação de dados e informações constantes de entidades governamentais ou de caráter público.
- objeto: assegurar o direito de acesso e conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante e o direito à retificação desses dados.
-          características: a)      é uma ação, pois invoca a tutela jurisdicional, devendo preencher as condições da ação; b)      de natureza mandamental; c)      seu conteúdo é de natureza constitutiva quando visa a retificação; d)      é ação personalíssima, não se admite pedido de terceiros, nem sucessão no direito de pedir; e)      não depende de prévio pedido administrativo
- procedimento: enquanto não houver disciplina legal, deve ser aplicado o do mandado de segurança, desde que desnecessária a produção de prova, se contrário o rito será o ordinário.
- sigilo - art. 5º, XXXIII - dispõe que o direito de receber dos órgãos públicos informações não inclui aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

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